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Contudo, os liberais afirmam, com razto em muitos casos, que os mecanismos de auto- favorecimento podem ser ineficazes. Um protesto diplomatico por parte de um adversétio ‘ou um Estado fraco pode vir a ser ignorado; por outro lado, o protesto de um grande aliado ot xado hegeménico pode ter um peso considerivel. Boicores cconémicos« senydes por parte de um Estado serio ineficazes caso o Estado transgressor tenha um leque mais saa parceiros comerciais; € a guerra é uma op¢io ao mesmo tempo demasiado cara ¢ pouco sus- cetivel de conduzir a0 resultado almejado. Na maioria dos casos, pois, para que 0 mecanismo de imposigao seja eficaz, sera necessiria a Participacao de varios Estados. Para aumentar sua eficiia, seré preciso que todos os Estados se unam na agéo coletiva contra 0 transgressor do direito e das normas internacionais. No entender dos liberas, os Estados encontram protegio econsolo na ago e na seguranca coletivas. Daf as agées multilaterais, muitas vezes organizadas através de OIGs, serem essenciais. No entanto, nem os Estados, nem mesmo as organizagSes incergovernamentais agem por conta prépri; o sistema internacional também conta com a participagio de atores nao estatais, ainda que estes no disponham de uma base sélida no direito internacional tradicional. Organizagdes n&o governamentais. Enere os atores néo estatais figuram as organizagbes nfo governamentais (ONGs), as redes trans- nacionais, as fundagSes ¢ 2s corporacées multinacionais, embora néo sejam entidades soberanas ‘enio disponham dos mesmos recursos poderosos dos Estados. Neste capitulo, a énfase serd nas organizagdes no governamentais, ¢ vamos examinar as corporagées multinacionais no Capitulo 9. Geralmente as ONGs so organizagSes privadas e voluntirias, cyjos membros io individuos cou associag6es que se reinem para atingir alguma finalidade comum. Sio entidades de extrema diversidade, que abrangem desde organizagbes inteiramente locas e/ou de origem popular até aquelas estruturadas em Ambito nacional ou transnacional. Algumas sio inteiramente privadas, isto é, 0 financiamento € oriundo exclusivamente de fontes privadas, 20 passo que outras, dependem em parte de subsidios governamentais ou de auxlio em espécie. Algumasséo abertas { participagio de massa; outrassfo grupos ou federagGes fechadis. Esas diferensas resultaram. emma sopa de letrinhas de acrénimos que especificam tipos de ONGs — como: por exemplo, as GONGOs (ONG organizadas por governos [government-organized NGOs)), as BINGOs (ONGs patrocinadas por empresas ¢ setores industriais [business and industry NGOs] ), as DONGOs (ONGs organizadas por doadores[donor-organized NGOs)) eas ONGOs (ONGs operacionais [operational NGOs), para citar apenas algumas, (O mimero de ONGs cresceu vertiginosamente, como registra © Anuirio das Organizagées Internacionais [Yearbook of International Organizations). Pode haver até 10 mil organizagées to governamentais com alguma faceta internacional — em rermos ou de seus membros, ou de Seu compromisso com arealzagio de atvidades em virios Estados; porém, 0 nimero de ONGs locais ¢ de atuago em Ambito nacional esti na casa dos milhes. Seu ccrescimento exponencial pode ser explicado pela expansio global da democracia, o que proporciona uma aberra para As éntradas de ONGst pela explosio de conferéncias mundiais patrocinadas pela ONU "a década de 1990, onde as ONGs assumiram novas tarefas; ¢ pela revolugio da comunicagio letronica, NAIS. a2 | PRINGIPIOS DE RELAGOES INTERNACIO! "LS comuniare formar rede, tanto entre si quanto com gs que permite s ONGs se na arena politica internacional, Seu pay, ic, ‘que lhes proporciona uma vor mais potente O crescimento do poder e influéncia das ONGs Embora no jam tore recente napoli internacional, as ONG vém crescendo ming, inci! No Capital 10, dscusimos uma ds primeira tenatvas de organizacio tans porparte de ONGS, visando & aboligio da escravatura. Embora tenham dado os primeiros Pass to defini a pritica como desumana e injst,essas ONGs néo dispunham de fore sfc, par aleangar a aboligo internacional. ONG organizadas em favor da paz de metodo, coercivos de resolucio de disputas também apareceram durante 0 século XIX, assim coma, (Comité Internacional da Cruz Vermelha, que defendia o tratamento humanitirio de sold, fetidos, ¢ sindiatostrabalhistasinternacionais, que lutavam por melhores condigdes de zh, Iho. Na primeira metade do século XX, a pressio desses mesmos grupos foi fundamental para, consticuigio de uma “liga de nagées" da Organizacio Internacional do Trabalho (OTT) —. subsequentemente, no apoio ao estabelecimento das Nagées Unidas e agéncias relacionada, encarregadas da protegio de diferentes grupos de pessoas, entre eles os refugiados (Alto Comi, sariado da ONU para Refugiados) e mulheres e eriangas (Unicef), entre outros Durante a década de 1970, & medida que crescia 0 niimero de ONGs, foram se formandy redes coalzbes entre virios grupos; na década de 1990 essas ONGs jé conseguiam mobil de mancira cfcaz 0 piblico de massa e influenciar as relag6es internacionais, Varios fatoes plicam a notvel esalada da atividade das ONGs e seu ganho de poder como participates de politica internacional. O primeiro & que os problemas tratados pelas ONGs téim sido cada er ais consideradas ncerdependentes ou globalizadas — problemas que os Estados sioincpins de solucionar sozinhos cuja resolucio demanda cooperacéo transnacionale intergovernament Sequestros de aves na década de 1970, poluigdo por chuva dcida e despejo de lixo nos occanos nas décadas de 1970 ¢ 1980 ¢ aquecimento global, minas terrestres ea epidemia de AIDS m década de 1990 séo exemplos de reas que tequerem acio internacional e estéo “madura’ pt aatividade das ONGs. Algumas dessas ‘questdes vém cada vez mais sendo consideradas de Seguranca humana, argumento postulado por muitas ONGs. O segundo é que asconferéncis toa toraram paleo fandamentas para atvdade internacional a pari da deca de 17 cada qual destinada a abordar uma das questbestransacionals —- meie ambiente (1972. 132° 2012) popula os, 1984), mulheres (1975, 1985, 1995) calimentos (1974, 1996, 202! ea hrs Pe ONGs organtzam conferéncias separadas, porém paralels, sh redescformem ceclinges par unldades para que seus representantes nfo apenas esabeleo™ crea Rts Sobre tépicosespecfcos, mas também pressionem governos¢ bu cratas internacionais. Em alguns casos, essas liga is enrais cainio pat canst igagdes entre os conferencistas governam -_ g ORGANIZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS... | 192 montar coaliz6es com outros grupos de mentalidade similar e angariar apoio macigo. Tornou-se rssivel disseminar informas6es rapidamente, recrutar novos membros, lancar campanhas de Fubliidade eincentivarindividuos a partcipar de manciras que, duas décadas atts, nfo exi- tam. As ONG sio beneficirias dessa mudangas e mostraram-sc capazes de tirar proveito delas a fim de reforgar seu préprio poder. Fungées e papéis das ONGs “As ONGs desempenham uma vatiedade de fungées e papéis nas relagées internacionais. Advo-

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