Bem-vindo(a) ao Scribd!
Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Passatempos e Artesanato Documentos
Crescimento Pessoal Documentos
Fonologia e Ensino - Seara - Nunes - Lazzarotto-Volcão
j i/ — sai (3)] / 4tono junto a outra vogal - impor — cinto — imposto — tintura ty /iN/ | — <6> cantor — cémodo — tomate ° a pato. (i dtono em final de palavra <0> ~ <6> pode — édio — bolinha fol | — tombo — onde — tombado — condena JON 168A Fondtica, a Fonolgia € 0 eno a ~ va vu uj] sos may (wy tumbigo ~ juntar ~ junto ay | sens ‘Aqui apresentamos as vogais nasais ‘com base na teoria bifonémica (vx), porque a ortografia é baseada nessa representagao fonolégica. Quadro 2: Correspondéncias entre grafemas, fones e fonemas relativos as consoantes do re. Grafema Exemplos Fones | Fonemas | nee Pato (p] /p/ todo [t] 7 <> tia Le) yt) L seguido de data {4] Jal o> dia [43] yal L. seguido de faca [f] 7£/ <> vaca ] ft) <> cota Ik] 7k/ seguido de , , ae cinema (s] isl seguido de , quilo [k] 7s) | _(com ‘u’ nao pronunciado) aie [kw] 7e/ (com ‘u’ pronunciado) T chato | Ul mM ganho In] Ind talho ta) | as 169‘PARA CONHECER Fonética e Fonologia do portugues brasileiro <> moda {n] /n/ em inicio de silaba nada [n] Ind em inicio de silaba —— — aro — prato [rc] Te] entre vogais ou em encontros consonantais , , ete. <> par tr em final de silaba (depende do dialeto) [x] fy] [h] [A] ltt] ug tx] Lt) <= a [s] /s/ em inicio de palavra cbs — mesmo — gosta we em final de silab; di ia I m fin: Hl e silaba (depende do dialeto) [Ey (3 is/ © [s] /s/ {s] /s/ entre vogais excegio i] 7a/ exsudar Ls a nascer [ s dsl 170[A Fonética, a Fonologia@ 0 ensino final de silaba ¢ nasgo sxe da enxada exe plicar | (depende do dialeto) | exame | > 5 zebra inicio de silaba <> veloz— vez (depende do dialetoy < seguido de , , gata — gota— gula final de silaba segui dodece>, cs aguenta ~ linguistica [gw] s/ | seguido de , geral — girafa 6] ae jaca isl i _| & Tata ih} inicio de silaba aa TH Tel mw (depende do dialeto) Os Quadros 1 ¢ 2 foram apresentados para os conhecimentos relativos aos fones, fonemas com os grafemas. A importancia da conscie! retomada a seguir. Vamos continuar refletindo sobre guinte pergunta: 0 que significa “ler”? Basta abrir alguns diciondrios ¢ veremos que ler vai além de saber ju conhecer, interpretar. Para que a esquisas ni interpretagdo oc que pudéssemos agregar e suas correspondéncias agdio dessas relagdes sera essas habilidades. Propomos a se- ntar letras em palavras. “Ler” significa orra, obrigatoriamente, € tam revelado que analfabetos ou preciso desvendar 0 cédigo. P pessoas de baixa instrugdo niio consegu gar ow mover fon s. Um analfiabeto parece nijo ser capaz ele tera rem manipular os sons das palavras, ou seja, ndo conseguem apal emas € assim formar Novas palavras, atribuindo novos sentidos de perceber que se for tirado o primeiro som da palayra “meu Perceba que ndo estamos aqui falando de letras, uma nova palavra “eu”. 71PARA CONECER Fonética e Fonologia do portugues brasileio mas dos fonemas que elas representam. A esta capacidade de pensar meta. linguisticamente, chamamos de consciéncia fonémica. A consciéncia fonolégica compreende a consciéncia fonémica que, por sua vez, envolve a capacidade de reconhecer € manipular fonemas das palavras que constituem a lingua. A consciéncia fonolégica, mais ampla do que a fonémica, implica diferentes habilidades € ocorre no nivel da consciéncia da palavra, da consciéncia silabica ¢ da consciéncia fonémi- ca, revelando-se em um processo de matura¢do nessa ordem. Sao cinco as habilidades em consciéncia fonémica: (1) apagamento de fonemas: (2) combinagao de fonemas; (3) identificagdo ou detecgao de fonemas; (4) segmentacao (ou andlise ou decomposi¢ao) de fonemas; e (5) invariancia (ou reversao) de fonemas. Independente dos porme- Como vimos, a consciéncia fonolégica € a habilidade de reflexao sobre as unidades sonoras da lingua. a consciéncia da palavra, da silaba e dos fonemas. A consciéncia fonémica nores das hierarquias das consci- éncias, o professor deve explorar a representagao das classes dos sons, fazendo com que a crian- constitui-se em uma sub-habilidade da consciéncia fonolégica, uma vez ga perceba que os fonemas sio pecas que se combinam para formar palavras. Nao podemos que se define como a capacidade de atentar para as unidades minimas da lingua — os fonemas. esquecer que as letras (ou nome das letras) estéo sempre enganando os aprendizes, j4 que elas guardam valores diferentes dentro de uma sé representacao. O segredo da decodifi- cacao é a relagdo grafema/fonema (apresentada nos Quadros | e 2). O grafema é a unidade minima distintiva (porque nao é divisivel) de um sistema de escrita, ou seja, é a representagao grafica de um fonema. O ‘b’, por exemplo, € um grafema que tem uma relagdo biunivoca, 0 que significa dizer que o fonema (b], vai ser sempre representado pelo grafema ; um grafema para um fonema, nao importa diante de qual vogal esteja ‘ou que posigao ocupe na palavra, terd sempre o mesmo valor. Os grafemas , , , , e sao biunivocos e, por isso, sio os mals faceis de serem aprendidos. Alguns grafemas tém valores previsiveis ¢m algumas posigdes como € 0 caso do , , e quando estio em inicio de vocabulo ou entre vogais; outros vao depender da posigio & das letras que vém antes ou depois. Os grafemas e podem ambos 172‘AFonética, a Fonologia@ o ensino ter valor de /3/, como em ‘cito” ou *yclo’, respectivamente, O grafema pode ter ainda valor de /g/, como em “gato”. Os grafemas € tem valor de /s/ independente do contexto, mas os grafemas , , , sb tero valor de /s/ quando seguidos de vogais anteriores, Veja em ‘nasce” (/nase/). J4 em “tasea’ (/'taSka/), essa relagio muda, O grafema pode ter valores //, /s/, /2/ e /ks/ de modo imprevisivel, como em ‘enxa- me*(/eN'fame/), ‘experiéneia’ (/eSperi'eNsia/), ‘exato’ (/e'zato/) © “taxi” (/‘taksi/), respectivamente. Geralmente, os futuros alfabetizadores pouco refletem sobre essas ques- tes € nao percebem que existe uma hierarquia de complexidade ja testada ¢ registrada pelos pesquisadores da Educagao. Refletir sobre o grau de difi- culdade ¢, a partir dessa andlise, bolar estratégias para o desvendamento do cédigo pode ser uma pista para aqueles que buscam caminhos para alfabetizar. E recomendado que partamos de elementos mais produtivos na lingua e da- queles que apresentam uma relagdo simbolo-som mais simples e, progressiva- mente, aumentemos 0 grau de dificuldade. E preciso mostrar aos aprendizes a relagdo da linguagem oral com a linguagem escrita, buscando desenvolver aconsciéncia metalinguistica, primeiramente em uma fase perceptiva. A fase de percepgao exige que o texto seja muito proximo dos aprendizes, podendo ser produzido pelo professor junto com os alunos, refletindo a sua realidade e 0s habitos do dia a dia. Primeiramente, o professor deve explorar 0 contetido do texto, reproduzindo-o no quadro e chamando a atengao para a forma, para © género, relacionando-o com a estrutura fisica. Guilhermina Corréa (2003) Sugere que o texto seja trabalhado da seguinte forma: ia. 2. Leitura mais lenta, observando-se os limites de cada frase. E quando 1. Leitura espontinea em que o professor conversa ou conta uma histo io em parigrafos, 3 palavras, buscando a conscientizagio de que, na fala, ndo ha preocupagdo com 0s limites de palavras, mas, na escrita, es limitagdo € nece: 4. Leitura focalizando os limites das silabas, fazendo com que se per- cebam mais rapidamente os mecanismos da escrilt / 5. E, por fim, leitura artificial ¢ harmoniosa, salientando a prosédia ndo sobre as silabas tnicas das palavras. conscient! 173PARA CONHECER Fonética e Fonologla do portugues brasileiro As leituras sugeridas podem ser fe s em um sé texto, mas podem, em outras oportunidades, ser realizadas em textos diferentes € assim 0 es- tudante vai passando da fase da pereepgaio para a da decodificagao, Dehaene (2012) também afirma que a leitura s6 se efetiva quando grafemas sio decodificados em fonemas, quando uma unidade visual passa a unidade auditiva. Para que esse processo se efetive, ele sugere que desde cedo a crianca seja exposta a jogos simples em que tenha de manipular os sons da fala (rimas, silabas e fonemas). No campo visual, a crianga deve reconhecer, memorizar e tragar as formas das letras. Tanto a forma quanto © som que as letras representam so importantes no processo, e a explica- ao nao deve ser velada, mas explicita. © que parece ser consenso entre os pesquisadores que defendem a alfabetizagao por esse viés linguistico é que, tao explicito quanto a relagao entre grafemas e fonemas, devem estar os objetivos da leitura. Nao se deve esconder do aluno que o objetivo da leitura é a compreensao, € nao a so- letragao de silabas. As atividades devem conduzir a crianga as palavras ou frases compreensiveis que podem ser resumidas, explicadas ou parafrase- adas oralmente, mostrando assim a denotagao de sentido (Dehaene, 2012). 12, Estratégias de ensino Durante as aulas de Fonética na graduagiio, o professor estimula seus alunos a perceberam os sons das linguas naturais. Aos poucos, os estudantes vao percebendo os movimentos que seus érgiios ativos € passivos sempre realizaram, mas que nunca foram notados, ow seja toda a articulag&o para a comunicagao era até entdo inconsciente. De repente, 0 estudante coloca uma das mios espalmada sobre 0 pescogo € percebe que a Gnica diferenga entre a produgiio de um [f] eum [v] 6a vibragdo das pregas vocais, a sonoridade. Experimentando pronunciar palavras como ‘campo’ ¢ ‘canto’, pereebe que nao precisaria memori- zara velha regra que diz que antes de ‘p’ e *b’ vem sempre ‘m’, uma vez que h4 uma explic: cdo fisica do movimento articulatério: em palavras como ‘campo’, os labios esto em ago para a produgdo de consoantes bilabiais ‘m’ e ‘p’, mas em ‘canto’, ndo temos movimentos de labios, pois a produgdo de fonemas alveolares ‘n’ ¢ ‘t” exige que a lingua faga um movimento até os alvéolos, Si segmentos que tém o mesmo ponto 174‘AFonévca, a Fonolagia eo ensino de articulagdio ~ diz endo de outra forma, ‘p* ¢ ‘m’ sao homorganicos, assim como ‘n’ e ‘t’ também sao. _Decoramos para os exames que um fonema éa menor unidade sonora distintiva de uma lingua, mas nunca refletimos sobre o que isso quer dizer de fato, muito menos sobre a importiincia da distingao dos fonemas para 0 processo de Ieitura. E agora, refletindo sobre consciéncia fonolégica, pare- ce mais coerente brincar de pares minimos para identificagzio de fonemas. De fato, parece que 0 rumo da escola muitas vezes tomou 0 caminho da “decoreba”, € nao o da reflexao e experimentagao, Entio, nds, como professores, nao cometamos 0 mesmo erro, ou néo nos omitamos diante da responsabilidade de ir atras de respostas que pos- sam facilitar 0 aprendizado. As criangas também devem fazer suas expel mentagOes a respeito da lingua ao mesmo tempo em que criam hipéteses para seus testes e avangam em suas descobertas. Antes mesmo de iniciar a alfabetizacao, a crianga deve ser estimulada a refletir sobre 0 que ouve € 0 que fala. Deve ser capaz de segmentar uma frase em palavras, as palavras em silabas, e as silabas em fonemas ¢ assim ir percebendo que a cadeia da fala é decomposta em unidades menores. Mais tarde, ela percebe que essas unidades se repetem em outras palavras e em outros contextos. Podem ser exploradas como habilidades em consciéncia fonolégica, na pré-escola ies iniciais, as seguintes atividades: + Rima: combinag&o do som final de uma palavra. A igualdade deve ser sonora, e nao grafica. + Aliteragdo: repetigao da mesma silaba ou fonema na posigdo ini das palavras. Os trava-linguas ¢ as parlendas sio bons exemplos de utilizagdo de aliteragao, pois repetem o mesmo fonema varias vezes no decorrer da frase. * Consciéncia de palavras: capaci vras ¢, além disso, perceber a rel ee sequéncia de sentido. O deficit nessa habilidade na escrita como aglutinagdes (por exemplo, em € separagdes inadequadas (por exemplo, em *maca + Consciéncia da silaba: capacidade de segmentar as palave em silabas, ‘Atividades como contar o ndmero de silabas ou dizer qual & a silaba inicial, medial ou final de uma palavra podem ser empregadas para 0 to dessa habilidade. ial dade de segmentar a frase em pala- Jagiio entre elas & organiza-las numa ade pode levar a erros ‘abola’) de palavras desenvolviment 175[PARA CONHECER Fonética @ Fonologia do portuguds brastero Adoleta (livro do professor) (Furlan, 2011) & um guia que subsidia 0 trabalho pedagdgico de professores das séries_pré- Parlendas so rimas infantis, em versos de cinco ou seis sitabas, para divertir, ajudar a memorizar. Possuem uma rima facil e, por isso, S40 arn populares entre as criangas. escolares ¢ iniciais. Nesse guia, : encontramos algumas sugestdes para trabalhar a consciéncia fonoldgica. O material sugere exercicios fo- noarticulatérios que exercitem areas especificas relacionadas a fala, como Lébios, lingua e palato. Baseados nesse material, adaptamos algumas de suas sugestdes e sugerimos como atividade: + imitar 0 motor de um carro, vibrando os labios; + passar a lingua atrés dos dentes, sobre os alvéolos e sentir as reen- trancias; + segurar os labios superiores com as duas maos, tentando evitar seu movimento e produzir vogais; + segurar os labios inferiores com as duas maos, tentando evitar seu movimento e produzir vogais; + com a boca aberta, inspirar pelo nariz e expirar rapidamente pela boca; + projetar os ldbios, fazendo “bico”, e produzir vogais mantendo 0 arredondamento dos labios; + imitar animais; + produzir palavras que tenham /S/ e /R/ em posigdo de coda (final de silaba), fazendo com que elas sejam produzidas com variagdes de pronincia (exemplos: variagées para a palavra ‘carta’: [‘kaxte), [katte], [‘karte] ¢ [‘karte] (como um carioca, um caipira e vibran- do uma e varias vezes 0 ‘erre’ atras dos dentes, respectivamen- te); © para ‘mesmo’ ['mezmo}, [‘mezmu], [mesmo], ['me3mv} [‘meymo], [‘meymv], [‘memo], [‘memu]); + produzir vogais em pares: [e, e]; [0, 9]; [i, u]; [e, 0}; [e, 9]; [u. als * produzir as vogais {i, ¢, e, a] e [u, 0, 9, a}, na sequéncia * produzir as consoantes [p, b, t, d, k, g] sem deixar que elas explo- aa ar antes que se solte no ponto de bloqueio . » entre libios e dentes e no véu do palato); * passar a ponta da lingua no palato, de dentro para a fora etc. 176
, , , , e sao biunivocos e, por isso, sio os mals faceis de serem aprendidos. Alguns grafemas tém valores previsiveis ¢m algumas posigdes como € 0 caso do , , e quando estio em inicio de vocabulo ou entre vogais; outros vao depender da posigio & das letras que vém antes ou depois. Os grafemas e podem ambos 172‘AFonética, a Fonologia@ o ensino ter valor de /3/, como em ‘cito” ou *yclo’, respectivamente, O grafema pode ter ainda valor de /g/, como em “gato”. Os grafemas € tem valor de /s/ independente do contexto, mas os grafemas , , , sb tero valor de /s/ quando seguidos de vogais anteriores, Veja em ‘nasce” (/nase/). J4 em “tasea’ (/'taSka/), essa relagio muda, O grafema pode ter valores //, /s/, /2/ e /ks/ de modo imprevisivel, como em ‘enxa- me*(/eN'fame/), ‘experiéneia’ (/eSperi'eNsia/), ‘exato’ (/e'zato/) © “taxi” (/‘taksi/), respectivamente. Geralmente, os futuros alfabetizadores pouco refletem sobre essas ques- tes € nao percebem que existe uma hierarquia de complexidade ja testada ¢ registrada pelos pesquisadores da Educagao. Refletir sobre o grau de difi- culdade ¢, a partir dessa andlise, bolar estratégias para o desvendamento do cédigo pode ser uma pista para aqueles que buscam caminhos para alfabetizar. E recomendado que partamos de elementos mais produtivos na lingua e da- queles que apresentam uma relagdo simbolo-som mais simples e, progressiva- mente, aumentemos 0 grau de dificuldade. E preciso mostrar aos aprendizes a relagdo da linguagem oral com a linguagem escrita, buscando desenvolver aconsciéncia metalinguistica, primeiramente em uma fase perceptiva. A fase de percepgao exige que o texto seja muito proximo dos aprendizes, podendo ser produzido pelo professor junto com os alunos, refletindo a sua realidade e 0s habitos do dia a dia. Primeiramente, o professor deve explorar 0 contetido do texto, reproduzindo-o no quadro e chamando a atengao para a forma, para © género, relacionando-o com a estrutura fisica. Guilhermina Corréa (2003) Sugere que o texto seja trabalhado da seguinte forma: ia. 2. Leitura mais lenta, observando-se os limites de cada frase. E quando 1. Leitura espontinea em que o professor conversa ou conta uma histo io em parigrafos, 3 palavras, buscando a conscientizagio de que, na fala, ndo ha preocupagdo com 0s limites de palavras, mas, na escrita, es limitagdo € nece: 4. Leitura focalizando os limites das silabas, fazendo com que se per- cebam mais rapidamente os mecanismos da escrilt / 5. E, por fim, leitura artificial ¢ harmoniosa, salientando a prosédia ndo sobre as silabas tnicas das palavras. conscient! 173PARA CONHECER Fonética e Fonologla do portugues brasileiro As leituras sugeridas podem ser fe s em um sé texto, mas podem, em outras oportunidades, ser realizadas em textos diferentes € assim 0 es- tudante vai passando da fase da pereepgaio para a da decodificagao, Dehaene (2012) também afirma que a leitura s6 se efetiva quando grafemas sio decodificados em fonemas, quando uma unidade visual passa a unidade auditiva. Para que esse processo se efetive, ele sugere que desde cedo a crianca seja exposta a jogos simples em que tenha de manipular os sons da fala (rimas, silabas e fonemas). No campo visual, a crianga deve reconhecer, memorizar e tragar as formas das letras. Tanto a forma quanto © som que as letras representam so importantes no processo, e a explica- ao nao deve ser velada, mas explicita. © que parece ser consenso entre os pesquisadores que defendem a alfabetizagao por esse viés linguistico é que, tao explicito quanto a relagao entre grafemas e fonemas, devem estar os objetivos da leitura. Nao se deve esconder do aluno que o objetivo da leitura é a compreensao, € nao a so- letragao de silabas. As atividades devem conduzir a crianga as palavras ou frases compreensiveis que podem ser resumidas, explicadas ou parafrase- adas oralmente, mostrando assim a denotagao de sentido (Dehaene, 2012). 12, Estratégias de ensino Durante as aulas de Fonética na graduagiio, o professor estimula seus alunos a perceberam os sons das linguas naturais. Aos poucos, os estudantes vao percebendo os movimentos que seus érgiios ativos € passivos sempre realizaram, mas que nunca foram notados, ow seja toda a articulag&o para a comunicagao era até entdo inconsciente. De repente, 0 estudante coloca uma das mios espalmada sobre 0 pescogo € percebe que a Gnica diferenga entre a produgiio de um [f] eum [v] 6a vibragdo das pregas vocais, a sonoridade. Experimentando pronunciar palavras como ‘campo’ ¢ ‘canto’, pereebe que nao precisaria memori- zara velha regra que diz que antes de ‘p’ e *b’ vem sempre ‘m’, uma vez que h4 uma explic: cdo fisica do movimento articulatério: em palavras como ‘campo’, os labios esto em ago para a produgdo de consoantes bilabiais ‘m’ e ‘p’, mas em ‘canto’, ndo temos movimentos de labios, pois a produgdo de fonemas alveolares ‘n’ ¢ ‘t” exige que a lingua faga um movimento até os alvéolos, Si segmentos que tém o mesmo ponto 174‘AFonévca, a Fonolagia eo ensino de articulagdio ~ diz endo de outra forma, ‘p* ¢ ‘m’ sao homorganicos, assim como ‘n’ e ‘t’ também sao. _Decoramos para os exames que um fonema éa menor unidade sonora distintiva de uma lingua, mas nunca refletimos sobre o que isso quer dizer de fato, muito menos sobre a importiincia da distingao dos fonemas para 0 processo de Ieitura. E agora, refletindo sobre consciéncia fonolégica, pare- ce mais coerente brincar de pares minimos para identificagzio de fonemas. De fato, parece que 0 rumo da escola muitas vezes tomou 0 caminho da “decoreba”, € nao o da reflexao e experimentagao, Entio, nds, como professores, nao cometamos 0 mesmo erro, ou néo nos omitamos diante da responsabilidade de ir atras de respostas que pos- sam facilitar 0 aprendizado. As criangas também devem fazer suas expel mentagOes a respeito da lingua ao mesmo tempo em que criam hipéteses para seus testes e avangam em suas descobertas. Antes mesmo de iniciar a alfabetizacao, a crianga deve ser estimulada a refletir sobre 0 que ouve € 0 que fala. Deve ser capaz de segmentar uma frase em palavras, as palavras em silabas, e as silabas em fonemas ¢ assim ir percebendo que a cadeia da fala é decomposta em unidades menores. Mais tarde, ela percebe que essas unidades se repetem em outras palavras e em outros contextos. Podem ser exploradas como habilidades em consciéncia fonolégica, na pré-escola ies iniciais, as seguintes atividades: + Rima: combinag&o do som final de uma palavra. A igualdade deve ser sonora, e nao grafica. + Aliteragdo: repetigao da mesma silaba ou fonema na posigdo ini das palavras. Os trava-linguas ¢ as parlendas sio bons exemplos de utilizagdo de aliteragao, pois repetem o mesmo fonema varias vezes no decorrer da frase. * Consciéncia de palavras: capaci vras ¢, além disso, perceber a rel ee sequéncia de sentido. O deficit nessa habilidade na escrita como aglutinagdes (por exemplo, em € separagdes inadequadas (por exemplo, em *maca + Consciéncia da silaba: capacidade de segmentar as palave em silabas, ‘Atividades como contar o ndmero de silabas ou dizer qual & a silaba inicial, medial ou final de uma palavra podem ser empregadas para 0 to dessa habilidade. ial dade de segmentar a frase em pala- Jagiio entre elas & organiza-las numa ade pode levar a erros ‘abola’) de palavras desenvolviment 175[PARA CONHECER Fonética @ Fonologia do portuguds brastero Adoleta (livro do professor) (Furlan, 2011) & um guia que subsidia 0 trabalho pedagdgico de professores das séries_pré- Parlendas so rimas infantis, em versos de cinco ou seis sitabas, para divertir, ajudar a memorizar. Possuem uma rima facil e, por isso, S40 arn populares entre as criangas. escolares ¢ iniciais. Nesse guia, : encontramos algumas sugestdes para trabalhar a consciéncia fonoldgica. O material sugere exercicios fo- noarticulatérios que exercitem areas especificas relacionadas a fala, como Lébios, lingua e palato. Baseados nesse material, adaptamos algumas de suas sugestdes e sugerimos como atividade: + imitar 0 motor de um carro, vibrando os labios; + passar a lingua atrés dos dentes, sobre os alvéolos e sentir as reen- trancias; + segurar os labios superiores com as duas maos, tentando evitar seu movimento e produzir vogais; + segurar os labios inferiores com as duas maos, tentando evitar seu movimento e produzir vogais; + com a boca aberta, inspirar pelo nariz e expirar rapidamente pela boca; + projetar os ldbios, fazendo “bico”, e produzir vogais mantendo 0 arredondamento dos labios; + imitar animais; + produzir palavras que tenham /S/ e /R/ em posigdo de coda (final de silaba), fazendo com que elas sejam produzidas com variagdes de pronincia (exemplos: variagées para a palavra ‘carta’: [‘kaxte), [katte], [‘karte] ¢ [‘karte] (como um carioca, um caipira e vibran- do uma e varias vezes 0 ‘erre’ atras dos dentes, respectivamen- te); © para ‘mesmo’ ['mezmo}, [‘mezmu], [mesmo], ['me3mv} [‘meymo], [‘meymv], [‘memo], [‘memu]); + produzir vogais em pares: [e, e]; [0, 9]; [i, u]; [e, 0}; [e, 9]; [u. als * produzir as vogais {i, ¢, e, a] e [u, 0, 9, a}, na sequéncia * produzir as consoantes [p, b, t, d, k, g] sem deixar que elas explo- aa ar antes que se solte no ponto de bloqueio . » entre libios e dentes e no véu do palato); * passar a ponta da lingua no palato, de dentro para a fora etc. 176