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teoria e

exercícios

AGENTE DE PESQUISA E MAPEAMENTO


AGENTE DE PESQUISA POR TELEFONE

= Língua Portuguesa
= Matemática e Raciocínio Lógico
= Ética no Serviço Público
= Geografia
= Conhecimentos Gerais
conteúdo
ON-LINE
5 horas de
Videoaulas
Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística

IBGE
Agente de Pesquisa e Mapeamento e
Agente de Pesquisa por Telefone

NV-007MR-21
Cód.: 7908428800260
Obra Produção Editorial

Carolina Gomes
IBGE Josiane Inácio

Agente de Pesquisa e Mapeamento e Karolaine Assis

Agente de Pesquisa por Telefone Organização

Roberth Kairo
Saula Isabela Diniz
Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Revisão de Conteúdo


Collares, Giselli Neves e Renato Philippini Ana Cláudia Prado
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista Fernanda Silva
(Prof.º Kaká) e Sérgio Mendes Jaíne Martins
Maciel Rigoni
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO • Eduardo Galante e Jonatas
Nataly Ternero
Albino

GEOGRAFIA • Zé Soares e Daniel Salgado Análise de Conteúdo

CONHECIMENTOS GERAIS • Zé Soares, Otávio Massaro e Ana Beatriz Mamede


Jean Talvani Arthur de Carvalho
João Augusto Borges

Diagramação

Dayverson Ramon
Higor Moreira
Lucas Gomes
Willian Lopes

Capa

Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Março/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Reticações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro
contempla tanto o edital de Agente de Pesquisa e Mapeamen-
to quanto o de Agente de Pesquisa por Telefone. Os assuntos
estão didaticamente organizados em disciplinas, subdividas
nos temas exigidos nos editais, apresentados em um sumário
especialmente planejado para otimizar o seu tempo e o seu
aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas. E para treinar seus conhecimentos, a seção Hora de
Praticar, trazendo exercícios gabaritados da banca organizado-
ra do certame do IBGE.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando
no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é
com você!


disponíveis online para este livro em nossa plataforma: 5 horas
de videoaulas, conforme os assuntos cobrados nos editais. Para
acessar, basta seguir as orientações na próxima página.
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line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta


BÔNUS:

• Curso On-line.

à Língua Portuguesa - Interpretação de Texto: Sentido


à Matemática e Raciocínio Lógico - Regra de Três e Verdades e Mentiras
à Ética no Serviço Público - Lei n° 8.112/1990 - Regime Jurídico Único - Regime
Disciplinar
à -


COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE


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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS ................................. 9

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS .................................................................. 11

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL................................................................................................ 20

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL .................................................................... 20

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO,


DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL ............................................20

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS ...................................................................................................24

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO...................................................... 24

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRA ..........................................................................................................24

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO ...39

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO........................................................................................................48

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ...........................................................................................................51

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL ......................................................................................................................56

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .................................................................................................57

COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS ........................................................................................................59

REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO...................................................................... 59

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS E SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO ...............59

REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO ...........................................62

REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE ......................................63

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO .....................................................................73


PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE ............................................................................ 73

RAZÕES E PROPORÇÕES .................................................................................................................. 76

REGRAS DE TRÊS SIMPLES .............................................................................................................. 79

PORCENTAGENS ................................................................................................................................ 80

EQUAÇÕES DE 1º E DE 2º GRAUS ..................................................................................................... 81

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ............................................................................................................... 84


PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS .......................................................................... 84

FUNÇÕES E GRÁFICOS ...................................................................................................................... 86

LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL)...............................................................................102

PROPOSIÇÕES SIMPLES ...............................................................................................................................102

PROPOSIÇÕES COMPOSTAS ........................................................................................................................103

TABELA VERDADE ..........................................................................................................................................103

EQUIVALÊNCIAS .............................................................................................................................................106

LEIS DE MORGAN ...........................................................................................................................................109

ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO ............................................................110

ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES ..........................................................................110

DIAGRAMAS LÓGICOS ...................................................................................................................................110

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM........................................................................................................114

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS ....................................................................................................116

RACIOCÍNIO LOGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E


MATRICIAIS ......................................................................................................................................120

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ........................................................................................................................137

CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE .............................................................................................................137

LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES ......................................................................................140

GEOGRAFIA ....................................................................................................................... 154


NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA ...........................................................................................154

ORIENTAÇÃO ..................................................................................................................................................154

Pontos Cardeais ..........................................................................................................................................154

LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................................................154

Coordenadas Geográcas, Latitude, Longitude e Altitude ........................................................................154

REPRESENTAÇÃO ...........................................................................................................................................158

Leitura, Escala, Legendas e Convenções ...................................................................................................158

ASPECTOS FÍSICOS E MEIO AMBIENTE NO BRASIL....................................................................164

GRANDES DOMÍNIOS DE CLIMA, VEGETAÇÃO, RELEVO, HIDROGRAFIA E ECOSSISTEMAS ...................164


ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ...........................................................................................................174

DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA (FLUXOS MIGRATÓRIOS, ÁREAS DE


CRESCIMENTO E DE PERDA POPULACIONAL) ............................................................................177

FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ORGANIZAÇÃO


FEDERATIVA) ....................................................................................................................................185

CONHECIMENTOS GERAIS........................................................................................ 193


RELAÇÃO ENTRE A SOCIEDADE, ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE...........................................193

A MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA E A REDEFINIÇÃO NAS RELAÇÕES ENTRE CAMPO E CIDADE ..........193

O PAPEL DO ESTADO E DAS CLASSES SOCIAIS E A SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL


(URBANIZAÇÃO) BRASILEIRA .......................................................................................................................193

A CULTURA DO CONSUMO ............................................................................................................................194

O BRASIL DIANTE DAS QUESTÕES AMBIENTAIS (AQUECIMENTO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL) ...............................................................................................................................................195

GLOBALIZAÇÃO ...............................................................................................................................196

BLOCOS ECONÔMICOS ..................................................................................................................................196

CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO.........................................................................................................197

ETAPAS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA .......................................................................................................197

BRASIL NA GLOBALIZAÇÃO ..........................................................................................................................198

HISTÓRIA DO BRASIL ......................................................................................................................199

ASPECTOS RELEVANTES DA HISTÓRIA DO BRASIL, DE 1930 AOS DIAS ATUAIS,


E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, ECONOMIA E SOCIEDADE BRASILEIRA ..........199

NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA .................................................................................................218

FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ........................................219

DINÂMICA DA POPULAÇÃO ...........................................................................................................219

MIGRAÇÕES POPULACIONAIS, ÁREA DE CRESCIMENTO E DE PERDA POPULACIONAL ........................219

O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO.......................................................................................................219

ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS E EXTRATIVAS...........................................................................................219

FONTES ALTERNATIVAS E ENERGIA NO BRASIL .........................................................................223



selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA A inferência é uma relação de sentido conhecida
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Dica


TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS Como já mencionamos, interpretar é buscar ideias,
pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
INTRODUÇÃO
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
A interpretação e a compreensão textual são aspec- subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- 
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos 
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões      
        dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
e dominar estratégias que facilitem a apreensão des- 
se assunto pode ser o grande diferencial entre o qua- ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
se e a aprovação. Além disso, seja a compreensão ou a 
interpretação textual, ambas guardam uma relação de Por isso, é preciso compreender como podemos
proximidade com um assunto pouco explorado pelos interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
linguística pode assumir. -
Portanto, neste material você encontrará recursos zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
     - ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
ção e compreensão textual, associando a essas temá- A partir disso, selecionamos estratégias de leitura
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido que foquem nas formas de inferência sobre um texto.
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, Dessa forma, é fundamental   
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- o processo de inferência, que se dá por dedução ou
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
precisa ser reconhecido por quem o lê.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma O marido da minha chefe parou de beber.
breve diferença entre os termos compreensão e
interpretação textual. Observe que é possível inferir várias informações.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo A primeira é que a chefe do enunciador é casada (infor-
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste mação comprovada pela expressão “marido”), a segun-
material, ainda que existam relações de sinonímia da é que o enunciador está trabalhando (informação
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira
          é que o marido da chefe do enunciador bebia (expres-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a são comprovada pela expressão “parou de beber”).
interpretação realiza ligações com o texto a partir Note que há pistas contextuais do próprio texto que
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. induzem o leitor a interpretar essas informações.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto Tratando-se de interpretação textual, os processos
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
    - texto junto da articulação com as informações acessa-
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação das pelo leitor do texto.
com a semântica. -
Sabendo disso, é importante separarmos os con- senta como ocorre a relação desses processos:
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou com-
preensivo. Neste material, você encontrará um forte
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
conteúdo que relaciona semântica e interpretação,
LÍNGUA PORTUGUESA

contendo questões sobre os assuntos: inferência; 


- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e A partir desse esquema exclusivo, conseguimos
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas visualizar melhor como o processo de interpretação
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- ocorre. Agora, iremos detalhar esse processo, reco-
guísticas e suas consequências para o sentido. nhecendo as estratégias que compõem cada maneira
Todos esses assuntos completam o estudo basilar de inferir informações de um texto. Por isso, vamos
de semântica com foco em provas e concursos, sempre apresentar nos tópicos seguintes como usar estra-
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a tégias de cunho dedutivo, indutivo e, ainda, como
- articular a isso o nosso conhecimento de mundo na
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de interpretação de textos. 9
A INDUÇÃO estrutura textual; na predição ele estará ativando seu
conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri-
As estratégias de interpretação que observam quecendo, renando, checando esse conhecimento.
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
oferece e, posteriormente, reconhece alguma certeza         
na interpretação. Dessa forma, é fundamental buscar primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
uma ordem de eventos ou processos ocorridos no tex- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
to e que variam conforme o tipo textual. macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- 
- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso entre outras informações que podem vir como “aces-
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
- pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. 
No processamento interpretativo indutivo, as O processo de interpretação por estratégias de dedu-
 ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
para uma generalização. Vejamos um exemplo:
z Conhecimento Linguístico;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa z Conhecimento Textual;
espécie de animal. O que observei neles, no tempo z Conhecimento de Mundo.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, cur- Conhecimento Linguístico
vados aos fortes e às ideias vencedoras, eantigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- Esse é o conhecimento basilar para compreensão
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo       
critério de beleza. das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
(BARRETO, 2010, p.21) uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
nhecimento das regras de uma língua.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima É importante salientar que as regras de reconhe-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías cimento sobre o funcionamento da língua não são,
 necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
       que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
 que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- bo-objeto (SVO) etc.
ção cronológica de um texto.       
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A propriedade vocabular leva sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
o cérebro a aproximar as pa- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
ciação com o tema do texto. Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Os conectivos (conjunções,
preposições, pronomes)
ATENÇÃO AOS
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais.

A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.

Dica
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
tos para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos a partir de uma informação que jul-
ga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre
o processo de interpretação por dedução. Conforme,
Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizen-


do temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
10 tema; ele estará também postulando uma possível Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acessado em: 22/09/2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores RECONHECIMENTO DE TIPOS E
 GÊNEROS TEXTUAIS
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas TIPOLOGIA TEXTUAL
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos. CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS

Conhecimento Textual Tipos ou sequências textuais são unidades que


estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
mento linguístico e se desenvolve pela experiência       
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de marcam uma forma de organização da estrutura do
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- texto que se molda a depender do gênero discursivo e
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêne-
ros que apresentam a predominância de narrações –
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que
contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê –, outros predominam a argumentação – redação do
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
reportagem como se lê um poema. No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de       
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. os tipos textuais e suas principais características, tendo
em vista que, cada sequência textual apresenta carac-
Conhecimento de Mundo terísticas próprias que, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental 
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre os tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descriti-
importante que o candidato a cargos públicos reserve vo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
- 
tar seu conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado, por isso, é natural ao nosso  TIPO TEXTUAL TEXTO

o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- A partir dess
cício para atestarmos a importância da ativação do orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
conhecimento de mundo em um processo de interpre- tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: predominante que o texto deve manter, organizado
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
Como gemas para nanciá-lo, nosso herói desa-
ou valentemente todos os risos desdenhosos que
TIPO TEXTUAL
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipicam Classica-se conforme as marcas linguísticas
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as apresentadas no texto. Também é chamado de
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de sequência textual.
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e GÊNERO TEXTUAL
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
Classica-se conforme a função do texto, atri-
buída socialmente.
Agora tente responder as seguintes perguntas
sobre o texto:
Uma última informação muito importante sobre
tipos textuais que devemos considerar é que nenhum
Quem é o herói de que trata o texto?
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
Quem são as três irmãs? re é a existência de predominância de algumas sequên-
LÍNGUA PORTUGUESA

Qual é o planeta inexplorado? cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.


Certamente, você não conseguiu responder nenhu- Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será suas principais características e marcas linguísticas.
afetada. O texto se chama “A descoberta da América CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
responder às questões; certamente você não terá mais
 Narrativo
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- Os textos compostos predominantemente por se-
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo quências narrativas cumprem o objetivo de contar
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
prévio que é essencial na interpretação de questões. ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão 11
de algumas estratégias, como a organização dos fatos nenhum texto é composto exclusivamente por
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um pre identicar as marcas linguísticas que são pre-
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. dominantes em um texto, a m de classicá-lo.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles: Para sua compreensão, também é preciso saber o
que são marcadores temporais e espaciais.
z Situação inicial – envolve a “quebra” de um equi- São formas linguísticas como advérbios, prono-
 mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
z Complicação – desenvolvimento da tensão apre- físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar-
sentada inicialmente; rativos, esses elementos são essenciais para marcar o
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
ampliam a tensão; a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
z Resolução – Momento de solução da tensão; e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
z Situação nal – Retorno da situação equilibrada; aqui, ali, então...
z Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
a resolução; sença do narrador da história. Por isso, é importante
z Moral – Apresentação de valores morais que a histó- -
ria possa ter apresentado. rador de um texto:

Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- Narrador: também conhecido como foco narrativo é o respon-
sável por contar os fatos que compõem o texto.
te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”
       Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa. O
- narrador participa dos fatos.
tual narrativo. Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O nar-
rador tem propriedade dos fatos contados, porém não participa
das ações.
Era um garoto que como eu
1. Situação inicial: Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em 3ª ou
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de
Girava o mundo sempre a cantar 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa
equilíbrio;
As coisas lindas da América das ações, porém o fluxo de consciência do narrador pode ser
Não era belo, mas mesmo assim exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.
Havia uma garota am
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane, Yesterday Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
2. Complicação: predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Cantava viva à liberdade
início da tensão
Mas uma carta sem esperar        -
Da sua guitarra, o separou mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones

Stop! Com Beatles songs
outras sequências em sua composição.
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax; Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Lutar com vietcongs -
Era um garoto que como eu ção nas marcas que predominam no texto.
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução; Após demarcarmos as principais características do
Girava o mundo, mas acabou tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Fazendo a guerra no Vietnã -
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
da como descritiva.
Um instrumento que sempre dá
6. Situação nal; Descritivo
A mesma nota,
7. Avaliação;
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
Só gente morta caindo ao chão nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Ao seu país não voltará
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
Pois está morto no Vietnã cia descritiva como suporte para um propósito maior.
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
8. Moral. te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há 
Mas duas medalhas sim Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020. sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
-
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
ção linguística que são caracterizadas por: Presença que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre- entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim
dominantemente, utilizados no passado; presença nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com
de narrador e personagens. uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tin-
gida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor
natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas
Importante! assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergo-
nhas tão nuas, e com tanta inocência assim descober-
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
tas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
12 tuais em sua composição, tendo em vista que (https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha)
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte:https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/lha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml 13
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- -
ções, substantivos que buscam levar o leitor a ima- tinentes sobre o panorama mundial da situação da
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema “tratado, e para isso,” o autor dispõe, além da
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele linguagem clara e objetiva, de recursos visuais para
está organizado de forma esquematizada em seções atingir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais apresentados ante-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. riormente, os textos expositivos também apresentam
Organização do texto descritivo: uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
     
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Expositivo
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a sença de verbos de estado;
 z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
textual, é muito comum a presença de dados, informa- organizam a informação;
 z Desenvolve-se mediante uso de recursos
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- enumerativos;
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: z 
e Comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao


Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é carac-


     
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infograco-dados- (CAVALCANTE, 2013, p.73) que busca convencer
14 mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016 o leitor a realizar alguma tarefa. Esse tipo textual
é predominante em gêneros como: bula de remé- A seguir, apresentamos um quadro sintético com
dio, tutoriais na internet, horóscopos e também nos algumas estruturas linguísticas que funcionam como
manuais de instrução. operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
A principal marca linguística dessa tipologia é a a leitura de textos argumentativos:
presença de verbos conjugados no modo imperati-
vo e também em sua forma innitiva. Isso se deve OPERADORES ARGUMENTATIVOS
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. É incontestável que...
      Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- É mister, é fundamental, é essencial...
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
exemplo a seguir: Essas estruturas utilizadas adequadamente no
texto argumentativo expõem a opinião do autor, aju-
Como faço para criar uma conta do Instagram? dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: estrutura argumentativa desse tipo textual.
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou Goo-
gle Play Store (Android).
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone para abri-lo. Importante!
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone
(Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira seu endereço de O tipo textual argumentativo não pode ser
e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de conr- confundido com o gênero textual dissertativo-
mação), toque em Avançar. Também é possível tocar em Entrar -argumentativo. Esse gênero é composto por
com o Facebook para se cadastrar com sua conta do Facebook. sequências argumentativas, mas também há
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone, a apresentação, dissertação de ideias, a m de
crie um nome de usuário e uma senha, preencha as informa- alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame
ções do perl e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame
Facebook, será necessário entrar na conta do Facebook, caso que cobra esse gênero em sua prova de redação.
tenha saído dela.
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
07/09/2020. Agora que já conhecemos os cinco principais tipos
textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com
No exemplo acima, podemos destacar a presença de as seguintes questões de concurso:
verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe,
toque, crie,  GÊNEROS TEXTUAIS
instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos tex-
tos injuntivos é a enumeração de passos a serem cum- O que são os gêneros textuais?
pridos para a realização correta da tarefa ensinada e

      -
É importante lembrar que a principal marca
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
linguística dessa tipologia é a presença de verbos
-
conjugados no modo imperativo e em sua forma in-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
nadas pelo gênero. remeter ao conceito de Tragédia e Comédia, referin-
       
Argumentativo nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou de A
Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses textos
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior pensar que nada, além do fato de terem sido escritos
        pelo mesmo autor, porém, a estrutura dessas histórias
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo respeita um padrão textual estabelecido e reconheci-
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a do na época em que foram escritas.
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
tos que visam sustentar essa tese. 
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen- que caracterizam textos, aparentemente, tão dife-
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto, rentes, logo, da mesma forma que comparamos as
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as
LÍNGUA PORTUGUESA

defendido pelo autor de maneira contextualizada. No semelhanças entre uma notícia e um artigo de opi-
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar nião, por exemplo, e também, é fundamental identi-
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto          
- desses gêneros com termos diferentes.
      Esse ponto de interseção é o que podemos estabe-
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o 
- um gênero textual.
ta possíveis soluções para o problema em questão. Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.71),
Outro aspecto importante dos textos argumentati- o ponto de interseção que estabelece sobre qual
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
cas conhecidas como operadores argumentativos, que      
organizam as orações subordinadas, estruturas mais estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
comuns nesse tipo textual. sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro 15
      
um gênero é o papel social, marcado pelos compor- teor social desses elementos, e estabelecendo a impor-
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem tância de um indivíduo adquirir o hábito da leitura, pois
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com- quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto.
preender tão bem quanto ser compreendido. Portanto, a partir de todas essas informações
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife-        
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos maneira resumida, os gêneros textuais são ações
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- linguísticas situadas socialmente que servem a
 propósitos especícos e são reconhecidos pelos
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- seus traços em comum. A seguir demonstramos uma
- tabela com as características básicas para a correta
ses elementos, justamente devido à dinâmica social 
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de
alterações em sua estrutura.
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
 z Ações sociais;
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- z Ações com conguração prototípica;
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade;
       z O propósito de uma ação social;
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da z Divididos em classes.
loja O Boticário:
Outra importante característica que devemos refor-
        
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS


Relação com aspectos Associação a aspectos
sociais. linguísticos.
Não podem sofrer altera-
Podem ser alterados. ção, sob pena de serem
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. reclassicados

O gênero anúncio apresenta uma clara referên- Estabelecem uma função Organizam os gêneros
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des- social. textuais
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi
    propósito do anúncio fosse
      
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e leva-lo a adqui-
de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o


estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
na resolução de questões que envolvam esse assun-

to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
qual seja: vender um produto.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar gêneros textuais abordados em importantes bancas
mais algumas características comuns a todos os tipos de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
tões de provas de concursos anteriores que irão nos
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
propósito de um gênero, para alguns autores, como auxiliar a praticar esse conteúdo.
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. NOTÍCIA
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
lizar um objetivo ou objetivos, então, ele sustenta a A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e,
posição de que o propósito comunicativo é o critério como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequên-
é vinculado ao poder do autor. cias textuais narrativas e descritivas na sua composição
- linguística, por isso, é fundamental sempre termos em
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o mente as características basilares de todos os principais
qual também pode ser reconhecido como estereótipo tipos textuais, os quais tratamos anteriormente.
textual, que resguarda características básicas do gêne- Como aprendemos no início deste capítulo, os gêne-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio- ros textuais possuem características que os distinguem
 dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a
fada tanto na porção textual do anúncio que começa questões sociais, ter um propósito comunicativo e apre-
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens        
que remetem ao conto da “Branca de Neve”. varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os Por ser um gênero, a notícia também apresenta
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e essas características, seu propósito comunicativo é
também a escrever esse gênero quando necessita. Isso informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
torna a característica da prototipicidade tão importan- resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
 com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
16 Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra
       - Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
ração prototípica, seu padrão textual reconhecido por buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
leitores de uma comunidade. nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
- isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- 
totípico desse gênero:
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
Casal suspeito de assaltos é preso após Manchete
colidir carro na contramão enquanto fugia diente” dos textos desse gênero que são representados,
da polícia, em Fortaleza predominantemente, pela sequência argumentativa.
É importante relembrarmos que o tipo textual argu-
Foram apreendidos três aparelhos celu- Lead
mentativo é organizado em três macro partes: tese,
lares roubados e uma arma de fogo com
desenvolvimento e conclusão (conferir no capítulo ante-
seis munições.
rior). Por manter esse padrão, a reportagem aprofunda-
Um casal suspeito de realizar assaltos foi Corpo -se em temas sociais de ampla repercussão e interesse do
preso após capotar um carro ao dirigir na da Notícia público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista
contramão enquanto fugia da polícia na que a notícia busca apenas a divulgação da informação.
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
que Jorge, em Fortaleza.
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Uma das vítimas, que preferiu não se iden-
como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
ticar, disse que os assaltantes dirigiam
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
em alta velocidade pelas ruas após abor-
dar de forma fria os pertences. “A mulher ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
estava conduzindo o carro e o comparsa podem ser veiculadas em suportes escritos, como
dela abordava as pessoas colocando a revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
arma na cabeça”, armou. redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
ção desse gênero atualmente.
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
seu propósito de informar, é fundamental que o autor        
- 
nar seu texto imparcial e objetivo:           -
trua sua própria opinião sobre o tema.
A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
perguntas O Quê? Como? Por Quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
primeira por seu caráter essencialmente informativo.
Notícia
Apresenta um fato de forma simples e objetiva;
Objetivo é informar;
Apuração dos fatos objetiva;
Conteúdo de curto prazo;
É importante ressaltar que, com o advento das Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o (conf. acima).
gênero notícia seja divulgado por meio de platafor- Reportagem
mas diferentes, como as redes sociais. Isso democrati- Questiona fatos e efeitos de um fato determinado;
za a informação, porém também abre margem para a Apresenta argumentos sobre um mesmo fato;
criação de notícias falsas que se baseiam nesse esque-
Apuração extensa;
ma de organização das notícias para buscar alguma
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresen-
credibilidade do público. Então, atualmente, podemos
         tar entrevistas, dados, imagens, etc.
para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.


tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem
que guarda sutis diferenças em comparação com a notí- É importante ressaltar que nenhum gênero é com-
cia e também é muito abordada em provas de concursos. posto apenas por uma única sequência textual e que,
portanto, a reportagem também apresentará esse
REPORTAGEM paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
temente da notícia, além de oferecer informações 
acerca de um assunto, também apresenta os pontos A seguir daremos continuidade aos nossos estudos
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter sobre os principais gêneros textuais objeto de provas
argumentativo; essa é a principal diferença entre os de concurso com um dos gêneros mais comuns em
gêneros notícia e reportagem. provas de seleções: o artigo de opinião. 17
ARTIGO DE OPINIÃO ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que Identicação da questão polêmica
Introdução
buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação alvo de debate no texto.
para analisar, avaliar e responder a uma questão con- Tese do autor (posicionamento
troversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito defendido) – Tese contrária (posi-
do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, Desenvolvimento cionamentos de terceiros) – Acei-
principalmente, em jornais e revistas impressos ou vir- tação ou refutação – Argumentos
tuais. Com o artigo de opinião, temos a discussão de um a favor da tese do autor do texto.
problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão,
Fechamento do texto e reforço do
podemos defender nossa opinião, como também refutar Conclusão
posicionamento adotado.
opiniões contrárias às nossas, ou ainda, podemos pro-
por soluções para a questão controversa. No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi- so estar atento aos elementos de coesão que ligam as
nião é a de convencer seu interlocutor, para isso, ele ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
terá que usar de informações, fatos, opiniões que tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais
serão seus argumentos. BRÄKLING apud Ohuschi e atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com
Barbosa aponta: a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
        
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que estudos de textos argumentativos, seguimos nossa
se busca convencer o outro de uma determinada abordagem, apresentando outro gênero sempre pre-
ideia, inuenciá-lo, transformar os seus valores por sente nas provas de língua portuguesa em concursos
meio de um processo de argumentação a favor de públicos: o editorial.
uma determinada posição assumida pelo produtor
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É EDITORIAL
um processo que prevê uma operação constante de
sustentação das armações realizadas, por meio Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
da apresentação de dados consistentes que possam cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi-
convencer o interlocutor (2011. p.305). torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e
que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o Como já debatemos muito sobre a estrutura dos
escritor deverá usar de diversos conhecimentos, como: textos argumentativos de uma forma geral, iremos
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do Artigo
por meio da escolha de determinados recursos linguís-
de opinião, por exemplo.
ticos que percebemos que nada é por acaso, pois, a cada
escolha há uma intenção: “... toda atividade de interpre-
tação presente no cotidiano da linguagem fundamenta- EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de
comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22). um tema atual;
Quando queremos dar uma opinião sobre determi- O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leito-
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento res sobre alguma temática importante;
sobre esse tema. Por isso, normalmente, os autores Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de
de artigos de opinião são especialistas no assunto por uma causa de interesse coletivo;
eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores Sua estrutura também é baseada em: Introdução, De-
devem considerar as diversas “vozes” já existentes senvolvimento e Conclusão!
sobre mesmo assunto. E, dependendo da intenção,
apoiar ou negar determinadas vozes. O início de um editorial é bem semelhante ao de
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
Por isso que a linguagem utilizada pelo articulis-
ou problema social a ser debatido no texto, poste-
ta de um texto de opinião deve ser simples, direta, riormente segue-se a apresentação do ponto de vista
convincente; utiliza-se a terceira pessoa, apesar de defendido e conclui-se com a retomada da opinião
a primeira ser adequada para um artigo de opinião apresentada incialmente. A principal diferença entre
pessoal, porém, ao escolher a terceira pessoa do sin- editorial e artigo de opinião é que aquele representa
gular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
seu texto, fazendo com que sua produção textual não
 EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;
Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante;
estruturação:
Linguagem clara, objetiva e impessoal.
z -
O editorial, além de ser um gênero muito comum
cedentes e alcance para situar a questão polêmica; nas provas de interpretação textual em concursos
z Tomada de posição, exposição de argumentos de públicos, também é, recorrentemente, cobrado por
 muitas bancas em provas de redação. Por isso, a
z - seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti- tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
18 culadas e o texto é concluído. que cobrem redação.
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR 
PARÁGRAFOS como a ironia e a metáfora que auxiliam na presença

Apresentação do tema (situando o leitor)
e já com um posicionamento denido.        
Parágrafo 1 que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em
Ser didático ao apresentar o assunto ao
leitor. 
desse gênero:
Contextualização do tema, comparando-o
com a realidade e trazendo as causas e
Parágrafo 2
indicativos concretos do problema. Mais O que é um livro?
uma vez, posicionamento sobre o assunto. O que é um livro? A pergunta se impõe neste
Análise e as possíveis motivações que momento em que que a isenção de impostos sobre
tornam o tema polêmico (ou justicativas o objeto primeiro da cultura e do conhecimento
Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer está em risco. Uma contribuição tributária de 12%
dados factuais, exemplos concretos que afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre-
ilustram a argumentação. cisa dela.
Um livro é:
Conclusivo, com o posicionamento crí- – A casa das palavras. Acabei de gravar um
Parágrafo 4 tico nal, retomando o posicionamento vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o
inicial sem se repetir. ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la,
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi-
A seguir, apresentamos nosso último gênero tex- da, vesti-las com harmonia.
tual abordado neste material. Lembramos que o         
universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é tempo para a frente e para trás. Habitar o passa-
impossível apresentar uma compilação de estudos do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de
com todos os gêneros, apesar disso, trazemos aqui os
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa-
principais gêneros cobrados em avaliações de língua
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe-
portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver.

[…]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e
CRÔNICA
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia.
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra.
-
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de pre-
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
- servação do alheio e ponto de encontro com nosso
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão
um gênero curto de cunho social voltado para temas disponíveis, para que cada um possa abrir a sua.
atuais, é muito usado em provas de concurso para         
ilustrar questões de interpretação textual e também dragões enfrentam centauros. O pântano onde as
para contextualizar questões que avaliam a compe- hidras agitam suas múltiplas cabeças.
tência gramatical dos candidatos.        
     - foram postas nos livros que deram origem às reli-
na sobre um assunto atual e podem ser Narrativas ou giões e neles conservadas.
Argumentativas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.

CRÔNICA -
CRÔNICA NARRATIVA
ARGUMENTATIVA to bem atual: o aumento da carga tributária que inci-
Defesa de um ponto de de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua
vista, relacionado ao as- opinião e segue argumentando sobre a importância
Limitam-se a contar fatos dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea-
sunto em debate;
do cotidiano; do pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Uso de argumentos e
Pode apresentar um tom       -
fatos;
humorístico; tuais, é importante deixarmos uma informação rele-
Também pode ser escrita
Foco narrativo em 1ª ou 3ª vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os
em 1ª ou 3ª pessoa;
pessoa. gêneros não apenas moldam formas de texto, mas
Uso de argumentos de
modo pessoal e subjetivo. formas de dizer marcadas pelo discurso, por isso, em
LÍNGUA PORTUGUESA

algumas metodologias (e também em alguns editais de


Apesar de as formas de texto verbais serem o for- concurso), os gêneros serão tratados como do discurso.
       
     Dica
em outros formatos, como vídeo, muito divulgados
nas redes sociais. Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
- ração verbal, como todo discurso materializa-se
ta-se de um texto com estrutura argumentativa padrão por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex-
(Introdução, Desenvolvimento, Conclusão), muito vei-
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
culado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero
que passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas
apresenta um teor opinativo forte, com observação variantes vocabulares de acordo com as deman-
dos fatos sociais mais atuais; outra característica das sociais e culturais de estudo dos gêneros. 19
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE
COESÃO TEXTUAL

casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
 SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE
derivada de processos históricos de evolução da língua. OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL
Por isso, vale sempre lembrar a dica de ouro do
leia sempre! Somente a
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
prática de leitura irá lhe garantir segurança no pro-
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
 coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
parte das regras não são efêmeras, porém, são em
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
grande número. Neste material, iremos apresen- e por que buscar esse padrão é importante.
tar uma forma condensada e prática de nunca mais Os textos não são somente um aglomerado de pala-
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala- vras e frases escritas. Suas partes devem ser articu-
vras são acentuadas. ladas e organizadas harmoniosamente de maneira
- que o texto faça sentido como um todo. A ligação, a
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto se chama de coesão textual. Os articuladores respon-
à escrita correta, veja: sáveis por essa ‘costura’ do tecido (tessitura) do texto
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
z É com X ou CH: empregamos X após os ditongos.
articulados de forma que garanta uma relação lógica
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
USAMOS X: USAMOS CH: peito disso, temos a coerência textual que está ligada

z Depois da sílaba EM, se z Depois da sílaba EM, se ele produz para o leitor.
a palavra não for derivada a palavra for derivada de
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH:
COESÃO COERÊNCIA
CH: enxerido, enxada; encher, encharcar;
z Depois de ditongo: cai- z Em palavras derivadas Elementos superciais (ên- Subjacente ao texto (ênfa-
xa, faixa; de vocábulos que são gra- fase na forma) articulação se no conteúdo) produção
z Depois da sílaba inicial fados com CH: recauchu- entre as ideias de sentido/relação lógica
ME se a palavra não for de- tar, fechadura
rivada de vocábulo iniciado Fonte: Elaborado pela autora
por CH: mexer, mexilhão.

Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.


Podemos usar uma metáfora muito interessante
quando se trata de compreender os processos de coe-
são e coerência.
z É com G ou com J: usamos G em substantivos Essa metáfora nos leva a comparar um texto com
terminados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, um prédio, tal qual uma boa construção precisa de
ferrugem; um bom alicerce para manter-se em pé; um texto bem
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, construído depende da organização das nossas ideias,
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio; da forma como elas estão dispostas no texto. Isso sig-
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; -
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou        
-jer. Ex.: viajar, lisonjear; adequadamente.
Termos derivados do latim escritos com j. Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
z É com Ç ou S: após ditongos, usamos, geralmente, cipais formas de marcação, em um texto, de processos
Ç, quando houver som de S e escrevemos S, quan- que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
do houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa. palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
z É com S ou com Z: palavras que designam nacio- cas que os processos envolvendo a coerência.
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; características da coerência em um texto e como esse
inglês; marquesa; duquesa. processo liga-se, não apenas às formas gramaticais,
Palavras que designam qualidade, cuja termina- mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
Embriaguez; lucidez; acidez. coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
      - estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
vras, em geral, apresentam muitas exceções, por isso 
- que se encontra mais na mente que no texto”.
tura, pois esse aprendizado é consolidado com essa Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
        para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
 passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
por isso recomendamos que se mantenha atualizado 
        
contribuir para seu conhecimento geral, sua habilida- [...] Não está no texto em si; não nos é possível
20 de em língua portuguesa também aumentará. apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística, Utilizar pronomes para manter a coesão de um
confere sentido ao que lê (2013, p.31). texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
importantes para uma boa compreensão e elaboração estudo os principais pronomes utilizados em recursos
textual. É importante destacar que esses processos textuais para manter a coesão.
de coesão não podem ser dissociados da construção A pronominalização é a base de recursos anafóri-
de sentidos implícita no processo de organização da
cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome

-
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
mos dois exemplos:


COESÃO REFERENCIAL O primeiro debate entre Donald Trump e Joe


Biden foi quente, com diversas interrupções e acu-
A coesão marcada por processos referenciais rela- sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi
ciona termos e ideias a partir de mecanismos que a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
inserem ou retomam uma porção textual. Os proces- Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
sos marcados pela referenciação caracterizam-se pela Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
ação de referir, ou seja, são marcados pela constru-

ção de referentes em um texto, os quais se relacionam os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
com as ideias defendidas no texto. Esse processo é ram que perderam a eleição”. […].
marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reco- O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os
nhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
quais falaremos a seguir. 7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces- âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles
sos referenciais que envolvem o uso de expressões fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata-
cou o republicano dizendo que Trump “não tem um
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
“as expressões que retomam referentes já apresenta- resposta atacando a China - “deveriam ter fechado
dos no texto por outras expressões são chamadas de suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou-
ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho”
nesse momento dos EUA.
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair-
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
era um jovem promissor, mas nunca se interessou
realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um Após a leitura do texto, é possível notar que a
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem recuperação da informação apresentada é feita a par-
manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de
tir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na pronomes destacados recupera o assunto informado
primeira luta que fez com Apollo Creed. e ajudam o leitor a construir seu posicionamento. É
importante buscar sempre o elemento a que o prono-
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
30/09/2020. Adaptado. me faz referência, por exemplo, o primeiro pronome
pessoal destacado no texto, refere-se ao termo “repu-
A partir da leitura, podemos perceber que todos os blicanos”, já o segundo, faz referência aos presiden-
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- ciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso,
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- que esses pronomes apontam para uma parcela obje-
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
tiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
Já os processos referenciais catafóricos apontam ao substantivo “tragédia” que recupera uma parcela
para porções textuais que ainda não foram mencio- textual maior, fazendo referência ao momento de
pandemia pelo qual o mundo passa.
LÍNGUA PORTUGUESA

nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a


seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
são estes: da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
Dica coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
Em provas de concursos e seleções ainda se Não é possível saber qual dos homens estava
encontra a terminologia “expressões referenciais acompanhado.
catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no        
material. No entanto, é importante salientar que relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
processos referenciais que recuperam e/ou apon- va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
tam para porções textuais. escolares. 21
Todas as marcações em negrito fazem referência
Importante!        
O interesse das principais bancas de concursos que se referem a esse nome inicial são expressões
públicos é avaliar a capacidade interpretativa e nominalizadores que servem para ligar ideias e cons-
racional dos candidatos, dessa feita, a análise de truir o texto.
processos coesivos visa analisar a capacidade USO DE ADJETIVOS
do candidato de reconhecer a que e qual elemen-
to está construindo as referências textuais. Os adjetivos também são considerados expres-
sões nominalizadoras que fazem referência a uma
porção textual ou a uma ideia referida no texto. No
USO DE NUMERAIS exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor,
compositor, músico, produtor, artista plástico
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de e professor” apresenta seis nomes que funcionam
categorias gramaticais concorre para a progressão como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acres-
textual, uma das classes gramaticais que auxilia esse centam informações sobre essa personalidade, referi-
processo é o uso de numerais. da anteriormente.
Dessa forma, as expressões quantitativas, em algu- -
mas circunstâncias, retomam dados anteriores numa car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
relação de coesão. que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
         palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
primeiro era para os professores, o segundo para os ta, professor são substantivos que funcionam como
alunos. adjetivos e colaboram na construção textual.
As formas destacadas são numerais ordinais que
recuperam informação no texto, evitando a repetição USO DE VERBOS VICÁRIOS
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
USO DE ADVÉRBIOS 
verbos usados em substituição de outros que já foram
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- muito utilizados no texto.
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
processo de coesão. As formas adverbias que marcam esperávamos.
tempo e espaço podem também ser denominadas de O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: oração pelo verbo “foi”.
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
Percebam que esses advérbios só podem ser asso- Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
ciados a um referente se forem instaurados no discur- Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas zemos”
que produzem as falas, assim, uma pessoa que lê “hoje Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
não haverá aula”, em um cartaz na porta de uma sala, falta de interesse”
compreenderá que a marcação temporal refere-se Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso,
esses elementos são conhecidos como dêiticos. USO DE ELIPSE
Independentemente de como são chamados, esses
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
to, auxiliando também a construção da coesão textual. ção já mencionada no texto, geralmente, estudamos

USO DE NOMINALIZAÇÃO linguagem de uma gramática, neste material, iremos
nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
As expressões que retomam ideias, nomes, já sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades
apresentados no texto, mediante outras formas de recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
expressão podem ser analisadas como processos pósito de manter a coesão textual.
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e Conforme Antunes (2005, p.118), a elipse como
outras classes nominais. recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
Essas expressões recuperam informações median- um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
Vejamos um exemplo: recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
Vejamos como ocorre, a partir do segmento a seguir:
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como
Belchior foi um cantor, compositor, músico, pro- “O Brasil evoluiu bastante
dutor, artista plástico e professor brasileiro. Um desde o início do século
dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que XXI. O país proporcionou a
inclui , Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi inclusão social de muitas
um dos primeiros cantores de MPB do nordeste bra- pessoas. A nação obteve SEM ELIPSE
sileiro a fazer sucesso internacional, em meados da notoriedade internacional
década de 1970. por causa disso. A pátria,
porém, ainda enfrenta cer-
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
tas adversidades...”
22 30/09/2020 – Adaptado.
“O Brasil evoluiu bastante des- Como não havia estuda-
de o início do século XXI e pro- CAUSAL do suciente, resolvi não
porcionou a inclusão social fazer essa prova.
de muitas pessoas, por causa COM ELIPSE Falaram tão mal do lme
disso obteve notoriedade in- CONSECUTIVA que ele nem entrou em
ternacional, porém ainda en- cartaz.
frenta certas adversidades...”
Trabalhou como um
COMPARATIVA
COESÃO SEQUENCIAL escravo.
Conforme o Ministro da
A coesão sequencial é responsável por organizar a CONFORMATIVA Economia, os concursos
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- não irão acabar.
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro- Ainda que vivamos um
mover a evolução do debate assumido pelo autor. A período de poucos con-
coesão sequencial pode ser garantida, em um texto, CONCESSIVA
cursos, não podemos
a partir de locuções que marcam tempo, conjunções, desanimar.
desinências e modos verbais. Neste material, iremos
Se estudarmos, conse-
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que CONDICIONAL
guiremos ser aprovados!
são utilizadas para garantir a progressão textual.
À proporção que aumen-
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS tava seus horários de
PROPORCIONAL
estudo, mais forte o can-
As conjunções coordenativas são aquelas que didato se tornava.
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Estudava sempre com
semântico independente. Na construção textual, elas FINAL anco, a m de ser
são importantes, pois, com seus valores, adicionam aprovado.
informações relevantes ao texto.
Quando o edital for publi-
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
TEMPORAL cado, já estarei adiantado
na coesão
nos estudos.

Não apenas conversava Dica


com os demais alunos
ADITIVA Não confundir:
como também atrapalha-
va o professor. Am de – Relativo à anidade, semelhança:
“Física e Química são disciplinas ans”.
Eram ideias interessantes, A m de – Relativo a ter nalidade, ter como
ADVERSATIVA porém ninguém concor- objetivo, com desejo de: “Estou a m de comer
dou com elas.
pastel”.
Superou o estigma que pre-
ALTERNATIVAS gava “ou estuda, ou trabalha” CONJUNÇÕES INTEGRANTES
e conseguiu ser aprovada.
Ao nal, faça os exercí- Na verdade, as conjunções integrantes fazem parte
EXPLICATIVA cios, pois é uma forma de das orações subordinadas, na realidade, elas apenas
praticar o que aprendeu. integram, ligam uma oração principal a outra, subor-
dinada. Como podemos notar, o papel dessas conjun-
O candidato não cumpriu ções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas
sua promessa. Ficamos, são “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
CONCLUSIVA
portanto, desapontados tipos de conjunções integrantes: que e se.
com ele.

Quando é possível subs-


Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome
precisam manter uma relação contextual, estabeleci- fácil.
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, isso, estamos diante de
Quero = isso.
uma conjunção integrante.
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as Sempre haverá conjunção
Perguntei se ele estava em
LÍNGUA PORTUGUESA

ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver- integrante em orações subs-
casa.
sidade, como demonstra a conjunção “mas”. tantivase,consequentemen-
Perguntei = isso.
te, em períodos compostos.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
COESÃO RECORRENCIAL
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre- Uso de repetições
sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas,
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi- As recorrências de repetições em textos são comu-
nadas, ou seja, orações que precisam de outra para mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa,
terem o sentido apreendido. sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
Exemplos de conjunções subordinativas atuando fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
na coesão vras e expressões! 23
No entanto, a repetição é um recurso coesivo ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
essencial para manter a progressão temática do tex- JUNTAS
to, isto é, para que o tema debatido no texto não seja
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
perdido, levando o escritor a fugir da temática, erro
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
muito pior do que o uso de repetições.
Embora também não recomendamos as repetições
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
quado em um texto, por isso apresentamos, a seguir, ca a qual a frase está inserida, vejamos um exemplo
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem”
– Errado
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
O candidato foi encontra- – Correto
do com duzentos milhões Devemos manter a organização das orações, não
Marcar ênfase
de reais na mala, duzentos podemos coordenar orações reduzidas com orações
milhões! desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-
Existem Políticos e -las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas.
Marcar contraste
políticos. No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
“Agora que sentei na minha a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
cadeira de madeira, junto âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
à minha mesa de madeira, mos o seguinte exemplo:
colocada em cima deste
assoalho de madeira, olho “Por um lado, os manifestantes agiram corre-
Marcar a continuidade tamente, por outro podem não ter agido errado”
minhas estantes de madei-
temática
ra e procuro um livro feito – Incorreto
de polpa de madeira para “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
escrever um artigo contra mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
o desmatamento florestal” lação” – Correto
Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto
Uso de paráfrase
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto
A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-
Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as
porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata-
do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar estratégias de coesão textual, vamos praticar nossos
sobre algo utilizando-se de outras palavras, conforme conhecimentos com algumas questões de concurso.
Antunes (2005, p.63), “alguma coisa é dita outra vez, em
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
Vejamos o seguinte exemplo:
O referido será abordado no tópico a seguir,

Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
palavra.
Castelão. Ceará no Castelão.

Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais


da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em DOMÍNIO DA ESTRUTURA
posições diferentes, cumpre um papel importante na MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO
progressão temática do texto.
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRA
pelo uso de expressões textuais bem características,
como: em outras palavras, em outros termos, isto é,
Introdução
quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas
expressões indicam que algo foi dito e passará a ser
A palavra morfologia refere-se ao estudo das

formas, por isso, o termo é usado pelos linguistas e
do texto.
também pelos médicos, que estudam as formas dos
órgãos e suas funções.
Uso de paralelismo
Analogamente, para compreender bem as funções
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
As ideias similares devem fazer a correspondência
       
entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o
como se organiza. Por isso, em língua portuguesa, estu-
nome de paralelismo. Quando as construções de frases damos as formas das palavras na morfologia, que orga-
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin- niza as classes das palavras em dez categorias. A seguir,
tático. Quando há sequência de expressões simétricas iremos estudar detalhadamente cada uma delas, e tam-
no plano das ideias e coerência entre as informações, 
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de palavras denotativas, atualmente, muito cobradas
24 sentido. 
Artigos z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.

Os artigos devem concordar em gênero e número z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
minantes dos substantivos. Dica
-
- A forma 14 por extenso apresenta duas for-
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
segundos funcionam como determinantes imprecisos. quatorze.

z Artigos denidos: o, os; a, as. SUBSTANTIVOS


z Artigos indenidos: um, uns; uma, umas.

característica básica dessa classe é admitir um deter-
Os artigos podem ser combinados às preposições:
são as chamadas contrações. Algumas contrações -
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = nam-se em gênero, número e grau.
à; de + a = da.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se Tipos de substantivos
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.

NUMERAIS diferentes de substantivos. São eles:

Palavra que se relaciona diretamente ao substanti- z Simples:       
vo, inferindo ideia de quantidade ou posição. Ex.: vento, escola.
Os numerais podem ser: z Composto:     -

z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os substantivo. Ex.: pedra, dente.
meninos eram bons em português.
z Derivado      
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma pedreiro, dentista.
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che- z Concreto: Designam seres com independência
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar. ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio- pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no Deus, fada, carro.
novo emprego. z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio- dade. Ex.: coragem, Liberalismo.
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço z Comum: Designam determinados seres e lugares.
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu Ex.: homem, cidade.
metade do pagamento. z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:

Um numeral ou um artigo?
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun-
to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada.
A forma um pode assumir na língua a função de

       
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
o contexto em uso, vejamos:
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
z Durante a votação, houve um deputado que se
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
posicionou contra o projeto.
comum).
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto. Flexão de gênero

Na primeira frase, podemos substituir o termo um Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen- para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
LÍNGUA PORTUGUESA

der é que a espécie do indivíduo que se posicionou formes. Os substantivos uniformes podem ser:
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
por exemplo. z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
Já na segunda oração, a alteração do gênero não nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
/ a cliente; o líder / a líder.
deputado, marcando a quantidade.
        z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o sentam distinção entre masculino e feminino, a
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
Sobre o numeral milhão/milhares, é importante ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
destacar que sua forma é masculina, logo, o artigo que macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
precede será sempre no masculino girafa macho / girafa fêmea. 25
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. z Vilão: vilãos, vilões, vilães.

Os substantivos biformes, como o nome indi- Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
ca, designam os substantivos que apresentam duas que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: órgãos; órfão / órfãos.
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos, apresentam
Plural dos substantivos compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
Os substantivos compostos são aqueles formados
por justaposição e o plural dessas formas obedece às
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
seguintes regras:
     
designar formas diferentes no masculino e no femini- z Variam os dois elementos:
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
substantivo + substantivo:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora. Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
Substantivo + adjetivo:
Gênero e signicação Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
Adjetivo + substantivo:
É importante salientar que alguns substantivos Ex.: boas-vindas;
uniformes podem aparecer com marcação de gênero Numeral + substantivo:
      Ex.: terça-feira / terças - feiras.
veja, por exemplo:
z Varia apenas um elemento: substantivo + prepo-
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; sição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar;
z O testemunho: relato de experiência, associado a
religiões. Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
Ex.: navios-escola.
Algumas formas substantivas mantêm o radical e Palavra invariável + palavra invariável.
 Ex.: abaixo-assinados.
Verbo + substantivo.
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Ex.: guarda-roupas.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Redução + substantivo.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Ex.: bel-prazeres.
Além disso, algumas palavras na língua apresen-
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos

formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
são usadas em contextos informais com gêneros dife-
rentes, é o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a tivo plural cam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
gênese; a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formi- saca-rolha.
cida; o telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Variação de grau
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- 
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
diminuição.
Flexão de número
z Grau aumentativo:     -
- xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
Porém, podem apresentar outras terminações: males, fogaréu, boqueirão, poetastro.
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, z Grau diminutivo:     -
 xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
mal/males. Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL pequenina, papelucho.
       -is. Ex.: coral
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também Dica
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas
aceitas meles e méis. O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. vras, podendo assumir um valor:
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- Afetivo: lhinha;
26 tantivos que admitem até três formas de plural: Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
O novo Acordo Ortográco e o uso de maiúsculas Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
 adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
para o uso de substantivos próprio, exigindo o uso da te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
letra maiúscula as inicias das palavras que designam: ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; zando o substantivo “abertura”.
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
Vice-presidência. bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um demonstrando seu caráter adverbial.
nome próprio, este também deverá ser escrito com As locuções adjetivas também desempenham fun-
inicial maiúscula. 
z Nomenclatura legislativa especicada deve ser numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri- com açúcar.
zes e Bases da Educação (LDB). Já as locuções adverbiais desempenham função

z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de

fome; agiu com rapidez.
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
Adjetivo de relação
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
relação”, muito cobrado por bancas de concursos,
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-

-Bretanha, Timor-Leste.

ADJETIVOS seguintes características:

z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-


Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito

podem indicar: - o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino
depende dos olhos de quem o descreve.
z Qualidade: professor chato. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Estado: aluno triste. relação sempre são posicionados após o substanti-
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. vo. Ex.: casa paterna.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
Locuções adjetivas

As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor z Não admitem variação de grau: os graus compa-
dos adjetivos, indicando as mesmas características rativo e superlativo não são admitidos.
deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo, Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- te americano (não é subjetivo; posicionado após o
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. substantivo; derivado de substantivo; não existe a
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
importantes para seu estudo: roteiro carnavalesco.

z Voo de águia / aquilino; Variação de grau


z Poder de aluno / discente;
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
z Cor de chumbo / plúmbeo; tivo ou Superlativo. Cada um deles apresenta suas
LÍNGUA PORTUGUESA

z Bodas de cobre / cúprico; respectivas categorias.


z Sangue de baço / esplênico;
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; z Grau comparativo: exprime a característica de
um ser, comparando-o com outro da mesma classe
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
nos seguintes sentidos:
É importante destacar que mais do que “decorar”
 Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
quanto;
damental reconhecer as principais características de
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e  Superioridade: mais do que;
apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-  Inferioridade: menos do que.
tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza- Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
da on-line. (comparativo de igualdade); 27
O amor é mais  do que o dinheiro z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra
(comparativo de superioridade); invariável, como em mal-educados, recém-forma-
Homens são menos engajados do que mulhe- dos; adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-
res (comparativo de inferioridade). -claros, cabelos castanho-escuros.

z Grau superlativo: em relação ao grau superlati- Adjetivos pátrios


vo, é importante considerar que o valor semântico
desse grau apresenta variações, podendo indicar: Os adjetivos pátrios também são conhecidos como
gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalida-
 Característica de um ser elevada ao último de dos seres.
grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analí-   -ense, geralmente, designa a origem de
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso- um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-
 
 Característica de um ser relacionada com Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz
outros indivíduos da mesma classe: Superla-        
tivo Relativo, que pode ser de superioridade (O -eiro
mais) ou de inferioridade (O menos) O gentílico que designa nossa nacionalidade teve
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo origem com as pessoas que comercializavam o pau-
absoluto analítico). -brasil, esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”,
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorren- ADVÉRBIOS
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os con- 
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em
inferioridade). 
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo uma frase inteira, indicando circunstância.
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, Os grandes cientistas da gramática da língua por-
mais magra, mais bonito etc.). tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun-
Ex.: A modelo é mais alta que magra. ções dos advérbios, porém, decorar as funções dos
Porém, se uma mesma característica se referir advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul-
a seres diferentes, empregamos a forma sintética tado esperado na resolução de questões de concurso.
(melhor, pior, menor etc.).        
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria. principais funções designadas por um advérbio e, a
partir delas, consiga interpretar a função exercida nos
Formação dos adjetivos enunciados das questões que tratem dessa classe de
palavras.
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu-
simples ou compostos. mas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
outras palavras e, a partir deles, é possível formar
z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc. z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de Novamente, chamamos sua atenção para a função
dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra- que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
sileiro, amarelo-ouro etc. 

Dica mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
O plural dos adjetivos simples é realizado da é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
mesma forma que o plural dos substantivos. As respostas sempre irão indicar circunstâncias
adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
Plural dos adjetivos compostos biais ou orações adverbiais.

O plural dos adjetivos compostos segue as seguin- função adequada dos advérbios:
tes regras:
z O homem morreu... de fome (causa); com sua família
z Invariável: adjetivos compostos como azul-mari- (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
nho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas
de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, z A criança comeu... demais (intensidade); ontem
cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tape- (tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla-
28 tes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. ras (modo).
Locuções adverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetiva, tornando tal estrutura agramatical, por isso,
inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do advérbio




GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO
NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
29
Advérbios e adjetivos
PRONOMES PRONOMES
PESSOAS DO CASO DO CASO
O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras
RETO OBLÍQUO

invariável, confundindo-se com o advérbio. 1º pessoa do Me, mim,
Nesses casos, para ter certeza qual a classe da pala- EU
singular comigo
vra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural,
 2º pessoa do
TU Te, ti, contigo
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que singular
descem redondo.
3º pessoa do Se, si, consigo,
Nesse caso, trata-se de um advérbio. ELE/ELA
singular o, a, lhe
Palavras denotativas 1ª pessoa do
NÓS Nos, conosco.
plural
São termos que apresentam semelhança aos
 2º pessoa do
VÓS Vos, convosco
 plural
adjetivo ou advérbio.
3º pessoa do Se, si, consigo,
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que ELES/ELAS
plural os, as, lhes

geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram.
Os pronomes pessoais do caso reto costumam
z Eis: sentido de designação; substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
z Ou melhor, aliás, ou antes
com o namorado; Maura saiu comigo.
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas
mei-o sobre todas as questões.
expletivas ou de realce, geralmente formadas pela
forma ser + que (é que). A principal característica des- z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
sas palavras é que podem ser retiradas sem causar Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
prejuízo sintático ou semântico na frase. Ex.: Eu é que por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
a ele).
faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá,
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
não, é porque etc.
são pronomes substantivos, além disso, é importan-
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
Algumas observações interessantes posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado que exercem.
após o verbo ou complemento verbal, caso venha des-      
locado, em geral, separamos por vírgulas. com força e precedidos de preposição. Costumam ter
Em uma sequência de advérbios terminados com função de complemento:
  -mente, apenas o último elemento recebe a
terminação destacada. z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
(plural).
PRONOMES z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
(plural).
Pronomes são palavras que representam ou acom- z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- Importante lembrar que não devemos usar prono-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
 bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções. Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem caso reto como complemento verbal, desde que ante-
papel importante na análise sintática e também na cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
interpretação textual, pois colaboram para a comple- “numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
trei apenas ela na festa.
mentação de sentido de termos essenciais da oração,
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
além de estruturar a organização textual, contribuin- -
do para a coesão e também para a coerência de um cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
texto.
Pronomes de tratamento
Pronomes pessoais
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
curso; algumas informações relevantes sobre esses ticamente. As formas de pronomes de tratamento
30 pronomes são: apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
 Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
Constituição. z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do As palavras certo e bastante serão pronomes
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje       
à noite. serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
to        
Como mencionamos anteriormente, os pronomes modelo de carro certo (adjetivo).
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na A palavra bastante é, geralmente, confundida com
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode- 
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
instituídos pelos falantes. z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
 te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
de tratamento só devem ser utilizados em contextos
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen- z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre 
outras. Dessa forma, apresentamos o seguinte quadro foram bastantes para a festa.
relacionando alguns pronomes de tratamento com as z Bastante (Pronome indenido): “Bastantes ban-
funções sociais que designam:
cos aumentaram os juros”
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
Pronomes demonstrativos
ques e seus respectivos femininos.
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais. Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
apontam elementos a que se referem as pessoas do
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-

da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus textual.
respectivos femininos.
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes.
z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
z -
 z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
cerimonioso a comerciantes importantes.
z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
z Vossa Santidade (V. S.): Papa.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Usamos este, esta, isto para indicar:
Bispos.
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
É importante mencionar que o quadro faz referên- dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
cia a pronomes de tratamento e suas respectivas desig- minha; Entreguei-lhe isto como prova.
nações sociais conforme indica o Manual de Redação
       z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
designações devem ser seguidas com atenção, quando começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
 prestação da casa.
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
mento, é importante destacar: e Carla no shopping, esta procurava um presente
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
mo mencionado).
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas. Usamos esse, essa, isso para indicar:
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
LÍNGUA PORTUGUESA

da República nunca deve ser abreviado. mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
combinou muito com você.
Pronomes indenidos z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
Não me fale mais nisso;    
      nesses políticos.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,

eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
variar e podem ser invariáveis, vejamos:
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo, falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras; sa sua expressão. 31
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- suidor) a matéria (coisa possuída).
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
quem é aquele ali perto da porta? O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
ro com a coisa possuída.
z Referência a um tempo muito remoto, um passado Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor- cujo: Cujo o, cuja a
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles! Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo;
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
conheço aquela mulher. do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- gunta: “de quem/do que?
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, 
aquela, refrigerante. cujas pernas você se referiu (pernas de quem? Do rapaz.)

z Emprego do pronome relativo onde: empregado


Dica para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- onde meu pai nasceu.
ção demonstrativa referencial, veja: Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
O relativo onde pode ser empregado sem antece-
ceu de preencher o gabarito. ERRADO. dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
O candidato fez a prova, porém esqueceu de
preencher o gabarito. CORRETO. z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
Pronomes relativos do em substituição a outros pronomes relativos,
        -
Uma das classes de pronomes mais complexas, os guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
pronomes relativos têm função muito importante na sado do qual (que) ninguém se lembra.
      
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, textual, desfazendo estruturas ambíguas.
é essencial conhecer adequadamente a função desses
 Pronomes interrogativos
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior- São utilizados para introduzir uma pergunta ao
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- texto e se apresentam de formas variáveis (Que?
nado anteriormente) chamamos de antecedente. Quais? Quanto? Quantos) e invariáveis (Que? Quem?).
São pronomes relativos: Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Quantos anos tem seu pai?
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
quantas. interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- nomes substantivos.
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei
o homem que desapareceu; O cachorro que esta- Pronomes possessivos
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca
recebi de volta. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
discurso e indicam posse:
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada 1ª pessoa; Meu, minha, meus, minhas.
que dizer). SINGULAR 2ª pessoa; Teu, tua, teus, tuas.
3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve 1ª pessoa; Nosso, nossa, nossos, nossas.
 PLURAL 2ª pessoa; Vosso, vossa, vossos, vossas
nós quem  3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
      - a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
 da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou- relação do pronome é com o objeto da posse.
pei a vida inteira. Outras funções dos pronomes possessivos:
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois z Delimitam o substantivo a que se referem;
termos que devem ser um possuidor e uma coisa z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
32 z Não concordam com o referente;
z O pronome possessivo que acompanha o substan- Modos
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Colocação pronominal ção enunciada pelo verbo.
z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
Estudo da posição dos pronomes na oração.
certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estu-
Casos que atraem o pronome para próclise: dasse, seria aprovado.
 Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
Não me submeto a essas condições. convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda!
 Pronomes indenidos, demonstrativos, rela- Assim, serás aprovado.
tivos. 
 Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se apre- Tempos
sente como um rico investidor, ele nada tem.
 Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: Em O tempo designa o recorte temporal em que a ação
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
 Innitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na espe-       
rança de sermos ouvidos, muito lhe agradecemos. 
 Orações interrogativas, exclamativas, opta-
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! z Presente: pode expressar não apenas um fato
atual, como também uma ação habitual. Ex.:
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Estudo todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada.
Casos que atraem o pronome para mesóclise:
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.

Uma ação futura.
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei-
jos agora...” z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
Casos que atraem o pronome para ênclise: Ex.: Estudava todos os dias.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
 Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
to honrada com esse título. bordara da banheira.
 Imperativo armativo. Ex.: Sente-se, por favor.
 Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
quanto sou importante. realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
rei bastante ano que vem.
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-       
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
 muito, se tivesse me planejado.
        
(correto). A partir dessas informações, podemos também
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato 
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
são formadas por uma única palavra, ou verbo, con-
VERBOS jugado no presente, passado ou futuro; já os tempos
compostos são formados por dois verbos, um auxiliar
Certamente, a classe de palavras mais complexa e e um principal, nesse caso, o verbo auxiliar é o único
importante dentre as palavras da língua portuguesa é        -
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações cias modo-temporais dos tempos simples e compostos,
e os agentes desses atos, além de ser uma importante respectivamente:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por 

LÍNGUA PORTUGUESA


em número, pessoa, modo e tempo, além da designa- MODO MODO
TEMPO
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um INDICATIVO SUBJUNTIVO
 -e(1ªconjugação)
que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo Presente * -a ( 2ª e 3ª
está no singular ou plural, bem como em qual pessoa conjugações)
        Pretérito -ra(3ª pessoa do
que indica em qual modo e tempo verbais a ação *
perfeito plural)
foi realizada, iremos apresentar estas desinências a
seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências -va (1ª conjuga-
Pretérito
modo-temporais, precisamos explicar o que são o ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
modo e o tempo verbais: conjugações)
33
MODO MODO  Pessoal-
TEMPO jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
INDICATIVO SUBJUNTIVO
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
mais-que-per- -ra * que ele ensina.
feito  Impessoal
Futuro -rá e -re -r do verbo, servindo para indicar apenas a con-
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
Futuro do
-ria * conjugação; Partir - 3ª conjugação.
pretérito
      
* Nem todas as formas verbais apresentam desi- orações reduzidas.
nências modo-temporais.
 Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
Flexões modo-temporais – tempos compostos bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
(indicativo)        
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER 
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
pio. Ex.: Tenho estudado. Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-         
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- sua missão.
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
Classicação dos verbos
z       
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: 
Terei saído. conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
z   -
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no 
formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
particípio. Ex.: Teria estudado.
des de cada um a seguir:
Flexões modo-temporais – tempos compostos z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
(subjuntivo) de compreender, pois apresentam regularidade no
uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- têm o paradigma morfológico com o radical, que
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado. permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse INDICATIVO
estudado Eu canto Cantei
z - Tu cantas Cantaste
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Ele/ você canta Cantou
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
Nós cantamos Cantamos
Formas nominais do verbo e locuções verbais Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram
        -
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
determinados contextos. São chamadas nominais pois alteração no radical e nas desinências verbais, por
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
valor indica duração de uma ação e, por vezes, uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. que utilizamos como exemplo, isso é importante
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se para não confundir os verbos irregulares com os

compadeceu.
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
 INDICATIVO
número e gênero.
Eu estou Estive
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Innitivo: forma verbal que indica a própria ação Tu estás Esteves
- Ele/ você está Esteve
34 nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
PRETÉRITO PERFEITO      -
PRESENTE INDICATIVO nos temporais também apresentam essa caracte-
INDICATIVO
rística, como latir, bramir, chover.
Nós estamos Estivemos
z Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Vós estais Estiveste nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
é importante lembrar que esses pronomes não
Eles/ vocês estão Estiveram
apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
alterações no radical e nas desinências verbais,
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
      PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na INDICATIVO
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
ser e ir, vejamos a Eu me sento Sentei-me
conjugação o verbo ser: Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO Nós nos sentamos Sentamo-nos
Eu sou Fui Vós vos sentais Sentastes-vos
Tu és Foste Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
Ele/ você é Foi
z Reexivos: são os verbos que apresentam pro-
Nós somos Fomos -
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
Vós sois Fostes verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
Eles/ vocês são Foram
primentamos friamente.
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
-
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
fundir os candidatos. Os verbos ser e ir são irregulares,
-
O verbo haver com sentido de existir ou marcando
ridade, que ocasiona uma anomalia em sua conjuga- tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
anômalos. muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os Os verbos ser e estar também são verbos impes-
verbos que apresentam mais de uma forma de 
particípio aceitas pela norma culta gramatical. Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
Geralmente, apresentam uma forma de particípio O verbo ser para indicar hora, distância ou data
regular e outra irregular; falaremos disso poste- concorda com esses elementos.
riormente, quando trataremos das formas nomi- O verbo fazer também poderá ser impessoal,
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes: quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-

muito calor.
PARTICÍPIO PARTICÍPIO Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR 
Acender Acendido Aceso
Dica
Afligir Afligido Aflito
O verbo ser será impessoal quando o espaço
Corrigir Corrigido Correto sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
Encher Enchido Cheio chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
LÍNGUA PORTUGUESA

do verbo fazer, podendo ser impessoal também,


Fixar Fixado Fixo o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
Mariana”
z Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são
um defeito na conjugação, por isso o nome. São empregados nas formas compostas dos verbos e
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. também nas locuções verbais. Os principais verbos
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
do singular do presente do indicativo. Bem como:
Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo- concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. mina a regência estabelecida na oração. 35
Apresentam forte carga semântica que indica Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar
to no tópico verbos auxiliares do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
São importantes na formação da voz passiva 
analítica. 
Não confunda os verbos pronominais com as
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
três formas nominais dos verbos: sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
-se, entre outros acompanham um pronome que faz
 Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor      
durativo da ação e equivale a um advérbio ou das vozes verbais que acompanham o pronome SE
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. com função sintática própria.

 Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, Outras funções do “SE”


-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
      Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
 cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
e -IDO. também acumula outras atribuições. Vejamos:

A norma culta gramatical recomenda o uso do par- z Partícula apassivadora: como será abordado
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os posteriormente, a voz passiva sintética é feita com
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE junto ao
 verbo, por isso o elemento SE é designado partí-
cula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se
 Innitivo: marca as conjugações verbais. a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícula
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, apassivadora)
PasseAR); O SE exercerá essa função apenas: Com verbos
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, cuja transitividade seja TD ou TDI; Verbos concor-
pÔR); dam com o sujeito; Com a voz passiva sintética.
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- Lembramos que na voz passiva nunca haverá
tIR, SaIR) objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga- to paciente.
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
acontece com verbos que deste derivam. cionará nessa condição quando não for possível
     
Vozes verbais Além disso, não podemos confundir essa função
do SE com a de apassivador, já que para ser índi-
         ce de indeterminação do sujeito a oração precisa
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação estar na voz ativa.
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver- transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos. de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas- z Pronome reexivo: -
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
       -
siva sintética. cidade, auxiliando a construção dessas vozes
z Reexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver- cipais características são: sujeito recebe e pratica
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. a ação; funcionará, sintaticamente, como objeto
direto ou indireto; o sujeito da frase poderá estar
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho /
tempo, porém percebemos que há uma ação com-
Deu-se um presente de aniversário.
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
se olharam antes do julgamento. z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
A voz passiva é realizada a partir da troca de         
funções entre sujeito e objeto da voz ativa, falamos exerce essa função, jamais terá uma função sin-
melhor desse processo no capítulo funções do SE em tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
verbos transitivos direto. explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
Só podemos transformar uma frase da voz ativa 
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
com a presença do objeto direto. que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
- no sentido e na compreensão global do texto. A
bida pelo sujeito ao mesmo tempo, essa relação pode partícula de realce não exerce função sintática,
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e 
36 sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu. os dedos.
z Conjunção: o SE será conjunção condicional, quan- PRESENTE - INDICATIVO
do sugerir a ideia de condição. A conjunção SE exer-
ce função de conjunção integrante, apenas ligando Eu Ponho
as orações e poderá ser substituída pela conjunção Tu Pões
caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser aprovado.
Ele/Você Põe
Conjugação de verbos derivados
Nós Pomos
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Vós Pondes
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
Eles/Vocês Põem
preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
ção são, predominantemente, regulares. entrepor, supor.

PRESENTE - INDICATIVO PREPOSIÇÕES

Eu Crio Conceito
Tu Crias São alavras invariáveis que ligam orações ou
Ele/Você Cria outras palavras. As preposições apresentam funções
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Nós Criamos aspecto sintático, pois complementam o sentido de
Vós Criais verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
-
Eles/Vocês criam vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais1.
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
- com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
ção no radical ou nas desinências. Assim como o verbo te, por, sem, sob, trás.
passear, são derivados dessa terminação os verbos: Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
chamadas, pois pertencem a outras classes grama-
PRESENTE - INDICATIVO ticais, mas, ocasionalmente, funcionam como pre-
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
Eu Passeio equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
Tu Passeias exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”).
Ele/Você Passeia
Locuções prepositivas
Nós Passeamos

Vós Passeais São grupos de palavras que equivalem a uma pre-


sobre acerca
Eles/Vocês Passeiam do tema da prova.
A locução prepositiva na segunda frase substitui
Conjugação de alguns verbos perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
positivas sempre terminam em uma preposição, e há
Vamos agora conhecer algumas conjugações de apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
to de questões em concursos.
alguns exemplos de locuções prepositivas:
aderir, mantendo
as mesmas desinências desse verbo, as formas Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan-
PRESENTE - INDICATIVO 
Algumas locuções prepositivas apresentam seme-
Eu Adiro
LÍNGUA PORTUGUESA

-
Tu Aderes te diferentes, como:
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
Ele/Você Adere nejamento inicial. / As decisões do público foram de
Nós Aderimos encontro à proposta do programa.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas.
Vós Aderis / Ao invés de chegar molhado, chegou cedo.
  
Eles/Vocês Aderem
em: 19/11/2020.

1  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A lmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 37
Combinações e contrações
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
As preposições podem ser contraídas com outras PREPOSIÇÕES
classes de palavras, veja: Posse Carro de Marcelo.

z Preposição + artigo: O cachorro está sob a


Lugar
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. mesa.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
dos, dum, duns, duma, dumas. Votar em branco, chegar
Modo
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos. aos gritos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no, Causa Preso por estupro.
nos, num, nuns, numa, numas.
Assunto Falar sobre política.
z Preposição + pronome demonstrativo:
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque- Descende de família
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo. Origem
simples.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui- Olhe para frente! Iremos
Destino
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes- a Paris.
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
queles, naquelas, naquilo. CONJUNÇÕES
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
Assim como as preposições, as conjunções também
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
são invariáveis e também auxiliam na organização
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
les, daquelas, daquilo.
ções. Por manterem relação direta com a organização
z Preposição + advérbio: das orações nas sentenças, as conjunções podem ser:
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém. coordenativas ou subordinativas.
z Preposição + pronomes pessoais:
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas. Conjunções coordenativas
De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
As conjunções coordenativas são aquelas que
z Preposição + pronome relativo:
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
A + onde: aonde.
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
z  conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
Algumas relações semânticas estabelecidas por não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
preposições nem revisei. O gato era o pre-
senão de toda família.
É importante ressaltar que as preposições podem z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
apresentar valor relacional ou podem atribuir um tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
valor nocional. As preposições que apresentam um
mas dois. A culpa não foi a popu-
valor relacional cumprem uma relação sintática
lação, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”).
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer  Importante: a conjunção E pode apresentar
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen- valor adversativo, mormente quando é antece-
tarão função deverbal. dido por vírgula: Estava querendo dormir, e o
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida barulho não deixava.
pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja,
complemento nominal). ora...ora, já...ja. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja
do funcionário (preposição exi- por bem, seja por mal, vou convencê-la.
gida pelo adjetivo).
  à eleição (preposição exigida pelo  Importante: a palavra SENÃO pode funcionar
advérbio). como conjunção alternativa: Saia agora, senão
Em todos esses casos, a preposição mantém uma chamarei os guardas! (podemos trocá-la por
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
ou).
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
      z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é
componentes obrigatórios na construção da senten- mais leve que a enxada!
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma  Importante: Pois com sentido explicativo ini-
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo pois
38 etc. Vejamos algumas: sinto saudades.
Pois z Quando é possível substituir o que pelo pronome
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
subir. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, substantivas e, consequentemente, em períodos
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra- compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui Perguntei = isso.
aprovado. z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
As conjunções e, nem não devem ser empregadas o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a Brasil é um país desigual (certo).
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta
em redundância. INTERJEIÇÕES

Conjunções subordinativas As interjeições também fazem parte do grupo de


palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- junções. Sua função é expressar estado de espírito e
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias emoções, por isso apresenta forte conotação semânti-
apresentadas em um texto, porém, diferentemente ca, ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações a uma frase, como será melhor exposto no capítulo
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra sobre frase, oração e período. Ex.: Tchau!
para terem o sentido apreendido. As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
ções de sentido diversas, a seguir apresentamos um
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) sos pelo uso de interjeições:
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca fez dieta.
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
Estudei tanto que Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de Alívio Arre! Ufa! Ah!
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro. Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva!
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
forme o planejado. Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes- Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado. Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
falar com você, teria respondido sua mensagem. Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
z Proporcional: À proporção que, à medida que,
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.: É salutar lembrar que o sentido exato de cada
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
aprovado. texto, por isso, em questões que abordem essa classe
z Final- de palavras, o candidato deve manter a calma e reler
-
fessora dá exemplos para que você aprenda!

z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que, Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
Mal che- nar como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões,
guei à cidade, fui assaltado. por exemplo, que são interjeições por excelência,
mas, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
Os valores semânticos das conjunções não se alterado.
prendem às formas morfológicas desses elementos. Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
LÍNGUA PORTUGUESA

O valor das conjunções é construído contextualmen- papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, Ora bolas! Valha-me Deus!
por que você não a procura? (SE = causal = já que);
quando existe tanto ar RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
puro no campo. (quando = causal = já que). ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Conceitos Básicos da Sintaxe


Conjunções integrantes
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
As conjunções integrantes fazem parte das orações os grandes grupos de palavras existentes na língua,
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram como verbos, os substantivos ou adjetivos. Esses são
uma oração principal à outra, subordinada. Existem grupos morfológicos. Ao combinar as palavras em fra-
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. ses, nós construímos um painel morfológicos. 39
As palavras normalmente recebem uma dupla No exemplo anterior a população é:
      
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
       - rou pela compra da vacina);
minada frase.
z O elemento que pratica a ação de implorar;
Frase z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo

      
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um z O termo que pode ser substituído por um pronome
conjunto de palavras. do caso reto.
 (Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Silêncio!
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano Núcleo do sujeito
Ramos)

Oração O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal


porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
Oração é o enunciado que se estrutura em torno de núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de do determinada função sintática, que atua ou sofre
uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
apresentá-lo completo ou incompleto. tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a pronome.
poluição.
“A roda de samba acabou.” (Chico Buarque)
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Sujeito: O povo
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Núcleo do sujeito: povo
orações.
 z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
de dois ou mais termos.
z Simples: quando possui apenas uma oração. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ex.: O sol surgiu radiante. Sujeito: As luzes e as cores
Ninguém viu o acidente.
Núcleo do sujeito: luzes/cores
z Composto: quando possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Dica
z Chegou em casa e tomou banho. Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
PERÍODO SIMPLES - OS TERMOS DA ORAÇÃO Antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
Os termos que formam o período simples são dis-
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- governador.
grantes (complemento verbal, complemento nominal quem pediu uma providência ao governador?
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Resposta: A população (sujeito).
adjunto adverbial e aposto). Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
outro.
Termos Essenciais da Oração o que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Tipos de sujeito
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a 
seguir cada um deles.

SUJEITO Simples
DETERMINADO Composto
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo. Elíptico
O sujeito pode ser:
Com verbos flexionados na 3ª
z O termo sobre o qual o restante da oração diz algo; pessoa do singular
z O elemento que pratica ou recebe a ação expressa INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
pelo verbo; se (índice de indeterminação do
z O termo que pode ser substituído por um pronome sujeito)
do caso reto;
Usado para fenômenos da
z O termo com o qual o verbo concorda.
INEXISTENTE natureza ou com verbos
Ex.: A população implorou pela compra da vacina impessoais.
40 da COVID-19.
z Determinado       z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
lugar ou o objeto na oração.  Ex.: A minha saia azul está rasgada.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
 Simples: quando há apenas um núcleo. ça da partícula -se.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel PREDICADO
Sujeito simples: O aluguel da casa
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
 Composto: quando há dois núcleos ou mais. o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
Ex.: Os [sons] e as [cores] 
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
Núcleos: sons, cores.
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Sujeito composto: Os sons e as cores
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
 Elíptico, oculto ou desinencial: quando não impossível existir uma oração sem sujeito.
-
 O predicado pode ser:

Vi o noticiário hoje de manhã. z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.


Sujeito: (Eu) Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar)
z Indeterminado Predicado: seguem sua marcha
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
to (oração sem sujeito):
do por um índice de indeterminação do sujeito, a
Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
partícula “se”.
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
se referindo a nenhuma palavra determinada no
contexto. Para determinar o predicado, basta separar o
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
Entende-se que alguém passou cedo. do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Colocando-se verbos sem complemento direto é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
pessoa do singular acompanhados do pronome se, Dias)
que atua como índice de indeterminação do sujeito. Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: Não se vê com a neblina. Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
condição.
Sujeito inexistente ou oração sem sujeito Classicação do Predicado

Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for- -


ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são do e do tipo de verbo que apresenta.
    
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
haver no sentido de existir. 
Geia no Paraná. a um predicativo do sujeito).
 O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
Basta de confusão. O predicado nominal tem por núcleo um nome
Há dois anos esse restaurante abriu.
(substantivo, adjetivo ou pronome).
Classicação do sujeito quanto à voz    são mais bonitas.” (Murilo
Mendes)
z Voz ativa (sujeito agente) Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- Bilac)
ce a ação na frase. Predicado: estão cheias de calafrios.

z Voz passiva sintética (sujeito paciente) É importante não confundir:


Ex.: Corta-se cabelo.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,


“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do mas um estado momentâneo ou permanente que
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
oração.
o predicativo do sujeito.
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs-
Importante notar que não há preposição entre
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. Ex.: O garoto está bastante feliz.
Precisa-se de cabelo. Verbo de ligação: está.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, Predicativo do sujeito: bastante feliz.
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é Ex.: Seu batom é muito forte.
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina- Verbo de ligação: é.
ção “-se”. Predicativo do sujeito: muito forte. 41
Predicado verbal No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
-
um to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma-
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os chado de Assis)
demais termos do predicado. Verbo transitivo direto: achou
       em Objeto direto: o raciocínio
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- Predicativo do objeto: exato
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
ge um complemento não preposicionado, o objeto que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
direto. concluir que temos um caso de predicativo do obje-
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
Noel Rosa o sujeito.
 O que é o predicativo do objeto?
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. É o termo que confere uma característica, uma
Verbo Transitivo Direto: trouxe. qualidade ao termo a que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- adjetivo ou por um substantivo.
vo indireto tem como necessidade o complemento
proveitoso.
acompanhado de uma preposição para fazer sentido. Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Nós acreditamos em você.
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Verbo transitivo indireto: acreditamos Predicativo do objeto: vitoriosa
Preposição: em
      
obedeceu aos seus pais. objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: obedeceu
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: a (a + os) 
Ex.: Os professores concordaram com isso.
foi proveitoso.
Verbo transitivo indireto: concordaram Ela era vitoriosa.
Preposição: com
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
verbo de sentindo incompleto que exige dois com- ligação (foi e era, respectivamente).
plementos: objeto direto (sem preposição) objeto
indireto (com preposição). TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis) São vocábulos que se agregam a determinadas
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava estruturas para torná-las completas. De acordo com
Objeto direto 1: anedotas a gramática de língua portuguesa, esses termos são
Objeto indireto 1: lhe divididos em:
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras Complementos Verbais
Objeto indireto 2: lhe.
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- São termos que completam o sentido de verbos
truir sozinho o predicado, que não precisa de com- transitivos diretos e transitivos indiretos.
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
oração. z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. panhado de preposição.
Verbo intransitivo: adormeciam. Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Predicado verbo-nominal Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
aqueles)
     
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
Pronomes e sua relação com o objeto direto
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto). Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), quase sempre exer-
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) cem função de objeto direto os pronomes oblíquos
Verbo intransitivo: parou me, te, se, nos, vos também podem exercer essa fun-
Predicativo do sujeito: atento ção sintática.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” quem? A minha pessoa”)
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
considerado predicativo do sujeito. (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Convidaram quem? Ela”)
Verbo intransitivo: marchou Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
42 Predicativo do sujeito: desorientado Receberam quem? Nós)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Por favor, entregue a carta ao proprietário da casa
ser objetos diretos. Normalmente aparecem antes do 260.
pronome relativo que. Gosto de ti, meu nobre.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Não troque o certo pelo duvidoso.
esse algo é o objeto direto) Vamos insistir em promover o novo romance de
cção.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
 Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
z Objeto direto preposicionado nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija      me, mim,
preposição no seu complemento, algumas palavras comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
requerem o uso da preposição para não perder o sen- indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
tido de “alvo” do sujeito. Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
facultativos. z Objeto indireto pleonástico

Ocorrência repetida dessa função sintática com o


Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
objetivo de enfatizar uma mensagem.
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Não entendo nem a ele nem a ti.
Respeitava-se aos mais antigos. COMPLEMENTO NOMINAL
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
feita.” (Ciro dos Anjos) ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
presença de um complemento nominal nos contextos
Exemplos com ocorrência facultativa de preposição: de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
do do nome.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
le templo. Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
     -
A escultura atrai a todos os visitantes.
nal, siga a instrução:
Não admito que coloquem a Sua Excelência num 
pedestal. Como diferenciar complemento nominal de com-
Ao povo ninguém engana. plemento verbal?
Eu detesto mais a  Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- diretamente ao verbo “obedecia”)
sente para indicar parte de um todo, quando assim Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
bebeu uma porção da água, e não ela toda.
Agente da passiva
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência

É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
 lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de     
Andrade) ser, estar, viver, andar, car.

z Objeto direto interno: Representado por palavra Termos Acessórios Da Oração


que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
 Há termos que apesar de dispensável na estrutu-
ra básica da oração são importantes para compreen-
Ex.: Riu um riso aterrador. são do enunciado porque trazem informações novas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Dormiu o sono dos justos. Esses termos são chamados acessórios da oração.
Como diferenciar objeto direto de sujeito
Adjunto Adnominal
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
São termos que acompanham o substantivo,
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
      
va analítica e se transforma em sujeito. 
Os jogos da seleção foram ignorados. Categorias morfológicas que podem funcionar
como adjunto adnominal:
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
preposição obrigatória, que se liga diretamente a z Artigos
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa z Adjetivos
 z Numerais 43
z Pronomes Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
z Locuções adjetivas adjunto adverbial)

Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Aposto



Iam cheios de si. São estruturas relacionadas a substantivos, prono-
Estava conquistando o respeito dos seus. mes ou orações. O aposto tem como propósito expli-
O novo regulamento originou a revolta dos      
funcionários. apontar algo, alguém ou um fato.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Ex.: Renata, lha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto 
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
exercem essa função sintática quando assumem des obras.
valor de pronomes possessivos. Aposto: Machado de Assis.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).

z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Separa-se do substantivo a que se refere por uma
Quando o adjunto adnominal for representado pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido ou dois-pontos.
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga que aniversariaram
a dica: ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
 Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
qual se liga for concreto. z Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que
Ex.: A casa da idosa desapareceu. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
Se indicar posse ou o agente daquilo que rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
expressa o substantivo abstrato. Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada. riachos.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
 Será complemento nominal: se indicar o alvo preconceito, antipatia e arrogância.
daquilo que expressa o substantivo. z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
foi respeitada. 
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: estavam empolgados com a feira.
 Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste,
países africanos onde se fala português.
Adjunto Adverbial
z Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Termo representado por advérbios, locuções Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- rumo.
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
z Circunstancial: Exprime uma característica
circunstâncias.
circunstancial.
z Tempo: Quero que ele venha logo. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida. apropriadas.
z Modo: O dia começou alegremente.
z Especicativo: É o aposto que aparece junto a um
z Intensidade: Almoçou pouco.
z Causa: Ela tremia de frio. substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
z Companhia: Venha jantar comigo. especicá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as substantivos próprios.
roupas. Exs.: O mês de abril.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo. O rio Amazonas.
z para o trabalho. Meu primo José.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez.
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
z sobre o aluguel.
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui. fato expresso pela oração, ou uma palavra que
z sim naquela manhã. condensa.
z Origem: Descendia de nobres.       sinal de sua
preocupação.
Não confunda! O noticiário disse que amanhã farpa muito calor -
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de ideia que não me agrada.
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
o sentido seja parecido. Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui para as perguntas.
44 é um adjunto adnominal) Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Dica Dois verbos: duas orações = período composto
O aposto pode aparecer antes do termo a que se O período composto é formado por duas ou mais
refere, normalmente antes do sujeito. orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
períodos simples e período compostos.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
O povo levantou-se cedo
te preposicionado. Era dia de eleição
para evitar aglomeração.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo. Os que estão em negrito são os verbos.
O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. Para não esquecer:
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Período simples é aquele formado por uma só
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- oração
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial Período composto é aquele formado por duas ou
de modo) mais orações.

z Diferença de aposto especicativo e adjunto Classica-se nas seguintes categorias:


adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
  Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.

O clima de Fortaleza é quente.
z Por subordinação:

z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O  Orações subordinadas substantivas: subjeti-
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
adjetivo. pletivas nominais, predicativas, apositivas.
 Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
explicativas.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
 Orações subordinadas adverbiais: causais,
jetivo)
comparativas, concessivas, condicionais, con-
Homem desesperado, João sempre perde o con-

trole.
temporais.
(aposto; núcleo: homem – substantivo)
Vocativo
z Por coordenação e subordinação: orações for-
O vocativo é um termo que não mantém relação madas por períodos mistos.
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- z Orações reduzidas
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- Período Composto por Coordenação
ja se comunicar. É um termo independente, pois
não faz parte da estrutura da oração. As orações são sintaticamente independentes. Isso
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha        
consulta. verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
 período.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- 
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Oração coordenada 1: Deus quer
outro termo da oração. Oração coordenada 2: o homem sonha
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. Oração coordenada 3: a obra nasce.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
termo da oração. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
LÍNGUA PORTUGUESA

A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Sujeito: a cozinha de lufe. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao porta da sala de Damasceno
sujeito). Oração coordenada sindética: mas nada ouvi.
Conjunção adversativa: mas nada
PERÍODO COMPOSTO
Orações Coordenadas Sindéticas
Observe os exemplos a seguir:
A apostila de Português está completa. As orações coordenadas podem aparecer ligadas
Um verbo: Uma oração = período simples às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
Português e Matemática são disciplinas essen- vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
ciais para ser aprovado em concursos. sindética. Veremos agora cada uma delas: 45
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
simultaneidade. 
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- 
bém, mas ainda, bem como, como também, se- desconhecer estas regras.
não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e  z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
Os convidados não compareceram nem explica- exercem a função de sujeito. O verbo da oração
ram o motivo. principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. rir a nenhum termo na oração.
o seu regresso. (sujeito)
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
que você regressasse. (sujeito ora-
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. cional) (or. sub. subst. subje.)
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. z Orações subordinadas substantivas objetivas
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a diretas: exercem a função de objeto direto de um
morte.” (Laurindo Rabelo) verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou reto da oração principal.
se excluem. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Conjunções constitutivas: [ou], [ou ... ou], [ora ... Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
ora], [que ... quer], [seja ... seja], [já ... já], [talvez subst. obj. dir.)
... talvez].
Ex.: Ora responde, ora z Orações subordinadas substantivas completi-
Você quer suco de laranja ou refrigerante? vas nominais: exercem a função de complemento
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
sobre um raciocínio. da oração principal.
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início mento nominal)
de frase). Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
semana. pl. nom.)
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
Mendes Campos) z Orações subordinadas substantivas predicati-
vas: funcionam como predicativos do sujeito da
z Explicativas:      
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
ligação ser.
porquanto, pois.
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
a “pois”) sujeito)
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
com fome. sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
z Orações subordinadas substantivas apositivas:
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
de dois-pontos ou entre vírgulas.
 Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
considerando a função sintática em relação a um ver-
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
bo, nome ou pronome de outra oração.
Tipos de orações subordinadas: mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
z Substantivas; função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Adjetivas; raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Adverbiais. por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
Orações Subordinadas Substantivas 
explicativas e restritivas.

z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
tam uma explicação sobre o termo antecedente.
são introduzidas pelas conjunções subordinativas
São consideradas termo acessório no período,
integrantes que e se.
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
das por vírgulas.
impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos.
z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: são introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto,       
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias vírgulas.
roubadas. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
46 Não sei quem lhe disse tamanha mentira. incurável.
Dica Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Como diferenciar as Orações subordinadas adje- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
tivas restritivas das Orações subordinadas adje- (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
tivas explicativas? esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
Ele visitará o irmão que mora em Recife. representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai ções verbais. Exs.:
visitar apenas o que mora em Recife) [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [para xar outros] – 2ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [que os rodeiam] – 3ª oração
mora em Recife) [e se deleitem com a imaginação deles]. (M. de As-
sis) – 4ª oração
z Orações subordinadas adverbiais: exprimem
uma circunstância relativa a um fato expresso em Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. basta, pertencente à 1ª (oração principal).
São introduzidas por conjunções subordinativas A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
tes grupos:
Orações Reduzidas
z Orações subordinadas adverbiais causais: são
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc. z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- 
que camos sem gasolina. z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
z Orações subordinadas adverbiais comparati- iniciadas por conjunções.
vas: são introduzidas por como, assim como, tal z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
qual, como, mais etc. por pronomes relativos.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
que a importada. z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
conectivos.
z Orações subordinadas adverbiais concessivas:
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São prepositiva.
introduzidas por embora, ainda que, mesmo que, Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
por mais que, se bem que etc. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. conjunção
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
z Orações subordinadas adverbiais condicionais: (desenvolvida)
são introduzidas por se, caso, desde que, salvo se, O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. Orações reduzidas de innitivo
z Orações subordinadas adverbiais conforma-
tivas: são introduzidas por como, conforme, Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
segundo, consoante. 
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
z Orações subordinadas adverbiais consecutivas: 
são introduzidas por que (precedido na oração Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
anterior de termos intensivos como tão, tanto, 
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de for- A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
ma que, sem que. 
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- 
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
z Orações subordinadas adverbiais nais: indi- 
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
por para que, a m de que, porque e que (= para pelas mãos.
que).
LÍNGUA PORTUGUESA

O meu manual para fazer bolos certamente vai


Ex.: O pai sempre trabalhou para que os lhos agradar a todos.
tivessem bom estudo.
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
z Orações subordinadas adverbiais proporcio- continua jogando bola.
nais: são introduzidas por à medida que, à pro- Sem estudar, não passarão.
porção que, quanto mais, quanto menos etc. Ele passou mal, de tanto comer doces.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a Orações reduzidas de gerúndio
aprecio.
z Orações subordinadas adverbiais temporais: Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
são introduzidas por quando, enquanto, logo sitivas, adjetivas, adverbiais.
que, depois que, assim que, sempre que, cada
vez que, agora que etc. z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, cando
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. livre dos juros. 47
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo z Orações subordinadas adjetivas coordenadas
ajudando um ao outro. (subjetiva) entre si
Agora ouvimos artistas cantando no shopping. Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
(objetiva direta) cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
coração.
cautelosa
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não z Orações subordinadas adverbiais coordenadas
contou a verdade. entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
Orações Reduzidas de Particípio quando não estou, sou discriminado.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
Podem ser adjetivas ou adverbiais. presente
Oração subordinada adverbial 2: quando não estou
z Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
z Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste. mo período
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
z Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
seu papel, no entanto a realidade não é assim.
ria problemas. (condicional)
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as
(causal/temporal)
Comprada a casa, a família se mudou logo. penitenciárias cumpram seu papel
(temporal) Oração coordenada sindética adversativa da ante-
rior: no entanto a realidade não é assim.
O particípio concorda em gênero e número com os EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
termos referentes.
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- Uso De Vírgula
quentes em provas de concurso.
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
Períodos Mistos         
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
São períodos que apresentam estruturas oracio- 
nais de coordenação e subordinação. qualquer ambiguidade.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas Quando se trata de separar termos de uma mesma
dentro de um conjunto de orações que são subordina- oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
das a uma oração principal.
z Para separar os termos de mesma função
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
1ª oração 2ª oração 3ª oração
Usa-se a vírgula para separar os elementos de
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem.
enumeração.
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
verbo verbo verbo arrastado pelo tsunami.

1ª oração: oração coordenada assindética. z Para indicar a elipse (omissão de uma palavra
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em que já apareceu na frase) do verbo
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta 
em relação à 2ª oração. 

Resumindo: período composto por coordenação e z Para separar palavras ou locuções explicativas,
reticativas
subordinação
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
As orações subordinadas são coordenadas entre si,
anos.
ligadas ou não por conjunção.
z Para separar datas e nomes de lugar
z Orações subordinadas substantivas coordena- Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
das entre si
z Para separar as conjunções coordenativas, exceto
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
e, nem, ou.
meus pais, nem que culpe meus parentes.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
Oração principal: Espero
Oração coordenada 1: que você não me culpe
A vírgula também é facultativa quando a expres-
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes. mas uma palavra só. Exemplos:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Importante! Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa.
O segredo para classicar as orações é perceber Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
48 os conectivos (conjunções e pronomes relativos). Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
         z Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, distributivo ou uma oração subordinada substan-
 tiva apositiva
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia -
amanhã, se não chover. sores, jornalistas, médicos.
z Introduzir uma explicação ou enumeração após
NÃO se usa vírgula nas seguintes situações expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
saber, como.
z Entre o sujeito e o verbo Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- 
ram a explicação. (errado)
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
(relação semântica de oposição, explicação/causa
sertaram minha visão. (errado) ou consequência)
z Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
dicativo do sujeito: homem culto.
       - Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
ção. (errado) cautela.
Os alunos precisam de, que os professores os aju- z Marcar invocação em correspondências
dem. (errado) Ex.: Prezados senhores:
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. Comunico, por meio deste, que...
(errado)
Travessão
z Entre um substantivo e seu complemento nominal
ou adjunto adnominal. z Usado em discursos diretos, indica a mudança de
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida discurso de interlocutor: Ex.:
pelos alunos. (errado)  

z Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva: z Serve também para colocar em relevo certas
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
professor para a feira. (errado) tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
colchetes:
z Entre o objeto e o predicativo do objeto: -
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) 
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) aposto explicativo
         
Uso de Ponto e Vírgula vamos jantar.
oração intercalada
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto z Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
e vírgula (;): 

z Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas Parênteses



 Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
z No lugar das conjunções coordenativas deslocadas mos, expressões ou orações.
- Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
to, exausto. vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
z No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
jantar. (oração intercalada)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
ouvinte. Ponto-nal

sorvete. É o sinal que denota maior pausa.
z Em enumerações, portarias, sequências Usa-se:

o Procurador-Geral da República; z         
período.
LÍNGUA PORTUGUESA

o Colégio de Procuradores da República;




Carlos Drummond de Andrade
Dois-pontos z Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda sec. = secretário
não foi concluída. a.C. = antes de Cristo
Servem para:
Dica
z Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas tos químicos não vêm com ponto nal:
respostas”. Exemplos: km, m, cm, He, K, C 49
Ponto de Interrogação z Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
Marca uma entonação ascendente (elevação da conotativas:
voz) em tom questionador. Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
Usa-se: que desejava.
z Em frase interrogativa direta: Não gosto de “pavonismos”.
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? Dê um “up” no seu visual.

z Entre parênteses para indicar incerteza: z Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho às vezes com ironia ou malícia
que havia palavra melhor no contexto. Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
z Junto com o ponto de exclamação, para denotar sonoro.
surpresa:
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) z Para citar nomes de mídias, livros etc.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
z E interrogações retóricas:
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
que não jogaremos comida fora à toa”). Colchetes

Ponto de Exclamação Representam uma variante dos parênteses, porém


tem uso mais restrito.
z  Usam-se nos seguintes casos:
entonação exclamativa:
Ex.: Que linda mulher! z Para incluir num texto uma observação de nature-
Coitada dessa criança! za elucidativa:
z Aparece após uma interjeição:        
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
z Usado para substituir vírgulas em vocativos
z Para isolar o termo latino sic
enfáticos:


que pareça, o texto original é assim mesmo:
z É repetido duas ou mais vezes quando se quer Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
marcar uma ênfase: do.” (Machado de Assis)
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
metros em 20 segundos!!! z Para indicar os sons da fala, quando se estuda

Reticências 
z Para suprimir parte de um texto (assim como
São usadas para:
parênteses)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
z Assinalar interrupção do pensamento:
 desceu as escadas apressadamente. ou
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-

ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
z Indicar partes suprimidas de um texto: vel segundo as normas da ABNT)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode Asterisco
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.) z É colocado à direita e no canto superior de uma
z Para sugerir prolongamento da fala: palavra do trecho para se fazer uma citação ou
 comentário qualquer sobre o termo em uma nota
 de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
z Para indicar hesitação:
triste-eza*.
        
vergonha. *-eza-
vo, o que origina um novo substantivo.
z Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
mente com outras intenções: z Quando repetido três vezes, indica uma omissão
 ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
Uso das Aspas Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis.
São usadas em citações ou em algum termo que z Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
destaque. Ex.: Parecer, do latim *parescere.
Usam-se nos seguintes casos:
z Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
z Antes e depois de citações: tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, da gramática.
50  * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
Uso da barra Concordância Verbal

 É a adaptação em número – singular ou plural e


pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
z Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser sujeito.
substituída pela conjunção ou: “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
z Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
ção das conjunções e/ou. -
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais peus, asiáticos e africanos.”
e/ou escritos. Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
z Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- 
ção entre si. singular.
 Destrinchando o período, temos que os termos
(plural/singular). essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
O carro atingiu os 220 km/h. “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
z Para separar os versos de poesias, quando escritos cado verbal.
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
barras para indicar a separação das estrofes. 
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que 
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Objeto direto: natação
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- Objeto indireto: a futebol
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles Popularmente usa-se “do que” no lugar de “a”,
z Na escrita abreviada, para indicar que a palavra         
não foi escrita na sua totalidade: natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
Ex.: a/c = aos cuidados de; drão, a forma correta é como consta na imagem.
s/ = sem
z Para separar o numerador do denominador nos Concordância Verbal com o Sujeito Simples
números fracionários, substituindo a barra da
fração: Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
Ex.: 1/3 = um terço sujeito.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
z Nas datas:
exorbitante.
Ex.: 31/03/1983
z Nos números de telefone: Diferentes situações:
Ex.: 225 03 50/51/52
z Nos endereços: z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232         
multidão gritou entusiasmada.
z Na indicação de dois anos consecutivos:
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso. z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
z Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
Ex.: /s/ Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?

 z quem, o
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- 
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- quem resolveu a questão.

Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL 
nós quem resolvemos a questão.
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
LÍNGUA PORTUGUESA

cem a alguns princípios: um deles é a concordância. de nós /


Observe o exemplo: de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
A pequena garota andava sozinha pela cidade. viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
A: Artigo, feminino, singular; essa questão.
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
Garota: Substantivo, feminino, singular. 
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos        -
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o          
número (singular) do substantivo.        Os Estados
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân- Unidos continuam uma potência.
cia: verbal e nominal. Estados Unidos continua uma potência. 51
Santos ca em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- z Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
 Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
z Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Importante! ou nenhum
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
ter o espírito esportivo.
verbo ca no singular ou no plural.
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. z 
singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais davam. (preferencialmente no singular)
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: z Gradação entre os núcleos do sujeito
Mais de um aluno compareceu à aula. Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
Mais de cinco alunos compareceram à aula. me acalmar. (preferencialmente no singular)
z 
A expressão mais de um tem particularidades: Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
      
recíproco se       z Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
 mitivo (nada, tudo, ninguém)
Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
z Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. nem um nem outro
Mais de um aluno, mais de um professor esta- Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
vam presentes.
z Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão
z Quando o sujeito é formado de um número per-
meu foco nos estudos.
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode z Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
 como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
vier precedido de um determinante, o verbo con- bem como, assim como, tanto quanto
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. 
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
como; não só... mas também etc.)
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
popularidade em alta.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z -
z Os verbos bater, dar e soar concordam com o        
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a com o núcleo único. Mas, se houver determinante
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não 
chegou. (Duas horas deram...) sujeito passa a ser composto.
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
badaladas soaram) combustíveis aumentaram.
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
Concordância verbal do Ser
da escola soou dez badaladas)
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o z Concorda com o sujeito
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- Ex.: Nós somos unha e carne.
dem-se casas de veraneio aqui.
z Concorda com o sujeito (pessoa)
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
interessada.
z Em predicados nominais, quando o sujeito for
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o representado por um dos pronomes tudo, nada,
 isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
Majestade está preocupada? dará com o predicativo (preferencialmente) ou
Suas Excelências precisam de algo? com o sujeito.
Ex.: No início, tudo é/são
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! z Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem
Concordância Verbal com o Sujeito Composto 
z Em indicações de horas, datas, tempo, distância
z Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
ticais diferentes Ex.: São nove horas.
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. É frio aqui.
52 Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
z         z Concordância dos verbos impessoais
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,          
menos        sempre na 3ª pessoa do singular.
quantidade, distância. E também quando seguido Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
do pronome o. Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Divertimentos é o que não lhe falta. 
Dez reais é nada diante do que foi gasto. Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul.
z Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser z Concordância com sujeito oracional
ser vier separado do que, o Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo concordará com o termo não preposiciona-         
do entre eles. singular.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
São eles que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Ficou combinado que sairíamos à tarde.
trução adequada) Urge que você estude.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Era preciso encontrar a verdade.
(construção inadequada)
Casos mais frequentes em provas
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
Concordância do innitivo em concursos:

z Exemplos com verbos no innitivo pessoal: z Sujeito posposto distanciado


Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- Ex.: Viviam
to esclarecido) brasileira seres estranhos.
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
z Verbos impessoais (haver e fazer)
implícito “nós”)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
     aprontarmos logo o site.
Havia problemas no setor.
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
muito. (preposição no início da oração)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. z Verbo na voz passiva sintética
(verbos pronominais) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser z Verbo concordando com o antecedente correto
indicando tempo) do pronome relativo ao qual se liga
Estudo para me considerarem capaz de aprova- Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) tinham experiência.
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
- z Sujeito coletivo com especicador plural
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
particípio) z Sujeito oracional
z Exemplos com verbos no innitivo impessoal: Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- singular)
ção verbal) z Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono to ou complemento no plural
 Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
atrito. (verbo no singular)

         Casos Facultativos
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
Navegar é preciso, viver estádio.
LÍNGUA PORTUGUESA

com valor genérico)


z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
São casos difíceis de solucionar-
zeram rir.
dido de preposição de ou para)
 z faltou/faltei à aula.
z Concordância do verbo parecer z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?

z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
Pareceu-me estarem    
brasileira.
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
 z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
de acordo com o sujeito, no plural) ciência. (1,5% corresponde ao singular)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
z Chegaram/Chegou João e Maria.
 53
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram z Com função de predicativo do sujeito
aqui.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
brasileira. com a soma dos elementos.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
z O problema do sistema é/são os impostos. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Hoje é/são 22 de agosto. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos quanto com o nome mais próximo.
a aprovação. Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Silepse de Número e de Pessoa to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Conhecida também como “concordância irregular, Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
 (substitui-se por “eles”)
       não “Eles
z Silepse de número: usa-se um termo discordando existem complicados”.
do número da palavra referente, para concordar Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem então é um adjunto adnominal.
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
 z Com função de predicativo do objeto
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
- Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
diversas etnias, somos multiculturais. dância com o termo mais próximo.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Concordância Nominal Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
seus subordinados.

que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como Algumas convenções
      
adjetivos, numerais). z Obrigado / próprio / mesmo
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
gênero e número com o nome a que se referem. A própria enfermeira virá para o debate.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Elas mesmas conversaram conosco.
Muro alto. / Muros altos.
Dica
Casos com adjetivos
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
z Com função de adjunto adnominal: quando o invariável.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
ver após os substantivos, poderá concordar com
as somas desses ou com o elemento mais próximo. z Só / sós
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /     
Encontrei colégios e faculdades ótimos. “sozinhos”.
   
Há casos em que o adjetivo concordará apenas somente”.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: As garotas só   sós. (As garotas
tencer somente a este.

Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
A locução “a sós” é invariável.
estranho
a sós. / Eles gostavam de
a sós.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- z Quite / anexo / incluso
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Concordam com os elementos a que se referem.
Existem complicadas regras e conceitos. Ex.: Estamos quites com o banco.
- Seguem anexas as certidões negativas.
do por dois ou mais adjetivos pode-se: Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, z Meio
francesa e alemã.      
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar elemento referente.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a 
54 língua inglesa, a francesa e a alemã. Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
z Grama Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
     - um substantivo; mantém-se no singular)

Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Adjetivos
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
z É proibido entrada / É proibida a entrada
mo elemento concordará com o substantivo referente.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do

verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
Se um dos elementos for originalmente um subs-
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- 
rão com o determinante. Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
nhada está boa. plural, pois ambos são adjetivos.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
entrada de crianças. singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa? Nesse caso, o termo composto não concorda com o
z Menos / pseudo plural do substantivo referente, “folhas”.
São invariáveis. Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
Ex.: Havia menos violência antigamente. -
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- bém pode ser um substantivo.
to é pseudo-objetivo. 
lógica de “musgo” do exemplo anterior.
z Muito / bastante

Dica
ele.
 Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Ex.: Muitos      muito quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
irritados. sempre invariáveis.
Bastantesbas- Oadjetivocompostopele-vermelhatemosdoisele-
tante irritados. mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
- Lista de Flexão dos dois elementos

z Nos substantivos compostos formados por pala-
z Tal qual
vras variáveis, especialmente substantivos e
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
adjetivos:
com o substantivo posterior.
segunda-feira – segundas-feiras;
Ex.: O lho é tal qual o pai. / O lho é tal quais os
matéria-prima – matérias-primas;
pais.

Os lhos são tais qual o pai. / Os lhos são tais guarda-noturno – guardas-noturnos;
quais os pais. primeira-dama – primeiras-damas.
Silepse (também chamada concordância
gurada) z Nos substantivos compostos formados por
É a que se opera não com o termo expresso, mas o temas verbais repetidos:
que está subentendido. corre-corre – corres-corres;
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é pisca-pisca – piscas-piscas;
linda!) pula-pula – pulas-pulas.
Estaremos aberto       
 apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
-piscas, pula-pulas.
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.)
Flexão apenas do primeiro elemento
z Possível
Concordará com o artigo, em gênero e número, em z Nos substantivos compostos formados por subs-
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. tantivo + substantivo em que o segundo termo
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / limita o sentido do primeiro termo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Conheci crianças as mais belas possíveis. decreto-lei – decretos-lei;


cidade-satélite – cidades-satélite;
PLURAL DE COMPOSTOS público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
Substantivos       
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
O adjetivo concorda com o substantivo referen- públicos-alvos, elementos-chaves.
te em gênero e número. Se o termo que funciona z Nos substantivos compostos preposicionados:
 cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
invariável. 
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola 
também é um substantivo; mantém-se no singular) pé de moleque – pés de moleque. 55
Flexão apenas do segundo elemento Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
z Nos substantivos compostos formados por tema V. T. I.: se esquecia
verbal ou palavra invariável + substantivo ou Objeto indireto: dos favores recebidos.
adjetivo:
bate-papo – bate-papos;
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
arranha-céu – arranha-céus; que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
ex-namorado – ex-namorados; alterando seu signicado.
vice-presidente – vice-presidentes.
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
z Nos substantivos compostos em que há repeti- (aspiramos = sorvemos)
ção do primeiro elemento:
V. T. D.: aspiramos
zum-zum – zum-zuns;
Objeto direto: ar poluídos.
tico-tico – tico-ticos;
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
lufa-lufa – lufa-lufas;
reco-reco – reco-recos. (aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
z Nos substantivos compostos grafados ligada- Objeto indireto: a um mês de férias
mente, sem hífen:
girassol – girassóis; A seguir, uma lista dos principais verbos que
pontapé – pontapés; geram dúvidas quanto à regência:
mandachuva – mandachuvas;

z Abraçar: transitivo direto
z Nos substantivos compostos formados com Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
grão, grã e bel: O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
grão-duque – grão-duques;
 z Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
bel-prazer – bel-prazeres. Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
Não exão dos elementos to com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
z 
no sentido de “ser agradável a”)
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos z Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
compostos por um tema verbal e uma palavra transitivo direto e indireto
invariável ou outro tema verbal oposto: Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
o disse me disse – os disse me disse; 
o leva e traz – os leva e traz; Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
o cola-tudo – os cola-tudo. 
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
reto: refere-se a coisas e pessoas)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se z Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- 
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao      
entre o nome e seu complemento.
indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini-
     
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
forma de pronome oblíquo átono. rege apenas objeto direto:
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe foram Ajudaram o ladrão a fugir.
leais. 
Observação: Complemento de “lhe”: predicavo do sujei- direto:
to (desprovido de preposição) Ajudei-o muito à noite.
Pronome oblíquo átono: lhe
 z Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
sujeito (desprovido de preposição). Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Regência Verbal Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
Relação de dependência entre um verbo e seu como complemento)
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
retas, isto é, com ou sem preposição. z Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
Há verbos que admitem mais de uma regência “prestar assistência”
sem que o sentido seja alterado. O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
56 V. T. D: esquecia Não assisti ao
O verbo assistir não pode ser empregado no Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
particípio. indireto)
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
milhares de pessoas.” direto e indireto)
z Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
z Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
transitivo direto e indireto
direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)

A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Ela perdoou os erros ao
vo indireto)
indireto)
O pai casou acom o vizinho. (transitivo dire-
to e indireto) z Suceder; intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
z Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
sentido de “ocorrer”)
predicativo do objeto
Ex.: Chamou o- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
de “vir depois”)
to com sentido de “convocar”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
dicativo do objeto com sentido de “denominar, Regência Nominal

Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
z Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- bios) exigem complementos preposicionados, exceto
reto; intransitivo quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
indireto com sentido de “ser difícil”) Advérbios terminados em “mente”
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
regência dos adjetivos:
z Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos. análoga / analogicamente a
Esqueci-me dos acontecimentos. contrária / contrariamente a
Esqueceram-me os acontecimentos. compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
z Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; favorável / favoravelmente a
transitivo direto e indireto
paralela / paralelamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
próxima / proximamente a/de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”)
relativa / relativamente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Preposições prexos verbais
disposição”)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”) Alguns nomes regem preposições semelhantes a

z Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à dependente, dependência de
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou inclusão, inserção em
sobre inerente em/a
Informaram o réu de sua condenação. descrente de/em
Informaram o réu sobre sua condenação. desiludido de/com
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- desesperançado de
sa: objeto indireto, com a preposição a desapego de/a
Informaram a condenação ao réu. convívio com
z Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- convivência com
reto, com as preposições em e por demissão, demitido de
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia. encerrado em
em
z Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- imersão, imergido, imerso em
tivo direto e indireto instalação, instalado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- interessado, interesse em
LÍNGUA PORTUGUESA

sitivo com sentido de “cortejar”) intercalação, intercalado entre


Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo supremacia sobre
indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar- EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”) Outro assunto de grande dúvida é o uso da crase,
      
z Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
preposição a a, ou da jun-
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
ção da preposição a + os pronomes relativos aquele,
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
aquela ou aquilo   
z Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- marcação (`) + (a) = (à).
tivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) Ex.: Entregue o relatório à diretoria. 57
 Macete de crase:
Se vou a; Volto da = Crase há!
Regra geral: haverá crase sempre que o termo Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
quente aceite o artigo a. 

Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- z 
ge preposição). Ex.: Os produtos começaram a chegar.
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
palavra que não aceita artigo). com franqueza, parecem dar a entender que o
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação fazem por exceção de regra.” (MM)
-
- z Antes de expressão de tratamento
tradas a seguir. Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Excelência.
Casos convencionados
z No a (singular) antes de palavra no plural, quando
z Locuções adverbiais formadas por palavras a regência do verbo exigir preposição
femininas: a cenas chocantes.
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. z Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
Espero vocês à noite o pacote.
Estou à beira-mar desde cedo. a
Locuções prepositivas formadas por palavras
femininas: z     alguma, nenhu-
à frente do projeto. ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
contrato.
femininas:
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
vão aumentando. suspeita de fraude.
Eles estavam conservando a certa altura.
z Quando indicar marcação de horário, no plural a qualquer custo.
às oito horas. A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.

que de = a / da = à, portanto: z Antes de demonstrativos
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
z Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
z Com os pronomes relativos aquele, aquela ou personalidades históricas
aquilo: Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
àquele outono. z Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
 Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
sentada. O pacote foi entregue a ti ontem.
Dedique-se àquilo que lhe faz bem. z Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
z Com o pronome demonstrativo a antes de que ou lado)
de: frente a frente no tribunal
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. de justiça.
Referimo-nos à de preto.
z Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
z Com o pronome relativo a qual, as quais: sem determinante
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
de sair. Astronauta volta a Terra em dois meses.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Os pesquisadores chegaram a terra depois da
férias. expedição marinha.
Vocês o observaram a distância.
Casos proibitivos
Crase facultativa
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para
melhor orientação de quando não usar a crase. Veja Nestes casos, podemos escrever as palavras das
mais detalhes sobre a forma correta de não cometer duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
equívocos: detalhadamente, observe as seguintes dicas:

z Antes de nomes masculinos z Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem


Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- se tem proximidade
rial agrada a todos.” (MM) Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
O carro é movido a álcool.
Venda a prazo. z Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a/à sua residência.
z Antes de palavras femininas que não aceitam
artigos z Após preposição até, com ideia de limite
58 Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
às [ou as] lágrimas, e disse com mui estranho afe- REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS
to.” (CBr. 1, 67) DO TEXTO

Casos especiais SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS, SUBSTITUIÇÃO DE


PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
O sentido denotativo da linguagem compreende
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
       
forem femininos, normalmente não se usa crase. 
Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para evitar 
ambiguidades. 
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto) ênfase à informação que se quer passar para o recep-
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
instrumento) isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
ticos, entre outros.
 Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
instrumento) chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
Quando usar ou não a crase em sentenças com o corpo. (coração: parte do corpo)
nomes de lugares
CONOTAÇÃO
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
     
  a Copacabana. (Venho de Copacabana,

moro em Copacabana, passo por Copacabana) A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
z Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
 tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e

passo pela Bahia)
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
Macetes no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído publicitários e outros.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
a, com a, à moda de, durante a. Você mora no meu coração.

z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS


Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase.
Quando escolhemos determinadas palavras ou
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder expressões dentro de um conjunto de possibilidades
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a de uso, estamos levando em conta o contexto que
uma equivaler a a duas, não ocorre crase. 
relações de sentido. Essas relações podem se dar por
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui- meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
por a este, a esta e a isto.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
Importante!
nomes de cidades quando esses termos estiverem
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
tância de 200 metros do pico da montanha. sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
A compreensão da crase vai muito além da estética que cada falante seleciona do léxico para se
gramatical, ela serve também para evitar ambiguida- comunicar.
LÍNGUA PORTUGUESA

des comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.


Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, SINONÍMIA
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações São palavras ou expressões que, empregados em
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o      -
advérbio de instrumento da ação de pintar. lhantes. É importante entender que a identidade dos
       
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
o que pode não acontecer em outras situações. O
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
O referido conteúdo já foi abordado em “Domínio exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
     -        
mente em Emprego das classes de palavra.  59
 concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve- concerto (sessão musical) conserto (reparo)
la, além do domínio do vocabulário do falante, a capa-
cidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o coser (costurar) cozer (cozinhar)
 exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
público)
ANTONÍMIA
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
São palavras ou expressões que, empregadas em assiste) esperança, que espera)
      esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em espiar (observar) expiar (pagar pena)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (xar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
php. Acessado em: 17/10/2020.

PARÔNIMOS
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
     
A relação de sentido estabelecida na tirinha é diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
mos nos exemplos a seguir:
-
se contexto. Absorver/absolver
HOMONÍMIA z Tentaremos absorver toda esta água com espon-
jas. (sorver)
       -
- z absolveu
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus pecados. (inocentar)
-
Aferir/auferir
nimos importantes:
z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-
acender (colocar fogo) ascender (subir)
mentos. (avaliar, cotejar)
acento (sinal gráco) assento (local onde se senta) z O empresário consegue sempre auferir lucros em
acerto (ato de acertar) asserto (armação) seus investimentos. (obter)
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
Cavaleiro/cavalheiro
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto) z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria
do rei participaram na batalha. (homem que anda
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
de cavalo)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
sela (forma do verbo selar; sempre as portas para eu passar. (homem educado
cela (pequeno quarto) e cortês)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
Cumprimento/comprimento
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) z O comprimento do tecido que eu comprei é de
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
cerrar (fechar) serrar (cortar)
z Dê meus cumprimentos
cervo (veado) servo (criado)
Delatar/dilatar
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu-
círio (vela) sírio (natural da Síria) tou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
60 
Dirigente/diligente Legendas: ajuda na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca
z O dirigente da empresa não quis prestar decla- diferentes informações.
rações sobre o funcionamento da mesma. (pessoa
que dirige, gere) CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL
z Minha funcionária é diligente na realização de

NÚMEROS DE HABITANTES
100%
suas funções. (expedito, aplicado) 90%
80%
Discriminar/descriminar 70%
60%
50%
z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar 40%
naquele clube. (diferenciar, segregar) 30%
20%
z Em muitos países se discute sobre descrimi- 10%
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, 0%
 Alemães Inglêses Espanhóis Outros Total
inocentar)
CIDADES

REFERÊNCIA Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.

 - Infográcos


-par onimas/. Acessado em 17/10/2020.
-
POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO) sentar o sentido.
Essa palavra une os termos info (informação) e
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-      
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre texto, informa sobre um assunto que não seria muito
- bem compreendido somente com um texto, auxilian-
semia é encontrada no exemplo a seguir: do a compreensão do leitor.
Para interpretar os dados informativos em um

aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
título, ao tema e a fonte das informações é vital para
uma boa análise e interpretação.
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.

HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO

Relação estabelecida entre termos que guardam


relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
      


EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE


RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS

A representação de sentido por meio de tabelas


       
principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
         
resolução de questões não apenas de português, por
LÍNGUA PORTUGUESA

isso, requer atenção.

Gráco:
Título: na maioria dos casos possuem um título
que indica a que informação ele se refere.
Fonte:       
ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
publicação.
Números: o mais importante, pois é deles que pre-
cisamos para comparar as informações dadas pelos
-
po (mês, ano, período). Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm. 61
REFERÊNCIAS renova-se permanentemente; já na linguagem escrita
há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
coerência. São Paulo: parábola, 2005. gem formal da escrita).

Os sentidos do A LINGUAGEM FORMAL


texto. São Paulo: contexto, 2013.
Dependendo da situação, a linguagem verbal
(escrita e oral) pode ser mais ou menos formal. Quan-
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti- do você conversa ao telefone com um velho amigo ou
vos da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016. envia uma mensagem de texto para um parente, se
comunica de uma forma mais livre; já numa entrevista
KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda de emprego ou ao escrever um e-mail solicitando algo a
Maria . Ler e compreender: os sentidos do texto. uma autoridade, você escolhe melhor as palavras.
3. ed . São Paulo: Contexto, 2015. Ou seja, o nível de formalidade nas comunica-
ções varia conforme a circunstância.
SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sac- A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen-
coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova te é usada quando temos certo nível de intimidade
Geração, 2010. entre os interlocutores, como nas correspondências
entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal (na
SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Reda- sua forma oral ou escrita), caracterizada pela polidez
ção Prossional. Campinas/SP: Servanda, 2008. e escolha cuidadosa das palavras, é normalmente
empregada quando nos dirigimos a alguém com quem
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E não temos proximidade, como no exemplo da seleção
DE PERÍODOS DO TEXTO de emprego e em outras situações que exigem tal pro-

Ao estudar redação, é necessário saber alguns con- didático, ou na correspondência entre empresas.
ceitos fundamentais. O termo “registro” é usado para se fazer referência
A linguagem, em termos bem simples, é a capacida- aos níveis de formalidade na língua falada e na língua
de que nós, seres humanos, possuímos de expressar nos- escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain-
sos pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões. Ou seja, da, de níveis de fala ou níveis de linguagem.
é um código utilizado para estabelecer comunicação. Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do
Existem dois tipos principais de linguagem: a lin- registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva
guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua- em conta, mesmo que de forma inconsciente, a situa-
gem não verbal não utiliza palavras para constituir ção em que se encontra ao produzir seu texto (oral
a comunicação: ela faz uso de formas de comunica- ou escrito). Em outras palavras, ao praticar a comu-
ção como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por nicação, o autor escolhe um nível maior ou menor de
exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito, formalidade e, para isso, leva em consideração, entre
com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten- outras coisas:
de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
z O seu interlocutor;
ouve o apito de um agente de trânsito).
Já a linguagem verbal usa palavras para estabe- z Ambiente em que se encontra;
lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma z O assunto a ser tratado; e
z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli-
oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma
citar, persuadir etc.).
entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
abaixo que traz exemplos que ajudam a diferenciar a É observando esses elementos que o autor adequa:
linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
duas formas). z Os vocábulos;
z A pronúncia (no caso da fala);
LINGUAGEM z 
LINGUAGEM VERBAL - ORAL z A estruturação das sentenças.
NÃO VERBAL

Telefonemas; Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais


conversas; cuidado deve ser dedicado aos itens acima.
Sinais de trânsito;
Discursos; Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex-
Cores; tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os
Desenhos; Aulas;
Entrevistas etc. dois tipos de registro, o formal e o informal.
Gestos;
Postura;
LINGUAGEM VERBAL - ESCRITA REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL
Placas;
Pinturas; Livros; Jovem para o chefe: Jovem para a mãe:
Bandeiras; E-mails;
Buzinas; Jornais; Boa tarde, chefe. Infeliz- Que droga, mãe! Bateram
Músicas etc. Cartas; mente, acabei de sofrer no meu carro!
Leis etc. um acidente de trânsito e Tô bem, não se preocupe.
devo me atrasar, pois es- Me mande o
tou aguardando a polícia, número da seguradora.
A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois,
para os trâmites formais, Depois te ligo.
duas manifestações da linguagem verbal, cada uma
com suas características próprias (a linguagem oral e a seguradora, para o re-
permite um contato direto com o destinatário, é mais colhimento do veículo.
62 espontânea, mais livre, não requer escolarização,
Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito 
no caminho para o trabalho. No entanto, função das linguagem (lembre-se quando estudarmos a redação
duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as defeitos que não podem constar
quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro nas comunicações emitidas pelo poder público):
se faz necessário em suas duas espécies: no registro
formal e no registro informal. z Barbarismo      -
Assim, ao elaborar o texto da redação ocial, vra em desacordo com a norma culta (como por
deve-se atentar para o uso do registro formal, uma exemplo escrever “previlégio” ao invés de “privi-
vez que se espera o uso da modalidade escrita formal légio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é
da língua portuguesa. “ruBRIca”); outra forma de barbarismo é o estran-
Resumindo, a diferença entre linguagem formal e geirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevi-
linguagem informal está no contexto em que elas são do de expressões ou frases estrangeiras em nossa
utilizadas e na escolha das palavras e expressões língua, como o uso de “performance” ao invés de
utilizadas para comunicar. “desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar de
A tabela abaixo apresenta uma comparação entre “espetáculo”;
as duas formas de linguagem. z Solecismo: desvio da norma em relação à sinta-

LINGUAGEM LINGUAGEM -
FORMAL INFORMAL te”, no lugar de “Vamos ao restaurante”;
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção
A linguagem formal de palavras, como em ela tinha muito dinheiro
é aquela utilizada A linguagem in- (parece o som de: “é latinha”); beijou na boca dela
em situações que formal é utilizada (“cadela”);
exigem maior em situações z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma
protocolo (situa- mais descon- palavra nova, ou ainda quando uma palavra exis-
O que é ções prossionais, traídas, quando 
acadêmicas ou existe maior li- surge principalmente por conta do contexto da
quando não existe berdade entre os informática; e
intimidade entre os interlocutores. z Eco: repetição de um som numa sequência de
interlocutores). palavras (como por exemplo, O acusado foi inter-
rogado pelo magistrado).
Não requer o uso
da norma culta,
Além disso, evite ainda:
sendo normal
Uso da norma culta o uso de gírias,
(respeito rigoroso expressões popu- z O emprego de gírias ou expressões populares (isso
às normas grama- lares, neologismos 
Caracte- z O uso de jargões (terminologia técnica comum a
ticais) e utilização (palavras inven-
rísticas      
de vocabulário tadas) e palavras
extenso; abreviadas, como      
vc, cê e tá. como por exemplo, “peticionar”, de uso comum
Sofre influência de pelos advogados). Mas isso não quer dizer que não
variações culturais -
e regionais. do necessário (somente se você tiver certeza do

Situações mais z As palavras reduzidas, como “tá” em lugar de
formais, como “estar”, “cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de
Utilizada em con-
entrevistas de em- “para”;
versas cotidianas,
pregos, palestras, z Os verbos de sentido muito geral, como “dar”,
em mensagens de
concursos públicos “ter”, “fazer”, “achar”, no lugar de verbos de senti-
texto enviadas por
e documentos do mais exato; e
celular, chats.
Quando ociais. z As expressões típicas da oralidade, como “bem”,
Normalmente é
se usa Geralmente, é uti- “veja bem”, “entendeu?”.
usada em conver-
lizada quando se
sas entre amigos
dirige a superiores,       
e familiares. O uso
autoridades ou ao na comunicação formal é o uso de regionalismos. O
mais comum se dá
público em geral.
LÍNGUA PORTUGUESA

regionalismo é o modo de falar particular de deter-


quando se fala.
É mais utilizada -
quando se escreve. vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se
refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig-
Estou muito Caramba, tô muito nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro”
atrasado. atrasado. no Rio de Janeiro.

 REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS


 E NÍVEIS DE FORMALIDADE
evitados. Os vícios de linguagem são defeitos, erros
cotidianos que cometemos no emprego da língua, nor- É preciso, antes, saber por meio de quais gêneros
malmente por falta de atenção e pouco conhecimento textuais essa comunicação se dá. Mas o que são gêne-
ros textuais? 63
Por ser comum a confusão entre gêneros textuais pensamentos mais íntimos, de um modo que vai além
e tipos textuais, vamos primeiramente discorrer a da própria imaginação) ou personagem (aquele que
respeito dos tipos textuais. conta e participa dos fatos ao mesmo tempo) repete
Tipo textual é a estrutura do texto, ou seja, é a as falas de outro personagem, separando-as das
forma como o texto se apresenta. Existem diferentes suas. Para isso, o narrador usa marcas de pontua-
 ção
seis tipos diferentes (narrativo; descritivo; expositivo; marcas podem ser: dois pontos, aspas ou travessão de
argumentativo; instrucional ou injuntivo; e dialogal). diálogo. Veja, abaixo, um exemplo retirado do livro
Em concursos públicos, as tipologias (estruturas) mais Robur, O Conquistador, de Júlio Verne:
comuns são: narração, descrição e dissertação (ou
exposição). Nesse momento, Robur apareceu na ponte da aero-
nave e os dois colegas aproximaram-se dele.
Narração - Engenheiro Robur – disse tio Prudente -, eis-nos
aqui nos conns da América! Parece-nos que esta
A narração consiste em uma história contada por brincadeira vai acabar...
- Eu nunca brinco – respondeu Robur.
um narrador (em primeira pessoa, participando das
ações, ou em terceira pessoa, como observador), a qual é
construída em torno de um ou mais personagens (reais Ou seja, no discurso direto é o próprio personagem
que fala dentro da história.

Por sua vez, o discurso indireto se dá quando o
um prédio, ou psicológico, passando na mente do nar-
narrador da história diz ou escreve o que outro per-
rador ou do personagem) e em um determinado tempo sonagem disse. Melhor dizendo, no discurso indireto,
(normalmente no passado, mas pode ser no presente, o narrador utiliza suas próprias palavras para transmi-
como a narração de um evento esportivo, ou no futu- tir ou as falas de um ou de mais personagens. Observe
ro). Caracteriza-se pela sequência lógica que é apresen- o exemplo no seguinte trecho da obra Doutor Jivago, de
tada ao leitor: a história tem uma introdução (na qual Boris Pasternak: Na estação, o tio pediu ao guarda que o
se apresentam os personagens, o local onde a história deixasse passar pela grade para se despedir da mulher.
se passa e em que momento); logo após, o texto mostra Uma caraterística desse tipo de discurso é que
         será sempre feito na 3ª pessoa. Além disso, nesse tipo
atenção do leitor até atingir o ápice (clímax) da narrati- de discurso são utilizados verbos de elocução (ver-
va, que é encerrado pelo desfecho da história. bos que anunciam o discurso, tais como falou, disse,
Os elementos que compõem um texto narrativo lembrou, comentou, perguntou, respondeu, observou,
são: exclamou, sentenciou, gritou, entre outros) e conjun-
ções (uma vez que, para que, a m de que, para que,
z Narrador; conforme etc.) que separam a fala do narrador das
z Enredo; falas dos personagens.
A narração não é um tipo textual comum nas reda-
z Tempo;
ções. O mais corriqueiro é que a banca examinadora
z Espaço; 
z Personagens; em uma questão de múltipla-escolha ou ainda que
z Discurso. transforme um discurso direto em indireto em algu-
ma questão aberta, conforme os exemplos abaixo.
Para a melhor compreensão, observe o trecho a
seguir, retirado da obra A Ilha Misteriosa, de Júlio Verne: DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO

Gedeon Spillet estava na praia, imóvel, com os bra- Eu não como carne Ele disse que não come
ços cruzados, olhando para o mar. carne
- Parece que teremos uma noite bastante má, senhor
Spillet – disse o marinheiro. Vou ao restaurante esta Ele disse que iria ao res-
O Jornalista voltou-se e perguntou: noite taurante naquela noite
- A que distância da praia o senhor acha que
a barquinha sofreu a lufada que levou nosso Eu perdi a hora Ele falou que havia perdi-
companheiro? do a hora
- A quatrocentos metros, aproximadamente.
- O que me espanta – continuou o repórter – é que,
Eu não conseguiria dormir Ele mencionou que não
admitindo a hipótese de ter nosso companheiro
conseguiria dormir
morrido, ainda não tenha sido lançado à praia o
seu cadáver ou do seu cachorro. Descrição
Nesse trecho é possível observar alguns dos ele- A descrição, ao contrário da narração, não admi-
mentos de uma narrativa: um narrador (no caso em te ação. Nesse tipo textual, é apresentada uma série
terceira pessoa) apontando o local onde se passa ação de características de determinado ser, objeto ou
e introduzindo a fala dos personagens que realizam espaço, de modo a compor na mente do leitor/ouvin-
suas ações em um tempo (passado). te a imagem do que está sendo retratado. A descrição
Quando se pensa em narração dentro de um con- pode ser objetiva ou subjetiva. Na primeira, a coisa/ser/
curso, o mais importante é conhecer os conceitos de espaço descrito é mostrado de forma concreta, impar-
discurso direito e discurso indireto. cial, sem expor as impressões do observado (o foco é
O discurso direto é aquele em que o narrador, dado nas características como forma, tamanho, volu-
que pode ser onisciente (isto é, saber tudo sobre o me, coloração etc.). Já na descrição subjetiva, se valo-
enredo e os personagens, revelando os sentimentos e riza a percepção do observador em relação ao que é
64
descrito, deixando claras as emoções e impressões do autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser-
autor sobre aquilo que ele descreve. Veja nos exemplos tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
as duas formas de se descrever o mesmo espaço: tativo-Argumentativos, do Inep:

DESCRIÇÃO OBJETIVA DESCRIÇÃO SUBJETIVA Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o


maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Foi
Manhattan é o centro da A deslumbrante Nova Ior- revolucionário, renovador e ousado em relação ao
Região Metropolitana de que, com suas lindas lojas teatro tradicional. Suas dezessete peças são sucessiva-
Nova Iorque, uma das e suntuosos prédios é, ver- mente reeditadas. Sua obra é frequentemente encena-
áreas metropolitanas mais dadeiramente, a capital do da na atualidade. Seus textos são os mais estudados
populosas do mundo, sen- mundo. nos cursos de Letras.
do a grande cidade mais
densamente povoada dos Observe que agora, diferentemente do exemplo
Estados Unidos. anterior, o autor busca formar a opinião do leitor,
buscando convencê-lo.
Note que, ao contrário da primeira, a segunda des-
crição envolve subjetividades, ou seja, as impressões Importante!
pessoais do autor.
Apesar de menos frequente, é possível que deter- Existem dois tipos de textos dissertativos: o
minada banca organizadora peça um texto descritivo expositivo e o argumentativo. No texto dissertati-
(daí a importância em ressaltar mais uma vez a neces- vo-expositivo, o autor apresenta as informações
sidade de se conhecer a banca e de se analisar com sem a necessidade de convencer o leitor de algo
profundidade o edital). (ou seja, faz uma exposição e não um debate).
Já no tipo dissertativo-argumentativo, o escritor
DISSERTATIVO-EXPOSITIVO E faz uma reflexão sobre determinado tema para
DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO defender o seu ponto de vista e, portanto, busca
convencer o leitor
A dissertação é a tipologia textual que visa à expo-
sição, à análise e à defesa de uma tese ou ponto de
          Os tipos textuais acima expostos são utilizados de
mais frequentemente exigida nos concursos, tendo forma combinada de modo a compor o que conhece-
em vista a possibilidade de permitir ao candidato a mos por gêneros textuais (textos que exercem uma
exposição de ideias a respeito de um tema de interes- 
se social. A dissertação é dividida em duas categorias: -

Dissertativo-expositiva o tipo tex-
tual dissertativo-argumentativo é o dominante nos
Neste tipo textual o autor apresenta ideias, fatos seguintes gêneros textuais:
        
expositivo), sem a intenção de persuadi-lo, de conven- z Texto de opinião;
z Diálogo argumentativo;
cê-lo em relação ao pensamento. É impessoal (redigida
z Carta de leitor;
em terceira pessoa). Portanto, neste caso, a dissertação
z Carta de reclamação;
tende à simples exposição de ideias, de informações,
z Carta de solicitação;

z Deliberação informal;
abaixo, retirado da obra Textos Dissertativo-Argumen- z Debate regrado;
tativos, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e z Editorial;
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): z Discurso de defesa,
z Requerimento;
As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar z Ensaio;
toda a hipocrisia que paira sobre uma sociedade z Resenha; e
vítima da repressão sexual. É o seu teatro que abre z Crítica.
as portas para a modernidade na dramaturgia
brasileira.
Por sua vez, o tipo textual dissertativo-expositi-
vo prevalece nos seguintes gêneros:
Note que no trecho acima, o autor apenas mos-
LÍNGUA PORTUGUESA

tra certas características da obra do escritor Nelson z Aula;


Rodrigues. Não há, em nenhuma parte do texto, recur- z Texto expositivo;
sos argumentativos que buscam convencer o leitor. z Artigo enciclopédico;
z Texto explicativo;
Dissertativo-argumentativo z Tomada de notas;
z Resumos;
Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza- z Resenhas; e
das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos z 

se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita- Em concursos públicos, os gêneros textuais mais
ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros frequentes são: os editoriais, os artigos de opinião,
recursos, procurando defender o ponto de vista do          65
No editorial, discute-se um assunto, apresentando 
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou (como, por exemplo, “A violência é resultado....”) ou
do redator-chefe. Já no artigo de opinião, o autor negativas (“Não ocorrem ...”. Importante lembrar que
busca convencer o leitor em relação a uma determi- mesmo sendo a sua opinião, a escrita deve ser feita de
nada ideia e, ao contrário do editorial, o artigo de forma impessoal (redigir em terceira pessoa; nada de
opinião não representa o ponto de vista do veículo usar expressões como “eu acho que…”, “acredito que
que publica o texto. O editorial e o artigo de opinião …”) e respeitando os direitos humanos (nunca instigar
são gêneros textuais que pertencem ao tipo textual qualquer tipo de violência motivada por questões de
dissertativo-argumentativo. raça, etnia, gênero, credo, condição física, origem geo-
      -
Dica quer forma de discurso de ódio).
Lembre-se que parte do método para fazer uma Em uma linha você vai dizer de forma concisa a
boa redação no concurso é ter um bom repertó- ideia central do seu texto e o seu posicionamento acer-
rio de ideias. A leitura de editoriais e de artigos ca daquilo (dizer se é contra, a favor ou qual é a impor-
de opinião constitui uma das melhores formas tância de se discutir sobre isso). Essa parte deve ter até
de ampliar seu “capital cultural”, uma vez que tra- dois períodos (frases com pelo menos um verbo cada).
tam de assuntos recentes e de relevância social. Logo após, em, em outras duas ou três linhas, você
Além disso, servem para ajudar a dominar a irá apresentar como sua tese será desenvolvida, ou
estrutura da redação, uma vez que, por pertence- seja, vai mostrar seus argumentos (esclarecer de forma
rem ao tipo textual dissertativo-argumentativo, simples o que cada parágrafo vai tratar, sem argumen-
possuem a mesma estrutura do texto que será tar). A dica aqui é construir uma oração resumindo o
cobrado nas provas. assunto de cada parágrafo do desenvolvimento.
Ou seja, retirar bold a introdução é composta
Outro gênero recorrente é a notícia, na qual pela apresentação do tema e pela exibição da tese.
são relatados de forma objetiva e concisa, fatos da Vamos ver algumas abordagens que podem ser
realidade. tomadas no parágrafo introdutório:
A reportagem por sua vez, caracteriza-se por ser o
gênero que apresenta um texto jornalístico que abor-
Ir do geral ao especíco
da fatos de interesse geral; na reportagem, ao contrá-
rio da notícia, os fatos são tratados de uma forma mais
aprofundada e didática. Primeiramente fazendo uma exposição do tema de
 forma abrangente, para logo após chegar às questões
narrativos; o primeiro sobre fatos do cotidiano, enquanto 
 exemplo abaixo, extraído da obra A Análise do Tex-
to Argumentativo-Discursivo, de Cantarin, Bertucci e
A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA Almeida (2017).
Ex.: É fato que as diferentes ações de marketing
Como dissemos antes, o tipo dissertativo-argu- exercem grande inuência no processo de formação
mentativo é o mais cobrado em concursos, sobretu- dos sujeitos. Em se tratando de crianças, o poder das
do naqueles para carreiras policiais. Assim sendo, propagandas na criação de hábitos e identidades é bas-
vamos ver mais alguns detalhes relativos à disserta- tante grande. Surge então o debate acerca dos limites
ção argumentativa. da publicidade infantil.
O texto dissertativo-argumentativo é aquele pelo Observe que o autor inicia expondo algo genéri-
qual o autor busca convencer o leitor ou o ouvinte a co sobre o tema publicidade (ações de marketing) e,
aceitar a tese de quem produz o texto. Logo, o que está em seguida, indica que propagandas são capazes de
em jogo é a capacidade do autor de expor uma situação- -
-problema, apresentando uma tese (opinião, ideia) sobre grafo onde se apresenta a situação problema: a ques-
o fato e expressando-a por meio de argumentos fortes e tão da publicidade infantil;
coerentes. Esse tipo textual é composto por três etapas:
Introdução direta
z A introdução: na qual se apresenta o objeto, expon-
do uma breve visão do ponto de vista do autor; Em contrapartida, a introdução do tema pode
z O desenvolvimento (quando se apresentam os ser direta, como se observa no exemplo abaixo, tam-
argumentos e é feita a defesa da tese); e
bém retirado da obra de Cantarin, Bertucci e Almei-
z Uma conclusão: que encerra o tema, com uma sín-
da (2017), em que autor já inicia o texto apontando o
tese de tudo o que foi exposto.
crescimento da “publicidade infantil no Brasil”.
Ex.: A publicidade infantil é um ramo que vem cres-
INTRODUÇÃO
cendo muito no Brasil. Anal, as crianças ainda não for-
maram toda base crítica necessária para entender toda
No início da dissertação, é necessário que o autor
a complexidade e persuasão de uma propaganda, fatos
deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além
disso, qual será a tese a ser defendida. É um parágrafo que as tornam um público alvo facilmente convencido.
direto e curto no qual você vai demonstrar que com-
 DESENVOLVIMENTO/ARGUMENTAÇÃO
A tese é elemento essencial na composição do
texto dissertativo-argumentativo. Na redação é um Os parágrafos intermediários de um texto disser-
posicionamento crítico, ou seja, o seu ponto de vista tativo-argumentativo devem ser destinados à defesa
sobre o tema proposto. Sua função é persuadir o lei- da tese mediante argumentos (provas ou fundamen-
66 tor a respeito daquilo que você vai expor. Ela pode 
São nesses parágrafos que o autor vai argumen- OPERADOR FUNÇÃO
tar, ou seja, apresentar ideias, razões, provas que
sejam relevantes ao ponto de conseguir convencer o Organizam a hierarquia
leitor sobre um ponto de vista. dos elementos numa
“Mesmo”, “até”, “até mes-
O principal no desenvolvimento é apresentar escala, assinalando o ar-
mo”, “inclusive”.
uma ideia e, em seguida, apresentar um raciocínio gumento mais forte para
capaz de comprová-la. uma conclusão.
A argumentação deve ser feita com argumentos Introduzem dado argu-
fortes, tais como: mento deixando suben-
“Ao menos”, “pelo me-
nos”, “no mínimo”. tendida a presença de
z Provas concretas: argumentos baseados em dados uma escala com outros
ou fatos sobre o tema; argumentos mais fortes.
z -
tos baseados em exemplos; “Portanto”, “logo”, “por Introduzem uma conclu-
conseguinte”, “pois”, são relativa a argumentos
z Citação de especialistas no tema: argumento de
“em decorrência”, apresentados em enun-
autoridade; e
“consequentemente”. ciados anteriores.
z Lógicos: causa e consequência, por exemplo.
Introduzem argumentos
Por outro lado, devem ser evitados argumentos “Ou”, “ou então”, “quer... alternativos que condu-
fracos, tais como os argumentos de senso comum, quer”, “seja...seja”. zem a conclusões dife-
os quais, embora válidos, são rasos e, portanto, facil- rentes ou opostas.
mente refutáveis. O uso de argumentos gerais (que
Estabelecem relações en-
qualquer um conhece) evidencia pouco conhecimen- “Mais que”’, “menos que”,
tre elementos, com vista
to do tema, falta de opinião própria e baixo poder de “tão...como”’.
a uma dada conclusão.
argumentação.
- Introduzem uma justica-
“Porque”’, “que”, “já que”,
sivo, devem ser utilizados os chamados operadores tiva ou explicação relativa
“pois”.
e conectivos argumentativos (também chamados de ao enunciado anterior.
marcadores de discurso). Os operadores argumenta-
OPERADOR FUNÇÃO
tivos tem a função de introduzir argumentos que
convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada “Mas”, “porém”, “contudo”,
conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de “todavia”, “no entanto”, Contrapõem argumentos
usar esses elementos é um requisito imprescindível “embora”’, “ainda que”, orientados para conclu-
no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões “posto que”, “apesar de sões contrárias.
e para defender teses e articular argumentos. (que)”.
Mas que vocábulos atuam com operadores argu-
Distribuem-se em escalas
mentativos? Lembre-se:
opostas, isto é, um deles
“Um pouco” e “pouco”, funciona numa escala
z Conjunções; “quase” e “apenas”, “só”, orientada para a arma-
z Advérbios; “somente”’. ção total e o outro, numa
z      - escala orientada para a
nal, então, é que, aliás etc. negação total.

Como os operadores argumentativos atuam no São argumentos que


“E”, “também”, “ainda”,
texto? Eles podem: fazem parte de uma mes-
“nem” (= e não), “não
ma classe argumentativa,
só..., mas também”, “‘tan-
z Somar argumentos: e, também, ainda, não só…, isto é, somam argumen-
to...como”’, “além disso”,”
mas também, além de…, além disso…, aliás. Ex.: Os tos a favor de uma mes-
além” de”, “a par de”.
ma conclusão.
efeitos nocivos do trabalho infantil sobre a escola-
rização são sentidos não só nas crianças menores, Introduz um argumen-
mas também nos adolescentes. to decisivo, resumin-
“Aliás”.
z Indicar oposição/ideias contrárias: mas, porém, do todos os demais
contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que, argumentos.
LÍNGUA PORTUGUESA

apesar de..., posto que. Ex.: João apresentou um


bom rendimento, mas não foi aprovado. São responsáveis por
“Já”, “ainda”, “agora”. introduzir no enunciado
z Indicar uma relação de condição entre um ante-
conteúdos pressupostos.
cedente e um consequente: se, caso. Ex.: Se o can-
didato não estudar, não vai passar no concurso.
z Indicar nalidade/objetivo O uso desses operadores é essencial para manter a
          coesão do texto.
para a polícia.
CONCLUSÃO
Veja no quadro abaixo, de forma condensada, os
principais tipos de operadores, constante na obra      
Argumentação e Linguagem, de Ingedore Koch (2000): pode ser feito de duas maneiras: 67
z Na forma de síntese (o autor repete os argumen- Observe que a estrutura da redação discursiva do
tos de forma resumida e conclui o texto alegando a          
veracidade da tese); ou uma redação: introdução, desenvolvimento e conclu-
z Apresentando propostas de solução (retomando são. O essencial, portanto, são os tópicos, que devem
os problemas discutidos na argumentação e pro- ser mencionados na ordem em que a banca os indica.
pondo ações que acabem ou diminuam com os Além disso, que atento! O Cebraspe costuma
problemas). Tais soluções devem ser detalhadas, dar preferência ao texto dissertativo expositivo e
explicando, apontando quem vai promover a solu- não o dissertativo argumentativo, em que você deve
ção, as ações necessárias, os meios e os objetivos. defender uma tese. Lembre-se que o dissertativo expo-
sitivo é um texto objetivo, no qual o candidato deve
Assim como na introdução, é o momento de ser demonstrar claramente o que o examinador pede, mos-
simples e conciso. A conclusão não deve ter um tama- trando domínio do assunto. Neste tipo de redação não
nho muito diferente da introdução. se utilizam argumentos com o objetivo de convencer.
O texto dissertativo-argumentativo (dissertação Para entender melhor, vamos ver um exemplo de
provas para carreiras policiais realizadas pelo Cebraspe.
argumentativa), portanto, deve conter os seguintes
elementos: Polícia Civil de Goiás - Escrivão - Cebraspe - 2016

z Introdução: apresentação do tema e exibição da João foi indiciado em inquérito policial (IP), e, no
tese; curso deste, o juiz competente, de ofício, decretou a pri-
z Desenvolvimento: provas ou fundamentos que são temporária do dito indiciado. Para defender seus
 interesses, João constituiu um advogado que, na pri-
z Conclusão: resumo ou apresentação de soluções. meira oportunidade, requereu ao delegado de polícia
responsável acesso a todos os elementos de prova no
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA REDAÇÃO curso do IP, para permitir a ampla defesa de seu cliente,
de modo a se garantir, assim, o devido processo legal.
       Acerca da situação hipotética acima apresentada e
como a banca organizadora vai avaliar sua redação do IP, redija um texto dissertativo que atenda, de modo
é essencial para que obtenha o sucesso na prova. Ou fundamentado, às determinações e aos questionamen-
seja, é obrigatória uma leitura detalhada do edital. tos seguintes.
De modo geral, são os seguintes os critérios avalia-
1 - Apresente o conceito e a nalidade do IP. [valor: 2,00
dos pela maioria das bancas organizadoras dos con- pontos]
cursos para as carreiras policiais: 2 - Descreva as características do IP. [valor: 4,00 pontos]
3 - Comente sobre o valor probatório do IP. [valor: 2,00
z Pertinência ao tema proposto;
pontos]
z Argumentação coerente das ideias e informatividade;
4 - A instauração de IP é indispensável? [valor: 2,00
z Adequação no uso de articuladores; pontos]
z Propriedade vocabular; 5 - Na situação considerada, a prisão temporária de
z Correção linguística (morfossintaxe), pontuação, João, nos moldes em que foi decretada — de ofício
 — foi legal? [valor: 4,00 pontos]
6 - Na situação considerada, há fundamento legal para
No entanto, cada organizadora adota critérios pró- o direito de acesso do defensor de João aos elemen-
- tos de prova no curso do IP? Em sua resposta, des-
rios adotados pelas bancas de alguns dos principais taque o entendimento do Supremo Tribunal Federal
concursos para carreiras policiais do Brasil. a respeito. [valor: 5,00 pontos]
ABORDAGEM DA DISCURSIVA COM TÓPICOS Note a estrutura: texto motivador, seguido do
(ITENS) temaitens.
Este é o padrão do Cebraspe, que tem como princi-
Primeiramente, merecem destaque os concursos pais características:
promovidos pelo Cebraspe, a antiga CESPE/UnB. Vale
lembrar que o Cebraspe foi responsável por grandes z Não segue o padrão de uma redação (introdução,
- desenvolvimento e conclusão);
 z Apresentação de texto motivador, tema e tópicos,
 com foco nestes últimos (que serão pontuados):
do Maranhão. dissertação expositiva.
Da análise das provas promovidas pelo Cebraspe,
Quanto ao tema, note que há uma tendência de
nota-se que a banca examinadora adota uma estrutu-
que assuntos da atualidade associados ao cotidiano
ra de prova discursiva o mais objetiva possível, dis-
do policial sejam cobrados; no entanto nada impede
posta da seguinte forma:
que a banca proponha algum outro tema em evidên-
z A banca costuma apresentar a redação a partir de cia, totalmente fora da área de segurança pública.
um texto motivador, que serve para inspirar o ABORDAGEM DA DISCURSIVA SEM TÓPICOS
texto a ser escrito (apenas para servir de exemplo.
Somente cite algum trecho se esse for o coman- As provas discursivas para concursos das carrei-
do da prova discursiva. Caso contrário, se não foi 
pedido, não cite);       -
z Logo após, indica o tema- ral do Paraná, entre outras, cobram temas da atuali-
minador busca encontrar na redação; e dade e não inserem os tópicos. Essas são as bancas
z Os itens que devem ser abordados e que serão responsáveis pela seleção para polícias civis, policias
pontuados (tópicos que devem ser obrigatoria- militares e corpos de bombeiros militares dos Estados
68 mente abordados em seu texto). de São Paulo, Paraná.
Nas discursivas sem tópicos a abordagem deve ser
dar da seguinte forma: HORA DE PRATICAR!
z Como não há tópicos a serem respondidos, é o 1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Texto CG3A2-I
candidato quem insere as ideias-força a serem
argumentadas ao longo do desenvolvimento; Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estra-
z Há introdução e conclusão; nha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram
z Pode haver título (não é obrigatório, a não ser os olhos de minha mãe? Atordoada, custei reconhecer
que haja comando nesse sentido); o quarto da nova casa em que estava morando e não
z A introdução indica os argumentos (aponta, sem conseguia me lembrar de como havia chegado até ali.
desenvolvê-los); E a insistente pergunta, martelando, martelando... De
z Cada parágrafo de desenvolvimento deve apre- que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indaga-
sentar o conectivo inicial (mostrado na aula em ção havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre
vídeo a seguir), a palavra-chave do argumento e um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor
sua análise; seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio
tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela
Na conclusão (iniciada com algum conectivo como noite se transformou em uma dolorosa pergunta car-
observa- regada de um tom acusativo. Então, eu não sabia de
ção nal ou alguma possível solução para o problema. que cor eram os olhos de minha mãe? (...)

bancas cobram a redação.
E quando, após longos dias de viagem para chegar à
minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de
Polícia Militar de São Paulo – Aspirante – Vunesp minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?
- 2018
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz.
“A proibição do consumo de bebidas alcoólicas e o
Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se
direito de liberdade individual”.
minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a
O exemplo acima é da prova para Aspirante da
face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, sere-
Polícia Militar de São Paulo. A banca responsável pela
 namente em si, águas correntezas. Por isso, prantos
utilizando duas competências: Estrutura Textual Glo- e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de
bal (abordagem do tema, progressão textual e sugestão minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe
de solução) e Correção Gramatical (seleção vocabu- Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para
 quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim,
 águas de Mamãe Oxum.
A tipologia textual a ser observada é a disserta-
tiva argumentativa. Ainda, deve manter a progres- Assinale a opção em que a palavra apresentada está
são e o texto deve ser coerente. corretamente grafada.
Ou seja, neste tipo de prova, vale a estrutu-
ra da dissertação-argumentativa, que detalhamos a) atravéz
anteriormente. b) obedescer
De posse de todas as informações passadas, agora, c) projeto
como dito no início do nosso estudo, a hora é de trei- d) meza
nar e treinar. e) sintonisar
Use uma folha com as linhas numeradas, cronome-
tre o tempo utilizado e aproveite algumas sugestões: 2. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Texto CG3A1-I

z Segurança Pública; No século 21, eu acredito que a missão da Organiza-


z Sociedade do medo e Indústria do medo; ção das Nações Unidas (ONU) será denida por uma
z Caminhos para combater os crimes de pedolia
consciência nova e mais profunda da santidade e da
na internet.
dignidade de cada vida humana, independentemente de
z Redução da maioridade penal;
raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso
z Lei Anticrime;
olhar para além da estrutura dos Estados, ou da simples
z Crise no Sistema Carcerário Brasileiro;
z Armas de Fogo; superfície de nações ou comunidades. Devemos enfo-
z Violência contra a mulher; car, como nunca, a melhoria das condições de vida de
z Violência no trânsito; homens e mulheres, individualmente, que dão ao Estado
ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Combate às drogas;
z Fake News e discurso de ódio;
z Riscos do aumento do consumo de álcool e de Neste novo século, devemos começar pela com-
outras drogas entre os jovens no Brasil; preensão de que a paz pertence não somente aos
z Covid-19 (obrigatoriedade da vacinação ou Estados ou povos, mas também a cada um e a todos
reexos da pandemia, por exemplo). os membros dessas comunidades. A soberania dos
Estados não mais deverá ser utilizada como um escu-
Dica do contra grandes violações aos direitos humanos. A
paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada indi-
Mantenha-se sempre atualizado com os temas víduo que dela necessite. Devemos buscá-la, acima
relevantes ocorridos nos últimos 4-6 meses, de tudo, pelo fato de ser a condição para que cada
tanto na área de segurança pública quanto em membro da família humana possa levar uma vida de
temas de interesse social. dignidade e segurança. 69
A lição do século passado nos fez entender que amea- 4. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Texto 1A1BBB
çar ou atropelar a dignidade do indivíduo — como
naqueles países onde o cidadão não desfruta do direi- Se, nos Estados Unidos da América, surgem mais e
to básico de escolher o seu governo, ou do direito de o mais casos de assédio sexual em ambientes pros-
escolher regularmente — resultou em conflitos, perdas sionais — como os que envolvem produtores e atores
de civis inocentes, vidas abreviadas e comunidades de cinema —, no Brasil, o número de processos desse
destruídas. tipo caiu 7,5% entre 2015 e 2016.

Com efeito, os obstáculos à democracia têm muito Até setembro de 2017, foram registradas 4.040 ações
pouco a ver com cultura ou religião, e muito mais judiciais sobre assédio sexual no trabalho, conside-
com o desejo daqueles que se encontram no poder e rando-se só a primeira instância.
querem manter sua posição a qualquer custo. Não se
trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte Os números mostram que o tema ainda é tabu por
especíca do mundo. As pessoas de todas as cultu- aqui, analisa o consultor Renato Santos, que atua
ras prezam por sua liberdade de escolha e sentem a auxiliando empresas a criarem canais de denúncia
necessidade de ter direito de voz nas decisões que anônima. “As pessoas não falam por medo de serem
afetam suas vidas. culpabilizadas ou até de represálias”.

No texto CG3A1-I, o sujeito elíptico das formas verbais Segundo Santos, os canais de denúncia para coibir
“levemos” e “Devemos” corresponde a corrupção nas corporações já recebem queixas de
assédio e ajudam a identicar eventuais predadores.
a) eu. Para ele, “oanonimato ajuda, já que as pessoas se sen-
b) você. tem mais protegidas para falar”.
c) eles.
d) nós. A lei só tipica o crime quando há chantagem de um
e) vós. superior sobre um subordinado para tentar obter van-
tagem sexual. Se um colega constrange o outro, em
3. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Texto 1A2-I tese, não há crime, embora tal comportamento possa
dar causa a reparação por dano moral.
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos
os seres humanos, independentemente de raça, sexo, No texto 1A1BBB, o trecho “4.040 ações judiciais
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer sobre assédio sexual no trabalho” tem a mesma fun-
outracondição. Os direitos humanos incluem o direito ção sintática de
à vida e à liberdade, o direito à liberdade de opinião e
de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre a) ‘por medo de serem culpabilizadas’ .
muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem b) “mais e mais casos de assédio sexual ”
discriminação. c) ‘mais protegidas para falar’
d) “chantagem de um superior sobre um subordinado”
O direito internacional relacionado aos direitos huma- e) “queixas de assédio”
nos estabelece obrigações para que os governos ajam
de determinadas maneiras ou se abstenham de certos 5. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Exatos 35 anos antes
atos, a m de promover e proteger os direitos huma- de o presidente Fernando Henrique Cardoso san-
nos e as liberdades de grupos ou indivíduos. cionar a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional (LDB), em 1996, João Goulart, então
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, um de recém-alçado à presidência do país sob o arranjo
seus objetivos fundamentais tem sido promover e do parlamentarismo, promulgou a primeira LDB
encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, brasileira. A assinatura de Goulart saiu estampada
conforme estipulado na Carta das Nações Unidas. no Diário Ocial da União em 21/12/1961, mais de
treze anos após a apresentação do primeiro projeto
Os direitos humanos são fundados no respeito pela da lei educacional ao parlamento brasileiro.
dignidade e no valor de cada pessoa. São universais, Nesse longo intervalo entre a apresentação do ante-
ou seja, são aplicados de forma igual e sem discrimi- projeto enviado à Câmara dos Deputados em outubro
nação a todas as pessoas. São inalienáveis — e nin- de 1948 pelo então ministro da Educação, Clemente
guém pode ser privado de seus direitos humanos —, Mariani, e sua aprovação, nove diferentes cidadãos
mas podem ser limitados em situações especícas: o sentaram-se na cadeira de presidente da República.
direito à liberdade pode ser restringido se, após o devi- A história dessa longa tramitação revela facetas e
do processo legal, uma pessoa for julgada culpada de tensões não só da educação nacional, mas do Brasil
um crime punível com privação de liberdade. como um todo.

No texto 1A2-I, o sujeito da locução “podem ser limita- No texto, o termo “a primeira LDB brasileira” exerce a
dos”, que está oculto, é indicado pelo termo função sintática de

a) “ninguém” . a) sujeito.
b) “seus direitos humanos” b) predicado.
c) “Os direitos humanos” c) objeto direto.
d) “todas as pessoas” d) objeto indireto.
e) “inalienáveis”. e) adjunto adverbial.
70
6. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Texto CG1A1-II Além de participar das ocinas, é preciso ter dedica-
ção. A pedagoga acrescenta que a maioria dos alunos
Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º é composta por adultos, que, diferentemente das crian-
13.709/2018), dados pessoais são informações que ças, têm maior capacidade de concentração ao estudar
podem identicar alguém. Dentro desse conceito, foi em casa. Apesar das exigências, o método de ensino
criada uma categoria chamada de “dado sensível”, que permite que o aluno organize seu próprio horário de
diz respeito a informações sobre origem racial ou étni- estudos e concilie a graduação com um emprego.
ca, convicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou
vida sexual. Registros como esses, a partir da vigên- No texto, a oração “ao estudar em casa” tem sentido
cia da lei, passam a ter nível maior de proteção, para equivalente ao da oração
evitar formas de discriminação. Todas as atividades
realizadas no país e todas as pessoas que estão no a) ao passo que estudam em casa.
Brasil estão sujeitas à lei. A norma vale para coletas b) ainda que estudem em casa.
operadas em outro país, desde que estejam relacio- c) quando estudam em casa.
nadas a bens ou serviços ofertados a brasileiros. Mas d) porque estudam em casa.
há exceções, como a obtenção de informações pelo e) por estudarem em casa.
Estado para a segurança pública.
8. (CEBRASPE-CESPE – 2018) A história é uma discipli-
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar na denida por sua capacidade de lembrar. Poucos
a nalidade da coleta. Se o usuário aceitar repassar se lembram, porém, de como ela é capaz de esque-
suas informações, o que pode acontecer, por exem- cer. Há também(b) quem caracterize a história como
plo, quando ele concorda com termos e condições de uma ciência da mudança no tempo, e quase ninguém
um aplicativo, as companhias passam a ter o direito aponta sua genuína capacidade de reiteração.
de tratar os dados (respeitada a nalidade especíca), A história brasileira não escapa dessas ambiguidades
desde que em conformidade com a legislação. A lei fundamentais: ela é feita do encadeamento de eventos
prevê uma série de obrigações, como a garantia da que se acumulam e evocam alterações substanciais,
segurança das informações e a noticação do titular mas também anda repleta de lacunas, invisibilidades
em caso de um incidente de segurança. A norma per- e esquecimentos. Além disso, se ao longo do tem-
mite a reutilização dos dados por empresas ou órgãos po(c) se destacam as alterações cumulativas de fatos
públicos, em caso de “legítimo interesse”. e ocorrências, não é difícil notar, também, a presença
de problemas estruturais que permanecem como que
Por outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. inalterados e assim se repetem, vergonhosamente, na
Ele pode, por exemplo, solicitar à empresa os dados nossa história nacional.
que ela tem sobre ele, a quem foram repassados Nessa lista(d) seria possível mencionar os racismos,
(em situações como a de reutilização por “legítimo o feminicídio, a corrupção, a homofobia e o patrimo-
interesse”) e para qual nalidade. Caso os registros nialismo. Mas destaco aqui um tema que, de alguma
estejam incorretos, ele poderá cobrar a correção. Em maneira, dá conta de todos os demais: a nossa tre-
determinados casos, o titular terá o direito de se opor menda e contínua desigualdade social.
a um tratamento. A lei também prevê a revisão de deci- Desigualdade não é uma contingência nem um aci-
sões automatizadas tomadas com base no tratamen- dente qualquer, tampouco uma decorrência natural e
to de dados, como as notas de crédito ou os pers de mutável de um processo(e) que não nos diz respeito. Ela
consumo. é consequência de nossas escolhas — sociais, educa-
cionais, políticas, culturais e institucionais —, que têm
No período em que se insere no texto CG1A1-II, a oração resultado em uma clara e crescente concentração dos
“Ao coletar um dado” exprime uma circunstância de benefícios públicos nas mãos de poucos. (...) Quando
se trata de enfrentar a desigualdade, não há saída fácil
a) causa. ou receita de bolo. Prero apostar nos alertas(a) que
b) modo. nós mesmos somos capazes de identicar.
c) nalidade. A correção gramatical e os sentidos do texto seriam
d) explicação. mantidos caso se inserisse uma vírgula logo após
e) tempo.
a) “alertas”.
7. (CEBRASPE-CESPE – 2018) O desenvolvimento de b) “também”.
salas de aula virtuais avança a passos largos, e a c) “tempo”.
interatividade é o ponto-chave das pesquisas na d) “lista”.
área. A criação de programas de computador vol- e) “processo”.
LÍNGUA PORTUGUESA

tados para a educação a distância facilita o surgi-


mento de novos cursos, mas é preciso preparar os 9. (CEBRASPE-CESPE – 2018)
alunos para o uso das tecnologias.
O medo do esquecimento obcecou as sociedades
De acordo com Claudete Paganucci, pedagoga, a europeias da primeira fase da modernidade. Para
integração da equipe responsável por administrar os dominar sua inquietação, elas xaram, por meio
cursos é crucial para o sucesso da educação a dis- da escrita, os traços do passado, a lembrança dos
tância. “Tanto professores quanto alunos precisam mortos ou a glória dos vivos e todos os textos que
de ocinas de capacitação para que o acesso às não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira,
novas tecnologias seja um facilitador do ensino e não o tecido, o pergaminho e o papel forneceram os
gere frustração na hora de aprender ou ensinar”, ela suportes nos quais podia ser inscrita a memória
esclarece. dos tempos e dos homens.
71
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca,
na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais
ANOTAÇÕES
simples, a escrita teve como missão(d) conjurar contra
a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escri-
tas podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser
perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de
destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu
sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma
incontrolável proliferação textual de um discurso sem
ordem nem limites.

O excesso de escrita, que multiplica os textos inú-


teis(e) e abafa o pensamento sob o acúmulo de
discursos, foi considerado um perigo tão grande(a)
quanto seu contrário. Embora fosse temido, o apa-
gamento era necessário, assim como(b) o esqueci-
mento também o é para a memória. Nem todos os
escritos foram destinados a se tornar arquivos(c) cuja
proteção os defenderia da imprevisibilidade da histó-
ria. Alguns foram traçados sobre suportes que per-
mitiam escrever, apagar e depois escrever de novo.

Seria mantida a correção gramatical do texto,


embora com alteração do sentido original, caso se
inserisse uma vírgula logo após a palavra

a) “grande”.
b) “como”.
c) “arquivos”.
d) “missão”.
e) “inúteis”.

10. (CEBRASPE-CESPE – 2020)

Assinale a opção que apresenta a frase correta do


ponto de vista gramatical e ortográco.

a) Há pessoas no mundo que precisa usar óculos para


enxergar o amor-próprio.
b) Há pessoas no mundo que precisam usar óculos para
enxergar o amor-próprio.
c) Há pessoas no mundo que precisam usar óculos para
enchergar o amor-próprio.
d) Hão pessoas no mundo que precisam usar óculos
para enxergar o amor-próprio.
e) Há pessoas no mundo que precizam usar óculos para
enxergar o amor-próprio.

9 GABARITO

1 C
2 D

3 C

4 B
5 C
6 E

7 C
8 D

9 C
10 B
72
Usando o lembrete dado:

 
Escolher o meio de transporte para ida e para a
volta.
MATEMÁTICA E 2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
        -
RACIOCÍNIO LÓGICO bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4

avião).
3. Multiplicar.
4 · 4 = 16 maneiras.
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
PROBABILIDADE E se o problema dissesse que você não pode vol-
tar no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria
Para estudarmos probabilidade é necessária uma a resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas
boa compreensão sobre noções básicas de contagem, mudará a quantidade de possibilidades de escolhas
- para voltar. Veja:
Resolução:
damental da Contagem e é disso que vamos falar agora.
Usando o lembrete:
Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
  
Escolher o meio de transporte para ida e para a
Fatorial de um Número Natural volta.
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-  
tões. Veja sua representação simbólica: carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi-
 bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo
Sendo “n” um número natural, observe como meio de transporte).
desenvolver o fatorial de n: 3. Multiplicar.
n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2 4 · 3 = 12 maneiras.
1! = 1
0! = 1 Permutação Simples
Exemplos:
Imagine que temos 5 livros diferentes para serem
3! = 3 · 2 · 1= 6
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é
4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
tação simples, devemos encarar de um modo geral
Agora, veja esse outro exemplo:
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro)
6!
Calcular 4! que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher
Resolução: um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro)
6! = 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30 que ocupará o último lugar. Então, temos:
4! 4·3·2·1
Modos de ordenar: n · (n-1) · ... 1 = n!
Poderíamos também resolver abrindo o 6! até 4! e Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
 maneiras de ordenar os livros na estante.
Agora, observe um outro exemplo:
6! 6·5·4! = 6 · 5 = 30 Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
=
4! 4! Resolução:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das


Princípio Fundamental da Contagem letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U.

Podemos, também, encontrar como princípio mul-


tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai CAJU CUJA ACJU AUJC
ser bem simples para resolvermos problemas sobre o
CAUJ CJUA ACUJ ...
tema, observe o lembrete:
CUAJ CJAU AUCJ ...
 
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
Desta maneira, o número de anagramas é 4! =
3. Multiplicar.
4·3·2·1 = 24 anagramas.
      -
taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de
Dica
 ANAGRAMA é a ordenação de maneira distin-
maneiras posso escolher os transportes? ta das letras que compõem uma determinada
Resolução: palavra. 73
Permutação com Repetição em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada
Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O pela multiplicação abaixo:
problema é causado por conta da repetição de letras 
na palavra ARARA. Veja que temos 3 letras A e 2 letras 3 = 60
R. De maneira tradicional, faríamos 5! (número de O exemplo acima é um caso típico de ARRANJO
letras na palavra), mas é preciso que descontemos as SIMPLES. Sua fórmula é dada abaixo:
letras repetidas. Assim, devemos dividir pelo número
de letras fatorial, ou seja, 3! e 2!. n!
A(n, p) =
(n - p) !
5! = 5·4·3! 5·4
3!·2! 3!·2·1 = 2 = 10 Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA. a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade
da outra.
Dica Observe a resolução do nosso exemplo usando a
fórmula:
Na permutação com repetição devemos descon-
tar os anagramas iguais, por isso dividimos pelo 5! 5!
fatorial do número de letras repetidas. A(5, 3) = = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1

Permutação com Repetição Uma outra informação muito importante é que nos
problemas envolvendo ARRANJO SIMPLES a ordem
Vamos imaginar que temos uma mesa circular com dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as
distintas. Observe as duas disposições abaixo das pes- 5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme-
soas A, B, C, D, e E ao redor da mesa: ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça:

A E
CADEIRA 1ª 2ª 3ª

A OCUPANTE Ana Bianca Clara


B D
E
MESA MESA        
nessa disposição.

D C C B
CADEIRA 1ª 2ª 3ª
OCUPANTE Clara Bianca Ana
Diante do conceito de permutação, essas duas
disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a
direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou
Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma
Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar
à mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalen- simples mudança na posição da ordem gera uma nova
tes. Isto porque não existe uma referência espacial possibilidade de posicionamento.
-
lizar a fórmula da permutação circular de n pessoas, Combinação
que é:
Para entendermos esse tema, vamos imaginar
Pc (n) = (n-1)! que queremos fazer uma salada de frutas e precisa-
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã,
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã,
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será: banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 para colocar em um outro prato.
Você percebeu que a ordem aqui não importou?
Arranjo Simples É exatamente isso, a ordem não importa e estamos
diante de um problema de Combinação. Será preciso
Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes- calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos-
soas nas cadeiras de uma praça, mas temos apenas 3 sível formar.
cadeiras à disposição. De quantas formas poderíamos Para resolvermos é necessário usar a fórmula:
fazer isso?
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí- n!
C(n, p) =
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei- (n - p) !p!
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi
Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
temos:
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
4!
74 restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas C(4, 3) =
-
(4 3) !3!
4·3·2·1 Dica
C(4, 3) =
1·3·2·1
Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
C(4, 3) = 4 Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
100%.
No arranjo a ordem importa.
Na combinação a ordem não importa. Eventos Independentes

PROBABILIDADE Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-


tos consecutivos do dado, obtermos um resultado
Conceito ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe-
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança-
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- mento e o segundo lançamento do dado. O resultado
ca que cria modelos que são utilizados para estudar -
experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ- do do segundo.
Quando temos experimentos independentes, a
são do resultado de determinado experimento.
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
um resultado favorável no outro é feito pela multipli-
Espaço Amostral e Evento cação das probabilidades de cada experimento:

Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2)


os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo Em nosso exemplo, teríamos:
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
conjunto dos resultados possíveis de um determinado
experimento aleatório (não se pode prever o resul- Assim, a chance de obter dois resultados ímpares
tado que será obtido, apenas podemos tentar achar em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%.
algum padrão). Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de
Agora pense que você só tem interesse nos núme- dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
ros ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa- pela multiplicação da probabilidade de cada um deles:
ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe- P (A e B) = P(A) x P(B)
cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
la para calcular a probabilidade de um evento de um Sendo mais formal, também é possível escrever
determinado experimento aleatório, é o que podemos P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção
chamar de probabilidade de um evento qualquer. entre os eventos A e B.

PROBABILIDADE CONDICIONAL
Dica
Espaço amostral é igual a todas as possibilida- Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
des possíveis e o evento é um subconjunto do recorrente em questões de concursos. Imagine que
vamos lançar um dado e estamos analisando 2 even-
espaço amostral.
tos distintos:
A – sair um resultado ímpar
PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER B – sair um número inferior a 4
Para o evento A ser atendido, os resultados favo-
n (evento) ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os
Probabilidade do Evento = resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi-
n (espaço amostral) damente a probabilidade de cada um desses eventos:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele- 3 1


P(A) = = 0,5 = 50%
mentos do subconjunto Evento, isto é, o número 6 2
de resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o
3 1
número total de resultados possíveis no experimento P(B) = = 0,5 = 50%
6 2
aleatório.
Por isso, costumamos dizer também que: E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um
número de resultados favoráveis
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per-
Probabilidade do Evento =
números total de resultados
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre-
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”.
Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme-
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por-
ros ímpares que nos interessam, temos:
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
n(Evento) = 3 possibilidades
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas
n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
Logo,
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
3 1
Probabilidade do Evento = = = 0,50 = 50% reu, é simplesmente: 75
6 2
2 PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS
P (A\B) = = 66,6% EVENTOS
3
Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A
te divisão:
probabilidade de A ∩ B é dada por:
P (A k B)
P (A\B) = P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B)
P (B)
A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor- Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de
rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba- ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A
bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a (probabilidade condicional).
probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram Se a ocorrência do evento A não interferir na pro-
simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4), te- babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde-
mos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3. Isto pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade
é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo, P (A∩B) da intersecção será dada por:
= 2 = 1.
6 3 P (A ∩ B) = P (A) · P (B)
Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
3 1 Imagine que você vai lançar dois dados sucessi-
que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2 vamente. Qual a probabilidade de sair um número
Usando a fórmula acima, temos:
ímpar e o número 5?
1 O “e” que aparece na pergunta é que determina a
P (A + B) 1 2 2 utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a
P (A\B) = = 3 = = =66,6%
P (B) 1 3 · 1 3 probabilidade de sair um número ímpar e o número
2 5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois
eventos independentes.
Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5}
quando queremos a probabilidade de ocorrer o even- Evento B: sair o número 5 = {5}
to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula: Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Logo,
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
P(A) = 3 = 1
A fórmula pode ser traduzida como “a proba- 6 2
bilidade da união de dois eventos é igual a soma das 1
probabilidades de ocorrência de cada um dos eventos, P(B) =
6
subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois 1 1 1
eventos simultaneamente”. P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
2 6 12
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
(A) + P (B).
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas RAZÕES E PROPORÇÕES
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti- A razão entre duas grandezas é igual a divisão
plo de 3 ou de 5? entre elas, veja:
Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen- 2
do assim, podemos extrair os dados para aplicar na 5
fórmula:
P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
para 5”).
6
P(A) = Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
20
P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades 2 4
4 =
3 6
P(B) = 20
P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
de 3 e 5 Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (lê-se “2
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo está para 3 assim como 4 está para 6”).
tempo. Os problemas mais comuns que envolvem razão
1 e proporção é quando se aplica uma “variável” qual-
P(A ∩ B) =
20 quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o
Aplicando na fórmula, temos:
valor dela. Veja o exemplo:
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
2 = x
6 4 - 1 6+ 4 - 1 9 ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
76 P (A ∪ B) = + = = 3 6
20 20 20 20 20
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
- Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ção: “produto dos meios pelos extremos”. ber R$4.000.
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6 z Somas Internas
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: a c a +b c +d
= = =
b d b d
3·X=2.6
3X = 12
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X = 12/3
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
X=4
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- proporção.
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
priedade fundamental. Porém, algumas questões a c a +b c +d
= = =
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser b d a c
útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
Vamos a elas. Vejamos um exemplo:

Propriedade das Proporções x 2


=
-
14 x 5
z Somas Externas
x + 14 - x 2+ 5
a c a +c =
= = x 2
b d b+d
14 7
=
Vamos entender um pouco melhor resolvendo x 2
uma questão:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- 7 . x = 2 · 14
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- 14 · 2
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos x= =4
7
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
fábrica. Quanto cada um vai receber?
Portanto, encontramos que x = 4.
Resolução:
Observação: vale lembrar que essa propriedade
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que também serve para subtrações internas.
Diego vai receber, temos:
z Soma com Produto por Escalar:
C D
= a c a + 2b c + 2d
3 2 = = =
b d b d
Utilizando a propriedade das somas externas:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
C D C +D Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
=
3 2 = 3 +2 proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
Resolução:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

então podemos substituir na proporção:


Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
C D C +D 10.000 o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
= = = 2.000
3 2 3+ 2 = 5 temos:
A B
=
Aqui cabe uma observação importante! 2 3
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
partes dentro da proporção. Veja: funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
C
= 2.000
3 2A + 3B = 13.000
C = 2000 x 3
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos) Agora multiplicando em cima e embaixo de um
lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
D
= 2.000
2
2A 3B
=
D = 2.000 x 2 4 9 77
Aplicando a propriedade das somas externas, A menor dessas partes é aquela que é proporcional
podemos escrever o seguinte: a 4, logo:

2A 3B 2A + 3B X
= = = 60.000
4 9 4+ 9 4
X = 60.000 x 4
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- X = 240.000
porção, temos:
 Inversamente proporcional
2A 3B 2A + 3B
= = = 13.000 = 1.000
4 9 4+ 9 13 É um tipo de questão menos recorrente, mas não
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
Logo,
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
quinhão inversamente proporcional a três números.
2A
= 1.000 Vejamos um exemplo:
4
2A = 4 x 1.000 Exemplo:
2A = 4.000 Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
A = 2.000 inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
 tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
3B
= 1.000 total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
9
3B = 9 x 1.000 cálculo, veja:
3B = 9.000
B = 3.000 X X X
+ + = 740.000
4 5 6
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
 Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
 tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
O total pago pela empresa será: mos a fração.
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
Agora vamos estudar um tipo de problema que 4–5–6|2
aparece frequentemente em provas de concursos 2–5–3|2
envolvendo razão e proporção. 1–5–3|3
1–5–1|5
z Regra da Sociedade 1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60

 Diretamente proporcional Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e


multiplicando o resultado pelo numerador temos:
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
va é “dividir uma determinada quantia em partes 15x 12x 10x
= 740.000
+ +
proporcionais a determinados números. Vejamos um 60 60 60
exemplo para entendermos melhor como esse assun-
to é cobrado: 37x
= 740.000
Exemplo: 60
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor X = 1.200.000
dessas partes corresponde a:
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- Agora basta substituir o valor de X nas razões para
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X achar cada parte da divisão inversa.
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de x 1.200.000
= = 300.000
razão. Veja: 4 4

x 1.200.000
X Y Z = = 240.000
= = = constante de proporcionalidade. 5 5
4 5 6
x 1.200.000
= = 200.000
Usando uma das propriedades da proporção, 6 6
somas externas, temos:
Logo, as partes dividas inversamente proporcio-
X+ Y+ Z 900.000 nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
= 60.000
78 4 +5 +6 15 240K e 200K.
12 m -------- 2 160 (tijolos)
REGRAS DE TRÊS SIMPLES E
COMPOSTA 30 m -------- X (tijolos)
12 · X = 30 . 2160
Regra de Três Simples 12X = 64800
X = 5400 tijolos
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
grandezas. São elas: Assim, comprovamos que realmente são necessá-
rios mais tijolos.
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se dese- Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12
ja calcular a partir da grandeza explicativa; dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi-
z Grandeza Explicativa ou Independente é aque- derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30
la utilizada para calcular a variação da grandeza professores para corrigir as provas?
dependente. Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
montar a relação e analisar:
Existem dois tipos principais de proporcionalida-
des que aparecem frequentemente em provas de con- 5 (prof.) --------- 12 (dias)
cursos públicos. Veja abaixo: 30 (prof.) -------- X (dias)

z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumento Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
de uma grandeza implica o aumento da outra; aumento (+), mas como agora estamos com uma equi-
z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen- pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
to de uma grandeza implica a redução da outra; Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des-
sa forma, as grandezas são inversamente proporcio-
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal.
Vamos esquematizar para sabermos quando será
Observe:
direta ou inversamente proporcional:
5 (prof.) 12 (dias)
DIRETAMENTE + / + OU - / - 30 (prof.) X (dias)
PROPORCIONAL
30 . X = 5 . 12
30X = 60
Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas X=2
(sinais iguais)
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
para corrigir as provas.
PROPORCIONAL + / - OU - / +
Regra de Três Composta

Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui (sinais diferentes)


A Regra de Três Composta envolve mais de duas
variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos mente ou inversamente proporcionais devem ser feitas
resolver os diversos problemas: cautelosamente levando-se em conta alguns princípios:

DIRETAMENTE MULTIPLICA CRUZADO z As análises devem sempre partir da variável


PROPORCIONAL dependente em relação as outras variáveis;
z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
INVERSAMENTE MULTIPLICA NA HORIZONTAL seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
PROPORCIONAL
mantendo as demais constantes.
z        
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

 lados da proporção.


mais como isso tudo funciona.
Exemplo 1: Um muro de 12 metros foi construí- Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
do utilizando 2 160 tijolos. Caso queira construir um como isso tudo funciona.
muro de 30 metros nas mesmas condições do ante- Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem 1000
rior, quantos tijolos serão necessários? 
Primeiro vamos montar a relação entre as gran- 
 Da mesma forma que na regra de três simples,
proporcional. vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
12 m -------- 2 160 (tijolos) cada uma delas isoladamente duas a duas.
30 m -------- X (tijolos)
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumen- 6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
to (+) e que para fazermos um muro maior vamos
precisar de mais tijolos, ou seja, também deverá ser Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
aumentado (+). Logo, as grandezas são diretamente parte dependente de um lado e igualando às razões da
proporcionais e vamos resolver multiplicando cruza- seguinte forma: se for direta vamos manter a razão,
do. Observe: agora se for inversa vamos inverter a razão. 79
Observe: 6
=
30 # ?
X 45 ?
40 ? #?
=
X ? ? Analisando isoladamente duas a duas:

Analisando isoladamente duas a duas: 6 (pág.) -------- 80 (letras)


6 (imp.) -------- 40 (min) X (pág.) ------- 40 (letras)
3 (imp.) ---- ---- X (min)
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui
Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras ( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo,
o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ), as grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos 6 30 # 40
=
inverter a razão. X 45 80
6 2 #1
40 3 #? =
= X 3 2
X 6 ?
6 2
=
Analisando isoladamente duas a duas: X 6

1000 (panf.) -------- 40 (min) 2X = 36


2000 (panf.) ------ -- X (min)
X = 18
       -
tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá O número de páginas a serem ocupadas pelo texto
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve- respeitando as novas condições é igual a 18.
mos manter a razão.

40 3 # 1000
=
X 6 2000 PORCENTAGEM
Agora basta resolver a proporção para acharmos A porcentagem é uma medida de razão com base
o valor de X. 100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
40 3000
= 12000 como podemos representar um número porcentual.
X
3X = 40 x 12 30
3X = 480 30% = (forma de fração)
100
X = 160
30
 30% = = 0,3 (forma decimal)
100
160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40 minutos.
     
30 3
vamos analisar mais um exemplo. 30% = = 
100 10
Exemplo 2: Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme- Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
ro de linhas por página e para 40 o número de letras várias maneiras:
(ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
ções, determine o número de páginas ocupadas. 30 3
30% = = 0,3 =
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante- 100 10
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
Também é possível fazer a conversão inversa, isto
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras) é, transformar um número qualquer em porcentual.
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras) Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:
6 ? # ?
= 25 x 100 = 2500%
X ? ?
0,35 x 100 = 35%
Analisando isoladamente duas a duas: 0,586 x 100 = 58,6%

6 (pág.) -------- 45 (linhas) Número Relativo


X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
diminui ( - ) e que o número de páginas irá aumentar ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
( + ). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-       
80 ter a razão. isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
10% de 1000 =
10 x 1000 = 100       
100 melhor.
Exemplo 2:
Dessa maneira, 1000 é o todo, enquanto que 100 é Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
a parte que corresponde a 10% de 1000.
         
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
Dica caído 20%?
A variação percentual de uma grandeza corres-
Quando o todo varia, a Porcentagem também ponde ao índice:
varia!
Final - Inicial 180 - 200
Variação percentual = = =
Inicial 200
Veja um exemplo:
- 20
– = - 0,10
ra. Sabendo que o curso que ele comprou possui um 200
total de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assisti-
      
das por Roberto? que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. 

2 1
=
8 4
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES DE 1º E DE
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, 2º GRAUS
vamos multiplicar a fração por 100:
Conceito
1 x 100 = 25%
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
4
mais variáveis – geralmente são as letras do nosso
alfabeto - denominadas por incógnitas, são desconhe-
Soma e Subtração de Porcentagem cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor
dessa incógnita.
As operações de soma e subtração de porcentagem
Resolução e discussão
são as mais comuns. É o que acontece quando se diz
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe- z Equação do Primeiro Grau
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou A forma geral de uma equação do primeiro grau
é: ax + b = 0.
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli-

car pelo valor da grandeza. chamado de termo independente.
Exemplo 1: Para resolver uma equação do 1° grau, devemos
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula. isolar todas as partes que possuem incógnitas de um
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou dos lados do sinal de igual e do outro os termos inde-
pendentes. Veja um exemplo:
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
 10x = 5x + 20
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total (vamos achar o valor de “x”)


de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
10x – 5x = 20
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + (passamos o “5x” para o outro lado do igual com o
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total sinal trocado)
de horas-aula do curso será:
5x = 20
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula
-
te “5” dividindo)
Dica
x = 4.
A avaliação do crescimento ou da redução per-
centual deve ser feita sempre em relação ao O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
valor inicial da grandeza. grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
-
Variação percentual = Final Inicial 
Inicial igual a zero em ambos os lados. Observe: 81
Para x = 4
10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 . 4 + 20
40 = 40 4 + x
40 – 40 = 0

z Inequação do Primeiro Grau –


Nas inequações temos pelo menos um valor desco-
nhecido (incógnita) e sempre uma desigualdade. Nas
       -
inequações usamos os símbolos:
vos) são os valores de x < 4.

> maior que


z Equação do Segundo Grau
< menor que
≥ maior que ou igual Equações do segundo grau são equações das quais
≤ menor que ou igual o maior expoente de x é igual a 2.
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
Podemos representar pelas formas a seguir: 

ax + b > 0  
ax + b < 0  
ax + b ≥ 0  
ax + b ≤ 0
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto
Sendo a e b números reais e a ≠ 0 é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
Veja um exemplo abaixo: verdadeira.
Resolva a inequação 5x + 20 < 40
Cálculo das raízes da equação
5x + 20 < 40
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
5x < 40 – 20
         
5x < 20
colocá-los na seguinte expressão:
x < 20 / 5
x < 4. 2
-b ! b - 4ac
x=
Podemos resolver uma inequação de uma outra 2a
 Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
 que permitirá obtermos dois valores para as raízes,
- um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor
dade em uma sentença verdadeira. utilizando o sinal negativo (-).
Siga os passos: Vamos aplicar em um exemplo:
Resolva a inequação 5x + 20 < 40 Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.

1º) Coloque todos os termos da inequação em um mes-
mo lado. a=1
b = -3
5x + 20 - 40 < 0 c=2
5x -20 < 0
Substituindo na fórmula:
2º) Substitua o sinal da desigualdade pelo da igualdade.
2
-b ! b - 4ac
x=
5x -20 = 0 2a

3º) Resolva a equação, ou seja, encontre sua raiz. -(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2


x=
5x -20 = 0 2×1
5x = 20
x = 20 / 5
x=4 3! 9-8
x=
2

x= 3!1
valores de x que representam a solução da inequa- 2
         
3 +1
82 reta. x1 = =2
2
3- 1 Vamos aplicar no nosso exemplo:
x2 = =1
2 Isolando “x” na primeira equação
x = 10 – y
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
Na fórmula de Báskara, podemos usar um discrimi- 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
 40 – 4y – y = 5
-5y = 5 – 40
2 - 4ac -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara: y=7
Logo, voltando na primeira equação acharemos o
-b ! valor de “x”
D
x= x = 10 – y
2a x = 10 – 7
O discriminante fornece importantes informações x=3
Assim, x = 3 e y = 7.
de uma equação do 2° grau:

→ A equação possui duas raízes reais e Dica


distintas Método da substituição
→ A equação possui duas raízes reais e 1 - Isolar uma das variáveis em uma das equações;
idênticas 2 - Substituir esta variável na outra equação pela
→ A equação não possui raízes reais
expressão achada no item anterior.
Soma e produto das raízes
Há um outro método para resolver um sistema
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou
Basta saber que, em uma equação ax + bx + c = 0:
2
soma) de equações. Veja:

z a soma das raízes é dada por –𝑏/a 1. Multiplicar uma das equações por um número que
z o produto das raízes é dado por 𝑐 / a seja mais conveniente para eliminar uma variável.
 
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0. com uma variável.
Soma: –𝑏/a = -(-3) / 1 = 3
Produto: 𝑐/a = 2 / 1 = 2 Veja o exemplo abaixo:
Quais são os dois números que somados resulta
“3” e multiplicados “2”?
*
x + y = 10
Soma: 3 = (2 + 1)
Produto 2 = (2 ×1) 4x - y = 5
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
te igual como achamos usando a fórmula de Báskara. Nesse exemplo não vamos precisar fazer uma mul-
tiplicação, pois já temos a condição necessária para
SISTEMA DE EQUAÇÕES eliminarmos o “y” da equação. Então devemos fazer
apenas a soma das equações. Veja:
Conceito. Resolução, discussão e representação

*
geométrica. Situações - problema envolvendo x + y = 10
sistemas de equações.
4x - y = 5
Sistemas de equações de primeiro grau (sistemas 5x = 15
lineares) x=3
Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x Substituindo o valor de “x” na primeira equação
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

+ y = 10. achamos o valor de “y”:


        
que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5, 15 x + y = 10
e -10, etc. Por esse motivo que se faz necessário obter 3 + y = 10
mais uma equação envolvendo as duas incógnitas y = 10 – 3
para se poder chegar nos seus valores exatos. Veja o y=7
exemplo abaixo:
Veja um outro exemplo que vamos precisar
*
x + y = 10 multiplicar:
4x - y = 5
*
x + y = 10
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
do o método da substituição. Este método é muito sim- x - 2y = 4
ples e consiste basicamente em duas etapas:
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos:
1. Isolar uma das variáveis em uma das equações;
(
- x - y = - 10
2. Substituir esta variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior. x - 2y = 4 83
 Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10.

(
- x - y = - 10 Caso os números estejam diminuindo, você pode
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
x - 2y = 4
entre os termos.
-3y = -6 Agora, observe esta outra sequência:
y = -6 / -3
y= 2 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...

Substituindo o valor de “y” na primeira equação Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
achamos o valor de “x”: a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
x + y = 10 cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
x + 2 = 10 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon-
x = 10 – 2 trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência!
x=8 Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
aqueles números que só podem ser divididos por eles
Sistemas de equações do 2º grau mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo
seria o 17 e não o 15. A propósito, os próximos núme-
Vamos usar o mesmo método principal para resol- ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili-
zamos lá no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
Método da Substituição. Veja um exemplo:
É bem comum aparecem questões que envolvem
(
x + y =3
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
2 2
x - y = -3 Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
te exemplo:
Isolando x na primeira equação, temos que x =
3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação, 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
temos que:
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
(3 – y)2 – y2 = -3 dizer que temos uma sequência que, de um número
9 – 6y + y – y2 = -3 para outro, devemos somar 2 unidades e também
y=2 podemos notar que temos uma sequência que, de um
Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1 número para o outro, basta somar 5 unidades. Elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes-
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com- PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da
GEOMÉTRICAS
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques-
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você
PROGRESSÃO ARITMÉTICA
será apresentado a um conjunto de dados dispostos
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
Uma progressão aritmética é aquela em que os
       
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
tante, normalmente representada pela letra r.
daquela mesma sequência.
Veja o exemplo abaixo: Termo inicial: valor do primeiro número que
compõe a sequência;
2, 4, 6, 8,... Razão: regra que permite, a partir de um termo,
obter o seguinte.
A primeira pergunta que podemos fazer para Observe o exemplo abaixo:
achar a lei de formação é: os números estão aumen-
tando ou diminuindo? {1,3,5,7,9,11,13, ...}
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos. Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces-
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
primeiro termo para o segundo, somamos o número são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
dois e depois repetimos isso. termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
2+2=4 gressões aritméticas, é importante você saber obter o
4+2=6 termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
84 6+2=8 a seguir.
Termo geral da PA PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
crescente. Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer decrescente. Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
outro termo. Temos a seguinte fórmula: PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
iguais. Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
an = a1 + (n-1)r

Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o


Dica
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é PA crescente: se r > 0;
a posição do termo na PA. PA decrescente: se r < 0;
Usando o nosso exemplo anterior, vamos descobrir PA constante: se r = 0.
o termo de posição 10, tendo, como base, a sequência:
{1,3,5,7,9,11, 13, ...} Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
é, a10;
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; PA (a1, a2, a3) à a2 = (a1 + a3)/2
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; PA (2, 4, 6) à 4 = (2+6)/2 à 4 = 4
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
10: n = 10
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Logo,
Observe a sequência abaixo:
an = a1 + (n-1)r
{2, 4, 8, 16, 32...}
a10 = 1 + (10-1)2
a10 = 1 + 2x9
a10 = 1 + 18 Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
a10 = 19 Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
 mo número, o que chamamos de razão da progressão
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
posição 200 é: No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
an = a1 + (n-1)r PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
a200 = 1 + (200-1)2 e a soma dos termos.
a200 = 1 + 2x199 Termo geral da PG
a200 = 1 + 198
a200 = 199 A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA primeiro termo (a1) e da razão (q):

A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos an = a1 × qn-1


“n” primeiros termos de uma progressão aritmética:
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
n # (a1 + an)
Sn = ser encontrado assim:
2

Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- {2, 4, 8, 16, 32...}


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo a5 = 2 × 25-1


que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}. a 5 = 2 × 24
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- a5 = 2 × 16
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o a5 = 32
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
temos: Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG

n # (a1 + an) A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”


Sn =
2 primeiros termos da progressão geométrica:
7 # (1 + 13) n
S7 = a1 # (q - 1)
2 Sn =
q- 1
7 # 14
S7 =
2 Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
98
S7 = = 49 16, 32...}
2
4
2 # ( 2 - 1)
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser: S4 = 85
2 -1
2 # (16 - 1) Para toda distância percorrida nesta tabela, existe
S4 = 1 um único correspondente de valor pago por corrida.
2 # 15 Um matemático diria que o valor pago na corrida de
S4 =
1 taxi está em função da distância percorrida. Se cha-
S4 = 30 marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se
escrever então a fórmula que represente essa função:
Soma dos innitos termos de uma progressão VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as
geométrica variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia-
ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da
Suponha que você corra 1000 metros, depois, função permite escrever a sua correspondente Tabe-
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros la, bastando substituir os valores D e obter seus res-
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você pectivos VP
correu anteriormente. Quanto você correrá no total? fórmula (cinco) seria o valor da bandeira.
Observe que o que temos é exatamente uma progres- Denição: Uma relação 𝑓 de um conjunto A em
 um conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é
 denotado por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte pro-
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto priedade: ⩝ único
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- 𝑓.
tanto, substituindo, teremos: 𝑓 e g
não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A
a1 # (0 - 1) tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se
S∞ =
q-1 tem todo elemento de A com um único respectivo em
a1 B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para
S∞ = todo elemento de A existe um único respectivo em B,
q- 1
Dica
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
{a1, a2, a3} à (a2)2 = a1 × a3
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
82 = 4 × 16
64 = 64.

FUNÇÕES E GRÁFICOS
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

O conceito de função é um dos mais importantes


em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
depende da quantidade de energia consumida? Ou
-
das de sorvete? E assim, o seu estudo se torna apro-
priado para que sua aplicação ajude na resolução de
problemas.
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo
de associação entre eles, que faça corresponder a todo
elemento do primeiro conjunto um único elemento
do segundo, ocorre uma função, ou dizemos que um
está em função do outro. Podemos representar uma
função de duas maneiras, tabela ou fórmula. A seguir,
segue uma tabela que relaciona dois conjuntos, dis-
tância percorrida e valor pago em uma corrida de
As imagens correspondem ao diagrama de Venn para relações: 𝑓, g
táxi: e h, entre dois conjuntos A e B.

DISTÂNCIA PERCORRIDA Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que


10 15 20 25
(KM) expressa todos os elementos da relação, assim, para
representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55
86 lei de formação, tem-se:
𝑓𝑓 (x)} ou
𝑓: A → B
x ↦ 𝑓(x)

Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-


ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:

𝑓
𝑓: A → B
x ↦ 2x

Domínio, Contra Domínio e Imagem da função

O domínio (D) de uma função é sempre o próprio


conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os
possíveis elementos do conjunto A (D=A Diagrama A e B, em relação ao domínio (D), contra domínio (CD) e
imagem (Im).
são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O
contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for-
Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras
mado por todos os elementos do conjunto B e são for-
mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y) As Funções Injetoras são funções tais que os dis-
podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos tintos elementos do domínio se relacionam com dis-
os elementos do contra domínio que se relacionam tintos elementos da imagem, ou seja, dois elementos
com algum elemento do domínio. Assim, quando todo do domínio não podem ter a mesma imagem
            5a). Uma função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora,
dizemos que y é a imagem de x, e denotamos por y = visto que para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓 (x2).
𝑓(x).
Seja uma função 𝑓:  →     
         𝑓(x)
= x + 2. Seu conjunto imagem é formado por meio da
substituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, perten-
𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1)
= 1 + 2 = 3, e assim sucessivamente, de modo geral, a
Im( 𝑓) = x + 2.

Importante!
Se tivermos um elemento do conjunto de parti-
da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.

O domínio
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para


a função abaixo qual seria seu domínio?

√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x

Assim, o domínio são todos valores possíveis para


x tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restri-
ções na função, a primeira que não existe raiz quadra-
da negativa e que o denominador não seja nulo. Para
isso faremos:
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
≤ x < 3}. Diagramas para funções injetora (a), sobrejetora (b) e bijetora (c). 87
As Funções Sobrejetoras são funções nas quais Uma função 𝑓 :  → periódica de tempo T,
o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí- se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
nio (CD), isto é, Im=CD=B ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período
aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
que ela é uma Função Bijetora  exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
Funções Pares e Ímpares Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) = 𝑓: A → B
𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x e g: B → C.
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a B tal que y = 𝑓
𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a  tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C,
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun- 𝑓
 ou h(x) = 𝑓[g(x)].
Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A
composta de 𝑓 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
= 9x2 +2.
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] =
3(x2 + 2) = 3x2 + 2.
Podemos ainda, conhecendo a composta g𝑓, vol-
tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) =
2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)?
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam-
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo:

x+3
𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) =
2

Relações entre Funções

A igualdade entre duas funções, é uma relação


entre funções
funções 𝑓: A → B e g: C → D, são funções iguais se, e
somente se, A = C e B = D e 𝑓(x) = g(x) para todo x ∊ A.
Assim, sendo A = {1, 2, 3} e B = {–2, –1, 0, 1, 2} e as
funções de A em B

x2 – 1
𝑓(x) = x – 1 e g(x) =
x+1
Assim, para o domínio A = {1, 2, 3} tem-se:

𝑓(1) = 1 – 1 = 0
𝑓(2) = 2 – 1 = 1
𝑓(3) = 3 – 1 = 2

Diagramas para funções par (a) e ímpar (b). e

  x (𝑓(x) = xn   𝑓 : ℝ → ℝ,


com potências pares são funções pares e com potên- 12 – 1
g(1) = =0
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x) 1+1
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
22 – 1
= –x3 = –𝑓(x). g(2) = =1
função par notamos 2+1
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y). 32 – 1
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem g(3) = =2
((x, y) = (0, 0)) 3+1

Funções Periódicas e Compostas Como 𝑓(1) = g(1); 𝑓(2) = g(2); 𝑓(3) = g(3) para todo x
∊ A, temos que as funções são iguais.
Funções periódicas a grosso modo são funções Podemos ter outras relações entre funções, como
        a soma de duas funções 𝑓 e g
quais se observa uma característica de repetição do (𝑓 + g) (x) = 𝑓 (x) + g(x).
88 decorrer da curva em intervalos subsequentes. A diferença
(𝑓 – g) (x) = 𝑓 (x) – g(x). Assim, temos exemplos de funções constantes
O produto entre funções: 
(𝑓 · g) (x) = 𝑓 (x) · g(x).
E o quociente entre funções:
(𝑓 / g) (x) = 𝑓 (x) / g(x), g(x) ≠ 0.

Em cada uma das operações anteriores o domínio


da função resultante consiste naqueles valores de x
que estão no domínio de cada uma das funções 𝑓 e
g, sendo que quando tivermos o quociente existe a
necessidade do denominador ser não nulo e algumas
outras funções também podem ter restrições espe- y=4 y=–2
       
que precisa ser positiva. Logo, o domínio do resulta-
Exemplos de funções constante.
do delas deve satisfazer as duas funções ao mesmo
tempo.
Supondo duas funções 𝑓(x) = √x + 1 e g(x) = √x – 4 , os Uma função 𝑓: A → B     𝑓(x) é dita
domínios delas são D𝑓 = [–1, +∞[ e Dg = [4, +∞[, notem função crescente em um intervalo, se para dois valo-
que raiz quadrada pode assumir somente valores res quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se
positivos incluindo o zero. x1 < x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valo-
 res de x os valores de y   
9a).
√x + 1 Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
(𝑓/g)(x) = nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
√x – 4 todo {x1, x2} ∊ 
Uma função 𝑓: A → B     𝑓(x) é dita
O domínio da função quociente é D𝑓/g = ]4, +∞[, pois função decrescente em um intervalo, se para dois
nesse caso o denominador não pode ser nulo. valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva-
lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
RAIZ DE UMA FUNÇÃO os valores de x os valores de y
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe- cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 >
cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor –3x2 para todo {x1, x2} ∊ 
de x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x)
= 0.
Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1,
basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo:

1
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x =
2
a) b)
É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car-
tesiano será: Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA


1
(x, y) = ,0
2 Funções denidas por mais de uma sentença
são funções em que cada subdomínio tem uma função
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

FUNÇÃO CONSTANTE, CRESCENTE E associada a ela e a união desses subdomínios forma


DECRESCENTE o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse-
𝑓(x) em cada
Uma relação 𝑓:  →      
função constante quando a cada elemento de x ∊ mais de uma sentença e diferentes subdomínios.
associa-se sempre o mesmo elemento c ∊   

{
y = 𝑓
paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo –x + 1, se x < –2

Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}. a) 𝑓(x) = x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1
–x + 1, se x > 1


b) 𝑓(x) = { –x2 + 1, se x < 1

(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
Função constante 𝑓(x) = c.  89




FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO

Uma função 𝑓: A → B, bijetora de A em B, ou seja,


distintos elementos do domínio (A) se relacionam com
distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a
relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1.
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1,
𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3,
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função duas funções mais a bissetriz em pontilhado.
bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊
FUNÇÃO LINEAR, AFIM E QUADRÁTICA
A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3,
2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da
Função Linear e Am
função inversa de 𝑓
A Função Linear → -
y+1 do cada elemento x ∊ ∊ 
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x = a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax. a ≠ 0.
2          
pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano
Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A × B | y = 2x – 1}, então: 

𝑓–1 = { (y, x) ∊ B × A | x =
y+1
2
{
O domínio da f é A que é a imagem de f –1
, já o
domínio de f é B que é a imagem da f.
–1

𝑓 e 𝑓 -1
-
tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
       
plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no
90 plano cartesiano e traçar uma reta. Figura 12. Gráco da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).
    →     ∊  
associado ao elemento (ax + b) ∊    ≠ 0, a e b
constante real, recebe o nome de Função Am, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe-
b
𝑓(x) = ax + b, também
-

que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a Assim colocando esses resultados sobre o eixo x,
𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a e adicionando os sinais vemos em quais intervalos
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar estão os sinais positivos e negativos da função.
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1 2º caso: a < 0 (decrescente):
→

 𝑓(x) = ax + b > 0 → x < –
b
;
Importante!  a

b
Uma função am, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 ,  𝑓(x) = ax + b < 0 → x > – ;
transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim,  a
dizemos que uma função linear é um caso parti-
cular da função am.

Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:

1
2x + 1 = 0 → x = –
Figura 13. Gráco da Função Am 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3).
2

crescente sempre que o coe-           
positivo e decrescente quando o então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
mesmo for negativo.
 x>–
1
→ 𝑓(x) > 0
Sinal da Função Am  2

1
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B  x<– → 𝑓(x) < 0
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos  2
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 .

a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a

Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da


Inequações produto e quociente para Função Am
-
tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0): Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ-
1º caso: a > 0 (crescente): to delas são dadas por:
𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
𝑓(x) · g(x) ≤ 0
 b
𝑓(x) = ax + b > 0 → x > – ; De acordo com a regra de sinais do produto de

 a números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × –
 = –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
 b
 𝑓(x) = ax + b < 0 → x < – ; inequações pode ser encontrado da seguinte forma,
 a seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto 91
ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou ÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- para uma dessas inequações pode ser encontrado da
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, seguinte forma, seja a inequação quociente:
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0, 𝑓(x)
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . ≥0
g(x)
𝑓(x) ·
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S =
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras Para o produto ser positivo temos duas situações:
inequações produto. 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
Tomemos como exemplo a inequação produto (x + Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x) ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos: chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
 x+2>0→x>–2 chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
 
 1
 3x – 1 > 0 → x > 𝑓(x)
 3 ≥0
g(x)

É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1


⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
inequações quocientes.
Tomemos como exemplo a inequação quociente:

Logo, a solução para esse primeiro caso é: (x + 2)


≥1
(3X – 1)

{
S 1 ⌒ S2= x ∊
1 {
3 Ou seja,

(x + 2) (x + 2) (–2x + 3
 x+2<0→x<–2 ≥1→ –1≥0→ ≥0

 (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1
 1
 3x – 1 < 0 → x < Assim temos:

 3

𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)

Seguindo os dois passos acima temos:

 3
Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 = – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤

 2
{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:

 3x – 1 > 0 → x > 1

 3

{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊
1 {
3

Seja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-


tes delas são dadas por:

𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) Logo, a solução para esse primeiro caso é:
> 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
g(x) g(x) g(x) g(x)

{
De acordo com a regra de sinais do quociente de S 1 ⌒ S2= x ∊
1
<x≤
3
{
92 números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+ 3 2
 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3
 2

1
 3x – 1 < 0 → x <
 3

Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒


S4} = {∅}. Assim, o conjunto solução para inequação
quociente:
Figura 14. Gráco da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com

(xv , yv = ^ 2 , – 4 h e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).


3 1
(x + 2) vértice:
≥1
(3x – 1) As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a
𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.

é:
𝑓(x) = ax2
+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:

{ x∊ 1 3
{
[ ]
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = <x≤ 2
 3 2 b 
𝑓(x) = a x+ –
2a 4a2
Quando se está trabalhando algebricamente com
uma inequação e no momento que se tem a necessida- 2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x,        
(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver- raízes:
≥ 3/2 .

Funções Quadráticas – b ± √
x=
2a
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli-
→  ∊
Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
o elemento (ax2 + bx + c) ∊≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ . Um exemplo de função
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
      𝑓(x) = ax2 +
bx + c, é uma parábola, assim para sua construção é
necessário mais que dois pontos, diferente do visto – (–3) – √1 3–1
anterior na construção da reta. Inicialmente encon- x1 = = =2
tra-se os zeros ou raízes da função, o vértice e o pon- 2·1 2
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

to de encontro com o eixo y


função quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a – (–3) + √1 3+1
x2 = = =2
concavidade da parábola está voltada para cima (a > 2·1 2
0) ou para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a
parábola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja, Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1,
quando x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x) y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
= x2 – 3x + 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola
corta o eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar
a parábola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raí- Importante!
zes da função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto
(x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto: Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um
número negativo é um número complexo. Quan-
3 1
(xv, yv) = ,– do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes
2 4 são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá-
tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0)
 teremos então a situação de duas raízes reais. 93
Sinal da Função Quadrática

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B


por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com.

a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x). Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x)
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática = x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor
vimos que as raízes são: do delta, , e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim,
concluímos para o estudo de sinal:
– b ± √
x=
2a 𝑓(x) > 0, {x ∊ ou x > 2}


Com 2 – 4ac. a>0→ 
Agora, teremos os casos para estudo do sinal da 𝑓(x) < 0, {x ∊ x < 2}
a é positivo 

(a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando
0;  Inequações para Função Quadrática
Para  temos:
Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx
a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ + c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0.
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2-
, como ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
não existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo resultado para resolver essa inequação é encontrado
x (abscissa). no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo
dos valores de a e de delta temos algumas combina-
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0:

Para  temos:

a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊


a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊

, as raí-
zes são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o
eixo x (abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a
𝑓(x) = 0.

Para  temos: No caso de inequação produto faz-se o estudo de



como solução de acordo com a regra de sinais do pro-
𝑓(x) > 0, {x ∊ ou x > x } duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – =

 1 2
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma
a>0→ 
dessas inequações pode ser encontrada da seguinte
𝑓(x) < 0, {x ∊ < x < x }
 forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
 1 2

produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e


𝑓(x) > 0, {x ∊ < x < x } g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
 Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
 1 2

+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro


a<0→ 
𝑓(x) < 0, {x ∊ ou x > x } encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e

 1 2
g(x) = –x2 + 2x – 1:


        , exis- 
 𝑓 = (–1)2 – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x  – 4ac →
2 

94 (abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0. 
 g = (2)2 – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0
 –(–1) – √25


 g(x) > 0, {x ∊
 x = = –2 
1 
2·1 
 g(x) < 0, {x ∊
𝑓(x) = 0 
–(–1) + √25
x = =3 Assim, para a inequação quociente ser negativa,
 2
2·1 𝑓(x)/g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situa-
 ções, a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solu-

 –(2) ± √0 ção será:
g(x) = 0 

x1 = x2 = =1

 2 · (–1)
 


1 

S1 =  x ∊  ⌒ {x ∊
Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com :  2 

 



 𝑓(x) > 0, {x ∊ = {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2



 𝑓(x) < 0, {x ∊
A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução
será:
Para g(x) = –x2 +2x – 1, com :
g(x) < 0, ⩝x ∊  
Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x) 
 1 

S2 =  x ∊  ⌒ { x ∊
· g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) < 
2


 

0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
a solução será S = {x ∊ 
 1


 
No caso de inequação quociente faz-se o estudo =  x ∊ 
 
- 
 2 

ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + = Logo, a solução das inequações quociente (2x2 + x
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S) – 1)/(–x2 + 2x) < 0 é:
para uma dessas inequações pode ser encontrada da
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
 
> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa-  1 
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. S1 ◡ S2 = 

x ∊ ou x > 2 


 2 

Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 +
2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x) Máximo e Mínimo para Função Quadrática
= – x2 + 2x:
Dizemos que o número yM ∊ Im(𝑓) é o valor máxi-
  = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9
2
mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, yM ≥
y ou yM ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D𝑓 tal que
  = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
2 – 4ac → yM = 𝑓(xM) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
2

 g função. Esse ponto também conhecido como vértice


da função quadrática ou da parábola. Denotamos o
 –(1) – √9 vértice como:
x1 = = –1

 2·2
𝑓(x) = 0 
 –(1) + √9 1  –b  
 x2 = = (xM, yM) = V (xv , yv) = V  , 
 2·2 2  2a 4a 
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

x = –(2) – √4 Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice


=2 é dado por:


1
2 · (–1)
g(x) = 0 
 –(2) + √4
 –b  
 x2 =

2 · (–1)
=0
V(xv , yv) = V  , 
 2a 4a 

Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com  e a > 0: –((–3)2 – 4 · 1 · 2) 


 – ( –3)
=V  , 

1
  2·1 4·1 
 𝑓(x) > 0, 


x ∊







 2


  3 1 
 =V  ,– 
 

 1



 2 4 

 𝑓(x) < 0, 
 x ∊ 


 2 

Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola
está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
Para g(x) = – x2 + 2x, com : mo da função. 95
O vértice de uma função quadrática será ponto de  –(4) – √16
máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo  x 1
=
2·1
= –4
da função quando a > 0.

–(4) + √16
FUNÇÃO MODULAR x = =0

2
2·1
Denição, Gráco, Domínio e Imagem
As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença
Uma função 𝑓:  →  o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para
cada x ∊   𝑓(x) = |x| ∊    Função cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja,
Modular. concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi-
- tiva para a função nas duas sentenças segue o interva-
ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x lo de x abaixo:
≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função

modular também da seguinte forma: 
 x2 + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
𝑓(x) = 


 –x2 – 4x, –4 < x < 0


 x, se x ≥ 0
𝑓(x) = 

 – x, se x < 0 2 + 4x no

intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no
intervalo entre –4 e 0
O g𝑓-
      
 modular podem também ser chamadas de ponto (s)
sentenças (x e –x) e resultará em duas semirretas de de inexão da curva (funções quadráticas) ou da reta
origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas 
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran- uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse
 caso indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓)
O domínio da função modular é o conjunto dos = 𝔑+.
reais, ou seja, para todo x ∊      ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somen-
te valores positivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo,
Im(𝑓) = ℜ+        
x, onde todos valores para y são


Figura 16. Gráco da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|.

Equações Modulares

-
Figura 15. Gráco da Função Modular 𝑓(x) = |x|.
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu-
Para funções modulares com potência quadrática lar |x + 2| = 3 é:
como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
 

 x+2=3→x=1
|x + 2| = 3 ⇔ 

 
 x + 2 = –3 → x = –5

 x2 + 4x
𝑓(x) = 


 –(x2 + 4x) S = {–5, 1}

A essas duas funções encontramos as suas raízes: Caso tenhamos duas funções modulares, como a
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin-
96 2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16 te forma:
 3 Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:
 3x + 2 = x – 1 → x = – 2 S1 = {x ∊≥ – 1} ⌒ { x ∊≥ 2} = {x ∊≥ 2}
|3x + 2| = |x – 1| ⇔ 
1
 3x + 2 = –x + 1 → x = – Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com
 4 solução:
 

 3 1 
 S2 = {x ∊⌒ {x ∊≥ 8} = {∅}
S= – ,– 
 

 2 4 

Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:

E na situação de uma função modular, como a S1 ◡ S2 = {x ∊≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊≥ 2}


equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3/2. A solução da equa- FUNÇÃO EXPONENCIAL
ção é dada por:
Denição, Características, Domínio, Imagem e
 3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 Gráco


|3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1 Seja a um número real, tal que seja maior que zero
 3x + 2 = –2x + 3 → x = e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊*+ –{1}), a função 𝑓:

 5
 →       ∊    𝑓(x) = ax,
é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2,
ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}.
exponenciais.
       
Inequações Modulares
algumas características, pode-se notar:
Uma das propriedades de módulo para números
z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k ⇔
z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
–k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa proprie-
𝑓(x1) < 𝑓(x2);
dade podemos resolver inequações modulares como
z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 <
|3x – 2| < 4 e sua solução é:
x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
z n ∊𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n
2 > 0;
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3 z a ∊∊𝑓(r) = ar > 1 se, e somente
se, r > 0;
 

 2 
 z a ∊∊s > ar se, e somente se,
S=  x ∊ <x<2 

3  s > r;

 

z a ∊∊ > 1 se, e somente

Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é:
z a ∊∊b > 1 se, e somente se, b
> 0;
|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ x1 > ax2 se, e somente
ou se, x1 > x2;
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

z a ∊ ∊b > 1 se, e somente


se, b < 0;
8 z a ∊1, x2 ∊ x1 > ax2 se, e somen-
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0
5 te se, x1 < x2.

 

 8 

O domínio da função exponencial é o conjunto
S= x ∊≤ – ou x ≥ 0  dos reais, ou seja, para todo x ∊  y ∊
 
 5 
  Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente
valores positivos não nulos (reais não negativos e não
Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:  *+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ* +     
função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x,
|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊-
to de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y)

 x + 1, se x ≥ – 1 = (0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0

|x + 1| =  funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente


 –x – 1, se x < –1  97
 

 1 

S= – 2, 
 

 2 

Inequações Exponenciais

Inequações exponenciais são aquelas inequações


nas quais a incógnita x está no expoente, como: 2x >
32 e 2x – 4x < 2.
A forma de solucionar a equação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescen-
te com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a
desigualdade se mantém para as potências quando a
função é crescente e inverte quando é decrescente, ou
seja:

a > 1 → ax > ay ⇔ x > y;


0 < a < 1 → ax > a y ⇔ x < y

Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente),


temos a solução igual a:

2x < 32 → 2x < 25 → x < 5


S = {x ∊| x < 5}

E na inequação exponencial (decrescente):

 1 x
  ≥ 125
 5 
Figura 17. Gráco da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e Temos duas formas:
(b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ).
x x

Equações Exponenciais 1  1


5  ≥ 125 → 5  ≥ 53 → (5–1)x ≥ 53 → 5–x ≥ 53
Equações exponenciais são aquelas equações onde    
a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x 5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3
= 2. S = {x ∊≤ –3}
A forma de solucionar a equação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como  1 x  1 x  1 x  1  –3
a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências   ≥ 125 →   ≥5 →
3
  ≥  
 5   5   5   5 
iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
ax = ay ⇔ x = y, (a ∊*+ –{1}) x ≤ –3
Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu- S = {x ∊≤ –3}
ção o valor de x igual a:
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
2 = 128 → 2 = 2 → x = 7
x x 7

S = {7} Logaritmo

Agora para a equação exponencial 52x


2+3x–2
= 1 
temos x igual a: ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga-
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações
exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que
52x2+3x–2 = 1 → 52x2+3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
não são possíveis deixar os dois membros com a mes-


 –b – √ –3 – √25 dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se
 x 1
=
2a
=
2·2
= –2 x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se
deve dar à base a de modo que a potência obtida seja
 igual a b, ou seja:
–b + √ –3 +√25 1
x = = =
98  2
2a 2·2 2 loga b = x ⇔ ax = b
Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando O domínio da função logarítmica é o conjunto dos
e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2 reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊ *+,
8 = 3 pois 23 = 8. existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: *+ → 
- 𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: → *+, g(x) = ax, assim
dades, seja (a ∊*+ –{1}) e b > 0: 𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função assume
qualquer valor real. Logo, Im (𝑓-
z loga 1 = 0; 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a direita
do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o ponto de
z loga a = 1; encontro da curva com o eixo x, é no ponto (x, y) = (1,
0), x = 1 → 𝑓(1) = loga
z aloga b = b; funções logarítmicas, crescente (a > 1) e decrescente (0

z loga b = loga c ⇔ b = c;

z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode


ser generalizada para:
 n  n
loga Π bi  = Σ loga bi, n ≥ 2;
i = 1  i=1

 b 
z b > 0 e c > 0 → loga   = loga b – loga c, então loga
 c 
 1 
 
= – loga c;
 c 
z ∊→ loga ba b);

1
z n ∊ ℕ* → loga √b = loga(b) = loga b ;
n
z a, b, c ∊+ e a ≠ 1, c ≠ 1:

logc b
loga b = , mudança de base com quociente;
logc a
z a, b, c ∊  + e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a c,
mudança de base com produto;

1
z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
loga a
1
z ∊* logaβ b = loga b ;
β

Denição, Características, Domínio, Imagem e Figura 18. Gráco da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2
Gráco x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x).
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Seja a é um número real, tal que seja maior que Equações Logarítmicas
zero e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊* + –{1}), a função
𝑓: *+ →  ∊ *+ o número 𝑓(x) = Equações logarítmicas são aquelas equações do
loga x, é conhecida como Função Logarítmica. Assim tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓 ∊ 
funções como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de (a ∊*+ –{1}).
funções logarítmicas. A forma de solucionar a equação logarítmica é
deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan-
-
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade
terísticas quando a ∊*+ –{1}, pode-se notar:
inversa e transformando em equação exponencial,
loga 𝑓→ 𝑓(x) = a
z 𝑓: *+ →  e g:  → *+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) =
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
ax , relação inversa;
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que
z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1;
x > –2/3 e x > –5/2:
z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1;
z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0;

z a > 1; x > 1 → loga x > 0; 
 3x + 2 < 0 → x > –2/3

z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0; 
z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0; 
 2x + 5 > 0 → x > –5/2 99
log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3  – (–5) – √25
S = {3}  x 1
=
2·2
= 0

Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)


 –(–5) + √25 5
= 2 temos x igual a:
x = =

1
2·2 2

2x2 + 5x + 4 > 0
Como para a 𝑓(x) = 2x2          
 – 4ac = 25 – 32 = –7
2
então a solução para 𝑓(x) > 0 é:
logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊
 
log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4 
 5 

S1 =  x ∊ 
= 16 → 2x2 + 5x – 12 = 0 
2 

 

2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121


Agora o estudo da inequação logarítmica começa
na relação entre os logaritmos de mesma base. Como
 – b – √∆ – 5 – √121 a base é 2 então a função é crescente:
 x 1
=
2a
=
2·2
= –4
a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2
 – 5x – 3 ≤ 0
– b + √∆ – 5 +√121 3
x = = =
 2
2a 2·2 2
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 →2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49



 3


  – (–5) – √49 1
S= 

– 4,
2

  x 1
=
2·2
= –
2
 
 

– (–5) + √49
Inequações Logarítmicas
x = = 3
 1
2·2

Inequações logarítmicas são aquelas inequações


Como para a g(x) = 2x2
do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓 ∊ 
então a solução para g(x) ≤ 0 é:
(a ∊*+ –{1}).
A forma de solucionar a inequação logarítmica é  
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican- 
 1 

S2 =  x ∊ ≤x≤3 
do as desigualdades em casos de bases maiores que  


2 

um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x)
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman- Assim, a solução da inequação logarítmica log2
do em equação exponencial, loga 𝑓 → 𝑓(x) = a. (2x2 – 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções
Esquematizando temos: acima:

  

 𝑓(x) > g(x) se a > 1 
 1 5 

S = S1 ⌒ S 2 = x ∊ ≤ x < 0 ou <x≤3 
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
  
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1 
 2 2 

ou E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos:


a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1

 𝑓(x) > a se a > 1
k

loga 𝑓(x) > k ⇔ 


Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então:


 0 < 𝑓(x) < ak se 0 < a < 1



 0 < 𝑓(x) < ak se a > 1 5
loga 𝑓(x) > k ⇔ 

𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > –

 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
k
3

Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23, Como a solução x > 1 é também maior que:
para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x: 5
x>–
100 2x2 – 5x > 0 →2 – 4 · 2 · 0 = 25 3
Logo temos o intervalo de solução para x sendo: Mantissas
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
S = {x ∊
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
Logaritmos Decimais 19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989

São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou 20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10 21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
𝑓(x) ou log10 𝑓 ∊ *. Pode-se ter também a nota-
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de
23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
escrever o valor 10 na base. Todas as características
e propriedades de logaritmos também valem para os 24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
logaritmos decimais.
25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
Segue algumas propriedades:
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x 27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
< c + 1, x > 0 e c ∊ 28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
z log x = c + m, onde c ∊≤ m < 1 29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
é a mantissa;
z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0; 30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
z A mantissa (m) é um valor tabelado;
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
z A mantissa do decimal de x não se altera quando
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
multiplica-se x por potência de 10 com expoente
inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda 33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
quando temos log10p x, p ∊ 34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428

Valores da característica (c) são dados da seguinte 35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
forma: 36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786

 log 2,3 → c = 0 38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899

 log 31,421 → c = 1 39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010

x>1  40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117
 log 204 → c = 2 41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222
 log 6542,3 → c = 3 42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325

 log 0,2 → c = –1 43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425

 log 0,035 → c = –2 44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522

0<x<1  45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
 log 0,00405 → c = –3 46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
 log 0,00053 → c = –4 47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803

48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte 49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981
inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o
oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o 50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067
zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga- 51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
m = 1 + 0,3692 = 1,3692.

Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549


Mantissas (IEZZI; MURAKAMI, 1977).
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
REFERÊNCIAS
10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755 DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e
12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106 aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v.
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732
Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
101
Conexões com Na situação temos duas proposições sendo repre-
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3 sentadas pelas letras p e r.
v. Agora que já sabemos o que são proposições lógi-
      não são propo-
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São sições. Isto é fundamental, pois várias questões de
Paulo: Moderna, 2010. 3 v. prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
       
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline não é uma proposição. Vejamos os casos que mais
da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São aparecem:

z Perguntas: são as orações interrogativas.
Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
-
LÓGICA SENTENCIAL (OU dadeira ou falsa.
z Exclamações: são frases exclamativas.
PROPOSICIONAL) Exemplo: Que lindo cabelo!
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – VER-
sentam percepções subjetivas.
DADEIRO ou FALSO. Quando temos uma declaração
z Ordens: são orações com verbo no imperativo.
verdadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando
Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
é falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso
-
PROPOSIÇÕES SIMPLES deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que
sição lógica.
é uma proposição lógica. Observe a frase abaixo:
Ex.:Paula vai à praia.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci-
Importante!
samos de três requisitos fundamentais:
Não são proposições – perguntas, exclamações
z Ser uma oração – ou seja, são frases com verbos. e ordens.
z Oração declarativa – a frase precisa estar apre-
sentando uma situação, um fato.
z Pode ser classicada como Verdadeira ou Falsa Temos um outro caso menos cobrado em provas,
– ou seja, podemos atribuir o valor lógico verda- mas que também não é proposição lógica – paradoxo.
deiro ou o valor lógico falso para a declaração. 
Esta frase é uma mentira.
      - Quando atribuímos um valor de verdade para
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição a frase, então na verdade ele mentiu, uma vez que
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma a própria frase já diz isso. E se atribuirmos o valor
informação completa (temos o sujeito claro na oração) falso, então a frase é verdade, pois a frase diz ela é
 uma mentira e já sabemos que isso é falso. Perceba
Proposição Lógica é uma oração declarativa que que sempre que valoramos a frase ela nos resulta um
admite apenas um valor lógico valor contrário, ou seja, estamos diante de uma frase
Ou então podemos também esquematizar o que é 
uma proposição lógica assim: um paradoxo.
Chama-se proposição toda sentença declarativa
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só SENTENÇA ABERTA
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta-
mente com o sentido completo (caráter informativo). Dizemos que uma sentença é aberta quando não
conseguimos ter a informação completa que a oração
Verdadeira nos mostra. Veja o exemplo abaixo:
Ex.:Ele é o melhor cantor de rock.
Sentença Sentido Perceba que há presença do verbo e que consegui-
Declarativa OU Completo mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Mas logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa in-
Falsa formação não consegue ser completa e por isso temos
mais um caso que não é proposição lógica. Observe mais
alguns exemplos:
Obrigatório
X + 5 = 10
Aquele carro é amarelo.
VERBO
5+5
X – Y = 20
Toda proposição pode ser representada simbolica- Todos os exemplos acima são sentenças abertas.
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo: Então podemos resumir da seguinte forma:
p: Sabino é um pintor esperto. As variáveis Ele, aquele ou variáveis matemáticas
102 r: Kate é uma mulher alta. (X ou Y) tornam a sentença aberta.
Sempre será uma proposição lógica na escrita z O macaco bebe leite e o gato come banana.
matemática e podemos notar que há verbos nos casos z Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
a seguir: z Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
= (é igual) z Se estudar, então vai passar.
≠ (é diferente) z Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
> (é maior) dinheiro.
< (é menor)
≥ (é maior ou igual) Na linguagem simbólica:
≤ (é menor ou igual)
z p^q
Esquematizando o que não são proposições lógicas:
z pvq
z pvq
SENTENÇAS INTERROGATIVAS(?) z p→q
z p⟷q
SENTENÇAS SEM VERBO
NÃO SÃO
PROPOSIÇÕES SENTENÇAS COM VERBO NO Agora que já fomos apresentados aos conectivos
IMPERATIVO -
SENTENÇAS ABERTAS dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:

PARADOXO
z Conectivos “e” usando “mas”
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor.
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”
É fundamental que você conheça três princípios Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
para deixarmos tudo alinhado com as proposições não ambos.
lógicas. Veja: z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”
Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
Princípio do terceiro excluído:
praia.
Caso você estude, irá passar no concurso.
Uma proposição deve ser Verdadeira ou Falsa, Basta Ana comer massas, e engordará.
não havendo outra possibilidade. Não é possível que Quem joga bola é rápido.
uma proposição seja “quase verdadeira” ou “quase Todos os médicos sabem operar.
falsa”. Qualquer criança anda de bicicleta.
Toda vez que chove, não vou à praia.
Princípio da não-contradição:
É importante saber que na condicional a 1º Na con-
Dizemos que uma mesma proposição não pode dicional a 1º proposição é o termo antecedente e a 2º
ser, ao mesmo tempo, verdadeira e falsa. é o termo consequente.
P→Q
Princípio da Identidade: P = antecedente
Q = consequente
Cada ser é igual a si mesmo, ou seja, uma propo-
TABELA VERDADE
       
lógica.
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos
apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS proposição.

Temos proposições compostas quando há duas ou NUMEROS DE LINHAS DE TABELA VERDADE


mais proposições simples ligadas através dos conecti-
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

vos lógicos. Veja os exemplos: Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
Sabino corre e Marcos compra leite. las verdade para proposições compostas.
O gato é azul ou o pato é preto. 1º passo: Contar a quantidade de proposições
Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar. envolvidas no enunciado.
Cada conectivo tem sua representação simbólica e Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos: 2º passo: Calcular a quantidade de linhas da tabela
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde “n” é o número
de proposições).
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
e Conjunção ^
ou Disjunção v P Q PVQ
ou...ou Disjunção Exclusiva v
se...então Condicional →
se e somente se Bicondicional ⟷

Exemplos:
Na linguagem natural: 103
3º passo:  P Q P^Q
coluna fazendo o agrupamento pela metade do núme- V V V
ro de linhas da tabela.
V F F
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
 F V F
F F F
P Q PVQ
Conectivo Disjunção “ou” (v)
V
V Teremos resposta verdadeira quando pelo menos
F um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro.
F
P Q PVQ
V V V
4º passo: Preencher as demais colunas com agru-
V F V
-
de do agrupamento anterior. F V V
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima F F F
será de 1 em 1).
Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v )

P Q PVQ Teremos resposta verdadeira quando os valores


V V lógicos envolvidos forem diferentes.
V F
F V P Q PVQ
F F V V F
V F V
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa- F V V
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- F F F
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógico.
Número de linhas da tabela verdade: Conectivo Bicondicional “se e somente se” (à)
2n = 2proposições (onde “n” é o número de proposições).
Vamos caminhar mais um pouco e aprender todas Teremos resposta verdadeira quando os valores
as combinações lógicas possíveis para cada conectivo lógicos envolvidos forem iguais.
lógico.
P Q PàQ
Negação (~P)
V V V
Uma proposição quando negada, recebe valores V F F
lógicos opostos dos valores lógicos da proposição ori- F V F
ginal. O símbolo que iremos utilizar é p ou ~p. F F V

P ~P Conectivo Condicional “se...,então” (→)


V F
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
F V do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
dicional só tem uma possibilidade de isso ocorrer.
Dupla Negação ~(~P)
Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.
A dupla negação nada mais é do que a própria pro-
posição. Isto é, ~(~P) = P
P Q P→Q

P ~P ~(~P) V V V
V F V V F F

F V F F V V
F F V
Conectivo Conjunção “e” (^)
Condicional falsa:
Só teremos uma resposta verdadeira quando todos Vai Ficar Falsa
104 os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros. V à
TAUTOLOGIA Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada
um tem sua nomenclatura e representação simbólica.
É uma proposição cujo valor lógico é sempre Veja a tabela abaixo:
verdadeiro.
Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautologia, Tabela de conectivos
pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela
verdade.
CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
P ~P P V ~P e Conjunção ^ peq
V F V ou Disjunção v p ou q

F V V Disjunção
ou...ou v Ou p ou q
exclusiva
→ (PàQ) é uma Condicional
tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só se...,então → Se p, então q
(implicação)
possui V.
p se e
se e Bicondicional
somente
P Q (P^Q) (PàQ) (P^Q)→(PàQ) somente se (bi-implicação)
se q
V V V V V
V F F F V z Conjunção (conectivo “e”)
F V F F V
Representação simbólica: ^
F F F V V Exemplo:
Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o gato
CONTRADIÇÃO come banana.
Na linguagem simbólica: p ^ q
É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.
Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradição,
z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”)

verdade.
Representação simbólica: v
Exemplo:
P ~P P ^ (~P)
Na linguagem natural: Maria é bailarina ou Juliano
V F F é atleta.
F V F Na linguagem simbólica: p v q

CONTINGÊNCIA z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”)

Sempre que uma proposição composta recebe Representação simbólica: v


valores lógicos falsos e verdadeiros, independente- Exemplo:
mente dos valores lógicos das proposições simples Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápido
componentes, dizemos que a proposição em questão é ou a raposa é lenta.
uma contingência. Ou seja, quando a tabela verdade Na linguagem simbólica: p v q
apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verdadei-
ros e alguns falsos.
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma z Condicional (conectivos “se, então”)
contingência, conforme a tabela verdade.
Representação simbólica: →
Exemplo:
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)
Na linguagem natural: Se estudar, então vai pas-
V V F F F sar.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

V F V V V Na linguagem simbólica: p → q
F V F V V
z Bicondicional (conectivo “se e somente se”)
F F F V V
Representação simbólica:
z Tautologia: uma proposição que é SEMPRE Exemplo:
verdadeira. Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e so-
z Contradição: uma proposição que é SEMPRE falsa. mente se ele receber dinheiro.
z Contingência: uma proposição que pode assumir Na linguagem simbólica: pàq


CONECTIVOS LÓGICOS z Negação

Conceito Uma proposição quando negada, recebe valores


lógicos opostos dos valores lógicos da proposição ori-
Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como ginal. O símbolo que iremos utilizar é p ou ~p.
também podem ser chamados, servem para ligar duas Exemplos:
ou mais proposições simples e formar, assim, propo- p: O gato é amarelo.
sições compostas. ~p: O gato não é amarelo. 105
q: Raciocínio Lógico é difícil. P (P ∧ Q)
~q: É falso que raciocínio lógico é difícil. P Q R Q∨R ∧ P∧Q P∧R ∨
r: Maria chegou tarde em casa ontem. (Q ∨ R) (P ∧ R)
~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em casa V V V V V V V V
ontem.
V V F V V V F V
V F V V V F V V
Dica
V F F F F F F F
A negação além da forma convencional, pode F V V V F F F F
ser escrita com as expressões abaixo:
F V F V F F F F
É falso que ...
F F V V F F F F
Não é verdade que...
F F F F F F F F
Agora que já fomos apresentados aos conectivos
- b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:
P (P ∨ Q)
z Conectivo “e” usando “mas” P Q R Q∧R ∨ P∨Q P∨R ∧
(Q ∧ R) (P ∨ R)
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor.
V V V V V V V V
V V F F V V V V
z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos” V F V F V V V V
V F F F V V V V
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, F V V V V V V V
mas não ambos.
F V F F F V F F
z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso, F F V F F F V F
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que” F F F F F F F F

Exemplos: Associação (equivalência pela associativa)


Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia.
Caso você estude, irá passar no concurso. a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
Basta Ana comer massas, e engordará.
Quem joga bola é rápido. P (P ∧ Q)
Todos os médicos sabem operar. P Q R Q∧R ∧ P∧Q P∧R ∧
Qualquer criança anda de bicicleta. (Q ∧ R) (P ∧ R)
Toda vez que chove, não vou à praia.
V V V V V V V V

Dica V V F F F V F F
V F V F F F V F
Na condicional a 1ª proposição é o termo ante-
V F F F F F F F
cedente e a 2ª é o termo consequente.
PàQ F V V V F F F F
P = antecedente F V F F F F F F
Q = consequente
F F V F F F F F
EQUIVALÊNCIA F F F F F F F F

      


b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
equivalente ou equivalente a uma proposição Q se as
tabelas verdade dessas duas proposições são iguais.
         P (P ∨ Q)
P Q R Q∨R ∨ P∨Q P∨R ∨
equivalentes quando elas dizem exatamente a mesma
(Q ∨ R) (P ∨ R)

uma pode ser substituída pela outra. Para indicar que V V V V V V V V
são equivalentes, usaremos a seguinte notação: V V F V V V V V
P⟺Q
V F V V V V V V
Distribuição (equivalência pela distributiva) V F F F V V V V
F V V V V V V V
106 a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
Implicação Material
F V F V V V F V

F F V V V F V V Na lógica proposicional, temos uma regra de subs-


tituição que diz que é válida que uma sentença con-
F F F F F F F F dicional seja substituída por uma disjunção em que
o antecedente é negado e essa é a Implicação Mate-
Idempotência rial. A regra determina que P implica Q é logicamente
equivalente à não ~P ou Q e pode substituir o outro
a) p ⇔ (p ∧ p) em provas lógicas: P → Q ⟺ ~P v Q
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
substituído em uma prova com.”
P P P∧P Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
V V V exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
substituída por «~P v Q”.
F F F
Exemplo:
Se ele é um tigre (P), então ele pode correr (Q).
b) p ⇔ (p ∨ p)
Assim, ele não é um tigre (~P) ou ele pode correr (Q).
Se for descoberto que o tigre não podia correr,
P P P∨P escrito simbolicamente como P v ~Q, ambas as sen-
tenças são falsas, mas caso contrário, elas são ambas
V V V
verdadeiras.
F F F
Transposição
Pela exportação-importação
A transposição é uma regra de substituição válida
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)] para “P → Q” onde é permitido trocar o antecedente
(P) pelo consequente (Q) de um enunciado condicio-
nal em uma prova lógica se eles estão ambos negados.
(P ∧ Q) P→ É a inferência verdadeira de “A implica B”, a verdade
P Q R P∧Q Q→R
→R (Q → R) do “Não-B implica não-A”, e vice-versa. É a regra que:
V V V V V V V P→Q⟺~Q→~P
V V F V F F F
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
V F V F V V V substituído em uma prova com.”
V F F F V V V Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
F V V F V V V
substituída por ~ Q → ~ P “.
F V F F V F V Exemplo:
F F V F V V V Se ele é um tigre (P), então ele pode correr (Q).
Assim, Se ele não pode correr (~Q), então ele não é
F F F F V V V
um tigre (~P).

Proposições Associadas a uma Condicional (se, EQUIVALÊNCIA CONDICIONAL


então)
Agora vamos tratar duas equivalências impor-
Podemos dizer que as três proposições condicio- tantes desse conectivo que tem a maior incidência
nais que contêm p e q são associadas a p → q. Veja nas provas de concursos. A primeira delas ensina
abaixo: como transformar uma proposição composta pelo
“se…então” em outra proposição composta pelo “se…
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

então”. A outra ensina como transformar uma propo-


z Proposições recíprocas: p → q: q → p
sição composta pelo “se…então” em uma composta
z Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
pelo conectivo “ou” (e vice-versa). Vamos lá!

~P → ~Q → Contrapositiva
P Q ~P ~Q P→Q Q→P
~Q ~P
Para fazermos essa equivalência devemos inverter
V V F F V V V V
as proposições e depois negar todas as proposições.
V V F V F V V F Inverte e nega tudo mantendo o se...então
V F V F V F F V Exemplo: A → B ⇔ ~B → ~A
Se Marcos estuda, então ele passa. ⇔ Se Marcos
V F V V V V V V
não passa, então ele não estuda.
Estas duas proposições são equivalentes. Percebeu
z Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p o processo de construção da segunda a partir da pri-
meira? Você deve inverter a ordem das proposições e
Vale ressaltar que olhando para a tabela, a condi- negar ambas.
cional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária
~p → ~q NÃO SÃO EQUIVALENTES. z “se...então” vira “ou” 107
Essa equivalência é feita negando a primeira pro- se e somente se hoje não chover.
posição, trocando o conectivo “se...então” pelo conec- ⇔e hoje não vai chover ou o céu não
tivo “ou”, repetindo a segunda proposição. e hoje vai chover.
Nega ou Repete. Agora observe a tabela verdade envolvendo todas
Exemplo: as equivalências da Bicondicional:
A → B ⇔ ~A v B
Se o urso é ovíparo, então o macaco voa. ⇔ O urso (A→B) (A ^ B)
não é ovíparo ou o macaco voa. A B ~A ~B A⟷B B⟷A ^ V
Observe a tabela abaixo e veja que os resultados (B→A) (~A ^ ~B)
são iguais, ou seja, equivalentes:
V V F F V V V V
V F F V F F F F
A B ~A ~B A→B ~B → ~A ~A V B
F V V F F F F F
V V F F V V V
F F V V V V V V
V F F V F F F
F V V F V V V COMUTAÇÃO
F F V V V V V
Leis Comutativas

EQUIVALÊNCIA BICONDICIONAL Conjunção “e”


A^B⇔B^A
Geralmente aprendemos somente a equivalência Joana é magra e Maria é baixa. ⇔ Maria é baixa e
básica desse conectivo (a comutação), mas precisa- Joana é magra.

e somente se” tem mais duas equivalências lógicas A B A^B B^A
quando interpretamos de maneira mais minuciosa o
          V V V V
professor que sempre busca entender e mapear os V F F F
 F V F F
te ensinar esses detalhes que estão aparecendo cada
vez mais nas provas. Então vamos lá! F F F F

Comutação Disjunção Inclusiva “ou”


Exemplo: A v B ⇔ B v A
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A João anda de barco ou Sabrina vai à praia.⇔ Sabri-
se e somente se hoje não chover. na vai à praia ou João anda de barco.
⇔ Hoje não choverá se e somente se Disjunção Exclusiva “ou...ou”
Exemplo: A v B ⇔ B v A
z Com o conectivo “e” e “se...então” Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o carro.
⇔ Ou Romeu vende o carro ou ele compra uma moto.
Para fazer essa equivalência vamos interpretar o
conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura A B A⊻B B⊻A
temos uma bicondicional- V V F F

então). E pensando nisso podemos dizer então que V F V V
temos uma condicional indo e uma condicional vol- F V V V
tando – repare que a simbologia (⟷) são duas setas.
Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo. F F F F
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A)
se e somente se hoje não chover. Bicondicional “se e somente se”
⇔ Seentão hoje não vai chover e se Exemplo:A ⟷ B ⇔ B A
hoje não vai chover, então se e somente se hoje não chover.
⇔ Hoje não choverá se e somente se
z Com o conectivo “ou” e “tabela verdade”
A B A⟷B B⟷A
Já para entendermos essa equivalência, precisa-
V V V V
mos lembrar dos casos na tabela verdade do conetivo
“se e somente se” quando temos resultados verdadei- V F F F
ros, ou seja, quando os valores lógicos são iguais. F V F F
Se você não lembra direito, então volte lá no módulo
de tabela verdade e relembre aquela tabela de valora- F F V V
-
mos dizer então que o conectivo “se e somente se” Condicional “se...então”
terá resultado verdadeiro quando as proposições É o único conectivo lógico que não aceita a pro-
forem todas verdadeiras ou quando forem todas priedade de comutação, pois o seu antecedente não
falsas  pode ser o consequente e vice-versa.

108 Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A ^ B) v (~A ^ ~B) A→B≠B→A
LEIS DE MORGAN A B A⊻B ~ (A ⊻ B) A⟷B
Quando fazemos a negação de uma proposição V V F V V
composta primitiva, geramos outra posição que tam- V F V F F
bém é composta e equivalente a sua primitiva. É F V V F F
recorrente em provas a cobrança para que você res-
ponda qual a equivalência da negação de determina- F F F V V
da proposição.
Negação de uma bicondicional
Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)
A bicondicional pode ser negada das seguintes
Para negarmos a conjunção, devemos trocá-la pela maneiras, veja:
disjunção (ou) e negar todas as proposições envolvi-
das. Veja: ~ (A ^ B) ⇔ ~A v ~B z Trocando pelo conectivo “ou...ou”
Exemplo: Vou comprar um carro e vou ganhar di-
nheiro. Exemplo: ~ (A ⟷ B) ⇔ A v B
Proposição 1: vou comprar um carro. Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao cinema.
Proposição 2: vou ganhar dinheiro. Negação: Ou Marta viaja ou Paulo não vai ao
1º - trocar o “e” pelo “ou” cinema.
2º - negar todas as proposições
Negação: z (Mantém e Nega) ou (Mantém e Nega)
~P1: Não vou comprar um carro
~P2: Não vou ganhar dinheiro Essa negação é feita vindo da equivalência lógica
Assim temos, Não vou comprar um carro ou não que usa o conectivo “se...,então”.
vou ganhar dinheiro. Exemplo:
~ (A ⟷ B) ⇔ (A → B) ^ (B → A)
~[(A → B) ^ (B → A)] ⇔ (A ^ ~B) v (B ^ ~A)
A B ~A ~B A^B ~(A ^ B) ~A V ~B
A: Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao
V V F F V F F cinema.
V F F V F V V Negação: Marta viaja e Paulo vai ao cinema ou
F V V F F V V Paulo não vai ao cinema e Marta não viaja.
F F V V F V V z Mantendo o conectivo “se e somente se”

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan) Para fazermos essa negação vamos manter o
conectivo “se e comente se” e negar apenas uma das
Para negarmos a disjunção, devemos trocar pela proposições.
conjunção (e) e negar todas as proposições envolvi- Exemplo:
das. Veja: ~ (A v B) ⇔ ~A ^ ~B 1 - ~ (A ⟷ B) ⇔ ~A ⟷ B
Exemplo: Vou pegar a bola ou Pedro vai chutar a lata. 2 - ~ (A ⟷ B) ⇔ A ⟷ ~B
Proposição 1: vou pegar a bola. A: Passo se e somente se estudo muito.
Proposição 2: Pedro vai chutar a lata. Negação:
1º - trocar o “ou” pelo “e” 1 – Não passo se e somente se estudo muito.
2º - negar todas as proposições 2 – Passo se e somente se não estudo muito.
Negação:
~P1: Não vou pegar a bola. A A (A ^ ~B) ~A A
~P2: Pedro não vai chutar a lata. A B ~A ~B ⟷ ~(A ⟷ B) ⊻ V ⟷ ⟷
Assim temos, B B (B ^ ~A) B ~B
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Não vou pegar a bola e Pedro não vai chutar a lata.


V V F F V F F F F F
V F F V F V V V V V
A B ~A ~B AvB ~(A v B) ~A ^ ~B
F V V F F F V V V V
V V F F V F F
F F V V V V F F F F
V F F V V F F
F V V F V F F
Negação de uma Condicional
F F V V F V V
A negação de uma proposição composta por uma
Negação de uma Disjunção Exclusiva condicional é uma das mais cobradas em provas e,
por esse motivo, devemos aprendê-la e resolver mui-
Para negarmos a disjunção exclusiva, devemos tas questões sobre o assunto. Então a sua negação é
apenas trocar o conectivo “ou...ou” pelo “se e somente feita repetindo a primeira proposição E negando a
se”. Isso mesmo! Trocamos um conectivo pelo outro e segunda proposição.
o restante é só deixar igual. Veja um exemplo: ~ (A ⊻ B) Exemplo: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B
⇔ A ⟷ B Ou faz sol ou chove muito. Se o gato late, então o cachorro mia.
se e somente se chove muito. Negação: O gato late e o cachorro não mia. 109
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B Representação simbólica: ^
Exemplos:
V V F V F F
V F V F V V z Na linguagem natural:
F V F V F F  O macaco bebe leite e o gato come banana.
F F V V F F
z Na linguagem simbólica:
 p^q
DUPLA NEGAÇÃO (TEORIA INVOLUTIVA)
Disjunção Inclusiva (Conectivo “ou”)
z De uma proposição simples
Representação simbólica: v
~ (~A) ⇔ A Exemplo:

A ~A ~ (~A) z Na linguagem natural:


 Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
V F V
F V F z Na linguagem simbólica:
 pvq
z De uma condicional
Disjunção Exclusiva (conectivo “Ou...ou”)
Vamos fazer duas negações lógicas para o conecti-
vo se... então de forma que sua resposta será equiva- Representação simbólica: ⊻
lente à sua proposição primitiva. Veja: Exemplo:
Proposição Primitiva:A → B
1ª negação: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B z Na linguagem natural:
 Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
2ª negação: ~ (A ^ ~B) ⇔ ~A v B
Logo, A → B ⇔ ~A v B
z Na linguagem simbólica:
 p⊻q
1ª 2ª
negação negação
Condicional (conectivo “Se então”)
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B ~A v B
V V F V V F V Representação simbólica: →
Exemplo:
V F V F F V F
F V F V V F V z Na linguagem natural:
F F V V V F V  Se estudar, então vai passar.

z Na linguagem simbólica:
 p→q

ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE Bicondicional (conectivo “Se e somente se”)


ARGUMENTAÇÃO Representação simbólica:
Exemplo:
ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E
CONCLUSÕES z Na linguagem natural:
 Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
A negação com o conectivo “não” dinheiro.

Representação simbólica: (~p) ou (p) z Na linguagem simbólica:


Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-  p⟷q
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será
falsa, e vice-versa. Exemplo: DIAGRAMAS LÓGICOS (SILOGISMOS)
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (p): Matemática não é difícil. Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
    
Outras maneiras que também podemos usar para -
negar uma proposição, e que vem aparecendo muito dade de um predicado sobre um conjunto de constan-
nas provas de concursos, são: tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões

Não é verdade que matemática é difícil. 
É falso que matemática é difícil. pelo menos um, nenhum.

110 Conjunção (Conectivo “E”) dois tipos:
z  Algum homem joga bola.
z  Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Universais temos TODO e NENHUM, já os particula- 
res temos pelo menos um, existe um e o algum. menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
Agora, vamos estudar a representação de cada um seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-

mos fazer quatro representações com diagramas:
Quanticador Universal “Todo” (armativo)
A B
Exemplo:

Todo A é B.

Todo homem joga bola.


Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar
- Veja que em todas as representações de A e B
bém é elemento de B. Logo, podemos representar com possuem intersecção. Então, quando “Algum A é B”
o diagrama: é verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
B seguintes:
Todo A é B – É indeterminado
A Nenhum A é B – É falsa.
Algum A não é B – É indeterminado.

Quanticador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo


Menos um” / “Existe” + a partícula “Não”
O conjunto A dentro do conjunto B
Exemplo:
Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi- Algum A não é B.
cos das outras proposições categóricas, interpretando
Algum homem não joga bola.
os diagramas, serão os seguintes:
Nenhum A é B – É falsa. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Algum A é B – É verdadeira. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Algum A não é B – é falsa. 
pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Quanticador Universal “Nenhum” (negativo) junto B. Logo, podemos fazer três representações com
diagramas:
Exemplo:
Nenhum A é B.
Nenhum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
tação com diagrama: Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
contato de alguns elementos de A com B
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A B Veja que em todas as representações o conjunto


A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa.
Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores Nenhum A é B – É indeterminada.
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- Algum A não é B – É indeterminado.
tando o diagrama, serão os seguintes:
SILOGISMOS
Todo A é B – É falsa.
Algum A é B – É falsa.
Algum A não é B – é verdadeira. O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
Quanticador Particular (Armativo): “Algum” / “Pelo três proposições, em que de duas delas, que funcio-
Menos um” / “Existe” nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
proposição que é a sua conclusão ou consequente.
Exemplo: Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
Algum A é B. argumento. 111
Estrutura do silogismo categórico z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído
pelo menos uma vez. Exemplo:
z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con-
tém o termo maior (T), que é sempre o predicado  Alguns (não distribuído) homens são ricos.
da conclusão e nos diz qual é a premissa maior, da
 Alguns (não distribuído) homens são artistas.
qual faz parte.
 Alguns artistas são ricos.
z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con-
tém o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e nos indica qual é a premissa menor. Regras relativas às proposições:
z Conclusão:
médio (M). z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo pode concluir. Exemplo:
maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
sas, mas nunca aparece na conclusão.  Nenhum palhaço é chinês.
 Nenhum chinês é holandês.
Veja os exemplos abaixo:  Logo, (não se pode concluir).

Exemplo 1: Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-


ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
z Todos os mamíferos são animais. que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
z Os cães são mamíferos. médio (que é o único que nos permite relacioná-los).
z Logo, os cães são animais.
z 6ª Regra
 Termo maior: animais; pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:
 Termo menor: cães;
 Termo médio: mamíferos.
 
 Alguns seres são mortais.
Exemplo 2:
 Alguns seres não são
z Todos os homens são mortais.
z Sócrates é homem. z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais
z Logo, Sócrates é mortal. fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se
 Termo maior: mortais; uma premissa for particular, a conclusão tem de
 Termo menor: Sócrates; ser particular. Exemplo:
 Termo médio: homem.
 Todos os homens são felizes.
REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO  Alguns homens são espertos.
 Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca
Regras relativas aos termos: pode ser geral)

z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se
menor e o médio. Exemplo: pode concluir. Exemplo:

 As margaridas  Alguns italianos não são vencedores.


 Algumas mulheres são Margaridas.  Alguns italianos são pobres.
 
 Logo, (nada se pode concluir).
Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo
Pelo menos, uma premissa tem de ser universal,
equívoco. Não respeitamos esta regra, porque este
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está para que possa existir ligação entre o termo médio e
empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos. os outros termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!
z 2ª Regra – Se um termo está distribuído na conclu-
são, tem de estar distribuído nas premissas.Exemplo:
REGRAS

 Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não PREMISSAS TERMOS


distribuído)
z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém
 Os portugueses não são espanhóis.
tivas, nada se conclui somente três termos:
 Logo, os portugueses não são inteligentes. z De duas premissas ar- maior, médio e menor
mativas não pode haver z Os termos da conclusão
Menor extensão na conclusão do que nas premissas. conclusão negativa não podem ter extensão
z A conclusão segue sem- maior que os termos
z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na pre a premissa mais fraca das premissas
conclusão. Exemplo: z De duas premissas parti- z O termo médio não pode
culares, nada se conclui entrar na conclusão
z O termo médio deve
 Toda planta é ser vivo.
ser universal ao menos
 Todo animal é ser vivo.
uma vez
112  Todo ser vivo é animal ou planta.
VERDADES E MENTIRAS
Homem
Estamos diante de um assunto bem interessante,
pois em Verdades e Mentiras vemos casos em que Padre
       
existe aquela que diz algo verdadeiro, mas também
há aquela que só mente. Então, o seu dever é entender
o que o enunciado está querendo e achar quem são os José
mentirosos e verdadeiros.
Em algumas questões, você terá que fazer um teste
        -
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
entre as informações, sua suposição estará correta e         
padre, ou seja, José tem que estar dentro do con-
você conseguirá achar quem está falando a verdade
junto dos padres. Sendo assim, como não há pos-
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
sibilidade de um padre não ser homem, podemos
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem 
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio nossa conclusão. Logo, o argumento é válido.
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse
tipo de questão praticando bastante.
Vamos analisar agora um argumento usando
PROBLEMAS ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
LÓGICO devemos usar o seguinte lembrete:

Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre          
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos premissas são verdadeiras;
agora resolver algumas questões que envolvem pro- 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, conectivo envolvido no argumento;
pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos 3°. Se der ERRO       
já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação argu-
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos mento é válido.
resolver questões para entendermos como são cobra-
das em provas. Veja na prática:

ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/ Seentão vou à praia. (V)


CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO (V)
Logo, vou à praia. (F)
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
        
ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
 lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia
inválido. é falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
valores lógicos para proposição composta pelo conec-
Argumentos Válidos tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,

Também podem ser chamados de argumentos (V) (F)


bem construídos ou legítimos. Seentão vou à praia. (V)
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Para que o argumento seja válido, não basta que (V)


a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis- Logo, vou à praia. (F)
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
ou seja, quando a conclusão é uma consequência Como já sabemos e estudamos lá no módulo de ta-
necessária das premissas, dizemos que o argumen- bela verdade, quando temos a combinação lógica ver-
to é válido. dade no antecedente e falso no consequente (V à
Vamos analisar o exemplo: F) para o conectivo “se...,então”, o nosso resultado só
poderá ser falso.
p1: Todo padre é homem.
p2: José é padre. (V) (F)
c: José é homem. Seentão vou à praia. (V) (F)
(V)
Quando temos argumentos utilizando os quanti- Logo, vou à praia. (F)
cadores lógicos, representamos através dos diagra-
mas lógicos para saber a validade de um argumento. Percebe-se, então, que não está de acordo com a
Veja que temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, nossa valoração inicial, ou seja, DEU ERRO. Logo, nos-
logo: so argumento é válido. 113
ARGUMENTOS INVÁLIDOS 3°. Se não der ERRO      
argu-
Também podem ser chamados de argumentos mal mento é inválido.
construídos, ilegítimos, sosmas ou falaciosos.
Dizemos que um argumento é inválido quando a Veja na prática:

a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo para Se então não vou ao cine-
clarear um pouco mais sobre o assunto: Exemplo: ma. (V)
(V)
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; Logo, vou ao cinema. (F)
p2: Patrícia não é criança;
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. 
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
 ma é falso e o tempo car nublado é verdadeiro.
vamos representar através dos diagramas lógicos Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
para saber a validade de um argumento. Veja que posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre-
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
a proposição não vou ao cinema está negando o que
Gostam de chocolate está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
valor lógico dela. Assim,

(V) (V)
Crianças Seentão vou ao cinema. (V)
(V)

Logo, vou ao cinema. (F)


Patrícia
Como já estudamos lá no módulo de tabela verdade,
tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
- verdade no antecedente e falso no consequente (V
à F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro.
Gostam de chocolate
(V) (V)
Seentão vou ao cinema. (V)
(V)
Crianças Logo, vou ao cinema. (F)

Percebe-se, então, que o argumento está de acor-


do com a nossa valoração inicial, ou seja, NÃO DEU
Patrícia
ERRO. Logo, nosso argumento é inválido.
Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Não gostam de chocolate
DEU ERRO ARGUMENTO VÁLIDO

         NÃO DEU ARGUMENTO


criança, temos duas interpretações: ERRO INVÁLIDO

1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de cho-


colate ou; Para podermos praticar um pouco mais sobre esse
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de cho- assunto, analisaremos algumas questões de concursos.
colate. Sendo assim, não há possibilidade de

gosta de chocolate, como consta na conclusão.
Logo, o argumento é inválido. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM
“Professor, eu sempre vejo esse tema em alguns
Para analisar um argumento inválido, utilizando editais, mas nunca entendo o que realmente preciso
conectivos lógicos, deve-se seguir os mesmos passos estudar.” Bom, Então, eu vou te ajudar a esclarecer
para a análise de argumentos válidos, porém se leva isso de uma maneira rápida e simples.
em consideração um detalhe: -
cos. Então, toda vez que você vir esse tema no edi-
          tal, terá que saber três coisas fundamentais sobre os
premissas são verdadeiras; 
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
114 conectivo envolvido no argumento; z Negação;
z Equivalência; e Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
z Representação por diagramas. lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
tando o diagrama, serão os seguintes:
    - Todo A é B – É falsa.
        Algum A é B – É falsa.
validade de um predicado sobre um conjunto de cons- Algum A não é B – é verdadeira.
tantes individuais, ou seja, são palavras ou expressões
QUANTIFICADOR PARTICULAR (AFIRMATIVO):

“ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE”
     
“todo”, “pelo menos um” e “nenhum”.
Exemplo:
Algum A é B.
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS Algum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
 exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
dois tipos: 
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
z todo” e “nenhum”; seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
z   “pelo mos fazer quatro representações com diagramas:
menos um”, “existe um” e o “algum”.
A B
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “TODO” (AFIRMATIVO)

Exemplo:
Todo A é B.
Todo homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
           Veja que todas as representações de A e B possuem
também é elemento de B. Logo, podemos representar intersecção. Então, quando “Algum A é B” é verdadei-
com o diagrama: ra, os valores lógicos das outras proposições categóri-
cas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
B Todo A é B – É indeterminado
Nenhum A é B – É falsa.
A Algum A não é B – É indeterminado.

QUANTIFICADOR PARTICULAR (NEGATIVO):


“ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE” + A
PARTÍCULA “NÃO”
O conjunto A dentro do conjunto B
Exemplo:
Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi- Algum A não é B.
cos das outras proposições categóricas, interpretando Algum homem não joga bola.
os diagramas, serão os seguintes: Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Nenhum A é B – É falsa. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Algum A é B – É verdadeira. 
pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Algum A não é B – é falsa.
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

diagramas:
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “NENHUM” (NEGATIVO)

Exemplo:
Nenhum A é B.
Nenhum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
- Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
contato de alguns elementos de A com B
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
tação com diagrama:
Veja que em todas as representações o conjunto
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
A B deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa.
Nenhum A é B – É indeterminada.
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B Algum A não é B – É indeterminado. 115
NEGAÇÃO DOS QUANTIFICADORES LÓGICOS OU QUANTIFICADOR NEGAÇÃO EXEMPLO
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
p: Algum homem
Particular negativa Universalarmativa não joga bola.
Você vai aprender de uma vez por todas como
“algum + não” “todo” ~p: Todo homem
     - joga bola.
ções que utilizam expressões como “todo”, “algum”
e “nenhum”. Recapitulando sobre a negação de uma
      
proposição, podemos, então, dizer que negar uma pro-
lógico particular (Pelo menos / Existe / Algum), pode-

mos escrever o lembrete abaixo para negação:
palavras, a negação de uma proposição verdadeira é
uma proposição falsa; a negação de uma proposição
falsa é uma proposição verdadeira.
NEGAÇÃO PEA + NÃO
Tudo que você precisa para negar uma proposição TODO
      
alguns exemplos:
NENHUM NEGAÇÃO PEA

QUANTIFICADOR CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO


Universal Todo homem joga EQUIVALÊNCIA LÓGICA DE QUANTIFICADORES
TODO
Armativo bola.
Nenhum homem TODO
NENHUM Universal Negativo
joga bola.
Particular Algum homem z “Todo A é B” é equivalente a dizer “nenhum A não
ALGUM é B”.
Armativo joga bola.
Algum homem não
ALGUM + NÃO Particular Negativo Vemos aqui que: Troca-se “todo” por “nenhum”, ou
joga bola.
seja, a primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
Exemplo: “Todo gato pula alto”. = “Nenhum gato
Sabendo disso, é muito simples negar proposições
não pula alto”.

z “Todo A é B” equivale a “Se é A, então é B”.
UNIVERSAL NEGAÇÃO PARTICULAR
Exemplo: “Todo pato é amarelo”. = “Se é pato,
então é amarelo”.
PARTICULAR NEGAÇÃO UNIVERSAL
NENHUM

VERBO z “Nenhum A é B” é equivalente a dizer “Todo A


NEGAÇÃO VERBO NEGATIVO
 não é B”.

Vemos aqui que: troca-se “nenhum” por “todo”, a


VERBO VERBO
NEGATIVO
NEGAÇÃO
 primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
Exemplo: “Nenhum macaco é branco” = “Todo
macaco não é branco”.
z universal, a nega-
particular.
z      particular, a 

universal.
z Se o verbo for armativo, a negação utilizará um negação
verbo negativo. AéB A não é B A não é B

z Se o verbo for negativo, a negação utilizará um TODO ALGUM NENHUM


verbo armativo.
A não é B AéB AéB
negação
Esquematizando tudo:


QUANTIFICADOR NEGAÇÃO EXEMPLO


p: Todo homem
Universal armati- Particular negativa joga bola.
va “todo” “algum + não” ~p: Algum homem
não joga bola.
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
p: Nenhum homem
Universal negativa Particular armati- joga bola.
INTRODUÇÃO A TEORIA DE CONJUNTOS
“nenhum” va “algum” ~p: Algum homem
joga bola.
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas
p: Algum homem que possuem a mesma característica, por exemplo,
Particular armati- Universal negativa joga bola. numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só
va “algum” “nenhum” ~p: Nenhum ho-
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam
mem joga bola.
116 
Representamos um conjunto da seguinte forma: b  (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y.
Conjunto X Já o elemento “d” não faz parte de nenhum dos
dois conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
y tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é a jun-
ção das regiões dos dois conjuntos e é representada
simbolicamente por X ∪ Y. Assim,
x
d ∉ (X ∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união
entre os conjuntos X e Y.
Vamos analisar uma outra situação:
       
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con- X Y
junto X, já na parte externa do círculo, estão todos os
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
pertence ao conjunto X.

X–Y X∩Y Y–X


Dica
No gráco acima podemos dizer que o elemento
“x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não
pertence.
Nesta representação, podemos interpretar a
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi-
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- região X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos o região formada pelos elementos de X que não fazem
símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Mate- parte do conjunto Y. Veja o exemplo:
maticamente: y ∉ X. X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
Complemento de um conjunto X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
e também em Y, ou seja,
O complemento de X é o conjunto formado por X – Y = {2, 3, 4, 8}
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz Já no caso da região Y – X, temos:
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
presentes em X. Representamos o complemento, ou Y = {5, 6, 7, 9, 10}
complementar, pelo símbolo XC.   Y – X = {9, 10}
que “y” não pertence a X, mas pertence ao conjunto Podemos falar, também, da região de interseção
complementar de X: matematicamente: y Є XC. dos conjuntos X ∩ Y.
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Interpretando regiões e conhecendo a Interseção e Y = {5, 6, 7, 9, 10}
União de Conjuntos X ∩ Y = {5, 6, 7}
      união entre os
Uma outra situação é quando temos dois conjuntos
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os
(X e Y), podemos representar da seguinte forma, no
elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele-
geral:
mentos presentes na interseção. Veja:
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
X Y Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está


Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos

Em algumas situações, a intersecção entre os con-


a b c juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo.
Isso acontece quando todos os elementos de B são tam-
bém elementos de A
d

Interpretando os conjuntos acima, temos: X


O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y, já o elemento “c” faz parte somente ao
conjunto Y.
Perceba que o elemento “b” pertence aos dois con- Y
juntos, ou seja, faz parte da interseção entre os con-
juntos X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩
Y. Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos: 117
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y
está contido no conjunto X, representado matemati- ⊂ está contido Indica que um con-
camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer ainda que o junto está contido em
conjunto X contém o conjunto Y, representado mate- outro conjunto.
maticamente por X ⊃ Y. ⊄ não está contido Indica que um conjun-
to não está contido
em outro conjunto.
Importante! ⊃ contém Indica que determina-
Entenda a diferença: do conjunto contém
outro conjunto.
● Falamos que um ELEMENTO pertence ou não
pertence a um CONJUNTO; ⊅ não contém Indica que determina-
do conjunto não con-
● Falamos que um CONJUNTO está contido ou tém outro conjunto.
não está contido em outro CONJUNTO.
| tal que Serve para fazer a li-
gação entre a compo-
Representação de Conjunto usando Chaves sição de um conjunto
na “representação em
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- chaves”.
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para A ∪B união de Lê-se como “X união
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, conjuntos Y”.
d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas
A ∩B interseção de Lê-se como “X inter-
para representar os conjuntos. Veja o exemplo abaixo:
conjuntos secção Y”.
A = {∀ x ≥ 0} A-B diferença de Lê-se como “diferen-
conjuntos ça de A com B”.
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto XC complementar Refere-se ao comple-
acima da seguinte maneira: o conjunto A é composto mento do conjunto X.
por TODO x pertencente ao conjunto dos números intei-
ros, TAL QUE x é maior ou igual a zero. Diagrama de VENN
Agora, veja um outro exemplo:
Vamos entender como se resolve questões que
B = {∃ x  5} envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-
do. Acompanhe os exemplos seguintes e a maneira
Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto como desenvolvemos suas resoluções.
B EXISTE x pertencente ao conjunto dos números intei- Exemplo 1: Em uma sala de aula, 20 alunos gostam
ros, TAL QUE x é maior do que 5. de Matemática, 30 gostam de Português, e 10 gostam
Agora vamos esquematizar todas as simbologias das duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
para que você possa gravar mais facilmente e apli- de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos há
car na hora de resolver as questões. Observe a tabela nessa sala de aula?
abaixo: Siga os passos abaixo:

SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO 1. Identique os conjuntos;


2. Represente em forma de diagramas;
{,} chaves Ex.: X = {a,b,c} repre- 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
senta o conjunto X interseção para as demais informações);
composto pora,bec. 4. Preencha as demais informações no diagrama;
{ } ou ∅ conjunto vazio Signica que o con- 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
junto não tem elemen- envolvidos.
tos, é um conjunto
vazio. Vamos a resolução:
∀ para todo Signica “Para todo”
ou “Para qualquer que 1. Identique os conjuntos;
seja”. 2. Represente em forma de diagramas;

 pertence Indica relação de


Matemática Português
pertinência de
elementos.
∉ não pertence Indica relação de
não pertinência de
elementos.
∃ existe Indica relação de
existência.
∄ não existe Indica que não há re-
lação de existência.
118
3. Preencha as informações de dentro para fora (da n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
interseção para as demais informações); n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10
n(M ∪ P) = 40
Matemática Português Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou
Português (aqui já está incluso quem gostam das duas

somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Exemplo 2:Assim como nos problemas com 2 conjun-
tos, quando nós tivermos 3 conjuntos será possível resol-
ver o problema por meio de Diagramas de Venn ou por
10 meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantida-
de de músicas. Nenhum deles gostou de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
4. Preencha as demais informações no diagrama;
nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
Matemática (20) músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
Português (30)
música alguma que somente um deles tenha gostado.
O número de músicas que eles ouviram foi?
Siga os passos abaixo:

1. Identique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20 interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
envolvidos.
5
Vamos a resolução:
Total = X
20 gostam de Matemática 1. Identique os conjuntos;
30 gostam de Português 2. Represente em forma de diagramas;
10 gostam dos dois
10 gostam apenas de Matemática André Bernardo
20 gostam apenas de Português
5 não gostam de nenhuma

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos


envolvidos;

Matemática (20) Português (30)

Carol
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3. Preencha as informações de dentro para fora (da


5 interseção para as demais informações);

10+10+20+5 = X André Bernardo

X = 45 alunos é o total dessa sala.


Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)


10
Esta fórmula nos diz que o número de elementos
da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos: Carol
Matemática (M)
Português (p) 119
4. Preencha as demais informações no diagrama; RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES

A razão entre duas grandezas é igual a divisão


André Bernardo
entre elas, veja:
2
ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
5
para 5”).
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
2 4
0 12 0 = ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6
3 6
(Lê-se “2 está para 3 assim como 4 está para 6”).
10
Os problemas mais comuns que envolvem razão
e proporção é quando se aplica uma “variável” qual-
9 4
quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o
valor dela. Veja o exemplo:
0 Carol
2 x
6 = ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe- -
mos que os três gostaram de dez músicas, depois ção: “produto dos meios pelos extremos”.
preenchemos com as demais informações: Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6
12 músicas que SOMENTE André e Bernardo gosta-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
ram (na interseção entre os 2 apenas);
numa igualdade. Observe:
9 que SOMENTE André e Carol gostaram;
3·X=2.6
4 que SOMENTE Bernardo e Carol gostaram; 3X = 12
6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três X = 12/3
conjuntos). X=4
Os “zeros” representam o fato de que não houve Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
música que somente um deles tivesse gostado. vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
Logo, vem a última etapa: priedade fundamental. Porém, algumas questões
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
envolvidos; Vamos a elas.

Total = X Propriedade das Proporções


6+0+12+10+9+0+4+0=X
Somas Externas
X = 41 músicas
a c a +c
Questões com três conjuntos podem ser resolvidas = =
b d b +d
usando a fórmula abaixo:
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um
n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X questão-exemplo:
∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z) Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
Traduzindo a fórmula:
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
Total de elementos da união = soma dos conjuntos –
fábrica. Quanto cada um vai receber?
interseções dois a dois + interseção dos três Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos:

RACIOCÍNIO LOGICO ENVOLVENDO C


=
D
3 2
PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
Utilizando a propriedade das somas externas:
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
C = D C +D
PROBLEMAS ARITMÉTICOS =
3 2 3+2
Vamos relembrar alguns conceitos e fórmulas Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
 então podemos substituir na proporção:
entendimento para resolvermos questões sobre esse
C D C +D 10.000
120 tópico. = = = =2.000
3 2 3+ 2 5
Aqui cabe uma observação importante! Agora multiplicando em cima e embaixo de um
lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
2A 3B
partes dentro da proporção. Veja: =
4 9
C Aplicando a propriedade das somas externas,
= 2.000
3 podemos escrever o seguinte:
C = 2000 x 3
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos) 2A 3B 2A + 3B
= =
D 4 9 4 +9
= 2.000
2 Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
D = 2.000 x 2 porção, temos:
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece- 2A 3B 2A + 3B 13.000
ber R$4.000. = = = =1.000
4 9 4 +9 13

Somas Internas Logo,

a c a +b c+d 2A
= = = = 1.000
b d b d 4
2A = 4 x 1.000
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno- 2A = 4.000
minador ao efetuar essa soma interna, desde que A = 2.000
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da 
proporção.
3B
= 1.000
a c a +b c+d 9
= = =
b d a c 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
Vejamos um exemplo:
B = 3.000
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
x 2
= 
14 - x 5

x + 14 - x 2+ 5 O total pago pela empresa será:
=
x 2 Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
14 7 Agora vamos estudar um tipo de problema que
= aparece frequentemente em provas de concursos
x 2
envolvendo razão e proporção.
7 . x = 2 · 14
REGRA DA SOCIEDADE
14 · 2
x= =4
7 Diretamente proporcional
Portanto, encontramos que x = 4.
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
Observação: vale lembrar que essa propriedade va é “dividir uma determinada quantia em partes
também serve para subtrações internas. proporcionais a determinados números. Vejamos um
exemplo para entendermos melhor como esse assun-
Soma com Produto por Escalar: to é cobrado:
Exemplo:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

a c a + 2b c + 2d A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em


= = = partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
b d b d
dessas partes corresponde a:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. razão. Veja:
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B X Y Z
o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, = = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
temos:
A B Usando uma das propriedades da proporção,
=
2 3 somas externas, temos:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3 X+ Y+ Z 900.000
funcionários na categoria B, podemos escrever que a = 60.000
4+ 5+ 6 15
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
2A + 3B = 13.000 a 4, logo: 121
X “Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
= 60.000
4 do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan-
X = 60.000 x 4 tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
X = 240.000 remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
-
Inversamente proporcional ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa
pela taxa de juros.
É um tipo de questão menos recorrente, mas não Nos juros simples a incidência recorre sempre
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
sobre o valor original. Veja um exemplo para melhor
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
entender.
quinhão inversamente proporcional a três números.
Vejamos um exemplo: Exemplo 1:
Exemplo: Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. 
Vamos chamar de X as quantias que devem ser meses. Então temos o seguinte:
distribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6,
respectivamente. Devemos somar as razões e igualar CAPITAL
ao total que deve ser distribuído para facilitar o nosso EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
cálculo, veja: (1000,00)
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
X X X
+ + = 740.000 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
4 5 6
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
mos a fração. 5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00

4–5–6|2 
2–5–3|2 de juros.
1–5–3|3 
1–5–1|5
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
J=C·i·t
Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e
multiplicando o resultado pelo numerador temos:
M=C+J
15x 12x 10x
+ + = 740.000 M = C · (1 + i ·J)
60 60 60
37x Onde,
= 740.000 J = juros
60
C = capital
X = 1.200.000 i = taxa em percentual (%)
t = tempo
Agora basta substituir o valor de X nas razões para M = montante
achar cada parte da divisão inversa.
Taxas proporcionais e equivalentes
x 1.200.000
= = 300.000
4 4 Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
x 1.200.000 portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
= =240.000
5 5 
x 1.200.000 que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
= = 200.000
6 6 taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
Logo, as partes dividas inversamente proporcio- taxas de juros são proporcionais quando guardam a
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K, mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
240K e 200K. 12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
bém é proporcional a 1% ao mês.
JUROS SIMPLES E COMPOSTO Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que
Juros Simples é proporcional à taxa de 12% ao ano:

 12% ao ano ----------------------- 1 ano


é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado Taxa bimestral ------------------ 2 meses
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar
os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
não haja incidência de juros (ou caso esses juros temporal, temos:
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando
122 o dinheiro). 12% ao ano ---------------------- 12 meses
Taxa bimestral ------------------ 2 meses JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
12% x 2 = Taxa bimestral x 12
Taxa bimestral = 2% ao bimestre Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
Juros capitalizados no nal Juros capitalizados periodi-
Dica do prazo camente (“juros sobre juros”)
Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
Duas taxas de juros são equivalentes quando
Valores similares para pra- Valores similares para pra-
são capazes de levar o mesmo capital inicial C
zos e taxas curtos zos e taxas curtos
ao montante nal M, após o mesmo intervalo de
tempo. Juros compostos – cálculo do prazo

Uma outra informação muito importante e que


Nas questões em que é preciso calcular o prazo
você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t”
valentes quando estamos no regime de juros simples
está no expoente da fórmula de juros compostos. A
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
propriedade mais importante a ser lembrada é que,
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
sendo dois números A e B, então:
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
do de tempo.
log AB = B x log A

Signica que o logaritmo de A elevado ao expoente


Importante!
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
No regime de juros simples, taxas de juros propor- Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
cionais são também taxas de juros equivalentes. mos é a seguinte:

Juros Compostos log b A l = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B


B

Imagine que você pegou um empréstimo de Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é igual
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- à subtração dos logaritmos de cada número.
lizado após 4 meses, sob taxa de juros de 10% ao mês. Também é importante ter em mente que “logA”
 
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e Observe um exemplo:
não somente sobre o valor inicialmente emprestado. No regime de juros compostos com capitalização
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com- mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
postos. Podemos montar a seguinte tabela: -
do para produzir o montante de R$120.000 é expressa
MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00 log2, 1
por .
log1, 01
1º MÊS 11.000,00
Temos a taxa j = 1%am, capital C = 100.000 e mon-
2º MÊS 12.100,00 tante M = 120.000. Na fórmula de juros compostos:
3º MÊS 13.310,00 M = C x (1+j)t
4º MÊS 14.641,00
120000 = 100000 x (1+1%)t
         12 = 10 x (1,01)t
ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial 1,2 = (1,01)t
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00. Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados:


 log1,2 = log (1,01)t
log1,2 = t · log 1,01

M = C · (1 + i)t log1, 1
t=
log1, 01
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem- Logo, questão errada.
plo. Veja:
PROBLEMAS ARITMÉTICOS
M = 10000 x (1 + 10%)4
M = 10000 x (1 + 0,10)4 Vimos no início de nosso estudo toda a parte teó-
M = 10000 x (1,10)4 rica que nos deu suporte para que chegássemos até
M = 10000 x 1,4641 aqui e conseguíssemos resolver mais algumas ques-
M = 14.641,00 reais tões sobre esse tópico. Mas, lembre-se que geralmente
os tópicos fração, razão e proporção e porcentagem
Podemos fazer a comparação entre juros simples e são os mais cobrados e por isso este será o nosso foco
compostos. Observe a tabela abaixo: principal. Mãos à obra! 123
PROBLEMAS GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS  Três pontos não colineares

Antes de começar a resolver exercícios sobre esse


C α
assunto, é necessário ter o entendimento adequado
sobre geometria e matrizes. Para isso, vamos explanar
a parte teórica sobre geometria e matriz, e logo em
seguida iremos resolver algumas questões envolven-
do problemas geométricos e matriciais. B
A
GEOMETRIA

Ponto, Reta e Plano


 Por uma reta e um ponto fora dela
Quando falamos sobre ponto, reta e plano, deve-
     P α
relação a sua representação geométrica e espacial.
Representação Simbólica:

z Os pontos são representados por letras maiúsculas


do nosso alfabeto, ou seja, A, B, C, ...etc. A B
r
z As retas são representadas pelas letras minúsculas
do nosso alfabeto, ou seja, a, b, c, ...etc.
z Os planos são representados pelas letras gregas
∞  Por duas retas concorrentes

Representação Gráca α

r S C
P
α
r A B
ponto

reta plano
z Por duas retas distintas
Vamos agora sobre alguns pontos interessantes:
α
z Passando por um ponto “P” qualquer podemos tra-

única reta. Veja: S

Pelo ponto P podemos Os pontos A e B denem a


traçar innitas retas posição de uma reta r

A Razão entre Segmentos de Reta

P Quando dois pontos delimitam um conjunto de


pontos numa mesma reta, chamamos de segmento de
B reta e podemos representar por duas letras como, por
exemplo AB. O início do segmento é em A e termina
em B. Veja abaixo:

z Pontos colineares são aqueles que pertencem à Reta s


s
mesma reta.
Segmento de Reta AB
A B t
C
B
A B Semirreta AB
A B u
A c
r Feixe de Retas Paralelas
COLINEARES
r
NÃO COLINEARES Um conjunto de três ou mais retas paralelas num
plano é chamado feixe de retas paralelas. Temos, ain-
z Um plano pode ser determinado de algumas da, uma reta que corta a reta de feixe que é chamada
124 maneiras. Veja: de reta transversal. Veja:
s t Como 360o representam uma volta completa, 180º
representam meia-volta, como você pode ver abaixo:
a
180°
b

d Por sua vez, 90o representa metade de meia-volta,


isto é, ¼ de volta. Este ângulo é conhecido como ângu-
lo reto, e tem uma representação bem característica:
Teorema de Tales

Quando temos um feixe de retas paralelas sobre


duas transversais quaisquer, determinamos segmen-

um pouco mais:

s t 90°

A D a
      
B E
b valor do ângulo em relação a 90°:

C F
c z Ângulos agudos: são aqueles ângulos inferiores à
90°. Ex.: 30o, 42o, 63o.
D G z Ângulos obtusos: são aqueles ângulos superiores à
d
90o. Ex.: 100o, 125o, 155o.

Observação: os ângulos de 0 e 180º são denomina-


Vamos destacar algumas proporções:
dos de ângulos rasos.
        
 medida:

 z Ângulos congruentes: são congruentes (iguais)
quando possuem a mesma medida.
Ângulos z Ângulos complementares: são complementares
quando a soma entre os ângulos é 90o. Ex.: 60° +
Ângulo é a medida de uma abertura delimitada 30° = 90°. Os ângulos 30° e 60° são complementares
        
um do outro.
A, que é a abertura delimitada pelas duas semirretas
desenhadas: z Ângulos suplementares: são suplementares quan-
do a soma entre os ângulos é 180o. Ex.: 110° + 70°
= 180°. Os ângulos 70° e 110° são suplementares
entre si.

A semirretas que divide um ângulo em duas partes


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A iguais é denominada Bissetriz. Veja:

O ponto desenhado acima no encontro entre as


duas semirretas é denominado “Vértice do ângulo”. A/2
Um ângulo é medido de acordo com a sua abertura.
Dizemos que uma abertura completa mede 360 graus A/2
(360º). Veja:

Agora observe esse cruzamento de retas. Vamos


tirar algumas conclusões interessantes.

A B

C A

D
125
Os ângulos formados pelo cruzamento das retas Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais.
são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
o mesmo valor. Ou seja, A = C e B = D. z a soma do ângulo interno e do ângulo externo de
Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma um mesmo vértice é igual a 180º;
entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B z a soma dos ângulos internos de um polígono de n
e C, C e D, e D e A. lados é:

Dica S = (n – 2) × 180°

Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma Dica


medida.
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n =
Uma outra unidade de medida de ângulos é cha- 3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados)
mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem esta soma é 360º.
-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia- Os polígonos que possuem todos os lados iguais
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos: e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas
 nomenclaturas dos principais polígonos regulares e
60° ------------------------------------ x radianos os seus números de lados.

60r r Nº DE NOME Nº DE NOME
x= = radianos.
180 3 LADOS LADOS
3 Triângulo 9 Eneágono
Polígonos
4 Quadrilátero 10 Decágono
- 5 Pentágono 11 Undecágono
mada por uma série de segmentos de reta. Observe: 6 Hexágono 12 Dodecágono
7 Heptágono ... ...
8 Octógono 20 Icoságono

MÉTRICA. ÁREAS E VOLUMES. ESTIMATIVAS.


APLICAÇÕES

Sistema de Unidades de Medidas

Os elementos de qualquer polígono são: Quando estudamos o sistema de medidas nos


        
z Lados: são os segmentos de reta que formam o dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
 Porém existem as conversões entre as unidades para
uma melhor interpretação e leitura.
segmentos de reta, isto é, 5 lados).
z Vértices: são os pontos de junção de dois segmen-
Medidas de Comprimento
tos de reta consecutivos. Estão marcados com

A unidade principal tomada como referência é o
z Diagonais: são os segmentos de reta que unem dois
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
vértices não consecutivos. São as retas vermelha
rentes que servem para medir dimensões maiores ou
traçadas no polígono abaixo.
menores. A conversão de unidades de comprimento
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo:
A

Km hm dam m dm cm mm
  (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)

B E
×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10

Km hm dam m dm cm mm

C D :10
:10 :10 :10 :10 :10

Para calcular o número de diagonais de um polígo-


Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.
no, vamos precisar levar em consideração os vértices
Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
(lados). Chegamos na seguinte fórmula:
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
n # (n - 3) casas até chegar em centímetro. Logo,
126 D= 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
2
Medidas de Área (Superfície) Medidas de Tempo

A unidade principal tomada como referência é o Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como
diferentes que servem para medir dimensões maiores se faz a relação nessa unidade:
ou menores. A conversão de unidades de superfície Para transformar de uma unidade maior para a
segue potências de 100. Veja o esquema abaixo: unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:
1 hora = 60 minutos
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 4 h = 4 x 60 = 240 minutos
  (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) Para transformar de uma unidade menor para a
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações:
Km hm dam m dm cm2 mm 1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
:100 :100 :100 :100 :100 :100 Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2. (hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
Para sair do metro quadrado e chegar no cen- mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000 1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins-
(100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em tante do dia.
centímetro quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 = 1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
53000 cm2.
PERÍMETRO E ÁREA
Medidas de Volume (Capacidade)
Retângulo
A unidade principal tomada como referência é o
metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-
diferentes que servem para medir dimensões maiores
gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo: ângulos internos iguais a 90°.

b
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
  (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000


h h

Km hm dam m dm cm3 mm

:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 b

Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3. Chamamos o lado “b” maior de base, e o lado
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro menor “h” de altura.
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro Área do Retângulo
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

cúbico. Logo,
5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3. Para calcularmos a área, vamos fazer a multipli-
Veja agora algumas relações interessantes e que cação de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a
você precisa ter em mente para resolver a diversas fórmula:
questões.
A=b×h
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
Exemplo: um retângulo com 10 centímetros de
1 quilograma (kg) 1000 gramas (g) lado e 5 centímetros de altura, a área será:
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
A = 10cm × 5cm = 50cm2
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
Quando trabalhamos o conceito e cálculo de áreas
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
-
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) do que no nosso exemplo tínhamos centímetros e pas-
samos para centímetros quadrados, que neste caso é a
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
unidade de área. 127
Quadrado
L L
Nada além de um retângulo no qual a base e a altu- d
ra têm o mesmo comprimento, ou seja, todos os lados
do quadrado têm o mesmo comprimento, que chama- D
L L
remos de L. Veja:

L Assim, a área do losango é dada pela fórmula


abaixo:

D#d
L L A=
2
Paralelogramo

L É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos


paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
A área também será dada pela multiplicação da mo tamanho.
base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
b
mos L x L, ou seja:

A = L2 h

Trapézio

Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles b


paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que A área do paralelogramo também é dada pela mul-
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja tiplicação da base pela altura:

A=b×h
b
Triângulo

       


Veja-a abaixo:
h

Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do a c


trapézio através da fórmula abaixo:

(B + b) # h
A=
2

Losango b

É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen- Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe-
to. Veja abaixo: cer a sua altura (h):

L L

a c
L L
h
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de
128  b
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é TEOREMA DE PITÁGORAS
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
lo utilizando a seguinte fórmula: Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.

b #h
A=
2
B
Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:
c
a
 Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
internos da base são iguais (simbolizados na A

b

Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado


do triângulo. Veja:
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto
a a (90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
c chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”, que
são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de catetos.
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote-
A A nusa: a2 = b2 + c2.
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes-
C santes que estão presentes no triângulo retângulo.

 Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os


três lados com medidas diferentes, tendo tam-
bém os três ângulos internos distintos entre si:
b h c

n m
a B C B
c H

C A
Devemos nos atentar em relação a algumas fórmulas
b que são extraídas do triângulo acima que poderão nos aju-
dar com a resolução de algumas questões. Veja quais são:
 Triângulo equilátero: é o triângulo que tem
h2 = m×n
todos os lados iguais. Consequentemente, ele
b2 = m×a
terá todos os ângulos internos iguais: c2 = n×a
b×c = a×h

Essas fórmulas são chamadas de relações métricas


do triângulo retângulo.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A
a a
h Círculo

Todos os pontos estão a uma mesma distância em


A A
relação ao centro do círculo ou circunferência. Cha-
a mamos de raio e geralmente é representada por “r”.


Podemos calcular a altura usando a seguinte fórmula:

a 3
h=
2
r
Para calcular a área do triângulo equilátero usan-
do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
fórmula a seguir:
2
a 3
A= 129
4
 Sabemos que o ângulo central de uma volta com-
r2 pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des-
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14. ta volta completa, que é a própria área do círculo ( 
Vejamos um exemplo para calcular a área de um r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
círculo com 10 centímetros de raio: 

2 2
2 

 2
A = 3,14×100 = 314cm2 a # rr
Logo, área do setor circular = c
360
O perímetro de uma circunferência que é a mesma Usando a mesma ideia, podemos calcular o com-
coisa que o comprimento da circunferência, é dado por:
primento do segmento circular entre os pontos A e B,
cujo ângulo central é “” e que o comprimento da cir-


-
tro daquela circunferência com 10cm de raio: 360° --------------- ------ 2 r
 -------------------------- Comprimento do setor circular
C = 2 × 3,14 × 10
C = 6,28 × 10 = 62,8 cm a # 2r r
Logo, comprimento do setor circular =
360c
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
GEOMETRIA ESPACIAL
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r. Poliedros


cada uma delas sendo um polígono regular que estu-
damos anteriormente. Vamos conhecer os principais
poliedros, destacando alguns pontos importantes
como área e volumes:
D = 2r
Paralelepípedo reto retângulo e Cubo

c a

b
a a


O cubo é um caso particular do paralelepípedo
A reto retângulo, ou seja, basta que igualemos os valo-
res de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto
retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
 Veja:
B V=a×b×c
C


V = a × a × = a3

Dica
Note que formamos uma região delimitada dentro As faces do paralelepípedo são retangulares,
do círculo. Essa região é chamada de setor circular. Te- enquanto as faces do cubo são todas quadradas.
mos ainda um ângulo central desse setor circular sim-
 A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-
determinar a área do setor circular e o comprimento das. Ou seja,
do segmento de círculo compreendido entre os pontos
130 A e B. A T = 6a2
Agora no paralelepípedo reto retângulo temos 2
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
total de um paralelepípedo é:
H H
AT = 2ab + 2ac + 2bc

Prismas R C
R
Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
que têm as arestas laterais perpendiculares às bases. A área da superfície lateral do cilindro é igual a
 2ℎ.
os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma E o volume do cilindro é o produto da área da base
não é uma circunferência. 
        
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris- Esfera
ma será pentagonal.
Quando estamos estudando a esfera, precisamos
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio,
ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar.

Prisma Prisma Prisma Prisma


triangular pentagonal hexagonal quadrangular

O volume para qualquer tipo de prisma será sem-


pre o produto da área da base pela altura. Veja:

V = Ab × h
O raio é simplesmente a distância do centro da es-
A área total de um prisma será a soma da área late-
fera até qualquer ponto da sua superfície.
ral com duas bases.
O volume da esfera é calculado usando a seguinte
fórmula:
AT = Al + 2Ab
4 # 3
V= rr
3
Cilindro
E a área da superfície pela fórmula abaixo:
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
 

Cone


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

base (círculo) Altura

Geratriz
Geratriz

A distância entre as duas bases é chamada de altu-


ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro
da base, o cilindro é chamado de equilátero.
Base

Vamos extrair algumas informações.
A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da A base de um cone é um círculo, então a área da
. 
Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e        
“abrirmos” todo o cilindro, teremos o seguinte: seguir: 131
G

m1

m
Temos, também, a área lateral é dada pela fórmula
g” é o comprimento da geratriz do cone.
Para calcularmos o volume de um cone, basta A área lateral da pirâmide é dada por:
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base pela altura. Veja: Aℓ = pm′

2 A área total da pirâmide é dada por:


rr h
V=
3 AT = Ab + A
Dica
O volume da pirâmide é calculado da mesma for-
Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da
base pela altura. Veja:
ao diâmetro, ou seja, 2r.
Ab # h
V=
Pirâmides 3
MATRIZES E DETERMINANTES
A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-
Matrizes
gono regular, no caso estamos falando apenas de pirâ-
mides regulares. Uma matriz Mmxn é uma tabela com “m linhas e n
colunas”. Os elementos desta tabela são representa-
dos na forma aij, onde “i representa a linha e j repre-
senta a coluna” deste termo. Veja um exemplo de uma
matriz A2x2:

;1 E
5 -3
A=
7
pirâmide pirâmide pirâmide
triangular Veja que temos 2 linhas e 2 colunas, ou seja, Aij =
quadrangular pentagonal
A2x2. O termo a12, por exemplo, é igual a -3.
É importante saber que dizemos que a ordem des-
ta matriz é 2x2. A partir dela, podemos criar a matriz
transposta AT, que é construída trocando a linha de
cada termo pela sua coluna e a coluna pela linha.
Repare que a ordem de AT é 2x2:

< F
5 1
AT =
-3 7

Uma matriz é quadrada quando possui o mesmo



pirâmide pirâmide
nosso exemplo.
hexagonal heptagonal
Uma matriz possui uma diagonal principal, que no
nosso exemplo da matriz A2x2 é formada pelos núme-
O segmento de reta que liga o centro da base a um ros 5 e 7. A outra diagonal é dita secundária, formada
ponto médio da aresta da base é denominado “apótema pelos números -3 e 1.
da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base. E o
; E
5 -3
segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto médio A=
1 7
de uma aresta da base é denominado “apótema da pirâ-
132  Secundária Principal
- (-3 + 0 – 28) – (0 + 35 + 2) =
dem “n” quando a matriz quadrada possui todos os -31 – 37 = -68.
termos da diagonal principal iguais a 1 e todos os de- Logo, o det(A) = -68.
mais termos iguais a zero. Veja a matriz identidade de
ordem 3: Matriz de ordem 4 ou superior
RS1 0 0VW
S S W W
I3 = S 0 1 0W Siga os passos abaixo:
SS WW
S0 0 1W 1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-
T X
Dada uma matriz A, chamamos de inversa de A, ou rência para a que tiver mais zeros);
A-1, a matriz tal que: 2. Calcular o cofator relativo a cada termo da linha
ou coluna escolhida;
A x A-1 = I (matriz identidade) 3. Multiplicar cada termo da linha ou coluna esco-
lhida pelo seu respectivo cofator e, então, somar
Determinantes tudo.

O determinante de uma matriz é um número a ela Cofator


associado. Vejamos como calcular.
O cofator de uma matriz de ordem n ≥
Matriz de ordem 1 como:
Aij = (-1) i + j. Dij
Em uma matriz quadrada de ordem 1, o determi-
nante é o próprio termo que forma a matriz. Exemplo: Veja um exemplo:

Se A = [4], então det(A) = 4. JK1 2 1 0N


O
KK O
KK2 3 1 0O
O
Matriz de ordem 2 Se A =
K2 O , então, devemos seguir os passos
KK -3 2 1O
OO apresentados acima:
Em uma matriz quadrada de ordem 2, o determi-
K2 1 1 4O
nante é dado pela subtração entre o produto da dia-
L P
gonal principal e o produto da diagonal secundária. 1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-
Veja: rência para a que tiver mais zeros);

;1 E, então det(A) = 5×7 – (-3) × 1 = 38.


5 -3
Se A = JK1 2 1 0NO
KK O
3 1 0O
7
KK2 O O
Matriz de ordem 3 KK2 3 2 1O
OO
KK
4O
Em uma matriz quadrada de ordem 3, o determi- L2 1 1
P
nante é calculado da seguinte forma:
2. Calcular o cofator relativo a cada termo da linha
R1 1 2V
SSS W ou coluna escolhida;
W
Se A = S- 2 3 5W WW, então, veja o passo a passo como
SS Os termos da quarta coluna são o a14, a24, a34 e a44, e
S0 7 - 1WW calcular o det(A). chamaremos os respectivos cofatores de A14, A24, A34 e A44.
T X Como os termos a14 e a24 são iguais a zero, eu não preciso
1. Repetir as duas primeiras colunas: calcular os cofatores A14 e A24, pois eles serão multiplica-

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

1 1 2 1 1 O cofator A34 será:


- 2 3 5 -2 3
1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-
0 7 -1 0 7
rência para a que tiver mais zeros);
2 . Multiplicar os termos no sentido da diagonal prin-
cipal (retas vermelhas) e subtrair a multiplicação JK1 2 1 0N
O
KK O
dos termos no sentido da diagonal secundária
KK2 3 1 0O
O
(retas azuis): O
KK2 3 2 1O
OO
KK
2 1 1 4O
1 1 2 1 1 L P
- 2 3 5 -2 3
Olhando somente para os termos que sobraram,
0 7 -1 0 7
veja que temos uma matriz com 3 linhas e 3 colunas
apenas, cujo determinante sabemos calcular:
[(1 × 3 × (-1) +1 × 5 × 0 + 2 × (-2) × 7)] - [(2 × 3 × 0 + 1 × Determinante = 1.3.1 + 2.1.2 + 2.1.1 – 1.3.2 – 2.2.1 – 1.1.1
5 × 7 + 1 × (-2) × (-1))] Determinante = -2 133
O cofator A34 será:
HORA DE PRATICAR!
A34 = (-1) × determinante
3+4

A34 = (-1)7 × (-2) 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Os funcionários de uma


repartição foram distribuídos em sete grupos de tra-
A34 = (-1) × (-2)
balhos, de modo que cada funcionário participa de
A34 = 2
exatamente dois grupos, e cada dois grupos têm exa-
tamente um funcionário em comum.
Agora, vamos calcular o cofator A44. Para isso, Nessa situação, o número de funcionários da reparti-
devemos excluir a quarta linha e a quarta coluna da ção é igual a

a) 7.
JK1 2 1 0NO b) 14.
KK O c) 21.
KK2 3 1 0O
O d) 28.
KK2 O
-3 2 1O
OO e) 35.
KK
2 1 1 4O
L P 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Sete pessoas se dirigem
para formar uma la em frente ao único caixa de aten-
dimento individual em uma agência bancária. Des-
Calculando o determinante 3x3 que restou, temos:
sas sete pessoas, quatro são idosos. Um servidor da
agência deverá organizar a la de modo que os idosos
Determinante = 1.3.2 + 2.1.2 + 2.(-3).1 – 1.3.2 – 1.(-3).1 sejam atendidos antes dos demais.
– 2.2.2 Nessa situação, a quantidade de maneiras distintas de
Determinante = -7 se organizar a la é igual a

Assim, o cofator A44 é: a) 5.040.


b) 720.
A44 = (-1)4+4× determinante c) 576.
A44 = (-1)8 × (-7) d) 288.
A44 = 1 × (-7) e) 144.
A44 = -7.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Determinado cliente
Agora, podemos calcular o determinante da matriz de uma fábrica de placas de aço sempre encomen-
original: da placas retangulares para as quais a3razão entre
o comprimento e a largura seja igual a , na última
Determinante = a14× A14 + a24× A24 + a34 × A34 + a44× A44 2
Determinante = 0A14 + 0A24 + 1.2 + 4 (-7) encomenda, o cliente solicitou que a proporção cos-
Determinante = 0 + 0 + 2 - 28 tumeira entre comprimento e largura fosse mantida,
Determinante = -26 mas que a área das placas fosse reduzida em 19%.
Para atender a essa solicitação, o comprimento e a
As principais propriedades do determinante são: largura das placas deverão ser reduzidos, respectiva-
mente, em
z O determinante de A é igual ao de sua transposta AT
z  a) 8,5% e 8,5%.
zero, det(A) = 0 b) 9% e 9%.
z Se multiplicarmos todos os termos de uma linha c) 10% e 10%.
ou coluna de A por um valor “k”, o determinante d) 11,4% e 7,6%.
da matriz será também multiplicado por k; e) 15% e 10%.
z Se multiplicarmos todos os termos de uma matriz
por um valor “k”, o determinante será multiplica- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Ao vericar que o volu-
do por kn, onde n é a ordem da matriz; me de vendas, em reais, aumentou 8,02%, o gerente
z Se trocarmos de posição duas linhas ou colunas de A, de uma fábrica quis publicar no relatório que a produ-
o determinante da nova matriz será igual a –det(A); ção havia aumentado 8,02%, o que refletiria melhora
na produtividade das instalações. Porém, ao ser infor-
z Se A tem duas linhas ou colunas iguais, então
mado de que os preços dos produtos (inflação), no
det(A) = 0
mesmo período, aumentaram 10%, o gerente percebeu
z Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem,
que, na realidade, no período, a produção
det(AxB) = det(A)det(B)
z Uma matriz quadrada A é inversível se, e somente
a) aumentou 7,218%.
se, det(A) ≠ 0. b) caiu 9,82%.
z Se A é uma matriz inversível, det(A-1) = 1/det(A). c) caiu 1,80%.
d) aumentou 0,982%.
PROBLEMAS GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS e) caiu 1,98%.

Agora que já relembramos a parte teórica sobre 5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Uma mãe recebeu de um
geometria e matrizes, chegou o momento de resolver- médico a orientação de que seu lho deve ingerir 750
mos mais questões sobre esses tipos de problemas. mg de paracetamol a cada 8 horas. Em uma farmácia,
Assim, saberemos exatamente como as questões são ela comprou o medicamento em comprimidos, em cuja
134 cobradas em provas. embalagem constavam as seguintes especicações:
I. cada comprimido contém 750 mg; a) 23 processos.
II. cada grama desse medicamento contém 250 mg de b) 33 processos.
paracetamol. c) 34 processos.
d) 66 processos.
Para cumprir a orientação médica, quantos comprimi- e) 67 processos.
dos a mãe deverá administrar, a cada 8 horas, ao lho?
10. (CESPE-CEBRASPE – 2020) No dia 1.º de janeiro de
a) 1 2019, uma nova secretaria foi criada em certo tribunal,
b) 3 a m de receber todos os processos a serem protocola-
c) 4 dos nessa instituição. Durante o mês de janeiro de 2019,
d) 5 10 processos foram protocolados nessa secretaria; a
e) 8 partir de então, a quantidade mensal de processos pro-
tocolados na secretaria durante esse ano formou uma
6. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Determinado equipa- progressão geométrica de razão igual a 2.
mento é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, Nessa situação hipotética, a quantidade de processos
funcionando 5 horas diárias para esse m. Nessa protocolados nessa secretaria durante os meses de
situação, a quantidade de páginas que esse mesmo junho e julho de 2019 foi igual a
equipamento é capaz de digitalizar em 3 dias, operan-
do 4 horas e 30 minutos diários para esse m, é igual a a) 320.
b) 480.
a) 2.666. c) 640.
d) 960.
b) 2.160.
e) 1.270.
c) 1.215.
d) 1.500.
e) 1.161. 9 GABARITO
7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Em uma fábrica de
1 C
doces, 10 empregados igualmente ecientes, ope-
rando 3 máquinas igualmente produtivas, produzem, 2 E
em 8 horas por dia, 200 ovos de Páscoa. A demanda
da fábrica aumentou para 425 ovos por dia. Em razão 3 C
dessa demanda, a fábrica adquiriu mais uma máquina,
4 C
igual às antigas, e contratou mais 5 empregados, tão
ecientes quanto os outros 10. 5 C
Nessa situação, para atender à nova demanda, os 15
empregados, operando as 4 máquinas, deverão traba- 6 C
lhar durante 7 B

a) 8 horas por dia. 8 D


b) 8 horas e 30 minutos por dia.
9 C
c) 8 horas e 50 minutos por dia.
d) 9 horas e 30 minutos por dia. 10 D
e) 9 horas e 50 minutos por dia.

8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati-


va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
entre homens e mulheres. Em determinada sessão ANOTAÇÕES
plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

parlamentares presentes à sessão.


Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
bleia legislativa, havia

a) 10 deputadas.
b) 14 deputadas.
c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
e) 25 deputadas.

9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O protocolo de determi-


nado tribunal associa, a cada dia, a ordem de chegada
dos processos aos termos de uma progressão aritmé-
tica de razão 2: a cada dia, o primeiro processo que
chega recebe o número 3, o segundo, o número 5, e
assim sucessivamente. Se, em determinado dia, o
último processo que chegou ao protocolo recebeu o
número 69, então, nesse dia, foram protocolados 135
136
fundador e grande incentivador foi o estatístico Mário
        
1938. A sede do IBGE está localizada na cidade do Rio
de Janeiro.
O IBGE possui atribuições ligadas às geociências
ÉTICA NO SERVIÇO       
que inclui realizar censos e organizar as informações
PÚBLICO obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas
governamentais federal, estadual e municipal e para
outras instituições e o público em geral. Também rea-
liza vários tipos de censos, embora o mais conhecido

CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE estatísticos sobre a população de um país. No Brasil,

INTRODUÇÃO em média.
       
Na Administração Pública brasileira, a ética tem população que possibilita a recolha de várias infor-
mações, tais como: o número de habitantes; o número
assumido um papel de destaque. O IBGE, como não
de homens, mulheres, crianças e idosos; onde e como
poderia deixar de ser, vem incentivando e instigando
vivem essas pessoas; se vivem de aluguel ou possuem
a difusão daquilo que se entende por ética no âmbi-
casa própria; e informações sobre o trabalho que rea-
to administrativo federal. Para tanto, a Presidência
lizam — qual o tipo de mão de obra, qual o valor do
da Casa, entre outras medidas, delegou, à Comissão salário, se a possuem formação na área em que atuam,
de Ética do IBGE, a elaboração de dois documentos etc.), entre outras coisas.
 A missão do IBGE é mostrar o Brasil, fornecendo
Público do IBGE e o Regimento Interno da Comissão as informações necessárias ao conhecimento de sua
de Ética do IBGE (disponível somente em formato digi- realidade e ao exercício da cidadania. Segundo con-
     - ceito amplo, a cidadania é o agrupamento de direitos
dencia.ibge.gov.br/etica). e deveres exercidos por aqueles que vivem em socie-
 dade. É a expressão ao seu poder e grau de interven-
do IBGE propende a estabelecer, essencialmente, os ção no usufruto de seus espaços e na sua posição em
princípios de natureza deontológica, os deveres e as poder nele intervir e transformá-lo.
vedações a que estão sujeitos os agentes públicos lota- Neste sentido, o IBGE oferece um panorama
dos no Instituto. Documento de imprescindível leitu- objetivo e atual do país, com a produção e a dissemi-
ra, o Código foi construído, naturalmente, a partir do nação de informações de natureza estatística, geográ-
 Essa missão se concretiza quando
       o IBGE:
agregando a ele, contudo, algumas particularidades
do trabalho realizado no IBGE. z 
O Regimento Interno da Comissão de Ética do z Realiza a contagem da população;
 z Informa como a população vive;
atribuições da Comissão de Ética do IBGE, cuja função z Apresenta a evolução da economia a partir de esta-
primeira — destaca-se — é a de orientar e educar roti- tísticas do trabalho e da produção.
neiramente o agente público para a ética. O Regimen-
to também estabelece, não obstante, o rito processual Tais informações, relevantes e conáveis, são
pelo qual se orienta a Comissão quando provocada essenciais para a consolidação de uma sociedade
por denúncia ou, ainda, ex oício, nos Processos de democrática e para o planejamento de políticas públi-
Apuração Ética, e segue de maneira estrita a Resolu- cas. Políticas públicas são ações e programas que são
ção nº 10/2008 da Comissão de Ética Pública, vincula- desenvolvidos pelo Estado com o objetivo de garan-
tir e colocar em prática direitos que são previstos na
da à Presidência da República.

programas criados pelos governos dedicados a garan-
O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
tir o bem-estar da população. O planejamento, a
ESTATÍSTICA
criação e a execução dessas políticas são realizados
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

por meio de um trabalho em conjunto dos três Pode-


O IBGE é o órgão coordenador e produtor de infor- res que formam o Estado: Legislativo, Executivo e
        Judiciário.
suas atividades possam cobrir todo o território nacio-
nal, a instituição conta com uma rede nacional de pes- CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR
quisa e disseminação, composta por: PÚBLICO DO IBGE

z 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados        
 
z 570 Agências de Coleta de Dados nos principais obrigação. Ela é um tratado dos deveres e da moral o
municípios. qual estabelece normas sobre as escolhas dos indiví-

       nortear o que realmente deve ser feito. Para os pro-
(IBGE) é um instituto público da administração fede-      
ral brasileira, criado em 1934 e instalado em 1936 pela moral, mas, sim, para a correção de suas inten-
com o nome de Instituto Nacional de Estatística. Seu ções, ações, direitos, deveres e princípios. 137
- e atos vericados na conduta do dia a dia em sua
nal do Servidor Público do IBGE, encontramos que: vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu
bom conceito na vida funcional.
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a ecácia, a e- VII - Salvo os casos de segurança nacional,
ciência e a consciência dos princípios morais investigações policiais ou interesse superior
são primados maiores que devem nortear o do Estado e da Administração Pública, a serem
servidor público do IBGE, seja no exercício do preservados em processo previamente declara-
cargo ou função, ou fora dele, já que reetirá o do sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de
exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus qualquer ato administrativo constitui requisito
atos, comportamentos e atitudes serão direciona- de ecácia e moralidade, ensejando sua omissão
dos para a preservação da honra e da tradição do comprometimento ético contra o bem comum,
serviço público, como um todo, e, em especial, das imputável a quem a negar. Entretanto, os dados
pesquisas estatísticas e geocientícas ociais, cujas individuais de pessoas físicas ou jurídicas coletados
fontes de dados escolhidas devem contemplar a pelo IBGE são estritamente condenciais e exclusi-
qualidade, a oportunidade, os custos e o ônus para vamente utilizados para ns estatísticos. Ademais,
os cidadãos. leis, regulamentos e medidas que regem a operação
II - O servidor público não poderá jamais des- dos sistemas estatístico e cartográco no Instituto
prezar o elemento ético de sua conduta. Assim, devem ser de conhecimento público.
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O ser-
o justo e o injusto, o conveniente e o inconvenien- vidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que con-
te, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente trária aos interesses da própria pessoa interessada
entre o honesto e o desonesto, consoante as regras ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode
contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
Federal. Por se integrar à condição de servidor do do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
dos primados maiores, a adoção dos melhores quanto mais a de uma Nação.
princípios, métodos e práticas, de acordo com con- IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tem-
siderações estritamente prossionais, incluídos os po dedicados ao serviço público caracterizam o
princípios técnicos, cientícos e a ética prossional. esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que
paga seus tributos direta ou indiretamente signica
causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar
Importante! dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio
público, deteriorando-o, por descuido ou má von-
Não é suciente que o servidor se paute somen- tade, não constitui apenas uma ofensa ao equipa-
te pela observância das leis e regras, deven- mento e às instalações ou ao Estado, mas a todos
do jamais desprezar o elemento ético de sua os homens de boa vontade que dedicaram sua inte-
conduta. ligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços
para construí-los.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa
III - A moralidade da Administração Públi- à espera de solução que compete ao setor em que
ca não se limita à distinção entre o bem e o exerça suas funções, permitindo a formação de lon-
mal, devendo ser acrescida da ideia de que o gas las, ou qualquer outra espécie de atraso na
m é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
legalidade e a nalidade, na conduta do servidor tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
público, é que poderá consolidar a moralidade do principalmente grave dano moral aos usuários dos
ato administrativo. Para melhor exercício de sua serviços públicos.
função pública no IBGE, o servidor deve ter cons- XI - O servidor deve prestar toda a sua aten-
ciência da relevância das informações estatísticas ção às ordens legais de seus superiores, velan-
e geocientícas, a m de atender ao direito à infor- do atentamente por seu cumprimento, e, assim,
mação pública de modo imparcial e com igualdade evitando a conduta negligente. Os repetidos erros,
de acesso. É imprescindível que o servidor do IBGE o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às
zele pela qualidade dos processos de produção das vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mes-
informações ociais, adotando critérios de boas mo imprudência no desempenho da função pública.
práticas tanto nas atividades nalísticas quanto XII - Toda ausência injusticada do servidor
nas atividades de apoio. de seu local de trabalho é fator de desmoraliza-
IV - A remuneração do servidor público é cus- ção do serviço público, o que quase sempre conduz
teada pelos tributos pagos direta ou indireta- à desordem nas relações humanas.
mente por todos, até por ele próprio, e por isso XIII - O servidor que trabalha em harmonia
se exige, como contrapartida, que a moralidade com a estrutura organizacional, respeitando
administrativa se integre no Direito, como elemen- seus colegas e cada concidadão, colabora e de
to indissociável de sua aplicação e de sua nalida- todos pode receber colaboração, pois sua ativi-
de, erigindo-se, como consequência, em fator de dade pública é a grande oportunidade para o cres-
legalidade. cimento e o engrandecimento da Nação. O caráter
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor colaborativo e participativo deve estar presente
público perante a comunidade deve ser enten- nas atividades estatísticas e cartográcas, privile-
dido como acréscimo ao seu próprio bem-es- giando-se, assim, um contato estreito e harmonioso
tar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, entre ambas as atividades – contato essencial para
o êxito desse trabalho pode ser considerado como melhorar a qualidade, comparabilidade e coerência
seu maior patrimônio. dos dados produzidos. Esse espírito colaborativo e
VI - A função pública deve ser tida como exer- participativo deve estender-se à coordenação dos
cício prossional e, portanto, se integra na vida sistemas estatísticos e cartográcos nacionais de
138 particular de cada servidor público. Assim, os fatos responsabilidade do IBGE. Portanto, compete ao
Instituto propor, discutir e estabelecer, em conjun- i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
to com as demais instituições nacionais, diretrizes, quicos, de contratantes, interessados e outros que
planos e programas para a produção estatística visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
e cartográca – processo que deve irradiar-se à gens indevidas em decorrência de ações imorais,
esfera internacional, especialmente na coopera- ilegais ou aéticas e denunciá-las;
ção bilateral e multilateral, a m de melhorar as j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas
informações estatísticas e geocientícas ociais exigências especícas da defesa da vida e da
em todos os países, por meio da utilização de con- segurança coletiva;
ceitos, classicações e métodos que promovam a l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certe-
coerência e a eciência entre os diversos sistemas za de que sua ausência provoca danos ao traba-
estatísticos e cartográcos. lho ordenado, reetindo negativamente em todo o
sistema;
Principais deveres do servidor do IBGE m) comunicar imediatamente a seus superiores
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
- público, exigindo as providências cabíveis;
vidor Público do IBGE dispõe os principais deveres n) manter limpo e em perfeita ordem o local de
desses servidores. trabalho, seguindo os métodos mais adequados à
Os “deveres funcionais” são as obrigações e res- sua organização e distribuição;
ponsabilidades a que o trabalhador se encontra vin- o) participar dos movimentos e estudos que
culado e que são estabelecidas através dos seguintes se relacionem com a melhoria do exercício de
meios: suas funções, tendo por escopo a realização do
bem comum;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas
z 
 
adequadas ao exercício da função;
por lei e dirigidas aos agentes dos vários ramos
q) manter-se atualizado com as instruções, as
      - normas de serviço e a legislação pertinentes ao
cício das suas atividades; obrigações gerais con- órgão onde exerce suas funções;
sagradas na legislação vigente, que devem ser r) cumprir, de acordo com as normas do ser-
cumpridas por parte do agente público. viço e as instruções superiores, as tarefas de
z Normas voluntárias: As normas livremente acor- seu cargo ou função, tanto quanto possível, com
dadas entre as partes interessadas (por exemplo, critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sem-
entre o empregador e o empregado, entre o man- pre em boa ordem;
dante e o mandatário, etc.). s) facilitar a scalização de todos atos ou ser-
viços por quem de direito;
Veremos, a seguir, os deveres fundamentais ao ser- t) exercer com estrita moderação as prerro-
vidor do IBGE: gativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abs-
tendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do interesses dos usuários do serviço público e dos
cargo, função ou emprego público de que seja jurisdicionados administrativos;
titular; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua
b) exercer suas atribuições com rapidez, per- função, poder ou autoridade com nalidade estra-
feição e rendimento, pondo m ou procurando nha ao interesse público, mesmo que observando
prioritariamente resolver situações procrastinató- as formalidades legais e não cometendo qualquer
rias, principalmente diante de las ou de qualquer violação expressa à lei;
outra espécie de atraso na prestação dos serviços v) apresentar, nas análises estatísticas e geo-
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o grácas, informações que estejam de acordo com
m de evitar dano moral ao usuário; as normas cientícas sobre fontes, métodos e pro-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando cedimentos, bem como comentar as interpretações
toda a integridade do seu caráter, escolhendo sem- errôneas e o uso indevido de informações estatísti-
pre, quando estiver diante de duas opções, a melhor cas e geocientícas;
e a mais vantajosa para o bem comum; x) zelar pela qualidade dos processos de produ-
d) jamais retardar qualquer prestação de con- ção das informações estatísticas e geocientícas
tas, condição essencial da gestão dos bens, direitos ociais, adotando critérios de boas práticas tanto
e serviços da coletividade a seu cargo; nas atividades nalísticas quanto nas atividades de
e) tratar cuidadosamente os usuários dos ser- apoio;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

viços aperfeiçoando o processo de comunicação e z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua


contato com o público; classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
f ) ter consciência de que seu trabalho é regido mulando o seu integral cumprimento.
por princípios éticos que se materializam na ade-
quada prestação dos serviços públicos; Vedações ao servidor público do IBGE
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
atenção, respeitando a capacidade e as limitações
individuais de todos os usuários do serviço público, Na seção III, o Código em estudo traz as vedações
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção importas ao servidor público do IBGE. Vedar é o ato
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, de proibir determinada ação ou comportamento.
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa Vejamos, a seguir, as condutas que são vedadas a esses
forma, de causar-lhes dano moral; servidores:
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum
temor de representar contra qualquer comprome- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
timento indevido da estrutura em que se funda o tempo, posição e inuências, para obter qualquer
Poder Estatal; favorecimento, para si ou para outrem; 139
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros Estado ou por outros indivíduos, pelo descumprimen-
servidores ou de cidadãos que deles dependam; to de normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, desobediência a estas.
conivente com erro ou infração a este Código de Éti- Ética e moral são temas conexos, mas são diferen-
ca ou ao Código de Ética de sua prossão; tes. Isso, porque a moral se fundamenta na obediência
d) usar de artifícios para procrastinar ou dicultar a normas, costumes ou mandamentos culturais, hie-
o exercício regular de direito por qualquer pessoa, rárquicos ou religiosos e a ética busca fundamentar
causando-lhe dano moral ou material; o modo de viver pelo pensamento humano. A ética
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí- não se resume à moral, que, geralmente, é entendida
cos ao seu alcance ou do seu conhecimento para como costume ou hábito, mas busca a fundamentação
atendimento do seu mister; teórica nesta para encontrar o melhor modo de viver.
f) permitir que perseguições, simpatias, anti- Por sua vez, Comissão é um grupo de pessoas
patias, caprichos, paixões ou interesses de designadas em caráter temporário, lideradas e super-
ordem pessoal interram no trato com o públi- visionadas pelo investigador-encarregado e com qua-
co, com os jurisdicionados administrativos ou com     
colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; Cumprem tarefas técnicas de interesse exclusivo da
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou rece- 
ber qualquer tipo de ajuda nanceira, grati- características do fato ocorrido.
cação, prêmio, comissão, doação ou vantagem Vejamos, a seguir, as características da Comissão
de qualquer espécie, para si, familiares ou de Ética do IBGE dispostas no Código em estudo:
qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para inuenciar outro servidor para o XVI - A Comissão de Ética do IBGE está encarrega-
mesmo m; da de orientar e aconselhar sobre a ética prossio-
h) alterar ou deturpar o teor de documentos nal dos servidores da Casa, no tratamento com as
que deva encaminhar para providências; pessoas e com o patrimônio público, competindo-
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces- -lhe conhecer concretamente de imputação ou de
site do atendimento em serviços públicos; procedimento susceptível de censura.
j) desviar servidor público para atendimento a inte- XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe forne-
resse particular; cer, quando necessário e a quem de direito, os regis-
l) retirar da Instituição, sem estar legalmente tros sobre a conduta ética dos servidores da Casa,
autorizado, qualquer documento, livro ou bem para o efeito de instruir e fundamentar promoções
pertencente ao patrimônio público; e para todos os demais procedimentos próprios da
m) fazer uso de informações privilegiadas obti- carreira de servidor público no âmbito do IBGE.
das no âmbito interno de seu serviço, em benefício XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; Comissão de Ética do IBGE é a de censura e sua
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fundamentação constará do respectivo parecer,
fora dele habitualmente; assinado por todos os seus integrantes, com ciência
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que do faltoso.
atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- XIX - Para ns de apuração do comprometimen-
de da pessoa humana; to ético, entende-se por servidor público todo
p) exercer atividade prossional aética ou aquele que, por força de lei, contrato ou de qual-
ligar o seu nome a empreendimentos de cunho quer ato jurídico, preste serviços de natureza
duvidoso. permanente, temporária ou excepcional, ainda
q) disponibilizar informações de caráter sigiloso que sem retribuição nanceira, desde que liga-
e condencial sobre pessoas físicas ou jurídicas, do direta ou indiretamente a qualquer órgão do
bem como antecipar resultados de pesquisas à sua poder estatal, como as autarquias, as fundações
divulgação ocial, exceto quando autorizado. públicas, as entidades paraestatais, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, ou
Comissão de Ética do IBGE em qualquer setor onde prevaleça o interesse do
Estado.
-
do aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do

Na prática, pode-se depreender um pouco melhor
esse conceito, examinando certas condutas do nos- LEI Nº 8.112/1990 E SUAS
so dia a dia. Um exemplo é quando nos referimos ao ALTERAÇÕES
     
casos, é bastante comum ouvir expressões, como “éti- CONCEITO
ca médica”, “ética jornalística”, “ética empresarial” e
“ética pública”. Dentre os vários conceitos de agente público, um
A ética abrange uma ampla área, sendo capaz de dos mais completos e esclarecedores é o constante da
       Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92).
 Vejamos.
um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua
 Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos
A ética e a cidadania são dois dos conceitos que desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran-
compõem a base de uma sociedade próspera. Vale fri- sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
sar que, apesar das leis serem criadas com base em nomeação, designação, contratação ou qualquer
princípios éticos, não se pode confundi-las com a éti- outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
 cargo, emprego ou função nas entidades menciona-
140 com as leis, nenhum indivíduo pode ser punido, pelo das no artigo anterior.
Veja que, não por acaso, o conceito é o mais abran- Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e
gente possível, visto que se trata de uma lei que tem responsabilidades previstas na estrutura organiza-
o intuito de alcançar atos impróprios praticados por cional que devem ser cometidas a um servidor.
pessoas que estejam agindo em nome da Administra-
ção Pública. Seus ocupantes são chamados servidores públicos
e seu provimento poderá se dar em caráter efetivo
Espécies (em regra por meio de concurso público) ou comis-
sionado (ocupados provisoriamente por agentes
Conhecido o conceito de agente público da forma nomeados e exonerados livremente pela autoridade
mais ampla possível, passamos agora a dois tipos que competente).
são certamente os mais frequentes. Os empregos públicos são ocupados por emprega-
dos públicos, cujo vínculo tem por base a CLT, possuin-
z Servidores Públicos do, portanto, natureza contratual e trabalhista. Em
regra, serão providos por meio de concurso público.
 Possuem regime próprio (estatuto) predominan- Não adquirem estabilidade, mas sua demissão deve
temente de direito público, devido às funções em se dar mediante processo administrativo com ampla
que atuam. defesa e contraditório.
 Ocupam cargos públicos efetivos (por meio de     função pública. Inicialmente,
concurso público). precisamos entender que todo cargo ou emprego está
associado a uma função. No entanto, nem toda função
z Empregados Públicos está associado a um cargo ou emprego. O que estamos
abordando aqui é, logicamente, a existência da função
 Agentes públicos que têm seus vínculos basea- 
dos na CLT. O vínculo é chamado de celetista ou temporárias ou permanentes.
contratual. As funções temporárias têm respaldo constitucio-
 Há predominância do regime privado. nal, existindo por tempo determinado e com base em
excepcional interesse público.
Os conceitos acima são estritos. Em sentido amplo,
o termo “servidores públicos” engloba os dois grupos CF/88
colocados acima e também os servidores temporá- Art. 37 [...]
rios. Vamos agora conhecer outras espécies citadas IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
pela doutrina, mas menos frequentes que as duas tempo determinado para atender a necessidade
anteriores. temporária de excepcional interesse público;

z Agentes administrativos: são aqueles remune- A Lei nº 8.745/93 trata do assunto, sendo a assis-
rados para exercer cargos, empregos e funções tência a situações de calamidade pública uma dessas
públicas. São basicamente os dois tipos que vimos hipóteses.
acima em apenas um grupo. Temos também as funções permanentes, que
z Agentes políticos: que fazem parte da cúpula serão exercidas juntamente com cargos públicos.
      - Aqui, é preciso atenção. Não estamos falando em fun-
cas públicas e atuam diretamente na direção da ção associada ao cargo público, e sim da possibilida-
implementação. de de exercício simultâneo.
Exemplo: Você passa em um concurso e ocupa um
 cargo em determinado setor. Depois de um tempo,
 assume a função-
 nentemente e não está associada ao cargo que você
ocupa, mas pode ser exercida juntamente com ele.
z Agentes honorícos: não possuem vínculo e nor-
malmente atuam sem remuneração. Prestam ser- LEI Nº 8.112/90

em eleições. Compreendidos os conceitos iniciais anteriormen-
z Agentes delegados: são particulares que exercem te apresentados, estudaremos agora a Lei nº 8.112/90,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

atividades de interesse público em seu próprio que é o estatuto dos servidores civis da União, como
 
tabeliães são exemplos.
z Agentes credenciados: têm por missão representar Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Ser-
a Administração Pública em um evento ou atividade vidores Públicos Civis da União, das autarquias,
 inclusive as em regime especial, e das fundações
 públicas federais.
ou outra organização de esporte.
Vamos, então, conhecer os principais institutos e
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA respectivos dispositivos constantes da lei.

Vamos conhecer mais três conceitos importantes z Provimento


no âmbito do estudo dos agentes públicos. Inicialmen-
te, vejamos o conceito de cargo público, previsto no É a ocupação do cargo público por uma pessoa. O
artigo 3º da Lei nº 8.122/90. artigo 5º traz os requisitos: 141
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em z Concurso Público
cargo público:
I - a nacionalidade brasileira; O concurso será de provas ou provas e títulos e
II - o gozo dos direitos políticos;
poderá ser realizado em duas etapas, conforme dis-
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; posição da lei e regulamento ligado à carreira. Terá
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício validade de até 2 anos, podendo ser prorrogado uma
do cargo; única vez, por igual período.
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
z Posse e Exercício
A investidura é o termo jurídico utilizado para
indicar o momento em que a pessoa toma posse do  Posse: tratada nos artigos 13 e 14, ocorrerá
cargo; o artigo 7º traz essa informação. Ele é impor- pela assinatura do respectivo termo, no qual
tante e bastante cobrado em provas. deverão constar as atribuições, os deveres, as
responsabilidades e os direitos inerentes ao
Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá cargo ocupado, que não poderão ser alterados
com a posse.
unilateralmente, por qualquer das partes, res-
Em seguida, no artigo 8º, temos as formas de “ocu- salvados os atos de ofício previstos em lei.
par” o cargo público. A lei chama-as de formas de
provimento. São elas: A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
da publicação do ato de provimento que, no caso do
concurso, é a nomeação e poderá ocorrer mediante
Nomeação


Promoção  Exercício: é o efetivo desempenho das atri-


FORMAS DE PROVIMENTO

buições do cargo público ou da função de con-


   quinze dias o prazo para o
Readaptação
servidor empossado em cargo público entrar
em exercício, contados da data da posse.
Reversão
O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
Aproveitamento nado sem efeito o ato de sua designação para função

início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
Reintegração cício serão registrados no assentamento individual do
servidor.
Recondução
z Estágio Probatório e Estabilidade

incisos, pois falaremos sobre eles mais à frente. Vejamos os artigos 20 e 21, que nos trazem os fato-
res a serem observados por ocasião do estágio proba-
z Nomeação tório e o prazo para estabilidade.

A nomeação é o ato unilateral da administração Art. 20 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado


para prover o cargo. Poderá se dar em caráter efetivo para cargo de provimento efetivo cará sujeito a
ou em comissão, conforme a natureza do vínculo (efe- estágio probatório por período de 24 (vinte e qua-
tivo ou comissionado). Vejamos o artigo 9º: tro) meses, durante o qual a sua aptidão e capaci-
dade serão objeto de avaliação para o desempenho
Art. 9º A nomeação far-se-á:
do cargo, observados os seguintes fatores:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo iso-
lado de provimento efetivo ou de carreira; I - assiduidade;
I - em comissão, inclusive na condição de interino, II - disciplina;
para cargos de conança vagos. III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
A nomeação para cargo de carreira ou cargo isola- V- responsabilidade.
do de provimento efetivo depende de prévia habili- Art. 21 O servidor habilitado em concurso público
tação em concurso público de provas ou de provas e e empossado em cargo de provimento efetivo adqui-
 rirá estabilidade no serviço público ao completar 2
de sua validade, conforme previsão do artigo 10.
(dois) anos de efetivo exercício.
Art. 10 A nomeação para cargo de carreira ou car-
go isolado de provimento efetivo depende de prévia É importante ressaltar que o prazo de 24 meses se
habilitação em concurso público de provas ou de encontra em discordância com o artigo 41 da Consti-
provas e títulos, obedecidos a ordem de classica- 
142 ção e o prazo de sua validade. 
z Disponibilidade e Aproveitamento
Importante
Lei nº 8.112/90: O servidor estável só perderá o Disponibilidade é a situação em que o servidor
cargo em virtude de:       
z sentença judicial transitada em julgado; ou proporcional ao tempo de serviço, aguardando o
z de processo administrativo disciplinar no qual retorno às atividades, que é o aproveitamento.
lhe seja assegurada ampla defesa. Na lei, temos o artigo 30 como principal disposição
a esse respeito.
CF/88: O servidor público estável só perderá o
cargo:
z em virtude de sentença judicial transitada em Art. 30 O retorno à atividade de servidor em dis-
ponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
julgado;
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
z mediante processo administrativo em que lhe
compatíveis com o anteriormente ocupado.
seja assegurada ampla defesa;
z mediante procedimento de avaliação periódi- z Vacância
ca de desempenho, na forma de lei complemen-
tar, assegurada ampla defesa. É a ocorrência de algum evento que torna vago o
cargo. A lei enumera esses eventos no seu artigo 33.
z Readaptação

Segundo o art. 24, é a investidura do servidor em Exoneração


cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
com a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
 Demissão
julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
será aposentado.
Promoção
z Reversão VACÂNCIA

De acordo com o art. 25, é o retorno à atividade de Readaptação


servidor aposentado:

 Por invalidez-
rar insubsistentes os motivos da aposentadoria; Aposentadoria
 No interesse da administração.
Posse em outro
A segunda hipótese acima poderá ocorrer desde que: cargo inacumulável
z Tenha sido solicitada a reversão;
z A aposentadoria tenha sido voluntária; Recondução
z O servidor era estável quando na atividade;
z A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação; A exoneração de cargo efetivo ocorrerá a pedido
z Haja cargo vago. do servidor, ou de ofício. Quando de ofício, será por
(1) não terem sido satisfeitas as condições do estágio
Não poderá ser revertido o aposentado que já tiver probatório ou (2) quando o servidor, após tomar pos-
completado 70 anos de idade. se, não entrar em exercício no prazo estabelecido.
A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
z Reintegração 
competente e a pedido do próprio servidor.
Segundo o art. 28, é a reinvestidura do servidor Atenção! Muitas vezes, principalmente com base
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo em leitura de notícias ou noticiários televisivos, aca-
resultante de sua transformação, quando invalidada bamos interpretando o termo exoneração como uma
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, punição ou sanção. Veja que a lei não prevê a exone-
com ressarcimento de todas as vantagens. ração dessa forma.
Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor As sanções estão previstas em outros dispositivos e
 serão oportunamente abordadas.
cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao
cargo de origem, sem direito à indenização, aprovei- REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO
tado em outro cargo ou, ainda, posto em disponibili-
dade. Entenderemos a recondução a seguir. Remoção (segundo o artigo 36) é o deslocamento
do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mes-
z Recondução mo quadro, com ou sem mudança de sede. São moda-
lidades de remoção:
É o retorno do servidor estável ao cargo anterior-
mente ocupado e decorrerá de inabilitação em estágio z de ofício, no interesse da Administração;
probatório relativo a outro cargo ou reintegração do z a pedido, a critério da Administração;
anterior ocupante. Encontrando-se provido o cargo de z a pedido, para outra localidade, independente-
origem, o servidor será aproveitado em outro. mente do interesse da Administração: 143
 para acompanhar cônjuge ou companheiro,
também servidor público civil ou militar, de Vencimentos
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
- REMUNERAÇÃO
cado no interesse da Administração;
 por motivo de saúde   
companheiro ou dependente que viva às suas Vantagens
expensas e conste do seu assentamento fun-
cional, condicionada à comprovação por junta
 O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
 em virtude de processo seletivo promovido, tagens de caráter permanente, é irredutível. Salvo por
na hipótese em que o número de interessados imposição legal ou mandado judicial, nenhum des-
for superior ao número de vagas, de acordo
conto incidirá sobre a remuneração ou provento.
com normas preestabelecidas pelo órgão ou
entidade em que aqueles estejam lotados.
VANTAGENS
Vejamos agora a redistribuição que, ao contrário
da remoção, impõe dentre seus preceitos a necessária As vantagens estão previstas no artigo 49 e porme-
existência de interesse público. norizadas na sequência. Vejamos quais são:

Art. 37 Redistribuição é o deslocamento de cargo Art. 49 Além do vencimento, poderão ser pagas ao
de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbi- servidor as seguintes vantagens:
to do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou I - indenizações;
entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação II - graticações;
do órgão central do SIPEC, observados os seguintes III - adicionais.
preceitos: § 1º As indenizações não se incorporam ao venci-
I - interesse da administração;
mento ou provento para qualquer efeito.
II - equivalência de vencimentos;
§ 2º As graticações e os adicionais incorporam-se
III - manutenção da essência das atribuições do
cargo; ao vencimento ou provento, nos casos e condições
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e indicados em lei.
complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou As indenizações são reposições de gastos que o
habilitação prossional; servidor realiza em razão do seu ofício. Elas podem
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e ser as seguintes:
as nalidades institucionais do órgão ou entidade.
z Ajuda de custo: Destina-se a compensar as despe-
Veja que, enquanto na remoção a lei fala em deslo-
sas de instalação do servidor que, no interesse do
camento do servidor, na redistribuição temos o des-
locamento do próprio cargo. Em outros termos, no serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
primeiro caso, temos a mudança do servidor sem que mudança de domicílio em caráter permanente,
ocorra qualquer alteração nos quadros dos servidores vedado o duplo pagamento de indenização, a qual-
envolvidos. No segundo caso, temos uma mudança da 
localização do cargo. que detenha também a condição de servidor, vier
a ter exercício na mesma sede;
VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO
z Diária: Destinada a repor gastos com pousada, ali-
Vejamos o conceito de vencimento constante do mentação e locomoção para afastamento em cará-
artigo 40 da lei: ter eventual e transitório a serviço.
z Indenização de transporte: Concedida ao servi-
Art. 40 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo dor que realizar despesas com a utilização de meio
exercício de cargo público, com valor xado em lei. próprio de locomoção para a execução de serviços
externos, por força das atribuições próprias do
Vencimento é uma parcela básica que compõe a
         cargo.
não estando ligada a situações eventuais em que o
servidor possa se enquadrar. Ao nos aprofundarmos
 Importante
mais claro. As indenizações não se incorporam ao ven-
Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
cimento ou provento para qualquer efeito, ao
estabelecidas em lei. Veremos mais à frente as espé- contrário do que poderá ocorrer com as gratica-
144 cies de vantagens. ções e adicionais.
FÉRIAS A partir do registro da candidatura e até o déci-
mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
O servidor fará jus a trinta dias de férias, que licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo,
podem ser acumuladas até o máximo de dois perío- somente pelo período de três meses. Após isso, tere-
dos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as mos o afastamento para exercício de mandato eletivo
 (veremos mais à frente).
Para o primeiro período aquisitivo de férias, É importante que você não confunda licença com
serão exigidos 12 meses de exercício; as férias pode- afastamento.
rão ser parceladas em até três etapas, desde que Temos também a licença para tratar de interesses
assim requeridas pelo servidor, e no interesse da particulares. Ela será discricionária (escolha da Admi-
administração pública. nistração Pública) e poderá perdurar por até 3 anos, não
podendo ser concedida a servidor em estágio probatório
É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
e podendo ser revogada a qualquer tempo.
serviço.
AFASTAMENTOS
LICENÇAS
São três os afastamentos previstos no artigo 93 e
A partir do artigo 81, fala-se sobre as licenças. seguintes:
Abordaremos as mais cobradas em concursos aqui.
Antes, vejamos a lista de todas elas: z Servir a outro órgão ou entidade;
z Exercício de mandato eletivo;
Art. 81 Conceder-se-á ao servidor licença: z Afastamento para estudo ou missão no exterior.
I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
companheiro; outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
III - para o serviço militar; -
IV - para atividade política; são ocorrerá mediante Portaria publicada no Diário
V - para capacitação; 
VI - para tratar de interesses particulares; Presidente da República, o servidor do Poder Executi-
VII - para desempenho de mandato classista. vo poderá ter exercício em outro órgão da Administra-

Primeiramente, temos a licença por motivo de 
doença em pessoa da família. A lista do que o estatu- No caso da segunda hipótese, o artigo 94 repete os
- comandos constitucionais para cumulação do cargo
        com o mandato eletivo.
ou dependente que viva a suas expensas e conste do
seu assentamento funcional. Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo
A licença poderá ser concedida da seguinte forma, aplicam-se as seguintes disposições:
a cada período de 12 meses: I - tratando-se de mandato federal, estadual ou dis-
trital, cará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afasta-
A cada 12 meses, a licença do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
poderá ser concedida
III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu-
neração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será
Até 60 dias Até 90 dias afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
(consecutivos ou não) (consecutivos ou não) sua remuneração.
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor
Mantida a remuneração Sem remuneração ao contribuirá para a seguridade social como se em
do servidor servidor exercício estivesse.
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou
classista não poderá ser removido ou redistribuí-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Conforme comando do artigo 84, poderá ser con- do de ofício para localidade diversa daquela onde
cedida licença por motivo de afastamento do cônju- exerce o mandato.
ge ou companheiro. A concessão poderá ocorrer em
caso de deslocamento para outro ponto do território -
nacional, para o exterior ou para o exercício de man- vidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou
dato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. -
A concessão ocorrerá por prazo indeterminado e blica, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
sem remuneração. 
O estatuto também prevê a concessão de licença           -
para atividade política. Aqui, temos dois parâmetros são ou estudo, somente será permitida nova ausência
diferentes, portanto, é necessário ter atenção. decorrido igual período.
A licença será sem remuneração entre o período O afastamento de servidor para servir em orga-
que mediar entre a sua escolha em convenção parti- nismo internacional de que o Brasil participe ou
dária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do com o qual coopere dar-se-á com perda total da
registro de sua candidatura perante à Justiça Eleitoral. remuneração. 145
CONCESSÕES z Em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro

Vejamos a concessão mais recorrente, prevista no
estatuto. São benesses que o estatuto traz ligadas a
ocorrências na vida particular do servidor, e constam Dica
basicamente do artigo 97: Prescrição é a impossibilidade de perseguir
determinado direito. A sua ocorrência é uma das
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor
bases da segurança jurídica de um ordenamento.
ausentar-se do serviço:
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para REGIME DISCIPLINAR
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita-
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; Para a devida aplicação das penalidades, por meio
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: de um regime disciplinar, primeiramente é neces-
a) casamento; sário estabelecer as bases por meio dos deveres e
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, proibições.
madrasta ou padrasto, lhos, enteados, menor sob Vejamos, inicialmente, os deveres:
guarda ou tutela e irmãos.
Art. 116 São deveres do servidor:
DIREITO DE PETIÇÃO I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo;
Vamos conhecer o direito de petição, que nada II - ser leal às instituições a que servir;
mais é do que o direito de solicitar informações e III - observar as normas legais e regulamentares;
esclarecimentos para a defesa de um direito. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
Art. 104 É assegurado ao servidor o direito de V - atender com presteza:
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito a) ao público em geral, prestando as informações
ou interesse legítimo. requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa
O requerimento (artigo 105) será dirigido à auto- de direito ou esclarecimento de situações de inte-
ridade competente para decidi-lo e ser encaminhado resse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente. Cabe pedido de recon- VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
sideração à autoridade que houver expedido o ato em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
ou proferido a primeira decisão, não podendo ser
renovado. mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
O pedido de reconsideração é uma forma do competente para apuração;
VII - zelar pela economia do material e a conserva-
requerente argumentar à autoridade que proferiu a
decisão de que ela decidiu incorretamente, antes de ção do patrimônio público;
recorrer a outra autoridade. VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
O requerimento e o pedido de reconsideração IX - manter conduta compatível com a moralidade
deverão ser despachados no prazo de 5 dias e decidi- administrativa;
dos dentro de 30 dias. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
O artigo 107 traz as possibilidades de recurso: XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão
ou abuso de poder.
Art. 107 Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; Parágrafo único. A representação de que trata o
inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
interpostos. apreciada pela autoridade superior àquela contra a
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imedia- qual é formulada, assegurando-se ao representan-
do ampla defesa.
tamente superior à que tiver expedido o ato ou
proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala
ascendente, às demais autoridades. Não acredito na necessidade de decorar os disposi-
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da tivos. Veja que todos são bem lógicos; talvez o menos
autoridade a que estiver imediatamente subordina- lógico seja o destacado – o parágrafo único refere-se
do o requerente. exclusivamente a ele.
Em seguida, temos as proibições, previstas no
 artigo 117. Aqui, já há uma preocupação maior, pois,
o pedido de reconsideração é endereçado à própria de acordo com a gravidade da proibição ferida, tere-
autoridade que proferiu a decisão. O recurso será à mos uma punição mais grave. Deixaremos, desde já,
autoridade superior. a distribuição de acordo com a penalidade eventual-
O prazo para interposição de pedido de reconside- mente aplicável.
ração ou de recurso é de 30 dias, a contar da publicação
ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. Proibições sujeitas à advertência
O direito de requerer prescreve:
z Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
z Em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de cas- prévia autorização do chefe imediato;
sação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que z Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
afetem interesse patrimonial e créditos resultan- tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
146 tes das relações de trabalho; z Recusar fé a documentos públicos;
z       Art. 136 A demissão ou a destituição de cargo em
documento e processo ou execução de serviço; comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do
z Promover manifestação de apreço ou desapreço art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o
no recinto da repartição; ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
z Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos penal cabível.
casos previstos em lei, o desempenho de atribui-
ção que seja de sua responsabilidade ou de seu Observemos as hipóteses em relação às quais
subordinado; haverá a indisponibilidade de bens e ressarcimento
z - ao erário, nos termos do artigo 136.

partido político; Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
z - casos:
- IV - improbidade administrativa;
te até o segundo grau civil; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
z Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan- X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
mônio nacional;
do solicitado.
XI - corrupção.
Proibições sujeitas à suspensão
Para facilitar sua memorização, perceba que as
hipóteses trazidas são aquelas em que há prejuízo já
z Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- causado ou potencial aos cofres públicos.
cia e transitórias; O parágrafo único do artigo 137 traz a impossibili-
dade do retorno ao serviço público federal em deter-
z Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
minadas hipóteses. O dispositivo é questionado junto
tíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho. 

No entanto, a literalidade do dispositivo é passível
Proibições sujeitas à demissão
de cobrança em provas, portanto, devemos estar aten-
z Participar de gerência ou administração de socie- tos. Vejamos o dispositivo em questão:

z Exercer o comércio, exceto na qualidade de acio- Art. 137 [...]
nista, cotista ou comanditário (tal proibição não se Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
público federal o servidor que for demitido ou desti-
aplica na participação nos conselhos de adminis-
tuído do cargo em comissão por infringência do art.

132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
União detenha, direta ou indiretamente, participa-
ção no capital social ou em sociedade cooperativa
As hipóteses nele citadas são as seguintes:
constituída para prestar serviços a seus membros
nem no gozo de licença para o trato de interesses Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
 casos:
de interesses); I - crime contra a administração pública;
z Receber propina, comissão, presente ou vantagem IV - improbidade administrativa;
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
z Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
estrangeiro; mônio nacional;
z Praticar usura sob qualquer de suas formas; XI - corrupção.
z Proceder de forma desidiosa;
z Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- Penalidades
ção em serviços ou atividades particulares.
Agora vamos conhecer o artigo 127. Vejamos:
Proibições sujeitas à demissão que incompatibilizam
o ex-servidor para nova investidura em cargo público Art. 127 São penalidades disciplinares:
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos I - advertência;


II - suspensão;
z Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou III - demissão;
de outrem, em detrimento da dignidade da função IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
pública; V - destituição de cargo em comissão;
z Atuar, como procurador ou intermediário, jun- VI - destituição de função comissionada.
to a repartições públicas, salvo quando se tratar
de benefícios previdenciários ou assistenciais Na aplicação das penalidades, serão consideradas
          a natureza e a gravidade da infração cometida, os
companheiro. danos que dela provierem para o serviço público, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
Há casos em que a demissão ou a destituição de car- cedentes funcionais.
go em comissão, de acordo com os atos praticados, terá Anteriormente, vimos a correlação das proibições
outras consequências que visam resguardar o interesse com as respectivas penalidades. No entanto, ainda há
público. Vejamos primeiramente o artigo 136: algumas informações importantes sobre isso. 147
O dispositivo referente à advertência traz-nos uma O dispositivo acima traz uma regra geral e a res-
       - pectiva abrangência. Chamo atenção para o parágrafo
tanto, devemos ter em mente que, para a advertên- terceiro, que se refere à vedação da cumulação tam-
cia, podemos ter hipóteses que não constam da Lei nº bém na inatividade. A regra é simples: se inacumulá-
8.112/90, que estudamos neste momento. vel em atividade, inacumulável na aposentadoria.
Em seguida, temos a vedação também para os car-
Art. 129 A advertência será aplicada por escrito, gos em comissão, constante do artigo 119. Vejamos
nos casos de violação de proibição constante do sua literalidade:
art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância
de dever funcional previsto em lei, regulamentação Art. 119 O servidor não poderá exercer mais de
ou norma interna, que não justique imposição de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no
penalidade mais grave.
parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva.
Temos também a possibilidade de aplicação da Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
suspensão em caso de reincidência em proibições aplica à remuneração devida pela participação
sujeitas à advertência. em conselhos de administração e scal das empre-
sas públicas e sociedades de economia mista, suas
Art. 130 A suspensão será aplicada em caso de subsidiárias e controladas, bem como quaisquer
reincidência das faltas punidas com advertência empresas ou entidades em que a União, direta ou
e de violação das demais proibições que não tipi-
indiretamente, detenha participação no capital
quem infração sujeita a penalidade de demissão,
social, observado o que, a respeito, dispuser legis-
não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
lação especíca.

Temos outras hipóteses de demissão além daque-


O artigo 9º traz o exercício interino de outro car-
las que conhecemos quando estudamos as proibições.

Elas constam do artigo 132:
pela remuneração de um dos cargos.
Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes Na sequência, o artigo 120 traz a possibilidade de
casos: cumulação de um cargo efetivo com um cargo em
I - crime contra a administração pública; comissão, desde que haja compatibilidade de horários.
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual; Art. 120 O servidor vinculado ao regime desta
IV - improbidade administrativa; Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na vos, quando investido em cargo de provimento em
repartição; comissão, cará afastado de ambos os cargos efeti-
VI - insubordinação grave em serviço; vos, salvo na hipótese em que houver compatibili-
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par- dade de horário e local com o exercício de um deles,
ticular, salvo em legítima defesa própria ou de declarada pelas autoridades máximas dos órgãos
outrem; ou entidades envolvidos.
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em O estatuto traz um procedimento sumário para
razão do cargo; o caso de acumulação ilegal de cargos. Ele consta do
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
artigo 133 e é recorrente em provas. Vejamos a lite-
mônio nacional;
ralidade do dispositivo, que é de fácil entendimento:
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
ções públicas; Art. 133 Detectada a qualquer tempo a acumula-
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas,
a autoridade a que se refere o art. 143 noticará
 o servidor, por intermédio de sua chea imediata,
vedação a cumulação de cargos. Acompanhe o dispos- para apresentar opção no prazo improrrogável de
dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese
to no artigo 118:
de omissão, adotará procedimento sumário para a
sua apuração e regularização imediata, cujo pro-
Art. 118 Ressalvados os casos previstos na Cons-
cesso administrativo disciplinar se desenvolverá
tituição, é vedada a acumulação remunerada de
cargos públicos. nas seguintes fases:
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, I - instauração, com a publicação do ato que consti-
empregos e funções em autarquias, fundações tuir a comissão, a ser composta por dois servidores
públicas, empresas públicas, sociedades de econo- estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a
mia mista da União, do Distrito Federal, dos Esta- materialidade da transgressão objeto da apuração;
dos, dos Territórios e dos Municípios. II - instrução sumária, que compreende indiciação,
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, ca defesa e relatório;
condicionada à comprovação da compatibilidade III - julgamento.
de horários. § 7º O prazo para a conclusão do processo adminis-
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção trativo disciplinar submetido ao rito sumário não
de vencimento de cargo ou emprego público efeti- excederá trinta dias, contados da data de publicação
vo com proventos da inatividade, salvo quando os do ato que constituir a comissão, admitida a sua pror-
cargos de que decorram essas remunerações forem rogação por até quinze dias, quando as circunstân-
148 acumuláveis na atividade. cias o exigirem.
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade Da sindicância poderá resultar:
do inativo que houver praticado, na atividade, falta
punível com a demissão. z Arquivamento do processo;
 abandono de cargo a ausência inten- z Aplicação de penalidade de advertência ou sus-
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias pensão de até 30 dias;
consecutivos (artigo 138). z Instauração de processo disciplinar.
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
- Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
damente, durante o período de doze meses (art. 139). a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou dispo-
nibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
Dica obrigatória a instauração de processo disciplinar.
A inassiduidade não é contada dentro no ano O processo disciplinar é o instrumento destina-
civil, e sim em um período de 12 meses. do a apurar responsabilidade de servidor por infra-
ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que
tenha relação com as atribuições do cargo em que se
O art. 140 impõe o procedimento do art. 133, visto
encontre investido e será conduzido por comissão
acima, aos casos de abandono de cargo ou inassidui-
composta de três servidores estáveis designados pela
dade habitual: autoridade competente.
O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou fases:
inassiduidade habitual, também será adotado o
procedimento sumário a que se refere o art. 133,
z Instauração, com a publicação do ato que consti-
observando-se especialmente que:
tuir a comissão;
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
z Inquérito administrativo, que compreende ins-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
trução, defesa e relatório;
ção precisa do período de ausência intencional do
z Julgamento.
servidor ao serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
dos dias de falta ao serviço sem causa justicada, O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
por período igual ou superior a sessenta dias inter- excederá 60 dias, contados da data de publicação do ato
poladamente, durante o período de doze meses; que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
II - após a apresentação da defesa a comissão ela- por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou 
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as administrativo disciplinar, vamos a algumas informa-
peças principais dos autos, indicará o respectivo ções pormenorizadas.
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono Sobre o inquérito, a lei impõe que obedecerá ao
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao princípio do contraditório, assegurada ao acusado
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
à autoridade instauradora para julgamento. 
as normas legais:
As penalidades disciplinares serão aplicadas, con-
Art.155 Na fase do inquérito, a comissão pro-
forme o artigo 141:
moverá a tomada de depoimentos, acareações,
investigações e diligências cabíveis, objetivando a
z Pelo Presidente da República, Presidentes das coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
       - técnicos e peritos, de modo a permitir a completa
rais e Procurador-Geral da República, quando se elucidação dos fatos.
tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou
disponibilidade de servidor vinculado ao respecti- Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
vo Poder, órgão, ou entidade; minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos
z Pelas autoridades administrativas de hierarquia e mencionará as provas em que se baseou para formar
imediatamente inferior àquelas mencionadas no a sua convicção. O relatório será sempre conclusivo
inciso anterior, quando se tratar de suspensão quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor.
superior a 30 dias; O processo disciplinar, com o relatório da comis-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

z Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for- são, será remetido à autoridade que determinou a sua
ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos instauração, para julgamento.
casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias; Na fase do julgamento, no prazo de 20 dias, con-
z Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan- tados do recebimento do processo, a autoridade jul-
do se tratar de destituição de cargo em comissão. gadora proferirá a sua decisão. Se a penalidade a ser
aplicada exceder a alçada da autoridade instaurado-
Vejamos agora a sindicância e o processo admi- ra do processo, este será encaminhado à autoridade
nistrativo disciplinar. Ambos podem resultar em competente, que decidirá em igual prazo.
aplicação de penalidades; no entanto, temos algumas O julgamento fora do prazo legal não implica nuli-
diferenças importantes. dade do processo.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade O processo disciplinar poderá ser revisto, a
no serviço público é obrigada a promover a sua apu- qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
ração imediata, mediante sindicância ou processo aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado 
ampla defesa. penalidade aplicada. 149
A simples alegação de injustiça da penalidade Art. 126 A responsabilidade administrativa do ser-
não constitui fundamento para a revisão, que requer vidor será afastada no caso de absolvição criminal
elementos novos, ainda não apreciados no processo que negue a existência do fato ou sua autoria.
originário.
A comissão revisora terá 60 dias para a conclusão Veja que o dispositivo é bastante lógico, pois, se a
dos trabalhos. Justiça Penal, que tem um rito bastante rigoroso, con-
O servidor poderá ser responsabilizado em dife- cluir que o fato não existiu ou que outra pessoa foi a
rentes esferas de responsabilidade. A que vimos responsável, como poderia o servidor ainda assim ser
acima, com seus respectivos detalhes, é referente à responsabilizado?
reponsabilidade administrativa. No entanto, o servi-        
dor poderá ser responsabilizado nas esferas adminis- ao servidor que eventualmente queira dar ciência de
trativa, penal e cível, de maneira independente. práticas ilícitas à autoridade superior, ainda que o
Vejamos o comando do artigo 121, que traz essas fato seja levado à autoridade diferente da que deveria
esferas de responsabilidade. 
servidor:
Art. 121 O servidor responde civil, penal e admi-
nistrativamente pelo exercício irregular de suas Art. 126-A Nenhum servidor poderá ser responsa-
atribuições. bilizado civil, penal ou administrativamente por
dar ciência à autoridade superior ou, quando hou-
A responsabilidade cível poderá decorrer de ação ver suspeita de envolvimento desta, a outra auto-
ou omissão e poderá ser apurada por dano causado à ridade competente para apuração de informação
própria Administração Pública ou a terceiros, confor- concernente à prática de crimes ou improbidade de
me comando do artigo 122. que tenha conhecimento, ainda que em decorrência
do exercício de cargo, emprego ou função pública.
Art. 122 A responsabilidade civil decorre de ato
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que -
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. nistração Pública, o artigo 142 traz o prazo de prescri-
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente cau-
ção para a ação disciplinar, que é a perda do direito
sado ao erário somente será liquidada na forma
por parte do Estado de punir o servidor que cometeu
prevista no art. 46, na falta de outros bens que asse-
gurem a execução do débito pela via judicial. a infração.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, res-
ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:
ação regressiva. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
sucessores e contra eles será executada, até o limite ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
do valor da herança recebida. II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
O parágrafo segundo, acima, está em consonân- advertência.
cia com o disposto no parágrafo sexto do artigo 37 da § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data
 em que o fato se tornou conhecido.
regressiva. § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
Relembrando: caso alguém sofra um dano causado aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
por agente público, deverá acionar o Estado, que, se também como crime.
for o caso, acionará o servidor para arcar com os cus- § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
tos, por meio de ação regressiva. processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
A responsabilidade penal abrange os crimes e con- decisão nal proferida por autoridade competente.
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade, § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
conforme artigo 123. Ou seja, a ação ou omissão deve- começará a correr a partir do dia em que cessar a
rá ocorrer como servidor, não se confundindo com a interrupção.
vida particular do servidor, em regra.
No mesmo sentido vai a lei ao se referir à respon- Em relação ao parágrafo primeiro, acima, a ques-
sabilidade civil-administrativa, desta vez no seu arti- tão em prova poderá trocar os termos, colocando
go 124:
como termo inicial o momento da ocorrência do fato.
Portanto, atente-se a esse ponto.
Art. 124 A responsabilidade civil-administrativa
resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no Em relação ao termo interrupção da prescrição
desempenho do cargo ou função. 
termo no estudo do Direito. Aqui, ele está com sentido
É importantíssimo ressaltar a independência entre diverso, não zerando o prazo em contagem mas, sim-
as esferas de responsabilidade e sua possibilidade de plesmente, parando sua contagem e retornando em
cumulação, conforme constante do artigo 125: seguida, conforme parágrafos terceiro e quarto.

Art. 125 As sanções civis, penais e administrativas


poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
HORA DE PRATICAR!
       
as formas de responsabilização e o caso da absolvição 1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) No que diz respeito a cor-
penal que negue o fato ou a autoria por parte do servi- regedoria e direito disciplinar (CDD), julgue o item a
150 dor. Vejamos, primeiramente, o dispositivo: seguir.
Se um policial rodoviário federal receber ordem verbal Acerca dos fatos relatados no trecho do parecer hipo-
de um superior e suspeitar que a determinação seja tético apresentado, julgue o item a seguir, com base na
ilegal, ele poderá deixar de cumpri-la, com base nessa Lei n.º 8.112/1990.
suspeita.
A referida lei prevê pena de suspensão para o servi-
( ) CERTO  ( ) ERRADO dor que conduzia o veículo, em razão da natureza e
gravidade da sua falta bem como dos danos desta
2. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, provenientes.
relativo ao regime dos servidores públicos federais e à
( ) CERTO  ( ) ERRADO
ética no serviço público.
A demissão será a penalidade disciplinar cabível para
6. (CEBRASPE-CESPE – 2017) As esferas penal e admi-
o servidor que se recusar a ser submetido a inspeção
nistrativa são independentes para apurar a responsa-
médica determinada pela autoridade competente.
bilidade de servidor público. Contudo, o procedimento
criminal vincula o procedimento administrativo quan-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
do conclui que

3. (CEBRASPE-CESPE – 2018) De acordo com o regime a) há insuciência de provas quanto à existência do fato
jurídico dos servidores públicos civis da União, das imputado ao servidor.
autarquias e das fundações públicas federais, caso b) o servidor não foi o autor da conduta a ele imputada.
seja vericado que, reincidentemente, determinado c) há insuciência de provas quanto à autoria do fato.
servidor incumbia a outro atribuições estranhas ao d) o fato não constitui infração penal.
cargo que este último ocupava, a penalidade prevista
é de 7. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Tendo como referência o
Código de Conduta da Justiça Federal de Primeiro e
a) suspensão. Segundo Graus, as regras para provimento e vacância
b) advertência. de cargos públicos, direitos e vantagens bem como
c) demissão. o regime disciplinar dos servidores públicos, julgue o
d) censura. item a seguir.
e) destituição do cargo.
Não há vedação para que servidor público que esteja
4. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com base nas disposi- em gozo de licença para tratar de interesse particular
participe da gerência ou administração de sociedade
ções da Lei n.º 8.112/1990, julgue o item a seguir.
privada.
A ação disciplinar contra servidor que cometa ato ilí-
cito punível com suspensão prescreverá em dois anos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
contados da data em que o fato se tornou conhecido;
todavia, se tal ato ilícito também congurar crime,
8. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Conforme disciplina a Lei
então se aplicará o prazo prescricional da lei penal n.º 8.112/1990 com relação à acumulação de cargos,
para a ação disciplinar. julgue os próximos itens.

( ) CERTO  ( ) ERRADO I. A aposentadoria do servidor não impede a percepção


de vencimento de emprego público efetivo com pro-
5. (CEBRASPE-CESPE – 2018) PARECER AUDIN – MPU ventos da inatividade se os cargos forem acumuláveis
n.º XXX na atividade.
II. A participação em órgão de deliberação coletiva
Referência: Procedimento de Gestão Administrativa não congura acumulação de cargos e deve ser
– XXXX remunerada.
III. A acumulação lícita de cargos dispensa a comprova-
Assunto: Administrativo. Dano em veículo. Regime ção da compatibilidade de horários se o servidor cum-
Disciplinar prir a jornada em cada um deles.
IV. Detectada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal de
cargos públicos, será dada ao servidor a oportunidade
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

O chefe da Seção de Transporte comunica que o veí-


de apresentar opção por um deles.
culo caminhonete X, placa YYY, foi abastecido com
combustível distinto de sua conguração de fábrica
Estão certos apenas os itens
(diesel), quando utilizado em diligência por servidores
técnicos do MPU. Relata que o abastecimento equivo-
a) I e II.
cado gerou danos ao veículo, cujo conserto, no valor
b) I e III.
total de cinco mil reais, foi pago com verbas do erá- c) I e IV.
rio. Acrescenta também que, dada a indisponibilidade d) II e IV.
de diesel no momento do abastecimento, o servidor e) III e IV.
condutor do veículo autorizou o frentista do posto
de combustível a pôr gasolina no tanque da referida 9. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Com a conclusão do pro-
caminhonete. Por m, menciona que o servidor con- cesso administrativo disciplinar contra um servidor
dutor do veículo não se dispôs a ressarcir voluntaria- público federal detentor de cargo em comissão junto
mente aos cofres públicos os valores gastos a título a determinado tribunal regional eleitoral, o servidor foi
de despesas extraordinárias com o reparo do veículo. apenado com a destituição do seu cargo. 151
Nessa situação hipotética, a penalidade deverá ser b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren-
aplicada pelo(a) dimento, pondo m ou procurando prioritariamente
resolver situações procrastinatórias, principalmente
a) autoridade que houver feito a nomeação. diante de las ou de qualquer outra espécie de atraso
b) presidente do Tribunal Superior Eleitoral. na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
c) autoridade administrativa de hierarquia imediatamen- suas atribuições, com o m de evitar dano moral ao
te inferior ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral. usuário;
d) chefe da repartição. c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a inte-
e) presidente da República. gridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
estiver diante de duas opções, a melhor e a mais van-
10. (CEBRASPE-CESPE – 2017) João delegou a Maria, tajosa para o bem comum;
sua esposa e pessoa estranha à repartição pública d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condi-
onde ele exerce suas funções, o desempenho das atri- ção essencial da gestão dos bens, direitos e serviços
buições de sua responsabilidade. Descoberto, João da coletividade a seu cargo;
sofreu um processo administrativo disciplinar, que e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper-
resultou em sua condenação à penalidade de adver- feiçoando o processo de comunicação e contato com
tência. Três meses após o trânsito em julgado do o público;
procedimento administrativo, João recusou fé a docu-
mento público. 13. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE,
são deveres fundamentais do servidor do IBGE den-
Nessa situação hipotética, de acordo com a Lei n.º
tre outros, EXCETO:
8.112/1990, João está sujeito à pena de
a) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
a) suspensão de até noventa dias.
cípios éticos que se materializam na adequada pres-
b) suspensão de até cento e vinte dias.
tação dos serviços públicos;
c) suspensão de até cento e oitenta dias.
b) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
d) repreensão verbal.
respeitando a capacidade e as limitações individuais
e) demissão. de todos os usuários do serviço público, sem qualquer
espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo,
11. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE,
posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-
assinale a alternativa incorreta: -lhes dano moral.
c) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
a) O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante representar contra qualquer comprometimento indevi-
a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao do da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integran- d) ceder a todas as pressões de superiores hierárqui-
te da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser con- cos, de contratantes, interessados e outros que visem
siderado como seu maior patrimônio. obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde-
b) Salvo os casos de segurança nacional, investigações vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéti-
policiais ou interesse superior do Estado e da Admi- cas e denunciá-las;
nistração Pública, a serem preservados em processo e) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, especícas da defesa da vida e da segurança coletiva;
a publicidade de qualquer ato administrativo cons-
titui requisito de ecácia e moralidade, ensejando 14. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
sua omissão comprometimento ético contra o bem Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE,
comum, imputável a quem a negar. são deveres fundamentais do servidor do IBGE den-
c) Toda pessoa tem direito à verdade, salvo nos casos tre outros, EXCETO:
previstos em lei.
a) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
d) A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedi-
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado,
cados ao serviço público caracterizam o esforço pela
refletindo negativamente em todo o sistema;
disciplina.
b) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
e) O servidor que trabalha em harmonia com a estrutu- qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
ra organizacional, respeitando seus colegas e cada exigindo as providências cabíveis;
concidadão, colabora e de todos pode receber cola- c) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
boração, pois sua atividade pública é a grande opor- seguindo os métodos mais adequados à sua organiza-
tunidade para o crescimento e o engrandecimento da ção e distribuição;
Nação. d) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
nem com a melhoria do exercício de suas funções,
12. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no tendo por escopo a realização do bem comum;
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE, e) apresentar-se ao trabalho uniformizado sempre para o
são deveres fundamentais do servidor do IBGE entre bom exercício da função.
outros, EXCETO:
15. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
a) desempenhar, na medida do possível, as atribuições Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE,
do cargo, função ou emprego público de que seja são deveres fundamentais do servidor do IBGE den-
152 titular; tre outros, exceto:
a) manter-se atualizado com as instruções, as normas b) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio,
exerce suas funções; de parentes, de amigos ou de terceiros;
b) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as c) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou fun- habitualmente;
ção, tanto quanto possível, com critério, segurança e d) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem; contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pes-
c) embaraçar a scalização de todos atos ou serviços soa humana;
por quem de direito; e) deixar de exercer atividade prossional aética ou ligar
d) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun- o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos 19. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
usuários do serviço público e dos jurisdicionados Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE,
administrativos; assinale a alternativa incorreta:
e) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
poder ou autoridade com nalidade estranha ao inte- a) A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de
resse público, mesmo que observando as formalidades orientar e aconselhar sobre a ética prossional dos
legais e não cometendo qualquer violação expressa à servidores da Casa, no tratamento com as pessoas
lei. e com o patrimônio público, competindo-lhe conhe-
cer concretamente de imputação ou de procedimento
16. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no susceptível de censura.
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE, é b) À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quan-
vedado ao servidor público do IBGE, exceto: do necessário e a quem de direito, os registros sobre
a conduta ética dos servidores da Casa, para o efeito
de instruir e fundamentar promoções e para todos os
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
po, posição e influências, para obter qualquer favore- demais procedimentos próprios da carreira de servi-
cimento, para si ou para outrem; dor público no âmbito do IBGE.
c) A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
b) Proteger deliberadamente a reputação de outros ser-
de Ética do IBGE é a de advertência e sua fundamen-
vidores ou de cidadãos que deles dependam;
tação constará do respectivo parecer, assinado por
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni-
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
vente com erro ou infração a este Código de Ética ou
d) Para ns de apuração do comprometimento éti-
ao Código de Ética de sua prossão;
co, entende-se por servidor público todo aquele que,
d) usar de artifícios para procrastinar ou dicultar o
por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
exercício regular de direito por qualquer pessoa, cau-
preste serviços de natureza permanente, temporária
sando-lhe dano moral ou material; ou excepcional, ainda que sem retribuição nanceira,
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientícos
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendi- órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
mento do seu mister. ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, ou em
17. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE, é e) Comissão é um grupo de pessoas designadas em
vedado ao servidor público do IBGE, exceto: caráter temporário, lideradas e supervisionadas pelo
investigador-encarregado e com qualicações técni-
a) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, co prossionais especícas à função. Cumprem tare-
caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal fas técnicas de interesse exclusivo da investigação,
interram no trato com o público, com os jurisdicio- para ns de prevenção, e adequadas às característi-
nados administrativos ou com colegas hierarquica- cas do fato ocorrido
mente superiores ou inferiores;
b) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- 20. (CESPE-CEBRASPE — 2018) De acordo com o regime
quer tipo de ajuda nanceira, graticação, prêmio, jurídico dos servidores públicos civis da União, das
comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, autarquias e das fundações públicas federais, caso
para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumpri- seja vericado que, reincidentemente, determinado
mento da sua missão ou para influenciar outro servi-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

servidor incumbia a outro atribuições estranhas ao


dor para o mesmo m. cargo que este último ocupava, a penalidade prevista
c) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva é de
encaminhar para providências;
d) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite a) suspensão.
do atendimento em serviços públicos; b) advertência.
e) não desviar servidor público para atendimento a inte- c) demissão.
resse particular; d) censura.
e) destituição do cargo.
18. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
Código de Ética Prossional dos Servidores do IBGE, 21. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Servidor público que
é vedado ao servidor público do IBGE, EXCETO: comete irregularidade no exercício da sua função
poderá responder civil, penal e administrativamente
a) retirar da Instituição, sem estar legalmente autoriza- pelo ato. Nesse sentido, segundo a Lei n.º 8.027/1990,
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao as cominações civis, penais e administrativas podem
patrimônio público; cumular-se, no entanto 153
a) são independentes entre si. III. A acumulação lícita de cargos dispensa a comprova-
b) a administrativa depende da civil. ção da compatibilidade de horários se o servidor cum-
c) a administrativa depende da penal. prir a jornada em cada um deles.
d) a civil depende da penal. IV. Detectada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal de
e) a penal depende da civil. cargos públicos, será dada ao servidor a oportunidade
de apresentar opção por um deles.
22. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Pedro, servidor de órgão
público federal, a mando de Lucas, seu chefe imediato, Estão certos apenas os itens
mensalmente entregava dez resmas de papel a uma
empregada terceirizada, a título de colaboração para a a) I e II.
escola em que um lho dessa empregada estudava. b) I e III.
Nessa situação hipotética, c) I e IV.
d) II e IV.
a) Lucas deu ordem manifestamente ilegal, razão por e) III e IV.
que Pedro deveria ter-se recusado a cumpri-la.
b) Pedro cometeu infração que não representou grave 27. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Com a conclusão do pro-
dano ao patrimônio público e, por isso, deverá ser-lhe cesso administrativo disciplinar contra um servidor
aplicada a penalidade mais branda. público federal detentor de cargo em comissão junto
c) o desconhecimento da ilegalidade da conduta afasta- a determinado tribunal regional eleitoral, o servidor foi
rá a aplicação de penalidade a Pedro. apenado com a destituição do seu cargo.
d) Pedro cometeu infração, mas Lucas, não, já que não Nessa situação hipotética, a penalidade deverá ser
praticou a conduta proibida. aplicada pelo(a)
e) a nobreza da conduta de Pedro poderá justicar a não
instauração de processo administrativo contra si. a) autoridade que houver feito a nomeação.
b) presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
23. (CESPE-CEBRASPE — 2017) As esferas penal e admi- c) autoridade administrativa de hierarquia imediatamen-
nistrativa são independentes para apurar a responsa- te inferior ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
bilidade de servidor público. Contudo, o procedimento d) chefe da repartição.
criminal vincula o procedimento administrativo quan- e) presidente da República.
do conclui que
28. (CESPE-CEBRASPE — 2017) João delegou a Maria,
a) há insuciência de provas quanto à existência do fato sua esposa e pessoa estranha à repartição pública
imputado ao servidor. onde ele exerce suas funções, o desempenho das atri-
b) o servidor não foi o autor da conduta a ele imputada. buições de sua responsabilidade. Descoberto, João
c) há insuciência de provas quanto à autoria do fato. sofreu um processo administrativo disciplinar, que
d) o fato não constitui infração penal. resultou em sua condenação à penalidade de adver-
tência. Três meses após o trânsito em julgado do
24. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Ao servidor público que procedimento administrativo, João recusou fé a docu-
intencionalmente e sem nenhuma justicativa se mento público.
ausentar do país por trinta e um dias ininterruptos será Nessa situação hipotética, de acordo com a Lei n.º
aplicável, de acordo com a Lei n.º 8.112/1990, a pena- 8.112/1990, João está sujeito à pena de
lidade de
a) suspensão de até noventa dias.
a) suspensão. b) suspensão de até cento e vinte dias.
b) demissão. c) suspensão de até cento e oitenta dias.
c) censura. d) repreensão verbal.
d) advertência. e) demissão.

25. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Na hipótese de acumular 29. (FGV – 2020) Mariana, ocupante do cargo de Coorde-
ilegalmente cargos, empregos, ou funções públicas, o nador Censitário Subárea do IBGE, que nunca sofreu
funcionário público estará sujeito à penalidade disci- qualquer sanção disciplinar, no exercício das funções,
plinar de opôs resistência injusticada ao andamento de docu-
mento e processo.
a) destituição de cargo em comissão. De acordo com a Lei n° 8.112/90, observadas as for-
b) suspensão. malidades legais, Mariana será sancionada com a
c) demissão. penalidade disciplinar da:
d) advertência.
a) repreensão, que será aplicada verbalmente;
26. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Conforme disciplina a Lei b) advertência, que será aplicada por escrito;
n.º 8.112/1990 com relação à acumulação de cargos, c) censura, que será aplicada verbalmente;
julgue os próximos itens. d) demissão, que será aplicada mediante publicação no
diário ocial;
I. A aposentadoria do servidor não impede a percepção e) suspensão, que será aplicada mediante publicação no
de vencimento de emprego público efetivo com pro- diário ocial.
ventos da inatividade se os cargos forem acumulá-
veis na atividade.
II. A participação em órgão de deliberação coletiva não
154 congura acumulação de cargos e deve ser remunerada.
9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO
3 A
4 CERTO
5 ERRADO

6 B

7 CERTO
8 C
9 A

10 A
11 C

12 A

13 D
14 E

15 C
16 B
17 E
18 E

19 C

20 A

21 A
22 A

23 B
24 B

25 C

26 C

17 A
28 A

29 A
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ANOTAÇÕES

155
156
A localização Norte    
estrela Polar, sua referência inicial. Essa localização
pode também ser chamada de Setentrional ou Boreal.
O Sul         
ponto exatamente contrário; sua referência é o Cruzei-
GEOGRAFIA ro do Sul. Pode também ser chamado de Meridional ou
Austral.
O paralelo Linha do Equador, referência central,
faz a separação entre os hemisférios Norte e Sul.
O ponto Leste, também conhecido como Oriente,
NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA está localizado à direita em relação ao Norte e o Sul.
nascer do Sol.
- À esquerda do Norte e do Sul, tem-se o ponto Oes-
tica de mapas originária da região da Mesopotâmia. A te, também chamado de Ocidente; seu ponto de refe-
    - rência é o pôr do Sol.
damente do século 23 a.C.; essa origem está ligada à
Esses quatro direcionamentos compõem os pontos
necessidade de apresentar a outras pessoas um espa-
Cardeais, primeira face da rosa dos ventos, repre-
ço desconhecido. Por ser a região da Mesopotâmia a
sentados pelas siglas N (Norte), S (Sul), L (Leste) e O
localidade onde surgiram os primeiros grupos sociais
       (Oeste).
nesse local foi uma questão de necessidade. Quanto mais distante for o ponto de chegada em
O aprimoramento das técnicas de produção ocor- relação ao ponto de partida, maior será o intervalo entre
 os pontos cardeais, pois o ângulo entre eles é de 90º.
representar um espaço, pode conter diversas infor- Reduzindo esse grau de distanciamento, temos os
mações; por esse motivo, é necessário ler corretamen- pontos Colaterais, que são representados pelos sím-
te suas informações. bolos NE (Nordeste), NO (Noroeste), SO (Sudoeste) e
O título (quando houver) é o ponto de partida; SE (Sudeste). Esses pontos de orientação reduzem o
em seguida, deve-se ler a legenda, que se trata de um intervalo em 45º.
pequeno quadro normalmente disposto nas extre- Por último, existem os pontos Subcolaterais, criando
midades inferior ou superior do mapa, contendo as um intervalo ainda menor, de 22, 5º. Sua denominação é
informações que o mapa transmite; para isso, podem a combinação do ponto cardeal mais próximo junto ao
ser utilizados símbolos, cores, ou a combinação de colateral mais próximo, representados pelos símbolos
ambos. SSO (Sul Sudoeste), OSO (Oeste Sudoeste), SSE (Sul Sudes-
Um mapa deve ser uma reprodução proporcio- te), ESE (Leste Sudeste), ENE (Leste Nordeste), NNE (Norte
 Nordeste), NNO (Norte Noroeste), ONO (Oeste Noroeste).
possível realizar a conversão das distâncias no mapa Observe a rosa dos ventos a seguir.
para o distanciamento verdadeiro no espaço físico, há
-
tando o tamanho da redução do espaço originário em NNO NNE
relação ao mapa. NO NE
Um mapa necessariamente deve conter um pon-
to de orientação – preferencialmente, uma rosa dos
ventos com pontos cardeais ou minimamente o Norte ONO ENE

superior do mapa, pois os pontos cardeais represen-
 O E
representam direcionamentos na horizontal; logo, o
posicionamento norte pode ser representado na por-
ção superior, inferior, laterais e diagonais. OSO ESE

representação de espaço com uso exclusivo da Geo-
        SO SE
SSO SSE
como História e Sociologia. Órgãos governamentais
também a utilizam para o desenvolvimento de polí-
ticas públicas. Até mesmo você, em seu cotidiano, faz Disponível em <https://infoenem.com.br/estudando-os-pontos-
- colaterais-subcolaterais-e-a-rosa-dos-ventos/> Acesso em 12 fev.
zar a localização de um aplicativo celular ou acionar 2021.
um GPS para se deslocar a um local desconhecido.
 LOCALIZAÇÃO
que auxilia as atividades cotidianas há muitos séculos;
com a adição das tecnologias de georreferenciamento, Coordenadas Geográcas, Latitude, Longitude e
 Altitude
GEOGRAFIA

ORIENTAÇÃO Para conseguirmos nos organizar e localizar na


superfície, foi desenvolvido um sistema de linhas ima-
Pontos Cardeais ginárias para facilitar nossos pontos de referência e
localização.
A Rosa dos Ventos é utilizada para sistematizar os As linhas verticais são os Meridianos, sendo o de
direcionamentos realizados, seguindo parâmetros e Greenwich considerado o Meridiano central e divisor
permitindo a padronização. dos hemisférios Oriental (Leste) e Ocidental (Oeste). 157
 É esse sistema de Georreferenciamento que o
GPS (global position system) utiliza, a partir da trian-
180º gulação de dados dos satélites, cruzando a localização
Antimeridiano de
Greenwich latitudinal combinada à localização longitudinal.
O sistema GPS é propriedade do governo dos Esta-
dos Unidos da América; seu uso é aberto, mas, em caso
-
ço pode ser suprimido. Por isso, existe um sistema de
propriedade do governo russo que realiza a mesma
Greenwich

tarefa que o GPS, chamado GLONASS. Essas funciona-


lidades estão no nosso dia a dia; já que o uso dos celu-
lares é nosso principal meio de utilização de dados
georreferenciados como o GPS ou GLONASS.
Veja o mapa a seguir, apresentando as Coordena-
das Geográcas:
Longitude Longitude
Oeste 0º Leste

Disponível<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geograa/
coordenadas-geogracas-latitude-longitude-e-gps.htm> Acesso em
12 fev. 2021.

Os Meridianos a Leste possuem graus positivos; já


os a Oeste possuem graus negativos. Em 0º, tem-se o
Meridiano de Greenwich e, em 180º ou -180º, os opos-
tos (Leste e Oeste, respectivamente).
Além dos Meridianos, existem os Paralelos, que
são as linhas horizontais. O Paralelo do Equador é o
central e divisor dos hemisférios Norte e Sul. Observe
a imagem a seguir: Disponível em <https://www.sabermais.am.gov.br/roteiro-de-estudo/
coordenadas-geogracas-56791>. Acesso em 12 fev. 2021.

Latitude
Combinando os dados da Latitude com Longitude
Norte

-
-
mas capitais.


CAPITAL LATITUDE LONGITUDE
Equador Brasília 15º46’48’’ S 47º55’45’’ O

Washington 38º54’15’’ N 77º01’02’’ O

Latitude Tóquio 35º41’22’’ N 139º1’31’’ L


Sul
Londres 51º30’26’’ N 00º07’39’’ O
Disponível em <http://www.cp2.g12.br/blog/humaitaii/ Nova Deli 28º36’36’’ N 77º13’48’’ L
les/2020/03/1o-ANO-QUARENTENA-3-Coordenadas-
Cartogra%CC%81cas.pdf> Acesso em 12 fev. 2021.
Disponível em <https://querobolsa.com.br/enem/geograa/latitude-
e-longitude> Acesso em 12 fev. 2021.
Latitude e longitude
REPRESENTAÇÃO
Baseado na distância entre os Paralelos e Meri-
dianos, há outra denominação para se referir ao dis- Leitura, Escala, Legendas e Convenções)
tanciamento em graus. As Latitudes são os graus de
distanciamento entre os Paralelos; já as Longitudes Como vimos até aqui, os mapas são a forma de
são os graus de distanciamento entre os Meridianos. representar um espaço. Para isso ocorrer de maneira
O cruzamento entre uma Latitude e uma Longitu- organizada, existem alguns critérios a serem seguidos
de fornece o dado da Coordenada Geográca. na produção de um mapa. Em conjunto com a ima-
gem apresentada, devem estar: título, legenda e esca-
Coordenadas geográcas la. Essas são os três itens básicos de um mapa, pois
ele deve transmitir informações, não apenas imagens.
      -
158 localização exata de um local. cas; veremos alguns tipos a seguir:
z Projeção Plana ou Azimutal: Assim como a projeção plana ou azimutal, esse
modelo é normalmente utilizado para representação
de um hemisfério, senão, causará a distorção observa-
da nessa imagem, na qual o polo Sul (oposto ao Norte
centralizado) aparece ampliado e distante em relação
ao Norte.
Esse modelo é mais utilizado para representar o
mundo por completo com seus hemisférios em um
planisfério, pois causa a menor distorção entre os
hemisférios. Por ter seu uso mais intenso, existem
diferentes técnicas de reproduzir essa projeção. Den-
tre elas, três formas são as mais utilizadas:

z Modelo Conforme:

Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geograa/projecoes-
cartogracas.htm>. Acesso em 12 fev. 2021.

Essa projeção costuma ser utilizada para represen-


tar um hemisfério, normalmente centralizado a partir
de um dos polos.
Seu uso mais famoso está na bandeira da Orga-
nização das Nações Unidas (ONU), por não seguir o
padrão eurocêntrico (forma de representar o conti-
nente europeu na porção superior e ao “centro” em
relação aos demais continentes) habitualmente utili-
zado na projeção cilíndrica.
Também pode ser utilizado para representar o Disponível em <https://www.geograaopinativa.com.br/2018/03/
tipos-de-projecoes-cartogracas-equivalentes-conformes-
mundo por completo, mas as áreas do polo opos-
equidistantes-e-alaticas.html> Acesso em 12 fev. 2021.
to à porção centralizada serão muito distorcidas
(ampliadas).
Desenvolvida pelo cartógrafo e matemático Gerhard
Mercator no século XVI, foi a primeira representação a
z Projeção Cônica
ampliar os territórios além do Velho Mundo (termo utili-
zado para se referir a Europa, Norte da África e Oriente
Médio, no período prévio a Expansão Marítima).
O objetivo principal era manter os ângulos e con-
tornos dos territórios, pois seu uso era, na época,
voltado à navegação. Contudo, essa necessidade de
manter os contornos próximos à realidade acaba por
ampliar as áreas próximas aos polos.
Isso ocorre por conta da ampliação dos Paralelos
mais distantes do Equador; por conta dessa carac-
terística, essa projeção recebe a denominação de
“Conforme”.

Disponível em <https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o- z Projeção Equivalente:


que-e-cartograa/as-projec-o-es-cartogra-cas.html> Acesso em 12
fev. 2021.

z Projeção Cilíndrica:
GEOGRAFIA

Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geograa/projecao-
peters.htm> Acesso em 12 fev. 2021.

Essa representação foi criada por Arno Peters no


Disponível em <https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-
século XX. Embora não fosse um cartógrafo, a pro-
que-e-cartograa/as-projec-o-es-cartogra-cas.html> Acesso em 12        
fev. 2021.  159
Para cumprir esse objetivo, a projeção de Peters preserva os tamanhos dos continentes, mas acaba perdendo
os ângulos e contornos detalhados da projeção conforme.

z Projeção Conforme não equidistante:

Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geograa/projecao-robinson.htm> Acesso em 12 fev. 2021.

O estadunidense Arthur Robinson é o responsável por essa projeção. Seu objetivo é equilibrar a relação tama-
nho territorial versus ângulos e contornos. Para conseguir alcançar esses objetivos, essa projeção utiliza Paralelos
retos e Meridianos curvos, quanto mais distantes do central Greenwich.
Por mesclar as principais características de Mercator e Peters, essa projeção é atualmente a mais utilizada em
livros e publicações quando se representa o mundo em planisférios.

z Projeção Alática

Nesse tipo de projeção, não há manutenção dos tamanhos, contornos e áreas dos territórios, mas são minimi-
zadas as distorções do conjunto (o mapa por completo).

Disponível em <https://www.mundovestibular.com.br/estudos/geograa/projecoes-cartogracas-3/> Acesso em 12 fev. 2021.

z Projeção Equidistante

São preservadas as distâncias, mas há distorção dos contornos e ângulos dos territórios.

160 Disponível em <https://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/projecoes_cartogracas.aspx> Acesso em 12 fev. 2021.


z Anamorfose

-
-
ções muito utilizadas para transmitir informações. Observe os exemplos:

Rússia

Alemanha

Irã
China
Estados Turquia
Unidos Paquistão Japão

Anamorfose - mundo México


Egito
população total - 2017 Bangladesh
(mil habitantes) Índia
Vietnã
Nigéria 
Etiópia
até 25 000,0
25 000,1 - 75 000,0 Brasil
Indonésia
75 000,1 - 150 000,0
150 000,1 - 325 000,0
mais de 1 339 180,1

Disponível em <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021.

-
zidos, embora sejam o segundo e sextos maiores países do mundo em extensão territorial (respectivamente).

A Anamorfose a seguir representa os maiores produtores de petróleo, conforme descrito na legenda.

Canadá Nóruega Rússia


casaquistão
Reino
Unido
Iraque Irã
Estados Unidos Kuwait
China
Argélia Catar

México Emirados
Árabes

Anamorfose - mundo Arábia Saudita Unidos

Venezuela Nigéria

produção de petróleo
(mil barris/dia) omã

104,0 - 1 000,0 Brasil


Angola Austrália
1 000,1 - 2 000,0
2 000,1 - 5 000,0
5 000,1 - 12 354,0

Disponível em <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021.



 
por Estado, em 2017 total , em 2017

AP
CE RN
AM PA MA
Roraima Amapá
PI PS
RO TO PE
MT
Amazonas GO AL
Pará Maranhão Ceará
Rio Grande  BA SE
do norte
Paraíba
Piauí Pernambuco
Acre
Tocantins Alagoas MS MG
 Sergipe

Mato Grosso bahia ES


Distrito
População total - 2017
GEOGRAFIA



Goiás SP
(mil habitantes) Anamorfose - Brasil população
Minas RJ
Gerais total - 2017 (mil habitantes)
466,0 - 1 000,0 Mato Grosso
do sul
Espírito
Santo PR
São Paulo Rio de 466,0 - 1 000,0
1 000,1 - 5 000,0 Janeiro

Paraná
1 000,1 - 5 000,0
5 000,1 - 10 000,0 Santa SC
Catarina
RS 5 000,1 - 10 000,0
10 000,1 - 22 000,0 Rio Grande
do Sul
10 000,1 - 22 000,0
45 103,1
45 103,1

Disponível em <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021. 161


LEGENDA Esse tipo de símbolo é utilizado principalmen-
te para indicar área ocupada, quando a extensão e
Os mapas, além de apresentarem um local, qua- largura são importantes. Podem indicar regiões ou
se sempre transmitem informações; as legendas são diferenciações naturais no relevo, como variação de
maneiras de representar as informações contidas nos cobertura vegetal, climático etc.
mapas.
       Símbolos pontuais
      
é utilizar legendas, que são itens obrigatórios. Elas
podem ser utilizadas por meio de símbolos ou cores.
As legendas são importantes por permitirem
incluir nos mapas diversas informações sem a
necessidade da escrita, que tornaria o mapa con-
fuso e repleto de palavras, o que provavelmente
dicultaria sua interpretação.
Quando são adequadamente utilizadas, as legen-
das fornecem dados acerca de acontecimentos ou ele-

A simbologia a ser utilizada é escolhida com base
nos critérios relacionados às necessidades de cada Disponível em <https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/114510-vector-
mapa. Alguns exemplos: divisão de áreas, indicar de-simbolo-de-legenda-de-mapa-gratis> Acesso em 12 fev. 2021.
atividades comerciais/industriais ou mesmo indicar
aspectos sociais. Os símbolos pontuais podem ser variados e sua
       -
lineares, zonais e pontuais. car o símbolo na legenda.
Veja as três formas de legendas juntas:
Símbolos lineares
Figura 1
Pontos Linhas Áreas

Figura 2
Disponível em <https://www.preparaenem.com/geograa/legenda-
dos-mapas.htm > Acesso em 12 fev. 2021. Pontos Linhas Áreas

Normalmente, são utilizados para representar ele-


mentos naturais ou construções humanas, como rios,
estradas, ferrovias, ruas. Além de representarem os
itens informados na legenda, podem transmitir infor-

isso.

Símbolos zonais
Disponível em <https://exerciciosweb.com.br/geograa/simbolos-
cartogracos-e-sensoriamento-remoto-atividades/attachment/
espaco-natural-e-socioeconomigo/> Acesso em 12 fev. 2021.

ESCALA CARTOGRÁFICA

Mesmo com intenso uso de tecnologia atual, os


mapas podem ser importantes meios de orientação
no espaço, podendo fazer parte de planejamento de
viagens, por exemplo.

real. As escalas representam o volume de proporção
do espaço representado em relação ao espaço natural,
por isso, sua correta interpretação é importante.
Quanto maior a redução do local representado,
Disponível em <https://www.preparaenem.com/geograa/legenda- maior será o denominador da escala, assim indican-
162 dos-mapas.htm> Acesso em 12 fev. 2021. do um mapa menor, pois, para representar uma área
muito grande, o espaço real é muito reduzido e, con-
sequentemente, apresenta menor riqueza de detalhes Importante!
do local. Quando não houver indicação da unidade de
Em contrapartida, mapas com escala pequena são
maiores, pois o espaço demonstrado foi menos reduzi- medida na escala, deve ser sempre considerado
do, demonstrando, assim, maior detalhamento do local. centímetro como a unidade representada.
Como exemplo, imagine um mapa do Brasil. Para
representar o país em uma folha, seu tamanho foi mui-
to reduzido; nessa redução, muitos detalhes do espaço Nas escalas numéricas como a representada na
       imagem, quando não há indicação da unidade de
 medida do denominador, deve-se sempre considerar
Agora, imagine um mapa da cidade de Santos, em uma medida em centímetros. Ou seja, um centímetro
São Paulo. Por possuir um tamanho territorial muito do mapa é equivalente a cinquenta mil centímetros
menor que o país, um mapa desse município é menos
do espaço real.
reduzido em relação ao do Brasil. Esse mapa preservará
 Em questões de concurso, normalmente é neces-
grande e, consequentemente, será um mapa maior. -
Podem ser utilizados dois tipos distintos de escala: tros, logo, é preciso realizar a divisão. 100 centímetros
a gráca e a numérica. correspondem a um metro, e 1000 metros correspon-

Escala gráca: 
do mapa equivalente a quinhentos metros do espaço
Escala 
Veja outros exemplos:
25 50 Km
0
ESCALA NUMÉRICA ESCALA GRÁFICA
Disponível em <https://brainly.com.br/tarefa/30783086> Acesso em 1 : 500 000 0___5___10km
13 fev. 2021.
Lê-se da seguinte forma:
1cm no mapa equivale a Lê-se da seguinte forma:
500 000 cm na realidade 1 cm no mapa equivale
a 5 km na realidade ou 2
Ou seja, a realidade foi cm no mapa equivalem a
0 3 6 9 Km
reduzida 500 000 vezes 10 km na realidade
ou

0 9 Disponível em <https://sites.google.com/a/agvv.edu.pt/geo-
3 6
dinamica/conteudos-temas/7o-ano/tema-a/a-utilizacao-das-escalas
> Acesso em 13 fev. 2021.

ESCALA 1:5 000
Disponível em <http://liramirian10.blogspot.com/2020/04/escala. 0 5 10 15 20 25 300 m
html> Acesso em 13 fev. 2021.

Esse tipo de escala faz a proporção de um centímetro


do mapa em relação ao espaço da realidade. É impor- ESCALA 1:200 000
tante se atentar à unidade de medida representada, se é 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Km

Na primeira imagem, é representada uma pro-
porção de um centímetro, equivalente a vinte e cinco
- ESCALA 1:5 000 000
senta uma proporção de um centímetro relativo a três 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Km


Escala numérica: Disponível <https://www.todamateria.com.br/escala-cartograca/>


Acesso em 13 fev. 2021.
Numerador
(área do mapa) Esse último exemplo conta com a escala numé-
      
a conversão da escala numérica para o espaço real;
GEOGRAFIA

1 : 50000 na primeira demonstração, um centímetro da escala


equivale cinco mil centímetros do espaço real. Con-
vertendo para metros, tem-se a distância de cinquenta
Denominador metros do espaço real.
Na segunda demonstração, a escala numérica apre-
(área real)
senta um centímetro correspondente a duzentos mil
Disponível em <https://www.todamateria.com.br/escala- centímetros; ao converter, resulta-se uma distância de
cartograca/> Acesso em 13 fev. 2021.  163
representada é de um centímetro da escala para cinco z Planalto Central: que tem como destaque a Cha-
milhões de centímetros, correspondentes a cinquenta pada dos Veadeiros, com altitudes que variam
 entre 600m e 1650m, localizado nos estados de
Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e
OUTRAS PRODUÇÕES DE CARTOGRAFIA Mato Grosso do Sul.
z Planalto das Guianas: que está presente no ter-
z Planta: Normalmente utilizada na área da cons- ritório brasileiro nos estados do Amazonas, Pará,
trução civil, é um tipo de representação do espaço Roraima e Amapá, se estendendo também para
em escala grande, ou seja, pouquíssima redução países vizinhos na América do Sul como: Vene-
do local representado, conseguindo transmitir      
com detalhes o local; Guiana. Nesta formação de relevo está localizado
z Carta: Utilizada especialmente em atividades de o ponto de maior altitude do Brasil, que é o Pico da
gestão e planejamento, é um tipo de reprodução Neblina, com altitude de 3,000 metros, na Serra do
de escalas médias e grandes; são reproduções Imeri no estado do Amazonas.
detalhadas dos locais representados, normalmen- z Planalto Brasileiro: é constituído pelas seguintes
te utilizando simbologia para isso; formações: Planalto Central, Planalto Meridional,
z Croqui: Simples representações do espaço, sem Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Mara-
 nhão e Piauí, Planalto Nordestino, e pelo Planalto
escala; esse tipo de representação é um “resumo” Uruguaio-Rio-Grandense, destaque para o Pico da
com informações sobre os locais representados. Bandeira, localizado na Serra do Caparaó, com alti-
tude em torno de 2900 metros.

Planícies

ASPECTOS FÍSICOS E MEIO AMBIENTE São formações que ocupam uma área em torno de
NO BRASIL -
taque para as seguintes áreas:
GRANDES DOMÍNIOS DE CLIMA, VEGETAÇÃO,
RELEVO, HIDROGRAFIA E ECOSSISTEMAS z Planície Amazônica: é considerada a maior área
de terras com baixa altimetria do país, está loca-
Relevo Brasileiro       
formas de planícies mais presentes aqui são as pla-
O relevo brasileiro possui como principais carac- nícies de várzeas, os baixos planaltos e os terraços
terísticas médias e baixas altitudes, ocorre o predomí- 
nio de formas de relevo como planaltos e depressões z Planícies Litorâneas: as faixas de terra localiza-
(que são formações de relevo cuja sua origem é crista- das em todo o litoral brasileiro, abrangendo uma
lina e sedimentar). área aproximada de 600 km.
As formações de relevo, planaltos e depressões, z Planície do Pantanal: que está localizada nos esta-
ocupam em torno de 95% do nosso território. Já as pla- dos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, uma
nícies, que possuem também uma origem sedimentar, das características é que esta região está sujeita as
ocupam cerca de 5% do nosso território. Dessa forma, constantes inundações, é a maior área de planície
cerca de 60% do território nacional é composto por inundável do mundo.
bacias sedimentares e os escudos cristalinos represen-
tam cerca de 40% do todo o território nacional, ocupan- Climas do Brasil

são picos, as serras, as colinas, os morros e as chapadas. O território brasileiro encontra-se quase que em
sua totalidade em regiões de baixas latitudes, prin-
Planaltos cipalmente entre a Linha do Equador e o Trópico de
Capricórnio, ou seja, nosso país está localizado na
      faixa tropical e por esse motivo ocorre o predomínio
esta formação de relevo tem como principais caracte- de climas úmidos e quentes. Também por isso, temos
rísticas sua formação elevada e plana, com altura aci- em nosso território regiões que apresentam grandes
ma de 300 metros, e estão submetidos a um constante índices de pluviosidade como, por exemplo, a região
processo erosivo. norte, e regiões que sofrem com a falta e a escassez de
       chuvas, como o semiárido nordestino.
com a sua formação geológica: Os principais tipos climáticos do Brasil são os
       -
z Os planaltos sedimentares são formados por máticas da Terra, nosso país possui 6 tipos de clima
rochas sedimentares; listados a seguir:
z Os planaltos cristalinos são formados por rochas
cristalinas; z Clima Equatorial;
z Os planaltos basálticos são formados por rochas z Clima Subtropical;
de origem vulcânica. z Clima Tropical de Altitude;
z Clima Semiárido;
Dentre os principais planaltos presentes no territó- z Clima Tropical Litorâneo;
164 rio brasileiro, podemos destacar: z Clima Tropical.
Vamos destacar as principais características dos a registrar médias térmicas anuais em torno de
tipos climáticos presentes no território brasileiro: 27ºC. Possui elevada amplitude térmica por conta
das chuvas irregulares a região sofre com a falta
z Clima Equatorial: esse tipo climático está loca- de chuvas e a escassez de água. Essa região faz par-
lizado em áreas próximas à Linha do Equador. te do conhecido Polígono das Secas, área do terri-
Tem como principais características: temperaturas tório brasileiro que sofre com a seca.
bastantes elevadas em todo o ano e elevado índi-
ce pluviométrico. Está presente em toda a região Hidrograa Brasileira
Norte do país e em partes da região Centro-Oeste.
O clima Equatorial possui uma média de tempera- 
tura anual em torno dos 25ºC, com baixa amplitu- cerca de 12% dos cursos d’água do mundo, os rios bra-
de térmica (a diferença entre a maior e a menor 
temperatura registradas) e o ciclo ou regime de essa diversidade hídrica está relacionada a questões
chuvas sofre variações constantes de acordo com
como clima, relevo e vegetação. No total o Brasil pos-
a atuação das massas de ar.
       
de acordo com a extensão e a vazão de cada um – des-
Como forma de demonstrar como as massas de ar
- 
co conhecido como friagem, que provoca uma queda de grande e pequena vazão.
- Os rios brasileiros são formados por regimes plu-
meno é provocado pela atuação da massa de ar fria viais (chuvas) e são quase em sua totalidade rios de
polar, que atua no território brasileiro. planaltos (encachoeirados, com quedas d’água). São
quase todos perenes, onde o curso d’água é constante
z Clima Subtropical: é o tipo climático predominan- durante todo o ano, e também são em maioria rios de
 estuário – deságuam direto no oceano.
verões quentes e invernos mais frios, mais rigo- 
rosos, podendo ocorrer geadas e, em raros casos,
neve, por conta da atuação da massa de ar polar. z Bacia Amazônica: formada pelo Rio Amazonas e
No clima subtropical, as chuvas são constantes e       
bem distribuídas ao longo do ano, com registros de          
pluviosidade que variam entre 1.500 mm e 2.000 mundo em volume de água e o segundo maior em
 -
em torno de 18ºC, porém, no período de inverno as
da por esta bacia corresponde a 44,63% do terri-
quedas de temperaturas podem ser bem maiores.

z Clima Tropical de Altitude: este tipo climático
Jari, Madeira, Tapajós, etc.
está presente na região Sudeste do país, e devi-
do a altimetria do relevo, suas temperaturas são z Bacia Tocantins Araguaia: essa bacia estende-
mais baixas que as temperaturas registradas no        -
tipo climático tropical, em média os registros são te a 11,36% do território nacional, está localizada
inferiores a 18ºC, podendo ocorrer o registro de nas regiões Centro – Oeste e Norte. Nessa bacia
temperatura variando entre 7ºC e 9ºC. As atuações 
das frentes frias podem provocar a ocorrência de mundo, a Ilha do Bananal. Como rios de destaque
geadas. Já em relação ao regime de chuvas o clima temos: Tocantins e Araguaia, Garças, Paraná, Rio
tropical de altitude possui um regime semelhante Sono, Santa Tereza, etc.
ao clima tropical. z Bacia do Paraguai: ocupa uma área de 361,35
z Clima Tropical Litorâneo: está presente em toda       
a faixa litorânea, principalmente entre o estado do estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A
Rio de Janeiro e o estado do Rio Grande do Norte, região onde está localizada o Pantanal é banhada
a região é quente e chuvosa e possui essas carac- pelo Rio Paraguai.
terísticas por conta da ação da massa de ar Tro- z Bacia do Rio São Francisco: ocupa uma área de
pical Atlântica. As médias de temperatura anuais        -
variam entre 18ºC e 26ºC, com pluviosidade em rio nacional, está localizada em estados das regiões
torno de 1.500 mm anuais. No litoral nordestino, -
as chuvas ocorrem com mais frequência no outo- co tem sua nascente na Serra da Canastra em Minas
no e inverno, já no litoral do sudeste, as chuvas são Gerais, possui mais de 2.0000 km de trechos que são
mais constantes e intensas no verão. aptos a navegação. A região que mais sofre com a
z Clima Tropical: este tipo climático está presente seca e a falta de água no Brasil – o semiárido nor-
na região Centro-Oeste e suas principais caracte- 
rísticas são verões chuvosos e quentes e invernos -
          rios ou intermitentes – que são rios que sofrem uma
média de temperatura anual está acima de 18ºC, redução do seu volume de água em um período do
GEOGRAFIA

porém, podem ocorrer momentos em que as tem- ano por causa do ciclo de chuvas irregular.
peraturas registradas podem chegar até 7ºC. Em z Bacia do Rio Paraná: localizada na região de
relação ao clico de chuvas, a pluviosidade pode       
variar entre 1.000 e 1.500 mm por ano. região mais habitada também, presente em esta-
z Clima Semiárido: este tipo climático está presente dos do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ocupa cerca de
na região Nordeste e tem como principais carac- 10,33% do território nacional, destaque para o Rio
terísticas a ocorrências de chuvas irregulares. São Paraná com extensão de 2.750 km. Dentre os prin-
raras em determinadas áreas do sertão nordesti-       
no e têm as temperaturas bem elevadas, chegando os rios Tietê, Paranapanema, Paranaíba, Iguaçu. 165
z Podemos destacar também as bacias dos rios       -
Uruguai no sul do Brasil e parte da Argentina, tais em três grupos:
Bacia do Parnaíba, localizada na região Nordeste.
Bacia do Atlântico Nordeste Oriental com desta- Grupo de espécies consti-
que para o Rio Paraíba, Bacia do Atlântico Leste, Formações Florestais ou
tuídas de árvores de gran-
Bacia do Atlântico Sudeste, com destaque para o Arbóreas
de porte.
rio Paraíba do Sul e para o rio Doce, com extensão
bacia do Atlântico Árvores de pequeno por-
Sul        te (arbustos) e herbáceas
região Sul e na região Sudeste, com destaque para Formações Arbustivas
(plantas com caule de con-
os rios Jacuí e Camaquã. sistência mole).

       Formações Complexas e Coberturas vegetais que re-
destacar também os reservatórios subterrâneos que o Litorâneas vestem o litoral brasileiro.
Brasil possui, conhecidos como aquíferos, nosso país
tem 2 grandes aquíferos.
A partir de agora veremos as principais caracterís-
O Aquífero Guarani, também conhecido como Aquí-
fero do Cone Sul ou SAG (Sistema Aquífero Guarani) está ticas de cada um dos tipos de vegetação presentes no
território brasileiro.
localizado na porção sul da América do Sul, é a segunda
maior fonte de água doce subterrânea do mundo, ocu-
- Formações Florestais ou Arbóreas
dade de 1500 metros, possui um volume de água em
torno de 45 mil km³, cerca de 70% das reservas de água z Floresta latifoliada Equatorial ou Floresta
estão localizadas no território brasileiro. Amazônica:
Já o Aquífero Alter do Chão também conhecido
        
localizado na região Norte do país, possui 86 mil km³ nacional, e vem sofrendo com a prática do des-
 matamento intenso ao longo dos últimos anos.
-      
cer a população mundial mantendo os atuais níveis de características: mata heterogênea, com milha-
consumo por pelo menos 250 anos. res de espécies de vegetais, sempre perene (as
folhas se mantém verdes o tempo todo e não
VEGETAÇÃO E ECOSSISTEMAS ocorre a perda das folhas pelas árvores), é

Macrodivisão Natural do Espaço Brasileiro
-
phytón planta) é o ramo didas em três andares ou camadas (vegetação
- 
tribuição dos vegetais na superfície da Terra. No Brasil 
a vegetação original que cobria o território nacional  Mata de Igapó: Essa vegetação é encontrada ao
foi, em uma grande extensão territorial do país, des- longo dos rios e é inundada de forma perma-
matada por conta de atividades antrópicas (realizadas 
pelos seres humanos).  Mata de Várzea: vegetação que está sujeita a
Ao longo da história do nosso país medidas foram inundações ao longo dos rios;
tomadas para reduzir os níveis de desmatamento que
ocorreu de forma desordenada e que ocasionou em z Mata de terra rme ou Caeté: vegetação encon-
um desequilíbrio do clima e de toda a cadeia ecológica. trada em áreas com maior altimetria do relevo
(baixos planaltos), estas áreas estão livres de inun-
dações dos rios.

Como destaque das principais espécies vegetais da


    
cacaueiro, dentre outras.

Fonte: https://escolaeducacao.com.br/biomas-brasileiros/ - acesso


166 nov./2020. Fonte: https://veja.abril.com.br/ - acesso em nov./2020.
z Floresta latifoliada tropical ou Mata Atlântica: A vegetação dos cocais está localizada na parte oci-
dental do Nordeste, é uma importante fonte de obten-
- ção de renda para as populações locais, pois é explorada
ta latifoliada tropical foi explorada de forma intensa, e utilizada na produção de cosméticos e combustível
principalmente durante o período colonial – devido (como o biodiesel). Em regra, a vegetação está distribuí-
a extração de pau-brasil – e praticamente não existe da da seguinte forma: o babaçu é encontrado em maior
mais. Além do pau-brasil, eram presentes também quantidade no Maranhão e na parte ocidental do Piauí,
neste tipo de vegetação plantas de madeira nobre. O enquanto a carnaúba está presente na porção oriental
do Piauí até o estado do Rio Grande do Norte.
que ainda resta da Mata Atlântica são alguns trechos
localizados nas encostas da Serra do Mar. Além do
pau-brasil como dito anteriormente, podemos encon-
trar espécies como: cedro, ipê, jacarandá, peroba, etc.

Fonte:https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geograa/mata-dos-
cocais-babacu-e-carnauba-sao-fontes-de-recursos.htm - acesso em
nov./2020.

z Matas de galerias ou ciliares:


Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/esperanca-para-a-mata-
atlantica/ acesso em nov./2020.

desenvolvem ao longo dos cursos dos rios, são encon-
z Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais:
tradas em diversas partes do território brasileiro,
Esta vegetação localiza-se ao longo do Planalto Meri- quanto mais próximas dos cursos d’água, maior é a
dional (regiões sul e sudeste), com uma extensão que vai diversidade desta vegetação, são vegetações fechadas
do estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul, embora e ricas, à medida que ocorre o afastamento do leito do
a maior concentração desta vegetação esteja no estado rio, ocorre a redução da umidade, e aos poucos vão
do Paraná. É conhecida como Mata de Araucária ou aparecendo novas espécies que são menos necessita-
 das de água.
uma formação vegetal presente no clima subtropical, é São encontradas espécies como: sapucaia, paxiúba
homogênea e espaçada, suas folhas tem formato de agu- e palmeiras.

espécies vegetais como: pinheiro, erva-mate, etc.

Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais - acesso


nov./2020.

Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta-
Formações Arbustivas e Herbáceas
com-araucarias/ - acesso em nov./2020.
z Caatinga:
GEOGRAFIA

z Mata dos Cocais:


A caatinga também conhecida como mata branca é o
Os cocais, também conhecido como palmeiras, tipo de vegetação presente no Sertão Nordestino ou Nor-
localizam-se em grandes extensões nos estados do deste semiárido (região com poucas chuvas, são escassas
Maranhão e Piauí, é uma vegetação de transição entre e são distribuídas de forma irregular ao longo do ano).
- As principais características da caatinga são:
no, suas principais espécies são: o babaçu e a carnaú-
ba, mas aparecem também espécies como: o tucum, o  Vegetação com árvores e arbustos espinhentos
buriti, o açaí, o oiticica, etc. ou que perdem as folhas durante a estação seca; 167
  z Campos:
a ambientes secos);
 Presença de arbustos associados às cactáceas e No Brasil os campos, também conhecidos como
às bromeliáceas; Pampas, estão presentes na região sul do país, em
 Vegetação com caules a galhos tortos, raízes áreas com o relevo suave (pequenas alterações na alti-
profundas e em grande quantidade. metria – altura), podem se apresentar de forma contí-
nua (somente com gramíneas), ou com a presença de
z Os solos nessa região quase sempre são pedrego-       
sos, e são de pequena espessura;
que formam os chamados campos sujos. Dentre as ati-

Na caatinga as espécies que podemos destacar são:
destaque para a pecuária extensiva – gado criado sol-
to em grandes extensões de terras, e a monocultura:
z Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro. soja ou arroz.
z Cactáceas: mandacaru e xiquexique.
Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
z Bromeliáceas: macambira e caroá.
destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-


Fonte:https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/ - acesso nov./2020. Fonte: https://conhecimentocientico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-
pampa-conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/ - acesso nov./2020.
z Cerrado:
Formações Complexas e Litorâneas
A vegetação Cerrado está localizada principalmen-
te na região central do país, porém pode ocorrer a z Complexo do Pantanal:
presença deste tipo nos estados de Minas Gerais, São
Paulo, Bahia, totalizando áreas que podem chegar a Denomina-se Complexo do Pantanal o conjunto
 de diversas formações de vegetação que estão pre-
O Cerrado tradicional é composto por vegetação de sentes na área do Pantanal Mato-Grossense, nesta
árvores e arbustos que estão associados a uma vege- região ocorrem inundações em períodos do ano, o
tação baixa inferior, formada basicamente por gramí- que possibilita a existência de três tipos de áreas: as
neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente áreas que estão sempre alagadas, as áreas que são
nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o periodicamente alagadas e as áreas que estão livres
tropical subúmido, com duas estações bem distintas
de inundações.
– uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são
em grande parte pobres e de baixa fertilidade (devido Como espécies de vegetais aqui nesta região, des-
aos altos índices de acidez). É comum a presença das tacam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado,
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão paratudo, capim-mimoso e vários bosques chaque-
e as gramíneas ou vegetação rasteira. nhos, com a presença de Quebracho e do angico, den-
tre outros tipos.

Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm - acesso estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense.
168 nov./2020. ghtml - acesso nov./2020.
z Vegetação Litorânea: No Litoral brasileiro exis- – Mata Atlântica) e os outros correspondem a áreas
tem dois tipos de vegetação, veremos a seguir cada com um predomínio de espécies vegetais herbáceas
uma delas: e arbustivas (Cerrado, Caatinga e Campos – também
conhecido como pradarias).
 Vegetação das praias e das dunas (jundu): De acordo com os estudos do professor Ab’Sáber
existem faixas de transição entre os domínios morfo-
climáticos, como por exemplo o Pantanal, trechos de
São vegetações arbustivas e herbáceas que con-
Cerrado e também da Caatinga, assim como a Mata
seguem sobreviver em solo arenoso, sofrendo fortes dos Cocais e a Vegetação Litorânea (Mangues).
          Observe o mapa abaixo com os domínios morfocli-
dos ventos). Nas praias a vegetação é mais mirrada máticos do Brasil de acordo com os estudos do profes-
(pobre – grande quantidade de sal e poucos nutrien- sor Ab’Sáber:
tes), enquanto nas dunas a vegetação é mais diversi-

nutrientes e menor quantidade de cloreto de sódio
presente na água do mar.

Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html - acesso


nov./2020.

 Mangue: Esta vegetação está presente em fai-


xas litorâneas com clima tropical e que sofrem
a ação das marés ou da água salobra (salgada),
 Fonte:http://educacao.globo.com/geograa/assunto/geograa-
sica/dominios-morfoclimaticos.html - acesso nov./2020.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS
GRANDES METRÓPOLES

Brasil: de agroexportador a urbano-industrial

Até quase a metade do século XX (por volta de


        
     -
das em sua totalidade no meio rural: a maioria da
população vivia no campo. De acordo com o geógrafo
Milton Santos, o processo de urbanização brasileiro
foi rápido, intenso, violento e heterogêneo no século
Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-
XX, diferentemente de vários outros países do mun-
aumento-do-nivel-do-mar/ - acesso nov./2020.
do. Tal processo provocou um conjunto de mudanças
entre as regiões do nosso país, de forma desigual tam-
Domínios Morfoclimáticos do Brasil bém, evidenciando o conjunto de transformações ter-
ritoriais que ainda ocorrem no nosso país.
Os domínios morfoclimáticos podem ser com- O modelo agrário e exportador foi importante na
preendidos como o resultado da interação entre os estruturação urbana e territorial do país. Algumas
elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, cidades como, por exemplo, São Paulo, Curitiba e Belo
      - Horizonte, organizaram suas atividades comerciais
GEOGRAFIA

ro Aziz Ab’Sáber realizou estudos e estabeleceu esta         
      e início do XX, o processo de urbanização do nosso
o professor essa delimitação ocorre a partir de uma país já ocorria de forma lenta e gradual, em especial
abordagem integrada da natureza, ao estudar somen- centralizados nas cidades administrativas do setor
- agrário exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da
        população brasileira vivia em áreas urbanas, nesse
seis grandes domínios morfoclimáticos – paisagísti- contexto, destacamos as três principais cidades da
      - época: Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
 Observe os dados da tabela abaixo: 169
EVOLUÇÃO POPULACIONAL DAS CIDADES BRASILEIRAS Como as cidades são lugares de segregação e exclu-
(1872 – 1900) são, a dinâmica de construção de imóveis e de ocu-
1872 1900 pação de territórios atende ao interesse do capital
CIDADE POPULAÇÃO CIDADE POPULAÇÃO (muitas vezes especulativos), fazendo com que dentro
Rio de Janeiro 274972 Rio de 691565 de uma mesma área estejam lado a lado prédios ver-
Janeiro
ticais de alto padrão, condomínios horizontais e em
Salvador 129109 São Paulo 239820
áreas não tão distantes, fazendo com que uma grande
Recife 106671 Salvador 205813
quantidade de pessoas vivam em condições extrema-
Belém 61997 Recife 113106 mente precárias, em barracos, embaixo de viadutos e
Niterói 47548 Belém 96560 até mesmo em caixas de papelão. No contexto atual,
Porto Alegre 43998 Porto Alegre 73674 estes fatores continuam ocorrendo, tendo em vista
Fortaleza 42458 Niterói 53433 que o processo de desigualdade e exclusão são cada
Cuiabá 35987 Manaus 50300 vez mais perceptíveis na sociedade brasileira.
São Luís 31604 Curitiba 49755
São Paulo 31385 Fortaleza 48639 A REDE URBANA BRASILEIRA

Fonte: SCARLATO, F, C. População e urbanização brasileira, In ROSS, O processo de interligação entre as cidades possi-
J.L.S (Org). Geograa do Brasil. São Paulo; Edusp; FDE, 1996, p.426.
bilita a formação de uma rede urbana. Neste processo,
No período entre 1940 e 1980, menos de 40 anos, cada cidade vai se especializando em atividades, cons-
a localidade de residência de uma grande parcela da tituindo assim certa hierarquia entre os munícipios.
população se inverteu. De acordo com o Censo demo- Podemos citar o caso da cidade de Santos, onde está
- 
ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice
na rede urbana no estado de São Paulo. Dessa forma,
atingiu o percentual de 67,59%. A população total do
país triplicou durante essas quatro décadas, já a popu- ocorre uma interação entre as atividades realizadas
lação urbana multiplicou-se por mais de sete vezes no interior do estado e a cidade de Santos, em decor-
nesse mesmo período. Em 2010, a população brasilei- rência da dinâmica do seu porto. Existem, assim, cida-
ra nas áreas urbanas representava cerca de 84,36% da des com outras funções centrais, como podemos citar
população total do país, com um número de habitan-
logo abaixo:
tes maior que toda a população do país em 1991. Já no
ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a popu-
lação residente em áreas urbanas está em torno de z -
84,4%, apresentando assim, uma certa estabilização da do Norte (SP);
em relação aos grandes deslocamentos populacionais, z -
 de de Goiás (GO), Paraty (RJ);
nas últimas décadas.
É importante destacar que o crescimento urbano z       
ocorreu de forma paralela ao processo de industria- Seguro (BA), Bonito (MS);
lização, esteve concentrado em algumas áreas no z      
país, em especial no Sudeste, destaque para São Pau- Volta Redonda (RJ), Camaçari (BA), Suape (PE).
lo e as cidades industriais de seu entorno. O processo
de industrialização serviu como um incentivo para
De acordo com o nível de importância histórica,
um processo acelerado de migrações internas para
as regiões citadas acima, neste contexto, as pessoas algumas cidades podem exercer várias funções den-
migravam em busca de empregos e melhores condi- tro de uma rede urbana, como é o caso da cidade de
ções de vida. São Paulo. Com o passar do tempo, as cidades podem
Porém, vale destacar que, como é uma lógica do desenvolver outras funções dentro da rede urbana,
próprio sistema capitalista, o crescimento populacio-
aumentando assim os seus contatos com um número
nal dos centros urbanos de forma acelerada e desor-
denada foi superior à oferta total de vagas no mercado cada vez maior de lugares. Dessa forma, as cidades
de trabalho para toda a população. Tal dato gerou uma -
maior competitividade por empregos, moradias nas ritórios, assumindo papéis para comandar as políticas
áreas mais centralizadas e por alimentos, acirrando a comerciais regionais, nacionais e em alguns casos,
segregação especial. Os valores dos terrenos em áreas
internacionais.
urbanas não possibilitaram o acesso de grande parte
dos trabalhadores à casa própria e acabou por expul- O acúmulo de funções por uma determinada cida-
sar das áreas centrais das cidades os trabalhadores de permite que esta possua um maior poder territo-
mais pobres. Os trabalhadores se deslocaram à pro- rial, e essas funções são determinadas pela presença
cura de moradia em áreas inadequadas, degradadas de grandes empresas, bancos nacionais e internacio-
ou distantes dos centros das grandes cidades, gerando
nais, e também servirá para atrair populações das
uma ocupação desordenada do espaço e provocando
a processo de formação de periferias e posteriormen- mais diversas localidades em busca de melhores con-
170 te a favelização. dições de vida.
As cidades quando crescem, não permitem só o surgimento e o crescimento de redes urbanas, mas também
contribui para o surgimento de redes territoriais (transportes, telecomunicações, eletricidade). Isso ocorre devido
ao fato de quanto maior for o crescimento de uma cidade, maior será a dinâmica de produção e distribuição de
alimentos, assim como o deslocamento de cargas, mercadorias e pessoas por várias regiões do território. A densi-

serviços e capitais, fazem da rede urbana um fator importante na organização do território.

pirâmide. Ocorria entre as cidades um processo de dependência da cidade A com as cidades vizinhas e, posterior-
mente, para se relacionar com a cidade mais importante nessa hierarquia. Cada cidade ocupava um papel dentro
dessa hierarquia, e para ocorrer uma mudança no papel e na importância de cada cidade, deveriam passar por
-

Com o desenvolvimento dos sistemas de transportes e telecomunicações, ocorreram alterações e surge uma
nova hierarquia urbana. O desenvolvimento das redes permitiu a integração de localidades mais distantes aos

vez mais intensa.

METRÓPOLES BRASILEIRAS

No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE, existiam na rede urbana brasileira 9 metrópoles: duas pos-
suíam alcance nacional ( São Paulo e Rio de Janeiro), sendo que São Paulo já era considerada como uma cidade

Era uma característica associar o termo metrópole ao processo de conturbação e de uma cidade central com
população superior a 1 milhão de habitantes ou mais, que polarizavam as demais cidades de seus entornos. Atual-
mente, o IBGE considera a existência de 15 metrópoles brasileiras, foram agregadas ao grupo anterior Manaus,
-
le nacional), vale destacar que as três últimas cidades foram inseridas no seleto grupo de metrópoles nacionais
agora em Junho de 2020.

              
realizados, as regiões metropolitanas sofreram alterações, que são as áreas conturbadas nas grandes metrópoles.
Esse estudo considerava a existência de 23 regiões metropolitanas, hoje já são 36 regiões. Os aspectos levados em
consideração são os seguintes:

z Nível de atração de investimentos e migração;


z 
z A capacidade de atrair setores de tecnologia de ponta.

Nas regiões metropolitanas mais populosas concentram-se cerca de 37,26% da população do país.
-
mente uma metrópole.

DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA (FLUXOS MIGRATÓRIOS, ÁREAS DE


CRESCIMENTO E DE PERDA POPULACIONAL)

-

de habitantes dos estados e dos municípios se refere a 1° de julho de 2020. População cresceu 0,77% em relação
GEOGRAFIA

a 2019. O estado de São Paulo segue na liderança, com 46,289 milhões de pessoas. Desses quase 84% vivem nas


A heterogeneidade da população brasileira é uma marca em sua história, pois a população se distribui de
forma irregular pelo território nacional desde o período colonial. Onde a maior concentração populacional ocor-

litorânea e o interior. No mapa abaixo podemos ver como está distribuída a população pelo território brasileiro. 171
As razões para essa maior concentração populacional nas porções centro-sul e litorânea do país se devem aos

-


-

o interior do país de forma gradual. Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste, e Sul, ocorrem elevadas
-



tabela a seguir mostra dados sobre nosso país e as regiões administrativas.

POPULAÇÃO TOTAL
DENSIDADE POPULAÇÃO UR- POPULAÇÃO RU-
BRASIL/ REGIÃO (ABSOLUTA) EM
(HAB. / KM²) BANA (%) RAL (%)
MILHÕES
Brasil 211.755.692 23,8 84,4 15,6

Sudeste 89.012.240 87 92,9 7,1

Nordeste 57.374.243 36,06 73,1 26,9

Sul 30.192.315 42,5 84,9 15,1


Norte 18.672.591 4,12 73,5 26,5
Centro-Oeste 16.504.303 8,7 88,8 11,2

172 Fonte: IBGE, Anuário da população Brasileira, julho, 2020.


Apesar de serem menos populosas, as regiões Nor- z Nos últimos 19 anos, os índices registraram queda
te e Centro – Oeste apresentam um constante aumen- de 56,11% nas mortes de recém-nascidos e 59,8%
to da representatividade populacional brasileira, para crianças de até cinco anos – dados do relató-
enquanto as demais regiões apresentam uma leve rio da Unicef em 2020.
tendência de declínio. Este fato ocorre por conta da
saturação das regiões que polarizavam as atividades Em relação à expectativa de vida o estado de Santa
         Catarina tem os maiores índices com 79,9 anos ( 3,3
centro-oeste e norte estão passando por um processo anos acima da média nacional), e o estado do Mara-
de desenvolvimento. nhão tem a pior expectativa de vida registrando 71,4,
O termo populoso refere-se à quantidade total de          
pessoas em um país, estado, município. Refere-se ao seja, para cada criança nascida no Maranhão espe-
número total de habitantes de uma região, também ra-se ou estima-se que ela viva em média 8,5 anos a
conhecido como população absoluta. menos do que uma criança nascida em Santa Catari-
Já o termo povoado refere-se a forma como a na. Todos os estados da região Nordeste têm dados
população se distribui pelo território, esse termo tam- abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre
bém pode ser explicado por população relativa ou em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, onde
      todos registram expectativa de vida para populações
 acima da média nacional.
O envelhecimento da população nacional e conse-
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO quentemente o aumento da expectativa de vida pode
BRASILEIRA -

Para compreendermos melhor a questão demográ- de vida e de uma queda nas taxas de natalidade.
 
dos seguintes dados divulgados recentemente pelo expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:
IBGE, e estes dados traçam um panorama geral da
população brasileira:
Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2020,
a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos, a
expectativa de vida dos homens é de 73,1 anos e para
as mulheres de 80,1. Esses indicadores vêm aumen-
tando ano após ano desde a década de 40, quando
a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos
(G1,2020). Nos recém nascidos essa situação se repete,
a mortalidade infantil (quando a criança vem a óbito
antes de completar 1 ano de vida, para cada grupo de
mil nascimentos), é maior entre os meninos, entre os
nascidos do sexo masculino em 2018 cerca de 13,8 não
chegam ao primeiro ano de vida, já entre as meninas
este número é de 11,8 mortes a cada mil nascimentos
– dados do IBGE. (G1 em 2018.)
E esse padrão se repete ao longo da vida: quando
as mulheres completam 20 anos de idade elas tem cer-
ca de 4,5 mais chances de chegar aos 25 anos que um
homem da mesma idade.
Essa diferença, de acordo com o IBGE se explica
pela alta taxa de homicídios, suicídios, acidentes de
trânsito e outras mortes não naturais entre os indi-
víduos do sexo masculino. De acordo com o IBGE as
causas de mortes em homens a partir dos anos 80
       -
de brasileira – isso pode ser explicado pelo aumento
populacional, agravamento da desigualdade social,
aumento da criminalidade, etc.
Um outro fator que tem consequência direta nas Fonte: G1,2020.
é a mortalidade infantil – crian-
ças que vêm a óbito antes de completarem 5 anos de MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL
vida - Essas taxas vem caindo aos longo dos anos, em
2019 esse número era de 14,4 contra 14,9 em 2017 e O deslocamento populacional interno (também
15,5 em 2015, as chances são maiores no grupo que tem conhecido como migrações), ocorre em nosso país
GEOGRAFIA

menos de 1 ano de vida – o número registrado no ano desde o período colonial, porém estes movimentos se
passado é de cerca de 85% das crianças que morreram 
e tinham menos que 1 ano. Porém mesmo com esses a 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918).
dados, as taxas de mortalidade infantil vêm diminuindo, Na história do Brasil, nossa economia foi caracte-
no ano passado foram registradas 14 mortes a cada gru- rizada pelos ciclos ou fases, quando um determinado
po de mil nascimentos, contra 17,2 em 2010 – dados do produto surgia e consolidava como o mais impor-
IBGE. No Brasil a redução total de mortalidade infantil e tante. Dessa forma ocorreram os seguintes ciclos
morte na infância foram os seguintes:  173
z Ciclo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII);
z Ciclo da mineração ou do ouro (século XVIII);
z Ciclo da borracha (entre 1870 e 1910);
z 


que os produtos eram voltados para exportação), e necessitava de uma grande quantidade de mão-de-obra, pro-
vocando assim a ocorrência de grandes deslocamentos populacionais de diversas regiões do país para as áreas
produtoras (essas migrações chamadas de inter-regionais) ocorriam de forma moderada, havendo um aumento
no volume de pessoas deslocando-se principalmente a partir da segunda metade do século XX ( conforme fora
dito anteriormente).
Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea-
camentos populacionais aumentaram (o ex-escravo podia deslocar-se livremente pelo território – fato que antes
não era possível).
As maiores migrações inter-regionais da história do Brasil foram realizadas por nordestinos para os grandes cen-
-
tidade durante o século XX, persistindo até os dias atuais, mesmo que em um ritmo menos acelerado nas últimas


alcançado pela Região Sudeste – a princípio com a lavoura de café, depois com os surtos industriais, mas também
contribui para que ocorresse o deslocamento de nordestinos em massa para o sudeste alguns fatores repulsivos
(que expulsam ou forçam a população a sair de uma determinada região) :

z O declínio que a economia do Nordeste vinha sofrendo há várias décadas;


z 


para a porção central do país (havia uma demanda de mão-de-obra elevada), fazendo com que nos anos 60 a
região Centro-Oeste fosse palco de uma das maiores correntes migratórias da nossa história.
No sul do país, o processo de modernização da agricultura (provocado pela mecanização do campo (utilização
de máquinas no processo de produção agrícola) e a Revolução Verde) juntamente com a concentração fundiária

pessoas para a região central do país.
Os fatores que contribuíram para a expansão da fronteira agrícola do Sudeste para o Centro-Oeste e, logo


z A construção de uma malha rodoviária que promoveu a integração das regiões do país;
z O desenvolvimento de técnicas de correção dos solos do Cerrado;
z            
(Embrapa);
z 

A inserção das regiões Norte e Centro-Oeste no processo produtivo do país fazia parte de um conjunto de ações
governamentais que tinham como objetivo principal promover a ocupação do interior do país e buscar a redução
das desigualdades existentes entre as regiões. Como proposta para auxiliar nesse processo foram criados órgãos

por exemplo de iniciativas nesse sentido, podemos citar a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
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rém, bem como a criação de projetos agropecuários e para a extração de recursos minerais, como por exemplo
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desenvolvimento nacional.

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mica proporcionou a desconcentração produtiva ( deslocamento de indústrias e suas estruturas para o interior do

eram concedidos pelos governos municipais e estaduais, além do uso de mão-de-obra mais barata presentes na porção

Porém nas últimas décadas foi possível perceber uma redução do deslocamento de nordestinos para São Pau-
lo, por exemplo, na década de 1980, pela primeira vez na história o município registou uma saldo migratório
negativo: a diferença entre o número de pessoas que saíram e o número de pessoas que chegaram, entre 1980 e
1991, foi em torno de 750 mil. A maioria das pessoas que deixaram a metrópole do Sudeste foram para cidades


1999 e 2004, cerca de 714 mil nordestinos deixaram o Sudeste e retornaram para a sua região de origem (isso se
174 deve ao fato de um maior desenvolvimento estar ocorrendo no Nordeste brasileiro).
Onde estão os imigrantes?

Observe o mapa a seguir:

Saldos Migratórios, por Unidade da Federação 2005/2010

Fonte: IBGE,2010.

Mesmo com as mudanças no quadro de desenvolvimento regional, a região Sudeste ainda continua sendo o
principal destino das migrações internas, seguido pelo Nordeste e pelo Centro-Oeste. O Sudeste também é a região
que possui a maior parcela de habitantes que são oriundos de outras regiões, sendo que a maioria desses migran-
tes que se encontram no Sudeste tem como área de origem o Nordeste.
O Centro-Oeste é a região que apresenta o maior percentual de imigrantes nascidos em outras regiões (cerca
de 34,1% de acordo com dados do IBGE em 2012). A criação do órgão de desenvolvimento regional nos anos 60,
o Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), as políticas de subsídios que foram ofertados
para atividades agropecuárias, que impulsionaram o agronegócio, serviram como fatores de atração populacio-
nal para a região Centro-Oeste.
Por que as pessoas migram?
A migração pode ocorrer de diversas maneiras, espontânea ou forçada. Nos casos em que o migrante não se des-
loca por vontade própria, existem fatores naturais ou conjunturais que impulsionam a sua saída como por exemplo:
GEOGRAFIA

Êxodo Rural: movimento de deslocamentos de pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas por conta do
desemprego no campo, falta de moradia, dentre outros fatores;
Transumância: é o tipo de movimento migratório que é temporário e pode ser reversível e é determinado
pelas condições climáticas (sazonalidade), como mudanças das estações ou secas temporárias;
Movimento Pendular: é um movimento migratório diário, comum em grandes centros urbanos-industriais,
onde os trabalhadores residem em uma cidade e deslocam-se para trabalhar em outra, nesse caso a cidade onde
o cidadão mora passa a ser chamada de cidade-dormitório. 175

ocorreram:

Disponível em: SANTOS, R. B. Migração no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.

-
ção de retorno. Os migrantes que saem principalmente do Sudeste e retornam para os seus estados de origem.

176
A base da fronteira política de uma nação ou país
FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO        
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (por meio de acordos), a delimitação (em que se tem
(ORGANIZAÇÃO FEDERATIVA) 

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 
– rios, montanhas, serras, etc.).
Extensão territorial e limites Veremos agora os principais tratados que contri-
buíram para a formação e a construção territorial do
O Brasil está localizado na porção centro-oriental Brasil:
na América do Sul e é o maior país em extensão territo-
rial do subcontinente. O território é cortado pela Linha z Tratado de Tordesilhas (1494) – No decorrer do
do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando século XV, o processo conhecido como Expansão
uma área de 8.515.767 km2    Marítima Comercial Europeia ou Grandes Navega-
um país de dimensões continentais, e dentre os países ções, conduziu duas nações da Europa – Portugal e
com maiores extensões territoriais do mundo está em
Espanha – a uma série de disputas por territórios na
quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e quarto
lugar, considerando terras contínuas. América, que havia sido descoberta por Cristóvão
O país possui 23.086 km de fronteiras, destes 15.719 Colombo em 1492. Dessa forma, a partir de 1494,
km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que estabele-
países da América do Sul (Chile e Equador) não fazem cia uma divisão das terras entre as duas potências:
fronteira com nosso país. A costa brasileira é banhada foi traçada uma linha imaginária meridional, com
pelo Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, o tamanho total distante 370 léguas de Cabo Ver-
indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí. de (arquipélago localizado no continente africano),
dessa forma as terras localizadas a oeste desta linha
pertenceriam a Espanha e as terras localizadas a
leste pertenceriam a Portugal. Porém, com o avan-
ço das atividades conhecidas como Entradas assim
como também as Bandeiras, esses eventos foram
importantes para o ocupação do interior do territó-

        -
locavam-se para estas áreas ocupadas por Portugal,
e provocaram o processo conhecido como interio-
rização, e assim os portugueses violaram os termos
presentes no acordo, facilitando por exemplo a cons-
trução de vilas, que no futuro serviriam para o des-
locamento da fronteira das terras portuguesas para
a direção oeste.

Veja a tabela a seguir:

ENTRADAS BANDEIRAS
Expedições organizadas As Bandeiras foram expe-
pela Coroa Portuguesa, que dições realizadas entre os
antecederam as Bandeiras séculos XVI e XVII, nan-
e possuíam os objetivos de ciadas por particulares,
explorar o território, auxiliar como os objetivos de tam-
no mapeamento do territó- bém realizar o processo
rio brasileiro, estabelecer de ocupação do interior
novas áreas de currais do país, capturar escra-
para a criação de gado e vos que haviam fugido e o
novas terras para a prática principal objetivo era bus-
da agricultura. Posterior- car áreas que possuíam
mente, essas atividades reservas de ouro, tendo
passaram a ter objetivos em vista que as primeiras
* Créditos da imagem:Deyvid Aleksandr Raffo Setti / Wikimedia
variados, como por exem- expedições com esse obje-
GEOGRAFIA

Commons.
plo: conquistar territórios tivo foram realizadas logo
Formação Territorial do Brasil ocupados por índios, cap- após a descoberta das pri-
turar índios para o trabalho meiras minas de ouro em
Para compreendermos como se estruturou e se orga- em lavouras, na mineração, MG. Posteriormente, os
nizou a formação e consolidação do território brasileiro, a captura de escravos refu- Bandeirantes foram ocu-
giados, dentre outros. pando territórios no interior
é necessário compreender e analisar os principais acor-
 do país, para buscar novas
 reservas desse mineral.
177


Fonte: Google Imagens.

z Tratado de Madrid (1750) 


acordo, neste acordo entraria em vigor o princípio do Uti Possidetis (a posse da terra era garantida para aquele
que a ocupasse), critério adotado para estabelecer novos limites territoriais. Neste novo acordo, os portugue-
ses acabaram garantindo a posse das terras ocupadas além da linha de Tordesilhas e ocorreu também a troca
dos territórios de Sacramento pelos territórios de Sete Povos das Missões (territórios localizados na região sul
do país). Conforme pode ser observado no mapa a seguir:

Fonte: Google Imagens.

z Tratado de Petrópolis (1903) - Durante o século XIX, ocorreram várias mudanças políticas em âmbito nacio-
nal, em especial a partir de 1822, quando o Brasil torna-se independente de Portugal, e após esse evento
houve a consolidação do Império, período que ocorreu uma forte centralização política, evitando assim a

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vislumbravam através da exploração do látex uma forma de fazer fortuna e ter uma vida melhor. Ao navegar
pela margem direita do Rio Amazonas, diversos grupos de seringueiros chegaram ao território boliviano e

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
para os chilenos sua única saída para o mar. A nova faixa pertencente ao território brasileiro encontrava-se

do acordo entre brasileiros e bolivianos, a região passou a ser considerada um território federal, subordinado
a administração localizada no Rio de Janeiro. No ano de 1962, o presidente João Goulart homologou a lei que
colocava o território do Acre na condição de estado da federação, passando assim a possuir administração
178 própria e com seus respectivos poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo).
Fonte: Google Imagens.

DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA Podemos representar da seguinte maneira:

O Brasil atualmente está organizado em 27 unida- República


des federativas, sendo que possui: Federativa Estados Municípios Distritos *
do Brasil
z 26 estados;
z 

não é subdivisão de qualquer município.
-
das em Municípios, e estes em Distritos.
A INDISSOLUBILIDADE DO PACTO FEDERATIVO
        
um governador, possuem uma capital, onde estão        
localizadas as sedes de cada governo, já os municípios        
são governados pelo prefeito. 
        direito de gozar de soberania, mas de autonomia.
        
municípios, mas possui uma divisão administrativa e 1º), a federação é indissolúvel, não possibilitando a
é organizado em regiões administrativas. nenhum dos entes políticos (União, Estados, Distrito
 
      Esta determinação é conhecida como Indissolubili-
homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o dade do Pacto Federativo, sendo que é uma pétrea
mesmo plano hierárquico, e devem receber tratamen- -
 
Mas, você sabe o que é uma federação? O objetivo de manter a unidade nacional e a neces-
 sidade de uma administração descentralizadora são os
motivos para impedir que a federação seja dissolvida e
“É a forma de organização do Estado adotada pelo 
Brasil que se caracteriza pela coexistência de um do princípio da indissolubilidade do vínculo federativo).
GEOGRAFIA

poder soberano e diversas forças políticas autôno- Por isso, o direito de secessão é vedado aos Estados
mas, unidas por uma Constituição. Os entes que e Municípios, justamente por não poderem quebrar o
compõem a federação são: a União, os Estados- vínculo federativo.
-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF Caso ocorra uma tentativa de separação que vise
fala também em Territórios, divisões político-admi- o rompimento da unidade da federação brasileira, a
nistrativa que, atualmente, não existem.” 
intervenção federal com o objetivo maior de manter a
Artigo 18 da Constituição Federal. integridade e a unidade nacionais. 179
Art. 34 A União não intervirá nos Estados, nem no Distrito Federal, exceto para:
I – Manter a integridade nacional.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

-
nistrativo do nosso país. Vamos fazer uma leitura do artigo 18, como forma de reforçar o que foi dito até o momento.

Título III
Da organização do Estado
Capítulo I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA – ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Esta-
do de origem serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou forma-
rem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito e do Congresso Nacional por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma
da lei ( Redação dada pela Emenda Constitucional nº15 , de 1996).


listadas em seguida.

180 Fonte: IBGE.


Os 26 Estados do Brasil e suas respectivas capitais são:

Distrito Federal – Brasília (DF)


Acre – Rio Branco (AC)
Alagoas – Maceió (AL)
Amapá - Macapá (AP)
Amazonas – Manaus (AM)
Bahia – Salvador (BA)

Espírito Santo – Vitória (ES)
Goiás – Goiânia (GO)
Maranhão – São Luís (MA)
Mato Grosso – Cuiabá (MT)
Mato Grosso do Sul – Campo Grande (MS)
Minas Gerias – Belo Horizonte (MG)
Pará – Belém (PA)
Paraíba – João Pessoa (PB)
Paraná – Curitiba (PR)
Pernambuco – Recife (PE)
Piauí – Teresina (PI)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ)
Rio Grande do Norte – Natal (RN)

Roraima – Boa Vista (RR)

São Paulo – São Paulo (SP)
Sergipe – Aracaju (SE)
Tocantins – Palmas (TO)

HISTÓRICO SOBRE A DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL


competências legislativas, políticas e administrativas próprias, porém nem sempre o nosso país apresentou esta
divisão político-administrativa.
No ano de 1889, com a Proclamação da República, surgem os estados. No Brasil Império (período anterior a
República) tínhamos a organização do território através de províncias. Mesmo com a criação de estados, não exis-

Veja abaixo um breve histórico sobre a organização político-administrativa do Brasil no decorrer do século XX.
1903 – O Acre foi incorporado ao Brasil após acordos com a Bolívia (veremos mais adiante, quando estudarmos
o Tratado de Petrópolis);
1942
1943 – Criação de cinco territórios federais:

z Guaporé (Região Norte);


z Rio Branco (Região Norte);
GEOGRAFIA

z Amapá (Região Norte);


z Ponta – Porã (Região Centro – Oeste);
z Iguaçu (Região Sul).

-
tral em áreas que eram pouco povoadas e que estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças externas. O
mapa abaixo mostra a localização destes territórios. 181
1946 – Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram 1981 
extintos;        
1956 nº 41, de 22 de dezembro de 1981, porém o aniversário
       de instalação do estado só ocorre em 1982, no dia 04 de
forma de homenagear o Marechal Cândido Rondon, janeiro, quando ocorre a posse do governador o Coronel
um grande sertanista do Brasil, defensor dos indíge- 
      
celebrado no dia 04 der janeiro (data da instalação);
        
Príncipe da Beira, considerada a maior relíquia histó-
- Dica
sada pelo Marechal quando o território foi criado e Você sabe a diferença entre criação e instalação
não foi uma homenagem póstuma, já que o Marechal de um estado?
só faleceria em 1958; De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, “A
1960 – Transferência da capital do Rio de Janeiro criação de um estado depende da aprovação
- no plenário da Câmara Federal, e a instalação
 é quando o estado passa a funcionar adminis-
estado, que foi chamado de Guanabara, porém, entre
os anos de 1974 e 1975, ocorreu a junção dos territórios
trativamente como Estado. É quando o governa-
dor assume e assina os primeiros atos”. Como
da Guanabara e do Rio de Janeiro, formando assim um
único estado. Para critério de curiosidade, o estado da curiosidade, o Estado de Rondônia foi instalado
Guanabara estava localizado onde hoje está a cidade do apenas com dois poderes constituídos. Com a
Rio de Janeiro; criação do Estado, foi extinto o território, quando
1977 – O estado do Mato Grosso é dividido em duas o então presidente da República João Baptista
unidades federativas, sendo que a porção sul passa a Figueiredo indicou o Coronel Jorge Teixeira, que
se chamar Mato Grosso do Sul. A lei que sancionou já ocupava o cargo de governador, para continuar
essa divisão foi assinada no dia 11 de outubro de 1977 no cargo de maior importância no Estado, em 29
182 pelo presidente Ernesto Geisel; de dezembro de 1981.
1988
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Noronha o único Distrito Estadual presente no território brasileiro.
Alterações Político – Administrativas estabelecidas pela constituição federal de 1988.

z O estado do Tocantins foi criado após o desmembramento do norte de Goiás.


z O estado de Goiás permaneceu na região Centro-Oeste, já o estado do Tocantins está na região Norte (falaremos
sobre a regionalização mais adiante).
z                 
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z 

REGIONALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: AS PRIMEIRAS PROPOSTAS

O termo região do latim regere (derivação de rex, que era a autoridade que determinava o limite das frontei-
ras), e diz respeito a uma parte do território que possui uma unidade que a diferencia em relação a outras áreas.
O processo de regionalização pode ser baseado em aspectos naturais (clima e vegetação), assim como em critérios

Por conta das dimensões territoriais do nosso país, existe a necessidade de regionalizá-lo para realizar estudos
sobre as diversas localidades existentes. E o conceito de regionalização pode ser compreendido como uma divisão
do espaço, com critérios estabelecidos de maneira prévia, e essa divisão em áreas ou porções menores são chama-
das de regiões, com características distintas entre si.
Regionalizar contribui para que os poderes políticos e administrativos possam ter mais dados e informações

As regionalizações existentes no território brasileiro até por volta de 1939 eram pautadas no estudo de carac-
terísticas naturais do nosso país, onde o elemento principal era o fator condicionante que pautava o desenvolvi-
mento do restante da área.
No ano de 1889, o engenheiro André Rebouças dividiu o país em dez regiões agrícolas para regionalizar o país.
Veja no mapa a seguir:

GEOGRAFIA

Fonte: <http://geograaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil mapas-e.html>.

No ano de 1893, o francês Élisée Reclus, geógrafo, fez uma divisão do país utilizando como critério as regiões
naturais, sendo assim o país de acordo com esse critério passou a ter oito regiões. De acordo com o mapa abaixo: 183
Fonte: <http://geograaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.

No ano de 1913, Delgado de Carvalho elaborou uma proposta de regionalização baseada em elementos natu-
-

esses grupos, proporcionando, dessa forma, uma interação dos seres humanos com o meio ambiente, de acordo
com as necessidades locais. Observe a mapa a seguir:

184 Fonte: <http://geograaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.



dados estatísticos do Brasil, posteriormente o órgão passou a se chamar Departamento Nacional de Estatística (DNE).
No governo de Getúlio Vargas houve uma reestruturação do departamento e passou a se chamar Instituto Nacional de


utilizava a Matemática e a Estatística como suporte para análises, referências e tabulação de dados.

regionalização do território brasileiro, baseado em aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação) e o Brasil

ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui. Observe o mapa abaixo com
a atual regionalização do território brasileiro, que além de levar em conta aspectos físicos e naturais, também
tem como critério aspectos políticos-administrativos. Observe o mapa abaixo com esta forma de regionalização:

Brasil: Político-Administrativo

GEOGRAFIA

Fonte: <http://geograaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.

Outras formas de regionalização:

Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
               
Centro-Sul e Nordeste. Nesta forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidem com as fronteiras
estaduais. Desta forma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha – que possui 185

Maranhão, que a porção leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste do estado se encon-

com maiores níveis de desenvolvimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem esta
proposta. Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa a seguir:

Fonte: <http://geograaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.

                   
-

pelo território brasileiro, dividindo assim o país em quatro complexos regionais que foram denominados como
“quatro brasis”.
Os complexos nesta forma de regionalização são os seguintes:
Região Amazônica-

Região Nordeste: inclui os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta uma agricultura pouco mecanizada se compa-

Região Centro-Oeste: inclui Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do sul e Tocantins, apresenta uma agricultura

Região Concentrada: inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, é a região que concentra a maior população, as maiores indústrias, os principais portos, aero-
portos, shopping centers, supermercados, as principais rodovias e infovias, as maiores cidades e universidades.


de regionalização cobras no concurso, porém não deixe de fazer uma leitura sobre as outras divisões regionais.
Não confunda:

ANO DE
Nº DE REGIÕES NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES ELABORAÇÃO DA
PROPOSTA
Nordeste, Amazônia e Características Histó-
3 Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul ricas e Econômicas
Nordeste, Centro-Oeste, Meio técnico-cientí- Milton Santos e Maria
4 Início dos anos 2000
Concentrada e Amazônia co informacional Laura Silveira
Norte Anos 40, com reformula-
Aspectos naturais,
Nordeste ção nos anos 70 e com
elementos sociais,
5 Centro-Oeste IBGE atualização em 1988,
econômicos, políticos
Sudeste através de promulgação
e administrativos.
186 Sul da C.F.
A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em
PRODUÇÃO NO BRASIL -
destino e sul da Bahia.
 A estrutura produtiva era moldada de acordo com
com base nas relações de poder que são estabelecidas as necessidades, nas grandes propriedades existia
através dos diversos modos de produção e podem ser um complexo de produção constituído por engenho,
      casa grande, senzala, áreas destinadas para a pecuá-
internos e externos, condicionados ao longo do tempo. ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
A formação de Estados com governos centraliza- o modelo dominante era a subsistência, que visava
dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou atender aos interesses de pequenos grupos que habi-
- tavam as imediações das macroestruturas produtivas.
grado, nesse período, começava a articulação entre o A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo
modo de produção capitalista (alteração das relações 
servis por um sistema assalariado). vida política e na economia.
A chegada dos colonizadores europeus na Améri- A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas
ca provocou uma desorganização e uma desestrutu- Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco-
ração do espaço nativo aqui existente e a instalação          -
de um processo de colonização de exploração, com 
       brasileira, principalmente após a transferência da for-
      - ça produtiva para a região Sudeste.
         O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco-
só podia estabelecer relações comerciais com sua res- 
pectiva metrópole), sendo assim, esta mercantilização maior destaque para as atividades realizadas durante
- o século XVIII.
cos distintos, separados por uma hierarquia colonial, É importante destacar atividades que foram desen-
estabelecida pelo pacto citado anteriormente. volvidas de forma paralela, porém simultânea, como
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira por exemplo a pecuária, com papel extremamente
foi predominantemente agroexportadora, com base importante no processo de interiorização do nosso país.
na relação escravista de trabalho, que perdurou até
-
mente a escravidão no país.
-
vir como um complemento da economia da metrópo-
le europeia, aqui houve uma ocupação do litoral em
maior escala em detrimento da ocupação das porções
interiores do território no início da colonização, fato
este que proporcionou desigualdades regionais que
ainda podem ser observadas até os dias atuais.
O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
ca da monocultura de gêneros tropicais) pautava a
macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil cons-

sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta fase
do capitalismo mercantilista.
A economia colonial baseava-se no trabalho
compulsório, no início com a mão de obra indígena
e depois com o escravo africano, no contexto inter-
nacional da época a economia estava integrada ao
processo de expansão do capitalismo mercantil e era
caracterizada por ciclos produtivos.
-
sil, presente na região da Mata Atlântica, a seiva era Fonte: Google Imagens.
usada no processo de tingimento de tecidos e a madei-
ra era utilizada na produção de móveis, este modelo
de exploração durou até por volta de 1555, quando A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
      -
começa ocorrer uma escassez de matéria prima e a
elevação do custo, fato que diminuiu o interesse dos bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
colonizadores por este tipo de comércio. contribuiu para impulsionar o processo de ocupação
- da porção centro-sul do país, formaram-se vilas, que
cio, sendo ligado a produção açucareira, com grande passaram posteriormente ao status de cidades, ocor-
destaque nos séculos XVI e XVII, na região conhecida rendo assim a transferência de pessoas, serviços e
como Zona da Mata nordestina, onde há a presença capitais para as áreas mineradoras.
do solo tipo massapé (muito ricos em nutrientes). A A região Sudeste começa a desempenhar um papel
GEOGRAFIA

cana-de-açúcar era um produto extremamente impor- extremamente importante tanto para o atendimento
tante nessa época e sua produção era voltada exclusi- das demandas de mercado externo como para estrutu-
vamente para o mercado europeu. rar o mercado interno. O desenvolvimento provocado
Neste período, devido a demanda de crescimento pelo ciclo do ouro traz também um surto de urbaniza-
- ção que facilitava o aumento das práticas comerciais
ção para atender a demanda de consumo do merca- e o processo de interiorização do país, estes fatores
do interno (porém nada que substituísse totalmente foram determinantes para a transferência da capital
os grandes produtos da economia brasileira), nestes do país para o Rio de Janeiro, provocando assim uma
espaços secundários que aqui se formaram podemos reorganização espacial do país neste período. 187
Os primeiros sinais de decadência na produção aurífera foram surgindo e consequentemente os capitais eram

da demanda no mercado externo, principalmente após a ocorrência da Revolução Industrial na Inglaterra.
No século XIX, o país estava com um governo centralizador vinculado aos interesses aristocráticos e escrava-
gistas que divergia um pouco das ideias liberais que emergiam em diversas localidades do mundo.
Os países centrais que já haviam passado por processos de industrialização exigiam das nações periféricas
maiores quantidades de matérias-primas, além de mercados consumidores, fatores estes que provocaram uma
mudança nas relações trabalhistas, pautadas no trabalho assalariado, porém com a resistência muito forte das

Neste período histórico, o produto que impulsionou a economia brasileira foi o café, e isso contribuiu para
o fortalecimento da aristocracia no sudeste do país (região que concentrava a produção deste gênero agrícola).
Ocorreram investimentos pesados no setor e toda a produção era destinada à exportação.

a sociedade brasileira. Um dos grandes problemas sociais da época era a concentração fundiária (a Lei de Terras

A necessidade de investir na infraestrutura para atender a demanda de produção de café era cada vez mais
intensa, foram realizados investimentos elevados no transporte ferroviário, por exemplo, que era a principal for-
ma de ligação das áreas produtoras de café com os principais portos da época. O café chegou a representar cerca
de 65% das exportações brasileiras.
Com o capital proveniente das exportações de café, começaram a ocorrer investimentos gradativos no setor

nova atividade industrial concentrava-se no sudeste, região que já contava com uma infraestrutura que atendia
as demandas iniciais desse processo de industrialização.
-
trutura de transportes e comunicações, incentivos ao crescimento do mercado consumidor interno) foram impor-
tantes para o desenvolvimento ocorrido no período.
Além do café outros produtos foram desenvolvidos em espaços do território de formas diferentes, como por
-
-


188
A partir de 1929, em especial com a quebra da Um exemplo desta política de desenvolvimento foi a
Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações -
 
internacional foi sentida no modelo agrário exporta- Manaus. Assim, várias cidades e capitais do “interior”
dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café foram ganhando papéis de destaque dentro do proces-
com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na so de hierarquia urbana com seu processo de cresci-
presidência da República), foi interrompida com a 
chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu
em Goiás e Araguaína no Tocantins que cresceram em
mudanças políticas importantes no país.
função da lavoura de soja e ganharam novos papeis de
Vargas incentivou a industrialização, tendo em
vista que o país necessitava de produtos e sem condi- 
ções de importar – a demanda de produção industrial ou acabar as disparidades regionais existentes.
 Um outro fator importante na tentativa de integrar
 o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro-
brasileiro que era fortemente ligado ao agrário rural cesso de expansão da fronteira agrícola para a região
foi gradativamente transferido para o urbano indus- 
trial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio de como a expansão da fronteira pecuária também, den-
Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que tro de um contexto do processo de globalização da
favorecia essa mudança, além de contar com mercado agricultura. Um setor que também passou por um pro-
consumidor em crescente expansão e capitais dispo- cesso de desenvolvimento intenso, principalmente na
níveis, provenientes da produção cafeeira. 
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen- minerais, com destaque para a extração de minério de
volvimento industrial provocaram um acelerado êxo- ferro no estado do Pará (Serra dos Carajás).
do rural, principalmente para e região centro-sul, que Nos anos 80 e 90, o processo de desconcentração
 industrial em nível nacional continuou ocorrendo,
com grandes deslocamentos para as regiões Nordeste
z Êxodo Rural é o processo no qual ocorre a migra- e Centro-Oeste, dentro de uma política estatal conhe-
ção dos habitantes das áreas rurais para os centros 
urbanos, por diversos motivos: desemprego no encontrada pelos governos de estados e municípios
campo, busca por melhores condições de vida etc. para atrair complexos industriais para seus territó-
z Hipertroa Urbana é o processo no qual ocorre o 
desenvolvimento desordenado e de forma rápida como o principal), proporcionando assim um maior
de regiões que passaram pelo processo de urbani-
processo de interiorização industrial e fomentando
zação em um curto espaço de tempo, provocando
o crescimento de cidades de pequeno e médio porte.
assim um inchaço populacional das cidades e pela
É importante salientar o processo de disparidades
falta de estrutura que atenda as necessidades da
regionais existentes em nosso país, o que acaba inter-
população da cidade em questão.
ferindo em um maior desenvolvimento das variadas
localidades, e como consequências destas desigualda-
O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de
des regionais temos a questão estrutural ( na maioria
transportes e de comunicações, com o objetivo de pro-
dos casos precária), a falta de mão de obra para aten-
mover uma integração do território brasileiro, além
der a demanda do mercado de trabalho, e os gargalos
de seu projeto ser nacionalista com forte intervenção
estruturais (a falta de infraestrutura) que impedem o
estatal e de criação de indústrias de base, fortalecendo
maior desenvolvimento destas regiões e que acabam
assim o mercado nacional, porém, com os investimen-
se acentuando ainda mais com o passar dos anos.
tos e infraestrutura concentrados no Sudeste, houve
     
no país.
A partir do governo do presidente JK, ocorre a
internacionalização da economia brasileira. Com
HORA DE PRATICAR!
a abertura para as multinacionais (em especial as
empresas automobilísticas), é colocado em prática 1. (CEBRASPE-CESPE – 2018) A respeito de aspectos
o Plano de Metas: crescer 50 anos em 5, baseado no gerais da população brasileira, julgue o item a seguir.
      O Brasil, apesar das tendências de estabilização e
capital estatal e capital privado internacional). O país diminuição de sua população, tem peso demográco
investiu nas indústrias de bens de consumo, passan- expressivo nos contextos latino-americano e mundial.
do a partir desse momento a ter um parque indus-
 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
porém com a permanência das desigualdades regio-
nais existentes desde outros momentos históricos. 2. (CEBRASPE-CESPE – 2013) Os recentes levantamen-
O presidente JK, visando diminuir as desigual- tos demográcos no Brasil e em diversos países do
dades regionais, criou organismos responsáveis por mundo indicaram tendência de reversão do esvazia-
GEOGRAFIA

alavancar o crescimento de cada uma das regiões do mento da zona rural e, em alguns países, verica-se
país, como por exemplo a SUDENE (Superintendência até discreto crescimento da população rural. No Brasil,
de Desenvolvimento do Nordeste). essa nova dinâmica, excluindo-se a fundamentação
Nos governos militares foram criadas superinten- de base agrária, deve-se à
dências para outras regiões também (SUDECO, SUDAM,
SUDESUL), com o intuito de promover uma desindus- a) conguração de novas atividades rurais relacionadas
trialização ou descentralização industrial para ame- à vida urbana, como turismo, lazer, mercado imobiliá-
nizar e diminuir as desigualdades entre as regiões. rio e serviços. 189
b) violência urbana, que tem provocado uma inversão e) presença de sindicatos fortes nos estados das regiões
do êxodo rural e, em consequência, na redução no Norte e Nordeste, o que expulsou o capital dessas
processo de urbanização brasileira nos cinco últimos regiões para estados e cidades tradicionalmente
anos. desindustrializados.
c) ligação da agricultura à indústria de alimentos, sem
descongurar os setores agrícolas tradicionais, como 6. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Com relação a impactos
as unidades familiares de subsistência. sociais e econômicos decorrentes da implantação de
d) atual expansão agrícola ou expansão das fronteiras grandes empreendimentos em diversos setores das
de recursos do Centro-Sul em direção ao Nordeste e atividades produtivas no Brasil, julgue o item.
Na atualidade, o know-how das empresas do setor
ao Norte do país, com dissolução de grande parte dos
energético brasileiro permite a construção de grandes
problemas agrários históricos.
empreendimentos hidroelétricos com baixo impacto
e) baixa possibilidade de aquisição de moradia nas cida-
no meio ambiente e nas comunidades envolvidas.
des brasileiras, especialmente nas pequenas é médias
cidades. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

3. (CEBRASPE-CESPE – 2017) A respeito da divisão 7. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Em 2023, o Tratado de


inter-regional do trabalho no Brasil, assinale a opção Itaipu terá de ser renovado e novas negociações entre
correta. Brasil e Paraguai vão ocorrer, com possíveis pontos
de discordância. Isso porque, além de outros interes-
a) A região Sul, apesar de eminentemente industrial, ses opostos, em 2013 o economista norte-americano
impulsiona a economia nacional por meio de seu setor Jefrey Sachs apontou que o Estado paraguaio deve-
terciário. rá rever o Tratado de Itaipu por conta de sua dívida
b) A região Sudeste coordena o mercado nacional e em relação à construção da usina, que é de US$ 13,5
exporta, unicamente, produtos do setor primário. bilhões e deverá ser quitada até 2023, último ano do
c) A região Centro-Oeste está voltada para a exportação tratado.
de produtos agrícolas, principalmente o cacau e o O consórcio entre Brasil e Paraguai para a construção
fumo. da usina de Itaipu foi motivado pela
d) A produção de alimentos do Nordeste, apesar da
semiaridez da região, é suciente para abastecer as a) demanda de energia da Argentina, que compra dos
demais regiões brasileiras. dois países a energia gerada pela usina.
e) Em sua maior parte, o PIB da região Norte advém da b) demanda de energia do Brasil, que consome a maior
parte da energia gerada pela usina.
exportação de matéria-prima, especialmente minérios.
c) demanda de energia do Paraguai, que comercializa
parte de sua cota para a Argentina.
4. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com referência à divisão d) situação política do Brasil, que investiu no desenvolvi-
inter-regional do trabalho e da produção no Brasil, jul- mento econômico do Paraguai.
gue o item a seguir. e) situação econômica do Brasil, que arcou com a maior
A Zona Franca de Manaus é uma concentração indus- parte dos custos da construção.
trial que, apesar de distar dos grandes centros urba-
nos e consumidores do centro-sul do país, se articula 8. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Em 2023, o Tratado de Itai-
a praticamente todo o território nacional, ilustrando o pu terá de ser renovado e novas negociações entre Brasil
processo de privatização do território por meio do uso e Paraguai vão ocorrer, com possíveis pontos de discor-
privado de recursos públicos. dância. Isso porque, além de outros interesses opostos,
em 2013 o economista norte-americano Jefrey Sachs
( ) CERTO  ( ) ERRADO apontou que o Estado paraguaio deverá rever o Tratado
de Itaipu por conta de sua dívida em relação à constru-
5. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Nas últimas décadas do ção da usina, que é de US$ 13,5 bilhões e deverá ser qui-
século XX e início do século XXI, o processo de des- tada até 2023, último ano do tratado.
concentração da indústria brasileira se acelerou em O consórcio entre Brasil e Paraguai para a construção
decorrência do(a) da usina de Itaipu foi motivado pela

a) política scal instituída sobretudo pelos estados do a) demanda de energia da Argentina, que compra dos
dois países a energia gerada pela usina.
Sudeste, com maiores condições de impor aumentos
b) demanda de energia do Brasil, que consome a maior
scais, estimulando a transferência da indústria nacio-
parte da energia gerada pela usina.
nal para as demais regiões.
c) demanda de energia do Paraguai, que comercializa
b) processo de privatização, que restringiu a industria-
parte de sua cota para a Argentina.
lização às atividades tradicionais de investimento,
d) situação política do Brasil, que investiu no desenvolvi-
por meio da redução da intervenção do Estado na mento econômico do Paraguai.
economia. e) situação econômica do Brasil, que arcou com a maior
c) elevado nível de escolaridade dos trabalhadores bra- parte dos custos da construção.
sileiros, o que tornou o território nacional atraente,
em sua totalidade, para investimentos nos setores 9. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Com relação às hidrelétri-
industriais. cas, assinale a opção correta.
d) política de desenvolvimento regional instituída pelo
Estado, exemplicada pela criação da Zona Franca de a) Apesar de ocuparem áreas pequenas, as hidrelétricas
190 Manaus. interferem no curso dos rios.
b) Nas hidrelétricas, a produção de energia pode ser con-
trolada, apesar dos custos muito elevados.
c) As hidrelétricas interferem diretamente no efeito
estufa.
d) Embora não emitam poluentes ou causem danos
ambientais, as hidrelétricas produzem pouca energia.
e) A construção de uma hidrelétrica é relativamente rápi-
da, mas a sua durabilidade é curta.

10. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Inovações técnicas e


organizacionais na agricultura concorrem para criar
um novo uso do tempo e um novo uso da terra. O
aproveitamento de momentos vagos no calendário
agrícola ou o encurtamento dos ciclos vegetais, a
velocidade da circulação de produtos e de informa-
ções, a disponibilidade de crédito e a preeminência
dada à exportação constituem, certamente, dados
que vão permitir reinventar a natureza, modicando-
-se solos, criando-se sementes e, até mesmo, bus-
cando-se, ainda que pontualmente, impor leis ao
clima. Eis o novo uso agrícola do território no período
técnico-cientíco-informacional.

Julgue o item seguinte, relativo ao assunto abordado


no fragmento de texto anterior e à dinâmica socioeco-
nômica do território brasileiro.

O movimento social no campo brasileiro, a partir da


Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Per-
nambuco, culminou nas chamadas ligas camponesas,
cujos principais objetivos eram a geração de recursos
para a assistência social e a obtenção de adubos para
o aumento da produção.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 CERTO
2 A
3 E

4 CERTO
5 D

6 ERRADO

7 B
8 B

9 B
10 CERTO

ANOTAÇÕES
GEOGRAFIA

191
ANOTAÇÕES

192
A denominação Capitalismo Informacional está dire-
tamente ligada à formação da Sociedade da Informação,
também chamada de Era da Informação. No âmbito
inter-
net, e o processo de dependência tecnológica, impulsio-
CONHECIMENTOS nada pelo uso de redes sociais, permitem-nos obter um
volume maior de informações de forma mais rápida e

GERAIS acelerada, quase de forma simultânea e instantânea.


O uso dessas tecnologias, conforme dito anterior-
-
so, podemos destacar o processo de mundialização da
      
entre as diferentes nações.
RELAÇÃO ENTRE A SOCIEDADE, 
ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE mundial ocorrem em momentos históricos distintos e
em diferentes localidades, provocando, assim, novas
A MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA E A REDEFINIÇÃO formas de relacionamento entre o meio urbano e o
NAS RELAÇÕES ENTRE CAMPO E CIDADE meio rural ou como podemos denominar novas urba-
nidades e novas ruralidades.
 A cidade representa a centralidade de uma orga-
em quase todo o mundo; seu início foi no século XV, a        
partir da crise do modelo feudal de produção e com o sociais, concentrando os serviços e produtos que serão
aumento de desenvolvimento das práticas comerciais. consumidos tanto pelas populações das cidades como
Está dividido nas seguintes fases: pelas populações do campo (que nem sempre consegue
z Capitalismo Comercial: Século XV ao XVIII produzir tudo que é necessário para o seu consumo).
Dessa forma ocorre um processo de hierarquia
socioespacial entre campo e cidade. A cidade do mun-
Destaque para o crescimento das práticas comer-
do moderno é responsável por movimentar a vida
     
dos homens como se fossem máquinas integrantes da
Expansão Marítima Comercial Europeia, marcada
engrenagem de funcionamento estrutural; a vida e as
pela conquista de territórios na América.
ações são determinadas pelo tempo, que se torna cada
vez mais rápido. Porém, o campo está cada vez mais
z Capitalismo Industrial: Século XVIII e XIX modernizado e mecanizado, e também se inseriu e
promoveu a adesão de técnicas e práticas determina-
Caracterizado por um conjunto de transformações das pelo ritmo produtivo do mundo globalizado.
tecnológicas e políticas impulsionadas pela Revolução O processo que determinou as mudanças ocorri-
Industrial ocorrida na Inglaterra em meados de 1750.        Revolução
Verde, um conjunto de alterações no processo produ-
z Capitalismo Financeiro: Século XX tivo do campo com a inserção de máquinas e insumos
agrícolas para dar uma nova dinâmica à produtivida-
     de. Dessa forma, os produtos do campo são transfor-
da 2ª Guerra Mundial, quando as grandes corporações mados nas cidades (nas fábricas), e retornam como
(bancos, empresas etc.), ganharam forças, e se expan- mercadoria, que é revendida aos consumidores. Os
diram por várias localidades do mundo. complexos industriais fazem suas imposições às cida-
des com sua lógica que está focada no processo pro-
z Capitalismo Informacional: Momento atual. dutivo, e os espaços urbanizados transformam-se em
lócus da produção, das relações políticas e culturais.
Para alguns teóricos, este estágio atual não é consi- Nessa nova forma de organização social, que dita
derado como uma fase do sistema capitalista, mas, sim, as relações entre campo e cidade, os produtos deixam
       de possuir seus valores originais e são determinados
- e valorizados pelo valor de troca que possuem. O
talismo Informacional entrou em discussão foi em mea- homem rural está cada vez mais subordinado à dinâ-
dos dos anos 90, com mais precisão, em 1996, quando o mica do meio industrial e de suas fábricas, porque
sociólogo espanhol Manuel Castells publicou o seu livro tudo que o homem rural ou do campo produz passa a
denominado A Sociedade em Rede, que tratava de uma ser transformado e ter seus valores acrescidos.
abordagem a respeito da revolução tecnológica que a campo e as
humanidade passou nos últimos anos. cidades são formas concretas, que materializam um
CONHECIMENTOS GERAIS

Neste momento do sistema capitalista (Informacio- padrão ou modo de vida, e os meios urbano e rural
nal), temos o processo de globalização com maior des- são considerados representações sociais  
taque, proporcionado pelo avanço e desenvolvimento do mundo globalizado e integrado torna o processo
das tecnologias de informação, na maior ocorrência -
- 
rias e bens. no meio rural – os dois meios estão cada vez mais inte-
De acordo com Castells, as transformações tecno- grados e interligados.
lógicas que o mundo vem passando estão provocando
mudanças nas práticas culturais dos seres humanos, O PAPEL DO ESTADO E DAS CLASSES SOCIAIS E A
assim como mudanças sociais, estabelecendo, assim, SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL (URBANIZAÇÃO)
uma nova estruturação social em nível mundial. Além BRASILEIRA
dessa fase estar marcada pelo avanço do processo de
globalização, podemos destacar também avanços na De acordo com a sociologia, podemos compreen-
área da informática, computadores, telefones digitais, der o conceito de classe social como uma fragmenta-
robótica e internet.  193
pelo sistema capitalista. Nos mais diversos grupos Outro problema enfrentado nos grandes centros
sociais, existem hierarquias que determinam diferen- urbanos brasileiros tem relação com a mobilidade: a
tes cargos dentro da chamada divisão social do traba- cultura consumista do uso de automóveis particula-
        res sobressaiu-se em relação às políticas públicas para
que proporciona essa divisão, chamado de estrati- transporte de passageiros.
cação social. A supervalorização de terrenos causada pela espe-
O Estado tem como principal papel exercer sua culação imobiliária, provocada pelo elevado número
autoridade, vinculada ao poder de dominação, deter- de pessoas nas áreas urbanas, causa maior ocupação
minando as normas coletivas da vida em sociedade. das periferias em detrimento das áreas mais centraliza-
Essa legitimação exercida pelo Estado garante que os das (que possuem maiores valores para os terrenos). As
cidadãos tenham uma estrutura à qual recorrer quan- populações de renda mais baixa são praticamente obri-
do for necessário. gadas a ocupar as áreas mais afastadas da região cen-
O poder público, subtende-se, é regulado e manti-      periferias
do através de uma totalidade de membros da socieda- e, em algumas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo,
de civil de um Estado e, para que a manutenção dos um intenso processo de favelização – ocupando espaços
direitos seja garantida, é necessária a adoção do prin- que são inadequados para a construção de moradias.
São também exemplos de problemas causados pela
cípio da isonomia – no qual todos os cidadãos perante
urbanização desenfreada: as questões ambientais; as
a Lei são submetidos às mesmas regras de convivên-
ocupações de forma irregular (encostas de morros,
cia, assim como às mesmas possibilidades de sanções       -
ou punições. O Estado atua como agente regulador, dade de escoamento     
 estão quase em sua totalidade impermeabilizados
ordem. e compactados – asfaltamento); a poluição (sonora,
A sociedade urbano-industrial no Brasil passou e visual, produção de lixo e descarte de forma inadequa-
vem passando por transformações desde meados do da); a falta de saneamento básico; enchentes, alaga-
- mentos, enxurradas e formação de ilhas de calor.
co brasileiro veio acompanhada de aspectos positivos Para que os problemas urbanos sejam ameniza-
e negativos. dos com o tempo, são necessários projetos e políticas
Os pontos positivos são as mudanças sociais con- públicas que busquem mudar o sistema de transpor-
sideráveis como, por exemplo, a queda da mortali- tes, a forma de usar e ocupar os solos (rurais ou urba-
dade infantil (o número de crianças mortas antes de nos), controlar o processo de especulação imobiliária
completar 1 ano de vida caiu de 150 mortes para cada e promover políticas de redução da desigualdade
mil nascidos vivos, em 1940, para 7,1, em 2019); ocor- social e inserção das populações mais pobres que este-
reu aumento da expectativa de vida (40,7 anos de jam à margem da sociedade. O caminho a ser trilhado
é longo e árduo.
vida, em média, em 1940, para 76,6 anos, em 2019);
De acordo com dados do IBGE, cerca de 84,4% da
houve também queda na taxa de fertilidade (6,16
população brasileira vive em áreas urbanas, e 15,6%
         vive em áreas rurais. O processo de urbanização do
em 2017), assim como também ocorreu aumento do país é recente. Até meados dos anos 60, a maioria da
nível de escolaridade entre os cidadãos brasileiros população vivia em áreas rurais. Os fatores que con-
(55,9%, em 1940, para 6,6%, em 2019). tribuíram para esse processo de urbanização de for-
Dentre os pontos positivos, podemos destacar ma acelerada são:
também a ampliação de serviços básicos para a
população, como saneamento básico e a coleta de lixo z Processo de industrialização do país;
domiciliar, embora entre esses indicadores alguns z Mecanização do campo – substituindo a mão de
deixem a desejar na atual conjuntura que vivemos. obra humana pelas máquinas;
O processo de urbanização no Brasil criou a z Elevada concentração fundiária que o país possui
dependência das pessoas em relação às cidades; os desde os tempos coloniais, agravada com o decor-
habitantes de zonas rurais foram praticamente obri- rer dos anos;
gados a migrar por conta do processo de mecanização z Migração das áreas rurais para as áreas urbanas;
do campo (que gerou um exército de desempregados z Crescimento populacional do país.
em áreas rurais). Ao migrar para os centros urbanos,
a força de trabalho que até então estava direcionada O processo de urbanização do país provocou um
para a produção de bens para seu sustento agora está aumento no número de cidades. Ocorreu o processo
voltada para atender a demanda de trabalho das ativi- acelerado de formação de metrópoles nacionais e,
consequentemente, a macrocefalia urbana (inchaço
dades industriais. O cidadão que até então consumia
das cidades).
produtos que eram fruto do seu trabalho, agora utiliza
Hoje, ocorre de forma gradual o processo de
o dinheiro para intermediar a compra do que é neces- desmetropolização.
sário para sua sobrevivência.
Um problema a ser destacado com o processo de A CULTURA DO CONSUMO
urbanização é a questão fundiária nos ambientes
urbanos: a população brasileira se distribui de manei-
A cultura do consumo pode ser compreendida
ra irregular pelo território nacional, causando um        -
inchaço populacional na região Sudeste e grandes ção, com características progressistas de um mundo
 modernizado, no qual seus cidadãos sejam livres e
Os problemas nos grandes centros urbanos multi- ajam de forma racional.
plicaram-se, tendo vista que o processo de urbaniza- O consumo está ligado à ação de adquirir bens de
ção no Brasil foi acelerado e desigual, causando uma acordo com nossas necessidades. Porém, apesar do
série de disparidades regionais que estão muito longe consumo fazer parte de nossa sociedade, o que ocor-
194 de serem sanadas.      potencialização das vendas
em larga escala. Com a expansão das economias -
industriais e o aumento do salário médio dos traba- são e concentração de gases poluentes na atmosfera,
lhadores, houve aumento também no acúmulo de principalmente dióxido de carbono, óxido nítrico e os
renda por parte deles, com consequente aumento no 
consumo de bens. efeito estufa da atmosfera terrestre.
Esse é o ciclo característico da sociedade capitalista. O aumento dos gases do efeito estufa está dire-
Porém, começou a ocorrer uma alienação em relação
tamente relacionado com a queima de derivados de
às práticas e formas de consumo. Os indivíduos come-
combustíveis fosseis e de madeira. Como aspecto que
çaram a consumir e adquirir produtos sem necessi-
dade, sem realmente precisar deles, a compra passou contribui para o agravamento desse problema está o
a ser realizada pelo desejo, não pela necessidade. A 
compra de forma compulsiva causa o consumismo; exerce papel extremamente importante, juntamen-
o cidadão passa a ter nesse ato uma forma de sentir te aos oceanos, como agente dissipador e de absor-
felicidade e prazer, mesmo que de forma momentânea. ção dos gases poluentes depositados em excesso na
De acordo com estudos realizados pela Confede- atmosfera.
ração Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo No século XX, houve o maior aumento das tempe-
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em cada dez raturas médias do planeta desde a última glaciação:
brasileiros, cerca de três tem no consumo exagerado e em torno de 0,7° C nos últimos 100 anos.
descontrolado em uma de suas atividades preferidas. O órgão responsável pelos estudos relacionados as
Nessa pesquisa, cerca de 40,2% dos entrevistados que mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental
pertenciam às classes A e B compravam sem necessi- sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Após a realização
dade, como forma de aliviar as tensões e os estresses de vários estudos, ele prevê que as temperaturas nas
do dia a dia. Em outra pesquisa, indivíduos perten-
próximas décadas sejam ainda mais elevadas.
centes às classes C e D também disseram comprar
De acordo com estudos realizados pelo órgão, as
por impulso, porém, agiam motivados pelas famosas
promoções. chances de um aumento nas temperaturas médias
Nos padrões de comportamento criados por nossa durante o século XXI girarem em torno de 2° C a 4,9°
 C estão em torno de 90%. Essas alterações já seriam
comprar. Assim, muitos cidadãos confundem poder      
de compra com qualidade de vida, o que são concei- gravidade elevada e praticamente impossíveis de
tos bem distintos. serem revertidos; assim, o aquecimento global é um
Para que o indivíduo tenha qualidade de vida, não dos mais urgentes assuntos da pauta ambiental.
é obrigatório possuir elevado padrão de compra. Dessa O aumento na concentração de gases estufa é res-
forma, os indivíduos das outras classes sociais, como ponsável pela mudança nas trocas de calor; dessa
forma de se adequarem a padrões e normas impostas -
pela sociedade de consumo, passaram a sonhar com o do o aumento da temperatura e, consequentemente,
consumo como forma de satisfazer seus desejos. o aquecimento global. É importante ressaltar que a
Porém, nem todos conseguem ter acesso a itens emissão de gases vem ocorrendo desde o século XVIII,
mais caros e, em alguns casos, os cidadãos passam a com o advento da 1ª Revolução Industrial.
adquirir bens e realizar despesas superiores aos seus
rendimentos como forma de satisfazer seus desejos, São elementos causadores do aquecimento global,
o que causa endividamento de partes da população, além da concentração de poluentes emitidos presen-
assim como o agravamento das desigualdades sociais tes na atmosfera, as queimadas, atividades industriais
existentes em nosso país. e o desmatamento.
Para amenizar os efeitos da sociedade do consu- Como consequências, podemos destacar uma série
mo, é necessário promover políticas públicas de igual- de alterações:
dade social, inserção social de indivíduos de classes
menos favorecidas, políticas de gerenciamento de z 
        z Extinção de espécies;
sustentável. z 
A educação nanceira é um dos caminhos para z Secas mais constantes;
amenizar essa questão. Porém, para que tenhamos z Redução na produção de alimentos, pois as áreas
em nossa sociedade indivíduos que consumam de produtoras serão afetadas;
maneira mais consciente, tomando decisões corre-
z Maior ocorrência de desastres naturais como
tas durante as compras, é necessário um processo de
enchentes, inundações, tempestades, furacões;
médio e longo prazo; como vivemos em uma socieda-
de cada vez mais imediatista, é bem provável que a z Derretimento de áreas polares, causando aumento
CONHECIMENTOS GERAIS

cultura do consumo em massa permaneça nela por do nível das águas oceânicas e provocando o ala-
um longo período. -
mersas; por conta dessa questão, podem ocorrer
O BRASIL DIANTE DAS QUESTÕES AMBIENTAIS grandes deslocamentos humanos.
(AQUECIMENTO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL) O desenvolvimento sustentável pode ser com-
preendido como uma forma de preservar os recursos
A problemática ambiental cada vez mais vem naturais presentes no meio ambiente, utilizando os
fazendo parte das discussões entre governantes, che- bens e recursos de maneira a não causar o comprome-
fes de Estado, organizações não governamentais etc. timento da disponibilidade para as gerações futuras.
Na pauta dessas discussões, podemos destacar o aque- A utilização de matérias-primas extraídas da
cimento global e o desenvolvimento sustentável. natureza é feita sem comprometer o futuro dos seres
O termo aquecimento global está relacionado 
ao processo que provoca o aumento da temperatura e responsabilidade ambiental. 195
As práticas de extração de recursos que não são beneciados por políticas nanceiras internacio-
renováveis agravam essa situação – quanto mais pre- nais que visam implantar políticas de desenvol-
datória for a extração, maior será o comprometimen- vimento econômico sustentável, de acordo com o
to da extração de recursos em um futuro não muito relatório do Programa das Nações Unidas para o
distante. Assim, é extremamente importante que Meio Ambiente (PNUMA).
ocorra a busca da redução ou eliminação dos impac-
tos provocados pela exploração de forma predatória.
O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu
na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972,
GLOBALIZAÇÃO
mas ganhou força em 1987, com a elaboração do Rela-
tório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido
como Relatório Brundtland. BLOCOS ECONÔMICOS
Na Conferência Eco-92, o conceito de “satisfazer
as necessidades presentes sem comprometer a capa- -
cidade das gerações futuras de suprir suas próprias solidaram-se como organismos supranacionais que
necessidades”, além de ser a principal pauta de dis- -
cussão, tornou-se um dos pilares para a elaboração micas e comerciais na Nova Ordem Mundial.
do documento conhecido como Agenda 21, que bus- Porém, o processo de surgimento de vários blocos
cava diminuir cada vez mais os impactos provocados 
 Guerra Mundial; nos anos 1990, os blocos multiplica-
aumento do consumismo pelo mundo.
ram-se pelo mundo.
Dentre as medidas de sustentabilidade propostas,
Podemos conceituar bloco econômico como uma
pode-se destacar:
forma de união entre países de uma mesma região
z Redução ou eliminação do desmatamento; ou não, visando fomentar o crescimento de suas eco-
z       
devastadas; formar um mercado regional comum, estabelecendo
z Preservação das áreas de proteção ambiental, facilidades tarifárias entre seus membros.
como reservas e unidades de conservação de       -
matas ciliares; suir várias estruturas organizacionais. Um exemplo é
z        a União Aduaneira, na qual ocorre a redução parcial
para questões de degradação ambiental;
ou total dos impostos nas relações comerciais entre
z Adotar a política dos 3 R’s (Reduzir, Reciclar, Reu-
tilizar) ou a política dos 5 R’s (Repensar, Recusar, os membros do bloco. Também existem as zonas de
Reduzir, Reutilizar, Reciclar); livre comércio, quando ocorre entre os países mem-
z Contenção na produção de lixo e nas formas de bros o comércio com a eliminação total de tarifas
descarte; entre os seus membros.
z Redução na incidência de queimadas;       
z Diminuição de gases poluentes na atmosfera lan- é o Mercado Comum, no qual os países membros
çados por indústrias e veículos automotivos; usufruem de políticas igualitárias acerca da livre cir-
z Utilização de fontes de energias limpas e renováveis; culação de pessoas, capitais e mercadorias, e tarifas
z Promover políticas de conscientização e educação externas diferenciadas para membros do bloco.
ambiental. A Zona de Preferência Tarifária é uma modali-
O Brasil ocupa papel de destaque no cenário inter-         -
nacional, pois nosso território, devido à sua dimensão 
       
para a problemática ambiental no contexto inter- a União Econômica e Monetária ou União Política e
nacional. Porém, os órgãos reguladores encontram Monetária, na qual os países membros adotam uma
       moeda única, ocorrendo também a implantação de
ambientais brasileiras. um organismo supranacional para as questões políti-
Muitas atividades ligadas a setores como, por cas de forma permanente.
exemplo, o agroindustrial, provocam dualidade de -
       micos do mundo:
tornando inevitáveis.
Por exemplo: como desenvolver o país e promover
crescimento na economia sem que ocorram agressões Mercosul
ao meio ambiente provocadas durante a execução
dessas atividades (um dos princípios da sustentabi- O Mercado Comum do Sul é considerado o princi-
lidade)? Em alguns casos, os setores que estão liga-        
dos a essas atividades têm nos governos, em todas as em 1991 através da assinatura do Tratado de Assun-
 ção, e tem como seus principais membros (signatários
para promover o desenvolvimento e o avanço da eco- – fundadores) Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
nomia, a degradação é inevitável. Posteriormente, ocorreu a entrada da Venezuela;
 outros países estão na condição de membros associa-
civil é promover e implantar as políticas de sustenta- dos,
bilidade, pois elas apresentaram crescimento conside-
e Suriname. Os membros associados são países que
rável nas últimas décadas.
tem vantagens comerciais, mas não as mesmas vanta-
O Brasil passou a ser presença constante nos foros gens que os membros signatários, estabelecidas com a
de discussões sobre questões ambientais em nível assinatura de acordos para estimular suas economias
196 internacional. Está, também, entre os maiores e trocas comerciais.
Existem também os membros observadores (paí- CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO
ses que podem acompanhar as reuniões do bloco, o
andamento das negociações, mas não têm direito de O processo de globalização tem como uma de suas
voto): México e Nova Zelândia. Em 1994, o bloco pas- principais características o processo de integração em
sou por uma reestruturação e deixou de ser um mer- vários setores ou campos da sociedade, como cultura,
cado comum, passando a ser uma União Aduaneira, 
com o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum Esse conjunto de mudanças em diversos setores da
(TEC) que determina os valores das tarifas cobradas sociedade veio acompanhado de consequências nega-
nas importações e exportações dos países intrabloco tivas e positivas:
e extrabloco.
Em 2018, as negociações entre os países fundado- z Aspectos positivos:
res totalizaram US$ 44 bi, valor equivalente a quase
dez vezes as trocas comerciais realizadas em 1991,  Evolução dos meios tecnológicos;
  Maior difusão da ciência e do conhecimento;
 
União Europeia  Expansão das multinacionais;
 Maior circulação de pessoas e capitais;
  Desenvolvimento nos setores de transportes e
Tratado de Maastricht, e é formada por vinte e sete telecomunicações;
países europeus. É o maior bloco do mundo em núme-  Maior desenvolvimento tecnológico;
ro de membros, volume de vendas e PIB.  Mercados mais competitivos;
Seu processo de formação teve início ainda nos  Encontro entre diferentes culturas.
anos 1940, logo após o término da Segunda Guerra
Mundial, quando se formou o Benelux, formado ape- z Aspectos negativos:
nas por Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Assim, o
bloco passou por várias etapas de integração e assina-  Aumento da desigualdade entre ricos e pobres;
turas de acordos até chegar no estágio atual.  Enfraquecimento de culturas locais em detri-
A União Europeia passou por uma grave crise no mento de uma cultura global;
ano de 2010, provocada por um descontrole nas con-  
tas públicas de alguns de seus membros, com desta-  Aumento do desemprego por conta dos avan-
que para a situação caótica dos gregos. ços tecnológicos;
Recentemente, passou pela turbulenta saída de  Exploração da mão de obra e da matéria-prima
um de seus principais membros, a Grã-Bretanha. O em países mais pobres;
Brexit (nome dado ao processo de saída da Grã-Bre-  Redução dos investimentos em países com
 menores níveis de desenvolvimento;
-  Criação de monopólios em países pequenos por
da resolvidos. conta da entrada de multinacionais.

USMCA ETAPAS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA

Esse novo acordo entre os três países da América 


do Norte foi criado em 2018 em substituição ao Acor- -
do de Livre Comércio da América do Norte (na sigla 
- A seguir, listaremos as etapas do menor para o maior
dos (principal economia do bloco) demorou a ser acei- 
ta pelos outros membros (Canadá e México).
Esse bloco caracteriza-se como área de livre Zona de Preferência Tarifária
comércio, com destaque para a produção automobi-
- Nessa modalidade de bloco, as tarifas alfandegá-
mário, como o mercado lácteo do Canadá.        -
       
Outros blocos vantajosas para as economias regionais.
Assim, os países que pertencem ao bloco terão
Com menor expressividade, pode-se destacar,a vantagens na importação e exportação de produtos
Ásia, a Associação de Nações do Sudeste Asiático intrabloco.
(ASEAN). Há, ainda, a Aliança do Transpacíco, tam- -
CONHECIMENTOS GERAIS

bém asiática, mas com a presença de países de outros ferência Tarifária é a Associação Latino Americana
continentes, que acabou reformulada e transforma- de Integração (ALADI), que possui treze países mem-
da em Parceria Econômica Regional Abrangente bros, incluindo o Brasil.
(na sigla em inglês, RCEP), tornando-se o maior bloco
comercial do mundo, tendo vista que a China está nele. Mercado Comum
Na África, temos a Comunidade para o Desenvolvi-
mento da África Austral (SADC); na América do Sul temos Nessa etapa, a liberdade de circulação não se res-
a Comunidade Andina, formada por países andinos. tringe apenas a produtos, mas se estende a outros
É importante também destacar a formação da agentes do mercado, como serviços, capital e pes-
associação comercial dos países emergentes da eco- soas. O estabelecimento de um Mercado Comum visa
nomia mundial, no início deste século, denominada diminuir (sucessivamente, por meio de políticas), as
BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que        -
estabeleceram importantes parcerias comerciais por -membros, possibilitando o fortalecimento regional e
vários anos. Porém, nos últimos anos, as relações têm integral entre eles.
se enfraquecido. Um exemplo de Mercado Comum é a União Europeia. 197
União Aduaneira Com essa forma de conduzir sua economia, o Bra-
-
 berais que se tornaram políticas de Estado.
de importação e exportação para qualquer país do No início dos anos 2000, o país passou por um perío-
         -
vende produtos para os países de uma União Adua- tica de exportações de bens primários (commodities).
- O incentivo ao consumo do mercado interno criou
ciais) um mesmo país. condições que facilitaram o crédito; essas políticas
       -     
neira é o Mercosul. do PIB em torno de 6% ao ano.
Assim, o Brasil entrou no seleto grupo das maio-
Área de Livre Comércio 
como um emergente e promissor membro da econo-
As Áreas De Livre Comércio avançam nas medi- mia mundial. O país começou a integrar o grupo BRIC,
das de protecionismo comercial dos países-membros, composto por países com economias emergentes do
criando isenções tarifárias para produtos estratégi- mundo no período: Brasil, Rússia, Índia e China. Em
cos. Assim, esses bens passam a ser comercializados 2011, o grupo passou a contar também com a África
como produtos nacionais, não como bens importados. do Sul, mudando seu nome para BRICS.
Nesse tipo de acordo, os produtos são isentos de 
taxas para circulação dentro do bloco, mas os paí- ocorreu na década seguinte, o Brasil passou por um
ses-membros ainda têm autonomia para criar taxas 
externas diferenciadas para países que estão fora do quedas constantes.
bloco, viabilizando a integração regional entre eles, Os anos mais críticos, de maior recessão, foram
 entre 2014 e 2017, o que pode ser observado na tabela
        a seguir:
De Livre Comércio é o United States-Mexico-Canada
Agreement - RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO
 SEGUNDO O IBGE

União Política, Econômica e Monetária ANO PIB

Conserva as características dos demais blocos eco- 2010 7,5%


-
rísticas incluem a adoção de uma moeda comum para 2011 4,0%
todos os países-membros e a organização supranacio-
nal permanente, com representantes de todos os paí- 2012 1,9%
ses membros.
Assim, além da livre circulação de produtos, do 2013 3%
estabelecimento de um mercado comum e da livre
        2014 0,5%
-
micas comuns para todo o bloco. 2015 -3,5%
-
tária é a União Europeia- 2016 -3,3%
mico de maior integração do mundo.
2017 1,1%
BRASIL NA GLOBALIZAÇÃO
2018 2,2%
Na década de 1990, o governo Collor promoveu o
- 2019 3,5%
ção gerou o aumento das importações. As empresas
estatais foram privatizadas e houve redução da parti- Fonte: IBGE.
cipação do Estado na tomada de decisões; foram reali-
zadas reduções de subsídios e mudanças na estrutura A balança comercial (saldo entre importações e
industrial do país. exportações) brasileira vem, desde 2017, operando de
Esse cenário, que estimulava a competitividade, forma positiva e apresentando superávits (as exporta-
não proporcionou a pequenas e médias empresas o ções estão ocorrendo em maior volume que as impor-
        - tações – em resumo, o país está vendendo mais do que
quar a essas mudanças; como consequência dessa está comprando).
situação, muitas empresas foram fechadas. A eleição do presidente Jair Bolsonaro trouxe
      mudanças nas políticas externas. O Brasil voltou a ter
dos anos 1990, permanece até os dias atuais: os peque- maior aproximação com os Estados Unidos, governa-
nos e médios empresários não conseguem realizar do pelo agora ex-presidente Donald Trump.
grandes investimentos em tecnologia, já que o crédito       
concedido para que os investimentos ocorram depen- com reduzida participação do Estado, defendida pelo
de ainda da autorização burocrática e do resguardo Ministro da Economia Paulo Guedes. Estava na pau-
198 do Estado; assim, o processo acaba emperrando.        
setores, porém, por enquanto, essa desburocratização Trabalhismo e populismo
e menor participação do Estado Brasileiro nas questões
 Durante o processo de deposição de Vargas do
No cenário internacional, o Brasil possui como poder, em 1945, cresceu entre as camadas populares
um movimento conhecido como “queremista”. Ele
seus três maiores parceiros comerciais a China, os
pretendia preservar as conquistas trabalhistas obtidas
Estados Unidos e a Argentina. A Guerra Comercial que
sob o Estado Novo por meio da manutenção de Vargas,
aconteceu entre Estados Unidos e China proporcionou
desde que ele se comprometesse a conduzir a reaber-
pontos positivos para o Brasil em determinados seto-
tura democrática e a promulgação de uma nova cons-
res, gerando um maior rendimento nas exportações tituição. Essa intenção não se converteu em realidade.
brasileiras para a China, com destaque para o agrone- No entanto, a resolução das questões trabalhistas por
gócio (em especial, a soja). meio da política, com forte apelo às reformas sociais,
Porém, em 2020, ano atípico por conta da pande- ganhou corpo com a fundação do Partido Trabalhista
mia do novo coronavírus, as projeções para a econo- Brasileiro (PTB) que, até a sua extinção, em 1965, tinha
mia do Brasil e de várias nações do mundo não são em seu programa um forte apelo às classes trabalhadoras
muito animadoras. De acordo com as projeções do e à defesa de reformas sociais, como a reforma agrária.
 Esse forte apelo popular de líderes de massa caris-
sofrer uma retração no seu PIB em torno de 5,8%. máticos ganhou o nome de populismo, prática políti-
ca na qual um governo se baseia na propaganda, na
adesão maciça da população ao poder de um líder e
a certas pautas reformistas. O conceito de populis-
mo acabou sendo usado menos de forma acadêmica
HISTÓRIA DO BRASIL         
como Getúlio Vargas.
ASPECTOS RELEVANTES DA HISTÓRIA DO BRASIL,
DE 1930 AOS DIAS ATUAIS, E SEUS REFLEXOS O BRASIL DE DUTRA E VARGAS
NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, ECONOMIA E
SOCIEDADE BRASILEIRA O governo Dutra

O BRASIL NA ERA VARGAS Os eleitos, presidente e congressistas, tomaram pos-


se em janeiro de 1946, e logo deram início aos traba-
A Industrialização no Brasil lhos da Assembleia Constituinte que, oito meses depois,
entregou uma nova constituição para o país, que man-
A crise na base agrário-exportadora levou à pro- tinha as conquistas sociais estabelecidas anteriormen-
cura de saídas industrialistas para o país. Durante a te, mas marcava o estabelecimento da democracia e
década de 1930, os empreendimentos industriais qua- dos direitos políticos como elementos imprescindíveis.
se duplicaram de tamanho pelo país, ao passo em que Dutra assumiu no contexto da Guerra Fria e, des-
projetos para instalação das indústrias de base eram de o início, deixou claro de que lado estava: adotou
postos em prática. uma política externa de alinhamento automático aos
Estados Unidos, rompeu relações diplomáticas com a
União Soviética e estabeleceu os comunistas enquanto
Dica
inimigos internos. Desde 1945, Vargas havia anistia-
Indústrias de base são aquelas responsáveis do os comunistas, e nas eleições desse ano, o Partido
pela transformação de matérias-primas em pro- Comunista ocupou 9% dos assentos do Congresso, mas
dutos para outras indústrias, metalúrgicas, side- a legalidade duraria pouco.
rúrgicas e petrolíferas. Não precisou de muito, já que as greves do início

com forte repressão aos trabalhadores, sobretudo aos
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em
comunistas, intervindo em mais de 140 sindicatos,
       
declarando ilegal a Confederação dos Trabalhadores
     - do Brasil, e regulamentando o direito à greve. Em
mento de seus fronts de batalha. 1947, o Partido Comunista teve seu registro cassado
 pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em 1948, o Con-
a adotar a substituição de importações para que o país gresso cassou todos os mandatos eleitos pela legenda.
CONHECIMENTOS GERAIS

      Na economia, Dutra promoveu uma liberalização
dessa época foi a fundação da Companhia Siderúr- aguda das importações, subsidiando-as com o câmbio
gica Nacional (CSN) em 1941, em Volta Redonda, que -
passou a operar de forma efetiva em 1946, fornecendo vas internacionais alcançadas durante a Segunda
minério de ferro e aço. Guerra, e não deu prosseguimento ao plano de indus-
Deposto em 1945, Vargas voltaria ao poder através trialização iniciado no governo anterior.
do voto em 1951. Em 1953, foi fundada a Petrobrás, Em 1948, apresentou o Plano Salte (Saúde, Alimen-
uma das maiores petrolíferas do mundo. De sua fun- tação, Transporte e Energia), mas boa parte do plano
dação até 1998, a Petrobrás teve o monopólio sobre a não saiu do papel. Desde 1946, Vargas já havia rompi-
exploração de petróleo em território brasileiro. do com Dutra. Era preciso desassociar-se da imagem
Após o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto desse governo e planejar seu retorno.
- Em 1949, iniciada a corrida eleitoral, Vargas des-
de turbulência, até que, em 31 de janeiro de 1956, o pre- pontou com um programa nacionalista e industria-
lizante e percorreu todos os estados, costurando
sidente eleito Juscelino Kubitschek assumiu o governo. 199
alianças. Tocava em aspectos sensíveis, como aumen- atentado deixou o principal opositor, Carlos Lacerda,
- levemente ferido, e levou à morte o major Rubens Vaz.
nia produtiva, dentre outros, conseguindo sensibilizar A campanha de desmoralização do governo mobili-
empresários interessados na industrialização e operá-      
rios saudosos do trabalhismo. verdades e muitas outras calúnias, isolando cada vez
O candidato da União Democrática Nacional (UDN), mais o presidente no Palácio do Catete.
mais uma vez, foi Eduardo Gomes, e foi novamente A Aeronáutica assumiu as investigações e logo
derrotado por suas próprias palavras: em comício, chegou-se à conclusão de que se tratava de crime de
anunciou ser a favor da extinção do salário-mínimo e mando, e o pior: o mandante foi o chefe da Guarda
em benefício da liberdade contratual. O resultado das -
eleições foi surpreendente, sendo 48,7% para Getúlio se inocente, as pressões foram corroendo a autoridade
Vargas ante 29,7% para o brigadeiro Eduardo Gomes. do presidente, culminando na invasão do Catete pelos
Vargas voltava “aos braços do povo”. 
Getúlio Vargas passou os últimos dias isolado no
Segundo Governo Vargas Catete, com a opinião pública contrária à sua perma-
nência no poder. Na madrugada do dia 24 de agosto,
Vargas retornou ao Catete pelo voto popular, mas quando reuniu seu ministério, apenas um ministro,
        Tancredo Neves, era partidário de uma resistência.
regime democrático. Além disso, teria que pagar a Contudo, Vargas sabia que sem os militares e os traba-
conta das diversas reivindicações que havia pactuado lhadores mobilizados seria inviável e, se negociasse,
durante a campanha eleitoral. seria desmoralizado. Assim, nas primeiras horas da
         manhã, o presidente cometeu suicídio.
o projeto para criação da Petrobras, mantendo-se de A reação foi tremenda, nunca vista nem repetida
acordo com suas propostas de estabelecer um desen- em toda história do Brasil. Uma população colérica,
 amargurada, saiu às ruas depredando qualquer sím-
de petróleo atrapalhava seus planos industrializantes. bolo de oposição a Getúlio Vargas, como as redações
A “Campanha do Petróleo” mobilizou e agrupou seto- de O Globo e da Tribuna da Imprensa e a sede da Stan-
res contraditórios, sendo um dos poucos episódios de dard Oil. Iniciava-se uma caçada a Carlos Lacerda, que
maior consenso na história política brasileira. Outra primeiro se refugiou na embaixada norte-americana
proposta do governo estava associada ao investimen- e logo foi transferido de helicóptero, quando a popu-
to em energia elétrica; contudo, apenas em 1962 a Ele- lação ameaçou invadir o prédio. Em frente ao quar-
 tel-general da 3ª Zona Aérea, a população também
No seu governo, também aconteceu a expansão da ameaçou invadir, mas foi duramente reprimida pelos
indústria de base, sobretudo siderúrgica, assim como 
a fabricação de automóveis, principalmente tratores
 O BRASIL DE JUSCELINO KUBISTCHEK
seguinte, que conseguiu implementar a indústria de
automóveis. -
Evidentemente, a nacionalização de áreas conside- náutica planejaram instalar um foco de sedição na parte
radas estratégicas, como energia e petróleo, e a pro- central do Brasil e iniciar uma guerra civil, dado o ódio
 que mantinham a respeito do resultado das eleições do
o primeiro embate sério de propostas entre o ideário ano anterior, uma vitória “getulista” que havia alçado
nacional-desenvolvimentista do governo e aqueles Juscelino Kubistchek à presidência da república.
que acreditavam em um desenvolvimento associado Rapidamente foram desmobilizados. O oportunis-
com o capital internacional. mo de Carlos Lacerda já havia se manifestado pouco
Havia, ainda, a pressão exercida pelos latifundiá- tempo antes, quando pretendeu impugnar a eleição
rios intocáveis e de industriais que consideravam a -
legislação trabalhista onerosa demais, e a crise que se do a maioria absoluta dos votos, mesmo que a Consti-
abateu sob os partidos governistas. A oposição, sobre- tuição não mencionasse esse aspecto. Certo foi que a
tudo a UDN, soube utilizar essas contradições. repercussão foi imensa, adentrando os quartéis e fer-
Para piorar, a partir de 1952, o apoio ao programa vendo o caldo golpista, recebendo simpatia, inclusive,
de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dimi- do presidente em exercício, Café Filho.
nuiu e o Banco Mundial iniciou a cobrança da dívida       
pelos empréstimos vencidos. Os sintomas foram ele- quem assumiu foi o vice-presidente da Câmara dos
- deputados, Carlos Luz, um aberto simpatizante do
to de vida e diminuição dos salários. golpismo em curso. Para que o golpe se efetivasse, era
As greves da primeira metade de 1953 deram necessário, contudo, tirar do caminho o único militar
um empurrão maior, sendo afrouxadas apenas com legalista do governo, Henrique Teixeira Lott, que
a nomeação de João Goulart, hábil articulador com ocupava o cargo de Ministro da Guerra.
os sindicatos, para o Ministério do Trabalho. Um ano Em novembro de 1955, Luz convocou o Ministro da
depois, a proposta de duplicar o valor do salário míni- Guerra com intenções de contrariá-lo ao ponto de for-
mo elevou ainda mais a temperatura, agitando os çar sua renúncia e, na madrugada do dia 11, prevendo a
quartéis em disposições golpistas, tornadas públicas movimentação golpista, convocou o presidente do Sena-
no “Manifesto dos Coronéis”, de autoria de Golbery do e o líder da maioria na Câmara para anunciar seu
do Couto e Silva. A crise levou à demissão de Goulart, contragolpe, e assim colocou suas tropas leais na rua.
assim como do Ministro da Guerra de Vargas. Em sessão extraordinária, os deputados depuse-
Em 5 de agosto de 1954, iniciava-se a contagem ram Carlos Luz que, por sua vez, foi sucedido pelo
200  presidente do Senado, Nereu Ramos. Contudo, a
 CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
       
recuperado e estava disposto a reassumir o governo. A primeira Constituição brasileira foi a de 1824
e, para os padrões da época, foi considerada bastan-
Quando Juscelino assumiu, nomeou Lott como seu
te “liberal”. A carta estabelecia que todos os homens
Ministro da Guerra, anistiou os revoltosos e procurou
acima de 25 anos, com renda mínima anual de 100
cooptar os militares com seus projetos de governo, mil-réis, podiam votar, mas esse critério de renda não
como a modernização do exército, a efetivação de era grande barreira, pois a maioria dos trabalhadores
uma indústria bélica, a compra de um moderno avião ganhava mais que essa quantia.
Viscount para a Aeronáutica e de um porta-aviões da Analfabetos também possuíam direito a voto, e
marinha britânica, rebatizado de Minas Gerais, sem os libertos podiam votar nas eleições primárias. Essa
falar na distribuição de cargos para militares. A estra-     
tégia funcionou em curto prazo, mas a ausência de não mexeu na questão da escravidão nem na estru-
punição aos insubmissos cobraria logo um caro preço. tura da terra, sendo alguns aspectos alterados em
A marca do seu governo estava sintetizada, contu- 
do, no seu Plano de Metas, que tinha como intenção centralização dos poderes na mão do Imperador.
A Constituição republicana de 1891  
viabilizar um crescimento de “cinquenta anos em
bases do novo regime nos termos do presidencialismo,
cinco”. E, de fato, Juscelino efetivou logo uma agenda
do federalismo e do sistema bicameral. Na questão do
de crescimento acelerado, sobretudo na área indus- voto, foram mantidas as reformas restritivas imple-
trial de bens de consumo duráveis. -
Seu governo deu prioridade ao setor de transporte tos. Esse é um aspecto fundamental, pois a maioria
rodoviário, mas a estendeu para o setor automobilís- esmagadora da população era analfabeta e, portanto,
tico como um todo; além disso, deu ênfase à indústria -
pesada, de alimentos, e alocou recursos para a área de ziu o registro civil de nascimentos, casamentos e mor-
energia. Entre 1956 e 1960, expandiu de forma inédita te, assim como separou o Estado da Igreja.
a malha rodoviária, aumentando a possibilidade de A Constituição seguinte foi promulgada em 1934.
circulação de mercadorias e de comunicação. Nesse novo texto, o Executivo deveria ser submetido

Esse período também foi rico em inovações, com
governar baseada em decretos, garantia a indepen-
aumento expressivo da participação política, de alte- dência do Tribunal de Contas, limitava o mandato
rações nos comportamentos culturais e de maneiras presidencial em quatro anos e impedia a reeleição.
de se repensar o lugar do Brasil no mundo. A estrutura do Estado pouco se alterou, mas hou-
Intelectuais trabalhavam juntamente ao governo ve a manutenção da estrutura da terra, a exclusão
em órgãos como o Instituto Superior de Estudos dos analfabetos do processo eleitoral, e o trabalha-
Brasileiros       dor rural não foi incorporado à agenda de proteção
como a ideia de subdesenvolvimento, advindas da social. Essa Constituição durou apenas três anos, uma
Comissão Econômica para a América Latina e o vez que o golpe de 1937 interrompeu completamen-
Caribe- te qualquer garantia constitucional, embora também
dade, cuja valoração estava no cotidiano das pessoas, possuísse seu próprio texto.
        1946
Teatro de
preservaria as conquistas sociais obtidas no período
Arena, Opinião e Ocina. anterior e realocaria a democracia enquanto aspec-
O cinema também partilhou dessa busca da brasi- to fundamental da vida pública. Estabelecia eleições
lidade, com as chanchadas e a incorporação nata da diretas para o executivo e para o legislativo em todos
- os âmbitos da federação, a liberdade de imprensa e
to do Cinema Novo. Diametralmente oposta a essa opinião, e incorporava os eleitores alfabetizados aci-
brasilidade estava a Bossa Nova, uma outra maneira ma de 18 anos. O texto constitucional também regulou
de exportar a modernidade em ascensão do país, mas o fortalecimento dos partidos políticos, assim como a
também produto dessa época. independência dos sindicatos.
Diferentemente de Vargas, que propunha um pro- 
jeto nacionalista de industrialização, Juscelino apos- do direito de greve, na não incorporação dos trabalhado-
res rurais à legislação social, assim como não regulava a
      
intromissão cada vez mais acentuada dos militares na
externo. O projeto ousado no Plano de Metas só podia vida pública. Essa Constituição vigorou por quase vinte
ser implementado por meio do escancaramento do 
- participação política, cessada com o golpe civil-militar
CONHECIMENTOS GERAIS

- de 1964 e formalmente substituída em 1967.


te a dependência do país. A Constituição da Ditadura Militar tinha o pro-
Em pouco tempo, empresas estrangeiras domina- pósito de institucionalizar o novo regime, e seu
- texto basicamente era a reunião dos diversos Atos
ro, a dívida externa aumentou por conta dos gastos e Institucionais estabelecidos até 1967. De modo geral,
-       
cal foi a construção de Brasília, planejada ainda em suspender direitos políticos, cassar mandatos legisla-
tivos, interferir nos estados da federação, determinar
1956 e forçada para ser entregue ainda no governo de
eleições indiretas para governadores e prefeitos e ins-
Juscelino, servindo bem aos propósitos do presiden- tituir o bipartidarismo.
te: barganhar com poderosos interessados em lucrar Em outubro de 1969, estando o Congresso fecha-
com o projeto e desviar a atenção da população dos do desde a implementação do Ato Institucional nº
problemas imediatos, como a questão da concentra- 5        -
 cional reformando o texto de 1967; dentre as altera-
exemplo da modernidade cantada por Juscelino. ções, constavam a implementação da pena de morte, 201
o banimento, a ampliação do estado de sítio de 60 para No dia 25 de agosto, Jânio Quadros, tentando burlar
180 dias ou tempo indeterminado, assim como a deter- todos esses entraves, entregou uma carta de renúncia
minação de novas limitações ao exercício dos direitos a seus ministros militares para que fosse entregue ao
políticos, liberdade de cátedra e expressão artística. Congresso às quinze horas. Com isso, Jânio pretendia
A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos causar uma comoção nacional que o reconduzisse ao
dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto governo com plenos poderes.
restabeleceu eleições diretas para presidente e demais        
cargos executivos, reduziu o mandato para quatro militares possuíam de seu vice que, por sua vez, esta-
anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de va longe, na China comunista, o que inviabilizaria
voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir qualquer tentativa de Goulart assumir o governo.
dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44 A manobra foi um fracasso. O Congresso aceitou a
horas semanais, criou o abono de férias e o seguro- renúncia, o povo não se mobilizou nem os governa-
-desemprego, o décimo terceiro salário para aposen-
dores se manifestaram. O presidente da Câmara dos
 Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente,
a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de
e uma nova crise de sucessão estava armada.
-
Os ministros militares haviam deixado claro que
mos de participação popular direta.
João Goulart não assumiria a presidência e que, se
O BRASIL DE JANIO QUADROS E JOÃO GOULART voltasse ao Brasil, seria preso. Mais uma vez, o mare-
chal Lott, no Rio de Janeiro, marcou a divisão nas
O governo de Jânio Quadros         
legalidade; contudo, foi preso e isolado em uma ilha
Embora Juscelino Kubistchek tenha chegado ao na entrada da baía de Guanabara.
      - No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Bri-
vel, eram visíveis os problemas enfrentados pelo país, zola      
        a Brigada Militar gaúcha, instalou a Rádio Guaíba no
próximo governante teria pela frente bastante traba- subsolo do Palácio Piratini e de lá lançou a Rádio da
        Legalidade, sublevando a população e convocando o
fazer ajustes nada populares, como diminuição dos
país inteiro a garantir a ordem institucional.
salários, créditos e gastos públicos.
Os militares golpistas ordenaram o bombardea-
Em uma campanha bastante inusitada, a estrela
mento do Palácio Piratini, mas militares legalistas da
foi Jânio Quadros, que possuía uma carreira política
meteórica, sendo eleito vereador, deputado estadual, base sabotaram a decolagem, esvaziando os pneus e
desarmando os aviões que seriam utilizados. Nesse
prefeito e governador de São Paulo em um curto espa-
ço de cinco anos. Quadros tinha fama de moralista, mesmo tempo, outro militar legalista, o general José
mas também de administrador honesto; não se consi- Machado Lopes, comandando o III Exército, aderiu-
derava getulista, tampouco inimigo destes. -se à resistência. O número de resistentes no Sul era
Assim, logo chamou a atenção da UDN que, em alto, contando com mais de 80 mil pessoas.
uma coalisão com pequenos partidos paulistas, decidiu Em seguida, o governador de Goiás, Mauro Bor-
apoiá-lo à presidência. Seu jeito espalhafatoso foi certei- ges, declarou seu apoio e, no restante do país, greves
 estouravam por todo lado exigindo respeito à Consti-
de limpeza moral da administração pública, e dizendo tuição. O país estava à beira de uma guerra civil quan-
que, com sua “vassoura”, varreria a corrupção do país. do o Congresso interviu na crise, propondo a adoção
Do outro lado, as opções eram curtas, e o PSD do parlamentarismo; assim, Goulart poderia assumir,
resolveu lançar a candidatura do marechal Lott, que mas com os poderes limitados.
gozava de prestígio entre políticos e militares, e não Embora houvesse incerteza quanto a isso e, do Sul,
possuía menor carisma eleitoral. O vice trazia a forte Brizola insistisse para que João Goulart marchasse
presença de João Goulart, novamente, pelo PTB. com o III Exército para Brasília e assumisse o poder
 integralmente, Jango acabou aceitando, provavelmen-
com mais cinco milhões e meio de votos, e João Goulart te temoroso dos resultados de uma guerra civil.
para vice, com mais de quatro milhões e meio de votos.
Isso aconteceu porque a legislação da época previa vota- O governo de João Goulart
ção independente no pleito para presidente e vice.
Quadros estabeleceu uma política externa inde- Jango tomou posse no dia 7 de setembro de 1961,
pendente, restabeleceu relações diplomáticas e/ou

comerciais com a União Soviética e demais países
e com elevada dívida externa a ser paga logo no início
socialistas, conseguiu renegociar a dívida externa
de 1962. O golpismo escancarado havia regredido por
       
conta da elevada tensão política, mas as conspirações
-
temente com o congresso, a imprensa e com o vice-         
-presidente; rompeu com a UDN por conta de sua direita, não havia disposição de facilitar a governança
política externa; baixou inúmeros decretos de caráter de João Goulart, levando-o ao ocaso mediante um gol-
- pe civil-militar das direitas.
nava e achincalhava mesmo sem provas. O parlamentarismo foi um fracasso desde o início,
Seu isolamento na presidência era quase intranspo- e logo foi completamente desacreditado por lideran-
nível, mas ele tinha um plano para se livrar das “amar- ças civis e militares, tendo o PSD e a UDN retirado o
ras constitucionais”. Em julho de 1961, enviou João apoio ao modelo ainda no começo de 1962.
 O Primeiro Ministério, cujo lema era “unidade
China e em agosto concedeu a Grã-Cruz da Ordem do nacional”, tinha Tancredo Neves como primeiro-mi-
Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o que foi inad- nistro, e sua ideia era consolidar um governo com uma
missível para Carlos Lacerda, denunciando seu gover- agenda reformista, “gradual e moderada”, mas que não
202 no em cadeia nacional de rádio e televisão. estabelecia prazos nem caminhos.
As esquerdas radicalizavam ante o dinamismo          
enxuto do governo, propondo reformas mais radicais, fundamental para repercutir uma tese que dizia que
a caminhar para a “Revolução Brasileira”. Em novem- as reformas de base insistidas pelo governo eram mero
bro de 1961, o discurso de Francisco Julião, líder das pretexto para um golpe que levaria o país ao comunis-
 mo. A imprensa fazia coro aos interesses dos empre-
momento: “a reforma agrária será feita na lei ou na sários e executivos a serviço do capital estrangeiro e
 ressoava nas classes médias, temerosas de uma “pro-
Desmoralizado por todos os lados, o gabinete Tan-      
credo renunciou em julho de 1962, e os dois ministé- Central Intelligence Agency (CIA), como o Instituto de
        Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro
Rocha e de Hermes de Lima, buscaram formas de de Ação Democrática (Ibad), também se engajaram na
retomar o presidencialismo. produção de propaganda e articulação golpista.
As eleições de 1962 para os governos estaduais e para A virada fundamental ocorreu no início de 1964: o
o legislativo consolidaram a ascensão do PTB de Jango e,
comício da Central do Brasil, no dia 13 de março, no
desse modo, o plebiscito que visava escolher entre presi-
qual João Goulart defendeu enfaticamente as reformas
dencialismo e parlamentarismo foi adiantado para janei-
de base e que foi visto pela direita como o passo decisi-
ro de 1963, dando vitória inconteste ao presidencialismo.
vo em direção ao golpe comunista. A reação das direi-
Esse momento inaugurou nova fase do governo de
tas se deu com a inauguração da Marcha da Família
Jango, cuja percepção entre trabalhistas, socialistas e
com Deus pela Liberdade, no dia 19 de março.
comunistas era de desentrave para o andamento das
reformas de base (reforma agrária, bancária, eleitoral, Em menos de duas semanas, na madrugada do dia
tributária e revisão da remessa de lucros das multi- 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu
nacionais). Contudo, a mobilização não-parlamentar de Minas Gerais com suas tropas, dando início ao pro-
de esquerdas, Frente de Mobilização Popular, ainda cesso que culminaria no golpe civil-militar do dia 1º
acusava Jango de ser “conciliatório”, por manter as pro- de abril de 1964.
postas reformistas dentro de um Congresso majorita-
riamente conservador e dominado por elites regionais. QUESTÕES SOCIAIS: MOVIMENTOS SINDICAIS NO
No ano de 1963, o presidente teve que lidar com BRASIL
dois temas que mobilizavam ou implicavam a popula-
ção de alguma forma: a reforma agrária, carro-chefe -
da sua agenda reformista, disputada no âmbito insti- ciando a formação de sindicatos, em um contexto de
tucional, e os graves problemas econômicos, buscan- transição da escravatura para um regime de traba-
 lho livre. Tendo em vista o conhecimento que eles já
        tinham sobre o movimento sindical na Europa e dos
Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado. Plane- direitos trabalhistas que lá existiam, eles passaram a
jado para dois momentos, em princípio propunha um atuar na formação de organizações operárias.
       Já na Primeira República, muitas greves eclodiram
 em centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Na Era
posteriormente, previa o andamento das reformas Vargas (década de 1930) houve a tentativa de cooptação
estruturais, prevendo gastos menores, impostos mais da atividade sindical por meio da “estatização” desses
progressivos e integrados, agricultura mais produtiva sindicatos e sua vinculação ao imposto sindical, o que
e revisão das condições de crédito, incidindo direta- acabou submetendo as novas lideranças à vontade do
mente em dois problemas graves: os custos de alimen- governo, em troca da efetivação de direitos trabalhistas.
tação e moradia.
O plano fracassou em diversas frentes, sobretudo
DITADURA MILITAR
pela indisposição dos setores mais amplos em acei-
tar os acordos necessários. Sindicatos não aceitaram
Castelo Branco
as medidas restritivas de salários, os empresários
e associações do mercado não aceitaram o controle
Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional
dos preços, e os industriais abandonaram em 1963 o
elegeu, no dia 9 de abril de a1964, o Marechal Humber-

to de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presi-
desse ano, o governo cedeu às pressões, aumentando
       
os salários dos funcionários públicos e liberando cré- apoio de importantes lideranças como Juscelino Kubist-
dito. O Plano Trienal havia sido derrotado. chek e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam
Entre setembro e outubro de 1963, a crise foi turbi- no poder apenas por um período curto, até que a cor-
CONHECIMENTOS GERAIS

-        


ral de não permitir a posse dos militares eleitos (entre retomado, gozando, assim, de grande legitimidade. Con-
vereadores e deputados) nas eleições do ano anterior; tudo, logo descobriu-se que a intervenção de 1964 seria
essa situação ocasionou uma rebelião de sargentos e muito diferente das demais intervenções militares.
cabos, sobretudo da Marinha e Aeronáutica, que ter- No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio-
minou com a condescendência do presidente dian- nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran-
te da insubordinação militar, embora os revoltosos cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador
tivessem sido presos. do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos.
Nesse mesmo ano, Carlos Lacerda clamou ao Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
governo dos Estados Unidos que interviesse de modo cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre-
a preservar a “democracia” no continente e frear o to do estado de sítio, assim como marcava as eleições
“golpe” comunista planejado por João Goulart. A inca- presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que,
pacidade do presidente em lidar com esse evento – evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as
entre declarar Estado de Sítio ou não – é considerado primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini-
o início da ruína do seu governo. cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek. 203
A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965 suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia
fez com que o governo planejasse, também, o controle a decretação de estado de sítio sem autorização prévia
do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio- mediante a centralização excessiva do poder Executivo
nal (AI-2)  
ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei- de comunicação e sob os produtos culturais.
ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
criar uma fachada democrática. Médici
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB
rastazu Médici, o general de maior patente entre
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi-
cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire- os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já       
o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições indi- os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos
retas para os governos estaduais. A Lei da Imprensa direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser
e a Lei de Segurança Nacional, de 1967, solaparam de acusado de subversivo, baseado em uma simples sus-
vez a liberdade de expressão e quarto Ato Institucio- 
nal (AI-4) foi baixado para garantir a aprovação da Seu governo coincidiu, ainda, com o período do
 “milagre econômico”, cuja taxa de crescimento
Na intenção de erradicar a elite política e intelec- médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial
tual reformista do coração do Estado, o governo de 
Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de no setor de bens de consumo duráveis, além de um
Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de crescimento exponencial no setor automobilístico. No
700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas campo social, contudo, a situação não era favorável,
receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu- uma vez que o arrocho salarial e a concentração de
cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido renda não permitiram a transformação dos ganhos de
dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230 produtividade dos trabalhadores.
punições aos militares oposicionistas ao longo de todo O endividamento externo é, também, marca des-
o regime foram efetuadas sob seu mando.
se período, agravado ainda mais pela primeira crise
Roberto Campos, e suas
do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
principais medidas estavam sintetizadas no Plano de
internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades
      
do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a estatais mediante crédito de bancos privados inter-
 nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros
 -
 tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para
No que se refere à nova política salarial, os salá- mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem-
rios eram reajustados baseados em um cálculo que po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên-
 cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o
- alocavam entre os últimos.
-
ticamente subestimada, a nova legislação provocou Geisel
perda salarial sistemática, com perversos efeitos dis-
tributivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94). Ernesto Beckmann Geisel-
Esse arrocho salarial era visto pelo governo como sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da
um fator para a insatisfação popular e para a conse-       
quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964, uma nova fase de institucionalização do regime,
foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH), conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
mais tarde incrementado pela criação do Fundo de ção para o um poder civil.
Garantia do Tempo de Serviço         -
 -
casas populares e um fundo para o trabalhador demi- 
         - poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu-
nização autoritária pressupunha o controle das tenção do controle da oposição de centro e de esquerda,
organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo além daqueles indivíduos considerados “subversivos”;
Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais. o terceiro planejava a construção de uma democracia
restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção
Costa e Silva das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o
principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo me frente às classes médias e empresariais.
militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de Somava-se a isso a aproximação do governo à
março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci-
“linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além mentos provam que a tendência autoritária do regime
disso, implementou uma política externa mais nacio- ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei-
nalista e menos alinhada aos Estados Unidos. ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que
- a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições
ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a
viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele- 
204 cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos, partido de modo a ampliar o número de votos.
Além disso, militares de extrema direita respon- seu tamanho e produtividade; o segundo previa a desa-
deram violentamente às medidas propostas por Gei- propriação mediante indenização para o caso de terras
sel, participando de diversos ataques terroristas, ao improdutivas; terceiro, a colonização de terras ociosas.
mesmo tempo em que organizações anticomunistas Em outubro de 1964, o texto foi enviado para a apre-
        ciação do Congresso. Contudo, tratava-se de um texto
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela bastante diferente do que fora apresentado ao público
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen- 
sura foi largamente utilizada até 1976. A principal alteração estava relacionada à des-
      
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor proposta pelo governo, uma vez que o mecanismo de
      
jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia

suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
a perspectiva modernizante defendida pelos militares,
vez que setores importantes da sociedade descredita- em detrimento à perspectiva conservadora dos gran-
- des proprietários e por membros da UDN. A queda de
sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir braço entre o governo e as elites regionais resultou na
o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo. derrota do primeiro e na impossibilidade de se imple-
Em 1976, outra morte tornou-se pública e como- mentar o projeto de modernização do campo.
veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
apareceu morto após ser interrogado pelas forças da Os movimentos de oposição ao Regime Militar:
repressão. Somente após forte pressão houve a demis- luta pela anistia, “Diretas Já” e movimentos sociais
são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des- urbanos
tacar que embora somente esses dois casos tenham
repercutido de forma mais ampla, outras centenas de Os movimentos de resistência à ditadura aconte-
denúncias eram feitas em relação às torturas. ceram em diversas frentes, começando pelas artes
Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro- (sobretudo o teatro, a música popular e o cinema)
ta do partido governista nas eleições do ano seguinte, mobilizadas em vanguarda pelas classes médias enga-
fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun- jadas à esquerda. Por conta da característica heterogê-
to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote nea do golpe de Estado, e sendo as classes médias as
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão principais apoiadoras dos militares, a repressão, de
do mandato do presidente, de cinco para seis anos, -
eleições indiretas para governadores de Estado e a ra, embora fosse considerada subversiva. Aconteceu,
nomeação de um terço do Senado pelo presidente. assim, uma politização da cultura concomitantemente
ao fechamento dos canais de representação política, e
        
todos aqueles que desejavam ouvir suas reivindicações
inviabilizando o acesso da oposição à televisão.
acabavam participando das manifestações artísticas.
         Assim, nesse começo, a ditadura teve de reprimir
industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico, mais instituições e movimentos culturais, sobretudo os
nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais, ligados às esquerdas e ao PCB, como o Centro Popu-
promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo- lar de Cultura, o Movimento de Cultura Popular de
ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento Recife e o Instituto Superior de Estudos Brasileiros.
       A repressão somente recaiu-se sobre esses indivíduos
 quando a classe média estudantil se engajou na luta
 armada. Ainda assim, é preciso dizer que a cultura enga-
seu governo, intercalada com períodos de crescimento, jada foi um dos principais focos de resistência à ditadu-
 ra, pelo menos até a primeira metade da década de 1970.
Uma entidade civil suprapartidária também foi
Figueiredo criada, em 1966, como forma de resistência à ditadu-
ra. A Frente Ampla era liderada por antigos simpati-
O último presidente da ditadura foi João Baptista zantes do golpe, como Juscelino Kubistchek e Carlos
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso- Lacerda, e contou até mesmo com a adesão do presi-
lidação da abertura. O último presidente não possuía dente deposto, João Goulart.
No que se refere às esquerdas, a radicalização do
a mesma expertise política de seu antecessor e não
movimento estudantil era concomitante à preparação
conseguiu manter o controle do processo de abertura.
e organização da luta armada. A adoção, pelo Parti-
       - do Comunista Brasileiro, da perspectiva de se adotar
CONHECIMENTOS GERAIS

 -
de protestos e a emersão de novos movimentos sociais ressem muitas deserções no seio do partido.
ocorreram sob sua governança, assim como violentos 
ataques terroristas praticados pela extrema direita em grupos guerrilheiros, sendo os mais conhecidos
militar, intencionando parar o processo de abertura. Carlos Marighela, com a Ação Libertadora Nacional
(ALN), e Carlos Lamarca com o Movimento Revolu-
Reforma Agrária cionário Oito de Outubro (MR-8). O PCdoB também

A questão agrária, que há tempos vinha se arrastan- brasileira, ao longo do rio Araguaia. Com a guerrilha
do no Brasil e foi fator importante na queda de Jango, urbana praticamente extinta já no início do governo
também começou a ser rediscutida ainda no começo 
do governo militar. Assim, o ministro Roberto Cam- Araguaia, operacionalizando uma verdadeira guerra
pos apresentou uma proposta do Estatuto da Terra que dizimou os últimos guerrilheiros do PCdoB por
baseada em três aspectos: primeiro, a tributação pro- -
gressiva da propriedade, levando-se em consideração leira, ao longo do rio Araguaia. 205
Já o movimento estudantil viu seu auge em engaja-
mento em 1968. O assassinato do secundarista Edson
Luís Lima Souto pela polícia em um protesto contra
o fechamento do restaurante Calabouço gerou uma
grande comoção na sociedade como um todo, eviden-
ciada pela presença massiva em seu cortejo fúnebre.
Na conhecida “sexta-feira sangrenta”, no dia
21 de junho, mais um confronto violento aconteceu,
resultando na morte de 4 pessoas e em mais de 20
feridos à bala, aumentando a indignação da opinião
-
dores, artistas, políticos e intelectuais reuniram-se na
Campanha pela Anistia.
conhecida “Passeata dos Cem Mil”.
Fonte: Departamento de Direito da PUC-Rio.
A imprensa, sobretudo a alternativa, mesmo sob
       
       
redações, também procurava meios de denunciar a
colapsara e, em 1982, os partidos de oposição conse-
tortura, a corrupção massiva, os erros da política eco-
guiram eleger cinco deputados a mais que o partido

governista (agora Partido Democrático Social), segun-
de políticos, entre outros.
do a reformulação partidária, demonstrando clara-
Ademais, os novos movimentos sociais que sur-

giram ainda durante o auge repressor do governo
-
Médici protestavam contra a miséria da vida dos
tares a possibilidade de uma “saída negociada”, uma
trabalhadores urbanos. O melhor exemplo está nas
vez que não estavam dispostos a se submeterem a tri-
Comunidades Eclesiais de Base, surgidas em 1969,
bunais de justiça que os investigassem e os punissem
que estavam ligadas à Igreja Católica, mas abrigavam
pelas sucessivas violações aos direitos humanos.
um número diverso de militantes.
Em relação ao PMDB, uma parte liderada por Ulys-
       
ses Guimarães reivindicava a organização de comí-
movimento dos operários ganhava força, sobretudo
cios e a condução de uma ampla campanha em prol
no ABC paulista. Em maio, milhares de metalúrgicos
cruzavam os braços em sinal de protesto, ao mesmo das eleições diretas, enquanto outra parcela, liderada
tempo em que lideranças oriundas efetivamente das por Tancredo Neves, estava disposta a negociar nos
fábricas emergiam, como Luís Inácio Lula da Silva. termos dos militares.
         As ruas, contudo, pareciam ditar o ritmo da aber-
ampla e organizada greve operária no ABC paulista tura e não estavam dispostas a ceder, e foi nesse
sinalizou ao governo e aos parlamentares que a popu- momento que estourou uma das maiores e mais entu-
lação trabalhadora estava descontente com o ritmo siasmadas campanhas políticas da história brasileira:
das discussões a respeito da abertura política e da as Diretas Já, que, entre fevereiro e março de 1984, se
       - espalharam por todo o país.
bunal Regional do Trabalho (TRT) declarou a greve Na madrugada de 25 de abril de 1983, data da vota-
ilegal; entretanto, isso não surtiu efeito na mobiliza- ção da emenda Diretas Já, uma parte dos deputados,
ção dos trabalhadores. liderada pelo candidato do PDS, Paulo Maluf, boicotou
 a votação, impedindo um quórum mínimo para a apro-
como objetivo descolar-se do sindicalismo “pelego”, vação da PEC. Um balde de água fria foi jogado na vigí-
herança da Era Vargas, procurando ter mais indepen- lia cívica que acompanhava na madrugada a votação.
dência junto aos trabalhadores. Nos meses seguintes à derrota, a sociedade não se
Golbery do Couto Silva, escolhido por Geisel como desmobilizou, embora não escondesse sua frustração
estrategista e chefe da Casa Civil, estipulou uma agenda e agitação. Assim, um conjunto de negociatas escusas
para a transição do poder civil, incorporando diversas 
reformas políticas como a anistia política, a reorgani- abertura, entre articulações partidárias: uma parte do
zação partidária e a eleição direta para os governos 
públicos. As campanhas pela Anistia recebiam bastan- 
te atenção dos movimentos pela democracia. 
Em 1979, seguindo a pauta da abertura, foi pro- de disputar a eleição no Colégio Eleitoral, marcada
mulgada uma lei que prescrevia a maioria dos crimes para 1985: Tancredo Neves encabeçava a chapa, ten-
políticos ocorridos entre 1964 e 1979, seja daqueles do como vice o até então aliado histórico da ditadu-
considerados subversivos, seja pelas forças da repres- ra, José Sarney. A chapa saiu vitoriosa nas eleições
são. No mesmo ano, uma nova lei extinguia o sistema de janeiro de 1985; entretanto, por motivos de saúde,
bipartidário e estabelecia condições para um regime -
pluripartidário. Nesse ínterim, uma série de atenta- do empossado seu vice. Produto da saída negociada, a
dos terroristas ocorreu por parte dos militares contrá- transição democrática seria iniciada por Sarney, um
206 rios à agenda da abertura. entusiasta da ditadura.
O golpe civil-militar de 1964 e a doutrina de
segurança nacional e desenvolvimento

O tempo de disputas institucionais e nas ruas em


torno da implementação das reformas de base pro-
       
um golpe militar, apoiado por parte expressiva da
sociedade civil, no dia 31 de março de 1964.
A ditadura inaugurou 21 anos de generais na dire-
ção do Estado brasileiro, sem nenhum tipo de alter-
nância partidária no poder e com um alto nível de
violência política. Contudo, para entendermos melhor
esse período, é preciso retornar às disputas políticas
em torno da aceitação ou não do varguismo.
A modernização industrial iniciada pelo naciona-
lista Getúlio Vargas, e sua proposta de uma política
-
cias, levou a um alargamento da participação política Tanque passando pela cidade do Rio de Janeiro em 1964.
interna; os governos que o sucederam tiveram de se Fonte: Site Outras Palavras.
equilibrar entre essa nova dinâmica interna, de gran-
Além desta articulação interna, o golpe foi apoia-
de politização, dentro de um contexto marcado pelos
do pelos Estados Unidos, que prepararam, inclusive,
       uma operação militar – conhecida como Brother Sam
ameaças golpistas. – para caso houvesse resistência por parte de João
 Goulart. Em sessão do Congresso Nacional, convocada
a economia dava sinais de crise, com a diminuição para as 2h40 de 2 de abril de 1964, o Senador Auro de
Moura Andrade declarava vaga a presidência, muito
      
embora Goulart ainda estivesse no Brasil.
       
Goulart, por sua vez, exauridas todas as possibi-
pela renúncia de Jânio Quadros apenas oito meses lidades de resistir ao golpe, partiu para o exílio no
após sua posse. A tentativa fracassada de setores gol- Uruguai. Apesar de tudo, uma pesquisa de opinião
 mostrava que Jango gozava de amplo respaldo: 45%
de Goulart, principal herdeiro do varguismo, elevou a considerava seu governo “ótimo” ou “bom”; 49% pla-
nejavam reelegê-lo em 1965; e apenas 16% considera-
gravidade das sucessivas crises.
va seu governo “ruim” ou “péssimo”.
Empossado, Jango não foi capaz de se equilibrar e
atender às demandas dos distintos grupos, e seu gover- DA REDEMOCRATIZAÇÃO AOS DIAS ATUAIS
no foi perdendo cada vez mais apoio popular, isolan-
do-se em relação ao conservadorismo institucional. Governo Sarney
O golpe militar de 1964 foi aplaudido e auxiliado por
conspiradores ligados à UDN e aos demais setores civis A morte de Tancredo havia abatido enormemente
o país, levando a uma comoção que há bastante tempo
antivarguistas, tendo à frente civis como Ademar de Bar-
não se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a
ros, governador de São Paulo, Carlos Lacerda, governa- rampa do Planalto em um gesto bastante simbólico,
dor da Guanabara, e Magalhães Pinto, governador das pois se tratava do primeiro presidente civil após 21
       anti- anos de ditadura.
comunistas radicais, pelo núcleo ligado ao Instituto de De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), que já colhia infor- presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec-
mações desde 1961, e pela cúpula da Igreja Católica.
tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
Doutrina 10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso,
de Segurança Nacional, cujo conteúdo foi reitera- organizar uma economia que herdava da ditadura
CONHECIMENTOS GERAIS

damente ministrado na Escola Superior de Guerra 


(ESG), criada em 1949, e que contou com assistência        
francesa e norte-americana. O objetivo da ESG era decretou o congelamento dos preços, tentando dimi-
        
treinar quadros de alto nível para as tarefas de dire- orçamento e proibiu a contratação de funcionários
ção e planejamento da segurança nacional. públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária
       -
uma nova função, desempenhar o papel de dirigente, 
diferentemente do papel de interventor transitório 7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí-
colas, elevaram-na a 14% em agosto.
ocupado em outros golpes na história recente brasi-
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru-
leira. Assim, os militares passaram a ocupar variadas zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
funções políticas e administrativas, chegando a ocupar cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a
quase 30% de todos os cargos civis do Estado em 1979. conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que 207
cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-      
no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e classe média, além de ser incentivador do aborto. As
serviços, além de basear o salário na média do poder emissoras de televisão tiveram papel fundamental
de compra dos seis meses anteriores. para o declínio do candidato esquerdista, transmitin-
         do com frequência os “alarmes” de Collor, em especial
boom consumista, que rendeu boa popularidade ao a Rede Globo, durante seu principal telejornal. Collor,
presidente naquele momento. Esse consumismo, con- assim, foi eleito presidente pelo Partido da Reconstru-
tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo ção Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
com que faltasse uma série de produtos na prateleira; nenhum apoio da estrutura partidária.
mesmo que o governo tentasse importar esses gêne-
No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla-
ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita- no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli-
dura impossibilitava.
cações em bancos e depósitos em contas correntes,
O Cruzado II foi anunciado em novembro de
1986, e previa o descongelamento dos preços, há mui- além da abertura comercial e do congelamento dos
to exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas -
 -
passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente
meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional seu adversário faria caso chegasse à presidência.
de televisão para anunciar a moratória da dívida Ao fracasso de sua estratégia para economia,
 somaram-se denúncias de corrupção no seu governo,
Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão, sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor,
criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um
 amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa-
havia perdido toda a sustentação política e se tornara PC Farias”.
extremamente impopular. Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis-
A partir desse momento, o país caminhou à hipe- são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as
         denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a
 -
aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda

vez que surgia o menor indício de aumento dos preços.
reformas na casa do presidente, mas que logo desco-
Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo
da Constituinte, transformando os próprios congres- briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além
sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com da compra de um carro para sua esposa com dinheiro
ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora- 
dos e algumas propostas do PMDB foram considera- Uma série de protestos tomou conta do país: a
das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao
tornaram constitucionais. Congresso um pedido de impeachment do presidente;
           - surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga-
       nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes
à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio tiveram papel importante e simbólico nos protestos:
presidente, como dissemos), e também porque nenhum por conta dos rostos pintados com as cores nacionais,
julgamento havia acontecido para punir militares envol- 
vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a
 -
escolheria um presidente da república em 21 anos. se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos
favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso
Governo Collor e Itamar Franco dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan-
do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o
As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e mandato, e se tornou inelegível por 8 anos.
foram vividas como a possibilidade real de mudan- Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente,
ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa Itamar Franco
pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um -
programa radical, como a supressão da dívida exter- da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
na, considerada demasiadamente onerosa à classe em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe-
trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco- sequência à abertura comercial.
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima- O ministro também criou um padrão de valor
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua monetário, conhecido como Unidade Real de Valor
fama de “caçador de marajás”. (URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula URV – 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em
parecia radical demais, o que fez com que a grande março de 1994 – e o cruzeiro real.
mídia, políticos conservadores, empresários e mili- Além disso, os salários foram estabelecidos a partir
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul-         
gamentos e punições, se aglutinassem em torno de Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio       
do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB. apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
A disputa foi dura. 
Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião Ainda durante o governo de Itamar, foi possível che-
e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Col- gar a um arguto acordo de renegociação da dívida, após
lor passou a atacar seu adversário dizendo que o 
208
Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder descontos para       
os montantes. Mas foi o sucesso do plano real que mar- das elites governantes desde a redemocratização, ain-
cou seu breve período à frente da presidência, sucesso da que esse novo governo se sustentasse em uma coa-
esse que impulsionou seu ministro ao executivo federal. 
haviam estado no poder nos últimos dezenove anos.
Governo FHC As propostas de políticas sociais do Partido dos Tra-
balhadores indicam uma reunião de continuidades e
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em mudanças da forma de gestão, continuidade na política
1995; é importante comentarmos que em seu governo 
foi aprovada uma emenda constitucional que permi- No que se refere à transferência de renda, que foi
tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente a caraterística mais marcante do governo de Lula, ela
da república. A votação foi permeada de acusações de indica uma movimentação caraterística de proteção
compra de votos, que nunca foram devidamente apu- social, o que se afastava das expectativas reformistas
 que pairavam sobre o Partido dos Trabalhadores.
A ampla mobilização popular reivindicando Com a redemocratização, como vimos, passou-se
melhorias nas condições de vida, desde os movimen-        
- de políticas sociais como descentralização, participa-
          -
programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta nalização dos gastos e maior isonomia na prestação
era a transferência de uma renda mínima a famílias de serviços e benefícios. Além disso, constatou-se ser
pobres com a condição de manterem suas crianças necessário políticas emergenciais voltadas para a
frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo população mais vulnerável economicamente.
governo federal, que foi capaz de estender o progra- O percurso feito até aqui indica que, quando o Par-
ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo, tido dos Trabalhadores assumiu o governo em 2003, já
também, o Bolsa Alimentação. haviam sido tomadas algumas ações visando a refor-
Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan- ma do sistema de proteção social herdado da ditadu-
ças no modelo de proteção social tiveram início com ra, além do êxito razoável na luta contra a pobreza,
o primeiro governo civil após a ditadura e registra- principalmente no que toca ao acesso à educação e
das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o saúde; entretanto, pouco tinha sido feito para a redu-
acesso à saúde, à seguridade e à educação básica. ção das desigualdades notáveis entre ricos e pobres,
Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa- brancos e negros. E essa é uma questão fundamental.
ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen- Durante as eleições, a campanha de Lula ignorava
tralização de responsabilidades e recursos. Além da esses avanços, condicionando a resolução desses pro-
descentralização e colaboração entre os níveis gover- blemas à sua vitória, e foi assim que Lula ganhou as
namentais, o Plano Real foi importante ao tornar eleições, insistindo na redução da pobreza e das desi-
         gualdades, embora sem propostas que embasassem
o que produziu, por exemplo, a municipalização da concretamente tal propósito.
assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos O governo Lula teve início com dois projetos para
à educação e à saúde se tornaram quase universais, a área social: o Fome Zero, uma proposta de políti-
e a assistência social foi consideravelmente dilatada ca de segurança alimentar para o Brasil; e Política
mediante programas de garantia de renda para idosos Econômica e Reformas Estruturais. O primeiro foi
 fruto do trabalho de 45 pesquisadores orientados por
 José Graziano da Silva, e consistia em uma combina-
que formavam uma rede de proteção social, como a ção de políticas assistenciais com ações extensivas de
previdência rural, e ainda programas não-contribu- incentivo à agricultura familiar.
tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação O segundo documento, que foi preparado por eco-
do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás, nomistas de orientação liberal, focalizava a política
- -
       - tica social. Assim, ele pretendia: recompor o equilíbrio
mas, houve uma opção pela transferência direta da da previdência pública, garantindo sua sobrevivência
renda monetária, distanciando-se de programas como a longo prazo; diminuir a pressão sobre os recursos,
os de distribuição de cestas básicas, que muitas vezes permitindo o resgaste da capacidade de gastos públi-
valiam à manipulação clientelista, tão comum na polí- cos; e aumentar a equidade, reduzindo as distorções
tica brasileira. nas transferências de renda realizadas pelo Estado.
- O governo petista optou, então, por iniciativas de
tamento de algumas heranças da ditadura, no cam- forte impacto simbólico, no ambiente nacional e inter-
CONHECIMENTOS GERAIS

po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída nacional. Nos primeiros dias da nova administração,
a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja        
proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos uma reforma da previdência social. Com a reforma da
durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico previdência, procurava-se reparar privilégios vigen-
para aqueles que perderam alguém e nunca chega- tes, estabelecendo o mesmo teto para as aposentado-
ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois, rias dos empregados do setor público e privado. Essa
em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo foi uma medida bem recebida pelas agências interna-
indenizações às vítimas da ditadura. cionais, que esperavam que o novo governo demons-
trasse moderação política e se mantivesse dentro dos
Governo Lula 
-
Em 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da cia, pois muitas ações precisavam ser realizadas, e se
Silva, representante do Partido dos Trabalhadores carecia de articulação de vários setores. A fragilidade
do programa foi se evidenciando e, ainda em 2003, o
(PT), assumiu a presidência do Brasil. Sua eleição 209
Ministério de Segurança Alimentar, que havia sido Governo Dilma
criado para mobilizar as ações necessárias para o fun-
cionamento do programa, foi fundido com o Ministé- Dilma Rousse, a primeira mulher presidente do
rio da Assistência Social. Brasil, foi eleita em 2010, em um contexto de otimismo
Assim, engendrou um novo programa de transfe- no qual a economia se recuperava dos efeitos da cri-
rência de renda, o Bolsa Família    
-
-
dente o que pretendia: questionar o poder estrutural
cola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás. Também foram

realizadas iniciativas que priorizaram a ação gover- 
 
a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvi- Todavia, o governo não se preparou para lidar com as
mento do Ensino Fundamental e Desenvolvimento óbvias reações que vieram dos grupos que tiveram seus
da Educação Básica interesses recolocados. Esses grupos possuíam, ainda, o
médio no sistema de incentivos que vinham sendo poder sobre os meios de comunicação, manipulando as
realizados pela administração anterior. informações e não tardando a acusar o governo de “irres-
Alguns autores argumentam que, embora de um ponsável tecnicamente” e “politicamente populista”.
ponto de vista de classe, o PT continua sendo um par- O governo de Dilma não conseguiu sustentar a
tido dos trabalhadores, principalmente no que se refe- pretensão inicial, recuando diante da reação dos inte-
re à sua origem, pois é inegável que o PT foi criado por resses rentistas, que foram atingidos pela guerra dos
e para trabalhadores. Houve um claro rompimento juros; assim, em abril de 2013, o Banco Central iniciou
com os interesses desse grupo; após assumir o poder, um novo ciclo de elevação das taxas de juros, que era
as ideias, discursos e ações resguardadas pela direção apenas o início da retratação.
do partido apresentaram semelhanças embaraço- -
sas com as dos representantes da grande burguesia. rávit primária concediam enorme poder estrutural ao
De todo modo, as multidões continuaram indicando, 

em momentos cruciais, o Partido dos Trabalhadores
as taxas de juros, provavelmente se veria bombardea-
como seu representante.
do por acusações de que sua autonomia estava compro-
O governo Lula reuniu em seus quadros adminis-
metida pela interferência política. Se, por outro lado, a
trativos tanto líderes sindicais e intelectuais do PT, arrecadação tributária diminuísse e o gasto primário
quanto convictos neoliberais, o que o tornou, em uma não trilhasse a mesma direção, o governo era atacado,
análise mais sóbria, um governo muito pouco afeito acusado de não cuidar da credibilidade da trajetória da
aos interesses da classe que dizia representar. Lula 
cumpriu sua promessa de moderar as propostas mais        
radicais do programa petista antes do lançamento da mudanças estruturais, o governo teria que se apoiar em
“Carta ao povo brasileiro”, de 2002. ampla campanha pública que expusesse suas intenções e
Um evidente exemplo foi a preocupação com o -
pagamento da dívida externa, mesmo existindo pro- ceiro, por sua vez, reagiu rapidamente, mobilizando a
      opinião pública e deslegitimando os discursos de Dilma,

      
A recuada do governo, traduzida pelo aumento dos
saúde, saneamento, entre outros. Essa foi uma escolha juros, foi uma tentativa de abrandar os ataques reali-
impensável para o Lula do século anterior. Assim, sua zados pelos representantes ideológicos dos interesses
     - rentistas, procurando recompor o bloco de poder polí-
- tico mobilizado pela administração de Lula, tática que
lização do mercado de trabalho e a reforma sindical. seria reforçada em 2015.
A estratégia, no entanto, não foi bem sucedida,
Dica pois, na busca pela governabilidade, Dilma perdeu
bastante popularidade, dado que se voltava cada vez
Superávit é o resultado positivo de todas as        
receitas e despesas do governo, ou seja, é o equi- 
valente ao que o governo consegue economizar pondo à parte os interesses populares, que represen-
para o pagamento de juros da dívida pública. tavam o grosso de seu eleitorado.

FMI é a sigla do Fundo Monetário Internacional,       -
organização nanceira que pode oferecer aju- tratação; esse argumento é difícil de ser sustentado,
da nanceira pontual e temporária aos países tendo em vista que o valor do benefício sempre foi
membros. muito inferior ao do salário-mínimo, que foi ganhan-
-
As limitações das administrações de Lula são evi- cas reconhecidas usavam os meios de comunicação
dentes, embora seja difícil negligenciar os avanços no para apontar que os gastos sociais e aumentos sala-
riais eram responsáveis pela desaceleração do inves-
campo social. Por exemplo, a reforma agrária –pauta
timento privado e da redução dos lucros.
importante para esquerda –, não foi considerada; e a
Quanto aos projetos sociais, Dilma tinha um gran-
reforma tributária apenas aumentou a carga tributária,
      
evitando propostas como a taxação de grandes fortunas. conquistara popularidade amparando-se justamen-
Outra crítica é que os programas sociais não se cons- te nesse tipo de programa. No primeiro mandato de
tituíram enquanto direito, ou seja, não foram incorpo- Dilma, o desemprego diminuiu, o salário-mínimo
 aumentou e a presidente deu sequência aos progra-
210 que podiam ser retirados a qualquer momento. mas de transferência de renda.
Na questão dos avanços da legislação trabalhista, Quando são analisados dados mais recentes, o qua-
é possível apontar, por exemplo, a regulamentação do dro não muda muito; na verdade, ele se torna pior:
trabalho doméstico, que embora tenha incomodado os segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública
setores mais conservadores da população brasileira, foi de 2016, entre 2011 e 2015, houve 279.567 mortes, sen-
um movimento muito importante para os trabalhado- do que 73% delas foram de jovens negros. É evidente
res da área, pois assegurava direitos básicos como jor- que a desigualdade racial e o racismo são peças-cha-
nada de trabalho regulamentada, férias e piso salarial. ves para compreender esses números, mas é preciso
Em sua administração, uma das ações mais impor- ir além das explicações que entendem a situação ape-
tantes talvez tenha sido a ampliação do Minha Casa nas como decorrente do histórico de uso de trabalho
escravizado no Brasil: as próprias políticas públicas
Minha Vida, programa habitacional que assegurou
incorrem na produção social da violência, tornando-a
moradia para 1,7 milhões de famílias apenas em seu
viável, e um exemplo nítido disso são as mortes em
primeiro mandato. O programa oferecia subsídio para decorrência das ações policiais.
        Além dos homicídios da população jovem negra
renda, tornando possível o sonho da casa própria para pelas forças coercitivas, é também perceptível a predo-
 minância da vigilância policial sobre esses indivíduos, o
um imóvel em outras circunstâncias. 
No âmbito da saúde, Dilma lançou o programa Mais são os que mais morrem no Brasil e são também os que
Médicos, que atendeu seis mil municípios e estendeu mais são encarcerados. A grande quantidade de prisões
o acesso a médicos a cerca de cinquenta milhões de provisórias (quase 40%) indica que estas são resultado
pessoas que residiam em municípios do interior e em 
 
       - Se há muitos jovens e muitos negros na prisão, não
buiu remédios a mais de dez milhões de pessoas. é porque a polícia esteja vigiando em suas ativida-
No setor educacional, Dilma lançou o Programa des cotidianas os mais violentos, os que cometem os
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Empre- crimes bárbaros. Apenas 12% dos presos brasileiros
go (Pronatec), que tinha como objetivo expandir e estão cumprindo penas por terem cometido homi-
interiorizar as ofertas a cursos técnicos, além da for- cídios. O centro da política criminal é pautado pela
mação inicial e continuada. Houve, ainda, a criação punição aos crimes patrimoniais e ligados às drogas
do Ciência sem Fronteiras, que visava a formação ilícitas, seguindo a doutrina de “guerra às drogas”.
acadêmica de pesquisadores em programas de inter- A punição recai desigualmente sobre negros e bran-
       cos, jovens e não jovens. Isto é: a polícia tem uma pré-dis-
projetos. Além disso, até 2014, as matrículas em cur- posição em suas abordagens e jovens negros são sempre
sos superiores aumentaram em 122%, evidenciando considerados suspeitos, quando não mesmo culpados.
uma expansão do acesso ao ensino superior. Ao contrário do que versam algumas explicações,
Além de todos esses programas, foi no governo Dil- argumentando que as reminiscências da escravidão
ma que a chamada Lei do Feminicídio foi sancionada. estariam em derrocada na contemporaneidade, o que
Com a lei, o assassinato de mulheres, decorrente de vio- se percebe é que as políticas de segurança pública e
lência doméstica ou discriminação de gênero, passou a justiça moderna contribuem para a desigualdade, colo-
- cando a população negra, sobretudo jovem, a mercê de
quista, levando em consideração que o Brasil possui a mais violência, morte e encarceramento. Não se trata
5° taxa mais alta de feminicídios do mundo: no ano de apenas da morte física: a juventude negra sofre uma
2010, eram registrados cinco espancamento a cada dois série de violências e mortes simbólicas nas perdas de
minutos; em 2013, se reportava um feminicídio a cada oportunidades que decorrem da cor de sua pele.
noventa minutos; e em 2015, o serviço de denúncia Nesse contexto, surgiu o que se chama de asso-
registrou 179 casos de agressão por dia. ciativismo negro, que atua tanto nos espaços políti-
        - co-sociais quanto nos espaços político institucionais,
gurou a Casa da Mulher, programa que integra no pautando direitos à juventude negra, como segurança
mesmo espaço serviços especializados de apoio aos e educação. Esse movimento da juventude negra tem
diversos tipos de violências sofridas por mulheres. dois momentos chaves: o 1° Encontro Nacional de
Nesse espaço, têm-se acesso ao acolhimento e à tria- Juventude Negra (1° Enjune) e o encontro de formação
gem, apoio psicossocial, juizado especializado em do Fórum Nacional de Juventude Negra
violência doméstica e familiar contra mulher, defesa São nesses espaços que vão ser ponderadas medidas
- que possam auxiliar na contenção do chamado “genocí-
ca, espaço de cuidado às crianças, alojamento de pas- dio da juventude negra”, apontando para ações desen-
sagem, entre outras ações de apoio. volvidas pelos poderes públicos, mas também para
CONHECIMENTOS GERAIS

maior compromisso e engajamento da sociedade civil.


QUESTÕES SOCIAIS: A QUESTÃO DO NEGRO E DA O conceito de genocídio da juventude negra faz
VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL ATUAL apelo em um contexto que se discutia nomeadamente
a criminalização da pobreza como geradora da violên-
Entre 2002 e 2010, mais de 270 mil pessoas negras cia urbana. Embora a questão de classe seja um fator
foram assassinadas no Brasil, o que representa mais importante, é necessário dar visibilidade ao aspecto
de 30 mil por ano. É um tipo tão brutal de violência fundamental que os dados expostos aqui evidenciam:
que ultrapassa o nível de mortalidade da maioria dos a violência no Brasil é, sobretudo, uma questão racial,
- além de que a desigualdade procede de questões
tos armados declarados. raciais não revolvidas que remontam à escravização.
O número de assassinatos de brancos decaiu, As intervenções do associativismo negro em espa-
enquanto o número de assassinato de pessoas negras ços político institucionais impulsionaram a criação do
aumentou em 5,6%. Essa situação se torna ainda mais Plano Juventude Viva, uma das únicas iniciativas dos
gritante quando se analisa os dados sobre jovens poderes públicos considerada relevante no enfrenta-
negros: eles morrem 2,5 vezes mais que jovens brancos. mento do genocídio da juventude negra por ativistas. 211
A globalização acaba acarretando problemas
Importante! ambientais, como superutilização de recursos, polui-
Lançado pelo Governo Federal, o Plano Juventude ção, má distribuição de recursos e aquecimento glo-
Viva procura reduzir a vulnerabilidade de jovens bal. Os especialistas alertam que o padrão de consumo
negros em situação de violência física e simbóli- mundial sobrecarrega o planeta. Com isso, protocolos,
ca. A iniciativa contempla 142 municípios com os como o de Kyoto e o de Paris, procuram obrigar agen-
maiores índices de homicídios de jovens, criando tes públicos e privados a tomar decisões de contenção
oportunidades de inclusão e autonomia desses de emissão de poluentes.
jovens, por meio da oferta de serviços públicos. A sustentabilidade, prática que propõe reutilizar
matérias e aproveitá-las de maneira mais inteligen-
O objetivo é, também, aperfeiçoar a atuação do
te, tem sido muito propagada para tentar diminuir o
Estado no enfretamento do racismo institucional impacto nocivo do consumismo no meio ambiente.
e na sensibilização de agentes públicos.

Em relação às intervenções priorizadas pelo asso-


ciativismo, existem denúncias públicas de casos que NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA
se tornaram simbólicos no tratamento desigual da
 
a desigualdade e o racismo; existem também ações de -
valorização da cultura negra, como o rap, que é utili- les e das megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da
zado como mecanismo de denúncia da realidade da observação da produção do espaço e das atividades
população negra do país. Além disso, vítimas de práti- 
cas consideradas autoritárias e discriminatórias pas- por realizar estudos acerca da origem, do crescimen-
saram a procurar ativistas, organizações da sociedade to, desenvolvimento das cidades e das relações de
 
com todas as outras que estão em seu entorno.
amparo no processo de denúncia.
Também são objetos de estudo -
Entre os movimentos associativos, é possível elencar
na a dinâmica de crescimento da população das
as Mães de Maio cidades, o processo de organização territorial den-
de 2006, procurando denunciar centenas de execuções tro das cidades, os variados processos de urbanização
de jovens negros atribuídas a policiais militares e milí- e os papéis desempenhados pelas cidades para a ocor-
cias. Uma segunda referência é o Movimento Negro 
Unicado (MNU), que se constituiu em protesto contra a 
morte de Robson Silveira da Luz, torturado nas depen- -
dências do 44° Distrito de Guaianazes, em 1978. da são a análise e a compreensão dos espaços rurais
Os casos de violências contra a população negra, e agrícolas que foram se transformando com o passar
sobretudo a juventude negra, são inúmeros, sendo que dos anos.
muitos nem chegam aos noticiários; assim, esses grupos      
e movimentos são importantes para dar visibilidade à não mais), o espaço urbano e o rural estão interliga-
causa, oferecendo rostos e nomes para o que muitas 
vezes chega à população apenas como dados e números. entre si.
O racismo institucional está inserido nas orga-       
proporcionam o estudo e a compreensão do espaço
nizações e no funcionamento do sistema judicial e

criminal que, desde a escravidão, tem elencado a
alteração e transformação. Dentre os principais con-
população negra como aquela que deve ser controla- ceitos dessa área de conhecimento, podemos destacar:
da, geralmente, pela violência. Não se trata apenas de
negligência: o racismo institucional ampara o genocí- z Espaço ou meio urbano: Atividades, políticas
dio da juventude negra ou se torna meio direto para públicas e práticas sociais responsáveis pela for-
sua elaboração. mação da paisagem de um determinado território;
nesse espaço, encontramos habitações (em algu-
GLOBALIZAÇÃO E QUESTÕES AMBIENTAIS mas cidades, organizadas e bem estruturadas e em
outras, não), pontos de comércio e complexos de
Podemos ter em mente que a globalização tem indústrias. No espaço urbano, a produção de ati-
como um de seus principais motores o desenvolvi- 
mento industrial desde o século XVII. Além da inte- proporcionam hábitos que caracterizam o modo
gração de diversas regiões do mundo, a Revolução de vida do ser humano.
Industrial       z Cidade: O conceito de cidade não é tão complexo;
recursos naturais renováveis e não renováveis, como está ligado ao número de habitantes. Nos espaços
o solo, água, minerais e a vegetação. caracterizados como cidade, ocorre a produção de
     
No entanto, essas mudanças não se limitaram
divididas em cidades rurais e cidades urbanas;
apenas às transformações urbanas, mas entraram
entretanto, as cidades rurais podem se formar em
também no espaço rural. A chamada “Revolução Ver- áreas com as caraterísticas do espaço urbano. De
de” foi responsável pela introdução da mecanização acordo com os critérios do IBGE, são consideradas
e do uso de biotecnologia para expandir a capacida- cidades rurais todas as cidades com população
de produtiva. Tanto a expansão produtiva na cidade inferior a vinte mil habitantes.
quanto no campo impõem um esgotamento cada vez z Metrópole: Normalmente, a metrópole é uma
maior dos recursos naturais em um contexto global de capital de estado ou cidade com altas taxas de
212 expansão dos mercados. desenvolvimento. Promove impactos em várias
-
 Importante!
da seguinte maneira: A partir desses estudos, são possíveis a criação
z Metrópole Regional e o estabelecimento de políticas públicas e-
e esferas locais; são de extrema importância para cientes para a cidade reestruturar-se de forma
uma determinada região;
organizada e planejada
z Metrópole Nacional   
de grandes cidades do país, impacta em diversas
localidades.
z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: Com-
preende-se como macrorregião todos os munícipios FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO
que estão localizados em seus limites territoriais e POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
megalópo-
les são formadas pelo conjunto de metrópoles inter- Para a sua melhor compreensão, o referido conteú-
         -
processo de delimitação e demarcação das divisas 
 Político-Administrativa (organização federativa)”.
A conurbação é a junção entre dois ou mais muni-
cípios que se uniram devido ao rápido processo de

áreas de limites de cada um.
DINÂMICA DA POPULAÇÃO
Podemos destacar também outros objetos de estu-
MIGRAÇÕES POPULACIONAIS, ÁREA DE

CRESCIMENTO E DE PERDA POPULACIONAL
áreas, como com a história das cidades, que estuda
suas principais características, os modos de produção
que foram e são estabelecidos nelas e todo o processo Para a sua melhor compreensão, o referido con-
de relação que existe no meio urbano. 
Os outros assuntos desenvolvidos e estudados pela      
 
de perda populacional)”.
z O processo de urbanização que ocorre em uma
cidade;
z Os problemas gerados pelo fato de as cidades cres-
cerem de forma não organizada e não estrutu- O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
rada e quais as consequências geradas por esses
processos; ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS E EXTRATIVAS
z        
para solucionar os problemas de mobilidade urba- A atividade agropecuária teve um papel extrema-
 mente importante no processo de evolução da huma-
z Os modelos e modos de produção que são reprodu- nidade, pois possibilitou a produção de alimentos, a
zidos nas cidades, bem como quais os tipos de traba- -
 tário e a formação de aglomerados humanos, que pos-
z Como a população residente em determinado frag- teriormente se transformaram em vilas e em cidades.
        Até a ocorrência da 1ª Revolução Industrial, a agri-
espaços públicos e privados, e quais os modos de -
vida ali estabelecidos; ponsável pela produção de recursos no meio rural e as
z A caracterização das cidades, como seus bairros e / cidades eram os locais onde ocorria a distribuição das
ou distritos são distribuídos;     
z Os problemas sociais enfrentados pelos habitan- distintos: os espaços de produção (áreas produtoras) e
tes, em especial, a questão da desigualdade social e espaços de circulação (áreas em que ocorria o comércio).
da concentração de renda; No século XVIII, como consequência do processo
z Como a dinâmica do êxodo rural contribuiu para de industrialização que o mundo passava, ocorreu o
o processo de surgimento e formação das favelas; 
z Como ocorreu o processo de industrialização e o o meio urbano, assim os espaços urbanos passaram
estabelecimento de centros industriais;       
z Quais são os impactos gerados pelo processo de fazendo com que o meio rural se adequasse às novas
CONHECIMENTOS GERAIS

industrialização nos centros urbanos, como se dá a exigências do mercado.


formação de ilhas de calor, a ocorrência de chuvas     -
ácidas e o processo de inversão térmica. do na Europa e em outras regiões do mundo nos sécu-
los XVIII e XIX, o mundo passou por um conjunto de
       
importância e nos ajuda a compreender o processo de Com a eclosão da 2ª Revolução Industrial surgiram
produção do espaço urbano, as relações que ocorrem várias inovações para o setor agrícola, como a produ-
entre os seres humanos com esse meio, o crescimento ção de insumos, adubos e agrotóxicos, que ampliaram
- a capacidade produtiva dos solos (diminuindo as perdas
lidades e territorialidades, a partir da ótica geopolítica. das lavouras por conta das ações de pragas).
         
urbana, como os processos de organização das cida- agricultura estava concentrada nos países desenvolvi-
       -
problemas impulsionados pelo crescimento das popu- 
lações de forma rápida e desorganizada. para realizar investimentos no setor rural. 213
A partir da segunda metade do século XX, em especial nos anos 60, um grande problema mundial chamava a
atenção das autoridades – a fome, embora esse problema já existisse anteriormente, foi com a 2ª Guerra Mundial


a ocorrer a introdução de insumos, adubos, fertilizantes, sementes selecionadas em algumas regiões da Ásia, e
esse processo acabou por contribuir para o aumento da produtividade agrícola e consequentemente a redução
dos índices de fome na região.
O objetivo era acabar com a fome em todo o mundo, porém em algumas regiões como América Latina e África
não houve o recebimento desses incentivos, sendo assim os quadros de fome nestas duas regiões se agravaram.

de receber produtos químicos e sementes melhoradas e selecionadas, contava também com a utilização de maqui-

No Brasil, país com um histórico agrícola muito intenso e forte (conforme vimos anteriormente), as consequên-
cias da Revolução Verde foram chegando em ritmo diferente dos outros países da América Latina), a extensão do
nosso território, a tropicalidade dos nossos climas contribuiu para atrair os investimentos para o setor agrícola.
A agricultura brasileira se modernizava em ritmo cada vez mais acelerado, porém esse processo ocorreu de
forma desigual dentro do território nacional, visto que a modernização da agricultura atingia uma parcela peque-
              
restrito de produtores o aumento da produtividade, variedade de produtos lançados no mercado e o aumento das
exportações – esse modelo é caracterizado como agricultura comercial, que pratica a monocultura voltada para a
exportação, também conhecida como latifúndio agrário exportador.
Um outro tipo de agricultura presente no nosso país é a agricultura familiar – onde ocorre o emprego de mão-
-de-obra em grande quantidade, não há a utilização de máquinas e outros equipamentos em grande quantidade
–, ocorre a prática de policultura que visa atender o mercado interno, principalmente o mercado de alimentos.
O processo de mecanização e modernização da agricultura trouxe problemas para a maioria dos trabalhadores

A Revolução Verde provocou a formação de um exército de desempregados no campo (o uso da mão de obra
em grande quantidade se fazia cada vez menor com a utilização das máquinas), sendo assim essa parcela de
trabalhadores desempregados no campo optaram por migrar para os centros urbanos, gerando o processo conhe-
cido como Êxodo rural.

mais, provocando assim o surgimento de movimentos sociais que lutavam pela reforma agrária como a Pastoral
da Terra e, posteriormente, em tempos mais recentes, com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MTST).
Podemos destacar como ponto negativo do processo de mecanização e modernização da produção agropecuária
o aumento da concentração fundiária – grandes porções de terras nas mãos de poucas pessoas, problema este que
está presente na realidade brasileira desde o período colonial.
Os pequenos produtores rurais começaram a se deslocar pelo território brasileiro em um movimento que


com destaque para a soja e a criação de gado.
Com o intenso processo de utilização de tecnologias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se
bases da economia brasileira no século XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola brasileira das extensas
-
dutos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando para outros,
como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou
que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores
agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros.

RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO


Produto Produção Exportação Nº de países Principal comprador

Açúcar 1º 1º 132 Rússia

Café 1º 1º 129 EUA

Suco de Laranja 1º 1º 74 Bélgica


Soja em grão 2º 1º 42 China
Carne bovina 2º 1º 143 China

Carne de frango 3º 1º 145 Rússia


Óleo de soja 3º 2º 47 -

Farelo de soja 3º 2º 60 Japão

Milho 3º 1º 76 Irã
Carne suína 4º 4º 72 Rússia

214 Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15.


Os dados podem sofrer variações, pois em alguns Dica
produtos como a soja (o Brasil reveza com os EUA Ovinos: Ovelhas
como principal produtor) e a carne bovina (a Índia, Caprinos: Cabras
destaca-se nesse seguimento). O setor agropecuário Equinocultura: Criação de cavalos
alcançou níveis elevados de participação na economia Bubalinos: Búfalos
brasileira que o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – tam- Asininos: Jumentos
bém conhecido como Plano Safra), que já tem o valor Muares: Burros e mulas
de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores
para o biênio 2020/2021, onde a maior parte vai para OS TRABALHADORES E O MERCADO DE TRABALHO
custeio e para a comercialização. Estes valores são
distribuídos de acordo com o nível de importância do Ao abordarmos a divisão inter-regional do traba-
gênero ou atividade na economia brasileira. Os princi- lho e da produção no Brasil, é importante destacar-
pais produtos do agronegócio brasileiro são: mos as atividades desenvolvidas em cada uma das
localidades do território nacional e a forma como que
z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante cada uma destas atividades contribui para estimular
desde o período colonial com produção anual esti- o desenvolvimento, além de como estas atividades ou
mada de 47 milhões de toneladas, com destino da -
produção para o etanol (combustível veicular) e 
para a produção do açúcar. As áreas produtoras       
com maior destaque são: São Paulo (60% da cana tamanho do seu território. Sendo assim, é importante
produzida no país), estados do Centro-Oeste, Mara- destacar a importância de cada região do país e suas
nhão, Paraná, Minas Gerais, e a tradicional Zona contribuições para a evolução da economia da nação.
da Mata Nordestina. Para compreender esse processo de produção eco-
z Café: Principal produto no século XIX e início do 
Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e expor- entender como está estruturada a economia em sua
tador de café do mundo, são mais de 2 milhões de totalidade a partir da divisão em setores e suas res-
hectares de áreas destinadas ao consumo, desta-      

que para o estado de Minas Gerais que detém 50%
da produção nacional.
z Soja: Principal produto do agronegócio brasileiro, z Setor Primário (atividades ligadas a agricultura,
pecuária, extrativismo mineral etc.);
com destaque para a produção nas regiões Centro-
z Setor Secundário (atividades ligadas à indústria);
-Oeste e Nordeste, além de uma parcela de produ-
z Setor Terciário (atividades ligadas ao comércio e
ção na região Sul.
a prestação de serviços);
z Outros produtos importantes no agronegócio bra-
sileiro: milho, citricultura, arroz, algodão.
O conceito de trabalho ao longo da história da
Na pecuária o destaque vai para a criação de bovi-      -
nos: o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabeças 
de gado: e passou a ser uma necessidade para os seres humanos.
O contexto histórico possibilita uma compreen-

PECUÁRIA INTENSIVA PECUÁRIA EXTENSIVA
políticos, sociais e culturais são extremamente impor-
Os rebanhos são criados Os rebanhos são numero- tantes para a compreensão das relações trabalhistas.
em estábulos, connados, sos, criados soltos e com O trabalho no mundo globalizado sofreu alterações e
em pequenas e médias pouca necessidade de foi inserido em uma nova formatação, desta vez com o
propriedades, com gran- cuidados e investimentos, emprego da tecnologia, o que provocou impactos posi-
des cuidados em relação e alimentam-se de pasto tivos e negativos nas relações trabalhistas.
a alimentação, higiene e natural. O trabalho remoto e uma comunicação via e-mail
saúde, esse tipo de pecuá- ou por aplicativos de mensagens, até pouco tempo atrás
ria necessita de maiores in- eram situações consideradas como impossíveis, porém,
vestimentos e mão de obra hoje esta situação é uma realidade garantida por lei, pro-
qualicada. tegendo o trabalhador, tornando o processo mais direto

A pandemia provocada pelo novo Coronavírus e
CONHECIMENTOS GERAIS

O Brasil destaca-se também na criação de suínos, a necessidade de isolamento social aceleraram este
com rebanho superior a 38 milhões de cabeças, com processo de trabalho remoto, tanto que uma boa par-
destaque para a região Sul do país, com quase a metade te das empresas estão optando por fazer a opção de
do rebanho, seguido por Nordeste e Sudeste. A criação continuidade neste formato. Tal situação demonstra a
de suínos gera lucros superiores a US$ 1 bilhão por ano. existência de uma democratização nos espaços labo-
Destaque também para a criação de ovinos e capri- rais e que cada vez mais as grandes corporações vêm
nos, com rebanho superior a 14 milhões de animais, deixando de lado as visões tradicionalistas. A vertica-
com destaques para as regiões Sul e Nordeste. lização das relações vem perdendo espaço para um
O Brasil destaca-se como grande produtor de aves, ambiente com maior linearidade e contribuição de
chegando a dominar uma fatia do mercado de 90% do todas as partes para o processo produtivo.
comércio de carne de frango. Porém, no cenário do mundo do trabalho e da pro-
Destaque também para a equinocultura que gera dução, ainda podemos observar grande desigualdade
lucros superiores a R$ 7,3 bilhões por ano com criação entre alguns setores, até por que o desenvolvimento e
de bubalinos, asininos e muares. as transformações promovidas pela inserção de novas 215
tecnologias não estão disponíveis para todos de forma Em relação às fontes de energia não renováveis, des-
 tacamos a utilização de gás natural, que é importado da
 Bolívia. As poucas reservas de carvão mineral estão loca-
se verticalizam (concentram-se) em espaços regio- lizadas em estados da região Sul, principalmente Santa
        
existem no Brasil em relação ao processo de industria- realizado pela Petrobrás desde os anos 50, quando ocor-
lização da nossa economia: os setores produtivos da reu sua inauguração e, nesse quesito, podemos destacar
região sudeste tem um considerável destaque. as reservas localizadas nas Bacias de Campos e Santos.
Se o processo de análise for ainda mais profundo, Também é importante destacar a presença das reser-
é possível encontrar no estado de São Paulo (e em sua vas de petróleo no pré-sal, localizado entre os estados de
região metropolitana), uma maior concentração de ati- Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando uma área de
vidades produtivas. Mesmo com toda a desconcentra- mais de 800 km de extensão. Essa reserva de petróleo
está localizada a uma profundidade superior a sete mil
ção industrial ocorrida nos últimos 30 anos, o Sudeste
metros abaixo do nível do mar, por baixo de uma cama-
e em especial São Paulo, ainda polariza as atividades
da de sal com espessura de 2 km, o que durante muito
     - tempo inviabilizou a sua exploração. Com o desenvolvi-
      
mento tecnológico, a Petrobrás já extrai grandes quanti-
podemos chamar esse processo de seletividade dos dades de petróleo na região. Estima-se que as reservas
- no pré-sal ultrapassam 200 milhões de barris e, por
res como espaços luminosos (com uma maior infraes- conta dessas reservas encontradas, o Brasil passou a ser
trutura, concentração de empresas e de atividades 
     - Em relação à energia nuclear, merecem destaque as
cos (também com uma infraestrutura, porém com um Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém
nível menor em relação aos espaços luminosos). sem muita representatividade na matriz energética
brasileira, que atualmente se divide da seguinte forma:

Lixívia e outras
renováveis
FONTES ALTERNATIVAS E ENERGIA NO 1,4%
Carvão
Outras não 5,7%
BRASIL renováveis
1,4%
      -
das para a produção de energia, que movimentam Lenha e Carvão
máquinas de maneira direta ou indireta. São extraí- vegetal
das da natureza e precisam passar por processos de 1,4%
transformação para gerar energia.
       reno- Petróleo e
váveis: hidrelétricas, energia solar, produção eólica Derivados da
derivados
(ventos) e geotérmica (do calor proveniente do interior cana
12,0% 36,4%
da Terra), Biomassa (produzida a partir da utilização
de matérias-orgânicas), energia das marés (força das
ondas) e do hidrogênio (por meio do processo de rea-
ção química entre oxigênio e hidrogênio que acaba Hidráulica
por liberar energia). As outras formas de energia são 12,0%
as não renováveis: combustíveis fósseis como o petró-
Gás natural
leo, carvão mineral, gás natural e o gás de xisto, além
13,0%
da energia nuclear, produzida por meio do processo de Nuclear
 1,4%

utilizar cada vez mais energias não poluentes e renová- Fonte: epe.gov.br
veis, com o objetivo de reduzir os impactos da matriz
energética sobre o meio ambiente. No Brasil já temos
programas de produção de energia com o objetivo de
reduzir os impactos ambientais, como por exemplo a
produção de etanol para combustível veicular, que foi
HORA DE PRATICAR!
inserido em nosso país nos anos 70 a partir do Progra-
ma do Álcool Brasileiro, principalmente a partir do 1º 1. (CEBRASPE-CESPE – 2013) Os recentes levanta-
choque do petróleo, ocorrido em 1973, que provocou mentos demográcos no Brasil e em diversos paí-
aumentos consideráveis no valor de barril. ses do mundo indicaram tendência de reversão do
O Brasil destaca-se também pela produção de esvaziamento da zona rural e, em alguns países,
energia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque verica-se até discreto crescimento da população
para as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte, rural. No Brasil, essa nova dinâmica, excluindo-se a
        fundamentação de base agrária, deve-se à
eólica, merece destaque o crescimento apresentado
na região nordeste na interface continente-oceano a) conguração de novas atividades rurais relacionadas
(litoral), especialmente a Usina de Prainha no Ceará. à vida urbana, como turismo, lazer, mercado imobiliá-
A produção da energia solar, em especial no cinturão rio e serviços.
do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na b) violência urbana, que tem provocado uma inversão
região Sul também aumenta cada vez mais. Como evi- do êxodo rural e, em consequência, na redução no
dência da biomassa temos o processamento de cana-
processo de urbanização brasileira nos cinco últimos
-de-açúcar e a produção de etanol. anos.
216
c) ligação da agricultura à indústria de alimentos, sem 5. (CEBRASPE-CESPE – 2017) A respeito do proces-
descongurar os setores agrícolas tradicionais, como so de urbanização do espaço brasileiro, assinale a
as unidades familiares de subsistência. opção correta.
d) atual expansão agrícola ou expansão das fronteiras
de recursos do Centro-Sul em direção ao Nordeste e a) A desmetropolização, diminuição do crescimento das
ao Norte do país, com dissolução de grande parte dos metrópoles em benefício das cidades médias, vem
reduzindo o número de cidades com mais de dez
problemas agrários históricos.
milhões de habitantes.
e) baixa possibilidade de aquisição de moradia nas cida-
b) As regiões Sul e Nordeste, embora sejam as menos
des brasileiras, especialmente nas pequenas é médias
povoadas, apresentam os maiores índices de
cidades. urbanização.
c) O Centro-Oeste, com exceção das cidades de Brasília,
2. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Os países emergentes Goiânia e Cuiabá, apresenta uma espacialidade urba-
apresentam, atualmente, crescimento econômico e na quase nula.
aumento em seu produto interno bruto (PIB), con- d) A concentração de habitantes no Sudeste reproduz a
texto que permite a concentração econômica do país, resultando na for-
mação de grandes cidades nessa região.
a) alteração da estrutura social, por meio da ascensão da e) A população está distribuída igualitariamente no espa-
população de baixa renda à classe média alta. ço urbano ao longo do território brasileiro.
b) distribuição mais igualitária da renda entre as clas-
ses sociais, vericada pelo índice de desenvolvimento 6. (CEBRASPE-CESPE – 2012) Até a década de 60 do
humano (IDH). século passado, a população brasileira era predomi-
c) eliminação das desigualdades sociais e econômicas nantemente rural, contudo, entre as décadas de 50
e 80 do referido século, milhões de pessoas migra-
em seus territórios.
ram do campo para as cidades, como atestam os
d) independência do capital externo, em razão da cres- dados do censo demográco brasileiro de 2010.
cente industrialização. Resulta desse processo de êxodo rural e intensa
e) independência de tecnologias importadas e a quita- urbanização a
ção completa do endividamento externo.
a) concentração da população brasileira em áreas urba-
3. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Em 2023, o Tratado de nas, nas quais residem mais de 80% da população
Itaipu terá de ser renovado e novas negociações total do país.
entre Brasil e Paraguai vão ocorrer, com possíveis b) diminuição da produção agropecuária brasileira.
pontos de discordância. Isso porque, além de outros c) desconcentração demográca nas regiões de antiga
interesses opostos, em 2013 o economista norte-a- industrialização, como o litoral das regiões Sudeste e
mericano Jefrey Sachs apontou que o Estado para- Nordeste do país.
guaio deverá rever o Tratado de Itaipu por conta de d) explosão demográca do Brasil, cuja população
em 2010 ultrapassou a marca dos 250 milhões de
sua dívida em relação à construção da usina, que é
habitantes.
de US$ 13,5 bilhões e deverá ser quitada até 2023,
e) criação de diversas pequenas cidades, o que mitigou
último ano do tratado.
o domínio cultural e econômico das capitais dos esta-
O consórcio entre Brasil e Paraguai para a construção dos sobre os demais municípios brasileiros.
da usina de Itaipu foi motivado pela
7. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Nos últimos 40 anos, o
a) demanda de energia da Argentina, que compra dos Brasil saiu da condição de importador de alimentos
dois países a energia gerada pela usina. para se tornar um grande provedor para o mundo.
b) demanda de energia do Brasil, que consome a maior Foram conquistados aumentos signicativos na
parte da energia gerada pela usina. produção e na produtividade agrícola. O preço da
c) demanda de energia do Paraguai, que comercializa cesta básica, no Brasil, reduziu-se consideravel-
parte de sua cota para a Argentina. mente, e o país tornou-se um dos principais players
d) situação política do Brasil, que investiu no desenvolvi- do agronegócio mundial. Hoje se produz mais em
mento econômico do Paraguai. cada hectare de terra, aspecto importantíssimo
e) situação econômica do Brasil, que arcou com a maior para a preservação dos recursos naturais. Entre os
indicadores mais ilustrativos da trajetória recente
parte dos custos da construção.
CONHECIMENTOS GERAIS

da agricultura brasileira estão os números de pro-


dução e os índices de produtividade. Entre 1975 e
4. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Com relação às hidrelé-
2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões
tricas, assinale a opção correta. de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo
236 milhões de toneladas, enquanto a área planta-
a) Apesar de ocuparem áreas pequenas, as hidrelétricas da apenas dobrou. O maior crescimento da produ-
interferem no curso dos rios. ção em comparação à área pode ser observado por
b) Nas hidrelétricas, a produção de energia pode ser con- meio da evolução do rendimento médio (quilos por
trolada, apesar dos custos muito elevados. hectare) das lavouras de arroz, feijão, milho, soja e
c) As hidrelétricas interferem diretamente no efeito estufa. trigo, no períodode 1975 a 2017. Destacam-se, ain-
d) Embora não emitam poluentes ou causem danos da, os aumentos de rendimento de 346% para o tri-
ambientais, as hidrelétricas produzem pouca energia. go, de 317% para o arroz e de 270% para o milho. O
e) A construção de uma hidrelétrica é relativamente rápi- rendimento da soja e dofeijão praticamente dobrou
da, mas a sua durabilidade é curta. no período analisado.
217
Qual dos seguintes fatores proporcionou, em gran- b) a redução drástica do poder decisório das oligarquias
de parte, o acréscimo vericado na produção agrí- estaduais e o surgimento de novos partidos políticos.
cola brasileira? c) o voto a descoberto — um direito exclusivo de homens
— e as recorrentes fraudes eleitorais.
a) Introdução de novas terras produtivas. d) a inexistência de manifestações políticas do segmen-
b) Implementação de novas tecnologias nas lavouras. to militar e o surgimento dos primeiros sindicatos.
c) Diminuição do controle químico de doenças por e) a acentuada participação da sociedade no processo
fungicidas. político e a redução das desigualdades sociais.
d) Contratação de maior efetivo de mão de obra pelas
empresas rurais.
e) Posse democrática da maior parte das terras no espa-
9 GABARITO
ço rural do país.
1 A
8. (CEBRASPE-CESPE – 2019) A partir de meados da
década de 90 do século passado, a cotonicultura 2 B
brasileira seguiu o caminho aberto pela expansão
3 B
da cultura da soja em direção ao Cerrado brasileiro.
Influenciaram esse processo as estruturas de trans- 4 B
ferência (transporte, comunicação e energia), as
condições naturais e geoeconômicas, os programas 5 D
governamentais de incentivos scais, o desenvolvi-
6 A
mento de novas tecnologias e a pesquisa biotecno-
lógica de novos cultivares adaptados e resistentes. 7 B
No período referido no texto, a expansão do algodão
para o Centro-Oeste brasileiro foi influenciada 8 A
9 D
a) pelas técnicas agrícolas instaladas na região.
b) pela recuperação da rede ferroviária surgida no país. 10 C
c) pelo incentivo à conservação da biodiversidade desen-
volvida na região.
d) pela otimização do sistema de informação adotado
por bancos e governo.
e) pela reformulação do parque agroindustrial então
ANOTAÇÕES
recém-implantado na região.

9. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Devido à atividade huma-


na, o efeito estufa, um mecanismo natural e neces-
sário à manutenção da vida, vem sendo afetado pelo
excesso de emissão de gases na atmosfera, o que
traz consequências danosas para os ecossistemas.
Os gases produtores do efeito estufa são transparentes

a) à radiação micro-ondas e causam o aquecimento da


superfície terrestre por agitação molecular.
b) raios ultravioleta UVC e causam o aquecimento exces-
sivo da superfície terrestre por evaporação dos mares.
c) aos raios ultravioleta UVA e causam o aquecimento
excessivo da superfície terrestre por transferência de
elétrons.
d) à radiação visível emitida pelo sol e causam o aqueci-
mento excessivo da superfície terrestre devido à reten-
ção de radiação térmica.
e) aos raios X e causam diretamente o aquecimento
excessivo da superfície terrestre por ssão nuclear.

10. (CEBRASPE-CESPE – 2012) No período compreendi-


do entre os anos de 1889 e 1930, vigeu no Brasil a
Primeira República, cujo colapso foi ocializado pela
Revolução de 1930, a qual deu origem à Era Vargas
(1930-1945). O regime republicano instituído no Bra-
sil, surgido de um golpe de Estado protagonizado por
militares do Exército, foi caracterizado por muitos
como a negação do próprio conceito de República.
Entre os aspectos mais característicos dessa primei-
ra etapa da República brasileira incluem-se

a) A a facilidade de acesso à educação formal e o reduzi-


218 do número de analfabetos.

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