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Quando a vida chega a mim

Pelos vendedores do templo

Em seus natais empacotados

Gritando para os sem-tempo

Eu passo é desapercebido

Sorrindo e sem engano

O que se quer em cada dia do ano

Nesse horário todo amartelado

Toda vez, batendo do mesmo lado

É por alguma coisa na vitrine

Agora você imagine

Viver o todo tempo, nessa obrigação

De correr oito horas atrás de pão

Tanto pobre, como o rico

Trabalhador, pastor ou jerico

Chinês, baiano ou alemão

Culto, mestre ou mediano

Para quase todo ser humano

Quase tudo é, nada mais que só

O que se comeu até se virar pó

Escravo inconsciente do labor

Esquisito tipo de passatempo

Repete seu discurso, todo ano

Trabalhando o dia inteiro,

Na enxada ou no metropolitano

Neste quebra-cabeça divertido

Mas sempre atrás de dinheiro


Ninguém tá vendo o laço do passarinheiro?

Nem o tal de “me dê um trocado”?

Menin, não sei se te conto

Até mendigo bate ponto

E ninguém tem sido alarmado?

Que muito mais, nos é dado

Além dos ponteiros do bôbo?

O TEMPO DO BÔBO

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