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Quando a ansiedade é normal?

A ansiedade nem sempre é negativa, apesar de ela ter essa fama. Ela é, sim,
um sentimento incômodo, um medo de que algo aconteça no futuro. Contudo,
isso também é o que nos move.

Parece contraditório, mas olha só: imagine que você tem uma apresentação
importante para fazer na próxima semana. Se você estiver super confiante e
acreditando que sabe tudo, é bem provável que acabe deixando o trabalho de
elaborar suas falas e slides apenas alguns dias antes.

Por outro lado, se você tem receio de que algo dê errado, a chance de fazer
esse trabalho mais cedo e conferir algumas vezes, corrigir erros e garantir que
tudo está perfeito é muito maior, concorda?

É aí que a ansiedade é boa. Ela é o medo que temos do futuro, mas um medo
saudável que nos motiva. Assim como o medo de nos queimarmos, por
exemplo, faz com que tomemos mais cuidado ao mexer no fogão.

Ela normalmente aparece como uma insegurança sobre alguma coisa


específica. Insegurança sobre conseguir pegar o voo que está marcado, sobre
conseguir falar com o chefe tudo que é necessário etc.

Além da insegurança, ela também é acompanhada de um leve aumento nos


batimentos cardíacos, pensamentos negativos leves, que você pode ignorar ao
se dedicar a alguma atividade, e um pouco de insônia.

Ansiedade patológica: transtornos de


ansiedade
Quando a ansiedade fica muito intensa e constante ela pode se tornar uma
doença (o que, na Psicologia, recebe o nome de “transtorno”).

Existem três grandes diferenças entre a ansiedade natural, ou saudável, e a


ansiedade patológica (doença). São elas:

 Duração das crises;


 Frequência das crises;
  Intensidade das crises.

Duração das crises


As crises de ansiedade de uma pessoa saudável duram, normalmente, poucos
minutos.
Elas podem durar um pouco mais em situações mais estressantes. Um
exemplo disso é a apresentação de trabalhos na faculdade: o estudante fica
sentado, vendo outros colegas se apresentando e esperando sua vez de falar.

Nesse caso, o estado interno e os sentimentos negativos podem ir desde a


hora que o aluno entra na sala até o momento que ele faz sua apresentação.

Já no caso dos transtornos de ansiedade, seja no início da doença ou com ela


mais desenvolvida, o que acontece é que as crises podem durar horas. Elas
não passam rapidamente e cada vez ficam mais e mais longas.

Frequência das crises


Pessoas saudáveis têm ansiedade, mas apenas em momentos específicos. Elas
não acordam, em uma segunda-feira de feriado, sem nada para fazer, livres de
pendências, e começam a ter uma crise de ansiedade.

Mas isso acontece com quem tem algum transtorno de ansiedade ou quem
está começando a desenvolver a doença. Essas pessoas sentem esses estados
internos e sentimentos negativos com frequência, sem motivo aparente e sem
uma causa que pode ser “resolvida”.

No exemplo do estudante que precisa apresentar o trabalho, a ansiedade dele


acaba após a apresentação ou após receber a nota. Tem início (trabalho foi
passado), meio (acontece a apresentação) e fim (termina a apresentação ou
recebe a nota).

No caso do transtorno de ansiedade essa linearidade não existe. A pessoa


pode ter uma crise de ansiedade porque saiu de casa, entrou no ônibus ou
pensou que um dia morrerá e ficou remoendo esse sentimento negativo.

Intensidade das crises


Outra diferença marcante entre as crises de ansiedade saudáveis e as
patológicas é com relação à intensidade.

Pessoas saudáveis têm crises de ansiedade brandas. Por pior que elas possam
parecer na hora, a crise é funcional. Em outras palavras, mesmo com a
ansiedade a pessoa consegue trabalhar, estudar, fazer exercícios e até dormir.

Além disso, as crises brandas têm sintomas como uma leve dor de cabeça,
pequena taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos), um pouco de suor
frio, alguns pensamentos negativos, respiração um pouco pesada e uma
dificuldade para dormir.

No caso das crises de ansiedade patológicas o que acontece é o contrário.


Durante a crise a pessoa fica paralisada. Ela não consegue se concentrar,
respirar direito e às vezes tem dificuldade até para andar, sair de casa ou
escrever.

Essas crises são acompanhadas por sintomas intensos, como um medo


intenso da morte, sensação de estar tendo uma parada cardíaca, intensa
aceleração dos batimentos cardíacos, formigamento pelo corpo, muita dor de
cabeça, suor gelado na palma das mãos, visão embaçada, sensação de falta de
ar e respiração rápida, curta e intensa.

Qual é o verdadeiro risco da ansiedade?


O grande perigo da ansiedade é que ela é uma doença silenciosa, assim como
a depressão. No início a pessoa apenas sente alguns sintomas negativos,
coisas pequenas que podem ser ignoradas e que rapidamente somem.

Com o tempo, esses pequenos sintomas vão ficando mais intensos e difíceis de
controlar. Gradativamente aquela ansiedade vai tomando conta da vida da
pessoa. As crises se tornam mais frequentes, intensas e generalizadas.

Pode começar com um simples medo de entrar no ônibus, e pouco a pouco


essa ansiedade evolui para o medo de andar de carro, o medo de andar de
moto, o medo de viajar, o medo de caminhar na rua, até que a pessoa passa a
ter medo até mesmo de sair de casa.

Quanto mais tempo alguém vive com crises de ansiedade, mais forte fica a
doença e mais difícil é o tratamento. E o pior: a ansiedade pode chegar a um
nível que a pessoa nem mesmo quer se tratar, por não acreditar que consiga
melhorar.

Esse é o verdadeiro problema da ansiedade. Os sintomas são muito ruins, são


horríveis, mas o perigo real é o fato de a ansiedade pouco a pouco ir tomando
conta da vida da pessoa e a deixando incapacitada, incapaz de fazer qualquer
coisa.

Como tratar a ansiedade?


Ansiedade tem tratamento. E a forma como ele será feito depende do grau da
doença e a quanto tempo as crises vêm acontecendo. Quanto mais grave, mais
longo o tratamento.

De modo geral, posso dizer que atividade física regular, boa alimentação e uma
rotina saudável, com horários para trabalho e para lazer, são grandes aliados
desse processo de tratamento. Não é que ao fazer essas coisas a ansiedade
sumirá, mas todas essas atividades contribuem para que o tratamento seja
mais eficiente e mais rápido.
Agora, falando do tratamento propriamente dito. Existem aqui dois caminhos.
O primeiro é o tratamento psiquiátrico, com medicação, em conjunto com a
psicoterapia, feita por um psicólogo competente.

Esse método é indicado para pessoas que estão em estado de ansiedade tão
grave que não conseguem nem mesmo sair de casa, mesmo tentando, e
precisam de um auxílio químico (medicamento) para que seja possível começar
o tratamento com o psicólogo.

A outra alternativa é o tratamento apenas com psicólogo. Esse tratamento é


recomendado em todos os casos. O psicólogo avaliará o estado da pessoa,
entenderá o transtorno de ansiedade que ela tem e vai ajudá-la, passo a passo,
a sair desse problema.

O psicólogo faz isso usando várias técnicas e estratégias. Ele ajuda a pessoa a
construir uma nova rotina, a controlar os ataques de ansiedade, ter uma vida
mais saudável, reconhecer os gatilhos que a têm deixado mal e aprender a
lidar com seus estados internos (medo, ansiedade, insegurança etc.).

Além disso, alguns psicólogos, como eu, oferecem o atendimento online. Que é
um modo mais fácil, prático e seguro para tratar a ansiedade sem sair de casa.
A vantagem do atendimento online é que o psicólogo pode conhecer sua
rotina de perto e até criar estratégias de acordo com o que sua casa permite
fazer.

ansiedade
Po r  
Jo hn W. Ba rnhi l l  

, MD , Ne w Yo r k -P r e sby te r i an Ho sp i tal

Av al ia d o c li ni ca m e n te a b r 2 02 0

VISÃO EDUCAÇÃO PARA O PACIENTE

 Etiologia
 Sinais e sintomas
 Diagnóstico
 Tratamento

Todas as pessoas experimentam periodicamente medo e


ansiedade.

O medo é uma resposta emocional, física e comportamental a


uma ameaça externa imediatamente reconhecível (p. ex., um
intruso, um carro descontrolado).
Ansiedade é um estado emocional perturbador e desconfortável
de nervosismo e preocupação; suas causas são menos claras. A
ansiedade está menos ligada com o momento exato da ameaça;
ela pode ser antecipatória, antes da ameaça, persistir depois que
a ameaça cessou, ou ocorrer sem ameaça identificável. A
ansiedade é muitas vezes acompanhada por alterações físicas e
comportamentos similares àqueles causados pelo medo.
Algum grau de ansiedade é adaptativo; pode ajudar as pessoas a
preparar, praticar e executar algo, de maneira que seu
funcionamento seja melhorado, e ajudá-las a ser
apropriadamente cautelosas em situações potencialmente
perigosas. Entretanto, além de certo limite, a ansiedade causa
disfunção e perturbação inadequada. Nesse ponto, ela é
desadaptativa, sendo considerada um transtorno.

A ansiedade ocorre em uma grande variedade de transtornos


mentais e físicos, mas é o sintoma predominante em alguns deles.
Transtornos de ansiedade são mais comuns que qualquer outra
classe de transtornos psiquiátricos. Todavia, muitas vezes, não
são reconhecidos e, por conseguinte, não são tratados. Deixada
sem tratamento, a ansiedade crônica e desadaptativa pode
contribuir para alguns distúrbios médicos gerais ou interferir no
tratamento deles.
Sofrimento mental que ocorre imediatamente ou logo depois de
experimentar ou testemunhar um evento traumático opressivo
não é mais classificado como transtorno de ansiedade. Esses
transtornos agora são classificados como
transtornos relacionados a traumas e transtornos relacionados a
estressores.
Etiologia dos transtornos de ansiedade
As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente
conhecidas, mas tanto fatores psiquiátricos como médicos gerais
estão envolvidos. Muitas pessoas desenvolvem transtornos de
ansiedade sem qualquer antecedente desencadeante
identificável. A ansiedade pode ser uma resposta a estressores
ambientais, tais como o término de um relacionamento
importante ou a exposição a um desastre que ameace a vida.

Alguns transtornos médicos gerais podem produzir ansiedade


diretamente; eles incluem:

 Hipertireoidismo
 Feocromocitoma
 Insuficiência cardíaca
 Arritmias
 Asma
 DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)
Vários fármacos podem causar ansiedade. Corticoides, cocaína,
anfetaminas e cafeína podem causar diretamente ansiedade,
enquanto a síndrome de abstinência de álcool , de sedativos e de
algumas drogas ilícitas também pode causar ansiedade.
Sinais e sintomas dos transtornos de ansiedade
A ansiedade pode surgir subitamente, como no pânico, ou
gradualmente ao longo de vários minutos, horas ou dias. A
ansiedade pode durar desde poucos segundos até anos, embora a
duração prolongada seja mais característica dos transtornos de
ansiedade. A ansiedade varia de crises pouco perceptíveis até o
pânico intenso. A capacidade de tolerar certo nível de ansiedade
varia de pessoa para pessoa.
Os transtornos de ansiedade podem ser tão perturbadores e
incapacitantes que podem resultar em depressão.
Alternativamente, um transtorno de ansiedade e um transtorno
depressivo podem coexistir ou a depressão pode se desenvolver
primeiro, com sinais e sintomas de transtorno de ansiedade
ocorrendo posteriormente.
Diagnóstico dos transtornos de ansiedade
 Exclusão de outras causas
 Avaliação da gravidade

Decidir quando a ansiedade é tão dominante ou grave que


constitui um transtorno depende de diversas variáveis e os
médicos diferem no ponto em que fazem o diagnóstico. Os
médicos devem determinar, em primeiro lugar, por meio de
história, exame físico e exames laboratoriais apropriados, se a
ansiedade se deve a um distúrbio médico geral ou a um fármaco.
Devem também determinar se a ansiedade é mais bem explicada
por outro transtorno mental.

Há transtorno de ansiedade e merece tratamento se o seguinte se


aplicar:

 Outras causas não foram identificadas.


 A ansiedade é muito perturbadora.
 A ansiedade interfere no funcionamento.
 A ansiedade não cessou espontaneamente em poucos
dias.

O diagnóstico de um transtorno de ansiedade específico baseia-se


em seus sinais e sintomas característicos. Os médicos geralmente
utilizam critérios específicos do Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders, Fifth Edition, (DSM-5), que descreve os
sintomas específicos e exige a exclusão de outras causas dos
sintomas.
História familiar de transtornos de ansiedade ajuda a fazer o
diagnóstico, pois alguns pacientes parecem herdar predisposição
para o mesmo transtorno de ansiedade que seus familiares têm,
assim como suscetibilidade geral para outros transtornos de
ansiedade. Entretanto, alguns pacientes podem adquirir os
mesmos transtornos de ansiedade que seus familiares por meio
de comportamento aprendido.

Tratamento dos transtornos de ansiedade


 Psicoterapia específica para cada transtorno
 Fármacos (benzodiazepinas e/ou ISRSs)

O tratamento varia para os diferentes transtornos de ansiedade,


mas, normalmente, envolve uma combinação de psicoterapia
específica para o transtorno e tratamento medicamentoso. As
classes de fármacos mais comumente utilizadas
são benzodiazepínicos e inibidores seletivos de recaptação de
serotonina (ISRS ) (1, 2).

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