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Metodologias de Pesquisa e de Trabalhos Científicos

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INTRODUÇÃO

O carácter científico é um dos grandes desafios de ser estudante do Ensino Superior. Ao estudante
universitário, é exigido o rigor, e a este nível, deve encarar o conhecimento, a ciência e a
investigação científica, com responsabilidade. Não basta procurar livros, ler, seleccionar e
transcrevê-los. Deve investigar, procurando encontrar respostas e soluções para problemas reais,
de forma racional, sistemática e rigorosa, como a própria ciência o exige.

A disciplina de Metodologia de Pesquisa para Trabalhos Científicos destina-se a oferecer aos


estudantes o sentido prático de um trabalho científico não só para os habilitar a elaborar os seus
trabalhos de fim de curso, mas também a encarar o dia-a-dia laboral como um processo que exige
uma certa metodologia cientifica em que é necessário identificar os problemas, investigar e
recolher os factos, elaborar as soluções e implantá-las. Ela visa introduzir os estudantes nos
princípios gerais das metodologias que orientam a actividade científica e familiarizá-los com
procedimentos usados na elaboração de trabalhos científicos.

OBJECTIVOS

Esta disciplina tem como objectivo principal a aprendizagem da sequência lógica e estruturada de
eventos, que deverão ser aplicados de forma coerente pelo estudante investigador, na condução de
trabalhos de investigação académica e científica, para a elaboração de propostas de investigação, e
na elaboração de Trabalhos de Fim de Curso para a obtenção do grau de licenciatura. Estes
conhecimentos irão capacitar e motivar os estudantes de forma a dar-lhes o necessário
conhecimento e motivação para mais facilmente poderem ESTRUTURAR e ELABORAR os
TRABALHOS CIENTÍFICOS.
Através desta disciplina, pretende-se, criar e desenvolver no estudante a necessidade de adopção
de métodos. técnicas e peocedimentos que possam potencializar o seu estudo e estimular o
processo de pesquisa na busca, produção e expressão do conhecimento. Do mesmo modo, a
mesma serve para despertar o interesse e valorização da pesquisa na sua vida académica, pessoal e
profissional.

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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO

Método é o programa que antecipadamente regulará uma sequência de operações a executar, com
vista a atingir certo resultado. (Estratégia). Descreve-se como é que a pesquisa foi realizada.

Metodologia é o conjunto de regras ou princípios empregues no ensino de uma ciência ou arte.

Alguns exemplos de Métodos ou técnicas de estudos:


- Planificar o estudo que tem a ver com a preparação do materail didáctico necessário no estudo
como livros, fichas de exercício, cadernosç gerii o tempo de estudo, isto é, estudar diariamente
uma a duas horas, com pequenas pauas de 5 a 10 minutos; ter noção de dar prioridade às
disciplonas mais complexas.
- Ler, proceder a leitura deve optar por uma leitura informativa, que deve ser rápida, isto é, dar
enfoque no que realmente lhe interessa.
‘ Tirar apontamentos, isto é, fazer as anotações pessoais, recorrendo a letras, números ou sinais de
pontuação, de modo que, mais tarde entenda o que escreveu.
- Fazer resumos, para tal, deve concentar-se, seleccionar o que é mais importante, deve ter
capacidade de sintetizar, deve manter fidelidade ao texto original e manter a estrutura do texto
original; o resumo poderá ser feito por palavras-chave (substantivos e verbos); frases-chave
(orações coordenandas e subordinantes e frases simples) e ideias mais importantes.
- Elaborar esquemas, através de palavras-chave, relacionar os conteúdos sintetizados.
- Depois de cada aula, fazer exercícios e todos os trabalhos aplicando o que aprendeu nas aulas.

TIPOS DE LEITURA
No âmbito de procura de conhecimentos há quatro tipos de leitura mais importantes:
A) Leitura de reconhecimento ou pré-leitura, que permite ao leitor verificar a existência ou não de
informação que necessita, dando ao mesmo tempo, uma visão global do assunto.
B) Leitura selectiva, conduzida para a selecção de informações de interesse, após a focalização
das mesmas. A selecção deve ser feita tendo em vista as proposições do trabalho, ou seja, os
problemas, as hipóteses, ou os objectivos.
C) Leitura crítica ou reflexiva, que implica o estudo, a reflexão e o entendimento dos significados.
Exige esforço reflexivo realizado através das operações de análise, comparação, diferenciação,
síntese e julgamento.
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D) Leitura interpretativa, que procura entender a intenção do autor. Abrange três aspectos: 1 –
Saber o que o autor realmenteafirma; 2 – Correlacionar as afirmações do autor com os
problemas para os quais se procura uma solução; e, 3 – Julgar o material colectado em relação
ao critério de verdade, e cuidar para que todas as afirmações sejam comprovadas.
Concluída a análise e o julgamento, passa-se ao processo de síntese.

ACTO DE LEITURA
Fazer anotações são reacções ou comentários pessoais e podem expressar-se de várias formas,
é o acto de registar algo que o despertou interesse.

TIRAR APONTAMENTOS
Deve escutar e seleccionar o que realmente lhe interessa Deve registar as ideias mais
importantes, frases mais importantes ou palavras que encerram maior significado (palavras-
chave).

RESUMO
É a apresentção resumida, clara e precisa do texto, destacando-se os aspectos de maior
interesse e importância
Deve ser redigido de forma impessoal, não excedendo as 500 palavras, dependedo do tipo de
trabalho a ser apresentado.
Deve dar ao leitor informações básicas sobre o texto original; Apresentar as ideias principais e
as relações existentes entre elas.
Deve mencionar o autor do texto original em diversas partes do resumo e de formas diferentes.
Deve atentar para a correcção gramatical e usar vocabulários adequado à situação.
O texto deve ser em prosa, não deve ser produzido em tópicos.
Deve usar, predominantemente, o verbo na voz activa e na 3ª pessoa. As palavras-chave são
colocadas após o resumo, indicadas pela expressão “Palavras-chave” e devem estar separadas
por vírgulas e finalizadas com um ponto.

RESENHA-RESUMO
É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de
uma peça teatral ou de um espectáculo, sem qualquer cr´tica ou julgamento de valor. Trata-se
de um texto apenas informativo, pois o objectivo principal é informar o leitor.

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RESENHA-CRÍTICA
É um texto que, além de resumir o objecto, faz uma crítica apontando os aspectos relevantes. É
um texto reduzido a seus tópicos principais, sem a presença de comentários ou julgamentos. A
resenha é uma crítica.
Deve constar na resenha-cr`tica: Referência da obra, informações sobre o autor, comentários e
julgamento do resenhista.

CONHECIMENTO DO SENSO COMUM


O conhecimento do senso comum, também conhecido por conhecimento ordinário, comum ou
empírico, é a forma mais usual utilizada para interpretar a si mesmo, o seu mundo e o universo
como um todo, produzindo interpretações sensoriais. Valoriza a percepção sensorial,
fundamentado na tradição.
Por exemplo: linguagem vaga e baixo poder de crítica e desconhecimento dos limites de
validade, carácter utilitarista e solução de problemas imediatos e espontaneidade.

O conhecimento do senso comum surge da necessidade de se resolver problemas imediatos e


decorrem do contacto com os fenómenos do dia-a-dia, interpretados através da percepção
sensorial. É um conhecimento resultante da necessidade de criar soluções para os problemas de
sobrevivência.
O conhecimento do senso comum é útil (Carácter utilitarista), apresenta um nível superficial
de consciência, não há preocupação de um aprofundamento crítico, nem recionalista. É viver
sem conhecer, quando se apresentam informaões e se procuram soluções para problemas
imediatos. Não há preocupação de se especificar as razões ou de se apresentar fundamentos
teóricos que demonstram ou justificam o seu uso, possível correcção ou grau de confiança.
Não se compreende, nem se sabe explicar as relações que há ente os fenómenos.
O que interessa, neste tipo de conhecimento, é a sua utilidade e funcionalidade na solução de
problemas imediatos, sem explicações do seu sucesso. Alguns desses conhecimentos são
transmitidos de geração para geração (ervas medicinais).

Subjectividade e Baixo Poder De Crítica


O conhecimento do senso comum apresenta uma objectividade muito superficial, pois está
associado à vivência, à percepção orientada para interesse prático imediatista e também está
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muito ligado a crenças pessoais. Tem dependido do envolvimento do indivíduo que o elabora,
permanencendo ligado às propriedades individuais de cada fenómeno.
O conhecimento do senso comum é subjectivo e inseguro devido à incapacidade de se
submeter a uma crítica sistemática e isenta de interpretações sustentadas apenas em crenças
pessoais.
Linguagem vaga
A falta de especificidade da linguagem dificulta a delimitação da significação dos conceitos,
impossibilitando a realização de experiências controladas que permitam estebelecer com
clareza que manifestações de factos ou fenómenos se tranformem em evidências que
contrariam ou estabelecem determinado juízo de uma crença. A significação dos conceitos é
produto de uso individual, suubjectivo e espontâneo que se enriquece e se modifica
gradualmente em função da convivência de um determinado grupo.
Desconhecimento dos limites de validade
Esta è uma das características do conhecimento do senso comum que tem a ver com a
incapacidade crítica no que diz respeito à inconsciência dos limites de validade das suas
crenças.
Este tipo de conhecimento não proporciona uma visão global e unitária da interpretação de
fenómenos.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O homem recorre à ciência movido de compreender as relações entre os objectos, factos ou
fenómenos que antes eram interpretados pela percepção sensorial.
O conhecimento científico apresenta as seguintes cracterísticas: dúvida, investigação e
conhecimento; ideal da racionalidade e a verdade sintáctica (caracter particular inerente aos
postulados gramaticais) semântica (estudo do significado nos mais diversos níveis do
discurso); historicidade dos critérios e cientificidade; carácter hipotético do conhecimento
cientÍfico; linguagem específica e poder de crítica; e verdade pragmática (linguagem no
contexto de seu uso na comunicação).

Dúvida, investigação e conhecimento


O conhecimento científico é resultante da investigação científica. Surge do desejo de dar
explicações sistemáticas (respostas) que possam ser testadas e criticadas através de provas
empíricas e da discussão inter-subsjectiva.

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A investigação científica tem início quando se descobre ques os conhecimentos existentes são
insuficientes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem.
A investigação científica é a construção e a busca de um saber que acontece no momento em
que se reconhece a ineficácia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder, de forma
consistente e justificável, a perguntas e dúvidas levantadas.
A investigação científica começa com:
- identificação de uma dúvida (uma pergunta que ainda não tem resposta);
- o reconhecimento de que o conhecimento existente é insuficiente ou inadequado para
esclarecer essa dúvida;
- a necessidade de elaborar/construir uma resposta para essa dúvida;
- a prova de segurança e de confiabilidade que justifiquem a crença de ser uma resposta
correcta.
O conhecimento científico, baseia-se em dois princípios o da racionalidade e o da
objectividade.
A ciência, ao sistematizar as diferentes teorias, procura unir uma lei a outra, uma teoria a outra
e um campo da ciência ao outro, de tal forma que se possa, através dessa visão global, perceber
as inconsistências e corrigi-las.
A investigação científica é estimulada a criar fundamentos mais sólidos para os seus
conhecimentos e a testar as suas hipóteses de uma forma mais rígida.

A linguagem do conhecimento científico, elaborada à luz das teorias, transforma-as em


conceitos que têm uma significação unívoca e convenientemente construída e universalmente
aceite pela comunidade científica.

Um conhecimento científico, para ser aceite como científico pela comunidade científica, deve
satisfazer a critérios que justifiquem a sua aceitação. Um conhecimento é aceite como científico
quando segue o método cinetífico, isto quer dizer que existe um método, um procedimento
dotado de passos e rotinas específicas que indica como a ciência deve ser feita para ser ciência.
O conhecimento científico orienta-se conscientemente em direcção da localização e eliminação
do erro, através da discussão objectiva (inter-subjectiva) de suas explicações, dos seus
enunciados e das suas teorias.
Método cienífico é o conjunto de procedimentos não paronizados adoptados pelo investigador,
orienntados por posturas, atitudes críticas e adequados à natureza de cada problema a ser
investigado.
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O Método cienífico é a forma crítica de produzir o conhecimento científico, que consiste na
proposição de hipóteses bem fundamentadas e estruturadas em sua coerência teórica (verdade
sintáctica) e na possibilidade de serem submetidas a uma testagem crítica (verdade semántica)
avaliada pela comunidade científica (verdade pragmática). Esses são os três critérios de
verdade a serem adoptadas para o conhecimento científico.

Critério hipotético do conhecimento científico


O conhecimento científico também é falível, o investigador pode elaborar hipóteses
inadequadas, excluindo factores significativos relacionados com o problema.
Para se reconhecer a natureza hipotética do conhecimento científico, ele deve ser
constantemente submetido a uma revisão crítica, tanto na consistência lógica interna das suas
teorias, quanto na validade do seus métodos e técnicas de investigação.
O que se observa no conhecimento científico é uma retomada de teorias e problemas do
passado e do presente através da crítica severa e sistemática.
O que distingue o conhecimento científico de outros conhecimentos é a forma que adopta para
investigar os problemas. A atitude, a postura científica, que consiste em não dogmatizar os
resultados das pesquisas, mas tratá-los como hipóteses que necessitam de constante
investigação e revisão crítica inter-subejctiva, é que torna um conhecimento objectivo e
científico.

Pesquisar para quê?


1) Pelo desejo de conhecer e pela satisfação de conhecer a ciência.
2) Pelo desejo de conhecer, com vista a fazer algo eficiente e eficazmente, aplicando as ciencias
aplicadas e tecnológicas.
3) A pesquisa origina novas descobertas, através da aquisição de conhecimentos, novas
conquistas, novas teorias ou avalia as teorias existentes e resolve problemas específicos.

Algumas características da pesquisa:


- Discussão de ideias e factos relevantes, com base num marco teórico bem fundamentado;
- O assunto discutido é reconhecido e claro para o autor e para os leitores;
- O assunto deverá ter utilidade para a ciência e para a comunidade;
- O autor terá que dominar o assunto escolhido e terá que ter capacidade de sistematizá-lo, recriá-
lo e criticar o material recolhido;

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- O autor terá que dominar o assunto escolhido e terá que ter capacidade de sistematizá-lo, recriá-
lo e criticar o material recolhido;
- A pesquisa traz uma novidade;
- As conclusões podem ser aceites ou contestadas através da verificação.
- Os dados fornecidos são documentados com rigorosidade;
- A redacção desta pesquisa deve ser:
(1) correcta gramaticalmente; (2) clara fraseologicamente; e, (3) precisa terminologicamente.

Algumas características do pesquisador:


Ser Inovador; Ter conhecimento do assunto a ser estudado; Ter formação multidisciplinar,
aprofundada; Ter sensibilidade social, imaginação disciplinada e ter visão sistémica;
APRENDER A APRENDER; Ter curiosidade e criatividade; SABER FAZER, ESTUDAR,
PESQUISAR, ter confiança na experiência; Manter-se actualizado a nível informático;
EVITAR a compartimentalização do saber; Ter visão humanística perante os fenómenos a serem
estudados e os dos interesses da sociedade.
O pesquisador deve pautar-se pela interdisciplinaridade deve perceber que um conhecimento
mantém um diálogo constante com outros conhecimentos, pois não estão fragmentados. Em
alguns pontos eles estabelecem relação de aproximação entre si,
A interdisciplinaridade deve ser vista como eixo integrador de todas as disciplinas, permitindo
compreender um fenómeno sob vários pontos de vista (Almeida, 2006).

PROCEDIMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO


1 – MONOGRAFIA
Conceito de Monografia
A Monografia é uma exposiçao escrita, metódica e completa sobre um probema ou assunto
específico e preciso, que resulta de um trabalho de investigação.
A estrutura da Monografia compreende três partes: Elementos pré-textuais, os textuais e os pós-
textuais.

Elementos Pré-Textuais
Capa/folha de rosto/folha de aprovação (versão final)/dedicatória/agradecimentos/parecer do
supervisor/resumo e abstract/índice/lista de figuras ou ilustrações/tabelas/lista de
abreviaturas/lista de siglas/símbolos/errata/epígrafe.

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Resumo - é a síntese dos aspectos relevantes numa linguagem clara e directa, onde é apresentado
o tema ou assunto do trabalho.
Epígrafe – é a transcrição de um pensamento, citação, frase, poema ou música.

Elementos Textuais
I - Introdução
Definição do tema – De acordo com Marconi e Lakatos (2012: 44) para a escolha do tema há
que ter em conta dois factores internos e externos.
a) Factores internos
1. Seleccionar um assunto de acordo com as inclinações e aptidões de quem se propõe a
elaborar um trabalho;
2. Seleccionar um assunto compatível com as qualificações do investigador (formação e
bases);
3. Encontrar um objecto que possa ser investigado cientificamente.

b) Factores externos
1. Tempo (disponibilidade);
2. Existência de obras relacionadas com o assunto;
3. Possibilidade de consultar especialistas da área para orientação da investigação-pesquisa.

Delimitação do tema – Segundo Marconi e Lakatos (2012: 35) para a delimitação do tema
recorre-se a:
a) Distinção do sujeito do objecto
1. O sujeito é a realidade sobre a qual se deseja saber alguma coisa;
2. O objecto de um assunto é o tema propriamente dito;
3. Corresponde aquilo que se deseja saber ou realizar a respeito do sujeito;
4. É o conteúdo que se focaliza em torno do qual gira à discussão.

b) Especificação dos limites da extensão do sujeito e do objecto


1. Adjectivos explicativos ou restritivos;
2. Complementos nominais de especificação;
3. Determinação das circunstâncias.

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Definição/formulação do problema
Prende-se ao tema proposto, esclarecendo a dificuldade específica com que se defronta e o que se
pretende resolver por intermédio da pesquisa. O problema a ser investigado não é formulado
como sendo uma pergunta, nem como uma proposição ou uma simples frase de constatação.
Deve ser formulado numa frase que induza a percepção de exixtir uma relação de causa/efeito de
impacto não desejado ou problemático e que requer atenção para a sua solução.
A pergunta a investigar: é a parte da pergunta a investigar que se compreende de forma mais
clara como se deve conduzir todo o processo de investigação para se dar solução ao problema a
ser investigado.

Definição das hipóteses e das variáveis


As hipóteses de Investigação (Opcional) – são uma afirmação provisória acerca da realidade.
Serve para orientar o investigador sobre os dados a colectar.
As hipóteses não são enunciadas formalmente, quando se trate de uma pesquisa em que o
objectivo é o de Descrever determinado fenómeno ou características de um grupo. Na Pesquisa
em que o objectivo é o de Verificar relações de associação ou dependências entre variáveis, é
fundamental enunciar as hipóteses, de uma forma clara e precisa.

Variáveis – numa pesquisa, as variáveis são aspectos dum fenómeno, que se podem observar (é
algo que representa classes de objectos).

Definição dos objectivos


Objectivos gerais (definem o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa)
devem contemplar os objectivos da sociedade de acordo com seus valores e ideais; e,

Objectivos específicos (definem as etapas que levam a alcançar os objectivos gerais) são
elaborados de acordo com as exigências e resultados do PEA-Processo de Ensino-
Aprendizagem.
Os objectivos devem ser elaborados através de frases com verbos no infinitivo como, por exº.:
avaliar, descrever, comparar, explicar, interpretar, relatar, analisar, definir, classificar…
Os objectivos precisam de ir além do conteúdo específico e contemplam: CHA- Conhecimentos
(C), Habilidades (H) e Atitudes (A). Conhecimentos referem-se ao que se pretende compreender
sobre factos, conceitos , teorias e princípios, para as habilidades que se é capaz de fazer. Por
último, atitudes têm a ver com a opinião, a atitude que se deseja, valores, etc.
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No âmbito da investigação estabeleceram-se dois paradigmas: fenomenológico ou qualitativo e
positivista ou quantitativo.
Paradigma fenomenológico ou qualitativo trata de questões subjectivas, não pode se considerado
como científico.
Paradigma positivista ou quantitativo é diferente do fenomenológico na forma de abordagem e
tratamento dos tópicos e investigação. (CF Anexos 1 e 2).
Paradigma é designado como sendo a forma de fazer coisas e ou seguir práticas e ou
procedimentos, obedecendo e seguindo determinados modelos e padrões que estão previamente
estabelecidos e aceites como certos e como válidos, no âmbito de um determinado contexto.
Ambos os paradigmas têm como objetivo a compreensão e a resolução dos fenómenos e dos
problemas que surgem no contexto real.
No âmbito do paradigma quantitativo ou positivista, a pergunta a investigar deve manter-se
constante e inalterável ao longo do processo de investigação.
A pergunta deve:
- expressar a relação entre as variáveis;
- ser definida em forma de pergunta e sem ambiguidades; e,
- permitir a possibilidade de testes empíricos.
No âmbito do paradigma quantitativo ou positivista é comum colocar-se a pergunta como sendo
uma hipótese, especialmente quando se conduz uma investigação do tipo experimental.
Nas metodologias fenomenológicas ou qualitativas, a pergunta a investigar é colocada de forma a
induzir, à partida, um estudo exploratório, com o objetivo de se entenderem as atitudes, as
opiniões, os comportamentos e os procedimentos das pessoas envolvidas num determinado
fenómeno ou num dado problema no contexto do mundo real.
No paradigma quantitativo ou positivista faz a colecta, estuda e trata de dados e informação
quantitativa. (Exº produtividade, nº de alunos reprovados, etc.) e aplica métodos estatísticos.
No paradigma fenomenológico ou qualitativo faz a colecta, estuda e trata de dados e informação
qualitativa. (Exº percepções, problemas sociais, saúde, opiniões, etc.) de forma a compreender e
explicar fenómenos sociais e humanos.

V – As Justificativas
As justificativas para a escolha do assunto, as características do ambiente de estudo e a
organização do trabalho.
As motivações do autor (razões na escolha do tema).
Limites temporais e espaciais (restrições e limitações).
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Para terminar a Introdução deve referir-se os tópicos principais do texto, dando a ordem de
exposição do trabalho, i.e, estrutura do trabalho).

II - Revisão da literatura/Fundamentação Teórica


Fundamentação teórica (ou revisão da literatura) – é reflectir e compreender formalmente o
“estado da arte” em relação ao problema de pesquisa. Reflecte: a opção do pesquisador; o
conjunto de conceitos, modelos e teorias que constituem o arcabouço (fundamentação)
teórico, i.e., onde estão as preocupações científicas do pesquisador; a base e o referencial da
metodologia de pesquisa, da colecta e análise de dados.

a) Marco conceptual (definição dos conceitos básicos); b) desenvolvimento cirscunstancial,


descritivo e detalhado do fenómeno em estudo; c) marco teórico da dundamentação teórica
(conjunto de teorias que servem de fundamentação e suporte explicativo à pesquisa), as
abordagens para além da sua descrição, devem evidenciar a análise crítica e o
posicionamento do autor; e, d) marco referencial (apresentação sucinta dos resultados das
pesquisas de outros autores em estudos internacionais, regionais e nacionais).

III - Metodologia
Definição justificada da vertente metodológica
Metodologia é a parte do texto que apresenta o conjunto de métodos, técnicas, procedimentos e
instrumentos do trablaho empírico da pesquisa, nela, constam entre outros, os seguintes
elementos: a) tipo de estudo e desenho da pesquisa; b) população/universo e amostra; c) técnicas
e instrumentos de recolha de dados; d) procedimentos administrativos, de selecção da amostra
incluindo tipo de amostragem e os critérios de inclusão e de exclusão, e de recolha de dados.

É através do Método que encontramos:


a) - tipos de investigação: exploratória, descritiva, explicativa;
b) – estratégia da pesquisa: quantitativa ou qualitativa; e
c) – método adoptado: estudos de caso; estudos monográficos; levantamentos, sondagens, etc.
Participantes - quem participa no estudo, quantos são e como foram seleccionados os
participantes (incluindo: formação, profissão, sexo, idade, estado civil, etc.) e a questão do
consentimento dos participantes.
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Instrumentos – descrição do material: testes, escalas, questionários.
Procedimentos – deverá constar os procedimentos desenvolvidos para a realização da pesquisa:
aplicação de instrumentos; a colecta de dados no campo; a análise dos dados colectados no
campo.
Apresentação dos dados recolhidos – apresentam-se estes através do instrumento utilizado.

IV - Resultados
Apresentação, leitura e interpretação dos dados recolhidos.
Análise dos Dados/resultados – há que fazer inferências (deduções) sobre os dados recolhidos.

V - Discussão
Consiste na análise e explicação dos resultados observados e suas implicações, à luz dos modelos
teóricos e estudos de outros autores apresentados na revisão da literatura.

VI - Conclusão
Principais resultados do trabalho. Inicia-se com a formulação do problema abordado no trabalho,
depois as conclusões dos capítulos e finaliza-se com sugestões ou recomendações do trabalho
futuro.
Conclusões e sugestões – que deverão fazer a ponte entre os objectivos propostos, as questões
de investigação ou as hipóteses através dos dados recolhidos.

Elementos Pós-Textuais
Bibliografia, Referências Bibliográficas, Apêndices, Anexos e Glossário.
Bibliografia é a lista de livros, artigos e outros elementos de autores utilizados ao longo do
texto;
Referências Bibliográficas é a lista de livros, artigos e outros elementos de autores
efectivamente utilizados e referenciados ao longo do texto;
Apêndices são ilustrações e ou documentos elaborados pelo autor da pesquisa;
Anexos são ilustrações e ou documentos elaborados por outros autores;
Glossário relacão de terminologia técnica e de palavras estrangeiras adoptadas no texto, seguidas
de respectiva definição ou tradução.
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2 - RELATÓRIO DO ESTÁGIO

Conceito de relatório de culminação de curso


O relatório de estágio é um documento que descreve de forma obvjectiva os factos observados e
as actividades desenvolvidas numa instituição ou empresa, seguidas de uma análise crítica e
conclusiva, além da indicação das prováveis soluções. O relatório deve reflectir a metodologia
científica, compreensão da bibliografia citada, os métodos e técnicas empregues e o significado
dos resultados e dos procedimentos encontrados ou utilizados.
Tipos de relatório: a) técnicos-científicos; b) de viagem; c) de estágio; d) de vivista; e)
administartvos e, f) fins especiais.
A estrutura do relatório de estágio observa as seguintes partes: Elementos pré-textuais, os
textuais e os pós-textuais.

Elementos Pré-Textuais
Capa/folha de rosto/folha de aprovação (versão final)/dedicatória/agradecimentos/parecer do
supervisor/resumo e abstract/índice/lista de figuras ou ilustrações/tabelas/lista de
abreviaturas/lista de siglas/símbolos/errata/epígrafe.

Elementos Textuais
Elementos textuais as partes que constituem esta secção são as seguintes:
1 - Introdução – parte que contextualiza o objecto e objectivo do relatório, local e duração do
mesmo, os objetivos do estágio e a justificação da realização do estágio.
2 - Apresentação da instituição ou local de realização do estágio, sua história, objectivos,
estrutura orgânica, nº de trabalhadores e actividades realizadas no sector ou área onde o estágio
foi realizado, relevância da instituição e da área do estágio para a formação do estagiário, bem
como o contributo que se espera do estagiário para a instituição e área do estágio.
3 - Plano de atividades - descrição dos procedimentos que conduziram ao plano de acividades,
identificação dos objetivos a alcançar através do plano, e a apresentação do referido plano
aprovado pelo orientador e supervisor.

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4 – Actividades desenvolvidas pelo estagiário – descrição das atividades desenvolvidas na
instituição em que estagiou; apresentação dos objetivos de cada atividade e discussão das
principais aprendizagens resultantes das atividades mencionadas.
5 - Fundamentação teórica – apresentação da confrontação teórica das principais aprendizagens
com as teorias abordadas ao longo do processo de formação.
6 - Conclusões – evidenciação de aspectos mais importantes do estágio de forma sintética e
interpretativa, observações críticas julgadas convenientes, e reflexçpessoal sobre a experiência
adquirida.
6 – Recomendações/sugestões – apresentação de ideias que poderão ajudar a mehorar o que se
identificou como constrangimentos no processo do estágio.

Exposição da finalidade e dos objectivos do trabalho e inclui o objecto de estudo, o ponto de


vista sob o qual o assunto foi abordado, trabalhos anteriores que abordam o mesmo tema, as
justificações que levaram a escolha do tema, o problema de pesquisa, a hipõtese de estudo, o
objectivo pretendido, o método proposto, a razão de escolha do método e principais resultados.
Desenvolvimento – parte principal e mais extensa do trabalho. Apresetação da fundamentação
teórica, da metodologia, dos resultados e da discussão. Pode dividir-se em secções e subsecções.

Elementos pós-Textuais
Bibliografia, referências bibliogáficas, apêndices, anexos e glossário.

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Normalizações básicas

Citações
Livres- reproduções de ideias sem transcrever as palavras do autor.
Textuais- Transcriçõs literais, i.e., cópias do texto do autor.
Citação de citação – informação retirada de documentos consultados e não das obras originais.

Notas de rodapé
Bibliográficas – referenciam fontes bibliográficas utilizadas no texto.
Explicativas – são observações ou comentários pessoais do autor, para completar a
informação do texto.

Referências Bibliográficas
Dos Autores – Apelido (em maiúsculas), 1º nome, Instituição/Entidade.

Dos livros - Apelido (em maiúsculas), 1ºs nomes, data da publicação (ano), Título da obra (em
itálico/negrito/sublinhado), Subtítulo (em itálico/negrito/sublinhado), Número da Edição, Local
da publicação (Cidade), Editora, e por último, Número total de páginas (Opcional).

De Capítulos de livros – Autor do capítulo, título do capítulo, seguido de in Autor do Livro, Data
da publicação (ano), Número da Edição, Local da publicação (Cidade), Editora, e por último,
Número de páginas do capítulo.

De Teses, Dissertações - Apelido (em maiúsculas), 1ºs nomes, Título da obra (em
itálico/negrito/sublinhado), Subtítulo (em itálico/negrito/sublinhado), data da apresentação (ano),
Número de páginas ou Volumes, designação da tese, Grau, Nome da
Instituição/Universidade/Faculdade.

SIGLAS

apud – citado por… i.e. citação duma citação.

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idem ou id – a mesma coisa
op cit – na obra citada.
sic – quando há erros ortográficos ou palavras estranhas nas citações literais.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
1 - BARATA, Óscar Soares (1998) Introdução às Ciências Sociais, Vendas Novas: Bertrand
Editora.
2 - DUPUY, Jean-Pierre (2001) Introdução às Ciências Sociais. Lógica dos Fenómenos
Colectivos. Ellipses/Instituto Piaget.
3 - GHIGLIONE, Rodolphe & MATALON, Benjamim (1993) O Inquérito- Teoria e Prática.
Oeiras: Celta Editora.
4 - GIL, A.C. (2010) Como elaborar Projectos de Pesquisa, 5ª Edição, São Paulo: Atlas.
5 – HUSSEY, J. & HUSSEY, R. (1997) Businss research: A Pratical guide fou undergraduate
and postgraduate students. Houndmills: MacMillan Press.
6 - LAKATOS, Eva e Marconi, Marina (2001) Metodologia do Trabalho Científico. 6ª Edição.
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8 - PINTO, José Madureira (1994) Propostas para o Ensino das Ciências Sociais. Porto: Edições
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9 - QUIVY, Raymond & CAMPENHOULDT, Luc Van (1998) Manual de Investigação em
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10 - SERRA, Andrea (2004) Manual de Metodologias de Pesquisa. Maputo: ISPU.

A Docente

PhD, Ana Maria Pinho Guina

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