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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
(ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO)

CURSO DE FORMAÇÃO E GRADUAÇÃO


DE SARGENTOS
PERÍODO DE QUALIFICAÇÃO

COLETÂNEA DE
MANUAIS DE
EMPREGO DA INFANTARIA

2019
Observações:
INDICE DE ASSUNTOS

CAPITULO 1 – OPERAÇÕES OFENSIVAS...............................................................................2


1. OFENSIVA.....................................................................................................................2
1.1. Fundamentos da Ofensiva.........................................................................................3
1.2. Marcha para o Combate.............................................................................................4
1.3 O GC ponta na marcha para combate........................................................................6
1.3 Ataque.......................................................................................................................15
1.5. O GC no ataque.......................................................................................................17
1.6. A Ordem do comandante de GC no ataque.............................................................20
1.7. O grupo de apoio do pelotão de fuzileiros nas Operações Ofensivas.....................30
1.8. As seções do pelotão de apoio no ataque...............................................................34
1.10 Ataque Noturno.......................................................................................................41
1.11 Ataque com transposição de curso d'água.............................................................53
1.12. Ataque em localidade e combate em área edificada.............................................62
CAPÍTULO 2 - OPERAÇÕES DEFENSIVAS............................................................................89
2. DEFENSIVA.................................................................................................................89
2.1. Fundamentos das Operações Defensivas...............................................................89
2.2. O Pel Fuz na Defesa de área...................................................................................92
2.3. O Pel Fuz no PAC..................................................................................................101
2.4. O GC na defesa de área........................................................................................105
2.5. A Ordem de defesa do Cmt GC.............................................................................107
2.6. O Grupo de Apoio na Defesa de Área...................................................................108
2.7. As Seções do Pelotão de Apoio (Pel Ap) na Defesa de Área...............................113

REFERÊNCIAS
Caderno de Instrução Pelotão de Fuzileiros - CI 7 10-1, 1 Ed 2009
Caderno de Instrução O Pelotão de Fuzileiros no Combate em Área Edificada
EB70-CI-11.408, 2 Ed 2017
Manual de Campanha Companhia de Comando e Apoio - C 7-15, 3 Ed, 2002
Manual de Campanha Companhia de Fuzileiros - C 7-10, 2005
Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas EB70-MC-10.202, 1 Ed 2017
Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas EB70-MC-10.202, 1 Ed 2017

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................1 /


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CAPÍTULO 1 – OPERAÇÕES OFENSIVAS

Caderno de Instrução de Pelotão de Fuzileiros - CI 7-10/1


Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas EB70-MC-10.202, 1 Ed
2017

1. OFENSIVA

Considerações Iniciais
A ofensiva é a ação decisiva de emprego da força militar no campo de batalha,
para impor a nossa vontade sobre o inimigo que se concentra para o combate de alta
intensidade, representando o melhor caminho para se obter a vitória.

a. Somente a ação ofensiva conduz a resultados decisivos na guerra,


preservando a liberdade de ação de uma força e impondo a sua vontade ao inimigo.
b. As operações ofensivas são realizadas para destruir forças inimigas,
conquistar acidentes capitais do terreno ou obter informações sobre o inimigo.
c. A missão da infantaria, na ofensiva, é cerrar sobre o inimigo para destruí-lo
ou capturá-lo, empregando o fogo, o movimento e o combate aproximado.
d. O sucesso de uma ação ofensiva exige a concentração de um superior
poder de combate no local e a rápida aplicação desse poder para destruir o inimigo.
As operações ofensivas têm as seguintes finalidades:
a) destruir forças inimigas;
b) conquistar áreas ou pontos importantes do terreno que permitam a
obtenção de vantagens para futuras operações;
c) obter informações sobre o inimigo, particularmente sobre a situação e o
poder de combate;
d) adquirir ou comprovar dados referentes ao terreno e às condições
meteorológicas;
e) confundir e distrair a atenção do inimigo sobre o esforço principal,
desviando-o para outras áreas;
f) antecipar-se ao inimigo para obter a iniciativa, aproveitando qualquer
oportunidade que se apresente, negando-lhe qualquer tipo de vantagem;
g) fixar o inimigo, restringindo-lhe a liberdade de movimento e manobra,
mediante diferentes esforços e apoio de fogo, com o objetivo de permitir concentrar o
máximo poder de combate sobre ele no ponto selecionado;
h) privar o inimigo de recursos essenciais com os quais sustente suas ações,
realizando atividades e operações em profundidade; e
i) desorganizar o inimigo mediante ataques sobre meios e/ou instalações
essenciais para geração e emprego do seu poder de combate.

Tipos de Operações Ofensivas

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a. Marcha para o combate – A marcha para o combate (M Cmb) é um
movimento tático na direção do inimigo, com a finalidade de obter ou restabelecer o
contato com este e/ou assegurar vantagens que facilitem operações futuras.
b. Reconhecimento em força – O reconhecimento em força (Rec F) é uma ação
executada por uma força com a finalidade de revelar e testar o dispositivo e o valor do
inimigo ou obter outras informações.
c. Ataque – O ataque (Atq) é o ato ou efeito de conduzir uma ação ofensiva
contra o inimigo, tendo por finalidade a sua destruição ou neutralização. Pode ser de
oportunidade ou coordenado.
d. Aproveitamento do êxito – O aproveitamento do êxito é a operação que se
segue a um ataque exitoso e, normalmente, tem início quando a força inimiga se
encontra em dificuldades para manter suas posições.
e. Perseguição – A perseguição é a operação destinada a cercar e destruir uma
força inimiga que está em processo de desengajamento do combate ou que tenta fugir.
Ocorre, normalmente, logo em seguida ao aproveitamento do êxito e difere deste pela
não previsibilidade de tempo e lugar de emprego, e por sua finalidade principal, que é a
de completar a destruição da força inimiga.

1.1. Fundamentos da Ofensiva

Os fundamentos da ofensiva constituem a plena aplicação dos princípios de


guerra às situações do combate ofensivo e servem como um guia geral para o
emprego do pelotão de fuzileiros em operações dessa natureza.

Os Fundamentos da Ofensiva são:


1) manutenção do contato;
2) esclarecimento da situação;
3) exploração das vulnerabilidades do inimigo;
4) controle dos acidentes capitais do terreno;
5) iniciativa;
6) neutralização da capacidade de reação do inimigo;
7) fogo e movimento;
8) impulsão;
9) concentração do poder de combate;
10) aproveitamento do êxito; e
11) segurança.
a. MANUTENÇÃO DO CONTATO – a manutenção do contato é um fundamento
da ofensiva que garante ao comandante de qualquer escalão a obtenção de
informações sobre o inimigo, a liberdade de ação e a conservação da iniciativa,
evitando a surpresa. O contato com o inimigo deve ser estabelecido e mantido o mais
cedo possível.
b. ESCLARECIMENTO DA SITUAÇÃO – este fundamento está associado ao
anterior. Consiste em uma série de medidas adotadas com a finalidade de determinar o

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valor, o dispositivo, a composição, as atividades recentes, as principais deficiências, o
posicionamento e as possibilidades e limitações dos sistemas de armas do inimigo.
c. CONTROLE DOS ACIDENTES CAPITAIS DO TERRENO – o êxito no
cumprimento de uma missão ofensiva depende, basicamente, do controle oportuno de
acidentes capitais do terreno. O comandante concentra sua atenção sobre os acidentes
capitais que, se conquistados ou impedidos de serem utilizados pelo inimigo
(neutralizados), proporcionam vantagens decisivas na manobra, favorecendo o
cumprimento da missão.
d. EXPLORAÇÃO DAS VULNERABILIDADES DO INIMIGO – estabelecido o
contato, é fundamental que o comandante da força evite a maioria de meios operativos
do inimigo e reaja com o máximo de presteza, para explorar as vulnerabilidades
identificadas durante o exame de situação, induzindo-o a dissipar suas forças em
frentes secundárias e iludindo-o quanto à verdadeira localização da área em que se
pretende buscar a decisão. As ações de flanco, conduzidas sobre a retaguarda do
dispositivo defensivo inimigo, são normalmente decisivas.
e. NEUTRALIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE REAÇÃO DO INIMIGO – todo
esforço deve ser feito para eliminar a capacidade de reação do inimigo à manobra
planejada. A cobertura e a dissimulação, as operações de interdição, de guerra
psicológica e de guerra eletrônica constituem alguns dos processos utilizados para
reduzir o poder de combate do inimigo. O foco deve estar nas capacidades críticas do
inimigo, identificadas durante o exame de situação.
f. INICIATIVA – permite ao comandante impor sua vontade para a decisão do
combate e, consequentemente, deve ser sempre buscada e conservada. O atacante
pode escolher a hora, o local, a direção e o valor das forças empregadas no ataque,
mantendo sempre a iniciativa das ações.
g. FOGO E MANOBRA – o ataque é caracterizado pela combinação do fogo e
da manobra, culminando com o assalto violento à área decisiva. O atacante manobra
para explorar os efeitos obtidos pelos fogos, para evitar o grosso do inimigo ou para
cerrar sobre ele e destrui-lo pelo assalto. A manobra é a ação decisiva do combate.
h. IMPULSÃO – tem por objetivo fazer com que a missão seja cumprida no mais
curto prazo possível. A impulsão do ataque é mantida por meio da máxima rapidez na
progressão, do emprego de reservas, da continuidade do apoio de fogo e do pronto
atendimento às necessidades logísticas e de outros apoios ao combate.
i. CONCENTRAÇÃO DO PODER DE COMBATE – o êxito na ação ofensiva
requer a reunião da maioria dos meios no local e no momento decisivos, e a sua rápida
aplicação.
j. APROVEITAMENTO DO ÊXITO – caracteriza-se por um avanço contínuo e
rápido das forças, com a finalidade de ampliar ao máximo as vantagens obtidas no
ataque e anular a capacidade do inimigo de reorganizar-se.
k. SEGURANÇA – a segurança é necessária, esteja a força estacionada, em
deslocamento ou em combate. Na ofensiva, ela deve ser buscada, sem, no entanto,
tolher a iniciativa das ações ou desviar um poder de combate exagerado em seu
benefício.

1.2. Marcha para o Combate

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a. Considerações Iniciais

As marchas para o combate podem ser cobertas ou descobertas. Tal


classificação depende da existência de forças de segurança do escalão superior,
interpostas entre a tropa que marcha e o inimigo. Podem ser realizadas de dia ou à
noite, a pé ou motorizadas.
A marcha para o combate se desenvolve em três fases:
1) Primeira fase (Contato Remoto) – transcorre do local de partida até a
linha da pior hipótese (LPH), que corresponde ao trecho onde o inimigo terrestre não
tem possibilidade física de atuar sobre a tropa que marcha. Nesta fase, a tropa adota a
formação em coluna de marcha, em que predominam as medidas administrativas em
proveito da velocidade do movimento. Normalmente, o deslocamento é motorizado ou
realizado por outros meios de transporte.
2) Segunda fase (Contato Pouco Provável) – transcorre entre a linha da
pior hipótese e a linha de provável encontro (LPE), que corresponde ao trecho onde se
admite o encontro com os primeiros elementos inimigos, mesmo os de reconhecimento.
Nesta fase, a tropa adota a formação em coluna tática, em que são consideradas as
medidas administrativas e as medidas táticas. A tropa marcha grupada taticamente,
mantendo-se a integridade das frações com seus reforços, porém sem o
desdobramento em largura e em profundidade.
3) Terceira fase (Contato Iminente) – transcorre a partir da linha de provável
encontro, que corresponde ao trecho onde a tropa que marcha pode, a qualquer
momento, sofrer a ação do inimigo terrestre. Nesta fase, a tropa adota a formação em
marcha de aproximação, em que predominam as medidas táticas em proveito da
segurança do movimento. A tropa marcha desdobrada em largura e em profundidade.

Fig 01

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1.3. O GC ponta na marcha para combate

Medidas de planejamento

a. Dispositivo da Marcha para o Combate


1) O desdobramento de uma força, em largura e em profundidade, por
ocasião da marcha de aproximação, obedece ao seguinte dispositivo:
a) Grosso – formado pela maioria de meios da força que realiza a marcha.
b) Forças de Segurança
(1) Força de Cobertura (segurança afastada) – opera à grande distância
do grosso, constituindo o seu elemento de reconhecimento e segurança. Normalmente,
é composta por tropas de cavalaria mecanizada.
(2) Forças de Proteção (segurança aproximada) – operam próximas ao
grosso.
(a) Vanguarda – proporciona segurança à frente, evitando
retardamentos desnecessários ao grosso. Sua ação é ofensiva com a finalidade de
desobstruir o eixo de progressão.
(b) Flancoguarda – proporciona segurança nos flancos e sua ação é

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defensiva
. (c) Retaguarda – proporciona segurança à retaguarda e sua ação
é
defensiva
.
2) A vanguarda de uma Brigada de Infantaria, normalmente, é
constituída por um Batalhão de Infantaria, o qual, por sua vez, se escalona da
seguinte forma:
a) Grosso – constituído pelas SU não empregadas em primeiro escalão;
b) Escalão de combate – constituído por uma companhia de fuzileiros
reforçada;
c) Escalão de reconhecimento – constituído por um pelotão de fuzileiros
reforçado, sendo lançado pela companhia do escalão de combate;
d) Ponta – constituída por um grupo de combate, sendo lançada pelo
pelotão de fuzileiros do escalão de reconhecimento nas marchas a pé; e
e) Destacamento de segurança e reconhecimento (DSR) – lançado
pelo batalhão quando não houver elementos de segurança do
escalão superior à frente.
3) Nas marchas motorizadas, não é lançado o GC ponta. O pelotão de
fuzileiros, que compõe o escalão de reconhecimento motorizado, marcha
como
um todo. Eventualmente, quando a situação assim o exigir, o pelotão de
fuzileiros realizará uma marcha a pé.

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Fig.02 Batalhão vanguarda na marcha a pé
Fig 03. Batalhão vanguarda na marcha motorizada

b. Medidas de Coordenação e Controle


1) O controle do pelotão na marcha para o combate depende principalmente do
emprego correto das comunicações e da adoção adequada de medidas de
coordenação e controle. Tais medidas, normalmente, serão estabelecidas pelo
comandante de companhia ou pelos escalões superiores.
2) No seu planejamento de marcha, o comandante do pelotão deve considerar:
a) Ponto inicial (PI) – local de início da marcha para o combate;
b) Hora de início do movimento – momento da partida;
c) Eixo de progressão – faixa do terreno que indica a direção geral de
movimento de uma peça de manobra;
d) Itinerário de marcha – caminho por onde a tropa se desloca, normalmente
uma estrada;
e) Região de destino – área final dos elementos em segundo escalão (grosso);
f) Objetivos de marcha – caracterizam o final da marcha para o combate e são
marcados por necessidade de segurança, devendo ser conquistados pelos elementos
de primeiro escalão, que adotarão medidas defensivas;
g) Linha de controle – linha aproximadamente perpendicular à direção de
marcha e facilmente identificável no terreno. Ao atingir a linha de controle, o elemento
participa ao escalão superior que a atingiu e prossegue sem deter seu movimento;
h) Ponto de controle – adota-se o procedimento similar à linha de controle;
i) Zona de reunião – área onde uma tropa se reúne a fim de se preparar para
uma operação subsequente.
Fig 04. Medidas de coordenação e controle na marcha para o combate

c. Apoio ao Combate
1) O pelotão, constituindo o escalão de reconhecimento ou como
flancoguarda do batalhão, em princípio, recebe o reforço de armas de apoio da
companhia, usualmente uma peça de canhão sem recuo.
2) É possível que a seção de morteiros da companhia seja empregada em
apoio direto ao pelotão do escalão de reconhecimento ou flancoguarda. O observador
avançado, normalmente, acompanha o pelotão.
3) Elementos de reconhecimento de engenharia, normalmente, se deslocam
junto ao escalão de reconhecimento.

Execução de Operação

a. Marcha para o Combate a Pé


1) O Pelotão de Fuzileiros como parte do Grosso
a) Quando o pelotão de fuzileiros fizer parte da reserva do escalão de
combate ou do grosso do batalhão, deslocar-se-á em coluna tática.
b) Nas marchas a pé, o pelotão adotará a formação em coluna por dois.
2) O Pelotão de Fuzileiros como Escalão de Reconhecimento
a) Missão
(1) A missão do pelotão, como escalão de reconhecimento, é evitar
retardos desnecessários à companhia e protegê-la contra a surpresa e a ação inimiga
vindas da frente.
(2) Sua missão é de natureza ofensiva, consequentemente as ações do
pelotão devem ser rápidas e agressivas a fim de conquistar e manter a iniciativa no
combate.
b) Desdobramento
(1) Nas marchas a pé, o comandante do escalão de reconhecimento
destaca à sua frente um grupo de combate como ponta que, em princípio, não é
reforçado.
(2) A distância entre o escalão de reconhecimento e a ponta,
normalmente de 200 metros, varia de acordo com o terreno e a visibilidade, podendo
ser menor, à noite, ou maior, em terreno descoberto. Deve permitir que o escalão de
reconhecimento possa se desdobrar sem sofrer interferência do inimigo quando a
ponta travar contato com ele. A ponta e o escalão de reconhecimento, portanto, devem
evitar seu deslocamento no mesmo compartimento do terreno.
(3) A formação tática mais indicada para a ponta e o escalão de
reconhecimento, nas marchas a pé em estrada, é a formação em coluna por dois. A
ponta adota a distância de 10 passos entre os homens, enquanto que o escalão de
reconhecimento reduz essa distância para 5 passos.

Fig 05. Desdobramento do escalão de reconhecimento

(4) O comandante do pelotão, em princípio, se posiciona à testa do


escalão de reconhecimento. A ligação do escalão de reconhecimento com a ponta é
mantida por meio do rádio e dos homens de ligação, lançados pelo próprio escalão de
reconhecimento.
(5) Deve ocorrer, periodicamente, um revezamento do GC ponta, a fim de
não comprometer a sua eficiência.
c) Segurança
(1) A segurança à frente é proporcionada por elementos de
reconhecimento do escalão superior ou pelo destacamento de segurança e
reconhecimento do batalhão.
(2) A segurança nos flancos da ponta e do escalão de reconhecimento,
em regra, limita-se à observação direta. O escalão de reconhecimento não lança
flancoguarda.
(3) Durante os altos, o escalão de reconhecimento estabelece sua própria
segurança. São estabelecidos postos de observação à frente e nos flancos, em
acidentes capitais dominantes, para evitar que elementos inimigos se aproximem sem
serem descobertos.
d) Combate de encontro
(1) O pelotão participa de combates de encontro, engajando-se por
intermédio de seus primeiros elementos com uma força inimiga parada ou em
movimento, sobre a qual dispõe de poucas informações.
(2) Em tais situações, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
(a) A ponta, ao receber fogo inimigo, imediatamente entra em posição
de tiro para neutralizá-lo, identifica o valor e a localização (flancos) da tropa oponente e
informa ao comandante do escalão de reconhecimento, que, por sua vez, repassa a
informação à companhia.
(b) O comandante do GC ponta, após um breve estudo de situação
em face de uma tropa inimiga mais fraca, deve atacá-la rapidamente, buscando
realizar, sempre que possível, uma manobra de flanco. Deve, obrigatoriamente,
informar a sua manobra ao comandante do escalão de reconhecimento.
(c) O comandante do escalão de reconhecimento, ao ser informado
do contato com o inimigo, ocupa imediatamente um posto de observação para fazer um
rápido reconhecimento e acompanhar a manobra do GC ponta, passando a realizar um
estudo de situação de conduta, caso fique detido.
(d) Na situação anterior, caso se possua superior poder de combate
em relação ao inimigo, o comandante do pelotão emite uma ordem fragmentária aos
seus elementos subordinados e informa sua decisão ao comandante da companhia.
(e) Em seguida, ataca para destruir a resistência inimiga.
Preferencialmente, deve empregar o GC ponta para fixar o inimigo, enquanto manobra
com o restante do pelotão para incidir no flanco adversário. As armas de apoio devem
ocupar uma base de fogos, se possível, em condições de flanqueamento à direção de
ataque, buscando submeter o inimigo a fogos de várias direções.
(f) Se o escalão de reconhecimento ficar detido face ao inimigo ou se
este apresentar um poder de combate semelhante ao pelotão, o comandante do
escalão de combate centralizará as ações e realizará um ataque de oportunidade com
toda a companhia.
(g) Após a neutralização da resistência inimiga, a marcha é reiniciada.
.

Fig 06. Ataque de oportunidade do escalão de reconhecimento

e) Objetivo de marcha
(1) Ao atingir as proximidades do objetivo de marcha, o pelotão
reagrupasse e ocupa a posição de ataque da companhia.
(2) O comandante da companhia realiza um rápido reconhecimento
e desencadeia um ataque de oportunidade. Após a conquista do objetivo, são adotadas
as medidas de consolidação e reorganização.
3) O Pelotão de Fuzileiros como Flancoguarda do Batalhão
a) Missão
(1) A missão do pelotão flancoguarda é proteger o grosso do
batalhão contra a observação terrestre inimiga e os ataques nos flancos.
(2) Na eventualidade de um ataque inimigo, o pelotão combate
defensivamente para permitir o ininterrupto escoamento do grosso ou para permitir-lhe
tempo suficiente para se desenvolver.
b) Deslocamento
(1) O processo de deslocamento do pelotão depende do terreno
(disponibilidade de itinerários paralelos) e dos meios de transporte disponíveis
(mobilidade).
(2) O pelotão pode se deslocar de forma contínua, com
desdobramento semelhante ao do escalão de reconhecimento de um batalhão
vanguarda, ou ocupar posições de bloqueio sucessivas nos eixos transversais que
demandam o itinerário do grosso.
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(3) O deslocamento contínuo depende da existência de um itinerário
paralelo ao do grosso, no limite da distância de apoio de fogo do batalhão, podendo o
pelotão dispor da mesma mobilidade em relação ao grosso.
(4) A ocupação de posições de bloqueio sucessivas requer uma
mobilidade superior em relação ao grosso, proporcionada por viaturas ou aeronaves,
independentemente da existência ou não de um itinerário paralelo.
(5) No caso de o pelotão flancoguarda marchar a pé de e não haver
um itinerário paralelo ao do grosso, a flancoguarda deve ocupar posições de bloqueio
sucessivas, mediante rodízio de pelotão, realizado pelo batalhão, a cada posição de
bloqueio ocupada.
(6) As posições de bloqueio são núcleos de defesa com a missão de
retardar tropas inimigas que ataquem no flanco. O pelotão as ocupa como um todo.
(7) Sempre que possível, em qualquer situação, o pelotão
flancoguarda deve possuir mobilidade superior à do grosso.

Fig 07. Pelotão flancoguarda ocupando posições sucessivas


b. Marcha para o Combate Motorizada
1) O Pelotão de Fuzileiros como parte do Grosso
a) Quando o pelotão de fuzileiros fizer parte da reserva do escalão de
combate ou do grosso do batalhão, deslocar-se-á em coluna tática.

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b) O comandante do pelotão deverá proceder de forma contínua em
relação aos deslocamentos motorizados.
2) O Pelotão de Fuzileiros como Escalão de Reconhecimento
a) Missão – idêntica à da marcha para o combate a pé.
b) Desdobramento
(1) Nas marchas motorizadas, o comandante do escalão de
reconhecimento não destaca um grupo de combate como ponta.
(2) As viaturas do escalão de reconhecimento devem manter o
contato visual, deslocando-se no mesmo compartimento do terreno.
(3) O comandante do pelotão deve proceder conforme o previsto no
Capítulo 1 em relação aos deslocamentos motorizados. A ligação entre as viaturas é
mantida por meio do rádio.
c) Segurança – idêntica à da marcha para o combate a pé.
d) Combate de encontro
(1) O pelotão participa de combates de encontro, devendo
desembarcar, de imediato, para permitir um desenvolvimento adequado no terreno.
(2) As viaturas devem abandonar a estrada e buscar posições de
abrigo.
(3) Os procedimentos adotados são semelhantes aos previstos na
marcha para o combate a pé, exceto que o escalão de reconhecimento combate,
inicialmente, como um todo e não parcelado.
e) Objetivo de marcha
(1) Ao atingir as proximidades do objetivo de marcha, o pelotão
desembarca em local determinado pelo comandante da subunidade e prossegue seu
movimento a pé até a posição de ataque da companhia.
(2) O comandante da companhia procede conforme o previsto na
marcha para o combate a pé.
3) O Pelotão de Fuzileiros como Flancoguarda do Batalhão.
c. Marcha Noturna
1) As marchas noturnas para o combate atendem aos mesmos princípios
das marchas diurnas, observando-se as peculiaridades impostas pela restrição de
visibilidade.
2) A velocidade de marcha e as distâncias entre os homens/viaturas e os
escalões são reduzidas em relação ao deslocamento diurno.
3) Devem ser observadas rígidas normas de controle do movimento e de
disciplina de luzes e ruídos. Durante o movimento em noite escura, podem ser usados
meios de identificação especiais para evitar que os elementos se percam.
4) Os combates de encontro à noite demandam muito mais tempo do que
durante o dia e, sem o devido reconhecimento, podem ocasionar pesadas perdas. As
condições de visibilidade reduzida restringem a capacidade de manobra e a surpresa
do atacante é perdida.
5) Equipamentos de visão noturna, distribuídos ao escalão de
reconhecimento, ou condições favoráveis de visibilidade noturna (lua cheia) minoram
as deficiências do combate noturno.

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1.4. Ataque

Considerações Iniciais

d. Existem dois tipos de ataque: o coordenado, que requer tempo suficiente


para um minucioso planejamento, reconhecimentos detalhados e ordens completas; e o
de oportunidade, que é caracterizado por um rápido reconhecimento, reduzido tempo
de planejamento e expedição de ordens fragmentárias.
e. Normalmente, o pelotão de fuzileiros participa de ataques coordenados
conduzidos por escalões superiores. Entretanto, pode realizar um ataque de
oportunidade, isoladamente, como decorrência de um combate de encontro.

Medidas de planejamento

a. Organização das Forças para o Ataque


1) O pelotão se organiza para o ataque, constituindo basicamente três forças:
o ataque principal, o ataque secundário e a reserva.
2) O ataque principal é composto por um grupo de combate que é direcionado
para a parte mais importante do objetivo do pelotão receber a prioridade de apoio de
fogo e, se possível, deve utilizar a via de acesso mais favorável. Nas ações de flanco, é
o elemento que desborda a posição inimiga.
3) O ataque secundário é composto por um ou mais grupos de combate cuja
missão é auxiliar o ataque principal. Nas ações de flanco, é o elemento que fixa o
inimigo em posição.
4) O ataque principal e o secundário compõem o escalão de ataque.
5) A reserva é composta por um grupo de combate que constitui o principal
meio de intervenção no combate à disposição do comandante do pelotão. Proporciona
segurança à manobra e é empregada para manter a impulsão do ataque. Nas ações de
flanco, normalmente, a reserva segue à retaguarda do ataque principal.
6) Em princípio, o pelotão não constitui reserva durante o assalto,
empregando todos os grupos de combate no escalão de ataque, a fi m de garantir a
máxima potência de fogo contra as posições inimigas.

b. Formas de Manobra do Pelotão


1) O pelotão de fuzileiros pode executar um ataque, empregando uma das
seguintes formas de manobra: ação frontal ou ação de flanco.
2) Sempre que possível, o pelotão deve realizar uma ação de flanco no
dispositivo inimigo, pois essa forma de manobra evita o combate contra o maior volume
de fogos inimigos e aborda a posição adversária onde esta é mais fraca. Cabe ressaltar
que há uma maior dificuldade de coordenação e controle, pois um dos grupos de
combate deve ser empregado para fixar o inimigo em posição, enquanto os demais
desbordam a posição adversária. O pelotão pode, ainda, realizar a ação de flanco
como um todo, quando constituir o ataque principal da manobra de flanco da
companhia.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................16 /


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Fig 08. O pelotão de fuzileiros na ação de flanco

3) O pelotão realizará uma ação frontal quando o inimigo não apresentar um


flanco vulnerável, ou quando participar de ataques conduzidos por escalões superiores,
por imposição do esquema de manobra.

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99)
Fig 09. O pelotão de fuzileiros na ação frontal

1.5. O GC no ataque

c. Dispositivo para o Ataque


1) O dispositivo para o ataque é concebido em função da missão do pelotão,
da situação do inimigo, da transitabilidade do terreno, das condições de visibilidade, da
largura da via de acesso, da necessidade de segurança nos flancos e dos meios
recebidos em reforço.
2) Devem ser definidos os grupos de combate que integram o escalão de
ataque e aquele que constitui a reserva do pelotão, sendo baseados em uma das
formações táticas descritas no Capítulo 1.
3) Usualmente, o pelotão adota a formação em cunha invertida durante a
progressão da linha de partida até a posição de assalto, passando à formação em linha
para o assalto propriamente dito.
4) Condições específicas da missão, do inimigo, do terreno e dos meios
podem conduzir o comandante do pelotão a adotar outras formações táticas, tais como:
em coluna, por grupos sucessivos ou justapostos, em cunha ou em escalão.
5) A formação tática por grupos justapostos emprega todos os grupos de
combate no escalão de ataque, normalmente, para fixar tropas inimigas de mesmo
valor. Nessa situação, o pelotão não constitui reserva.
d. Medidas de Coordenação e Controle
1) Zona de Reunião
a) É uma área onde a tropa realiza os preparativos para o combate. Em
princípio, a zona de reunião do batalhão está localizada a uma hora de marcha das
posições de ataque das companhias.
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................18 /
99)
b) A área selecionada deve proporcionar cobertas e abrigo dos fogos
diretos do inimigo, espaço suficiente para a dispersão da tropa e das viaturas, solo
consistente para o trânsito das viaturas, obstáculos naturais para a proteção
contraataques inimigos e proximidade da rede de estradas com dois ou mais itinerários
de entrada e saída.
c) São adotadas medidas de segurança ativas e passivas. As medidas
passivas incluem a dispersão, a camuflagem, a construção de abrigos e a disciplina de
luzes e ruídos. As medidas ativas incluem o dispositivo defensivo circular; o
lançamento de postos de observação, postos de vigia/escuta e patrulhas de ligação; a
instalação das armas de apoio, especialmente os meios de DAC e DAAe; e o
lançamento de obstáculos e do sistema de alarme.

Fig 10. O pelotão de fuzileiros na zona de reunião do batalhão


2) Posição de Ataque – última posição coberta e abrigada aquém da linha de
partida, onde ocorre o desdobramento da companhia, a qual adota o dispositivo para o
ataque estabelecido pelo comandante da subunidade.
3) Linha de Partida – linha normalmente balizada por um acidente do terreno,
facilmente identificável e aproximadamente perpendicular à direção de ataque, com a
finalidade de coordenar o início do ataque pelos elementos de primeiro escalão.
4) Hora do Ataque – momento exato da transposição da linha de partida pelo
escalão de ataque.
5) Zona de Ação – área de responsabilidade, normalmente definida por
limites, atribuída a uma peça de manobra, a partir do escalão companhia de fuzileiros.
Ao pelotão de fuzileiros é atribuída uma parte da zona de ação da companhia,
definindo-se uma frente de ataque que varia de 150 a 250 metros. Não se estabelecem

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................19 /


99)
limites entre os pelotões. Desta forma, o pelotão pode utilizar a frente de um pelotão
vizinho mediante coordenação com este.
6) Eixo de Progressão – eixo que indica a direção geral de movimento de uma
peça de manobra. O eixo de progressão não torna obrigatória a limpeza de resistências
inimigas, e a tropa que progride pode dele se afastar, quando necessário.
7) Faixa de Infiltração – faixa do terreno que contém os itinerários utilizados
pela tropa que realiza uma infiltração. Deve ser suficientemente ampla para permitir a
passagem da força de infiltração sem o engajamento com os elementos inimigos de
vigilância.
8) Área de Reagrupamento – local onde a força de infiltração é reunida e
reorganizada durante o deslocamento pela faixa de infiltração.
9) Direção de Ataque – medida restritiva que indica a direção que deve ser
seguida pelo ataque principal de uma peça de manobra.
10) Linha de Controle – linha, normalmente, balizada por um acidente do
terreno facilmente identificável. Pode ser marcada no sentido transversal à direção de
ataque, para controlar a progressão das peças de manobra, ou no sentido longitudinal,
para indicar a distância de uma força de proteção de flanco. O comandante do pelotão,
ao atingir uma linha de controle, informa ao comandante da companhia e, em princípio,
não detém a sua progressão.
11) Posição de Assalto – linha, normalmente, balizada por um acidente do
terreno, facilmente identificável e aproximadamente perpendicular à direção de ataque,
cerca de 100 a 200 metros do objetivo, com a finalidade de coordenar o assalto pelos
elementos de primeiro escalão.
12) Objetivo – acidente capital do terreno que caracteriza o cumprimento da
missão, devendo ser facilmente identificável e compatível com o escalão empregado na
sua conquista. O objetivo do pelotão não deve ser maior que a sua frente de ataque.
13) Ponto de Ligação – ponto onde o comandante de uma tropa determina
que suas peças de manobra estabeleçam o contato físico entre si. Esse contato,
normalmente, é realizado por destacamentos de ligação, que informam a localização e
a situação do elemento contatado.
14) Ponto de Controle – ponto de referência para controlar o movimento das
peças de manobra. Normalmente, marcado ao longo dos eixos de progressão. O
procedimento do comandante do pelotão é análogo ao da linha de controle.
15) Ponto de Coordenação – ponto balizado por acidente do terreno, onde
deve ocorrer a coordenação dos fogos e da manobra entre dois elementos do escalão
de ataque.
16) Ponto de Liberação – ponto onde o comandante de uma tropa libera seus
elementos subordinados ao controle de seus respectivos comandantes.

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99)
Fig 11. Medidas de coordenação e controle no ataque

1.6. A Ordem do comandante de GC no ataque

Execução da Operação

a. Preparação para o Ataque


1) Os preparativos para o ataque são realizados na zona de reunião do
batalhão. O pelotão ocupa uma parte do setor da companhia e participa das medidas
de segurança estabelecidas.
2) Na zona de reunião, é realizado o planejamento do ataque, conforme
descrito no Capítulo 2, desencadeadas as atividades de reconhecimento do terreno e
do inimigo pelo comandante do pelotão e por patrulhas de reconhecimento, lançadas
sob a coordenação do batalhão.
3) O adjunto do pelotão coordena as medidas logísticas. É realizada a
manutenção preventiva do material, incluindo o armamento, o material de
comunicações e as viaturas. O suprimento é executado de forma a completar as
dotações individuais e coletivas de água, ração, combustível e munição. O material
desnecessário ao combate é reunido com o encarregado de material da companhia
junto aos trens de bagagem da subunidade.
4) Dentro das possibilidades, é permitido o descanso da tropa, sem que
ocorra o comprometimento da segurança.
5) Antes da partida para a posição de ataque, o comandante do pelotão,
auxiliado pelo adjunto, realiza a inspeção da tropa e do material. É desejável, conforme
a disponibilidade de tempo, a execução de um ensaio do ataque.
6) A um horário determinado, o pelotão se desloca para a posição de ataque,
enquadrado pela companhia. Após o desdobramento da companhia na posição de
ataque, o pelotão se desloca em direção à linha de partida a fim de cruzá-la na hora do
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................21 /
99)
ataque, sob a proteção dos fogos de preparação. Todos os movimentos são
coordenados e controlados pelo comandante da companhia.
7) O ataque pode ser desencadeado diretamente de uma coluna de marcha,
sem prévia preparação, não havendo a obrigatoriedade da ocupação de uma zona de
reunião. Tal situação é mais comum nos combates de encontro decorrentes das
operações de movimento, como a marcha para o combate e o aproveitamento do êxito.
b. Progressão da Linha de Partida até a Posição de Assalto
1) O pelotão transpõe a linha de partida na hora marcada, aproveitando os
abrigos e as cobertas existentes no terreno e a segurança proporcionada pelos fogos
de preparação.
2) Os grupos de combate do escalão de ataque progridem por lanços com
uma eficaz combinação de fogo e movimento, apoiando-se mutuamente durante a
progressão. O grupo de combate em reserva progride por lanços à retaguarda do
escalão de ataque do pelotão.
3) A utilização das cobertas e abrigos existentes, especialmente os caminhos
desenfiados, é fundamental para evitar os fogos inimigos e preservar o poder de
combate do pelotão para o momento decisivo.

Fig 12. Progressão pelo fogo e movimento


4) O pelotão deve manter a formação tática estabelecida pelo comandante.
Porém, quando um grupo de combate ficar detido em face de obstáculo ou de fogos
inimigos, os demais devem prosseguir, a fim de abrir novas vias de acesso para o
emprego do grupo reserva.

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99)
5) Os fogos de apoio das armas orgânicas e em reforço são empregados para
neutralizar as armas inimigas que estejam interferindo na progressão do pelotão. O
comandante do pelotão deve solicitar apoio de fogo de morteiros à companhia para
neutralizar as posições inimigas. As peças de metralhadora e de morteiro leve, em
princípio, ocupam uma base de fogos para apoiar a progressão do pelotão, realizando
a mudança de posição, por lanços, sempre que o alcance de utilização do armamento
for atingido, a fim de permitir um apoio de fogo contínuo.
6) Ao atingir uma zona batida por fogos de artilharia ou morteiros, o pelotão
deve tentar desbordá-la. Se não for possível, deve transpô-la rapidamente.
7) Ao deparar-se com um obstáculo, o pelotão deve tentar desbordá-lo. Se
não for possível, o comandante do pelotão deve solicitar apoio de engenharia para a
abertura de uma passagem. Em princípio, a companhia realizará uma operação de
abertura de brecha, com o apoio de elementos de engenharia. O pelotão poderá
integrar a força de apoio, a força de assalto ou a força de abertura de brecha. A
utilização de fumígenos é essencial para permitir o trabalho da engenharia.

Fig 13. Operação de abertura de brecha

c. Assalto à Posição Inimiga

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99)
1) Ao atingir a posição de assalto, o pelotão adota a formação tática em linha,
com a finalidade de garantir o maior volume de fogo possível contra as posições
inimigas. Nesse momento, o pelotão não constitui reserva.
2) Os fogos de apoio devem ser suspensos, transportados ou alongados, a
fim de evitar o fratricídio. Sinais convencionados ou ordens via rádio podem ser
utilizados para a coordenação do apoio de fogo.
3) Na posição de assalto, o comandante do pelotão deve comandar a
preparação para o assalto. Os homens devem armar suas baionetas e trocar seus
carregadores para assegurar as melhores condições de combate aproximado.
4) O assalto é desencadeado, mediante ordem do comandante de companhia,
e conduzido até a orla posterior do objetivo, onde são executadas as ações de
consolidação e reorganização.
5) O movimento do pelotão, durante o assalto, ocorre por uma das seguintes
técnicas:
a) Movimento contínuo – o pelotão avança, agressivamente, em passo rápido
e com alinhamento dos homens, desencadeando os fogos de assalto sobre o inimigo;
b) Movimento por lanços – o pelotão progride por lanços, combinando o
fogo e o movimento, no âmbito dos grupos de combate, até atingir as posições
inimigas; e
c) Movimento sigiloso – o pelotão se desloca furtivamente até que o sigilo
seja quebrado pelo inimigo, quando, então, prossegue de forma contínua ou por
lanços.
6) O assalto contínuo só deve ser realizado quando houver grande
superioridade local de fogos sobre o inimigo. Caso contrário, deve ser executado o
assalto por lanços. O assalto sigiloso é, normalmente, utilizado em ataques noturnos ou
sob condições de visibilidade reduzida.
7) Durante as ações de combate aproximado, o pelotão pode capturar
prisioneiros de guerra. Alguns homens devem permanecer junto aos prisioneiros de
guerra até que outros elementos da companhia assumam a sua guarda. Esta,
normalmente, estará a cargo do pelotão reserva, que se incumbe da limpeza do
objetivo conquistado.

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99)
Fig 14. O pelotão no assalto contínuo

d. Consolidação do Objetivo
1) As ações de consolidação do objetivo conquistado visam a repelir possíveis
contra-ataques inimigos. O pelotão adota um dispositivo defensivo, mantendo a
formação tática em linha e ocupando posições na crista militar da contra-encosta do
objetivo. O comandante do pelotão determina setores de defesa aos grupos de
combate, utilizando o processo do relógio.
2) As armas orgânicas de apoio e em reforço se deslocam à frente e são
instaladas junto à posição defensiva do pelotão, batendo as prováveis vias de acesso
do inimigo.
3) Patrulhas de reconhecimento são lançadas à frente para verificar a
possível presença de elementos inimigos nas proximidades do objetivo e as condições
do terreno para o prosseguimento do ataque.
4) Elementos de segurança são estabelecidos à frente da posição. Cada
pelotão deve instalar, pelo menos, um posto de vigia/escuta. Patrulhas de ligação são
lançadas para realizar o contato com elementos vizinhos.
5) O pelotão reserva da companhia, normalmente, se encarrega da limpeza
do objetivo conquistado, capturando prisioneiros de guerra e verificando os mortos
inimigos.
e. Reorganização da Tropa
1) A reorganização da tropa consiste na adoção de medidas logísticas com a
finalidade de restabelecer o poder de combate do atacante, criando condições para o
prosseguimento do ataque ou para a manutenção do objetivo.
2) O efetivo deve ser conferido e redistribuído de acordo com o número de
baixas de cada grupo de combate. Os feridos, mortos e prisioneiros de guerra devem
ser evacuados conforme as NGA da companhia. Normalmente, elementos da reserva
da companhia se encarregam da evacuação para não desfalcar os elementos de
primeiro escalão.
3) O adjunto deve providenciar o remuniciamento do pelotão ou a
redistribuição da munição pelos grupos de combate. O material que tenha sofrido
danos ou extravios deve ser redistribuído nas frações, a fim de minimizar as faltas. As

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99)
comunicações, se perdidas, devem ser restabelecidas, e o material danificado deve ser
evacuado para manutenção.
4) O comandante do pelotão deve informar, de imediato, a situação de
pessoal e de material do pelotão ao comandante da companhia para a adoção das
medidas cabíveis.
f. Emprego do GC Reserva do Pelotão
1) O grupo de combate reserva acompanha, por lanços ou itinerários
desenfiados, a progressão do escalão de ataque, a fi m de estar em condições de
pronto emprego para manter a impulsão do ataque do pelotão.
2) Em face de uma situação de conduta, por alteração dos fatores da decisão
que possam interferir no cumprimento da missão, o comandante do pelotão dispõe da
reserva como principal meio de intervenção no combate.
3) A reserva é prontamente empregada para repelir contra-ataques inimigos
que incidam no flanco do pelotão. O GC reserva pode utilizar suas armas AC, como o
lança-rojão, para neutralizar ataques de carros inimigos. Normalmente, o pelotão
recebe em reforço uma peça de canhão sem recuo, que também colabora na
destruição dos carros inimigos.
4) A reserva, quando um GC de primeiro escalão ficar detido, pode ser
empregada em uma nova direção para substituí-lo no escalão de ataque, mantendo a
impulsão do ataque e incidindo preferencialmente no flanco inimigo.
5) A reserva pode, também, substituir um GC de primeiro escalão que tenha
sofrido muitas baixas, acarretando na perda do seu poder de combate.
6) A reserva pode, ainda, apoiar pelo fogo, em posição de flanqueamento,
elementos vizinhos que estejam detidos por fogos inimigos.

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99)
Fig 15. O emprego do GC reserva

7) O comandante do pelotão dispõe da reserva para lançar destacamentos de


ligação a fim de estabelecer contato com elementos vizinhos. O destacamento de
ligação informa ao comandante do pelotão a localização e a situação do elemento a ser
ligado. Se o elemento vizinho estiver detido, expondo o flanco do pelotão, o
destacamento de ligação assume a sua segurança.

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99)
Fig 16. Destacamento de ligação

g. O Pelotão Reserva da Companhia


1) O pelotão reserva se desloca por lanços ou itinerários desenfiados,
acompanhando a progressão do escalão de ataque da companhia. É o principal meio
de intervenção no combate de que dispõe o comandante da companhia em situações
de conduta.
2) Suas missões são similares às descritas no emprego do GC reserva do
pelotão. Em princípio, o comandante do pelotão reserva se desloca junto ao
comandante da companhia.
3) Durante a progressão do escalão de ataque, o comandante do pelotão
reserva realiza um estudo de situação continuado com base em hipóteses de emprego
da reserva, a fim de permitir uma rápida ação caso alguma hipótese se concretize.
4) O comandante da companhia pode determinar que o pelotão reserva
constitua um destacamento de segurança, normalmente no valor de um grupo de
combate, para proteger um flanco exposto da subunidade. O destacamento de
segurança pode ficar sob o controle do comandante do pelotão ou da companhia,
conforme determinação deste último.
5) Normalmente, o pelotão reserva recebe a missão de realizar a limpeza do
objetivo conquistado pelo escalão de ataque da companhia. Para tal, deve acompanhar
o assalto dos pelotões de primeiro escalão à esteira, na formação tática em linha,
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................28 /
99)
assumindo a guarda dos prisioneiros de guerra capturados pelos elementos de assalto
e verificando os mortos inimigos.
h. O Pelotão como Força de Proteção de Flanco do Batalhão
1) O pelotão de fuzileiros pode receber a missão de constituir a força de
proteção de flanco do batalhão. Tal situação ocorre quando o batalhão apresenta um
flanco exposto que pode ser explorado por tropas inimigas através de contra ataques.
2) O pelotão deve atuar dentro da distância de apoio de fogo do batalhão e
cumprirá sua missão por meio de posições de bloqueio que barrem as vias de acesso
inimigas ao flanco da unidade. O pelotão ocupa sucessivamente as posições de
bloqueio, como um todo, à medida que o escalão de ataque avança na zona de ação
do batalhão.

Fig17. O pelotão como força de proteção de flanco

3) Uma vez atacado, o pelotão deve retardar o inimigo, engajando-o pelo fogo
o mais longe possível, a fim de proporcionar o tempo necessário para a manobra do
batalhão. O pelotão deve solicitar apoio de fogo ao batalhão e somente retrairá
mediante ordem.
i. O Pelotão como Força de Fixação
1) A manobra de flanco da companhia requer uma ação frontal de fixação da
tropa inimiga, com a finalidade de garantir a liberdade de manobra da força de
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99)
desbordamento. Essa ação tática visa a impedir o desengajamento da tropa inimiga em
contato.
2) A força de fixação desencadeia o seu ataque até a distância do combate
aproximado, cerca de 100 a 200 metros da posição inimiga, sem, contudo, assaltá-la.
Uma boa medida de coordenação e controle é o estabelecimento de uma linha de
controle para limitar a progressão da força de fixação na distância considerada.
3) Os fogos da força de fixação devem ser eficazes o suficiente para impedir
que o inimigo consiga realizar um retraimento com sucesso, seja para se retirar ou para
ocupar posições suplementares contra o ataque principal da companhia. Os fogos da
força de fixação devem ser suspensos quando a força de desbordamento atingir a
posição de assalto no flanco inimigo, com a finalidade de evitar o fratricídio.
4) Normalmente, o valor desejável de um ataque de fixação é o valor do
inimigo a ser fixado. O pelotão, em princípio, adota a formação tática por grupos
justapostos, a fim de garantir um bom volume de fogos à frente.

Fig 18. O pelotão como força de fixação

j. O Pelotão na Infiltração
1) A infiltração é uma forma de manobra tática ofensiva, empregada pelo
batalhão e escalões superiores, em que se desdobra uma força à retaguarda de uma
posição inimiga, por meio de um deslocamento dissimulado, para o cumprimento de
uma determinada missão.
2) A companhia e o pelotão de fuzileiros podem integrar a força de infiltração
em um ataque realizado pelo batalhão.
3) A infiltração, como técnica de movimento do pelotão de fuzileiros, consiste
em um deslocamento furtivo através de terrenos restritivos, tais como: matas densas,
pântanos ou regiões montanhosas.
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................30 /
99)
4) A utilização dessa técnica requer tempo suficiente para o deslocamento da
tropa, restrição de visibilidade (à noite ou sob nevoeiro) e um fraco dispositivo inimigo de
vigilância.
5) O pelotão pode se deslocar como um todo ou fracionado por grupos,
defasados no tempo, conforme as determinações do comandante da companhia. A
formação tática mais adequada é em coluna por um.
6) A faixa de infiltração contém os itinerários utilizados pelos grupos de
infiltração. Ao longo dessa faixa, são estabelecidas áreas de reagrupamento, onde o
pelotão se reorganiza. A última área de reagrupamento coincide com a posição de
ataque da companhia.
7) De acordo com a disponibilidade de tempo, por determinação do escalão
superior, o pelotão poderá não ocupar as áreas de reagrupamento, a fim de não deter a
progressão da força infiltrante.
8) O comandante do pelotão, normalmente, desloca-se junto ao primeiro
grupo de infiltração e informa ao comandante da companhia a passagem do pelotão
pelos pontos e linhas de controle estabelecidos e a reorganização do pelotão nas áreas
de reagrupamento.
9) Em caso de quebra do sigilo, os grupos de infiltração se reorganizam na
área de reagrupamento anterior, atuando conforme a determinação do comandante da
companhia.

1.7. O grupo de apoio do pelotão de fuzileiros nas Operações Ofensivas

Considerações Iniciais

a. O apoio de fogo é um dos principais meios de que dispõe o comandante para


intervir no combate. Quanto mais bem planejado, coordenado e sincronizado com os
demais sistemas operacionais, mais eficaz será o apoio de fogo.
b. Na ofensiva, o apoio de fogo neutraliza o inimigo, permitindo o movimento das
peças de manobra em direção aos seus objetivos. Na defensiva, o apoio de fogo é
empregado para deter o ataque inimigo, antes que possa assaltar nossas posições.

Planejamento do Apoio de Fogo

a. Meios de Apoio de Fogo do Pelotão de Fuzileiros


1) No pelotão de fuzileiros, o apoio de fogo é proporcionado pelo grupo de
apoio, composto de um morteiro leve e duas metralhadoras leves, por elementos em
reforço e pelas armas coletivas dos grupos de combate (lança-rojões anticarro, fuzis
metralhadores e lança-granadas).
2) Os lança-rojões constituem o armamento anticarro orgânico do pelotão,
distribuídos aos grupos de combate, tendo seus alvos designados por seus respectivos
comandantes. Seus alvos prioritários são as viaturas blindadas inimigas, mas poderão
ser empregados contra armas e posições inimigas, desde que sua missão principal não
seja comprometida.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................31 /


99)
3) Os granadeiros dos grupos de combate, que operam os lança-granadas,
devem bater os alvos designados por seus respectivos comandantes.
4) Os fuzis metralhadores dos grupos de combate são armas automáticas
coletivas e batem alvos em proveito de suas frações.
5) O morteiro leve, integrante do grupo de apoio, é uma arma de tiro indireto e
se destina a bater tropas e armas coletivas inimigas, mesmo se estiverem protegidas
dos nossos fogos diretos. Uma grande vantagem do morteiro leve é a realização do tiro
de posições desenfiadas das vistas e fogos inimigos.
6) As metralhadoras do grupo de apoio realizam o tiro direto, sendo
empregadas para bater alvos como pessoal desabrigado e armas coletivas inimigas.
Na ofensiva, suas posições devem observar a dominância para permitir fogos em
profundidade. Na defesa, o emprego das metralhadoras deve observar a rasância e o
flanqueamento do tiro, tendo em vista o seu maior efeito na linha de proteção final,
onde o fogo atinge o máximo de intensidade.

Fig 19. Meios de apoio de fogo do pelotão

b. Formas de Emprego das Peças do Grupo de Apoio


1) Ação de Conjunto – forma de emprego na qual a peça atua em proveito do
pelotão, ficando subordinada, tática e logisticamente, ao comandante do grupo de
apoio. O controle do tiro, se possível, será exercido pelo comandante do grupo de
apoio, podendo ser feito pelo chefe de peça. Normalmente, esta é a forma usual de
emprego das peças do grupo de apoio, pois facilita a coordenação, o controle, as
comunicações e o suprimento.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................32 /


99)
2) Apoio Direto – forma de emprego na qual a peça atua em proveito de um
grupo de combate. A peça fica logisticamente subordinada ao comandante do grupo de
apoio, mas recebe as missões de tiro do grupo de combate apoiado. O controle do tiro
é exercido pelo chefe de peça. A escolha e a mudança de posição são atribuições do
chefe de peça.
3) Reforço – situação na qual a peça fica diretamente subordinada ao
comandante do grupo de combate reforçado, o qual se torna responsável pelo seu
controle tático e apoio logístico. O controle do tiro é exercido pelo chefe de peça.
Normalmente, o reforço só será utilizado quando o controle da peça pelo comandante
do grupo de apoio for impraticável, em razão da distância de emprego do GC apoiado
ou das características do terreno.

Fig 20. Quadro comparativo das formas de emprego das peças do grupo de apoio

c. Planejamento do Apoio de Fogo do Pelotão


1) No seu reconhecimento, o comandante de pelotão visualiza como
empregar os seus meios de apoio de fogo. Durante o estudo de situação, é
assessorado pelo comandante do grupo de apoio e deve considerar as armas
orgânicas e as recebidas em reforço.
2) Após a decisão, o comandante de pelotão expede a ordem de operações,
que deve prescrever, dentre outras: as formas de emprego das peças, as posições de
tiro (localização geral), os alvos a serem batidos, os setores e direções de tiro, as
medidas para abertura e suspensão de fogos, as mudanças de posição e o
remuniciamento.
3) Nas operações defensivas, o comandante do grupo de apoio prepara um
roteiro de tiro, incluindo nele os dados relativos às posições de tiro das peças, os
setores de tiro, as concentrações do morteiro leve, as medidas de coordenação dos
fogos, a prioridade dos trabalhos de OT, dentre outros. Cada comandante de GC
elabora o roteiro de seu grupo.
4) O comandante do pelotão de fuzileiros, por sua vez, confecciona o roteiro
do pelotão, que contém, entre outras, as informações relativas ao apoio de fogo. O
roteiro do pelotão é o produto da consolidação dos roteiros dos grupos de combate e
do roteiro de tiro do grupo de apoio. Uma via do roteiro do pelotão é entregue ao
comandante da companhia para integração e coordenação.

Execução do Apoio de Fogo

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................33 /


99)
a. Ofensiva
1) Emprego das metralhadoras
a) A unidade de tiro da metralhadora é a peça. As peças podem atuar de
forma independente, mas a concentração dos fogos é mais eficaz pelo emprego de
ambas as peças sobre o mesmo alvo, cumprindo a mesma missão de tiro.
b) A forma de emprego mais adequada, na ofensiva, é a ação de conjunto,
onde as peças atuam em proveito de todo o pelotão. Situações específicas podem
exigir o emprego de uma peça em reforço ou apoio direto a um grupo de combate.
c) As metralhadoras, no ataque, normalmente, ocupam uma base de fogos
em um acidente capital que proporcione boa observação e bons campos de tiro em
profundidade, a fim de apoiar, nas melhores condições, a manobra dos grupos de
combate. A direção de tiro das metralhadoras, se possível, deve ser oblíqua à direção
de ataque do pelotão.
d) Excepcionalmente, quando o terreno não oferecer uma base de fogos
dominante, as metralhadoras devem se deslocar cerca de 200 a 300 metros à
retaguarda dos GC, ocupando posições de tiro sucessivas, a fim de realizar o tiro no
intervalo dos GC e proteger os flancos do pelotão. Em princípio, realizará o tiro sobre o
bipé, mas o reparo deve ser conduzido para a consolidação do objetivo.
e) O comandante do pelotão deve estabelecer os alvos a serem batidos
pelas metralhadoras em sua ordem de ataque, priorizando as armas coletivas e as
posições defensivas inimigas. Normalmente, é atribuído um setor de tiro para as
metralhadoras, podendo o mesmo ser batido por ambas as peças ou ser dividido entre
elas.
f) O comandante do grupo de apoio, em princípio, deve controlar o tiro das
metralhadoras. Quando a progressão dos grupos de combate ultrapassar o alcance de
utilização das metralhadoras, o comandante do grupo de apoio deve ordenar a
mudança de posição, por peças, para permitir a continuidade do apoio de fogo.
g) Por ocasião do assalto à posição inimiga, os fogos das metralhadoras
devem ser suspensos ou transportados a fim de evitar o fratricídio. Tal suspensão ou
transporte de fogos ocorre mediante ordem do comandante do pelotão ou sinal
convencionado previamente estabelecido na ordem de ataque.
h) Após a conquista do objetivo do pelotão, as metralhadoras cerram à
frente, imediatamente, para apoiar a consolidação e a reorganização, ficando em
condições de repelir possíveis contra-ataques inimigos.
2) Emprego do morteiro leve
a) A peça de morteiro leve proporciona apoio de fogo indireto à manobra do
pelotão, podendo bater alvos inimigos protegidos de nossos fogos diretos. A forma de
tiro utilizada é a concentração, cujo diâmetro é de 50 metros.
b) A forma de emprego mais adequada, na ofensiva, é a ação de conjunto,
onde a peça de morteiro leve atua em proveito de todo o pelotão.
c) O morteiro leve deve ocupar uma posição de tiro desenfiada, mas
próxima da crista, a fim de permitir a condução dos fogos pelo chefe de peça, já que
não dispõe de observador avançado. É desejável que a peça de morteiro leve se
posicione próximo às metralhadoras a fim de facilitar o controle do comandante do
grupo de apoio em relação às medidas de coordenação dos fogos.
d) O comandante do pelotão deve estabelecer os alvos a serem batidos
pelo morteiro leve em sua ordem de ataque, priorizando as armas coletivas e as

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................34 /


99)
posições defensivas inimigas. Normalmente, a peça de morteiro leve recebe um setor
de tiro.
e) O chefe de peça controla o tiro do morteiro leve. Quando a progressão
dos grupos de combate ultrapassar o alcance de utilização do morteiro leve, o chefe de
peça realiza a mudança de posição, sob a coordenação do comandante do grupo de
apoio, para permitir a continuidade do apoio de fogo.
f) A conduta da peça de morteiro leve, durante o assalto e a conquista do
objetivo do pelotão, é idêntica à conduta das metralhadoras.
g) Em complemento aos fogos de morteiro leve, o comandante do pelotão
pode solicitar à companhia o apoio de fogo de morteiros médios, pesados e de
artilharia.

Fig 21. Grupo de apoio na ofensiva


Manual de Campanha Companhia de fuzileiros - C 7-10 - 2005

1.8. As seções do pelotão de apoio no ataque

Considerações Iniciais

a. Missão - O Pelotão de Apoio é uma fração orgânica da companhia de


fuzileiros. Sua missão é prover apoio de fogo contínuo e imediato aos pelotões de
fuzileiros.
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................35 /
99)
b. Organização – O pelotão de apoio é constituído por um grupo de comando,
uma seção de morteiros a duas peças e uma seção anti-carro a três peças.
c. O pelotão de apoio é o principal componente do sistema apoio de fogo da
subunidade. O emprego das suas seções será determinado pelo comandante da
companhia, assessorado pelo comandante do pelotão de apoio.
d. Este capítulo apresentará a concepção de emprego do pelotão de apoio,
independente do armamento de dotação. Informações detalhadas sobre a organização,
atribuição dos componentes e maneabilidade encontram-se no manual C 7-5
EXERCÍCIOS PARA A INFANTARIA. As informações sobre o armamento serão
encontradas nos manuais técnicos específicos.

Fig 22. Estrutura Organizacional do Pel Ap

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................36 /


99)
MARCHA PARA O COMBATE

a. O pelotão de apoio da companhia de fuzileiros que constitui o escalão de


combate na marcha de aproximação (3ª Fase) adota os dispositivos e processos de
deslocamento semelhantes aos dos pelotões de fuzileiros. Os comandantes deslocam-
se junto dos primeiros homens de suas frações, controlando o deslocamento,
modificando os dispositivos, se necessário. Ao mesmo tempo, mantêm-se ligados por
mensageiro e, quando possível, pela vista, com o comandante do pelotão de apoio ou
comandante do escalão de reconhecimento que se desloca à testa do pelotão.
b. Durante a marcha, os comandantes de fração realizam um estudo contínuo do
terreno, procurando identificar locais de possíveis resistências inimigas, posições de
tiro para batê-las, posições de descarregamento, se for o caso, e itinerários para a
ocupação das posições de tiro. Assim, ficam em condições de, caso seja estabelecido
o contato com o inimigo e tão logo seja determinado pelo comandante de pelotão,
colocar suas armas em posição com a máxima rapidez.
c. Quando a coluna é detida por imposição do inimigo, os comandantes das
seções que estejam em ação de conjunto ao escalão de combate e os chefes de peça
em reforço ao Esc Rec devem, por iniciativa, cerrar para um posto de observação junto
do comandante do pelotão ao qual estão subordinados, fazendo-se acompanhar de um
mensageiro e procuram se inteirar da situação. Em caso de emprego de sua fração,
após receber ordem do comandante de pelotão, analisam, durante seu reconhecimento
e estudo de situação, os seguintes aspectos:
(1) Missão – Apoiar a progressão dos fuzileiros, destruir ou neutralizar a
resistência inimiga e fazer a segurança de um flanco ou face a uma direção.
(2) Inimigo – Valor e localização das resistências identificadas e outras
possíveis resistências.
(3) Terreno – Zonas de posição que satisfaçam às condições desejáveis para
os morteiros e armas AC. Locais em que os fuzileiros estão detidos, itinerários de
progressão dos mesmos e posições a serem ocupadas por frações da companhia de
comando e apoio em reforço.
d. Após o reconhecimento e estudo de situação, emitem sua ordem. Para isto,
ocupam um posto de observação que deve permitir observar o tiro das peças, o
itinerário de progressão dos fuzileiros e manter ligação com o comandante de pelotão.
e. Os comandantes de fração observam o desenrolar da ação, de modo a
estarem em condições de modificar ou detalhar a ordem inicial, se for necessário.
Neste caso, imediatamente submetem a modificação ao comandante do pelotão de
apoio ou do escalão de reconhecimento. Se a sua ligação com este for interrompida,
empregam as peças por iniciativa própria, tendo sempre em vista a segurança dos
fuzileiros, e o informam na primeira oportunidade. Ao término da ação, se houver
baixas, os comandantes reorganizam suas frações e informam aos comandantes do
pelotão de apoio ou escalão de reconhecimento.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................37 /


99)
ATAQUE

a. Preparativos para o ataque


(1) Antes do ataque, normalmente, o pelotão ocupa uma zona de reunião
onde realiza os preparativos para o ataque. A fiscalização destas atividades é atribuição
do comandante de pelotão. Esses preparativos incluem as medidas administrativas
constantes na ordem de operações do comandante da companhia, tais como:
(a) Reconhecimentos e planejamentos são realizados e ordens são
emitidas;
(b) O material desnecessário é reunido com o encarregado de material;
(c) As viaturas necessárias juntam-se às suas frações;
(d) O material permanece nas viaturas caso haja possibilidade
de deslocamento até a posição de ataque ou suas proximidades; e
(e) Se não houver possibilidade de deslocamento do material em viatura,
o mesmo é desembarcado e preparado para o transporte a braço.
(2) Enquanto o pelotão se prepara para o ataque, seu comandante,
acompanhado do adjunto de pelotão e do mensageiro, vai à frente com o comandante
da companhia para planejar o ataque. O sargento mais antigo fica com a tropa,
coordenando os preparativos.
(3) O pelotão de apoio pode receber ordem para ocupar posições de tiro
para proteger a zona de reunião, quando a companhia ocupar uma zona de reunião
isolada ou quando ocupar um flanco da zona de reunião do batalhão.
(4) A seção de canhões, ou parte dela, pode ocupar uma posição
provisória, seja para reforçar um pelotão de fuzileiros incumbido da segurança,
seja para bater vias de acesso perigosas, particularmente quando a companhia ocupa
uma zona de reunião isolada ou uma posição no flanco da zona de reunião do
batalhão, e há probabilidade de ataque de CC inimigo.
(5) A seção de morteiros normalmente não ocupa posições de tiro quando a
companhia ocupa parte da zona de reunião do batalhão. Quando a companhia ocupa
uma zona de reunião isolada, seu comandante pode determinar que os morteiros
sejam instalados para bater as vias de acesso favoráveis ao inimigo.
(6) Se não receber nenhuma dessas missões, as seções realizam os
preparativos para o ataque, permanecendo suas peças nas viaturas.
b. Ocupação das posições de tiro
(1) No deslocamento da zona de reunião para a linha de partida, o
comandante do pelotão de apoio determina que cada seção ocupe suas
posições de tiro para apoiar o ataque;
(2) Os comandantes de seção reúnem-se com o comandante do pelotão ou
comandante da fração que apoiam para receber ordens, devendo antes, ter mostrado
aos chefes de peça mais antigos um local coberto próximo às posições de tiro.
(3) As armas de apoio devem estar em condições de realizar o tiro antes da
companhia abandonar a posição de ataque.
(4) Seção Anticarro
(a) Sempre que possível, as armas, munição e acessórios da seção são
transportados em viaturas até uma posição de descarregamento. O transporte da
posição de descarregamento até a posição de tiro inicial é feito a braço, ocupando
antes, se houver, uma posição de espera.
(b) Os chefes de peça fiscalizam a preparação e a ocupação das
posições de tiro, que deve ser feita utilizando ao máximo as cobertas e os abrigos

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................38 /


99)
existentes, de maneira a não denunciar a entrada em posição. Quando não houver
posições desenfiadas, as armas entram em posição imediatamente antes do início do
seu tiro, normalmente aproveitando os fogos de preparação ou a intensificação de
fogos que antecede o ataque.
(c) Quando os municiadores não estiverem sendo empenhados no
remuniciamento, na segurança aproximada, como mensageiro, ou em qualquer outra
missão, devem permanecer abrigados nas proximidades da peça sem perder a ligação
com seus chefes de peça.
(5) Seção de morteiros
(a) Antes do ataque, o comandante seção faz um calco de alvos,
mostrando as posições das peças, o ponto de vigilância (PV) na zona inimiga e
determina todos os dados de tiro necessários.
(b) Como normalmente ocupam posições desenfiadas, as guarnições
deslocam-se em viaturas, da zona de reunião até uma posição de descarregamento,
localizada próximo das posições de tiro.
(c) Na posição de descarregamento as armas, acessórios e um
suprimento inicial de munição são descarregados e, posteriormente , transportados a
braço até as posições de tiro.
(d) Após o reconhecimento, o comandante de seção leva os chefes de
peça à frente, mostra as zonas de posições e fornece a direção geral de tiro e o
azimute sobre o qual devem ser apontados os morteiros.
(e) O chefe de peça escolhe a exata posição de tiro, ordena a entrada
em posição e fiscaliza a preparação e ocupação. Determina que a munição fique bem
camuflada, bem como a peça. Informa ao comandante de seção e este ao comandante
de pelotão, quando a fração está pronta para o tiro.
(f) O comandante seção e os chefe de peça são os responsáveis pela
segurança nas zonas de posição.
c. Fogos de apoio durante o ataque
(1) Seção AC
(a) As peças da seção AC normalmente não participam da preparação
ou intensificação de fogos.
(b) As seções apoiam pelo fogo as frações de fuzileiros de sua
companhia.
(c) Frequentemente, a seção segue um pelotão de fuzileiros ou uma
direção geral ao longo de um flanco da companhia, ocupando posições de tiro
sucessivas.
(d) Os comandantes de seção ou chefes de peça observam
continuamente a progressão dos fuzileiros e os alvos, a fim de evitar que seus fogos se
tornem perigosos para as tropas amigas. Procuram posições para as suas peças de
onde possam desencadear tiros sobre os carros de combate e sobre as resistências
inimigas situadas em espaldões e casamatas, que interferem na progressão do escalão
de ataque. Outras missões que a seção pode receber durante o ataque são:
((1)) Bater as vias de acesso favoráveis à aproximação dos
blindados inimigos.
((2)) Proteger os flancos da companhia.
((3)) Proteger a reorganização da companhia.
((4)) Repelir os contra-ataques.
(2) Seção de morteiros

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99)
(a) As peças da seção de morteiros podem participar dos fogos de
preparação, caso os fogos de outras armas de apoio sejam julgados insuficientes.
(b) No desenrolar do ataque, os morteiros executam fogos a pedido para
bater resistências inimigas que interfiram na progressão dos pelotões do escalão de
ataque.
(c) Quando os fogos se tornarem perigosos para os pelotões de
fuzileiros que se aproximam da zona do alvo, serão transportados para alvos mais
distantes ou outros localizados nos flancos.
(d) Durante o assalto, os fogos são desencadeados sobre alvos nos
flancos ou além do objetivo.
(3) Conduta dos comandantes de seção durante o Ataque
(a) Comandar e determinar a abertura dos fogos.
(b) Dirigir os fogos de sua fração.
(c) Determinar as mudanças de posição.
(d) Observar constantemente a progressão dos fuzileiros.
(e) Determinar a suspensão, transporte ou alongamento dos fogos.
d. Mudança de posição
(1) Quando a missão dada não puder mais ser cumprida com eficiência, de
determinada posição de tiro, será feita uma mudança para nova posição a fim de que
haja um mínimo de interrupção no apoio.
(2) As peças em reforço mudam de posição mediante ordem do comandante
do pelotão reforçado. As frações que se encontrarem em apoio direto devem informar
ao comandante do pelotão apoiado sobre a mudança
de posição e o período em que haverá impossibilidade de execução do tiro.
(3) Seção AC
(a) A seção AC pode mudar de posição, toda de uma vez, durante uma
pausa do combate ou quando não for necessário um apoio continuo.
(b) Quando for necessário o apoio de fogo contínuo, o deslocamento é
feito por peças.
(c) A peça que permanece em posição toma a seu cargo as missões de
tiro das que se deslocam.
(d) Os estudos preliminares para a mudança de posição começam logo
que as peças ocupem as posições de tiro e estejam prontas para atirar.
(e) Quando a mudança de posição é feita por peça, o comandante da
seção, seguido da peça que se desloca em primeiro lugar, vai à frente para escolher as
novas posições e determina a hora ou sinal para o deslocamento das outras peças.
(f) Quando a seção for mudar de posição toda de uma vez, seu
comandante, acompanhado do mensageiro, desloca-se antes, a fim de reconhecer as
novas posições, na zona designada pelo comandante do pelotão, ordena depois, por
sinais ou mensageiro, o deslocamento da seção, o que é feito com as peças
aproveitando os abrigos, as cobertas e os itinerários desenfiados.
(4) Seção de morteiros
(a) O comandante da seção e os chefes de peça devem estar sempre
prevendo e planejando mudanças para novas posições a fim de continuarem a prestar
apoio eficaz aos pelotões que progridem. As novas posições e os itinerários
desenfiados até as mesmas são escolhidos por meio de reconhecimento pela vista ou
no local.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................40 /


99)
(b) Quando a seção estiver em ação de conjunto ou apoio direto, mudará
de posição mediante ordem do comandante do pelotão de apoio, sob o controle do
comandante seção. A mudança é feita por escalões, para que haja continuidade de
fogos. Se uma peça estiver atuando em reforço a um pelotão de fuzileiros, o
comandante deste pode dirigi-lo.
(c) As armas e a munição são levadas em viaturas. Contudo, se isso não
for possível, serão transportadas a braço.
(d) O observador avançado desloca-se para o posto de observação de
muda por iniciativa, quando o posto de observação inicial estiver ameaçado pelo
inimigo, ou quando uma cortina de fumaça atrapalhe a observação.
(e) O comandante de seção pode deslocar seus morteiros para a
posição de muda quando os tiros inimigos ameaçam a posição principal. Quando o
comandante de seção estiver no posto de observação, será delegada ao chefe de peça
mais antigo a atribuição de fazer a mudança de posição da seção.
(f) As posições suplementares normalmente serão ocupadas mediante
ordem do comandante do pelotão de apoio.
e. Reorganização
(1) Logo que a posição inimiga seja conquistada, ou o ataque fique detido
por qualquer motivo, os comandantes das seções agem prontamente, mesmo na falta
de ordens. As armas são instaladas em posições para proteger a reorganização da
companhia e repelir os contra-ataques inimigos, à frente e nos flancos dos pelotões de
fuzileiros do escalão de ataque. Os morteiros são imediatamente regulados e as
concentrações registradas. O planejamento dos fogos para a proteção dos objetivos
conquistados tem características defensivas, normalmente, barragens são previstas.
(2) As peças que estejam em apoio direto ou em reforço aos pelotões de
fuzileiros ocupam posições nas respectivas zonas de ação. As que se achem em ação
de conjunto à companhia são instaladas a fim de barrarem as vias de acesso mais
prováveis do inimigo na zona de ação da companhia.
(3) Após as armas entrarem em posição, em condições de repelir contra-
ataques, o comandante do pelotão dá início aos preparativos para o prosseguimento do
ataque, se for o caso. Determina que os chefes de peça substituam, no âmbito suas
frações, os homens que desempenham funções importantes e tenham sido postos fora
de combate, substitui os comandantes que tenham sido feridos ou mortos, verifica as
condições de funcionamento das armas, reúne e completa a munição. Os chefes de
peça informam o efetivo de suas frações e a necessidade em armas. Por sua vez, o
comandante do pelotão dá conhecimento de suas necessidades à companhia. Dadas
as ordens para o prosseguimento do ataque as ações decorrem da mesma maneira
que no ataque inicial.

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99)
Manual de Campanha Companhia de fuzileiros - C 7-10 - 2005

1.9. Ataque Noturno

Generalidades

a. As operações deverão desenvolver-se diuturnamente, sem perda da impulsão


e da iniciativa, visando conquistar o mais rápido possível os objetivos selecionados. No
ataque noturno, deve ser dada ênfase à continuidade das operações, com o objetivo
deste ataque não ser analisado como uma operação estanque, mas sim fazendo parte
de um contexto. Assim, as operações diurnas darão sequência, sem interrupções, às
operações noturnas e vice-versa.
b. A técnica aqui preconizada pode ser empregada nas ações noturnas, com
modificações exigidas pela missão, pela resistência inimiga, pelo tempo disponível,
pelo terreno, pela existência ou não de meios optrônicos e pela luminosidade existente.
Os meios optrônicos modernos trouxeram às operações noturnas um aumento
considerável no poder de combate do atacante durante essas operações.

Finalidades

Um Btl pode fazer um ataque noturno por uma ou mais das seguintes
finalidades:
a. Evitar pesadas perdas a que estaria sujeito, realizando ataques diurnos;
b. Combinado com ataques diurnos, conquistar um terreno importante para
futuras operações, evitar que o inimigo melhore suas defesas e concluir ou explorar um
sucesso;
c. Iludir o inimigo e tirar proveito da surpresa inerente ao combate; e
d. Explorar as deficiências de meios optrônicos do inimigo.

Missão do batalhão

a. A missão do btl num ataque noturno é a mesma de qualquer operação


ofensiva. A existência de meios optrônicos possibilitará à brigada direcionar o seu
ataque para objetivos um pouco mais profundos, que comprometam a integridade do
dispositivo defensivo do inimigo. Os bi poderão, portanto, enquadrar-se nas seguintes
situações:
(1) Ser peça de manobra do escalão de ataque da brigada;
(2) Ser reserva da bda podendo realizar, posteriormente, uma
ultrapassagem, passando a pertencer ao escalão de ataque, no caso do
prosseguimento das operações; ou
(3) Realizar uma finta, demonstração ou uma ação preliminar.
b. Em condições de luminosidade nula, os batalhões tenderão a receber
objetivos pouco profundos, evitando-se as ultrapassagens.

Características

a. O combate noturno, apesar do advento dos meios optrônicos, geralmente


caracteriza-se por um decréscimo na eficiência dos tiros com pontaria direta, por um
aumento correspondente na importância do combate aproximado, pelos tiros amarrados
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................42 /
99)
que foram apontados sobre determinados objetivos durante o dia, pela dificuldade de
deslocamento, de ação de comando e manutenção do controle, direção e de ligação.
Caracteriza-se também pela diminuição da capacidade de visão do combatente, o que
reflete na redução da velocidade de progressão da tropa atacante, pela dificuldade de
identificação de tropas amigas ou inimigas e pela dificuldade de orientação no terreno.
Os ataques noturnos favorecem ao atacante, que sabe de suarealização, enquanto
que o defensor é assaltado por dúvidas, apreensão e medo do desconhecido.
b. Os fatores acima tornam de máxima importância os princípios de simplicidade,
sigilo e surpresa. Os ataques noturnos exigem um planejamento cuidadoso e
pormenorizado, bem como uma execução precisa e coordenada. O sigilo e a surpresa
são essenciais para que o ataque noturno seja conduzido com um mínimo de baixas.
Na eventualidade de perda da surpresa, o planejamento deverá prever o apoio de fogo,
a manobra e a ação de choque necessários à conquista do objetivo. Devido às
dificuldades de reorganização à noite, não é aconselhável esperar-se de uma unidade
a conquista de mais de um objetivo. O objetivo deverá ser facilmente identificável à
noite e suficientemente pequeno para que possa ser conquistado em um único assalto.
c. No combate noturno, é preciso conciliar as necessidades táticas, inerentes a
cada tipo de operação, com o desgaste da tropa, que surge com o continuar das
operações, principalmente advindos da privação do sono e da tensão do combate.
Caberá a todo comandante, em qualquer nível de comando, a emissão de diretrizes e
ordens relacionadas à possibilidade de descanso de seus comandados, em especial
quanto ao tempo necessário ao sono da tropa, a fim de preservar a operacionalidade
alcançada. Deduz-se, por conseguinte, que as medidas necessárias para se diminuir
ou eliminar os efeitos negativos advindos da privação do sono, devem constar da
diretriz do Cmt. Tais considerações avultam de importância durante operações
continuadas, quando a tropa, por qualquer motivo, não for substituída.
d. O nível de variação da intensidade luminosa, durante um ataque noturno,
variará em função da fase da lua, da forma do terreno (plano ou ondulado), da
cobertura vegetal na área e da nebulosidade. Tais fatores proporcionarão níveis
diversos de luminosidade, que variarão desde a escuridão total até noites bem claras.
e. O ritmo das operações dependerá da quantidade de equipamentos de visão
noturna disponíveis para a tropa. Os demais combatentes não portadores destes
equipamentos deverão portar material com característica de fluorescência direcional,
tipo fita ou botão, a fim de melhor contribuir para a coordenação, o controle, a
segurança e a velocidade de progressão. Os diferentes equipamentos de visão noturna
restringem a observação angular, além da variação em alcance, conforme o tipo
utilizado, com reflexos na progressão, na técnica de observação e na fadiga ocular. Os
equipamentos utilizados deverão proporcionar a visibilidade adequada às necessidades
do combatente a pé, do combatente embarcado em viatura ou carro de combate, às
necessidades de condução de tiro ou de funcionamento de determinado posto de
observação. É de fundamental importância o adestramento da tropa com equipamentos
desta natureza.
f. Pode ocorrer um certo grau de confusão no âmbito tático do emprego das
unidades e frações ou no que se refere ao desempenho individual. Para restringir esta
confusão, há necessidade de grande detalhamento no planejamento, bem como de
atingir-se o menor escalão com as medidas necessárias à manutenção da
coordenação e controle da tropa. Deve-se analisar a manobra, buscando-se adotar
uma distribuição de equipamentos de visão noturna que possibilite um valor ideal,
mínimo ou desejável em relação à operacionalidade da tropa. Devem também ser
estabelecidas normas gerais de ação para operações noturnas, bem como adestrar-se
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................43 /
99)
continuamente os Btl em operações desta natureza. A liderança dos quadros e o moral
da tropa também são parâmetros multiplicadores do poder de combate do atacante
durante as operações noturnas.

Equipamentos Especiais Empregados

a. Durante um ataque noturno podem ser empregados os seguintes


equipamentos especiais:
(1) artifícios iluminativos;
(2) luz infravermelha; e
(3) dispositivos passivos: intensificação da luz residual e dispositivo
térmico;
b. Artifícios iluminativos são todos os tipos de artifícios usados para iluminar um
objetivo ou uma Z Aç. Em especial, deve-se atentar para o emprego de munição
iluminativa dos morteiros e de artilharia. A decisão de iluminar ou não o campo de
batalha ou um objetivo dependerá dos fatores da decisão e de outros aspectos, que
indicarão o tipo e a maneira mais adequada de fazê-lo
c. Equipamento de luz infravermelha (Ifv) - é um equipamento cujo alcance varia
de acordo com a fonte alimentadora. O seu volume será maior quanto mais se
aumentar a potência do equipamento. É um dispositivo ativo por necessitar que o alvo
seja sensibilizado por um feixe luminoso infravermelho, logo, possibilita ao inimigo, com
óculos especiais, ver o raio emitido, localizando nossa posição. Esse equipamento
sofre restrições de visibilidade em presença de poeira, fumígeno, vapor de água ou
camuflagem com tinta especial infravermelha, que atenuam a reflexão do feixe
infravermelho.
d. Dispositivo de intensificação da luz residual - o alcance deste equipamento
dependerá da luminosidade existente, do tamanho do alvo e da visibilidade reinante.
Em princípio, os óculos, devido ao peso e volume, são adequados ao combatente a pé,
com a vantagem de serem passivos, não emitindo luz. Permite o uso conjugado com o
marcador de alvo laser infravermelho. Uma camuflagem adequada, a poeira, a chuva, o
nevoeiro e fumígenos são fatores restritivos ao uso deste equipamento.
e. Equipamento de imagem térmica ou de visão termal - este equipamento capta
a variação térmica e utiliza o princípio de que todo corpo e o ambiente emitem calor.
Pode ser usado, eficientemente, inclusive durante o dia, contra a camuflagem
convencional, nevoeiro, fumaça e chuva, os quais não são eficazes contra esse tipo de
equipamento. As restrições ao uso deste equipamento são as granadas de vapor de
água e o suprimento classe V (munição) com base de CO2.

Iluminação

a. Os ataques noturnos podem ser classificados em iluminados e nãoiluminados.


A escolha do tipo a ser utilizado é baseada no inimigo, no terreno, na situação tática,
na experiência da tropa e na disponibilidade de material. Um emprego hábil de artifícios
de iluminação do campo de batalha, durante um período de tempo, em um setor, pode
proporcionar um excelente plano de dissimulação para iludir o inimigo quanto ao local
ou horário exato do verdadeiro ataque. Tais planos de dissimulação podem incluir a
extensão da zona iluminada até uma considerável distância de ambos os flancos com o
fim de não denunciar a área exata do ataque.
b. Um ataque noturno não-iluminado é feito sob a proteção da escuridão,

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................44 /


99)
usando-se somente a luz natural. Esse ataque não pode progredir a fundo nas posições
inimigas em virtude da dificuldade de manutenção do controle e da direçãodurante a
escuridão. O objetivo designado sob essas condições poderá ser uma determinada
área ou acidente do terreno, junto à frente inimiga, e de tal largura e profundidade que
possa ser conquistado em um simples lanço pela força encarregada do ataque noturno.
Esse objetivo deverá ser bem definido e facilmente identificável à noite. É essencial a
observação, durante o dia, do objetivo e do terreno à frente. A direção do ataque é
mantida por acidentes existentes, tais como as estradas, as cercas, as linhas de
estacas e outros meios de fortuna como fitas de demarcação, fios telefônicos, artifícios
eletrônicos ou material com fluorescência direcional. Os ataques noturnos não-
iluminados são feitos quando as considerações de sigilo os imponham.
c. Um ataque noturno, iluminado, é feito com iluminação artificial, com uma
visibilidade semelhante à do dia. Pode ser feito mais profundamente na posição inimiga
do que um ataque não-iluminado. Em tais casos, são aplicáveis os princípios das
operações diurnas. O prosseguimento do ataque pela reserva, sobre os objetivos
sucessivos, pode ser feito empregando-se a iluminação.
d. Quando o campo de batalha é iluminado por artifícios, estes podem ser
lançados geralmente por morteiros ou artilharia. A intensidade da luz depende do tipo,
do tamanho e do número de artifícios empregados. Quando são usados artifícios com
paraquedas, especial atenção deve ser dada à direção e à velocidade do vento, para
evitar que sejam impelidos sobre o atacante ou à sua retaguarda, provocando com isto
grave vantagem ao defensor. Os artifícios com pára-quedas, normalmente, são
colocados sobre ou atrás da posição inimiga, com a finalidade de delinear sua posição
à tropa de ataque. Grande número de artifícios são necessários para proporcionar uma
iluminação contínua.
e. Se nossas tropas dispuserem de meios optrônicos e o inimigo não dispuser,
em princípio deve ser empregado o ataque não-iluminado. Se ocorrer o inverso, ou
seja, o inimigo dispuser de tais meios e nossas tropas não, em princípio deve ser
empregado o ataque iluminado. Em condições de igualdade (ambos os contendores
com ou sem meios optrônicos), diversos fatores devem ser considerados, tais como o
terreno, o tempo disponível, o grau de luminosidade, o adestramento e experiência da
tropa em operações desta natureza, o valor do inimigo, o moral da tropa e outros
fatores.
f. Se durante um ataque noturno for usada a iluminação, o plano de ataque deve
ser organizado de acordo com a visibilidade. Quando realiza-se um ataque iluminado, o
Cmt Btl toma providências para coordenar o seu plano de ataque com o plano de
iluminação do Esc Sp. Quando a iluminação é proporcionada por artifícios iluminativos
lançados por morteiros e artilharia, o pessoal de ligação e os observadores avançados
dessas unidades estabelecem o controle desses fogos.

Apoio de Fogo

a. Os ataques noturnos, independente da classificação quanto à iluminação,


podem ser classificados também em apoiados e não-apoiados.
b. Um ataque noturno apoiado é feito com o emprego de fogos de apoio antes,
durante e depois do ataque. Esses ataques, quer sejam iluminados ou não, podem ser
executados pelo Btl contra uma posição bem organizada, onde a possibilidade de
completa surpresa seja remota. As armas de apoio do batalhão e da Bda, inclusive sua
artilharia, normalmente são empregadas na preparação do ataque, no apoio durante
sua execução e na proteção durante e após o ataque. Os fogos de preparação e de
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................45 /
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apoio são empregados como em qualquer outro ataque, acrescentando-se o
planejamento dos artifícios iluminativos, se for o caso. Os fogos de proteção isolam o
objetivo e evitam ou limitam os contra-ataques inimigos. Todos esses fogos,
normalmente, são executados em toda a área, em conjunto com outros fogos previstos.
O sigilo quanto à localização exata, a direção e a hora do ataque deve ser mantido,
desencadeando-se concentrações em outros horários ou locais.
c. Um ataque noturno, não-apoiado, é feito para permitir que a força de ataque
avance até a distância de assalto ao objetivo, sem auxílio dos fogos de apoio. Estes
ataques noturnos podem ser executados pelo Btl quando houver probabilidade de
obter-se completo sigilo. Os ataques noturnos, não-apoiados, são empregados,
normalmente, contra posições sumariamente organizadas ou quando houver uma forte
probabilidade de que as defesas exteriores da posição possam ser facilmente
contornadas. Neste processo de ataque noturno, os tiros de preparação não são
empregados. Os fogos de apoio e de proteção são planejados da mesma maneira que
para um ataque noturno apoiado, mas só podem ser empregados quando o ataque for
descoberto pelo inimigo. Nessa situação, podem ser desencadeados artifícios
iluminativos a fim de favorecer o atacante, se for o caso. Uma vez iniciado o assalto
sobre o objetivo, os fogos de proteção planejados são empregados, como em qualquer
ataque noturno apoiado, para isolar o objetivo e evitar ou limitar os contra-ataques
inimigos. O sigilo nos deslocamentos é essencial neste ataque, bem como o emprego,
pelo Esc Sp, de fintas e demonstrações.
d. Os fogos de apoio podem ser desencadeados mediante horário, a um sinal
convencionado ou a pedido. Todas as armas de tiro empregadas nos tiros preparados
são coordenadas com os fogos de morteiros e de artilharia. As posições para as armas
de apoio são reconhecidas e balizadas e os elementos de tiro são levantados durante o
dia. As armas que executarão os fogos serão instaladas sob a proteção da escuridão.
e. Os fogos do pelotão de morteiros e das armas anticarro, os carros de combate
em reforço ou outras armas de apoio devem ficar disponíveis logo após a conquista do
objetivo. As armas de tiro direto capazes de ser transportadas a braço podem seguir o
escalão de ataque por lanços, mas não deverão ficar muito próximas dele, para evitar
que sejam envolvidas no ataque. A decisão para deslocá-las dessa maneira dependerá
da visibilidade, do terreno e da provável reação do inimigo. Quando a distância ao
objetivo for pequena, ou quando as condições forem desfavoráveis para o
deslocamento imediatamente atrás do escalão de ataque, os elementos de apoio
permanecem à retaguarda da linha de partida para serem levados à frente por guias,
após a conquista do objetivo. Em tais casos, se as armas de tiro direto forem
empregadas para fornecer fogos de proteção ao escalão de ataque, estas serão
instaladas em posições convenientes, à frente ou nos flancos para desencadear fogos
de proteção.
f. A mudança de posição, após a conquista do objetivo, é feita com rapidez e
pode ser realizada por transporte a braço, em viaturas ou por meios aéreos. O controle
de tais deslocamentos é difícil e deve ser planejado minuciosamente.
g. Os morteiros, normalmente, não mudam de posição antes da conquista do
objetivo. São deslocados quando a progressão no interior da posição inimiga é tão
profunda que torne seus tiros ineficazes. Quando os elementos do Btl que executam o
ataque noturno vão prosseguir na operação ao clarear do dia, esses morteiros podem
ser deslocados para apoiar o ataque diurno. Quando estes deslocamentos forem

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................46 /


99)
necessários, as armas deslocam-se por escalões, a fim de que possam desencadear
seus fogos de proteção. Nos ataques noturnos iluminados, as armas de apoio são
empregadas como num ataque diurno.

Reconhecimentos e Outras Ações Preparatórias

a. Os preparativos feitos pelo Cmt Btl para um ataque noturno contra uma
posição defensiva inimiga compreendem:
(1) a determinação do efetivo, em fuzileiros, do escalão de ataque e a hora de
início do ataque;
(2) a escolha da Z Reu e as providências para sua ocupação;
(3) a imediata expedição de ordens preparatórias, informando a natureza da
operação, que dependerá do nível de visibilidade e da quantidade de meios optrônicos
disponíveis, a quantidade e o tipo dos reconhecimentos a serem realizados pelos
oficiais do EM e Cmt SU e a hora e local de reunião para recebimento de ordens;
(4) a determinação dos limites do objetivo e as Via A mais favoráveis que
conduzem a ele, dependendo do nível de visibilidade em que será desenrolado o
ataque noturno;
(5) A determinação do dispositivo do escalão de ataque;
(6) A localização das posições de ataque; a linha de partida; a provável linha
de desenvolvimento; os pontos de liberação de companhia; os limites laterais exatos de
cada objetivo de companhia e a linha limite de progressão.
(7) O reconhecimento e o balizamento dos itinerários entre a zona de reunião
e a posição de ataque;
(8) A coordenação com as tropas amigas nas vizinhanças da posição de
ataque e na linha de partida. Instruções para a abertura de brechas à frente para
passagem da tropa;
(9) A informação ao comandante da brigada sobre as repercussões da
determinação do ataque ser iluminado ou não, na manobra de seu batalhão, pelo
estudo do terreno.
b. O reconhecimento diurno executado por todos os Cmt é de grande
importância em todos os ataques noturnos e é essencial quando esta operação for
executada contra posições defensivas organizadas ou em noites totalmente escuras.
Ele será completado por patrulhas de reconhecimento, durante a escuridão, e pelo
estudo das cartas ou fotografias aéreas. As fotografias aéreas da Z Aç deverão ser
distribuídas a todas as companhias. O reconhecimento é realizado com a devida
atenção, tendo em vista o sigilo. Durante o dia, o reconhecimento do terreno
normalmente fica limitado à observação realizada a partir das linhas de frente amigas.
Frequentemente, os únicos meios de assegurar informações pormenorizadas do
terreno na Z Aç, bem como a localização e efetivo dos elementos de vigilância e postos
de escuta inimigos, são as patrulhas noturnas, que poderão estar, para maior
eficiência, equipadas com visores noturnos. Os elementos dessas patrulhas podem ser
utilizados, mais tarde, como membros de destacamentos de segurança na frente e nos
flancos. Os destacamentos podem ser empregados para balizar itinerários à frente da
linha de partida, demarcar a PLD, silenciar sentinelas e fornecer guias às frações
subordinadas para seu deslocamento da LP até a PLD. A engenharia em apoio ou em
reforço é empregada para localizar os campos de minas inimigos. Devem ser feitos
planos para a abertura de brechas nesses e em outros obstáculos, antes do ataque. As
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................47 /
99)
instruções do Cmt Btl para os comandantes das companhias definem a zona que cada
Cia deve patrulhar e as informações a serem obtidas. O número de patrulhas, o seu
efetivo e os outros pormenores podem ser também prescritos.
c. O planejamento dos ataques noturnos contra uma posição inimiga organizada
deverá ser mais minucioso que para um ataque diurno. Em complemento aos planos
normais de manobra e de apoio de fogos, devem ser determinadas as medidas
pormenorizadas que assegurem a coordenação e o controle entre os elementos do
escalão de ataque e os de apoio, para manter a segurança, o sigilo e as comunicações.
Deverão ser feitas previsões para todas as eventualidades. O planejamento detalhado
para um ataque noturno deve refletirse nos pormenores da ordem do Btl. O trabalho de
normas de comando é idêntico ao ataque diurno.

Segurança e Sigilo

a. A segurança é mantida por destacamentos na frente e nos flancos. As


patrulhas colhem dados até pouco antes do início do ataque, quando os
destacamentos de segurança se deslocam para suas posições previamente escolhidas
e reconhecidas, para proteger a progressão das companhias do escalão de ataque. É
ideal que esses destacamentos utilizem equipamentos de visão noturna e eliminem as
patrulhas e os vigias inimigos. Se possível, os destacamentos de segurança devem
dispor de homens que falem o idioma do inimigo. O efetivo, o número e os dispositivos
dos destacamentos de segurança dependem do inimigo, do terreno e da visibilidade.
b. Em um ataque noturno, a segurança e a surpresa são obtidas, principalmente,
pelo sigilo. As medidas para assegurar o sigilo são:
(1) a restrição no efetivo e nas atividades das turmas empregadas nos
reconhecimentos e nos outros preparativos;
(2) o desencadeamento periódico de concentrações em outras áreas ou em
outros horários;
(3) a iluminação de outras zonas para enganar o inimigo;
(4) o ataque em hora e em direção inesperadas;
(5) a manutenção das armas carregadas e travadas durante o deslocamento
e somente abrir fogo por ordem de determinados comandantes;
(6) a total disciplina de luzes e ruídos;
(7) o emprego de armas brancas durante o deslocamento e o ataque;
(8) o deslocamento, em pequena velocidade, para que toda a fração possa
deslocar-se em silêncio e seja mantida a ligação entre os homens; e
(9) o emprego de patrulhas para colocar fora de combate os postos de escuta
e os vigias inimigos, momentos antes das forças de ataque chegarem a seus locais.

Identificação à Noite

São prescritos meios de identificação para todo o pessoal. Constam das


instruções do Cmt Btl e servem para identificar qualquer homem que se desloque para
o objetivo, antes do clarear do dia. A não ser que se disponha de meios especiais de
identificação, os meios prescritos devem ser imediatamente distribuídos a todos os
homens. Esses meios não deverão ser complicados, porém facilmente reconhecíveis a
alguns metros de distância. Braçadeiras de pano branco ou materiais fluorescentes são
um bom meio de identificação. Podem ser estabelecidos distintivos para os oficiais e,
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................48 /
99)
se possível, para os sargentos. A criatividade dos Cmt poderá improvisar qualquer
meio de identificação mútua para a tropa. Tais meios de identificação têm reflexos
positivos na segurança da operação.

Manobra

a. Quando a tropa não for equipada com meios optrônicos, as características do


ataque noturno restringem as possibilidades de manobra. Para contornar essas
dificuldades, os ataques noturnos são feitos sem mudança de direção e com
dispositivos relativamente cerrados. O ataque pode, ou não, ser frontal com relação às
defesas do inimigo, mas a manobra deve ser extremamente simples.
b. Conciliando-se diversos conceitos sobre a manobra, o ataque noturno pode
ser executado por meio de um desbordamento ou de uma infiltração tática, para buscar
incidir pelo flanco ou pela retaguarda do inimigo, obtendo maior grau de surpresa e
maior probabilidade de sucesso, respeitando-se o princípio da simplicidade. Tais
formas de manobra podem dificultar a coordenação e o controle, principalmente à
noite, embora os meios optrônicos reduzam essa dificuldade. Os fatores da decisão,
além de outros aspectos como adestramento e moral, induzem à realização ou não
dessas formas de manobra em operações noturnas. Normalmente o ataque não-
iluminado e não-apoiado será conduzido utilizando-se técnicas de infiltração.
c. O escalão de ataque pode deslocar-se da Z Reu para uma posição de ataque
segura de onde o ataque será desencadeado. Depois de ocupar a LP, em princípio,
todos os deslocamentos na escuridão são feitos diretamente, na direção dos objetivos,
sem qualquer mudança na direção. Ao fazer seu plano de manobra, o Cmt considera,
além da amplitude e da localização do objetivo:
(1) o dispositivo do Btl;
(2) a posição de ataque;
(3) a hora do início do ataque;
(4) a linha de partida;
(5) os pontos de liberação;
(6) a velocidade do deslocamento;
(7) a provável linha de desenvolvimento; e
(8) a linha limite de progressão.

Dispositivo

a. O Cmt Btl prescreve o dispositivo das companhias de fuzileiros do escalão de


ataque. O deslocamento até o ponto de liberação de companhia, normalmente, é feito
em coluna. As companhias do escalão de ataque, em princípio, transpõem a linha de
partida com os pelotões justapostos ou sucessivos, estando esses em coluna. Se a
visibilidade e o terreno permitirem a manutenção do controle e o objetivo estiver
próximo da linha de partida, ou se for esperado um prematuro contato com o inimigo,
pode ser vantajoso o avanço desde a linha de partida, disposta a companhia por
pelotões justapostos, estando esses em coluna. Os intervalos entre as companhias
devem ser tais que permitam, sem embaraço, a entrada dos grupos de combate em
linha para o assalto. O escalão de ataque modifica seus dispositivos nos pontos de
liberação ou quando o desenvolvimento for forçado pela ação inimiga. Em noites com
melhores níveis de visibilidade, o dispositivo tenderá para o adotado em um ataque
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................49 /
99)
diurno, dependendo da disponibilidade de equipamento de visão noturna e de
dispositivos auxiliares de sinalização noturna (fitas e outros equipamentos e materiais
de fosforescência direcional), atentando-se para o controle e segurança da tropa.
b. O Cmt Btl mantém uma reserva, em princípio, com valor mínimo de uma
companhia de fuzileiros, para cumprir as missões normais da reserva. Quando a
distância da linha de partida até o objetivo não for grande ou a visibilidade não
favorecer o emprego da reserva, esta pode ser mantida à retaguarda da linha de
partida até a conquista do objetivo, após o que poderá cerrar à frente. Elementos da
reserva podem ser empregados na limpeza, atuando contra os grupos inimigos
ultrapassados pelo escalão de ataque. Dependendo da visibilidade e da disponibilidade
de equipamentos de visão noturna ou de dispositivos auxiliares de sinalização, a
reserva adotará dispositivos semelhantes ao do ataque diurno, deslocando-se por
lanços à retaguarda do escalão de ataque.

Medidas de Coordenação e Controle

a. Zona de reunião (Z Reu) - O Btl desloca-se para uma Z Reu, onde são feitos
os preparativos para o ataque.
b. Posição de ataque (P Atq) - Se possível, uma posição de ataque deve ser
escolhida de maneira que possa conter o escalão de ataque no dispositivo prescrito
para a transposição da linha de partida. Nessa posição, as medidas de controle e as
direções são verificadas e os destacamentos de segurança são enviados até suas
posições. A área escolhida deve oferecer o mínimo de obstáculos e espaço para
dispersão. Um controle eficiente deve ser exercido durante o deslocamento para a
posição de ataque, com a finalidade de reduzir ao mínimo a confusão, a perda da
direção e a quebra do sigilo. Os meios para esse controle compreendem os
equipamentos de visão noturna, a utilização de guias, a escolha de itinerários
claramente definidos e o emprego de balizamento. O deslocamento da Z Reu para a
posição de ataque, em princípio, é feito sob o controle do Btl. Contudo, quando for o
caso, em virtude do dispositivo para o ataque e da escolha de P Atq diferentes para
cada SU, o controle pode ser descentralizado para os Cmt Cia.
c. Linha de Partida (LP) - Caso não possa ser fixada por um acidente do terreno,
essa linha pode ser demarcada com fitas ou outros meios improvisados. O ideal seria
estabelecer a orla anterior da posição de ataque como LP.
d. Hora do ataque
(1) Quando um ataque deve prosseguir no dia seguinte, o ataque noturno
pode ser feito na segunda parte da noite, para não dar tempo ao inimigo de organizar
um contra-ataque eficaz. O ataque deverá ter início com tempo suficiente para a
completa conquista do objetivo, consolidação e a reorganização da tropa antes do
clarear do dia.
(2) Quando a missão for conquistar e manter um objetivo, o batalhão,
geralmente, ataca logo após o escurecer para impedir que o inimigo se reorganize,
reforce sua posição, ataque ou retraia.
(3) Nas duas situações acima, para estimar a hora do início do ataque, o Cmt
Btl deve estipular um horário de referência a partir do qual o Btl já tenha cumprido a
missão e esteja disposto no terreno para fazer face aos contra-ataques inimigos. Deve
subtrair desse horário o tempo previsto para a consolidação, reorganização e o tempo

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................50 /


99)
de deslocamento da LP até os objetivos finais. Deve ser deixada uma margem de
segurança para compensar os retardos imprevistos.
e. Pontos de liberação (P Lib) - Os P Lib são localizados ao longo do itinerário
de progressão, onde determinados elementos são deixados sob o controle de seus
próprios Cmt. Estes pontos são fixados pelo Cmt imediatamente superior. O Cmt Btl
fixa o ponto de liberação onde as companhias do escalão de ataque tomam novas
direções, mais ou menos paralelas, facilitando o prosseguimento do movimento. Da
mesma maneira, os Cmt Cia fixam os P Lib dos seus Pel e os Cmt Pel para seus
grupos de combate. Estes P Lib sucessivos ficam localizados entre a Z Reu do Btl e a
provável linha de desenvolvimento, e a sua escolha, em cada escalão de comando,
depende da natureza do terreno, do conhecimento do dispositivo inimigo, do grau de
escuridão que prevalece, da distância ao objetivo e da intenção de manter a formação
em coluna o maior tempo possível, para facilitar o controle. As frações desenvolvem-se
imediatamente, sem observar os P Lib, quando isto for imposto pela ação inimiga.
f. Provável linha de desenvolvimento (PLD) - A PLD é uma linha sobre a qual o
Cmt pretende desenvolver completamente a tropa para o assalto ao objetivo. Deve ser
perfeitamente identificável à noite e estar dentro da distância de assalto ao objetivo.
Esta distância varia de acordo com o tipo da posição a ser assaltada, com o tipo e a
intensidade do fogo de apoio que precede o assalto, com a reação inimiga esperada,
se o inimigo possui ou não equipamentos de visão noturna e com o terreno. Quando
não se dispuser de uma linha natural do terreno para o desenvolvimento, pode ser
demarcada uma linha por guias que se utilizam de meios improvisados ou de material
apropriado, tais como dispositivos luminosos, fluorescentes ou infravermelhos. O
emprego de P Lib e da PLD auxiliam o escalão de ataque a cobrir uniformemente o
objetivo.
g. Linha limite de progressão (LLP) - É planejada para manter o controle e evitar
que o escalão de ataque seja submetido aos fogos de proteção amigos, o Cmt Btl
estabelece uma linha limite para a progressão, tanto em profundidade como nos
flancos do objetivo. Esta linha deverá seguir os acidentes do terreno reconhecíveis à
noite pela tropa. Os fogos de proteção para isolar o objetivo são planejados para
imediatamente após esta linha.

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99)
Fig 22. Medidas de coordenação e controle no ataque noturno

Velocidade de Progressão

a. O Cmt Btl planeja a velocidade da progressão do escalão de ataque para que


o assalto ao objetivo seja feito, simultaneamente, pelas companhias de primeiro
escalão. Os ataques noturnos realizados em terreno difícil podem exigir que as
companhias de primeiro escalão transponham a LP em horários diferentes, para
assegurar a chegada no objetivo simultaneamente. Durante a progressão, os vários
Cmt permanecem alertas para assegurar um estreito controle sobre o deslocamento,
verificando a direção e a ligação com o elemento base.
b. No ataque não-apoiado e não-iluminado, a velocidade de progressão depende
do terreno e da visibilidade e, normalmente, é lenta em virtude da necessidade de
cautela e da pouca visibilidade. O controle e a manutenção da direção são difíceis
neste tipo de ataque noturno.
c. No ataque apoiado, iluminado ou não, a surpresa é obtida pela direção do
ataque. O sigilo, normalmente, é subordinado à velocidade de progressão. O assalto ao
objetivo é feito tão rapidamente quanto possível.
d. Apesar do emprego de equipamentos de visão noturna em determinados
ataques, a velocidade de progressão do ataque noturno não assemelha-se ao ataque
diurno.

Comando e controle
a. O PC do Btl permanece à retaguarda da linha de partida, até que o objetivo
tenha sido conquistado, quando poderá cerrar à frente ou permanecer no local inicial. O
Cmt Btl, os oficiais designados do seu EM e os mensageiros podem seguir na esteira
da SU que realiza o ataque principal, ou acompanhar a manobra de um P Obs, quando
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................52 /
99)
o ataque é iluminado. Uma turma de comunicações, com telefone, rádio e artifícios
luminosos desloca-se com este grupamento de comando.
b. Os meios físicos são instalados entre o Btl e as Cia. A fim de preservar o
sigilo, as comunicações telefônicas são preferíveis durante o deslocamento da LP até a
PLD.
c. O meio rádio deve ser evitado, para que o inimigo não venha identificar, com
seus meios de GE, o desencadeamento do nosso ataque. Porém, após a quebra do
sigilo, pode ser empregado, mas com restrições, devido às ações da GE do inimigo
como localização e interferência.
d. Os mensageiros, principalmente os especiais, são largamente empregados
após o início do ataque, seja para suplementar o meio físico, seja para minorar os
efeitos da confusão do combate, inerentes ao ataque noturno. Porém, tais mensageiros
devem conhecer a perfeita localização do PC do Btl e das Cia.
e. Os meios suplementares, tais como os acústicos e os artifícios
luminosos, são planejados e utilizados se necessário, particularmente após a
quebra do sigilo. Há necessidade que todos os Cmt participantes conheçam os sinais a
serem utilizados no ataque, inclusive os sinais de pedido e cessação de fogos de apoio
ou de proteção, bem como, o de objetivo conquistado. Tais artifícios podem ser
utilizados para orientar a tropa até o objetivo ou para reunir as frações que tenham
perdido a direção.

Execução do Ataque

a. Progressão - Nos ataques não-iluminados, a progressão à frente da LP é feita


em colunas cerradas até às proximidades do inimigo, salvo se o desenvolvimento for
imposto pela ação deste. Uma progressão cautelosa é essencial para o sigilo. Quando
as frações de assalto atingem os P Lib sucessivos, abandonam a formação em coluna
e desenvolvem-se para formar a linha para o assalto na PLD. Cada coluna será
precedida de elementos de segurança, dispostos dentro do limite de visibilidade, que
deverão proteger a tomada deste dispositivo. As ligações laterais são mantidas por
elementos que atuam dentro da distância de ligação. Se for encontrado um posto de
vigia inimigo, os elementos avançados da coluna auxiliam os elementos de segurança
na sua eliminação, empregando arma branca, enquanto o restante da coluna se abriga.
Todos os comandantes tomam medidas para evitar um assalto prematuro. A ação das
patrulhas ou dos postos de vigias inimigos pode forçar o desenvolvimento de todo ou
parte do escalão de ataque, antes da hora prevista.
b. Assalto - No ataque noturno, o desenvolvimento pode ser forçado pela ação
do inimigo ou executado quando da chegada à PLD. É feito, nesta linha, com rapidez e
silêncio; qualquer parada prolongada nesta fase do ataque aumenta a possibilidade de
revelação. Devem ser tomadas precauções para evitar um assalto prematuro, causado
por tiros feitos a esmo pelo inimigo. Após o desenvolvimento, a progressão é retomada,
até que seja encontrada resistência inimiga, quando o assalto será iniciado. Nesta fase,
todas as tropas assaltantes pressionam com a maior rapidez possível, indiferentes à
ação inimiga. Podem ser empregados artifícios iluminativos a fim de permitir às tropas
assaltantes disparar seus tiros com pontaria e deslocar-se com maior velocidade e
controle, evitando o fogo fratricida.

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99)
c. Tiros traçantes e outros meios devem ser empregados para aumentar a
eficiência do nosso tiro direto. Todo esforço deve ser feito para manter a formação em
linha para o assalto e evitar que ela se transforme em grupos isolados. Nesse
momento, torna-se essencial uma ação agressiva do comando, principalmente em
termos de liderança.
d. Se uma das peças de manobra do escalão de ataque ficar detida, em
qualquer fase da manobra, o Cmt Btl poderá intervir ou não no combate. Caso positivo,
poderá fazê-lo da mesma forma que no ataque diurno, como também iluminando o
ataque.
e. Conduta após a conquista do objetivo - No ataque noturno, a consolidação e a
reorganização começam logo que o objetivo tenha sido conquistado, a semelhança do
ataque diurno.

1.10. Ataque com transposição de curso d'água

Generalidades

A transposição de um curso de água obstáculo que não dispõe de passagens


utilizáveis e cuja segunda margem encontra-se defendida pelo inimigo, constitui-se em
uma operação especial. Nesse caso, a operação comporta, normalmente, a conquista
e manutenção de uma cabeça-de-ponte como ação preliminar da ofensiva. As
operações de transposição de curso de água são, normalmente, conduzidas no
escalão divisão. É normal, também, que o escalão superior apoie a transposição em
material de travessia, tropas de engenharia, unidades geradoras de fumaça, polícia do
exército, aeronaves, artilharia e outros.
Um BI, qualquer que seja o tipo de transposição, geralmente atua enquadrado
em uma Bda, seja como escalão de ataque, seja como reserva. Isoladamente, o Btl
não tem condições, sem apoio de engenharia, de planejar e executar qualquer tipo de
transposição.

Característica da Operação

A transposição de um curso de água obstáculo que tem a margem oposta


defendida pelo inimigo, segue os mesmos fundamentos das operações ofensivas,
embora diferente nos aspectos abaixo relacionados:
a. necessidade de grande quantidade de equipamento especializado e de
pessoal instruído;
b. o comando e o controle das unidades são difíceis em face das restrições de
espaço, trânsito e comunicações;
c. o número de L Aç que se oferecem é geralmente bastante limitado;
d. necessidade de obtenção da superioridade aérea;
e. tipos especiais de informações e reconhecimentos.

Tipos de Transposição

Existem dois tipos de transposição: preparada e imediata.

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a. Transposição Preparada - É uma operação de transposição de um curso de
água obstáculo, executada com planejamento minucioso e amplos preparativos,
visando concentrar força e meios necessários para desencadear, inicialmente, um
ataque na margem oposta.
(1) Características da transposição preparada:
(a) É realizada quando a imediata não for possível ou, uma
vez tentada, não tenha tido sucesso;
(b) O inimigo na segunda margem é forte;
(c) É uma operação mais centralizada, exigindo maior coordenação e
controle;
(d) São feitos preparativos e planejamentos minuciosos, caracterizando uma
perda de impulsão pela parada da operação em curso; e
(e) A linha de partida é a margem amiga do curso de água, devendo ser
ultrapassada em uma hora "H" determinada, pelas unidades envolvidas.
b. Transposição Imediata - É uma operação de transposição de um curso de
água obstáculo, executada com meios já disponíveis ou que possam ser obtidos em
curto prazo, sem interrupções das operações em curso para preparativos de vulto.
(1) Características da transposição imediata:
(a) É realizada, normalmente, em continuação a uma ação que já vem
sendo executada, como por exemplo, um Apvt Exi, uma M Cmb, uma perseguição ou
um ataque a posições inimigas antes da primeira margem.
(b) O inimigo na segunda margem é fraco e sua posição não está bem
preparada;
(c) A surpresa, rapidez e audácia que caracterizam essa operação, tornam
as unidades blindadas as mais aptas a participarem desse tipo de transposição;
(d) A LP situa-se bem antes da margem do rio e as unidades a transpõem
a medida que a atingem, sem que seja fixada uma hora "H". Para tanto, já devem estar
de posse dos meios de transposição de assalto necessários; e
(e) Deve ser tentada, sempre que possível pois evita a perda da impulsão
na ação ofensiva em curso.

CLASSIFICAÇÃO DOS CURSOS DE ÁGUA

Para fins de planejamento de uma operação de transposição, os cursos de água


são classificados em:
a. Curso de água obstáculo - São todos os cursos de água não-vadeáveis;
b. Curso de água obstáculo de vulto - São todos os cursos de água com largura
entre cem e trezentos metros;
c. Curso de água obstáculo de grande vulto - São todos os cursos de água com
largura superior a trezentos metros.

Conceitos Básicos

a. Cabeça-de-ponte (C Pnt) - É uma área ou posição, na margem oposta de um


curso de água, que uma força conquista e mantém numa ofensiva, ou mantém na
defensiva, a fim de assegurar as melhores condições para o prosseguimento das
operações.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................55 /


99)
b. Linha-de-cabeça-de-ponte (L C Pnt) - É uma linha, balizada por acidentes no
terreno, utilizada para delimitar uma cabeça-de-ponte.
c. Frente de Travessia (Fr Tva) - É a extensão da linha do curso de água,
selecionada na Z Aç de uma força que realiza a transposição. Para o batalhão a frente
de travessia coincide com a sua própria Z Aç.
d. Travessia de Oportunidade - É caracterizada pela ausência do inimigo no
curso de água obstáculo e se resume aos problemas técnicos de construção e
utilização dos meios de travessia.
e. Local de Travessia (Loc Tva) - Local favorável à travessia à vau e à utilização
dos meios de transposição (meios de assalto, passadeiras, portadas, pontes e viaturas
anfíbias), sujeito aos fogos inimigos.
f. Local de Travessia de Assalto (Loc Tva Ass) - Local favorável à travessia de
um batalhão de infantaria em botes de assalto ou viaturas anfíbias.
g. Zona de Reunião Inicial de Material de Engenharia (ZRIME) - Região onde a
engenharia reúne seu material de transposição e seu equipamento para posterior
utilização na operação.

Fig 24. Frente e locais de travessia


h. Zona de Reunião Final de Material de Engenharia (ZRFME) - Região
na qual o material de engenharia (botes e passadeiras), destinado à
transposição dos elementos de assalto, é reunido e arrumado para uso imediato.

Ordem de Ataque
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99)
A ordem de operações do batalhão contém informações e instruções, de
particular importância na transposição de um curso de água, além das normais à de um
ataque coordenado. Normalmente estas informações são extraídas da ordem de
operações da brigada, conforme o que se segue:
a. informação sobre o terreno da frente de travessia;
b. missão, hora de transposição, Z Aç e objetivos do Btl;
c. informações sobre a missão das outras unidades, inclusive as demonstrações
ou fintas.
d. plano de apoio de fogos do Esc Sp;
e. informações sobre o emprego de fumaça para cobrir a operação;
f. plano de apoio da engenharia para a operação; e
g. plano pormenorizado de controle de trânsito, de suprimentos e de
comunicações e eletrônica.

RECONHECIMENTO

a. Os preparativos para a transposição compreendem a busca de dados sobre o


inimigo e o terreno da zona de ação onde o Btl vai atuar. Sempre que possível, deve
ser dado tempo suficiente para os reconhecimentos diurnos a todos os Cmt, inclusive
aos dos elementos de engenharia, com cujo equipamento, a transposição vai ser
executada. Pequenas patrulhas fluviais de reconhecimento podem ser enviadas sob a
proteção da escuridão.
b. O reconhecimento pessoal do Cmt Btl, complementado pelo esforço de busca
e por outras fontes de dados, deverá considerar os seguintes pontos:
(1) a composição e o dispositivo das forças inimigas, inclusive a localização
das armas, dos campos de minas e de outros trabalhos defensivos,
bem como a existência dos locais de transposição, que não estejam
defendidos ou que estejam fracamente defendidos;
(2) os locais para as reservas e outras frações que cheguem à margem
oposta;
(3) os acidentes do terreno bem definidos e apropriados para objetivos de
companhia;
(4) a rede de estradas no lado inimigo;
(5) as Via A através da posição inimiga;
(6) os acidentes do terreno na margem anterior do rio, para instalação de
postos de observação e zonas de posições para as armas de apoio; e
(7) a identificação dos objetivos e outras medidas de coordenação e controle
impostos pela Bda.
c. O Cmt Btl estuda os seguintes pontos complementares, de preferência com o
oficial de engenharia, cuja unidade está apoiando o ataque:
(1) locais de travessia de assalto, na Z Aç do Btl, determinados pela largura,
profundidade e correnteza do rio, a existência de bancos de areia, recifes, ilhas,
pedras, diques e outras construções, a inclinação e a altura de ambas as margens e as
Via A às mesmas;
(2) a existência de passagens a vau, portadas, pontes e locais de antigas
pontes;

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................57 /


99)
(3) a localização exata da posição de ataque coberta, junto da margem amiga
do rio. Essas localizações devem ser facilmente acessíveis às viaturas e identificáveis
à noite;
(4) os itinerários cobertos que conduzem diretamente da posição de ataque
aos locais de transposição na margem amiga;
(5) as Z Reu prescritas pela brigada;
(6) os itinerários da Z Reu até a posição de ataque. Para os deslocamentos
diurnos devem ser escolhidos itinerários bem definidos e que possam ser percorridos
com facilidade.

EXECUÇÃO

a. Da zona de reunião para a posição de ataque - Após a escolha da posição de


ataque, cada SU ou fração que vai participar da transposição envia guias para fazer um
reconhecimento diurno da sua posição de ataque e dos itinerários a serem utilizados
para o deslocamento da Z Reu para aquela posição. Quando possível, as tropas fazem
o deslocamento sob o controle do Btl, até que estejam próximas as suas posições de
ataque. Para evitar confusão e perda de tempo na posição de ataque, as frações
deslocam-se como um todo e serão divididas em equipes, uma para cada bote.

Fig 25. Execução do ataque

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................58 /


99)
b. Da posição de ataque para o rio - Ao chegarem à posição de ataque, as
frações das primeiras vagas encontram os guias fornecidos pela engenharia e estes as
conduzem até suas embarcações ou aos outros meios de transposição designados. As
equipes acompanhadas pelas guarnições dos botes são levadas por itinerários
previamente balizados e protegidos, transportando seus botes de assalto, até o seu
local de travessia. O deslocamento para o rio é regulado para que todas as
embarcações da primeira vaga atinjam a margem amiga (LP) ao mesmo tempo (hora
"H") evitando o retardo de uma nova coordenação. Todos os itinerários apropriados que
levem da posição de ataque ao rio devem ser utilizados para evitar congestionamento.

Fig 26. Deslocamento da posição de ataque até o rio

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................59 /


99)
c. Transposição do curso de água - As guarnições de engenharia são
encarregadas da operação das embarcações durante a transposição. Nos escalões de
ataque, o infante mais antigo à bordo é o responsável pela orientação de cada
embarcação para seus pontos de desembarque. Se a embarcação não puder ser
acionada com sua própria força motriz, as guarnições de engenharia e o pessoal de
infantaria levam-nas através do rio com auxílio de remos. Cada embarcação inicia a
transposição logo depois do embarque do pessoal e dirigir se à margem oposta, tão
rapidamente quanto possível e pelo caminho mais curto.
Nenhuma tentativa deve ser feita para manter uma formação qualquer no curso
da transposição, embora devam ser mantidos os intervalos entre as embarcações.
d. Nenhum esforço deve ser feito para contrariar a força natural da correnteza, a
menos que ela seja tão veloz que cause uma deriva apreciável dos locais de
desembarque prescritos. Em tais casos a necessidade de opor-se a esta correnteza é
prevista pelo Cmt Btl, e constarão de instruções específicas, incluídas na ordem de
transposição do batalhão. A execução de tiros raramente é feita durante o dia e é
proibida durante à noite. Ao chegarem à margem oposta, as tropas desembarcam com
rapidez, desenvolvem-se e atacam. As guarnições de engenharia retornam com suas
embarcações à margem amiga, imediatamente.
Nas viagens subsequentes o pessoal de engenharia é o responsável pela
direção.
e. Ataque após a transposição - Após a transposição, as equipes de assalto
limpam a margem do rio e prosseguem para os seus objetivos. O fogo direto sobre os
elementos que desembarcam na segunda margem, caso seja eficaz, deve ser
neutralizado antes de qualquer reorganização das equipes de assalto. O
prosseguimento é feito como num ataque normal, buscando-se conquistar os objetivos
previstos e informando-se a ultrapassagem das linhas de controle que permitirão à
engenharia realizar trabalhos técnicos no curso de água, dando condições para a
transposição dos meios motorizados do Btl.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................60 /


99)
Fig 27. Local das linhas de controle após a transposição

APOIO DE FOGO

Durante o planejamento do ataque devem ser analisados, quanto ao apoio de


fogo, os seguintes aspectos:
a. emprego do pelotão de morteiros - o pelotão de morteiros é empregado
inicialmente na margem amiga em ação de conjunto. Os observadores dos morteiros
deslocam-se com os pelotões do escalão de ataque. Devem ser feitos planos para a
transposição do pelotão de morteiros tão logo as portadas passem a operar. Após a
transposição, o seu emprego é feito como em qualquer outro ataque;
b. a hora e processo de transposição do Pel AC e seu provável emprego após a
transposição;
c. as missões dadas aos carros em reforço;
d. a coordenação dos fogos de morteiros e de artilharia no plano de fogos de
apoio - o emprego de fumaça e as providências para que o Pel Mrt Me e as turmas de
ligação e de reconhecimento da artilharia façam a transposição o mais cedo possível;

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................61 /


99)
Fig 28. Carros de combate em apoio à transposição

Comando e Controle

Antes da transposição, os rádios podem permanecer em silêncio para


preservação do sigilo. Com a transposição das primeiras vagas, o silêncio rádio,
normalmente, é suspenso. O rádio, nesta ocasião, torna-se o principal meio de
comunicações entre o Cmt Btl e o escalão de ataque. Se necessário, a Bda pode
fornecer ao Btl um reforço de rádios. As comunicações, tanto para a frente, como para
a retaguarda, são mantidas inicialmente pelo rádio, meios visuais e mensageiros.
Aviões de ligação podem ser empregados para as comunicações com a retaguarda. As
linhas telefônicas, normalmente, são estendidas através do rio pelas passadeiras ou
pontes, e podem também ser estendidas por cima ou sob a água, a não ser que este
apresente grande largura e forte correnteza. Aviões leves podem lançar fios neste tipo
de operação.

Infiltração Tática

A infiltração tática, conjugada à operação de transposição, poderá ser realizada


para neutralizar posições inimigas que interfiram perigosamente na transposição ou
para isolar o inimigo do apoio de suas reservas.

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99)
1.11. Ataque em localidade e combate em área edificada

Generalidades

Considerações iniciais

a. Em presença de uma localidade defendida, o atacante pode:


(1) Desbordá-la, isolá-la ou cercá-la;
(2) Torná-la insustentável, pelo bombardeio e pelo incêndio; e
(3) Atacá-la sistematicamente e capturá-la
b. Em princípio, o atacante procurará isolar ou desbordar uma localidade
fortemente defendida. O desbordamento de uma localidade, normalmente, evolui para:
(1) Cerco (ou isolamento); e
(2) Limpeza; exigindo, em consequência, o emprego de forças para isolá-la e
limpá-la.
c. O atacante poderá ser compelido a conquistar uma localidade por uma ou
mais das seguintes razões:
(1) Somente a conquista da localidade lhe permitirá a utilização integral das
estradas que para ela normalmente convergem; esta necessidade de conquista,
obviamente, é tanto maior quanto maior a importância da localidade como nó
rodoferroviário;
(2) Eliminação da ameaça potencial aos flancos e retaguarda da tropa
atacante, representada pela existência de uma localidade desbordada ou mesmo
cercada;
(3) Liberação, o mais cedo possível, das forças de contenção que fazem face
à localidade, com o objetivo de empregá-las em outras missões;
(4) Captura de objetivo tático importante no interior da localidade ou por ela
dominado, como, por exemplo, uma passagem num curso de água ou um aeródromo;
(5) Para proporcionar proteção e conforto às tropas, particularmente nos
casos de clima frio ou em época de chuvas intensas, em terreno montanhoso e nas
selvas; e
(6) Por questões morais, de prestígio perante a opinião pública e de estímulo
ao espírito combativo da tropa, caso a localidade conquistada seja um importante
centro de valor histórico, político, econômico ou militar.
d. Características do combate favorável ao atacante:
(1) Poder manobrar para isolar a localidade;
(2) Uma vez isolada a localidade, ter condições de:
(a) Passar ao ataque da área edificada;
(b) Manter o isolamento a fim de forçar os defensores a capitular; e
(c) Selecionar o ponto de entrada na área edificada, a direção e a hora do
investimento.
(3) Poder confeccionar um plano de ataque detalhado, baseado em
dados atualizados da localidade;

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................63 /


99)
(4) As operações na área edificada podem tomar uma característica
dimensional favorável ao atacante. Pode-se, algumas vezes, ultrapassar edifícios ou
quarteirões fortemente defendidos, prosseguindo por baixo dos mesmos, utilizando
adegas, rede de esgotos, metrôs ou outras passagens subterrâneas. Outras vezes
poderão ser ultrapassados utilizando-se os tetos, terraços e sótãos dos edifícios. O
processo a utilizar varia em cada caso, pois se deve esperar que o defensor tome as
medidas para bloquear as Via A à sua posição.

EMPREGO DO BATALHÃO

a. No ataque a uma localidade, e como decorrência das dimensões dela, um BI


pode ser empregado em uma das seguintes situações:
(1) Fazer parte ou constituir a força que isola a localidade;
(2) Fazer parte ou constituir a força que investe na localidade; e
(3) Constituir a força que isola e investe na localidade.
b. Para desempenho dessas missões o BI recebe o reforço de elementos de
carros de combate, cavalaria mecanizada, helicóptero (controle operacional),
engenharia e o apoio ou reforço de artilharia de campanha e antiaérea. A artilharia
mais adequada para o reforço é a autopropulsada, em virtude de sua manobrabilidade
e da maior facilidade de entrada e mudança de posição.

FASES DO ATAQUE

a. Fases do ataque a uma localidade:


(1) Isolamento da localidade;
(2) Conquista de uma área de apoio na periferia da localidade; e
(3) Progressão no interior da localidade.
b. A primeira fase se destina ao isolamento ou ao cerco da localidade. O
isolamento compreende o bloqueio das vias terrestres e aquáticas de entrada e saída
da área considerada, tem por finalidade impedir a chegada de reforços e suprimentos
para os elementos isolados, bem como impedir o retraimento destes.
O cerco difere do isolamento pelo grau de controle exercido sobre os
movimentos de entrada e saída da área. Caracteriza-se pelo controle total do perímetro
da localidade por meio da observação de possíveis vias de acesso de infiltração/
exfiltração, quer por meio da ocupação de P Obs, emprego de patrulhas ou uma
combinação de ambos, além do bloqueio das vias terrestres e aquáticas (realizado tal
como o isolamento). O atacante ocupará, então, posições de bloqueio fora da área
edificada, mas das quais poderá apoiar pelo fogo a entrada nessa área e a progressão
através desta.
c. A segunda fase consiste na progressão das forças do escalão de ataque para
a área edificada e na conquista de alguns prédios (área de apoio) na orla anterior da
localidade (aproximadamente 1 (um) quarteirão), para eliminar ou reduzir a observação
terrestre e o tiro direto do defensor sobre as Via A à localidade. As cobertas e abrigos
oferecidos por esses prédios conquistados na periferia da cidade - área de apoio -
permitem ao atacante descentralizar o controle e deslocar para a frente as armas de
apoio, reservas e reajustar o dispositivo.

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99)
d. A terceira fase consiste na progressão sistemática, de casa em casa,
quarteirão por quarteirão, através da área edificada. Nesta fase, adquire particular
importância a coordenação das unidades empenhadas.

PLANEJAMENTOS DAS AÇÕES

a. Reconhecimento
(1) O reconhecimento é contínuo e deve ser realizado desde o recebimento
da missão, intensificando-se quando as ações de isolamento ou cerco à localidade têm
início.
(2) Busca de dados
(a) Para o isolamento ou o cerco de uma localidade os EEI são
estabelecidos visando obter dados sobre:
1) Características das áreas adjacentes ao limite urbano, tais como:
- Acidentes importantes do terreno;
- Vegetação;
- Vias terrestres e aquáticas;
- Cursos de água;
- Obras de arte;
- Obstáculos; e
- Outros dados julgados de interesse.
2) Valor e localização do inimigo nas áreas adjacentes ao limite
Urbano.
(b) Para o investimento à localidade, os EEI são estabelecidos visando
Obter dados sobre:
1) Características da localidade e do terreno adjacente:
- As vias terrestres ou aquáticas e vias de acesso que conduzem
ao interior da localidade;
- Os setores de maior concentração da população;
- Pontos característicos e edifícios mais altos;
- Redes de esgotos, metrôs, adegas e outras passagens
subterrâneas;
- Instalações de rádio e televisão;
- Serviços de utilidade pública, edifícios públicos e construção de
valor histórico;
- Áreas abertas (praças, parques,estádios etc);
- Áreas industriais, comerciais, residenciais etc;
- Terminais rodoviários, ferroviários ,aeroportos e portos;e
- Outros dados julgados de interesse.
2) Valor e localização do inimigo no interior da localidade
(3) Fontes de dados - Devem ser exploradas todas as fontes que puderem
proporcionar conhecimento sobre o inimigo e o terreno. São fontes importantes de
dados:
(a) Prisioneiros de guerra;
(b) Material e documentos capturados;
(c) Habitantes da região;
(d) Refugiados;
(e) Interceptação de comunicações;
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99)
(f) Cartas, fotografias aéreas e fotos de satélites;
(g) Reconhecimentos terrestres e aéreos;
(h) Jornais, revistas e guias turísticos;
(i) Planta baixa e guia de ruas da localidade; e
(j) Relatórios e base de dados do escalão superior.

b. Isolamento
(1) Decisão - Na montagem da L Aç para o isolamento ou cerco da localidade,
o Cmt Btl deve atentar, principalmente, para os seguintes pontos:
(a) Seleção dos Obj mais adequados ao isolamento/cerco;
(b) Definição das direções de Atq das suas peças de manobra;e
(c) Definição do Atq Pcp.
(2) Objetivos
(a) No isolamento: serão marcados nos acidentes capitais que dominam
as vias terrestres que conduzem ao interior da localidade.
(b) No cerco: serão marcados nos acidentes capitais que dominam as
vias terrestres e as Via A que conduzem ao interior da localidade.
(3) Direções - O Cmt Btl após designar os Obj que cada SU deve conquistar,
pode dar-lhes também a direção em que deseja que eles abordem esses Obj ou, então,
deixa essa decisão com os próprios Cmt SU. Essas direções devem ser balizadas por
pontos nítidos do terreno, a partir da direção principal utilizada pelo Btl. Devem ser
escolhidas levando-se em consideração a distância a ser percorrida e os contornos do
terreno que facilitem a progressão da tropa.
(4) Ataque Principal - O ataque principal de uma força cuja missão seja
isolar/cercar uma localidade é determinado em função dos seguintes fatores:
(a) Quanto ao isolamento - incidir sobre acidentes capitais que bloqueiam a
maior possibilidade de reforço do inimigo;
(b) Quanto ao apoio ao investimento - Incidir sobre acidentes capitais que
apoiam a abordagem da localidade e o prosseguimento no interior em melhores
condições, quer por oferecer condições topotáticas favoráveis, quer por estar ocupado
pelo inimigo em condições de atuar sobre as forças do investimento;
(c) Quanto ao prosseguimento - Incidir sobre acidentes capitais que
facilitam o prosseguimento após a ação na localidade;
(d) Todos os fatores devem ser reagidos entre si e analisados em conjunto,
porém, a missão principal desta força é isolar/cercar (fator preponderante) a localidade.
(5) Zonas de ação - No isolamento/cerco, a Z Aç é fixada para o Btl pelo Cmt
Bda na sua ordem de operações, que para isso levou em consideração os seguintes
fatores:
(a) Quantidade de objetivos de isolamento/cerco; e
(b) O valor do inimigo nestes objetivos.
(6) Limites - Os limites entre as SU do Btl que executa o isolamento/cerco são
normalmente traçados ao longo dos acidentes do terreno facilmente identificáveis, de
tal modo que seja evitada a divisão de responsabilidade por acidente capital do terreno.
(7) Poder de combate
(a) A definição do poder de combate necessário para a conquista ou
ocupação dos objetivos que permitem isolar/cercar uma localidade, depende da
quantidade de objetivos estabelecidos e se estes estão ocupados pelo inimigo. Para
tanto deve ser considerado o seguinte:
1) Para o Atq Pcp: considerar “n + 1” Pelotões de Fuzileiros como a
dosagem mínima para a conquista ou ocupação dos objetivo na sua Z Aç (sendo “n“ o
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................66 /
99)
Número de objetivos a ocupar ou o número de posições inimigas existentes nessas
regiões;
2) Para o Atq secundário: considerar como dosagem ideal a mesma do
Atq Pcp, admitindo-se, no entanto, a dosagem de “n“ Pelotões de Fuzileiros para as
ações; e
3) Reserva: devido a descentralização das ações e a possibilidade de ter
que atuar em mais de uma direção impõe a necessidade de uma reserva no mínimo
compatível [ Cia Fuz (-) ].
(b) Para a conquista ou ocupação dos objetivo de isolamento/cerco, o ideal
é que cada via terrestre ou Via A que conduz a localidade seja bloqueada por um Pel
Fuz. Como em diversas situações isso não será possível, deve-se procurar posições
que bloqueiem mais de uma via terrestre ou Via A economizando meios. Se ainda
assim isso não for possível, deve-se deixar nessa P Bloq frações reforçadas por armas
de apoio.
c. Investimento
(1) Decisão
(a) Na escolha da melhor L Aç para o ataque a uma localidade devem ser
considerados os seguintes fatores:
1) Conquista da orla anterior e posterior;
2) Surpresa;
3) Convergência de esforços;
4) Simplicidade;
5) Segurança;
6) Obstáculos;
7) Posições para armas de tiro direto fora da área edificada;
8) Frentes das unidades de primeiro escalão através da área edificada; e
9) Constituição de reservas.
(b) A decisão do Cmt não difere das decisões comuns do ataque. Deve
regular apenas a operação de conquista da localidade e conter, se for o caso, a sua
intenção sobre o prosseguimento. Devem ser focalizados, essencialmente, os
seguintes pontos:
1) Objetivo a conquistar;
2) Direções de atuação;
3) Ataque principal; e
4) Elementos executantes e demais medidas de coordenação e controle,
como ponto de ligação, linha de controle, limites e direção de progressão.
(2) Objetivos
(a) Quanto à sua posição relativa, os objetivos podem estar situados:
1) Na orla anterior, permitindo ao atacante reajustar seu dispositivo,
cerrar à frente as armas de apoio e descentralizar o controle, tendo em vista a
progressão na localidade;
2) Na orla posterior, caracterizando a ultimação da limpeza da
localidade, possibilitando, de acordo com a situação, o reajustamento e os
reconhecimentos para o desembocar da localidade, no prosseguimento das operações;
3) No interior da área edificada, buscar atender às necessidades de
segurança, limpeza e coordenação:
- Quanto à segurança os objetivos podem estar situados sobre regiões na
localidade que, em virtude de seu comandamento e situação face à progressão do
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99)
Escalão de ataque, exerça marcante ameaça sobre as tropas que progridam por Via A
adjacentes. Sua conquista, portanto, proporciona a segurança necessária a outras
peças de manobra;
- Quanto à limpeza de área os objetivos podem ser localizados em
instalações de administração e utilização pública (serviços essenciais), cuja
manutenção seja importante para o prosseguimento das operações como controle
populacional, segurança da tropa, utilização de recursos locais. Há que se considerar,
todavia, que esta marcação estará condicionada a disponibilidade de peças de
manobra para permanecer na manutenção do objetivo;
- Quanto à coordenação sua marcação diz respeito às regiões que
imponham mudança de dispositivo, direção e ritmo da operação, bem como às
necessidades do comandante do batalhão em sincronizar as posições das peças de
manobra com as possibilidades e necessidade do apoio de fogo (segurança do escalão
de ataque), reservas e apoio logístico. Os objetivos exclusivamente de coordenação
podem ser substituídos por linhas de controle (redução do tempo de parada e do
adensamento de tropa).
(b) Caso a Bda marque apenas os objetivos da orla posterior, o Cmt Btl
marcará os objetivos na orla anterior e optará ou não pela marcação de objetivos no
interior da localidade. A obrigatoriedade de assinalação de objetivo na orla anterior se
justifica pela marcante mudança de ritmo da operação associada às imposições de
segurança, uma vez que, as Via A de abordagem da localidade são interdependentes
por força das estreitas frentes atribuídas às peças de manobra de 1º escalão. Caso a
Bda marque a localidade como um todo à guisa de objetivo, caberá ao Btl marcar tanto
os objetivos da orla anterior como os da orla posterior, optando ou não pela marcação
de objetivo no interior da localidade. A manutenção de objetivo, após conquista,
reorganização e consolidação, é impositiva nos objetivos da orla posterior (finais) e
intermediários (de limpeza e de segurança).
(3) Direções - No interior da área edificada as direções podem ser balizadas
por ruas ou edifícios destacados. Normalmente, as ruas serão utilizadas para esse
balizamento quando sua orientação longitudinal assim o indique e quando a localidade
for densamente construída. Os edifícios ou pontos nítidos mais destacados serão
referenciados em zonas menos densamente edificadas, as quais permitam sua boa
visualização a distância, assim como em zonas onde o arruamento não apresente uma
mínima regularidade geométrica.
(4) Ataque principal - O ataque principal de uma força cuja a missão seja
investir sobre uma localidade é determinado em função dos seguintes fatores:
(a) Para conquista de objetivos na orla anterior:
1) Regiões que melhor retiram a observação terrestre e os fogos
diretos do inimigo sobre as Via A para a abordagem da localidade, função do grau de
mascaramento e dominância oferecido pelo terreno e edificações; e
2) Regiões que abrem prosseguimento para o interior da localidade em
melhores condições, em virtude, principalmente, da favorabilidade relativa das Via A de
prosseguimento.
(b) Para conquista de objetivos na orla posterior:
1) Regiões que melhor caracterizam a ultimação da limpeza da
localidade definido pelos quarteirões mais avançados, edificações e terreno
dominantes e pela densidade das construções; e

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99)
2) Regiões que possibilitem melhores condições de prosseguimento
após investimento caracterizado pela proximidade e dominância dos objetivos sobre
nova Via A (eixo de prosseguimento).
(5) Linhas de controle - Em virtude da extrema compartimentação, diferença
de densidade e grau de profundidade da área edificada, e das consequentes
dificuldades de observação e de ligações, o controle tende a descentralizar- se até os
menores escalões de comando, como pelotão e mesmo grupo de combate,
transformando-se o combate em uma série de pequenas ações independentes. O Esc
Sp assegura o controle das operações marcando linhas de controle, geralmente em
eixos transversais ao movimento (ruas, avenidas, ferrovias, cursos de água). As
unidades informam ao atingir uma linha de controle e dela só partirão para a seguinte,
mediante ordem. As linhas de controle dispensam os objetivos marcados entre as orlas
anterior e posterior da localidade com o propósito de coordenação, têm papel
preponderante no controle do ataque, particularmente durante a terceira fase, e serão
fixadas pelos diversos comandos até o escalão Cia Fuz, inclusive.
(6) Zonas de ação
(a) Em localidade fortemente defendida, quando se dispõe de poucas
informações sobre o inimigo as Z Aç dos Btl de primeiro escalão são relativamente
estreitas, podendo variar de 1 (um) a 4 (quatro) quarteirões. Uma companhia de
fuzileiros, no ataque a uma localidade bem defendida, tem como frente normal a
largura de 2 quarteirões. Identicamente um pelotão de fuzileiros, atacando uma posição
de resistência organizada recebe uma Z Aç da largura de um quarteirão.
(b) A Z Aç (Fig 4-37) a ser fixada dependerá de:
1) Valor do inimigo;
2) Dimensões e densidade dos edifícios; e
3) Resistência esperada.

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99)
Fig 29. Esquema de manobra de um BI no investimento a uma localidade

(7) Limites
(a) A observação restrita e as dificuldades de controle e coordenação
tornam necessário marcar limites até o escalão pelotão inclusive. A marcação de
limites evita que as unidades amigas se ataquem, facilita o apoio mútuo e assegura o
vasculhamento de todas as construções da área edificada.
(b) Na zona densamente construída, os limites passarão, normalmente, por
um dos lados da rua, ficando a área da rua incluída na Z Aç de uma das unidades
vizinhas.
(c) Nas demais zonas da área edificada, os limites passam por dentro dos
quarteirões, pelos quintais, de sorte que ambos os lados da rua ficam incluídos na Z Aç
de uma unidade.
(8) Poder de combate
(a) Para a determinação do poder de combate a ser empregado no
investimento são utilizadas como base as frentes normais atribuídas às Cia e Pel, como
consta no subitem 6).

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99)
(b) Quando a SU receber um objetivo no interior da localidade, seja ele de
limpeza ou segurança, deverá receber mais um Pel Fuz, haja vista que haverá a
necessidade de manutenção deste objetivo. Se isto não for possível, o Cmt de SU deve
deixar uma fração que tenha condições de manter esse objetivo.
(c) Para a determinação do poder de combate da reserva, pode ser que as
restrições no combate no interior da localidade e as dificuldades de movimento,
observação e comunicações tornem maiores as necessidades de reserva junto aos
escalões mais avançados (Cia e Btl). Considera-se como boa a dosagem de uma
companhia de fuzileiros reforçada por brigada, reserva fraca ou compatível por Btl e um
Pel por SU do escalão de ataque.
(9) Reserva
(a) As missões básicas da reserva no investimento:
1) Repelir contra-ataques; e
2) Realizar a limpeza das resistências desbordadas;
(b) Além disso a reserva pode receber a missão de:
1) Atuar de flanco contra uma resistência inimiga que detenha uma das
peças do escalão de ataque, beneficiando-se da progressão da peça vizinha;
2) Corrigir erros de direção; e
3) Substituir uma das peças do escalão de ataque.
(c) Considerando a grande disponibilidade de cobertas e abrigos em área
urbanas, conclui-se que as reservas terão condições de se deslocar imediatamente à
retaguarda do primeiro escalão em condições de prontamente intervir no combate. A
reserva da Bda, em princípio, segue o escalão de ataque defasada de 1 (um) a 3 (três)
quarteirões, a do Btl de 1 (um) a 2 (dois) quarteirões e a da companhia provavelmente
no mesmo quarteirão dos pelotões que realizam a limpeza.

EXECUÇÃO

a. O ataque se desenvolve nas três fases em que foi planejado. Não há, quanto
à execução, separação nítida nem demora prolongada entre a segunda e terceira fase.
Uma vez conquistada a aérea de apoio e cerrados os meios à frente, tem início a
terceira fase, como natural prosseguimento da segunda. O Cmt intervém no combate
como em outras operações ofensivas.
b. Isolamento da localidade (primeira fase) - A conquista dos objetivos de
isolamento é feita nos mesmos moldes que um ataque em terreno normal. O Cmt da
tropa que planeja esta fase da operação deve prever um dispositivo, nos objetivos de
isolamento, que permita a segurança em todas as direções, de modo a que possa
cumprir eficientemente a sua missão.
c. Conquista da área de apoio (segunda fase)
(1) Processa-se de maneira semelhante ao ataque a uma posição organizada
em terreno normal.
(2) A fim de neutralizar as vantagens do defensor quanto à vistas, campos de
tiro e abrigos, a progressão para a orla da cidade se fará sob a proteção de fogos
intensos de morteiros, metralhadoras, artilharia, carros de combate, mísseis e aviação.
Emprega-se fumígenos com frequência, seja para cegar observatórios, seja para
encobrir movimentos em terreno descoberto.
(3) Após a conquista da área de apoio, na orla, o escalão de ataque deve ser
reorganizado de sorte a permitir:
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................71 /
99)
(a) O reajustamento do dispositivo das pequenas unidades, particularmente
no nível pelotão, visando constituir as equipes de infantaria-carros-armas de apoio;
(b) Deslocamento das armas de apoio e das reservas para a orla da
Localidade;
(4) A permanência na área de apoio deve ser reduzida ao mínimo
estritamente necessário a essa reorganização.
d. Progressão no interior da localidade (terceira fase) - nessa fase, as ações
se descentralizam para os comandos subalternos, até o escalão pelotão e, muitas
vezes, grupo de combate. A progressão é lenta e coberta pelo fogo. O escalão de
ataque normalmente, evita progredir pelas ruas, porque são batidas pelos fogos
inimigos. Sua progressão será feita através de quintais ou de quarteirões, através dos
prédios, por brechas abertas nas paredes, ou pelos telhados. As ruas transversais,
mesmo que não tenham sido designadas como linhas de controle, apresentam às
pequenas frações uma ocasião de reajustamento do dispositivo, antes de prosseguir
para a conquista do quarteirão seguinte.
As reservas devem progredir o mais à frente que for possível, para permitir maior
segurança ao escalão de ataque, não apenas nos flancos, mas, também, à retaguarda,
pela ocupação de prédios já conquistados, para impedir a sua retomada pelo inimigo.
Os CC atuam como armas autopropulsadas e anticarro, em reforço aos menores
escalões. Esta fase oferece inúmeras possibilidades de surpresa e de riscos para o
atacante, não só pela localização das armas da defesa em locais imprevisíveis e
difíceis de determinar, como, também pelo abundante emprego, por parte do defensor,
de minas, armadilhas e demolições preparadas, e pela utilização de Via A
subterrâneas, ao nível do solo, através dos andares dos prédios e, mesmo, pelos
telhados.
e. Limpeza
(1) Nas localidades fortemente defendidas, a limpeza é feita, casa a casa,
quarteirão por quarteirão, pelo escalão de ataque, à medida que progride, permitindo
assim que a reserva esteja em condições de emprego numa missão qualquer.
(2) Poderão ocorrer situações em que a limpeza da área edificada não será
realizada pelas forças em 1º escalão, e sim pelas tropas de acompanhamento. Como
exemplos, pode-se citar a conquista de um acidente capital no interior da localidade
como ponte ou nó rodoviário, o qual poderia ser destruído pelo inimigo caso houvesse
tempo suficiente após o início do ataque ou em localidade fracamente defendida, cujo
interesse maior é a conquista de objetivos na orla posterior. Uma forma de se cumprir
essa missão é o movimento em força do escalão de ataque embarcado, no interior da
localidade, por dois eixos de progressão. As frações testa de cada elemento
reconhecem seus eixos imediatamente antes da passagem dos demais. Ao ser
estabelecido o contato, parte dos elementos desembarcam para garantir o
prosseguimento dos demais. Uma vez conquistado o objetivo o escalão de ataque
estabelece um dispositivo de defesa circular, ampliando suas dimensões até a
conquista do terreno adjacentes que comprometa sua segurança. As resistências
desbordadas são limpas pela reserva.
(3) É imprescindível que todos os prédios sejam completamente vasculhados
para evitar que focos de resistência não eliminados venham a constituir ameaça ou
envolver as linhas de comunicações, suprimento, evacuação bem como reservas de
apoio. Quer se penetre num prédio pelo telhado, por um andar de edifício (através de
brechas nas paredes, por exemplo) ou ao nível do solo, o vasculhamento deverá,
sempre, se processar do alto para baixo.

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99)
PROGRESSÃO

a. PROGRESSÃO PELAS EDIFICAÇÕES


- A progressão em área edificada é uma habilidade fundamental que o pelotão
deve dominar. Os militares do Pel devem estar plenamente familiarizados com as
técnicas de progressão, que devem ser praticadas exaustivamente até que se tornem
habituais. Para reduzir a exposição ao fogo inimigo, o militar deve evitar expor sua
silhueta e progredir o mínimo em áreas abertas. Para isso, deve escolher a posição
coberta mais próxima antes de progredir. Em todos movimentos táticos, devem ser
buscados o sigilo, a dispersão, a segurança e a simplicidade, pois dessas condições
dependerá a sobrevivência do combatente.
b. ATAQUE A UM EDIFÍCIO
- Cada combatente deve aplicar a técnica mais segura de transposição de um
muro. Para tanto, depois de observar o outro lado, é preciso rolar rapidamente por cima
do muro, mantendo baixa a sua silhueta. A rapidez do movimento e a baixa silhueta
diminuem a eficácia da observação inimiga Figura (Fig) 1.

Fig 1 - Militar realizando a transposição de um muro.

c. TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO
(1) Olhar Americano: é uma técnica que consiste em realizar observações de
uma posição mais baixa. Para isso, o observador deverá posicionar-se atrás de um
anteparo e deitar-se no chão. Com o auxílio das mãos e dos pés, deve-se erguer o
corpo, o suficiente para deixá-lo sem contato com o solo, projetá-lo em um movimento
baixo e rápido. A observação deverá ser veloz e eficiente, pois uma demora poderá
denunciar a posição de quem observa. É necessário colocar o armamento no chão, ao
lado do corpo, e a silhueta do combatente não deverá ser projetada além do anteparo,
para não denunciar a sua posição (Fig 2).

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99)
Fig 2 - Técnica de Observação (Olhar Americano)
(2) Olhar Israelense: é outra técnica que visa minimizar a exposição durante o
ato de observar. Uma vez posicionado atrás de um anteparo (Fig 3), o observador não
deverá realizar duas observações de uma mesma posição. Para que isso não ocorra,
uma vez realizada a primeira observação, o combatente deverá escolher um local
diferente do anterior, sem que seja necessário trocar de anteparo, bastando para isso
modificar a altura de onde irá observar (Fig 4).

Fig 3 - Técnica de Observação (Olhar Israelense - 1ª observação)

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99)
Fig 4 - Técnica de Observação (Olhar Israelense - 2ª observação)

(3) Observação por Faixa ou “Fatiar a Torta”: é uma técnica de observação


utilizada quando o inimigo está próximo do atirador e o contato é iminente. Com o fuzil
na posição de tiro, o observador deverá apontar a arma para a quina da porta através
da qual deseja observar (Fig 5 a 7). Essa quina servirá de eixo sobre o qual o
observador deverá realizar um movimento lento e circular, de forma que possa
observar à frente de maneira gradativa, até visar o lado oposto do recinto. O
observador deverá inclinar seu tronco na direção em que realizará seu deslocamento,
evitando que seus pés fiquem expostos, para observar o inimigo sem que este o
observe. Em seguida, avançará e atirará nele.

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99)
Fig 5 - Técnica de Observação (por Faixa)

Fig 6 -Técnica de Observação (por Faixa)

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Fig 7 - Técnica de Observação (por Faixa)

(4) Observação com Espelho: esta técnica possibilita a observação sem que
haja necessidade de exposição da silhueta ao fogo inimigo (Fig 8).

Fig 8 -Técnica de Observação (com Espelho)

(5) Varredura Dinâmica: esta técnica permite que um cômodo seja observado
por apenas um atirador. O militar fica próximo da porta (Fig 9 e 10), realizando um
movimento, na direção que lhe permita vasculhar todo o compartimento.

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Fig 9 - Técnica de Observação (Varredura Dinâmica)

Fig 10 - Técnicas de Observação (Varredura Dinâmica)

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d. PROGRESSÃO
(1) A progressão ao lado de janelas acarreta perigo, em virtude de ser comum
o erro de expor a cabeça, ocasionando o risco de ser alvejado por um atirador inimigo
que esteja dentro de uma construção (Fig 11).

Fig 11 - Progressão ao lado de janelas


(2) O combatente deve manter-se numa posição abaixo do nível da janela,
que não exponha a silhueta, e deslocar-se o mais rente possível à parede da cons -
trução. Um atirador inimigo, de dentro da edificação, terá dificuldade ao tentar alvejar o
combatente, além de se expor aos fogos nessa tentativa.
(3) Quando passar por janelas de porão, o combatente não deve caminhar ou
andar. Nessa situação, o procedimento correto é ficar próximo à parede e executar um
salto além da janela, evitando a exposição das pernas (Fig 12).

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Fig 12 - Progressão ao lado de janelas de porão
e. USO DE ENTRADAS DAS CONSTRUÇÕES
- Se possível, as portas não devem ser usadas para entrada ou saída, pois
normalmente são locais cobertos pelo fogo inimigo. Caso um militar tenha de usar uma
porta como saída, deverá mover-se rapidamente até a próxima posição coberta,
abaixando a silhueta, diminuindo assim, a exposição ao fogo inimigo. Durante a saída
das edificações, devem ser escolhidas, previamente, novas posições, executando-se
uma progressão com a silhueta baixa e coberta por fogos.

f. PROGRESSÃO PARALELA ÀS CONSTRUÇÕES


- Os militares e as unidades de pequeno escalão não devem usar o interior
das construções como itinerário de progressão. A progressão deve ocorrer pelo exterior
das construções. O uso de fumígenos e fogos facilita o movimento, por proporcionar
cobertura e por obrigar o inimigo a abrigar-se, dificultando o seu fogo. Para progredir
corretamente pelo exterior de uma construção, o militar se desloca o mais próximo
possível da mesma, ficando na sua sombra, com a silhueta baixa, movendo-se
rapidamente até a próxima posição coberta. Desta forma, o combatente fica a salvo
dos fogos de artilharia que eventualmente sejam desencadeados contra o interior da
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................80 /
99)
edificação. Também tornar-se-á difícil a observação do Observador Avançado (OA) de
Artilharia (Art) inimiga sobre os elementos que progridem.
g. TRAVESSIA DE ÁREAS ABERTAS
(1) Devem ser evitadas áreas abertas, como ruas, ruelas e parques, para des-
locamento. Estas são zonas de matar naturais, e normalmente são alvos das armas
coletivas inimigas. Se for imprescindível, a travessia de uma área aberta pode ser
executada de forma segura com aplicação de certos fundamentos pelo combatente ou
pela fração.
(2) Para atravessar uma área aberta, o militar deve escolher um itinerário
aberto para a sua progressão. Granada fumígena ou espargidor de fumaça devem ser
usados para ocultar a progressão. Devem ser executados lanços curtos e rápidos,
reduzindo-se o tempo de exposição do combatente ao fogo inimigo.
(3) Antes de progredir para outro ponto, o combatente deve fazer um reconhe-
cimento visual e selecionar a posição com melhor abrigo ou coberta. Ao mesmo tempo,
deve escolher o itinerário que o levará a conseguir atingir aquela posição.
h. EMPREGO DO GRUPO DE APOIO DE FOGO
- A progressão do grupo de apoio de fogo (Gp Ap F), de construção para
construção ou entre construções, apresenta uma dificuldade, pois o Gp Ap F é um alvo
compensador importante para fogo inimigo. Ao progredir da esquina de uma
construção para a outra, o Gp Ap F deve se mover através da área aberta em grupo.
De uma esquina para outro lado de uma construção, a técnica de progressão
empregada continua sendo a mesma. O Gp Ap F deve usar a construção como
cobertura. Ao se deslocar para a construção vizinha, os militares do Pel deverão
manter uma distância de 3 a 5 metros entre si. A um sinal convencionado, devem
realizar o movimento pelo flanco, de forma repentina através da área aberta até
alcançar a próxima construção.
i. PROGRESSÃO ENTRE POSIÇÕES
- Ao progredir para uma outra posição, cada militar do Pel deve ter cuidado de
não cruzar a linha de tiro do combatente que esteja lhe proporcionando cobertu ra.
Quando alcançar a próxima posição, deve estar preparado para dar cobertura à
progressão do restante da fração. Ao chegar na próxima posição, o militar deve estar
com a arma no cavado do ombro e em condições de atirar (Fig 14).

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99)
Fig 14 - Militar em condições de atirar ao ocupar uma nova posição

j. PROGRESSÃO NO INTERIOR DE UMA CONSTRUÇÃO


(1) Ao progredir dentro de uma construção que esteja sob fogo inimigo, o
militar deverá evitar mostrar a silhueta em portas e janelas (Fig 15). Se tiver de usar um
corredor, deverá ficar junto à parede para evitar ser atingido pelo inimigo (Fig 16).

Fig 15 - Deslocamento dentro de uma construção sob fogo inimigo

Fig 16 - Deslocamento em um corredor no interior de uma construção

(2) O inimigo frequentemente monta armadilhas em janelas e portas. O militar,


ao entrar no interior de uma construção, deve se proteger e evitar usar a maçaneta das
portas. Em função disso, executará uma rajada curta de tiro de arma automática ao
redor do trinco da porta, e, então, realizará a abertura por meio de pontapés. As
armadilhas que forem encontradas devem ser assinaladas e sua localização informada,
evitando-se tentativa de desmontá-la.

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(3) Antes de entrar em cada cômodo, o primeiro militar preparará uma gra -
nada de mão de choque ou ofensiva, removendo o grampo de segurança, liber tando o
capacete de segurança, contando “mil e um” “mil e dois”, para lançá-la no interior do
recinto. Deve-se dar o alerta de voz quando ocorrer o lançamento de uma granada
“granada!”:
ADVERTÊNCIA: se houver risco dos fragmentos das granadas defensivas
atingirem os militares que estão fora do recinto, estas não deverão ser usadas. Deve-
se ter atenção especial para a preparação do lançamento de uma granada de mão, por
ser perigoso para a tropa amiga, caso não seja executado de forma correta.
(4) Quando a granada de mão explodir, o segundo homem deve entrar ime-
diatamente no recinto e engajar qualquer alvo com rajadas curta de fogo automático.
Ele, então, deve vasculhar o recinto sistematicamente. O primeiro homem deve entrar
no recinto e tomar uma posição oposta ao do segundo. Enquanto isso, o grupo de
segurança/apoio deve ficar em posição fora do recinto que estiver sendo limpo,
provendo a segurança para fora (Fig 17).

Fig 17 - Entrada em um cômodo/recinto


(5) O uso de senhas, codinomes e de sinais pela equipe de limpeza é extre-
mamente importante. O militar sempre tem de informar aos outros integrantes da
equipe de assalto para que eles saibam sua localização e o que está fazendo. Uma vez
que o quarto tenha sido limpo, a equipe de assalto gritará: “limpo!”, para informar ao
grupo de apoio. Antes de deixar o quarto e reunir a equipe de proteção, a equipe de
limpeza gritará: “saindo!”. O grupo marca o quarto, de acordo com o sinal
convencionado estabelecido na Normas Gerais de Ação (NGA) da Organização Militar
(OM). Ao se mover para cima ou para baixo, numa escadaria, o grupo de assalto
gritará: “subindo!” ou “descendo”!
(6) As aberturas medem aproximadamente duas passadas largas e são ca-
vadas ou talhadas em uma parede para entrada em um compartimento. Tais entradas
são mais seguras que portas, porque estas podem ser facilmente armadilhadas e
devem ser evitadas. Como nos demais procedimentos de entrada, uma granada é
lançada primeiro (Fig 18).2-14
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................83 /
99)
Fig 18 - Uso de uma abertura como entrada

POSIÇÕES DE TIRO

a. POSIÇÕES DE TIRO
- As posições de tiro deverão ser as mais abrigadas possíveis. Se um Pel está
atacando, defendendo ou realizando operações retrógradas, seu sucesso ou fracasso
dependerá da precisão de tiro individual dos combatentes e da habilidade de ocultar-se
do inimigo, reduzindo ao mínimo a sua exposição. Por conseguinte, o militar tem de
buscar imediatamente e corretamente usar as posições de tiro.
b. POSIÇÃO DE TIRO INOPINADA
(1) Uma posição de tiro inopinada normalmente é ocupada no ataque ou nas
fases iniciais da defesa. É uma posição da qual o militar pode alvejar o inimigo
enquanto usa a coberta disponível para proteção contra o fogo inimigo. O militar pode
ocupar essa posição voluntariamente ou pode ser forçado a fazê-lo em função do fogo
inimigo. Em qualquer dos casos, a posição não estará preparada antes da ocupação.
Locais que podem ser posições de tiro inopinadas mais comuns em uma área edificada
e as técnicas para ocupá-las são: esquinas de construções, obstáculos, paredes,
janelas, seteiras e topo de telhados.
(2) Esquinas de construções: provê abrigo para uma posição de tiro
inopinada, se usada corretamente.
(a) O atirador, seja destro ou canhoto, deve ser capaz de atirar com a sua
arma apoiada em ambos os ombros, para poder usar eficazmente a esquina.
(b) Um erro comum é executar o tiro com a arma apoiada no ombro interno
(em relação a proteção dada pela esquina), que deveria ficar oculto e protegido pela
esquina. Isto expõe, mais do que o necessário, o corpo do atirador ao fogo inimigo.
Atirando do ombro mais conveniente (o externo), o atirador reduz a sua exposição.

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99)
(c) Outro engano comum no tiro de uma extremidade de construção ou es-
quina é adotar sempre a mesma altura para realizar o tiro, permitindo ao inimigo ajustar
a sua pontaria e aumentando o risco de ser alvejado.
(3) Muro: detrás de muro, o militar tem de atirar pela lateral dele, e não por
cima.
(4) Janelas: em uma área edificada, as janelas proporcionam posições prá-
ticas para o tiro. O militar deve atirar sempre da mesma posição, pois assim dificultará
ao inimigo identificar a sua localização. O atirador, à noite, deve evitar, ao máximo,
realizar disparos de uma mesma posição, haja vista que à noite o inimigo localiza este
atirador mais facilmente por causa do clarão que sai das armas ao executar o tiro. Para
disparar de uma janela, o militar deve estar afastado dela, de forma a não permitir que
a luminosidade do disparo seja vista, e se possível agachado para limitar sua
exposição.
(5) Seteira: o militar pode atirar por uma seteira na parede e evitar o uso das
janelas. Deve ficar atrás da seteira, para que o cano da arma não ultrapasse a parede
e para ocultar o clarão do disparo.
(6) Telhado: o cume de um telhado proporciona uma boa posição de tiro para
caçadores, pois aumenta a profundidade do campo de visão para engajar os alvos.
(7) Militar sujeito ao fogo inimigo: tem de se expor o mínimo possível. No caso
de área aberta entre construções (rua ou beco), e que esteja sob fogo inimigo, vindo de
uma das construções à sua frente, e não existindo posição coberta disponível, o militar
deve rastejar (engatinhar, correr) o mais próximo do chão possível na direção de uma
construção que esteja do lado da área aberta de onde estão sendo executados os
fogos do inimigo. Ao proceder desta forma, para engajar o militar, o inimigo terá de sair
da sua posição coberta e se expor ao fogo.
c. PREPARAÇÃO DA POSIÇÃO DE TIRO
(1) Uma posição de tiro preparada, quando possível, deve ser melhorada para
permitir ao atirador engajar um alvo, uma via de acesso, ou uma posição inimiga,
reduzindo a exposição ao fogo do inimigo. Exemplos de posições preparadas:
barricadas em janelas, seteiras fortificadas, posições de caçador, posições defensivas
e espaldões de Metralhadora (Mtr).
(2) Ao atirar através de janelas, a posição de tiro pode ser aperfeiçoada, colo-
cando-se barricadas na janela, deixando apenas uma abertura pequena para o uso do
atirador. As barricadas podem ser feitas com material obtido do interior de paredes da
construção ou qualquer outro material disponível.
(3) Ao proteger a posição de tiro na janela deve-se evitar:
- usar as mesmas janelas como posições de tiro, para diminuir a
possibilidade do inimigo perceber em pouco tempo, quais as janelas que foram
protegidas e de quais estão atirando;
- mudar o formato original da janela para não denunciar a posição do
atirador.
(4) Atirando do fundo do quarto, o atirador tornará a posição de tiro mais difícil
de ser descoberta pelo inimigo. Sacos de areia atrás da parede e debaixo da janela vão
aumentar a proteção para o atirador. Todo o vidro deve ser removido da janela para
evitar danos ao atirador. Até as cortinas devem ser retiradas para evitar que o inimigo
identifique a posição de tiro. Devem ser colocadas mantas molhadas debaixo das
armas para reduzir o pó provocado pela expansão dos gases. Redes colocadas sobre

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as janelas dificultam o lançamento de granadas de mão, pelo inimigo, no interior do
compartimento em que o pessoal se encontra.
(5) Apesar das janelas normalmente serem boas posições de tiro, elas nem
sempre permitem ao atirador dominar todo o setor de tiro recebido. Desta forma, uma
posição alternativa é obrigatória, como por exemplo, uma seteira preparada. Para isto,
deve-se abrir um pequeno orifício na parede para permitir que o atirador observe o seu
setor de tiro.
(6) São usados sacos de areia para reforçar as paredes abaixo, ao redor e so-
bre a seteira. São colocadas duas camadas de sacos de areia no chão debaixo do
atirador para protegê-lo de uma explosão no andar inferior. Uma parede de sacos de
areia, pedregulho, mobília e assim por diante, deve ser construída na parte traseira da
posição, para proteger o atirador de explosões no quarto.
(7) Uma mesa, armação de cama ou outro material disponível, que cubra a
posição por cima, prevenirá danos ao atirador, advindos da queda de escombros ou de
explosões sobre sua posição.
(8) A posição deve ser provida de outras seteiras na parede, dificultando ao
inimigo identificar de qual abertura está sendo realizado o tiro. O material utili zado deve
ser removido e diferentes posições para fazer com que as seteiras sejam menos
notadas.
(9) Uma chaminé ou outra estrutura que sobressaia fornece uma base para a
posição de caçador a ser preparada. Parte do material da cobertura é afastado,
permitindo ao caçador atirar ao redor da chaminé. Deve estar de pé em uma
plataforma, ficando somente com a sua cabeça e seus ombros sobre o telhado (atrás
da chaminé). Sacos de areia colocados dos dois lados da posição protegem os flancos
do caçador.
(10) Quando o telhado não tiver nenhuma estrutura que proporciona a pro-
teção, a posição do caçador deverá estar preparada abaixo do telhado do lado do
inimigo. A posição é reforçada com sacos de areia e um pedaço pequeno do material
do telhado deve ser removido para permitir ao caçador observar os objetivos do seu
setor. O pedaço perdido do telhado deve ser o único sinal existente na posição. Devem
ser removidos outros pedaços do telhado para enganar o inimigo sobre a verdadeira
posição do caçador.
(11) Algumas regras e considerações para escolha e ocupação das posições
de tiro individuais:
(a) fazer uso máximo de cobertas e de abrigos disponíveis;
(b) evitar atirar da parte mais alta de uma cobertura; quando possível, dis-
parar ao seu redor;
(c) evitar expor a silhueta, procurando sempre se camuflar, para aproveitar
a construção em que se encontra;
(d) escolher, cuidadosamente, uma posição de tiro nova antes de deixar
uma antiga;
(e) evitar ocupar somente uma posição de tiro; o tiro deve ser realizado de
posições diferentes (janelas) com ou sem barricadas;
(f) manter o mínimo de tempo em exposição à vista e fogos inimigos;

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(g) melhorar a posição rapidamente, logo depois da ocupação;
(h) usar o material de construção para preparação das posições, as quais
são facilmente aproveitáveis em uma área edificada; e
(i) lembrar de que as posições que provêm proteção no nível do chão não
podem prover proteção contra o inimigo localizado nos andares mais altos.
(12) No ataque a uma área edificada, a escolha de uma posição de tiro para
uma arma AC é demorada, pois existe a necessidade de tomar cuidado, sempre, com
as áreas de sopro. Para isso, deve-se selecionar posições que permitam às guarnições
escapar do sopro, como aposentos com janelas opostas, onde a munição atravessa
uma janela e o sopro escapa pela outra. Os cantos de uma construção podem ser
melhorados com sacos de areia para criar uma posição de tiro.
(13) Os Grupos de Combate, durante um ataque e na defesa de uma área
edificada, são reforçados, frequentemente, por armas AC. O comandante do GC deve
escolher as melhores posições de tiro para as armas anticarro sob seu controle.
(14) Vários princípios de emprego das armas anticarro têm aplicações univer-
sais, como: fazer o uso máximo da coberta disponível e do apoio mútuo e deixar livre a
área de sopro, ao posicionar as armas AC.
(15) Operações em área edificada apresentam preocupações não usuais.
Devem ser escolhidas muitas posições alternativas, particularmente quando a
configuração das edificações não permite coberta para tiro de armas de trajetória
tensa. Deve-se posicionar as armas nas partes sombreadas da construção, ou seja,
naquelas que oferecem maiores cobertas e abrigos.
(16) Armas AC que atirarem do topo de uma construção devem usar, quando
possível, chaminés como abrigo. A parte traseira desta posição deve ser refor çada com
sacos de areia.
(17) Quando selecionar a posição de tiro para armas AC, deve-se fazer uso
máximo de entulhos, esquinas de construções e destroços de veículos para prover o
abrigo para a peça. Armas AC também podem ser posicionadas nos telhados para
obter um melhor ângulo para alvejar o inimigo blindado. Quando as construções forem
elevadas, as posições podem ser preparadas, usando a parte de cima como coberta .
A área de sopro debaixo da construção não pode danificar a arma ou ferir a guarnição,
ou provocar o desmoronamento da construção.
(18) A metralhadora normalmente pode ser empregada em qualquer lugar. No
ataque, janela e portas oferecem posições de tiro preparadas. Mas, devem ser
evitadas, pois o inimigo normalmente as escolheu para observação e irá batê-las pelo
fogo. Qualquer seteira aberta em parede, durante o combate, pode ser usada. Para
que ela seja utilizada, metralhadoras devem estar dentro da construção na parte
escura.
(19) Ao ocupar uma construção, os militares devem fechar todas as janelas e
portas com tábuas, deixando pequenos intervalos entre as seteiras. Os militares podem
usar janelas e portas como boas posições de tiro alternativas.
(20) As seteiras devem ser usadas intensivamente na defesa. Elas devem ser
construídas sem seguir uma forma padronizada, e nem todas devem estar no chão ou
no nível da construção. Variar a sua altura e local dificulta a definição e a identificação
pelo inimigo. Falsas seteiras ou frestas abertas podem ser usadas para iludir o inimigo
quanto às reais posições de tiro. Seteiras localizadas à retaguarda de um matagal e
debaixo dos beirais de uma construção são mais difíceis de serem descobertas.

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(21) Apesar dos tiros não serem precisos, é conveniente o emprego de Mtr,
mesmo que não seja fácil a tomada da posição. Se a zona de ação tiver veículos
destruídos, escombros e outros obstáculos que restrinjam os campos de tiro, a arma
poderá ser elevada para onde possa atirar por cima de obstáculos. Por isso, atira-se de
seteiras no segundo ou terceiro andar, caso necessário. A plataforma de tiro pode estar
abaixo do telhado. Desta forma o exato local da posição deve ser escondido para
realização do tiro.
d. CONQUISTA DO OBJETIVO
(1) Áreas edificadas são um grande desafio para qualquer tropa. Construções
dissimulam a progressão e os efeitos dos fogos diretos e indiretos. O entulho da
destruição das construções oferece coberta para os atacantes e defensores, tornando
a conquista do objetivo muito difícil.
(2) As patrulhas e a utilização de pontos de observação, dentro da área edifi-
cada e em trechos arborizados, permitem a localização do inimigo, a realização de
fogos diretos e indiretos na defesa e identificação de itinerários para a progressão, na
ofensiva.
(3) Muitas armas e veículos possuem classificação distintas, com
características que os designam ou indicam em que ambiente o equipamento é mais
bem usado. Por exemplo, o tiro de um blindado dentro de um ambiente seco,
empoeirado e coberto de escombros aumenta a nuvem de pó nas ruas. A sua
progressão em áreas edificadas produz mais barulho do que em campo aberto.
Militares que progridem por escombros em uma rua ou nos corredores de construções
danificadas produzem mais barulho que em uma área arborizada.
(4) A conquista de objetivos deve ser contínua. Áreas edificadas
proporcionam para o atacante e para o defensor boas cobertas e abrigos, mas
normalmente favorece ao defensor. A rápida realização de tiro contra os alvos surgidos
inopinadamente garante vantagem importante.
(5) Deve haver cautela na progressão em áreas edificadas quando a distância
que separa os atacantes dos defensores é pequena. Apenas sinais visuais devem ser
usados, até que o contato com o inimigo seja feito. O pelotão deve parar
periodicamente para assegurar-se de que não está sendo seguido ou de que o inimigo
não esteja progredindo paralelamente ao seu flanco, para uma emboscada. Rotas
devem ser cuidadosamente escolhidas, de forma que construções e pilhas de entulhos
possam ser usadas para mascarar a unidade em movimento.
(6) Informações das missões de observação devem ser claramente transmi-
tidas aos elementos dos GC, para garantir segurança à sua progressão. Esta
segurança continua em todos os altos. A audição e o olfato devem ser muito treinados,
pois serão importantíssimos para a obtenção do sucesso. Os militares reconhecem os
sons de veículos, do armamento empregado pelo inimigo, dentre outros. O cheiro de
combustível, de produtos para uso ao barbear e de comida sendo confeccionada
podem revelar as posições inimigas.
(7) Os postos de observação são posições das quais os militares podem ob-
servar e escutar a atividade inimiga em um setor específico. Eles alertam para a
aproximação inimiga e são muito adequados às áreas urbanas. Os postos de
observação podem ser posicionados dentro dos andares superiores das construções,
permitindo maior comandamento sobre as ruas adjacentes.
(8) Na defesa, um comandante de pelotão posiciona os postos de observação
para segurança do local conforme as ordens do comandante da companhia. O

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................88 /


99)
comandante do pelotão escolhe uma posição comum, mas o comandante do GC é que
monta o Posto de Observação (PO).
(9) Normalmente, há um PO, pelo menos para cada pelotão, composto por
dois a quatro homens, e instalado em local dentro do alcance de tiro das armas do
pelotão. Os Cmt procuram posições que permitam boa observação do setor designado.
Um PO tem um campo de observação que dá cobertura aos PO adjacentes. A posição
selecionada para o PO deve dar coberta e abrigo para unidades que progridem e para
os PO. Os andares superiores das casas ou das construções devem ser usados. O
Cmt da esquadra não deve selecionar posições que sejam facilmente identificadas pelo
inimigo, como torres e campanários de igreja.
(10) O militar deve ser instruído sobre como examinar detalhadamente uma
área escolhida para o PO ou as suas posições de tiro. O uso da técnica correta para
observar de um PO habilita os elementos do Pel a localizarem e identificarem de forma
rápida os objetivos. Sem binóculo, o militar procura rapidamente os objetivos visíveis,
usando todos seus sentidos para descobrir os alvos desejados. Se nenhum objetivo é
achado e o tempo permite, ele faz uma procura detalhada (usando binóculos, caso
disponível) no terreno no setor designado, usando o método dos 50 metros. Primeiro,
ele procura uma faixa de 50 metros ao fundo da direita para esquerda; depois procura
uma faixa da esquerda para a direita que está mais distante, sobrepondo a primeira
faixa. Este processo é continuado até que o setor inteiro tenha sido percorrido.
(11) Os militares que guarnecem o PO e outras posições devem empregar
dispositivos para facilitar a localização de alvos. Estes dispositivos incluem: binóculos,
visor térmico, dispositivos de visão noturna, radar de vigilância terrestre e sensores.
Todos estes dispositivos visam aumentar a habilidade das unidades.

REFERÊNCIAS

Caderno de Instrução Pelotão de Fuzileiros - CI 7 10-1, 1 Ed 2009

Caderno de Instrução O Pelotão de Fuzileiros no Combate em Área Edificada

EB70-CI-11.408, 2 Ed 2017

Manual de Campanha Companhia de Comando e Apoio - C 7-15, 3 Ed, 2002

Manual de Campanha Companhia de Fuzileiros - C 7-10, 2005

Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas EB70-MC-10.202, 1 Ed 2017

Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas EB70-MC-10.202, 1 Ed 2017

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99)
CAPÍTULO 2 – OPERAÇÕES DEFENSIVAS

Manual de Campanha Companhia de fuzileiros - C 7-10 - 2005

Caderno de Instrução Pelotão de Fuzileiro - CI 7-10/1 – 2009

Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas - EB70-MC-10.202,


1ªEdição – 2017

Manual de Campanha C 7-15 – Companhia de Comando e Apoio, 3ª Edição, 2002

2. DEFENSIVA

2.1. Fundamentos das Operações Defensivas

Considerações Iniciais

a. As operações defensivas são situações temporárias adotada por uma força


até que se possa tomar ou retomar a ofensiva.
b. Serão realizadas para ganhar tempo, economizar forças em uma área,
impedir o acesso do inimigo a uma determinada região, destruir forças inimigas
canalizadas para uma área e proteger ou cobrir a manobra de uma força amiga.
c. A missão da infantaria na defensiva é: deter o inimigo pelo fogo à frente da
posição, repelir o seu assalto pelo combate aproximado e destruí-lo ou expulsá-lo pelo
contra-ataque, caso ele consiga penetrar na posição.
d. O defensor deve aproveitar toda oportunidade para obter a iniciativa,
selecionando a área de combate, forçando o inimigo a reagir conforme o plano
defensivo, explorando as vulnerabilidades do inimigo por meio de ações ofensivas e
contra-atacando as forças inimigas que tenham obtido sucesso.

Tipos de Operações Defensivas

As Op Def, em seu sentido mais amplo, abrangem todas as ações que oferecem
certo grau de resistência a uma força atacante.
Os graus de resistência oferecidos a uma força atacante são os seguintes:
a) Defender – ação tática que implica empregar uma força para conservar a
posse de uma área ou para conservar a integridade de uma unidade ou conjunto de
unidades, por meio do estabelecimento de uma posição defensiva.
b) Retardar – ação tática que implica trocar espaço por tempo, obrigando o
inimigo a desdobra-se e a manobrar, procurando infligir-lhe o maior desgaste possível,
sem que a força que retarda se engaje decisivamente no combate.
c) Vigiar – ação tática que visa proporcionar segurança à determinada região ou
força, pelo estabelecimento de uma série de postos de observação, complementados
por adequadas ações, que procuram detectar a presença do inimigo assim que o
mesmo entre no raio de ação ou campo dos instrumentos do elemento que executa a
vigilância. Não se destina à manutenção de terreno ou à destruição do inimigo.
São dois os tipos de operações defensivas: defesa em posição e movimento
retrógrado. Normalmente, ambos os tipos se combinam entre si. Em cada um deles
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................90 /
99)
alternam-se elementos estáticos e dinâmicos, que proporcionam a constante e flexível
atividade que caracteriza a defensiva.
1) Defesa em posição – operação realizada para deter a progressão do inimigo,
em uma área previamente organizada, resistindo a um ataque inimigo ou destruindo
suas forças. Pode ser executada com base em duas formas de manobra: a defesa de
área e a defesa móvel
a. Defesa de área: tem por objetivo a manutenção ou o controle de uma
determinada região específica, por um determinado período de tempo. O comandante
deve tomar por base a capacidade dos fogos e das forças empregadas na área de
defesa avançada (ADA), para engajar e repelir o atacante.
b. Defesa móvel: emprega uma combinação de ações ofensivas, defensivas
e retardadoras. Nela o comandante utiliza um menor poder de combate à frente, na
ADA, e vale-se da manobra, dos fogos e da organização do terreno para recuperar a
iniciativa. A defesa móvel (Def Mv) visa à destruição das forças inimigas e, para isso,
apoia-se no emprego de forças ofensivas dotadas de elevada mobilidade e poder de
choque (forças blindadas).
2) Movimento retrógrado – movimento tático para a retaguarda, de forma
organizada, a fim de se evitar um combate decisivo, sob condições desfavoráveis, que
possa comprometer a integridade da força. Pode ser executada com base em três
formas de manobra: ação retardadora; retraimento e retirada.
a. Ação retardadora: é um movimento retrógrado, no qual uma força
terrestre, sob pressão, troca espaço por tempo, procurando infligir ao inimigo o máximo
de retardamento e o maior desgaste possível, sem se engajar decisivamente no
combate. Na execução de uma ação retardadora (Aç Rtrd), o mínimo de espaço é
trocado pelo máximo de tempo.
b. Retraimento: é um movimento retrógrado, por meio do qual o grosso de
uma força engajada rompe o contato com o inimigo, de acordo com a decisão do
escalão superior. Parte das forças permanece em contato, para evitar que o inimigo
persiga o grosso das forças amigas e infligir-lhe danos, pelo fogo e por uma manobra
adequada. O retraimento (Ret) pode ser diurno ou noturno, podendo, ainda, ser
executado sob pressão ou sem pressão do inimigo. É preferível que o retraimento seja
conduzido durante a noite ou sob condições de reduzida visibilidade.
c. Retirada: é um movimento retrógrado realizado sem contato com o
inimigo, com a finalidade de evitar um combate decisivo, em face da situação existente.
Pode ser executada em seguida a um retraimento ou quando não houver contato físico
com o inimigo.

Fundamentos da Defensiva

a. Os fundamentos da defensiva são usados para assegurar o máximo de


coordenação entre o dispositivo da tropa, as características do terreno e a aplicação da
potência de fogo.
b. Os fundamentos da defensiva são:
1) utilização adequada do terreno;
O terreno é fator importante na seleção das áreas de defesa e na localização e
distribuição das forças. É necessário um estudo judicioso do terreno, para se
organizarem forças suficientes e adequadas à sua defesa. Nas partes que favorecem a
defesa, são economizados meios, liberando parte significativa deles para as áreas

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................91 /


99)
mais vulneráveis ao ataque.
2) segurança;
O atacante pode escolher a hora, o local, a direção e o valor do ataque. Em
consequência, o defensor deve adotar todas as medidas possíveis para não ser
surpreendido. Tais medidas compreendem o estabelecimento de meios para
proporcionar o alerta sobre a aproximação do inimigo e o emprego de forças de
segurança à frente, na direção provável de atuação do inimigo, nos flancos e na
retaguarda, para manter a segurança em todas as direções.
3) apoio mútuo;
As forças de defesa são localizadas no terreno de tal forma que possam apoiar-
se mutuamente. Esse apoio mútuo completa-se pelos fogos, pela observação e por
elementos de manobra, tanto à frente como em profundidade. O sistema de núcleos é
concebido de forma a garantir que a queda de um deles não provoque o rompimento
da posição, ficando o inimigo submetido aos fogos dos núcleos vizinhos e da
retaguarda. O apoio mútuo dificulta a infiltração inimiga entre os núcleos, pois o espaço
entre eles fica permanentemente sob observação e batido por fogos. Se há espaços
vazios entre os diferentes núcleos, estes devem ser controlados. O apoio mútuo entre
os núcleos de defesa é considerado no escalão batalhão e inferiores
4) defesa em todas as direções;
No planejamento da defesa, considera-se que o inimigo pode atacar de qualquer
direção. Os flancos e a retaguarda da posição podem ser atingidos por meio de
desbordamento terrestre, infiltração, assalto aeromóvel ou aeroterrestre, ou ainda, por
meio de ações de guerrilha em larga escala. O defensor dispõe suas forças para
impedir que o inimigo, utilizando a surpresa, obtenha uma vantagem decisiva ou
marcante, quanto à direção ou ao local do ataque. O planejamento deve permitir a
economia de meios, pela disposição apropriada no terreno dos elementos de defesa e
de segurança, e por meio da manutenção de uma reserva, com adequada mobilidade,
em condições de deslocar-se por toda a posição defensiva. Normalmente, em regiões
amplas as frentes a defender são extensas, o que acentua a necessidade de judiciosa
seleção dos locais em que se pretende
5) defesa em profundidade;
As forças de defesa são dispostas em profundidade, à frente da região que deve
ser mantida. É essencial uma profundidade adequada para que o inimigo seja detido,
canalizado, destruído (sempre que possível) ou repelido pelas forças de defesa, caso
force a entrada ou penetre na região a ser defendida. A profundidade da defesa é
obtida pelo(a): a) adequado desdobramento das forças; b) utilização de posições de
bloqueio, de fortificações de campanha e de obstáculos em profundidade; c) manobra;
e d) emprego adequado de reservas e de fogos. Em regiões amplas, com o combate
predominantemente ao longo dos eixos rodoviários, é mais importante dispor as forças
em profundidade do que dispersá-las num dispositivo linear.
6) flexibilidade;
A disposição das forças de defesa e o planejamento de seus fogos e
deslocamentos têm por objetivo fazer face ao maior número possível de situações. A
posição defensiva é organizada de forma a permitir a mudança da manobra planejada.
A mobilidade da reserva, os fogos e os meios de guerra eletrônica fornecem ao
comandante a liberdade necessária para conduzir o combate defensivo. Em regiões
amplas, a flexibilidade é obtida, também, pela adoção do dispositivo de expectativa.
7) Máximo emprego de operações ofensivas;
As forças defensivas mantêm-se alertas para aproveitar todas as oportunidades
de retomar a iniciativa e destruir o inimigo pela ação ofensiva. Patrulhamento
(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................92 /
99)
agressivo, incursões, contra-ataques de desorganização e outros, apoiados por fogos e
pela guerra eletrônica, são meios pelos quais o espírito ofensivo é mantido.
8) Dispersão;
A dispersão é essencial para reduzir a vulnerabilidade das forças. Ao organizar-
se a defesa, as forças são dispersas o quanto lhe permitam imposições dos fatores da
decisão, evitando que se constituam alvos compensadores ou, pelo menos, reduzindo
sua vulnerabilidade. A dispersão em profundidade é preferível à dispersão em largura,
pois evita que as frentes se tornem muito extensas para o defensor. Proporciona mais
meios para a reserva, evita movimentos laterais em presença de um ataque inimigo,
facilita a descoberta e a destruição de elementos de infiltração, e proporciona um
melhor dispositivo de forças para a realização de contra-ataques. A dispersão em
largura leva as forças avançadas a se arriscarem ao isolamento e, em consequência, a
serem batidas por partes, após a penetração inimiga.
9) Utilização do tempo disponível;
A utilização judiciosa do tempo e uma cuidadosa seleção de tarefas a serem
executadas são essenciais para o cumprimento de uma missão defensiva. Todo o
tempo disponível é utilizado na preparação da posição defensiva e, após a sua
ocupação, os trabalhos ou os melhoramentos da posição prosseguem, mesmo durante
as ações de defesa.
10) Integração e coordenação das medidas de defesa;
O plano geral de defesa envolve a integração e a coordenação cuidadosa de todas as
medidas defensivas.

Finalidade das Op Def

As Op Def empregam todos os meios disponíveis para buscar uma vulnerabilidade


inimiga e devem manter suficiente flexibilidade em seu planejamento para explorá-la,
tendo por finalidades principais:
a) ganhar tempo, criando condições mais favoráveis às operações futuras;
b) impedir o acesso do inimigo a determinada área ou infraestrutura;
c) destruir forças inimigas ou canalizá-las para uma área onde possam ser
neutralizadas;
d) reduzir a capacidade de combate do inimigo;
e) economizar meios em benefício de operações ofensivas em outras áreas;
f) produzir conhecimento necessário ao processo decisório;
g) proteger a população, ativos e infraestruturas críticas;
h) obrigar uma força inimiga a concentrar-se, tornando-a mais vulnerável às forças
empregadas na defesa; e
i) distrair a atenção do atacante, enquanto se preparam operações em outras
áreas.

2.2. O Pel Fuz na Defesa de área

Considerações Iniciais

a. A defesa em posição compreende as seguintes formas de manobra: a defesa


de área e a defesa móvel.

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b. O pelotão de fuzileiros pode participar de ambas as formas de manobra,
enquadrado pela companhia de fuzileiros, em operações defensivas realizadas por
escalões superiores.

Medidas de Planejamento

a. Organização da Defesa
1) A defesa é escalonada em três áreas: área de segurança, área de defesa
avançada (ADA) e área de reserva. A posição defensiva é composta pela área de
defesa avançada e pela área de reserva. O pelotão de fuzileiros pode ser empregado
em qualquer das três áreas citadas.

Fig 29. Escalonamento da defesa do batalhão

2) Área de segurança
a) A área de segurança está localizada entre o limite anterior da área de
defesa avançada (LAADA) e a posição dos elementos de segurança. As forças que
guarnecem esta área constituem o escalão de segurança.
b) A missão do escalão de segurança é dar o alerta oportuno da
aproximação do inimigo, retardar e desorganizar sua progressão, impedir a observação
terrestre e os fogos diretos sobre a ADA, iludir o inimigo quanto à verdadeira

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99)
localização do LAADA e realizar ações de contrarreconhecimento.
c) O escalão de segurança possui a seguinte composição:
(1) Força de cobertura (F Cob) – elemento de segurança lançado,
normalmente, pelo exército de campanha, para proporcionar tempo para a preparação
da posição defensiva, por meio de uma ação retardadora, cerca de 80 a 120 Km à
frente do LAADA;
(2) Postos Avançados Gerais (PAG) – elemento de segurança da divisão
de exército, estabelecido cerca de 8 a 12 Km à frente do LAADA; e
(3) Postos Avançados de Combate (P Avç C) – elemento de segurança
da brigada, estabelecido cerca de 800 a 2000 m à frente do LAADA.
(4) Elementos de segurança aproximada – consistem em postos de
vigia/escuta e patrulhas de ligação, lançados até 500 m à frente do LAADA.
3) Área de defesa avançada
a) A área de defesa avançada está localizada entre o LAADA e a
retaguarda dos elementos em primeiro escalão.
b) A missão dos elementos da ADA é deter o inimigo pelo fogo à frente da
posição e repelir o seu assalto pelo combate aproximado.
4) Área de reserva
a) A área de reserva está localizada entre a retaguarda dos elementos
em primeiro escalão e a retaguarda do escalão considerado.
b) A missão da reserva é aprofundar a defesa, limitando as penetrações
inimigas; realizar contra-ataques e reforçar ou substituir os elementos da ADA.

b. Medidas de Coordenação e Controle


1) Limite anterior da área de defesa avançada (LAADA) – linha balizada pela
orla anterior dos núcleos de defesa de primeiro escalão (traçado real). A localização
geral do LAADA, normalmente definida em acidentes nítidos do terreno, indica a área a
ser defendida e proporciona flexibilidade para um melhor aproveitamento do terreno.
2) Zona de ação – área de responsabilidade, normalmente definida por limites,
atribuída a uma peça de manobra a partir do escalão companhia de fuzileiros. Ao
pelotão de fuzileiros é atribuída uma parte da zona de ação da companhia, definindo-
se uma frente de defesa para o pelotão.
3) Limites – estendem-se à frente e à retaguarda do LAADA, a fim de delimitar a
área de responsabilidade da companhia. Normalmente, não são usados limites entre
os pelotões.
4) Pontos limites – marcados sobre os limites laterais para indicar o traçado
geral do LAADA e a linha dos P Avç C, definindo onde os elementos vizinhos devem
coordenar seus fogos e dispositivos defensivos.
5) Zona de reunião – área onde uma tropa se reúne a fim de se preparar para o
cumprimento de uma determinada missão. Na defesa, a partir do escalão batalhão, é
comum o estabelecimento de zonas de reunião para os elementos em reserva.
6) Posições de aprofundamento – núcleos de defesa localizados na área de
reserva para a continuação do combate defensivo em profundidade.

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99)
Fig 30. Medidas de coordenação e controle na defesa

c. Medidas Defensivas
1) Segurança aproximada
a) O sistema de segurança aproximada é estabelecido pelas companhias de
fuzileiros da ADA, consistindo em postos de vigia/escuta e patrulhas de ligação,
lançados até 500 metros à frente do LAADA.
b) Normalmente, a companhia determina que cada pelotão de fuzileiros em
primeiro escalão destaque um posto de vigia/escuta à frente de sua posição, composto
por dois a quatro homens. Em princípio, os vigias são substituídos de duas em duas
horas e deverão estar em dupla à noite. Meios de comunicações devem ligar o posto
ao pelotão.
c) O posto de vigia (diurno) se localiza cerca de 400 metros à frente do
LAADA. Sua missão é dar o alerta da aproximação de tropas inimigas, sem se engajar
pelo fogo, exceto para sua autodefesa.
d) O posto de escuta, estabelecido à noite, tem sua localização recuada
para cerca de 200 metros à frente do LAADA. Tal posicionamento coincide com a
provável linha de desenvolvimento dos ataques noturnos inimigos.
e) A companhia lança, ainda, patrulhas de ligação, no valor esquadra, para
estabelecer contato com os postos de vigia/escuta e cobrir os intervalos e flancos da
posição defensiva da subunidade. Normalmente, isso é encargo do pelotão reserva.

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99)
f) Além da segurança aproximada, à frente do LAADA, cada grupo de
combate ou guarnição de arma de apoio deve manter, permanentemente, na posição
da fração, um vigia local em situação de alerta.

Fig 31. Medidas de segurança aproximada

Fogos na defensiva
2) Apoio de Fogo
a) Classificação dos Fogos na Defensiva
(1) Fogos longínquos – planejados para bater o inimigo o mais longe
possível a fim de retardar a sua progressão, sendo constituídos, normalmente, pelos
fogos dos postos avançados de combate e dos morteiros e artilharia.
(2) Fogos defensivos aproximados – planejados para desorganizar o
ataque inimigo, antes do assalto, sendo constituídos pelos fogos da ADA e
desencadeados a partir de linhas de acionamento, que coincidem com o alcance de
utilização de cada armamento, observando as limitações topotáticas impostas pelo
terreno.
(3) Fogos de proteção final – planejados para repelir o assalto
inimigo, sendo constituídos pelos fogos da ADA e desencadeados a partir da linha de
proteção final (LPF), que coincide com a posição de assalto inimiga (cerca de 100 a
200 metros à frente do LAADA). A artilharia e os morteiros desencadeiam as suas
barragens.
(4) Fogos no interior da posição – planejados para limitar as possíveis
penetrações inimigas e apoiar os nossos contra-ataques, sendo desencadeados no
interior dos núcleos de defesa e de seus intervalos.
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Fig 32. Fogos na defensiva

Construção de Obstáculos

1) O pelotão constrói os obstáculos de proteção local, que consistem em redes de


arame, lançadas de 40 a 100 metros dos abrigos, ao redor do seu núcleo de defesa.
Pode, ainda, lançar redes suplementares, interligando as redes de proteção local dos
pelotões. A infantaria emprega, normalmente, a concertina e a cerca de quatro fios.
2) As redes táticas de arame, integrantes da barreira de cobertura imediata,
construída pela engenharia, devem ser batidas pelos fogos de proteção final das
metralhadoras dos pelotões da ADA.
3) Tropas de infantaria podem auxiliar a engenharia na construção de parcela dos
obstáculos do plano de barreiras, normalmente aqueles de menor complexidade
técnica e que não exigem pessoal ou material especializados.
6) O pelotão, além das posições principais, prepara posições suplementares
nos flancos e na retaguarda, observando o princípio da defesa em todas as direções. À
medida que o tempo permitir, devem ser preparadas sapas de ligação para
proporcionar itinerários desenfiados entre as posições principais e suplementares. A
profundidade do núcleo de defesa do pelotão varia de 50 a 200 metros.
7) As metralhadoras, quando colocadas nos intervalos dos grupos de combate,
não causam acréscimo na frente ocupada pelo pelotão. Se posicionadas no interior do
núcleo de um grupo de combate, provocarão um aumento de 25 metros na frente do
GC.

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99)
8) Os abrigos devem ser preparados na crista militar do acidente capital, onde
se localiza o núcleo de defesa do pelotão, evitando-se, ao máximo, os ângulos mortos
proporcionados por dobras do terreno. A rasância das armas de tiro tenso é
fundamental para o sucesso da defesa.

9) O comandante do pelotão posiciona-se onde melhor possa conduzir a defesa.


Normalmente, ocupa um posto de observação, que também funciona como posto de
comando, no interior do núcleo de defesa do pelotão.
10) O comandante do pelotão consolida todos os dados da preparação da sua
posição defensiva em um único documento, denominado roteiro do pelotão. Cada
comandante de grupo também confecciona um roteiro. Cada roteiro é elaborado em
duas vias, sendo uma delas entregue ao comandante imediato. O roteiro do pelotão ou
do grupo deve conter as seguintes informações:
a) missão do pelotão ou do grupo;
b) composição do pelotão ou do grupo;
c) medidas de segurança;
d) prioridade dos trabalhos de OT;
e) comunicações (rádio, fio, senhas e sinais convencionados);
f) apoio logístico (suprimento classe I, III, V e água, saúde, pessoal, entre
outros);
g) setores de tiro dos grupos ou dos homens (pontos de referência); e
h) esboço da frente de defesa com o plano de fogos do pelotão ou do grupo.

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11) O comandante do pelotão deve estabelecer uma prioridade para os
trabalhos de organização do terreno, que são executados de maneira contínua e
constantemente melhorados até a fortificação da posição. A seguir, é apresentada uma
sequência, como exemplo:
a) estabelecimento da segurança aproximada e local;
b) instalação das armas de apoio;
c) limpeza dos campos de tiro;
d) estabelecimento das comunicações;
e) preparação das posições principais (abrigos e espaldões);
f) construção dos obstáculos; e
g) preparação das posições de muda e suplementares.

A ordem de defesa do Cmt Pel

1) A ordem é transmitida verbalmente, a luz do terreno e compreende o seguinte:


a) Informação sobre o inimigo, inclusive direção e hora em que um ataque
pode ser esperado. Informações sobre os elementos amigos, de apoio e vizinhos:
b) Missão da companhia;
c) Missões e núcleos de defesa de cada pelotão de fuzileiros, incluindo o setor
defensivo de cada pelotão;
d) Posições e missões dos armamentos AC, dos morteiros e de quaisquer
outras armas postas em reforço à companhia, podendo designar alvos prioritários ou
direções principais de tiro para as armas coletivas;
e) Controle do tiro, inclusive os pormenores relativos aos pedidos de
desencadeamento de fogos de proteção final;
f) Medidas de segurança;
g) Ordem de urgência nos trabalhos de OT e a hora em que deverão estar
prontos;
h) Localização dos campos de minas e de outros obstáculos;
i) Remuniciamento e outras medidas administrativas;
j) Local do posto de socorro do batalhão e refúgio de feridos da companhia;
k) Modificações ou aditamento às NGA (por exemplo: segurança anticarro, tipo
de espaldões e medidas de higiene);
l) Posto de comando e de observação; e Instruções sobre as comunicações.

2) O comandante do pelotão consolida todos os dados da preparação da sua


posição defensiva em um único documento, denominado roteiro do pelotão. Cada
comandante de grupo também confecciona um roteiro. Cada roteiro é elaborado em
duas vias, sendo uma delas entregue ao comandante imediato. O roteiro do pelotão ou
do grupo deve conter as seguintes informações:
a. missão do pelotão ou do grupo;
b. composição do pelotão ou do grupo;
c. medidas de segurança;
d. prioridade dos trabalhos de OT;
e. comunicações (rádio, fio, senhas e sinais convencionados);
f. apoio logístico (suprimento classe I, III, V e água, saúde, pessoal, entre
outros);
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g. setores de tiro dos grupos ou dos homens (pontos de referência); e
esboço da frente de defesa com o plano de fogos do pelotão ou do grupo.

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2.3. O Pel Fuz no PAC

1) O pelotão de fuzileiros pode receber a missão de constituir os postos


avançados de combate ou integrá-los como parte de uma força maior. São,
normalmente, instalados entre 800 e 2.000 metros do LAADA, constituindo o elemento
de segurança da brigada.
2) Sua missão principal é dar o alerta oportuno da aproximação das forças
inimigas e impedir a observação terrestre e os fogos diretos sobre a ADA. Dentro de
suas possibilidades, busca retardar e desorganizar a progressão do inimigo, e iludi-lo
quanto à verdadeira localização do LAADA.
3) Em qualquer caso, cumprirá sua missão por meio do estabelecimento de
postos de vigilância, em dispositivo linear, cujo efetivo varia de uma esquadra até um
pelotão de fuzileiros. Os postos de vigilância organizam núcleos de defesa na crista
topográfica dos acidentes capitais que proporcionem boa observação e bons campos
de tiro em profundidade, sobre as vias de aproximação das forças inimigas.
4) Os postos avançados de combate estabelecem, também, a sua segurança
aproximada, empregando vigias e patrulhas de ligação à frente, nos flancos e à
retaguarda da posição. Cada posto deve selecionar e reconhecer o seu itinerário de
retraimento, em princípio, por caminhos desenfiados, até o acolhimento na ADA.
5) A conduta consiste em alertar os elementos da ADA sobre a aproximação do
inimigo e engajá-lo pelo fogo, o mais longe possível, buscando retardá-lo e
desorganizá-lo. Ao ser ameaçado por um desbordamento ou por um engajamento pelo
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combate aproximado, o posto deve retrair. A decisão do retraimento é do comandante
do batalhão ou da brigada, podendo ser delegada ao comandante dos postos
avançados de combate.

Fig 33. O pelotão de fuzileiros nos postos avançados de combate

Condução do Combate Defensivo

1) Inicialmente, o inimigo atinge as posições do escalão de segurança, sendo,


então, retardado sucessivamente em cada posição. Os elementos da posição
defensiva são alertados sobre a aproximação das forças inimigas.
2) Quando o inimigo aborda a posição dos postos avançados de combate, sua
progressão é retardada pelos fogos longínquos realizados pelos elementos dos P Avç
C e pela artilharia e morteiros que, normalmente, ocupam posições provisórias à frente
do LAADA. Mediante ordem, os P Avç C retraem e são acolhidos pelos elementos da
ADA.
3) Na iminência do ataque adversário, são realizados os fogos de
contrapreparação pela artilharia e morteiros contra as posições de ataque e os postos
de observação inimigos, dentre outros alvos compensadores.
4) Ao desencadear seu ataque, as forças inimigas são submetidas aos fogos
defensivos aproximados da área de defesa avançada, que incluem todo o armamento

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disponível. A infantaria tenta, a todo custo, deter a progressão inimiga pelo fogo. A
artilharia e os morteiros realizam concentrações sobre alvos inimigos, já as armas
anticarro buscam destruir os carros de combate e as metralhadoras atiram contra a
tropa inimiga em progressão e contra armas de apoio dessa tropa.
5) Os elementos do pelotão de fuzileiros desencadeiam seus fogos defensivos
aproximados a partir da linha de acionamento do fuzil (600 metros), realizando o tiro de
fração, dentro do setor de tiro do grupo de combate, conduzido a voz pelo comandante
do GC, e utilizando o setor frontal do abrigo. As armas de apoio do pelotão
desencadeiam seus fogos a partir de suas respectivas linhas de acionamento.
6) Caso as forças inimigas consigam se aproximar para o assalto sobre a
posição defensiva, são realizados os fogos de proteção final. A infantaria, então, repele
o assalto inimigo pelo combate aproximado. A artilharia e os morteiros realizam suas
barragens sobre as vias de acesso adversárias, as armas anticarro atiram nas laterais
dos carros de combate, e as metralhadoras apontam para a LPF, erguendo um muro
de fogos contra as formações de assalto inimigas. Normalmente, os fogos de proteção
final são desencadeados mediante um sinal convencionado (fumígenos ou
pirotécnicos).
7) Os elementos do pelotão de fuzileiros desencadeiam seus fogos de proteção
final a partir da LPF (100 a 200 metros), realizando o tiro individual, dentro do setor de
tiro de cada homem, e utilizando o setor oblíquo do abrigo sob a proteção do parapeito.
8) Ao ser ameaçado por um desbordamento, o comandante do pelotão deve
reajustar o seu dispositivo, deslocando homens da frente menos pressionada para
posições suplementares no flanco ameaçado. Se possível, deve empregar frações
constituídas, valor esquadra ou grupo de combate.
9) Se o ataque inimigo for detido à frente da posição, seguido do seu
retraimento, o pelotão realiza a sua reorganização após o combate, por meio do
remuniciamento das frações e da evacuação das baixas, informando, de imediato, a
situação do pelotão ao comandante da companhia.

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Fig 36. Setores do abrigo

Fig 37. Fogos de proteção final dos fuzileiros

10) Caso o inimigo logre êxito no seu ataque e penetre no núcleo de defesa, o
comandante do pelotão deve envidar todos os esforços para limitar a penetração
inimiga, solicitando apoio de fogo à companhia e mantendo suas posições até a

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99)
realização do contra-ataque para o restabelecimento do LAADA. Somente retrairá,
como último recurso, mediante ordem do comandante da subunidade.

2.4. O GC na defesa de área

a. Preparação da Posição Defensiva


1) Após a emissão da ordem de defesa, o pelotão ocupa uma posição de espera,
coberta e abrigada, no dispositivo de alto-guardado e nas proximidades da posição
defensiva. Em seguida, é realizado o reconhecimento da posição pelo comandante do
pelotão, acompanhado de seus comandantes de grupo subordinados e de um guia por
fração, com a finalidade de assinalar no terreno as extremidades da frente do pelotão,
bem como dos grupos de combate, estabelecendo os intervalos entre eles.
2) Definidas as posições de cada grupo, os guias retornam para a posição de
espera e conduzem a tropa até os locais determinados, onde os Cmt GC fixarão a
posição exata de cada toca de seus grupos.
3) O pelotão de fuzileiros, ao preparar um núcleo de defesa, adota a formação
tática em linha, ocupando fisicamente uma frente de 400 metros. Dispõe seus grupos
de combate lado a lado, intervalados de 50 a 100 metros entre si. Cada grupo de
combate ocupa uma frente de 70 a 100 metros.
4) O intervalo entre os abrigos varia conforme o terreno. Em áreas limpas, o
intervalo entre as tocas individuais é de 10 metros e entre as tocas duplas é de 20
metros. Em terreno sujo, as distâncias são reduzidas à metade, ou seja, 5 a 10 metros,
respectivamente, o que provoca a diminuição da frente do pelotão. Sempre que
possível devem ser preparadas tocas duplas, porque influem diretamente no moral dos
homens.

Fig 34. Núcleo de defesa do pelotão


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5) A frente de defesa do pelotão é maior do que a frente ocupada, porque é
batida por seus fogos. Normalmente, a frente defendida pelo pelotão é de 900 metros.
O comandante do pelotão designa a cada grupo de combate um setor de tiro na linha
de acionamento do fuzil (600 m - tiro de fração). Os setores dos GC devem ser
parcialmente sobrepostos nas extremidades. O comandante de grupo, por sua vez,
designa um setor de tiro específico para cada homem na LPF (100 a 200 m - tiro
individual).
6) O pelotão, além das posições principais, prepara posições suplementares nos
flancos e na retaguarda, observando o princípio da defesa em todas as direções. À
medida que o tempo permitir, devem ser preparadas sapas de ligação para
proporcionar itinerários desenfiados entre as posições principais e suplementares. A
profundidade do núcleo de defesa do pelotão varia de 50 a 200 metros.
7) As metralhadoras, quando colocadas nos intervalos dos grupos de combate,
não causam acréscimo na frente ocupada pelo pelotão. Se posicionadas no interior do
núcleo de um grupo de combate, provocarão um aumento de 25 metros na frente do
GC.
8) Os abrigos devem ser preparados na crista militar do acidente capital, onde se
localiza o núcleo de defesa do pelotão, evitando-se, ao máximo, os ângulos mortos
proporcionados por dobras do terreno. A rasância das armas de tiro tenso é
fundamental para o sucesso da defesa.

Fig 35. Rasância das armas de tiro tenso


9) O comandante do pelotão posiciona-se onde melhor possa conduzir a defesa.
Normalmente, ocupa um posto de observação, que também funciona como posto de
comando, no interior do núcleo de defesa do pelotão.
10) O comandante do pelotão deve estabelecer uma prioridade para os trabalhos
de organização do terreno, que são executados de maneira contínua e constantemente
melhorados até a fortificação da posição. A seguir, é apresentada uma sequência,
como exemplo:
a. estabelecimento da segurança aproximada e local;
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99)
b. instalação das armas de apoio;
c. limpeza dos campos de tiro;
d. estabelecimento das comunicações;
e. preparação das posições principais (abrigos e espaldões);
f. construção dos obstáculos; e
g. preparação das posições de muda e suplementares.

2.5. A Ordem de defesa do Cmt GC

A ordem de defesa é a emissão verbal das informações constantes no roteiro do


Cmt de GC. O Roteiro do GC é um Doc que contém todas as prescrições que
interessam ao GC, além de um croqui da Frente, que é um esboço da área do GC, no
qual são assinalados os pontos nítidos do terreno com suas respectivas distâncias, os
limites do setor de tiro do GC, as Pos Pcp e setores de tiro dos homens, as Pos
suplementares, a localização dos P Vig e P Esc e a Pos e setor de tiro de armas
coletivas instaladas no núcleo do grupo. O Roteiro deve ser tão completo quanto o
tempo o permita.

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2.6. O Grupo de Apoio na Defesa de Área

Planejamento do Apoio de Fogo do Pelotão

1) Na defesa, é o fogo que detém o inimigo. Posições de tiro de armas de apoio


do batalhão e da companhia podem ser desdobradas no interior do núcleo de defesa
do pelotão. Cabe ao comandante do pelotão coordenar o posicionamento de tais peças
com o seu dispositivo defensivo.
2) A unidade de tiro das metralhadoras é a peça, devendo ser empregadas aos
pares para obter o desejável cruzamento de fogos. Podem ocupar posições de tiro
distintas e receber setores de tiro diferentes.
3) As metralhadoras do grupo de apoio devem, em princípio, ser posicionadas
nos intervalos dos grupos de combate. Condições especiais do terreno podem impor a
localização das peças no interior dos núcleos dos grupos de combate.
4) A direção principal de tiro das metralhadoras, coincidente com a LPF, deve
permitir o cruzamento de fogos à frente do núcleo de defesa do pelotão, priorizando o
bloqueio da via de acesso. Em razão do alcance de utilização das metralhadoras, seus
fogos permitirão, ainda, bater secundariamente os intervalos entre os pelotões da ADA.

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As metralhadoras do pelotão na reserva têm a missão de bater os intervalos e flancos
dos núcleos de defesa da ADA.
5) A peça de morteiro leve ocupa uma posição de tiro no interior do núcleo de
defesa do pelotão. A posição deve proporcionar segurança para a peça e, se possível,
um itinerário desenfiado para o remuniciamento. Deve, ainda, permitir a observação e
o controle do tiro pelo chefe de peça.

Fig 38. Posicionamento das metralhadoras

6) São planejadas concentrações de morteiro leve com referência em acidentes


do terreno que constituam locais favoráveis ao desdobramento de tropas e armas
coletivas inimigas ou que constituam regiões de passagem obrigatória.
7) O comandante do pelotão pode, também, solicitar apoio de fogo de
morteiros e artilharia à companhia, a fim de complementar os fogos do pelotão.

Defesa Anticarro do Pelotão

1) O pelotão dispõe de armas anticarro orgânicas (lança-rojões), distribuídas aos


grupos de combate. Pode receber, também, armas anticarro em reforço da companhia
(canhões sem recuo).
2) Deve planejar o emprego dos canhões sem recuo de modo a bater as vias de
acesso favoráveis à progressão dos carros de combate inimigos, atribuindo a cada
peça um setor e uma direção principal de tiro.
3) Os lança-rojões devem ser, em princípio, posicionados nas extremidades dos
grupos de combate a fim de flanquear os carros inimigos que ataquem suas posições.
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Fig 39. Posicionamento dos lança-rojões

Formas de Emprego das Peças do Grupo de Apoio

1) Ação de Conjunto – forma de emprego na qual a peça atua em proveito do


pelotão, ficando subordinada, tática e logisticamente, ao comandante do grupo de
apoio. O controle do tiro, se possível, será exercido pelo comandante do grupo de
apoio, podendo ser feito pelo chefe de peça. Normalmente, esta é a forma usual de
emprego das peças do grupo de apoio, pois facilita a coordenação, o controle, as
comunicações e o suprimento.
2) Apoio Direto – forma de emprego na qual a peça atua em proveito de um grupo
de combate. A peça fica logisticamente subordinada ao comandante do grupo de
apoio, mas recebe as missões de tiro do grupo de combate apoiado. O controle do tiro
é exercido pelo chefe de peça. A escolha e a mudança de posição são atribuições do
chefe de peça.
3) Reforço – situação na qual a peça fica diretamente subordinada ao comandante
do grupo de combate reforçado, o qual se torna responsável pelo seu controle tático e
apoio logístico. O controle do tiro é exercido pelo chefe de peça. Normalmente, o
reforço só será utilizado quando o controle da peça pelo comandante do grupo de
apoio for impraticável, em razão da distância de emprego do GC apoiado ou das
características do terreno.

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Características Ação de Apoio direto Reforço
conjunto
Atua em Pelotão GC apoiado GC reforçado
proveito
Subordinação Cmt Gp Apoio Cmt Gp Apoio
Cmt GC
reforçado
Controle Tático Cmt Gp Apoio Ch Peça Cmt GC
reforçado
Apoio Logístico Cmt Gp Apoio Cmt Gp Apoio Cmt GC
reforçado
Quadro comparativo das formas de emprego das peças do grupo de apoio.

Emprego das metralhadoras

1) Normalmente, as metralhadoras atuam de forma conjunta, onde o bloqueio da


via de acesso pelo fogo é melhor obtido pelo cruzamento dos fogos de ambas as
peças à frente do núcleo de defesa do pelotão. O alcance de utilização das
metralhadoras, sobre o reparo, ainda permite cobrir, secundariamente, os intervalos
entre os pelotões da ADA.
2) A forma de emprego mais adequada, na defensiva, é a ação de conjunto, onde
as peças atuam em proveito de todo o pelotão. Situações específicas, em larga frente,
podem exigir o emprego das peças em reforço ou apoio direto aos grupos de combate.
3) Na defesa, o posicionamento das metralhadoras deve permitir a rasância e o
flanqueamento do tiro, em razão do seu importante papel nos fogos de proteção final.
As peças de metralhadoras preparam espaldões tipo ferradura.
4) Em princípio, as metralhadoras ocupam suas posições de tiro nos intervalos dos
grupos de combate, junto à crista militar (LAADA). Por imposição do terreno, a fim de
preservar os melhores campos de tiro, as peças podem ser localizadas no interior dos
núcleos dos grupos de combate. Devem ser preparadas, também, posições de muda e
suplementares.
5) Cada peça recebe um setor de tiro distinto, com amplitude de 90 graus, sendo a
direção principal de tiro coincidente com a linha de proteção final (LPF),
aproximadamente paralela ao LAADA. Em princípio, antes do ataque inimigo, as peças
permanecem apontadas na direção principal de tiro (LPF).
6) Em missões de retardamento, as peças devem buscar posições junto à crista
topográfica, com o objetivo de realizar fogos em profundidade. Nessa situação, o
pelotão não deve admitir um engajamento decisivo e os fogos de proteção final não
são prioritários.
7) O controle do tiro das metralhadoras, na defesa, é exercido pelo chefe de peça.
Dentro do seu setor de tiro, ele define os alvos a serem batidos por ocasião dos fogos
defensivos aproximados.
8) Durante os fogos de proteção final, as metralhadoras são apontadas para a
direção principal de tiro (LPF) e realizam seus tiros diretos de forma contínua, impondo
um muro de fogos ao assalto inimigo. Normalmente, os fogos de proteção final são
desencadeados mediante um sinal convencionado (fumígenos ou pirotécnicos).

Emprego do morteiro leve

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1) A peça de morteiro leve proporciona o apoio de fogo indireto à defesa do
pelotão, realizando concentrações sobre as formações de ataque inimigas e suas
armas coletivas.
2) A forma de emprego mais adequada, na defensiva, é a ação de conjunto. Nela,
a peça de morteiro leve atua em proveito de todo o pelotão.
3) O morteiro leve, normalmente, ocupa uma posição de tiro no interior do núcleo
de defesa do pelotão, a qual possibilite a observação e o controle do tiro pelo chefe de
peça, preparando um espaldão tipo fosso retangular. Devem ser preparadas, também,
posições de muda e suplementares.
4) Em princípio, o comandante do grupo de apoio permanece junto à peça de
morteiro leve, coordenando a execução de seus fogos em proveito do pelotão, porém,
o controle do tiro é exercido pelo chefe de peça.
5) O comandante do pelotão atribui um setor de tiro para a peça de morteiro leve,
selecionando as concentrações, na frente de defesa do pelotão, em acidentes nítidos
no terreno, regiões de passagem obrigatória e locais favoráveis ao posicionamento de
armas coletivas e à concentração de tropas inimigas.
6) Quando a formação de ataque inimiga atinge o alcance de utilização do morteiro
leve, são desencadeadas as concentrações dos fogos defensivos aproximados.
Durante o assalto inimigo, o morteiro leve realiza as concentrações dos fogos de
proteção final até uma distância mínima de segurança para a tropa amiga, em torno de
100 metros. Normalmente, o morteiro leve não realiza barragens.
7) Da mesma forma que na ofensiva, o comandante do pelotão pode solicitar à
companhia o apoio de fogo de morteiros médios, pesados e de artilharia.

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2.7. As Seções do Pelotão de Apoio (Pel Ap) na Defesa de Área

Os pelotões são empregados no interior da área de defesa da companhia, de


acordo com a mais correta aplicação dos fundamentos de defesa. Via de regra, isso é
conseguido com o emprego de dois pelotões de fuzileiros no LAADA e um em reserva.
Esses pelotões são dispostos de modo a defenderem as vias de acesso e a cobrir
outras partes da área de defesa da companhia com fogos e com a observação.
Os elementos do pelotão de apoio são instalados dentro da área de defesa da
companhia, onde melhor possam cumprir suas missões de tiro e serem protegidos
pelos elementos de fuzileiros. Em geral ficam localizados no interior dos núcleos de
defesa dos pelotões.

Emprego do pelotão de apoio

1) Seção AC
(a) A seção AC pode permanecer em ação de conjunto ou, em função dos
fatores da decisão, o comandante da companhia pode empregar uma ou duas peças
em apoio direto ou reforço aos pelotões do LAADA, ocupando posições dentro dos
núcleos de defesa. Esta conduta ocorre também, frequentemente, para evitar acúmulo
de peças de apoio na mesma região.
(b) A descentralização das peças em apoio direto ou reforço pode ocorrer
quando: os setores de tiro e de observação forem compartimentados; uma parte do
dispositivo for mais vulnerável à ataques de blindados; ou for determinada uma direção
mais provável de aproximação do inimigo.
(c) Normalmente as peças são colocadas em reforço aos pelotões de fuzileiros
em cujo núcleo de defesa se instalaram quando: o tempo para instalação for limitado,
não permitindo uma coordenação segura; os meios de comunicações são precários; ou
a tropa se instala defensivamente em contato com o Ini.
(d) Quando houver necessidade de proteção anticarro, uma ou mais peças
podem ser colocadas em reforço aos postos avançados de combate.
2) Seção de morteiros
(a) Sempre que possível, quando os setores de tiro e a observação não são
limitados, o fogo e o controle mais eficazes são obtidos pelo emprego dos morteiros
em ação de conjunto. Assim, o comandante de companhia pode dispor da seção a
qualquer momento, obtendo fogos mais eficazes.
(b) Quando a companhia for responsável pelos postos avançados de combate a
seção pode ser empregada no apoio aos mesmos. A principal consideração que irá
condicionar a forma de emprego e a ocupação de posições suplementares para apoiar
os postos avançados de combate é o alcance de utilização do material e a
necessidade de bater o inimigo o mais à frente possível:
((1)) Quando estes postos estiverem muito distantes da ADA, a seção poderá
reforçá-los, para assegurar melhor apoio e permitir o desencadeamento dos fogos
longínquos. Nesta situação, a seção se instalará no interior das posições dos postos
avançados de combate.
((2)) Quando os postos avançados de combate estão próximos da ADA, a
seção pode ser instalada em posições suplementares, na orla da posição defensiva.
Essa missão deve terminar a tempo de permitir que as peças sejam deslocadas para
as suas posições de tiro, a fim de apoiar a defesa da ADA.

(Coletânea de Manuais/ Emprego Tático.................................................114 /


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Emprego das Seções

a. Os chefes de peça ou comandante de seção organizam os roteiros para cada


posição de tiro. Deve-se tomar cuidado para evitar que os tiros ponham em perigo os
elementos lançados à frente do LAADA, em missão de segurança, patrulha ou
construção de obstáculos. A defesa depende, em grande parte, dos tiros amarrados.
Isto permite o desencadeamento de fogos eficazes mesmo à noite ou em condições de
visibilidade reduzida. Por isso devem ser previstos tiros para pontos de travessia
obrigatória pelo inimigo (vaus, pontes, etc) ou pontos onde provavelmente o inimigo
instalará posições de armas de apoio. Os fogos de proteção final devem ser
preparados para serem desencadeados das posições de tiro principal e de muda.
b. Na defensiva, normalmente, as frações do pelotão de apoio são instaladas nas
proximidades ou no interior dos núcleos de defesa dos pelotões de fuzileiros. Estas
posições por si só já oferecem alguma segurança. Contudo, o comandante de seção é
o responsável, pela segurança aproximada de sua fração. As guarnições constroem
abrigos individuais nas proximidades da posição da peça e utilizam o armamento
individual para sua própria proteção e para a proteção das armas coletivas. Os
municiadores, quando não estiverem transportando munição, deverão ser colocados
de maneira a proporcionar proteção aproximada às armas coletivas.
c. Após a chegada aos locais designados, as posições e os setores de tiro das
armas são indicados aos chefes de peça. Durante a preparação das posições, as
armas são instaladas em posições de tiro provisórias e ficam prontas para abrir fogo a
fim de bater os setores designados. Quando as posições de tiro principais estiverem
prontas as armas são transferidas para elas. Simultaneamente são preparados os
postos de observação das seções e das peças.
d. Os abrigos naturais, as linhas de água e outros caminhos cobertos são
utilizados nas comunicações e nos movimentos para as posições de muda e
suplementares, e para o remuniciamento. Os comandantes de seção inspecionam os
abrigos e os disfarces de seus homens e armas. O disfarce acompanha a execução
dos trabalhos defensivos. Deve-se evitar, ao máximo, o aparecimento de novas pistas,
que denunciem as posições.
e. Após a preparação das posições principais, dos postos de observação e das
posições de muda e suplementares, são construídos os abrigos individuais e os nichos
de munição. Esses nichos devem estar no interior ou próximo dos espaldões, em
lugares secos, abrigados e disfarçados. As posições simuladas são coordenadas com
as dos elementos de fuzileiros localizados nas proximidades.
f. Seção Anticarro
(1) Sempre que possível, os canhões devem entrar em posição no interior dos
núcleos de defesa para a execução de suas missões.
(2) Na seção AC a preparação das posições é iniciada com a limpeza de campos
de tiro, a construção dos espaldões das posições principais e a construção de tocas.
(3) Quando a posição principal for concluída, serão preparadas as posições de
muda (no mínimo, uma para cada peça) e, em seguida, as posições suplementares (se
for o caso).
(4) Dentro de cada núcleo de defesa, o comandante da fração de apoio ali
localizada deve entrar em ligação com o comandante pelotão de fuzileiros, os
comandantes GC e outros chefes de peças para:
(a) Inteirar-se da missão dos elementos vizinhos.

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(b) Coordenar com os fuzileiros a execução da segurança aproximada
que estes devem proporcionar às guarnições.
(c) Preveni-los sobre as zonas perigosas e de precaução ocasionadas
pelo sopro das armas AC.
(d) Coordenar medidas de apoio mútuo com vizinhos.
(5) Normalmente, as armas AC do LAADA não são empregadas na execução de
fogos longínquos. Se receberem a missão de realizar tais fogos, deverão fazê-lo de
uma posição suplementar.
g. Seção de morteiros
(1) Normalmente a seção é instalada nas proximidades do pelotão que aprofunda
a defesa.
(2) As posições principais e os postos de observação são preparados em primeiro
lugar e em seguida as tocas para os municiadores. As posições de muda são
preparadas de acordo com a ordem de urgência dos trabalhos.

Conduta na Defesa

a. Ações antes do ataque inimigo


(1) Todos os dados de tiro são determinados e amarrados. A documentação das
frações é confeccionada e é estabelecida uma escala de serviço de vigilância junto às
armas.
(2) Todas as oportunidades devem ser aproveitadas para que sejam reforçados e
melhorados os espaldões e abrigos individuais. As armas coletivas devem estar
guarnecidas tão logo as tropas inimigas estejam dentro do seu alcance.
(3) Os fogos para bater prováveis zonas de reunião do inimigo e vias de
aproximação para posição defensiva devem ser previstos e, quando possível,
regulados antes do ataque.
(4) As armas coletivas são apontadas para bater alvos previstos e cujo
aparecimento seja mais provável. Depois do inimigo conseguir repelir os elementos de
segurança, os morteiros ficam apontados para suas barragens, quando não estiverem
cumprindo outras missões de tiro, e as armas AC apontadas para suas direções
principais de tiro.
b. Ação durante ataque inimigo
(1) Seção AC - O comandante da seção e os chefes de peça nos seus setores,
ficam atentos à aproximação inimiga de quaisquer direções e, uma vez assinalado o
inimigo, não devem perdê-lo de vista. Ao alerta do aparecimento de blindados inimigos,
as guarnições ocupam prontamente suas posições e só atiram quando os carros
estiverem dentro do alcance de utilização de suas armas ou após atingida uma linha do
terreno pré-determinada, procurando batê-los com tiros de flanco ou enfiada
desencadeados de surpresa. Durante a progressão inimiga, a seção AC bate os alvos
adequados em seu setor de tiro, não interessando, por exemplo, atirar sobre alvos não
compensadores que precedem o ataque inimigo
(2) Seção de morteiros - Enquanto o inimigo progride, os observadores pedem os
tiros que se fizerem necessários nos seus setores. Se os fogos de proteção final forem
pedidos, os morteiros desencadeiam suas barragens. Se a barragem de um morteiro
estiver fora da zona onde os fogos de proteção final se fizerem necessários, ele deve
desencadear as concentrações que tenham mais possibilidades de reforçar os fogos
da área ameaçada. Se o inimigo penetrar em qualquer parte da área de defesa, os
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morteiros atiram na zona de penetração para desorganizá-lo ou destruí-lo, evitando o
alargamento da brecha.
c. Prescrições para a noite e condições de pouca visibilidade
(1) À noite os morteiros permanecem apontados para sua barragem normal e as
armas AC para suas direções principais de tiro. A utilização de artifícios de iluminação
e de sinalização deve ser prescrita pelo escalão superior.
(2) O comandante de seção e os chefes de peça providenciam para que parte da
guarnição esteja preparada para desencadear os tiros previstos, a qualquer momento,
a fim de bater as vias de acesso mais prováveis que possam ser utilizadas pelo inimigo
à noite. Se possível deve permanecer um homem observando o setor de tiro e outro
junto às armas.
(3) Durante a noite, as peças do pelotão de apoio da companhia podem ocupar
posições suplementares para dar apoio imediato ao LAADA contra prováveis
infiltrações inimigas.

Mudança de Posição

a. Via de regra, as mudanças de posição são realizadas nas pausas do combate


e excepcionalmente sob fogo, dependendo, neste caso, das cobertas e abrigos
existentes. As mudanças para as posições de muda ou suplementares são,
normalmente, realizadas mediante ordem do comandante do pelotão de apoio ou dos
núcleos de defesa em cujo interior as peças estejam instaladas. Estas mudanças são
realizadas quando a missão de tiro de qualquer das armas coletivas não puder mais
ser cumprida com eficiência das posições de tiro principais, ou quando a quantidade de
tiros efetuados tenha denunciado a localização das posições principais.
b. Quando as seções atuam em ação de conjunto, sempre que possível, as
mudanças de posição devem ser realizadas por escalões para preservar a
continuidade do fogo. Em casos de emergência, a decisão de deslocar uma arma
coletiva da posição principal para a de muda, a fim de evitar sua destruição pelo fogo
ou por elementos de infiltração, é tomada pelo comandante mais graduado e mais
próximo da arma. Neste caso, esta decisão é participada, logo que possível, ao
comandante do núcleo de defesa onde estiver localizada a arma e ao comandante
pelotão de apoio.

REFERÊNCIAS

Manual de Campanha Companhia de fuzileiros - C 7-10 - 2005

Caderno de Instrução Pelotão de Fuzileiro - CI 7-10/1 – 2009

Manual de Campanha Operações Ofensivas e Defensivas - EB70-MC-10.202,


1ªEdição – 2017

Manual de Campanha C 7-15 – Companhia de Comando e Apoio, 3ª Edição, 2002

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