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MATEMÁTICA

FINANCEIRA

Adriana Claudia Schmidt


Análise de investimentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar a relação entre orçamento de capital e investimentos.


 Analisar as técnicas de orçamento de capital.
 Relacionar a análise de investimentos com o gerenciamento de riscos
em organizações.

Introdução
A melhor escolha do método utilizado para a análise de investimento
compreende não apenas as alternativas entre dois ou mais investimentos,
mas também se um único investimento é viável ou não. Para a tomada
de decisão, deve-se levar em consideração os valores quantitativos. Exis-
tem vários métodos para análise de investimentos, mas nem todos são
confiáveis.
Neste capítulo, você conhecerá os métodos de investimentos que se
baseiam na equivalência de capitais. Além disso, conhecerá as melho-
res técnicas e métodos de análise de investimentos que a matemática
financeira aborda, e, por fim, relacionará a análise de investimentos com
o gerenciamento de riscos em organizações.

A importância de estimar valores de


investimentos
É preciso entender o que é orçamento de capital para estabelecer quais os
melhores investimentos a serem realizados. Empreender é necessário, e,
para tanto, é preciso investir, de modo que se deve realizar uma análise dos
investimentos, efetuar um orçamento de capital, estimar os valores a serem
empregados, bem como avaliar o retorno dos fluxos de caixa, a fim de verificar
se o investimento será viável ou não.
2 Análise de investimentos

Para Gitman (2010), o orçamento de capital é o processo de avaliação e


seleção de investimentos de longo prazo condizente com o objetivo empresa-
rial de maximizar a riqueza dos proprietários. As empresas costumam fazer
muitos tipos de investimento de longo prazo, mas os mais comuns entre as
indústrias são os ativos imobilizados, que abrangem terrenos, instalações e
equipamentos. Esses ativos, às vezes chamados de ativos geradores de lucros,
costumam dar base à rentabilidade e ao valor do negócio.
Após realizar um orçamento de capital, será possível avaliar os investimentos,
processo este que determinará a viabilidade das aquisições necessárias. As em-
presas estão sempre fazendo investimentos, e vários são os motivos para investir,
como, por exemplo, aquisição de novos equipamentos, ampliação, reforma de
ativos imobilizados, entre outros. Gitman (2010, p. 327) descreve que o processo
de orçamento compreende cinco etapas distintas, mas correlacionadas:

1. Geração de proposta. Propostas são feitas em todos os níveis organizacionais


e revistas pelo financeiro;
2. Revisão e análise. Realizam-se revisões e análises mais detidas para avaliar
a adequação e a viabilidade econômica das propostas. Uma vez concluída a
análise, um relatório resumido é submetido aos tomadores de decisão.
3. Tomada de decisão. As empresas costumam delegar a tomada de decisões
em investimentos de capital com base em tetos de valor. De modo geral, é
necessário obter autorização do conselho de administração para dispêndios
além de um determinado valor.
4. Implementação. Depois da aprovação, os investimentos são realizados e os
projetos, implementados. Os dispêndios em projetos em grande parte muitas
vezes ocorrem por etapas.
5. Acompanhamento. Os resultados são monitorados e os custos e benefícios
efetivos, comparados com as expectativas. Poderá ser necessário tomar algu-
mas providências, se os resultados efetivos forem diferentes dos projetados.

Contudo, o orçamento de capital viabiliza que a tomada de decisão seja


plausível, objetivando o melhor aproveitamento de recursos e impedindo o
uso inadequado destes e prováveis prejuízos.
Conforme Gitman (2010), é necessário que as empresas concluam o desen-
volvimento dos fluxos de caixa relevantes, uma vez que servem para deter-
minar se um projeto é aceitável ou para fazer uma classificação de projetos.
Há diversas técnicas para realizar essas análises, mas as abordagens mais
comuns envolvem a integração de procedimentos de valor do dinheiro no
tempo, considerações quanto a risco e retorno e conceitos de avaliação para
selecionar investimentos de capital condizentes com o objetivo da empresa
de maximizar a riqueza dos proprietários.
Análise de investimentos 3

Praticamente toda intervenção financeira é avaliada em termos de fluxo de


caixa, os quais consistem na comparação dos valores presentes, calculados sob
o regime de juros compostos, a partir de uma dada taxa de juros, das saídas
e entradas de caixa. Para Brom e Baliam (2007, p. 3):

[...] um processo de decisão empresarial inicia-se quando uma situação qualquer


apresenta um problema ou uma oportunidade que exige uma escolha entre as
alternativas existentes. Se não houver alternativas, não há decisão a ser toma-
da. Constatada a existência de alternativas, e conhecidas as particularidades
de cada uma, o passo seguinte do processo de decisão empresarial consiste
na análise delas, com o apoio de métodos objetivos somados à experiência
pessoal do tomador de decisões. A escolha da melhor alternativa, que, nas
empresas, deve ser aquela que oferece a melhor relação entre custo e benefício
(com risco aceitável), configura a tomada de decisão, a qual provocará uma
ação específica.

Para Assaf Neto (2012, p. 158), “[...] a taxa interna de retorno (TIR) e o
valor presente líquido (VPL) são os métodos com maior utilização e rigor
conceitual nas análises das operações financeiras (aplicações e captações) e
de projetos de investimento”.
O principal intuito das análises de investimentos é estabelecer uma linha
de raciocínio financeiro para que sejam tomadas as melhores decisões.
Optar pela realização de bons projetos de investimento pode ser o fator
determinante para o sucesso da maioria dos negócios. Realizar a avaliação de
um projeto é a forma ideal para a tomada de decisão, tendo o conhecimento
de que o valor do dinheiro se altera ao longo do tempo, em decorrência do
valor dos juros e da moeda.

Avaliação entre métodos de análise de investimentos


Para Dal Zot e Castro (2015), a análise de investimentos pode ser conside-
rada como um conjunto de critérios que as empresas utilizam na tomada de
decisão ao realizar investimentos, visando, principalmente, à reposição de
ativos existentes (em particular instalações e equipamentos), ao lançamento
de novos produtos e à redução de custos. O processo consiste em decidir se
um projeto vale a pena (se o retorno sobre o investimento é mais interessante
que aplicações no mercado financeiro) ou optar por um entre vários projetos
de investimento alternativos.
Considerar o dinheiro ao longo do tempo influencia diretamente a qualidade
da avaliação. Para se ter um bom rendimento, é necessário estabelecer o que se
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chama de taxa mínima de atratividade (TMA). Essa taxa expressará a rentabilidade


mínima que se espera do projeto, é o mínimo de rentabilidade que faz o projeto
valer a pena do ponto de vista econômico. Três elementos formam a taxa mínima
de atratividade: o custo de capital do projeto, a taxa do custo de capital e a infla-
ção, juntamente ao risco. O custo de capital do projeto influencia diretamente a
viabilidade do projeto, sendo importante considerar diferentes opções de capital,
seja próprio, de terceiros ou uma composição dos dois. A taxa do custo de capital
pode ser obtida por meio da fórmula do custo médio ponderado de capital (CMPC),
e a inflação e o risco também podem ser incorporados à TMA para análise.
A análise de investimento é realizada a partir dos fluxos de caixa do projeto,
os quais podem ser avaliados a partir de três indicadores:

 valor presente líquido (VPL);


 taxa interna de retorno (TIR);
 Payback – tempo de recuperação do investimento.

O método do VPL positivo mostra que o projeto é rentável acima da TMA. O


método da TIR calcula a taxa para o qual o VPL do projeto é igual a zero. Esse
valor deve ser utilizado como auxiliar ao VPL e em comparação com a TMA.
Um valor da TIR acima do valor da TMA significa que o projeto é rentável
acima da taxa mínima desejada. O método payback, por sua vez, mostra em
quanto tempo o investimento inicial será recuperado. Ele pode ser calculado
de forma simples ou descontado. A forma descontada considera o valor do
dinheiro no tempo, ao contrário da simples, que não considera as variações
que o dinheiro sofre com o tempo, podendo comprometer o estudo do projeto.
Para Assaf Neto (2012), uma possibilidade de investimento de capital,
quando tratada individualmente, é classificada de maneira econômica se
apresentar um VPL positivo, ou uma TIR superior ou, no mínimo, igual à taxa
mínima de retorno requerida, ou IL maior ou igual a 1,0, ou ainda uma TR
positiva. Sendo que IL é o índice de lucratividade, ajustado pela semelhança
entre o valor presente dos fluxos de entrada de caixa e os de saída, e TR é a
taxa de rentabilidade, que se fundamenta na relação entre o VPL, determinado
a partir da taxa de atratividade, e o valor presente dos desembolsos de capital.
Ainda conforme Assaf Neto (2012), ao se considerar a comparação com
alternativas com investimentos não independentes, podem ocorrer situações
conflitantes, em que os métodos de análise não revelam a mesma indicação
econômica. As razões que explicam essa divergência dos métodos são: dispa-
ridade de tamanho dos investimentos e diferenças com relação à evolução dos
fluxos de caixa ao longo do tempo. Na circunstância de conflito, a técnica do
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VPL é aceita como o que determina as melhores recomendações. A utilização


da TIR identifica algumas limitações em relação à escolha das alternativas,
não indicando, necessariamente, a melhor alternativa.
Para realização final da tomada de decisão, de realizar ou não o inves-
timento, deve-se considerar o maior número de fatores possíveis, utilizando
os indicadores do VPL, da TIR e do payback em conjunto com a análise de
cenários, fatores sociais, políticos, econômicos, entre outros, que podem
influenciar na análise de investimento.

Indicadores de análise de investimentos


A análise de investimentos se fundamenta em processos financeiros para
verificar qual a melhor forma de investimento entre as diversas alternativas
reais. Ao se conferir os dados, equações e cálculos referentes ao ativo, é pos-
sível distinguir se existe rentabilidade ou não, de quanto ela pode ser e se o
investimento está ou não sendo viável. Logo, pode-se garantir que essa análise é
indispensável ao se avaliar a realização de um investimento, pois ela comprova
ser um ótimo instrumento de apoio na decisão do investidor. Tendo em vista
que todo investimento possui riscos envolvidos, a análise de investimentos
contribuirá para minimizá-los, tornando a ação de investir mais lucrativa em
longo prazo. Os métodos mais comuns para a análise de investimentos são
VPL, TIR e payback, abordados individualmente nas seções a seguir.

Taxa interna de retorno


A taxa interna de retorno (TIR) é um dos métodos de análise de investimentos.
Conforme Assaf Neto (2012), a TIR é a taxa de juros (desconto) que iguala, em
determinado momento do tempo, o valor presente das entradas (recebimentos) com
o das saídas (pagamentos) previstas de caixa. Em geral, adota-se a data de início
da operação (momento zero) como a data focal de comparação dos fluxos de caixa.
O fluxo de caixa no momento zero é normalmente representado pelo valor
do investimento, empréstimo ou financiamento, e os demais fluxos de caixa
indicam os valores das receitas ou prestações devidas. Para Assaf Neto (2012),
a TIR pode ser calculada da seguinte forma:

ou
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onde:
FC0 = valor do fluxo de caixa no momento zero;
FCj = fluxos previstos de entradas ou saídas de caixa em cada período
de tempo;
i = taxa interna de retorno.

Para ter uma interpretação clara e objetiva dessa análise de investimento,


acompanhe o desenvolvimento do Exemplo 1.

Exemplo 1
Uma empresa pretende investir na compra de novos equipamentos no valor de R$
75.000,00. Mas, ao mesmo tempo, existe uma aplicação paralela que rende 8% ao ano,
e estima-se que o investimento trará, durante 6 anos, receitas anuais de: R$ 9.000,00, R$
10.000,00, R$ 15.000,00, R$ 18.000,00, R$ 15.000,00 e R$ 12.500,00. Ao fim desse prazo, a
empresa pretende vender o equipamento por R$ 15.000,00, devido à desvalorização.
Calcule a TIR dessa situação:
Resolva, na calculadora HP-12C, da seguinte forma:
75.000 CHS g CF0 (valor do investimento, valor que sai da empresa, por isso negativo CHS)

9.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

10.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

15.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

18.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

15.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

27.500 g CFJ (entrada no fluxo de caixa [12.500 + 150.00])

5,94% f IRR (taxa interna de retorno – TIR)

A TIR encontrada nessa situação é de 5,94% ao ano, sendo que esta taxa é inferior à
taxa de mercado, que é de 8% ao ano. Logo, esse investimento não é viável, pois a TIR
deve ser pelo menos igual à taxa de mercado para que se possa realizar o investimento.
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Para realizar o cálculo da TIR pela fórmula, seria necessário utilizar tenta-
tiva e erro, ou seja, testar valores e verificar os resultados até zerar a equação,
o que tornaria quase impossível o cálculo de uma equação de grau alto.
Observe o que aconteceria com o cálculo do Exemplo 1:

Logo, para realizar os cálculos da TIR, o indicado é o uso de calculadoras


financeiras ou planilhas no Excel, pois, pela fórmula, fica inviável o cálculo.

Em um fluxo de caixa, o somatório das prestações supera o valor financiado. Se o


somatório for inferior ao valor financiado, a taxa de juros será negativa, ou seja, a TIR
será negativa, e isso aponta que, financeiramente, o projeto/investimento é inviável.

Pode-se concluir, ainda, que a TIR é uma taxa i onde o VPL (valor presente
líquido) é igual a zero, ou seja, torna o valor presente dos fluxos de caixa igual
ao investimento realizado.

Método do valor presente líquido


O método do valor presente líquido (VPL) é considerado uma das técnicas
mais aprimoradas, por avaliar, em seu cálculo, o valor do dinheiro no tempo e
poder ser aproveitada em qualquer tipo de rendimento. Conforme Veras (2005,
p. 234), “[...] o método do valor presente consiste em calcular o valor presente
líquido do fluxo de caixa (saldo das entradas e saídas de caixa) do investimento
que está sendo analisado utilizando a taxa de atratividade do investidor”.
E ainda, se o VPL encontrado for zero, a taxa i de renda do investimento
coincidirá com a taxa ia de atratividade que foi utilizada; se o VPL for positivo,
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isso indica que a taxa de renda que o investimento proporciona ultrapassa a taxa
de atratividade ia, logo o investimento analisado interessa ao investidor; e se o
VPL for negativo, isso indica o quanto falta para que a renda do investimento
alcance a renda esperada.
Para Assaf Neto (2012), o método do VPL para análise dos fluxos de caixa
é obtido pela diferença entre o valor presente dos benefícios (ou pagamentos)
previstos de caixa e o valor presente do fluxo de caixa inicial. O cálculo do
VPL é expresso pela seguinte fórmula:

Ou

onde:
FCj = valor de entrada ou saída de caixa em cada intervalo de tempo;
FC0 = fluxo de caixa no momento zero (momento inicial), podendo ser inves-
timento, empréstimo ou financiamento.

Para o cálculo do VPL na calculadora HP-12C, utiliza-se a tecla NPV (net


present value). Comparando-se o VPL com a TIR no cálculo do VPL, a taxa a
ser empregada na atualização dos fluxos de caixa já vem definida. O cálculo
do VPL identifica o resultado econômico da alternativa financeira, expressa
em moeda atualizada.
O Exemplo 2 traz uma situação do cálculo do VPL.

Exemplo 2
Uma empresa pretende fazer um investimento no valor de R$ 375.000,00, do qual se
espera retornos anuais de caixa de R$ 125.000,00 no primeiro ano, R$ 160.000,00 no
segundo ano, R$ 190.000,00 no terceiro ano e R$ 140.000,00 no quarto ano. A taxa de
desconto a ser aplicada aos fluxos de caixa do investimento é de 10% ao ano. Verifique
se esse investimento é rentável para a empresa utilizando o método do VPL.
Análise de investimentos 9

Solução:
Pela calculadora HP-12C:
375.000 CHS g CF0 (valor do investimento, valor que sai da empresa, por isso negativo CHS)

125.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

160.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

190.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

140.000 g CFJ (entrada no fluxo de caixa)

10 i (taxa)

109.239,46 f NPV (valor presente líquido – VPL)

Pela fórmula:

Como o VPL é superior a zero, a alternativa de investimento oferece uma taxa de


rentabilidade anual superior a 10%, indicando que o investimento é rentável.

Assim, pode-se concluir que, quando o VPL for maior do que zero, o inves-
timento é viável, pois ele é capaz de recompensar e cobrir o capital investido
de forma satisfatória. Se ele for igual a zero, o resultado é indiferente, pois
mostra que o investimento não representará nem lucro nem prejuízo de capital.
Já quando o VPL for menor que zero, conclui-se que o investimento é inviável,
pois os seus ganhos futuros não serão aceitáveis para uma rentabilidade acima
do custo de ocasião.

Ao avaliar dois projetos, é viável que se dê prioridade ao que apresentar o maior VPL,
mesmo que a TIR seja menor, pois o mais importante é a maximização da riqueza, de
modo que o VPL deve ter sempre preferência.
10 Análise de investimentos

Payback
Payback é um dos índices utilizados para avaliar investimentos, é o prazo de
retorno. Trata-se de quanto tempo se leva para ter retorno em determinado
investimento. É importante tanto para quem busca investimento rápido como
para quem tem pouco valor para investir.
Existem dois tipos de cálculo de payback: simples e descontado. No cál-
culo de payback simples, depois de projetados os resultados esperados, é o
momento em que esses resultados somados se igualam ao valor investido. Essa
situação pode ser verificada no fluxo de caixa em que uma empresa investe
R$ 250.000,00 e projeta os próximos quatro anos de resultados, ou seja, uma
saída de R$ 250.000,00 e os resultados em cada um dos anos: R$ 125.000,00
no primeiro ano, também R$ 125.000,00 no segundo ano, R$150.000,00 no
terceiro ano e R$ 200.000,00 no quarto ano. Nessa avaliação, a soma dos dois
primeiros anos totaliza R$ 250.000,00, ou seja, o payback é de dois anos,
ou melhor, a empresa levou dois anos para recuperar o investimento de R$
250.000,00.
Já o payback descontado segue o mesmo raciocínio, o que muda é que os
resultados não são avaliados, os resultados são projetados pelo valor nominal,
pelo valor futuro trazido para o valor presente conforme a TMA, que representa
o mínimo que o investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento.
Imagine, então, o mesmo investimento de R$ 250.000,00 realizado por uma
empresa a uma TMA de 15% ao ano. Os valores dos fluxos de cada ano terão
de ser trazidos para o valor presente, o que é representado na Figura 1.

Figura 1. Fluxo de caixa.


Análise de investimentos 11

Para encontrar o payback descontado, utiliza-se a fórmula do valor presente


no juro composto:

Observe a situação representada no quadro a seguir, considerando a taxa


de 15% ao ano:

Ano Fluxo R$ Fluxo descontado R$ Saldo

0 250.000,00 - 250.000,00 - 250.000,00

1 125.000,00 108.695,65 - 141.304,35

2 125.000,00 94.517,96 - 46.786,39

3 150.000,00 98.627,43 51.841,04

4 200.000,00 114.350,65 166.191,69

Pela apresentação do quadro, verifica-se que, do segundo para o terceiro


ano, o saldo deixa de ser negativo e passa a ser positivo, o que ocorre exa-
tamente entre a transição do segundo e o terceiro anos. Se, no terceiro ano,
o saldo fosse zero, seria exatamente nesse momento o retorno. Para saber
exatamente em que período o investidor tem seu investimento retornado,
utiliza-se a seguinte fórmula:

 Payback descontado =

 Payback descontado =

 Payback descontado = 2,47

Aproximadamente 2 anos e 6 meses, ou exatamente 2 anos, 5 meses e 19


dias para se ter o retorno do investimento, sendo que no payback simples o
retorno foi de 2 anos.
O payback é um dos métodos mais básicos para se avaliar a viabilidade
de um investimento. Seu cálculo é bastante simples e sua determinação prin-
cipal é que, quanto mais tempo o investidor precisar esperar para reaver o
investimento, menos atrativo ele fica, e maior é a possibilidade de prejuízo.
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Aquisições e análise de riscos


Todo investimento tem seus riscos, os quais estão diretamente relacionados
com o investimento realizado e o retorno esperado. Assim, quanto maior o
investimento, maior pode ser o risco.
Risco pode ser definido como chance de insucesso, em outras palavras, é
o quanto você pode perder em uma operação, ao passo que retorno é o quanto
se tem a ganhar em um investimento. Existem vários tipos de riscos, os quais
são determinados de acordo com cada investimento. Os dois principais tipos
de risco são o risco sistemático e o não sistemático.

Risco sistemático
Conforme Higgins (2014), o risco sistêmico reflete a exposição a eventos que
afetam a economia como um todo, como mudanças das taxas de juros e ciclos
de negócio, e que não possam ser reduzidos por meio de diversificação.

Risco não sistemático


É um risco que está em cada investimento realizado, detém-se mais em detalhes.
Para Higgins (2014), o risco não sistêmico reflete eventos especificamente liga-
dos ao investimento, como incêndios e processos judiciais, os quais podem ser
eliminados por meio de diversificação. Os riscos mais comuns em investimentos
são: risco de crédito, risco de liquidez, risco de mercado e risco operacional.
Risco de crédito envolve emprestar dinheiro e não conseguir receber esse
dinheiro de volta. Um exemplo de risco de crédito é aplicar em títulos em certo
banco, e esse banco “quebra”, de modo que dificilmente você terá esse valor
de volta. O risco de liquidez envolve fazer um investimento e não conseguir
se desfazer dele. Por exemplo, a compra de um imóvel, ou seja, você compra
um imóvel, o põe à venda e não consegue vender. Assim, ou você espera o
imóvel ser vendido, ou baixa o valor deste para poder vendê-lo. O risco de
mercado, por sua vez, abrange o mercado como um todo. A exemplo de um
investimento bancário em um período em que os bancos estão indo mal, ou
quando o governo impõe impostos aos bancos, o que afeta esse setor. Por fim,
risco operacional é a dificuldade que se pode encontrar dentro de um sistema
ou até mesmo operacionalizando um investimento. Um exemplo corriqueiro
dessa situação é você estar vendendo ações que estão em alta pela internet
quando esta cai; quando a internet volta, a ação já está com o valor lá embaixo,
ou seja, você perde dinheiro por um problema de operacionalização.
Análise de investimentos 13

Esses são os principais tipos de riscos que se pode encontrar em investi-


mentos, e é preciso estar atento a cada um deles, pois os riscos serão diferentes
para cada tipo de investimento e, às vezes, estão escondidos dentro de cada
investimento. Portanto, quando uma empresa investe, ela deve estimar os
riscos desse investimento.
Para Higgins (2014), a avaliação do risco depende da percepção dos ad-
ministradores que participam da decisão, do conhecimento que eles têm dos
aspectos econômicos do setor e de sua compreensão das ramificações do
investimento. Análise de sensibilidade, análise de cenário e simulações são
favoráveis para fazer avaliações quanto ao risco do investimento, visto que
ajudam a analisar de maneira sistemática os riscos e os efeitos dobre o retorno
do investimento.
É importante que se administre esses riscos, para que as perdas sejam
minimizadas. Assim, é preciso avaliar, identificar e coletar informações para
que se adote a decisão certa. Conhecer apenas o retorno do investimento não é
suficiente, é preciso conhecer os riscos envolvidos e como estes influenciam o
valor ao longo do tempo. Por isso a importância do orçamento de capital, pois
é ele quem avalia os principais recursos para cada alternativa de investimento,
bem como os retornos aguardados e seus prováveis riscos, analisando a real
viabilidade de um projeto para a escolha da melhor alternativa.

ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
BROM, L. G.; BALIAN, J. E. A. Análise de investimentos e capital de giro: conceitos e apli-
cações. São Paulo: Saraiva, 2007.
DAL ZOT, W.; CASTRO, M. L. Matemática financeira: fundamentos e aplicações. Porto
Alegre: Bookman, 2015.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010.
HIGGINS, R. C. Análise para administração financeira. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
VERAS, L. L. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
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