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Cenas para audição

Capitu e Bentinho

Capitu: Dê-me o graveto, quero escrever uma coisa.

Capitu: Diga-me com sinceridade, sem mentiras.

Bentinho: O que?

Capitu: Se tivesse de escolher entre mim e sua mãe, quem escolheria?

Bentinho: Eu? Eu escolheria….. Mas para que escolher? Mamãe nunca me


perguntaria uma coisa dessas.

Capitu: É, mas eu pergunto. Imagine que você está no seminário e recebe a notícia
de que eu vou morrer…

Bentinho interrompe a fala.

Bentinho: Não fale isso!

Capitu: …Ou de que vou me matar de saudade se você não voltar e sua mãe não
quiser que você venha. Diga-me, você vem?

Bentinho: Venho!

Capitu: Contra a ordem de sua mãe?

Bentinho: Contra ordem de minha mãe!

Capitu: Você deixaria o seminário, deixaria a sua mãe, deixaria tudo, para me ver
morrer?

Bentinho: Não fale em morrer, Capitu!

Capitu dá um sorriso incrédulo e escreve no chão: mentiroso.


Dona Glória, José Dias e Prima Justina

D. Glória, José Dias, prima Justina, e Bentinho estão sentados à mesa de jantar
conversando sobre a entrada de Bentinho no seminário.

Prima Justina: Prima Glória, como andam as coisas para colocar Bentinho no
seminário?

D. Glória: Já estão muito bem encaminhadas.

José Dias fala logo depois apressadamente.

José Dias: Creio que, até o final do ano, Bentinho estará lá. Não é?

D. Glória: Com toda certeza, José Dias!

Bentinho: Mas e se eu não quiser se….

Bentinho é interrompido por sua mãe.

D. Glória: Nem pense em terminar essa frase. Vamos, termine de comer e depois
volte para suas lições.

Bentinho fica intimidado e assim que termina de comer se retira da sala.

José Dias: É… por que as senhoras não me acompanham em uma caminhada pelo
jardim?

D. Glória: Depois do que quase tive que ouvir, isso me parece uma boa ideia.

Prima Justina: Eu passo, prefiro ficar de olho em Bentinho do que passar tempo
com este senhor. Diz em tom debochado e se retira da sala.

José Dias: Era o que me faltava, nada fiz de mau a essa mulher. Diz com certo ar
de revolta.

D. Glória dá uma leve risada e ambos saem da sala.


Escobar

Escobar: Por que você anda tão distraído esses dias?

Bentinho: Tenho meus motivos.

Escobar: Deve ter, ninguém fica voando desse jeito à toa.

Bentinho: Escobar…

Escobar: O que foi?

Bentinho: Você é meu amigo, eu sou seu amigo também. Não há nesse seminário
ninguém em que eu confie mais do que você. Mesmo lá fora não tenho amizade
com mais ninguém.

Escobar: Digo o mesmo. Você é o único aqui com quem me sinto à vontade.

Bentinho se comove com a fala de Escobar e pergunta.

Bentinho: Escobar, você é capaz de guardar um segredo?

Escobar: Se pergunta, é porque duvida…

Bentinho: Desculpe, é só um jeito de falar. Sei que você é um moço sério, e faço
de conta que me confesso a um padre.

Escobar responde rindo.

Escobar: Se precisa de absolvição, está feito.

Bentinho: Escobar, não posso ser padre. Não posso.

Escobar: Nem eu, Santiago.

Bentinho: Nem você?

Escobar: Segredo por segredo. Não pretendo terminar o curso de maneira alguma.
Sempre tive vocação para o comércio. Mas esta conversa fica somente entre nós.
Não me entenda mal, eu sou religioso, porém o comércio é minha paixão.
Sancha

Após Escobar sair de perto de Bento, pois a conversa entre os dois já havia
acabado, Sancha vai ao encontro de Bentinho e inicia um diálogo curiosa sobre o
que eles tinham falado.

Sancha: Do que você e Escobar falavam?

Bentinho: Falávamos sobre um projeto. Não sei muito bem como irá acontecer.

Sancha: Olhe, não diga nada, mas será uma viagem para a Europa daqui a dois
anos.

Bentinho: Vamos todos?

Sancha: Vamos.

Sancha e Bentinho ficam flertando um com o outro por certo tempo. Capitu chama
Bento e fala que está na hora de ir. Os quatro se despedem e Sancha aperta a mão
de Bento, e demora para soltá-la mais do que o esperado. Mais uma vez, eles
trocam olhares.
OBS: não demorar muito na cena.

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