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Síntese Relativizando
Síntese Relativizando
Síntese: relativizando
Eglem das Neves Bergantin
E-mail para contato: eglembergantin@estudante.ufscar.br
Por outro lado, as ciências humanas se debruçam sobre fenômenos complexos, com
causas e determinações que se entremeiam em redes. Estes fenômenos não são
universalizáveis e não se repetem da mesma forma que ocorreram. Deste modo, as
ciências humanas não têm a mesma pretensão de objetividade que as ciências da
natureza, justamente porque as ciências humanas estão preocupadas em
compreender essa complexidade dos fenômenos que não podem ser isolados e
reproduzidos em laboratórios. Dammata também colocou que há um problema básico
nas ciências sociais que é o de que “os fatos sociais são irreproduzíveis em condições
controladas e, por isso, quase sempre fazem parte do passado. São eventos a rigor
históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma
experiência.” (p. 21).
A seguir, Damatta discorreu acerca de uma diferença crucial entre as ciências naturais e
sociais, que é a do distanciamento entre objeto de pesquisa e pesquisador. Como
exemplo, trouxe as baleias, um pesquisador nunca poderá saber de fato o que sente uma
baleia, porque nunca será uma baleia. Este distanciamento possibilita uma certa relação
de objetividade com o objeto de estudo. Quando o objeto de pesquisa é o ser humano,
há uma aproximação muito grande entre objeto de estudo e pesquisador fazendo com
que ambos fiquem em um mesmo plano. Isso torna o estudo das ciências sociais mais
complexo. Há ainda um outro ponto que é a de que baleias não confrontam um estudo
sobre elas mesmas, humanos sim.
Ainda nesta primeira parte do livro, Damatta, a fim de continuar discorrendo sobre o
lugar da Antropologia Social, apresentou três esferas de interesse que a Antropologia
comtempla: a Antropologia Biológica (que estuda o homem enquanto ser biológico, a
história evolutiva do corpo físico humano e a relação entre o homem e os outros seres
vivos), a Arqueologia (que estuda sociedades passadas através de dados deixados por
essas sociedades) e a Antropologia Cultural ou Antropologia Social ( que trabalha sob a
perspectiva de que a cultura e a sociedade não são apenas resultados da interação entre
homem e natureza, mas se dão principalmente pela própria capacidade humana de
refletir sobre si mesmo, sobre acontecimentos e sobre o ambiente em que vive.
Damatta expôs que esse terceiro ramo da Antropologia, isto é, a Antropologia Social,
pode ser dividido ainda em dois grupos: Instrumental (perspectiva que diz que o homem
foi feito aos poucos, primeiramente como resposta direta a natureza, sem reflexão e
depois veio o resultado social, a ideia de que primeiro veio o grito imitando-se a
natureza e depois a fala), e Cultural/Social (entende um ser humano que reflete acerca
de sua interação com o ambiente, ou seja, há uma dialética entre homem e natureza cujo
resultado não é possível prever). Este último grupo é o que o autor defende e apontou no
livro que há uma oposição entre o pensamento mais ligado a biologia e o ligado à
cultura dentro do campo da Antropologia ou das Antropologias.
Referências
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de
Janeiro: Rocco, 2010.