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CAPÍTULO I - HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

(Segundo os Manuais de Campanha – C 21-11. Primeiros Socorros. 2ª Edição, 1962, C


21-10. Higiene Militar e Saneamento Em Campanha. 1ª Edição, 1975 e Manual de Primei-
ros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanente SAMU 192 Porto Alegre,
2013).

1. HIGIENE INDIVIDUAL E COLETIVA

1.1 Generalidades
A Higiene Militar tem em mira a aplicação de medidas sanitárias de natureza prática,
com o objetivo de preservar a saúde, prevenir e dominar as doenças no meio militar.
A finalidade principal é manter o pessoal militar em condições de perfeita aptidão físi-
ca e mental, para combater.
O Serviço de Saúde é o organismo encarregado de investigar as condições sanitárias
dentro do Exército, de apresentar sugestões quanto à localização de quartéis, purificação
e abastecimento de água, processos para a eliminação de detritos, prevenção de doenças
e de todas as medidas que confiram a imunidade no pessoal militar.
Além do Serviço de Saúde são responsáveis pela higiene:
a.Comandante da OM.
b.Engenharia.
c.Intendência.

1.2 Divisão Da Higiene

1.3 Princípios Básicos


Os princípios em que se baseia a Higiene Militar são os mesmos da Medicina Preven-
tiva, embora na coletividade militar sejam as medidas higiênicas algo diferente das exigi-
das na vida civil.
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O meio militar imprime transformações profundas na saúde dos soldados. Os esforços
físicos, as mudanças de ambiente, as variações climáticas, os hábitos de vida, tudo influi
desfavoravelmente no novo modo de vida.
A convivência de inúmeros jovens vindos de vários recantos do país, do meio rural ou
urbano, com renúncia de suas vontades, longe do convívio de seus familiares, obriga-
ções, subordinações, obediência absoluta, normas rígidas onde o principal é o rendimento
e o comportamento coletivo, condiciona, não raro, naqueles, onde não existe a imunidade
natural, a quebra de imunidade de grupo, fazendo surgir epidemias. Aí é que intervém a
Higiene Militar. A inexperiência do recruta e a valorização do soldado treinado, sob o pon-
to de vista da resistência física, fixam a Higiene Militar.
As investigações clínicas, os efeitos dos exercícios físicos, com ou sem equipamen-
tos, o clima, a alimentação, o vestuário, as peculiaridades de cada Arma ou Serviço nos
mostrarão o caminho a seguir para obter o melhor rendimento da tropa.

1.4 Medidas Normais De Higiene


1) Higiene Individual
A higiene individual é a prática de normas sanitárias e de higiene pelo próprio indi-
víduo, a fim de proteger sua saúde e a de seus semelhantes. A higiene, atualmente, é
considerada uma disciplina em formação e evolução, de acordo com a doutrina reinante e
a cultura de cada povo. É uma ciência biológica, uma arte de biotécnica. É a ciência da
humanidade e uma necessidade da civilização e não da natureza. Como ciência biológica,
congrega todas as ciências médicas, econômicas, sociais e morais. É através dela, que
se conserva a saúde, preserva-se a vida e retarda-se a morte.
2) Asseio Corporal
a) Importância
Mesmo antes de saber como as doenças infecciosas se disseminavam, o ho-
mem civilizado dava atenção ao asseio corporal, não só para satisfazer a seus próprios
desejos, como também para tornar mais agradável o convívio com seus semelhantes.
Agora, sabe-se que há razões sólidas de ordem médica, para manutenção do
asseio corporal. A sujeira, a imundície e os germes são inseparáveis. Manter o asseio
corporal e as roupas limpas são medidas simples e eficazes para se reduzir o número de
germes nocivos capazes de afetar o organismo.
b) Pele
O corpo deve ser lavado diariamente, da cabeça aos pés, com água e sabão,
dando-se especial atenção às dobras naturais do corpo (axilas e virilhas), face, ouvido,
mãos e pés. Quando houver algum ferimento ou infecção, este deverá ser prontamente
tratado.
c) Cabelo e Pelos
Devem ser conservados limpos, penteados e aparados. Cada três ou quatro di-
as, os cabelos deverão ser lavados com água e sabão. A barba deverá ser raspada diari-
amente. O pente e os aparelhos de barbear serão de uso próprio, não devendo ser em-
prestados à outras pessoas. Os cabelos e os pelos, podem ter elementos nocivos ao ho-
mem como por exemplo os piolhos e os carrapatos, capazes de transmitirem doenças
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como tifo exantemático, a febre das trincheiras e a febre recorrente, doenças graves para
o Exército, pois poderão ser disseminadas rapidamente quando os homens estiverem
aglomerados e com poucas possibilidades de banho. Três espécies de piolhos podem
infestar o homem, quais sejam piolho comum ou muquirana de corpo (pediculuscorporio),
piolho de cabeça (pediculus capitis), piolho caranguejeiro ou chato (phitiriuspubis).
d) Mãos
As unhas devem estar bem aparadas e limpas. As mãos devem ser lavadas com
água e sabão após qualquer trabalho manual, necessidades fisiológicas e antes de ser
tocar os alimentos e talheres. Os hábitos de limpar o nariz com o dedo e roer unhas con-
taminam as mãos e os objetos mais tarde tocados por estas. Estes hábitos desagradáveis
e anti-higiênicos devem ser combatidos. Tosse e espirros não devem ter o anteparo das
mãos e sim de um lenço, ou serem dirigidos para fora do alcance de outras pessoas. De-
dos e objetos contaminados não devem ser levados à boca.
e) Higiene oral
É de capital importância escovar os dentes no mínimo três vezes ao dia (café,
almoço e jantar), sendo o ideal fazê-lo após qualquer tipo de alimentação e ao deitar-se.
Os dentes devem ser escovados nas faces externas e internas, no sentido vertical, isto é,
das gengivas para as superfícies mastigatórias. Tem igual importância a remoção de par-
tículas alimentares que se tenham acumulado entre os dentes, com fio dental ou palitos.
Nas falta destes, usar fios de linha ou qualquer tecido para remover o material existente
entre os dentes. Cuidado para não ferir as gengivas. Em substituição à pasta dentifrícia,
poderá ser usado o sal de cozinha, o bicarbonato ou então realizar a escovação apenas
com água. Cuidado com dentaduras e próteses mal fixadas. A higiene regular previne a
cárie e gengivites. Quando for notada uma cárie, procure imediatamente assistência
odontológica.
f) Vestuário em geral
Torna-se facilmente contaminado com germes que podem estar presentes nos
excrementos, na urina e nas secreções do nariz e garganta. As roupas internas devem
ser trocadas diariamente e as externas lavadas quando sujas. Em campanha, quando não
se dispuser de água para lavar a roupa, a sacudidura do fardamento, seguida de exposi-
ção ao sol e ao ar por um período de duas horas, reduzirá, consideravelmente, o número
de germes que se tenha fixado nele. Pelo menos uma vez por semana, os lençóis devem
ser mudados, as mantas, travesseiros e colchões expostos ao sol e ao ar.

g) Pés
O tratamento a ser dado aos pés consta da parte de Primeiros Socorros desta
Coletânea de Manuais.
h) Uniformes
Os uniformes precisam ser folgados e adequados ao clima, a fim de facilitarem
os movimentos e não dificultarem a circulação. É conveniente a utilização de camiseta e
cueca com a finalidade de absorver o suor do corpo.
i) Detritos
Os detritos e restos de alimentos deverão ser enterrados. No caso da unidade
permanecer por períodos prolongados em determinadas regiões, deverão ser abertas fos-
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sas onde serão lançados os detritos. Esta providência evitará a proliferação de moscas,
mosquitos, ratos e baratas, além de ser uma medida de contrainformação. De todos os
tipos de detritos, o excremento humano é o maior transmissor de doenças intestinais. Por-
tanto, é essencial enterrar sempre as fezes. Nos estacionamentos serão preparadas latri-
nas de campanha, de acordo com o Manual C 21-10-Higiene Militar e Saneamento em
Campanha. Nas marchas devem ser usados os buracos de gato, abertos pelos próprios
usuários com 30 cm de profundidade (1baioneta) aproximadamente e que devem ser fe-
chados imediatamente após o uso.
3) Alimentação e Obtenção de Água
a) Higiene dos alimentos
Os alimentos, fonte de energia para o homem, podem causar doenças, se esti-
verem contaminados. Essa contaminação pode resultar da inobservância de práticas higi-
ênicas no manuseio e armazenamento ou pelo contato dos alimentos com insetos e ou-
tros animais nocivos. É necessário, portanto, que o pessoal que lida com alimentos man-
tenha um alto padrão de higiene individual e de normas sanitárias. Por outro lado, o com-
batente deverá comer e beber somente o que for distribuído por sua unidade ou o que for
autorizado pelo médico.
b) Disciplina no consumo da água
Economizar a água potável - A água é essencial para manter a eficiência de
uma unidade. Por isso é imprescindível que se aprenda a usar somente a quantidade es-
tritamente necessária para beber e cozinhar.
a) Consumir apenas água potável.
b) Proteger as fontes de água.
c) A água tratada é obtida através dos postos de suprimentos de água potável,
instalados pela engenharia, utilizando viaturas e reboques-cisternas ou camburões. Deve-
se tomar cuidado para que a água potável não venha a ser contaminada durante o trans-
porte e as operações de transferência dessa água de um recipiente para outro. As unida-
des que estiverem isoladas deverão empregar seus próprios meios para a obtenção e
tratamento da água. O Manual C 21-10 Higiene Militar e Saneamento em Campanha
descreve os processos de obtenção e purificação de água.
d) Tratamento da água pelo combatente - A água contaminada é uma das maio-
res ameaças para a saúde do homem em campanha. Dever-se-á considerá-la contamina-
da, até que seu consumo seja autorizado. A água não aprovada deve ser purificada antes
de ser bebida, usando-se pastilhas individuais de purificação de água no cantil, seguindo
corretamente as instruções da embalagem. Se não se dispuser de compostos desinfetan-
tes, deve-se ferver a água durante pelo menos 15 segundos. Quando houver indícios de
que a água está contaminada por agentes biológicos, esta deverá ser fervida por 15 minu-
tos, antes de ser utilizada.
4) Cuidados com a Saúde
Todo homem possui certa resistência natural à infecção; esta resistência poderá
ser aumentada por qualquer medida que se destine à proteger a saúde, por exemplo:
a) Manter o rosto, o corpo, mãos e pés limpos;

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b) Proteger-se contra o frio e os resfriados pelo uso de roupas adequadas, co-
bertas e boa alimentação;
c) Uso de alimentos suficientes, com qualidade e variedade adequadas;
d) Educação física;
e) Pelos menos de 7 a 8 horas diárias de sono, de preferência contínuas;
f) Evitar a fadiga desnecessária (isto é particularmente importante nos centros
de instrução em que ocorrem epidemias de doenças respiratórias); e
g) Recreações saudáveis (o estado normal de uma unidade está inteiramente
ligado às condições físicas dos soldados).
5) A Vida Em Coletividade
Uma Unidade Militar eficiente constitui-se de uma equipe organizada e instruída pa-
ra o combate. Quando um elemento fica doente, prejudica todo o trabalho da equipe. O
indivíduo que não observa nem pratica as normas de higiene, compromete a eficiência da
Unidade como um todo, uma vez que o trabalho se desenvolve a nível de equipe. A higie-
ne individual contribui para a saúde das diversas maneiras:
- Protege o indivíduo dos agentes de doenças infecciosas;
- Protege a Unidade, reduzindo a disseminação das doenças transmissíveis;
- Promove a saúde;
- Eleva o moral
6) Necessidade de Procurar o Médico
É preciso não cometer o erro de subestimar a importância de uma assistência mé-
dica oportuna. Todo indivíduo, ao se julgar doente, deverá procurar, o mais breve possí-
vel, a assistência médica adequada. Não se deve tomar medicamento por conta própria
ou seguir tratamento que não seja orientado por um médico.
7) Revista Sanitária
Pelo menos uma vez por mês é necessária uma revista sanitária.

8) Alojamentos
Evitar a superlotação. Normalmente o homem deve dispor de 5,40 m2 de área para
alojamentos, com espaço de 1,50mentre as camas, se possível, transformando o local de
cada cama em cubículo. Deve-se evitar a superlotação dos locais de reunião.
Deverão ser proporcionados ventilação e aquecimento adequados (de dia 21º e à
noite entre 15 e 17º C).

2. HIGIENE SEXUAL

1.1 Generalidades
Encontram-se ainda dificuldades de vulto no controle das doenças sexualmente
transmissíveis (DST), embora as conquistadas ultimamente, na profilaxia e na terapêutica
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dessas doenças, representam um dos mais importantes capítulos da medicina moderna.
Com a aplicação dos métodos de investigação do contágio e com o emprego dos antibió-
ticos, a incidência das DST baixou acentuadamente.
As DST crescem em incidência, com o tempo de permanência do homem nas Forças
Armadas. Isto se verifica porque grande parte dos jovens, que se apresentam para o ser-
viço militar, desconhecem ainda as relações sexuais e, quando as inicia, não toma, em
geral, qualquer precaução, contaminando-se logo às primeiras cópulas. Convém lembrar
ainda, que praticamente, nenhum soldado está isento de adquirirDST, porque pela incon-
sequência própria da idade, raramente se dispõe a observar as precauções que lhe são
aconselhadas.
É fundamental que tenhamos conhecimentos de como fazer a nossa higiene sexual
para que não venhamos a contrair uma DST que poderá trazer consequências desastro-
sas para nós e nossas famílias. Sob o ponto de vista histórico, estas doenças constituem
um problema para ambas as comunidades, civis e militares.
Referem-se aos militares porque o homem, egresso do ambiente de seu lar, pode
percorrer áreas onde a promiscuidade seja habitual e as DST, prevalentes. Embora, com
tratamento moderno essas doenças não sejam mais causas de perda de tempo, podem,
no entanto, em certos casos, afetar consideravelmente a saúde individual. Um elemento
pode contrair mais de um tipo de doença numa única exposição. As DST são quase sem-
pre contraídas mediante o contato sexual. As lesões afetam os órgãos genitais. O contato
direto com a lesão ou com o material dela proveniente é o modo mais habitual e dissemi-
nação da doença.

1.2 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)


1) Blenorragia (gonorreia)
Agente causador: NeisseriaGonorrhoeae
Sinais e sintomas:
No homem: Corrimento uretral purulento, acompanhado de ardência na uretra.
Na mulher: As mulheres na sua maioria são assintomáticas
Consequências: Estenose uretral, prostatite, esterilidade.
2) Cancro mole
Agente causador: HemophilusDucrey
Sinais e sintomas:
Lesão ulcerada úmida (fundo sujo)
Bordos irregulares
Extremamente dolorosa
Superfície ulcerada a nível da pele, sendo mais freqüente as múltiplas lesões.
Consequências: Fistulização dos gânglios inguinais.
3) Cancro duro (sífilis primária)
Agente causador: Treponema Palidum.
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Sinais e sintomas:
Lesão ulcerada dura (fundo limpo)
Bordos regulares
Indolor
Superfície ulcerada abaixo do nível da pele
Lesão frequentemente única no homem, localizando-se no prepúcio; na mulher, no
colo uterino.
Apresenta também, cura espontânea.
Consequências: Lesões do sistema nervoso e circulatório.
4) Sífilis
Agente causador: Treponema palidum.
Sinais e sintomas:
A lesão inicial é o cancro duro (cancro sifilítico), que aparece na pele ou na mucosa
por onde entrou o treponema, 20 a 40 dias após o contato infectante.
Consequências:
Por volta de 6 semanas após o início do cancro, instala-se a SífilisSecundária, se
não tiver sido feito tratamento adequado, caracterizando-se por manchas típicas deste
período, que aparecem e desaparecem por 4 anos. Essas manifestações, em alguns
casos podem ser benignas e podem passar despercebidas aos doentes. Numa tercei-
ra fase, a partir do 3º ou 4º ano, após a lesão inicial, aparecem outras lesões de sífilis
tardia, lesões inflamatórias do coração, dos vasos sanguíneos, dos sistema nervoso
central, sífilis nervosa, etc. prosseguindo até a morte.
5) Condiloma acuminado (crista de galo)
Agente causador: Papovavírus
Sinais e sintomas:
Apresenta lesões com aspecto de couve-flor ou verrugas, sendo de alta transmissi-
bilidade.
No homem, localiza-se geralmente no sulco balam prepucial e freio, dobras gênito-
crurais e ânus.
Na mulher, localiza-se na vulva, dobras gênito-crurais e ânus.
Consequências:
Quando não houver tratamento, as lesões aumentam de tamanho, sendo necessá-
ria intervenção cirúrgica para retirada das mesmas.
6) Herpes genital
Agente causador: Herpes vírus hominis2
Sinais e sintomas:
Agrupamento de vesícula na glande. O doente reclama de ardência e dor.
Consequências:
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As lesões podem aparecer novamente, mesmo após tratamento adequado.
7) Granuloma inguinal
Agente causador: Donavaniagranulomatis
Sinais e sintomas:
Pequeno nódulo ou vesícula que evolui para intensas lesões ulcerosas, geralmente
indolor.
Consequências:
Não sendo tratada, a doença pode causar séria destruição dos órgãos e estender-
se a outras partes do corpo.
8) Linfogranuloma venéreo (Doenças de Nicolas Favre)
Agente causador: Vírus filtrável
Sinais e sintomas:
Pequena erosão indolor localizada no pênis, vulva, vagina, períneo ou ânus, que
passa muitas vezes despercebida pelo doente, com invasão da cadeia ganglionar.
Consequências:
Não tratada adequadamente, a doença pode causar danos irreparáveis aos órgãos
sexuais e à cadeia ganglionar.
1.3 Profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis de um Modo Geral
As moléstias venéreas são aquelas que comumente se adquirem em congresso se-
xual com pessoas contaminadas. As principais são: Cancro venéreo, a blenorragia, a sífi-
lis e o linfo granuloma venéreo.
Nas coletividades militares, as DST são as causas principais de perda de tempo de
serviço útil, podendo chegar a afetar seriamente a eficiência das Unidades.
A mortalidade, como consequência das afecções venéreas é praticamente nula, mas
os seus efeitos na eficiência de uma Unidade são às vezes desastrosas.
A fonte principal da doença é a mulher infectada, na maioria das vezes, prostitutas,
pois de acordo com as estatísticas, estas são infectadas em 80% dos casos, embora nem
estejam em fase contagiante; temos pois, com primeiro problema, o controle da prostitui-
ção.
Nas coletividades militares a profilaxia antivenérea pode ser sistematizada dentro dos
seguintes temas:
1) Educativo
2) Recreativo
3) Profilático
1) Educativo - Nas organizações militares, pode-se e deve-se proceder a educação
sexual do indivíduo, proporcionando noções simples e claras em relação às DST, seus
perigos e consequências para o indivíduo e à raça, orientando sobre os métodos profiláti-
cos. Deverão ser mostradas as consequências remotas e imediatas ocasionadas pelas as
DST e esclarecer sobre a profilaxia que deverão escolher.

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2) Recreativo - A instalação e permanente renovação das bibliotecas, discotecas com
boas músicas, consertos e outros tantos divertimentos sadios constituem elementos de
grande valor que retém o homem na comunidade militar, tornando a permanência nela
agradável e são recursos valiosos que concorrem para reduzir com eficiência as oportuni-
dades do indivíduo se preocupar com os prazeres sexuais e como consequência se con-
tagiar.
3) Profilático - Devemos considerar as medidas abaixo de caráter geral e individual
na profilaxia das DST:
- Evitar contato sexual com mulheres suspeitas;
- Usar preservativos (camisinha) durante o ato sexual;
- Lavar com água e sabão a genitália, após o coito;
- Urinar em jatos;
- Não praticar atos de perversão sexual;
- Não usar roupas íntimas dos colegas.

1.4 SIDA/AIDS
No passado, a sífilis era doença incurável que todos temiam e evitavam falar. Com a
descoberta dos antibióticos a sífilis foi praticamente erradicada.
Hoje a AIDS ocupa este espaço nos temores da população. Na França, Cuba e em
outros países latinos o mal é designado por uma sigla mais apropriada, SIDA, que traduz
corretamente o nome Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
O vírus da SIDA/AIDS, conhecido internacionalmente como HIV, pode ser transmitido
de uma pessoa contaminada para outra, através de várias formas:
- Relações sexuais sem uso de camisinha;
- Uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas;
- De mães para filhos, na gravidez, no parto ou no aleitamento;
- Transfusões de sangue e seus derivados, quando não previamente testados.
A pessoa contaminada pelo vírus da SIDA/AIDS pode viver durante vários anos (e até
para sempre), sem apresentar sinais ou sintomas do mal. Mas, mesmo assim, pode estar
transmitindo o vírus HIV. Com o tempo, o vírus vai destruindo as defesas do organismo e
o paciente começa a manifestar uma série de doenças como pneumonia, diarreia grave,
tuberculose, tumores, doenças do Sistema Nervoso e diversos tipos de infecções. A SI-
DA/AIDS não mata por si só. Ela elimina a resistência imunológica, facilitando o surgimen-
to daqueles outros males, que se tornam incuráveis, devido à deficiência imunológica.

1.5 Conclusão
A maioria das DST podem ser curadas, desde que o tratamento seja eficaz e instituí-
do precocemente. Qualquer lesão dos órgãos genitais, qualquer corrimento do pênis, po-
de ser de origem venérea. Consequentemente, quaisquer destes sintomas devem ser le-
vados ao conhecimento do médico imediatamente. Não se deve ater a outros expedien-
tes, como consultar charlatões ou tentar a cura com drogas populares. Esquivar-se ao
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conselho médico em tais situações, é o mais seguro caminho para complicações e pertur-
bações resistentes.

3. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS

1.1 Introdução
Você é um combatente. O seu objetivo principal é o combate. Tudo o que você puder
fazer para manter-se, e aos seus companheiros, em condições de lutar, faz parte da sua
missão.
Haverá ocasiões nas quais você dependerá de seus próprios conhecimentos para
salvar sua própria vida ou salvar a vida de seu companheiro.
Você precisa saber que nem sempre será seu companheiro o ferido.
E se um dia for você mesmo?
As suas próprias ações decidirão o resultado entre viver e morrer, ou viver com ou
sem um braço ou uma perna. Você pode proteger-se e aos outros, utilizando o conjunto
de medidas tomadas em relação aos acidentes, antes que eles possam ser atendidos por
pessoal especializado.
Você precisa ter paciência, manter-se calmo. Não perca a cabeça. Conheça os méto-
dos de primeiros socorros.
Antes de mais nada, você precisa saber qual é o equipamento de que dispõe para
ministrar o primeiro socorro. Conheça como deverá usar esse equipamento.
Tenha-o sempre consigo, em todas as ocasiões. Um bom soldado verifica sempre o
estado de sua arma. Se você o é; deverá, com o mesmo cuidado, verificar o seu equipa-
mento de primeiro socorro.

1.2 Curativo Individual e Kit de Primeiros Socorros

1) Curativo Individual
O equipamento consiste de um pacote de curativo individual, acondicionado no es-
tojo de primeiro socorro do cinto de guarnição.
O curativo consiste de um invólucro plástico contendo um curativo de gaze reforça-
do em seu interior.
A finalidade principal do curativo é proteger ferimentos. É o único material dado ao
combatente individual, cabendo ao mesmo a confecção de seu KIT de Primeiros Socorros
como veremos mais à frente. O curativo individual é para uso próprio. Em caso de feri-
mentos em outro companheiro, deve ser usado o curativo deste, somente em casos de
emergência se usa o próprio curativo em outro combatente.

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2) Kit de Primeiros Socorros
Toda tropa em missões isoladas deverá ter elementos de saúde em apoio; tais
elementos (praça de saúde, atendente ou cabo enfermeiro) conduzem “Bolsas de Primei-
ros Socorros” com um maior número de medicamentos e materiais de saúde, que irão
prestar o socorro imediato, tendo em vista que o combatente, em princípio, só leva o cura-
tivo individual.
Visando precaver-se, o bom combatente deve possuir seu próprio KIT de Primeiros
Socorros que, em princípio, constará de uma pequena bolsa ou outro material para acon-
dicionar seus medicamentos e materiais de primeiros socorros. Este KIT deve ser condu-
zido no cinto ou na mochila, dependendo do volume.
Tantos os medicamentos como os materiais do KIT devem ser acondicionados em pe-
quenos frascos plásticos para evitar que se quebrem (se conduzidos em vidros) e visando
a ocupação de pequeno espaço.
Os medicamentos devem ser conduzidos em pequenas quantidades, apenas para uso
próprio. Os depósitos plásticos para guardar alimentos em freezers ou aqueles usados
nos fornos de micro-ondas são muito bons para acondicionar os medicamentos e materi-
ais de seu KIT. Use tira de borracha após fechá-lo para maior segurança. Esses depósitos
são também impermeáveis, protegendo contra a água.

4. PRIMEIROS SOCORROS EM COMBATE

1.1 Primeiros Socorros


(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-
te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).

1.2 Definição
É toda a intervenção imediata e provisória, feita por pessoas sem conhecimento mé-
dico, ainda no local do fato, às vitimas de acidente, mal súbito ou enfermidades agudas e
imprevistas até chegada de recursos especializados, ou remoção da vítima para um Ser-
viço de Atendimento Especializado.

1.3 Finalidade
a) Realizar manobras simples que podem salvar uma vida;
b) Prevenir lesões adicionais;
c) Promover conforto da vítima (amenizar o sofrimento);
d) Transportar a vítima com segurança e rapidez para o hospital, desde que isto não o
prejudique;
e) Manter a segurança durante o atendimento das emergências para prevenir novo
acidente ou piora do quadro.

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1.4 Segurança e Proteção Individual
a) Garanta a sua segurança – Antes de iniciar a avaliação, é necessário ter certeza de
que não há risco à sua segurança pessoal. Você poderá ser outra vítima.
b) Garanta a sua proteção – Em situações de urgência, o socorrista pode estar expos-
to a riscos de contaminação com vírus HIV e hepatite – transmitidos pelo sangue, doen-
ças respiratórias (tuberculoses, gripes e resfriados) e meningite – transmitidas pelas vias
aéreas. Para a proteção, o socorrista deve utilizar, no mínimo, um par de luvas, evitando
assim o contato direto com o sangue da vítima. Quando não for possível, podemos utilizar
uma sacola ou saco plástico.
c) Avalie as condições gerais da vítima – A avaliação do paciente é um procedimento
rápido que auxilia a identificação dos riscos à vida e ajuda o socorrista a tornar decisões
sobre os cuidados urgentes mais adequados.
1.5 Hemorragia
É a perda de sangue devido ao rompimento de vasos sanguíneos. Basicamente a vi-
sualização do sangue é uma das características que serve para classificar a hemorragia.
Observação: Um adulto normal tem torno de cinco litros de sangue. Este volume de-
ve ser mantido para que haja a função circulatória normal.

1.5.1 As três medidas salva vidas


- Estancar a hemorragia
- Proteger o ferimento
- Evitar ou tratar o choque

1) Estancar a Hemorragia
As hemorragias, ou simplesmente, “sangramentos”, ocorrem quando há o rompimen-
to de vasos sanguíneos (veias ou artérias).
Elas podem ser:
- Externas - quando a pele se rompe e, consequentemente, o sangue sai para o
exterior do corpo.
- Internas - quando o sangue, sem ter por onde sair acumula-se no interior do
corpo.

a) Procedimentos
Se no cumprimento de sua nobre missão você ou algum companheiro se ferir, an-
tes de tratar o ferimento, deverá saber exatamente onde se localiza, seu tamanho e a
gravidade da hemorragia.
A hemorragia ininterrupta causa choque, seguida de morte. Para estancar a he-
morragia, coloque o curativo sobre o ferimento e exerça com a palma e os dedos da mão,
abertos, uma forte pressão contínua e uniformemente distribuída. O curativo colocado
imediatamente impede que haja infecção.

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NUNCA PONHA A MÃO NO FERIMENTO - MANTENHA-O LIMPO

- LEMBRETE: Quando o ferido for um companheiro seu, use o curativo dele. Só


use o seu para suplementar o do outro ou quando for bastante necessário para cobrir o
ferimento. Lembre-se que você pode precisar do seu curativo.
Para estancar hemorragias mais graves, aquela forte pressão deverá prolongar-
se por cinco a dez minutos. A pressão sobre o ferimento produz dois efeitos que ajudam o
estancamento do sangue (figura 1 e 2).

FIGURA 1 e 2 – Estancamentos do Sangue

- Comprime os vasos seccionados reduzindo a expansão do sangue pelos mes-


mos;
- Ajuda a manter o ferimento cheio de sangue, até que ele pare de sair, devido à
formação de coágulo (sangue mais sólido).
Após a pressão manual, pode-se colocar o curativo ao redor da parte ferida.
Podemos também facilitar o estancamento do sangue em ferimentos do braço ou
da perna, mantendo o acidentado deitado, como membro ferido (braço ou perna) elevado.
Nesse caso, verifique antes se não há problema de fratura. Caso haja, providencie para
que o membro seja provido de talas. O movimento de um braço ou perna fraturado é bas-
tante doloroso, aumenta o risco de choque e causa lesão dos nervos, músculos e vasos
sanguíneos (figura 3). Estando o membro ferido sem fratura, eleva-o; o sangue circulará
lentamente e consequentemente o risco de hemorragia será atenuado. Cuide, porém, pa-
ra que no citado membro ferido se faça a pressão manual, pois na certa, estará circulando
sangue pelo membro afetado.
b) Uso do torniquete
No caso de perna ou braço ferido, não diminuindo a hemorragia após o processo
de elevação do membro, aplique o torniquete. Porém, cuidado. O abuso do torniquete é
bastante perigoso. Trata-se de recurso extremo cujo emprego exige grandes precau-
ções. Se mal executado, pode causar graves consequências, por exemplo, gangrena. O
torniquete deve ser colocado acima do ferimento; em caso de hemorragia abaixo do joe-
lho ou do cotovelo, ele deve ser colocado acima destas articulações. Para aplicação do
torniquete, siga estes passos:
- envolva o local da aplicação com uma bandagem de proteção;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................25 /58 )


- o torniquete deve ser feito com uma bandagem de, pelo menos três centíme-
tros de largura. Se você não a tiver, use uma gravata, um cinto largo, um lenço dobrado
ou mesmo tiras de pano rasgado de sua gandola. Nunca use barbantes, cordas, arames
ou outro qualquer material que possa ofender os vasos sanguíneos, os músculos ou os
nervos;
- coloque o pano que vai servir de torniquete sobre a bandagem de proteção.
Dê um nó unindo as duas pontas, coloque um pedaço de madeira sobre esse nó e amar-
re-o;
- gire o pedaço de madeira com rapidez de forma a ir apertando, progressi-
vamente, o pano e, em consequência, o próprio membro;
- quando a hemorragia cessar pare de girar o torniquete e deixe-o fixo. Para
fixá-lo basta pegar as duas pontas de pano que ficam sobrando acima do nó, passando
cada uma delas por um dos lados do pedaço de madeira e amarrá-las do outro lado do
membro, impedindo assim, que o pedaço de madeira gire em sentido contrário e afrouxe
o aperto; e
- nunca deixe o torniquete por mais de QUINZE minutos. Se passar deste
tempo e o socorro médico ainda não tiver chegado, afrouxe-o por cinco minutos. Se a
hemorragia arterial voltar violentamente quando soltar o torniquete, deixe-o frouxo só por
alguns segundos, em seguida aperte- o de novo por mais QUINZE minutos. Repita esta
operação quantas vezes forem necessárias.

FIGURA 3– Torniquete

ATENÇÃO:

- Nunca esqueça de que a aplicação prolongada desta técnica de estanca-


mento pode provocar gangrenas e causar lesões graves com dor permanente.
- Nunca aperte o torniquete além do necessário para estancar o sangramento.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................26 /58 )


- Se, em uma das vezes em que afrouxar o torniquete (mesmo que seja a
primeira) a hemorragia não voltar, abandone-o e aplique somente pressão local.
- A qualquer tempo, se o paciente ficar com as extremidades dos dedos frias
e arroxeadas, afrouxe um pouco o torniquete, o suficiente para restabelecer a circulação,
reapertando a seguir caso prossiga a hemorragia. Ao afrouxar o torniquete, comprima o
curativo sobre a ferida.
Enquanto estiver controlando a hemorragia, proceda da seguinte forma:
- Mantenha a vítima agasalhada com cobertores ou roupas, evitando seu con-
tato com o chão frio e úmido.
- Se o paciente puder engolir, dê-lhe líquidos para beber.
- Caso esteja inconsciente ou caso haja suspeita de lesão no ventre, não dê
líquidos.
- Em qualquer hipótese, nunca dê bebidas alcoólicas.
c) Suspeita de hemorragia interna
A hemorragia é resultado de ferimento profundo com lesão de órgão internos. O
sangue não aparece. A vítima apresenta:
- Pulso fraco, pele fria, suores abundantes, palidez intensa e mucosas descora-
das, sede, tonturas, podendo estar inconsciente (estado de choque).
Mantenha o paciente deitado - a cabeça mais baixa do que o corpo – exceto
quando há suspeita de fratura no crânio ou de derrame cerebral, quando a cabeça deve
ser mantida levantada.
Aplique compressas frias ou saco de gelo no ponto em que a vítima foi atingida,
possível local da hemorragia.
Trate como se fosse um caso de estado de choque e procure o médico imediata-
mente.
2) Proteger o Ferimento
Se você aplicar convenientemente o curativo de primeiros socorros, o ferimento
ficará protegido do meio exterior. A sujeira e os germes ficam do lado de fora. Ao aplicar o
curativo não tente limpar o ferimento. Se há sujeira ou corpos estranhos no ferimento não
se preocupe. Apenas aplique o curativo. Evite tocar no ferimento com as mãos ou com
qualquer outro objeto que não seja o curativo. As ataduras do curativo devem ser aplica-
das, evitando-se que fiquem torcidas sobre si mesmas. Elas deverão exercer uma pres-
são uniforme sobre toda a superfície do curativo e devem vedar suas extremidades a fim
de protegê-lo da sujeira.
a) Ferimentos leves ou superficiais.
- Limpe o ferimento com água morna e sabão;
- Aplique mercúrio cromo, iodo, mertiolate ou outro antisséptico;
- Proteja o ferimento com gaze esterilizada ou pano limpo, fixando sem aper-
tar;
- A menos que saiam facilmente durante a limpeza, não tente retirar farpas,
vidros ou partículas de metal do ferimento;
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................27 /58 )
- Não toque no ferimento com os dedos, lenços usados ou outros materiais
sujos;
- Mude o curativo tantas vezes quantas sejam necessárias para mantê-lo lim-
po e seco;
- Se posteriormente, o ferimento ficar dolorido ou inchado, é sinal de infecção,
procure um médico.
3) Evitar ou Tratar o Choque
Conceito
O choque é um fenômeno brusco e de muita gravidade que se evidencia pelo
mal estado geral da vítima, palidez, pele fria, transpiração abundante, agitação, respira-
ção rápida, pulso acelerado mais difícil de ser percebido, seguido ou não de perda de
consciência. O choque surge em qualquer acidente. Quanto mais grave o ferimento, maior
possibilidade de sua ocorrência. Nem sempre o choque aparece após o acidente. Previ-
na-se, tratando o ferido convenientemente antes que o choque apareça.

Outras condições causadoras do estado de choque


- queimaduras graves, ferimentos graves ou extensos;
- esmagamentos;
- perda de sangue;
- acidentes por choque elétrico;
- envenenamento por produtos químicos;
- ataque cardíaco;
- exposição a extremos de calor ou frio;
- dor aguda;
- infecção;
- intoxicação por alimentos;
- fraturas.

Sinais de estado se choque


- pele: fria e pegajosa;
- suor: na testa e nas palmas das mãos;
- face: pálida, com expressões de ansiedade;
- frio: a vítima queixa-se de sensação de frio, chegando
às vezes a ter tremores;
- náuseas e vômitos;
- respiração curta, rápida e irregular.

O que fazer?
Providencie para que o ferido descanse confortavelmente. Retire todo o equi-
pamento que ele estiver carregando. Afrouxe o cinto e desabotoe seu fardamento; seja
delicado ao tratá-lo. Evite movê-lo sem necessidade, Se ele se encontrar em posição
anormal e não havendo fratura aparente, mude-o suavemente para uma posição mais
correta e confortável. Coloque-o numa posição tal que sua cabeça fique em nível inferior
ao resto do corpo, para que o sangue volte a fluir normalmente para o cérebro. Nesse ca-
so não devem haver lesões na cabeça, queixo ou tórax.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................28 /58 )
FIGURA 4– Tratar o Choque

LEMBRE-SE: Nunca erga uma perna fraturada nem movimente um acidentado


com fraturas, sem antes colocar talas no local fraturado, pois sem a imobilização, pode
ocorrer uma lesão vascular ou nervosa, além de dor acentuada levando ao choque. Man-
tenha o acidentado sempre aquecido, enrolando-o num cobertor, casaco ou japona. Colo-
que algo macio em baixo dele para protegê-lo da friagem do solo, por exemplo, roupas
(figura 4-1).

FIGURA 4-1 – Tratar o Choque

Caso ele esteja inconsciente, deite-o de lado ou de bruços, sempre com a cabeça
levemente virada para o lado. Desse modo você evita que ele se sufoque com vômitos,
sangue ou quaisquer outros líquidos que possam lhe obstruir a boca. Caso ele esteja
consciente, dê-lhe líquidos quentes. Café, mate ou chocolate estimulam e são excelentes.

Resumo
Nunca dê líquidos ao ferido inconsciente ou a um que esteja com ferimento no ab-
dômen. Lembre-se! O álcool não é estimulante. Guarde bem estas três medidas. Instrua-
se sobre os métodos mais simples para executá-los. O momento de aprender é agora.
Utilizando pronta e corretamente o tratamento de primeiro socorro para feridos, você tor-
nará mais rápida a cura, como também salvará vidas.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................29 /58 )


1.6 Emergências Traumáticas

(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-


te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).

O trauma é a lesão corporal resultante da exposição à energia (mecânica, térmica,


elétrica, química ou por radiação) que interagiu com o corpo em quantidade acima da su-
portada fisiologicamente. O trauma pode ser intencional ou não e varia de leve a grave.

1) Avaliação da Vítima de Trauma

Consiste em avaliar o paciente em diferentes etapas, realizando manobras e cui-


dados fundamentais para manutenção da vida.

Essa avaliação deve ser feita de forma sistematizada, priorizando os cuidados


mais urgentes seguindo os seguintes critérios:

a) Via aérea com controle da coluna cervical (A);


b) Ventilação/respiração (B)
c) Circulação (C)
d) Estado neurológico (D)

2) Cuidados com a Vítima

a) A = Via aérea com controle da coluna cervical


Antes de iniciar o socorro o militar deve iniciar a avaliação da permeabilidade
da via aérea da vítima de trauma, ele deve impedir os movimentos do pescoço, seguran-
do firmemente a cabeça da vítima com as mãos (as mãos do socorrista já devem estar
com luvas ou outro tipo de proteção).

Em casos de trauma, que há possibilidade de lesão da medula espinhal, qual-


quer movimento pode favorecera lesão medular, deixando graves sequelas (tetraplegias).

A via aérea (espaço para respiração – boca) deve estar livre de coágulos de
sangue, vômitos, restos alimentares e outros corpos estranhos como fragmentos dentá-
rios, próteses, etc.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................30 /58 )


FIGURA 5– Controle da Coluna Cervical

b) B = Respiração
Após checar a via aérea (A), verifique se a vítima respira (B), ou seja, se o tó-
rax se eleva (quando o pulmão se enche de ar) e retorna a sua posição (quando o ar sai
dos pulmões). Você pode verificar o movimento do tórax ou do abdômen. Verifique a qua-
lidade e a frequência da respiração, ou seja, se está rápida ou lenta.

c) C = Circulação
Procure por sinais de hemorragia externa. Em caso de hemorragia adote os
procedimento já citados nesta Coletânea de Manuais.

Observe a coloração da pele: Pele rosada e aquecida significa sem perda de


sangue significativa; pele pálida e suor frio pode significar perda de sangue considerável.

d) D = Avaliação Neurológica
Esta avaliação é limitada, mas o militar deve observar se a vítima está acorda-
da (alerta); se ela consegue falar ou abre os olhos quando solicitado pelo militar que pres-
ta o socorro; se faz gestos diante dos estímulos dolorosos. Caso não reaja a nenhum es-
timulo destes, está vítima está inconsciente.

3) Lesões que Exigem Medidas Especiais de Primeiros Socorros

As três medidas salva-vidas que você aprendeu, aplicam-se ao tratamento de to-


das as lesões, porém, às vezes, deparamo-nos com certos tipos de lesões que exigem
medidas especiais de primeiros socorros. Há seis tipos de lesões que exigem estas medi-
das.
- Ferimento profundo no tórax
- Ferimento no abdômen
- Ferimento na cabeça

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................31 /58 )


- Ferimento na mandíbula
- Queimaduras
- Fraturas.

a) Ferimentos Profundos no Tórax


Os ferimentos no tórax que provocam a sucção de ar através dos mesmos para
a cavidade torácica são bastante perigosos. O ferimento no tórax não é, por si, tão peri-
goso quanto o ar que através dele penetra na cavidade torácica. O ar comprime o pulmão
e impede a boa respiração. Nesse tipo de ferimento a rapidez é muito importante.

AJA CORRETAMENTE E COM RAPIDEZ:

1) Coloque sobre o ferimento uma gaze ou chumaço de pano para impedir a


penetração de ar através do ferimento;
2) Segure o chumaço no lugar. Pressione com firmeza;
3) O cinto ou uma faixa de pano passado fortemente em volta do tórax, sobre o
curativo, será capaz de manter fechado o ferimento;
4) Não apertar muito o cinto nem a faixa em torno do tórax, para não prejudicar
os movimentos respiratórios da vítima.
b) Ferimentos no Abdômen
São perigosos.
Haja assim:
a) Não recoloque para dentro qualquer órgão do abdômen que tenha sa-
ído pelo ferimento. Pode causar infecção e choque grave. Mantenha no lugar, com
o maior cuidado, os órgãos expostos (intestino, estômago, etc). Evitar ao máximo
mexer neles;
b) Cubra com uma compressa úmida;
c) Prenda a compressa firmemente no lugar com uma atadura;
d) O objetivo é proteger os órgãos expostos por meio de um curativo de
pressão.
e) Não se esqueça: A atadura deverá ser firme, não apertada. Sob hipó-
tese nenhuma dê alimentos ou líquidos ao ferido. Qualquer líquido tomado pela bo-
ca sairá no intestino e espalhará micróbios no abdômen. Você pode atenuar a sede
do ferido apenas umedecendo seus lábios. Ele está sujeito a vomitar, portanto, co-
loque-o de lado para evitar a asfixia.
Faça o seguinte:
Em caso de inconsciência ou de inquietação, deite a vítima de costas e afrouxe
suas roupas, principalmente em volta do pescoço. Agasalhe a vítima.
Havendo hemorragia ou ferimento no couro cabeludo, coloque uma compressa
ou um pano limpo sobre o ferimento. Não pressione.
Se o sangramento for no nariz, na boca ou no ouvido, volte a cabeça da vítima
para o lado de onde provém a hemorragia.
Não dê bebidas alcoólicas.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................32 /58 )
c) Ferimentos na Mandíbula
Se uma pessoa é ferida na face ou no pescoço, deve agir no sentido de evitar
sua asfixia com o sangue.
Os ferimentos na face e pescoço são em geral graves, dada a existência de
numerosos vasos sanguíneos nessa região. Inicialmente estanque o sangue pela
compressão sobre a área ferida com o curativo esterilizado.
A seguir, amarre a atadura a fim de proteger o ferimento. Se a mandíbula esti-
ver quebrada, amarre a atadura em redor dela e por cima da cabeça, a fim de dar
apoio. Isso não deve impedir que o sangue saia livremente da boca. Para não sufo-
car com o sangue, o ferido deve sentar-se com a cabeça voltada para baixo. Essas
posições permitirão que o sangue saia livremente pela boca em vez de ir para o tubo
respiratório. Previna o choque.
4) Queimaduras
a) Superficiais
Quando atingem algumas camadas da pele.
b) Profundas
Quando há destruição total da pele. Classificam-se, também, em graus:
- 1º grau - lesão das camadas superficiais da pele, com vermelhidão, dor lo-
cal suportável e não há formação de bolhas. Exemplo: As causadas pelos raios solares.
-2º grau - lesão das camadas mais profundas da pele, com formação de bo-
lhas e flictenas (bolhas maiores) com desprendimento da pele, com dor e ardência locais
de intensidade variável.
-3º grau - lesão de todas as camadas da pele com comprometimento de te-
cidos mais profundos até o osso.
- 1º grau - lesão das camadas superficiais da pele, com vermelhidão, dor lo-
cal suportável e não há formação de bolhas. Exemplo: As causadas pelos raios solares.
-2º grau - lesão das camadas mais profundas da pele, com formação de bo-
lhas e flictenas (bolhas maiores) com desprendimento da pele, com dor e ardência locais
de intensidade variável.
-3º grau - lesão de todas as camadas da pele com comprometimento de te-
cidos mais profundos até o osso.
As queimaduras de 1º, 2º e 3º graus podem se apresentar no mesmo paciente.
O risco de vida (gravidade do caso) não está no grau da queimadura; reside na extensão
da superfície atingida, devido ao “estado de choque” e à maior possibilidade de contami-
nação (infecção). Quanto maior a área de pele queimada, mais grave é o caso. Tem-se
uma ideia aproximada da superfície queimada usando a “regra dos nove”: (figura 20B).
- cabeça - 9% da superfície do corpo
- pescoço - 1%
- membro superior esquerdo - 9%
- membro superior direito - 9%

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................33 /58 )


- tórax e abdômen (frente) - 18%
- tórax e região lombar (costas) - 18%
- membro inferior esquerdo - 18%
- membro inferior direito - 18%
(A área dos órgãos genitais - 1% está incluída na do tórax e abdômen).
c) Pequena Queimadura
A que atinge menos de 10% de área queimada.
d) Grande queimadura
A que atinge mais de 10% de área queimada.
Principais Medidas de Primeiros Socorros
a. Prevenir o estado de choque;
b. Controlar a dor;
c. Evitar a contaminação;
Como se conduzir na prestação de primeiros socorros nas grandes e mé-
dias queimaduras:
Em caso de queimaduras térmicas (líquidos quentes, fogo, vapor, raios solares,
deite a vítima;
- coloque a cabeça e o tórax da vítima em plano inferior ao resto do corpo.
Levante-lhe as pernas se possível;
- se a vítima estiver consciente dê-lhe bastante líquido para beber: água, chá,
café, sucos de frutas. Nunca dê bebidas alcoólicas;
- se possível, dê-lhe medicação contra a dor que seja de seu conhecimento;
- coloque um pano limpo sobre a superfície queimada;
- procure recursos médicos urgentemente: remova-o para um hospital, se
possível em ambulância. Não demore!
e)Queimaduras por agentes químicos
- lave a área atingida com bastante água;
- aplique jato de água enquanto retira as roupas da vítima;
- proceda como nas queimaduras térmicas, prevendo o choque e a dor;
- não aplique unguentos, guaxas, bicarbonato de sódio ou outras substâncias
em queimaduras externas;
- não retire corpos estranhos ou graxas das lesões;
- não fure as bolhas existentes;
- não toque com as mãos a área queimada.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................34 /58 )


Como se conduzir na prestação de primeiros socorros nas pequenas quei-
maduras:
a. Térmicas
- lave com água a pequena área queimada;
- após lavar, tome uma das três providências seguintes, dependendo de
possuir os recursos à mão:
- ponha sobre a queimadura uma gaze ou pano limpo embebido numa solu-
ção de bicarbonato de sódio, enfaixando frouxamente;
- pincele a queimadura com uma substância antisséptica (mercúrio cromo,
mertiolate) cobrindo com gaze ou pano limpo;
- passo vaselina esterilizada sobre a parte queimada cobrindo depois com
gaze ou pano limpo.
- não fure as bolhas;
- evite tocar na área queimada.

b. Químicas
- lave a queimadura lentamente com grande quantidade de água;
- cubra com gaze ou pano limpo;
- dependendo da parte atingida (olhos, face, órgãos genitais, boca, etc), pro-
cure um médico.

TODA QUEIMADURA DEVE SER EXAMINADA POR MÉDICO OU ENFERMEIRO


COM BREVIDADE. EXCETUANDO-SE OS CASOS EM QUE A PELE ESTEJA APENAS
AVERMELHADA E SE TRATE DE PEQUENA ÁREA QUEIMADA.

c. Queimaduras nos olhos


Podem ser produzidas por substâncias irritantes - ácidos, álcalis, água quen-
te, vapor, cinzas, pó explosivo, metal fundido, chama direta.
Tratamento:
- lavar os olhos com água em abundância, ou, se possível, com soro fisio-
lógico, durante vários minutos;
- vendar o (s) olho (s) atingido (s) com uma gaze ou pano limpo;
- levar ao médico com a possível brevidade.
1.7Fraturas, Luxações e Entorses
Em caso de fratura, o primeiro socorro consiste Apenas em impedir o movimento das
partes quebradas, evitando-se maiores danos. Existem dois tipos de fraturas:
- Fechadas ou simples - quando o osso é fraturado e não perfura a pele;
- Abertas ou expostas - quando o osso é fraturado e pele é rompida.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................35 /58 )


Deve-se desconfiar de fratura sempre que a parte suspeita não possua aparência ou
funções normais, ou quando haja dor no local atingido, ou incapacidade de movimentar o
membro, ou posição anormal do mesmo, ou ainda, sensação de atrito no local suspeito.
1) Fraturas Fechadas ou Simples
Coloque o membro acidentado em posição tão natural quanto possível, sem descon-
forto para a vítima.
Ponha talas sustentando o membro atingido. As talas deverão ter comprimento para
ultrapassar as articulações acima e abaixo da fratura. Qualquer material rígido pode ser
empregado como tala: tábua, estaca, papelão, vareta de metal, etc. Use panos ou qual-
quer material macio para acolchoar as talas, a fim de evitar danos à pele.

FIGURA 6– Talas

As talas devem ser amarradas com ataduras ou tiras não muito apertadas, em, no
mínimo, quatro pontos.Abaixo da articulação distal, abaixo da fratura. Acima da articula-
ção proximal, acima da fratura.
`
Outro recurso no caso de fratura da perna é aquele que consiste em amarrar a perna
quebrada à outra, desde que sã, tendo o cuidado de acolchoar entre ambas com lençol ou
manta, dobrados.
2) Fraturas Abertas ou Expostas
a. Fixe firmemente o curativo no lugar utilizando-se de uma bandagem forte (tira de
roupa, cinto de guarnição, cinto de lona, etc);
b. Mantenha a vítima deitada;
c. Aplique talas, conforme descrito para fraturas fechadas, sem tentar puxar o mem-
bro ou fazê-lo voltar a sua posição natural;
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................36 /58 )
d. Não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita tenha sido imobilizada,
a menos que ele se encontre em iminente perigo.
e. Evite manobras violentas com a vítima.

FIGURA 7 – Manobras Violentas


3) Tipoia e Aparelhos Para Braço ou Ombro Fraturados
Uma tipoia é o meio mais rápido para apoiar um braço ou ombro fraturado ou que
tenha sofrido uma lesão traumática qualquer, ou ainda, que se apresenta com dores
acentuadas.
Atente para estas informações:
a.Ao colocar uma imobilização o socorrista não deverá, em hipótese alguma, tentar
melhorar a posição do membro ou segmento afetado. Puxando ou tentando colocar os
ossos no lugar, poderá causar uma lesão a um vaso ou a um nervo, colocando em risco a
integridade física do paciente e em alguns casos, a própria vida.
b.As imobilizações provisórias têm por finalidade evitar que os segmentos ósseos
da fratura se angulem ou se já estão angulados, que não piorem, a ponto de transformar
uma fratura fechada em uma fratura aberta ou exposta.
c. Outra importante função da imobilização é evitar a exacerbação da dor, que po-
de conduzir a vítima ao choque.
4) Coluna Vertebral Fraturada
a.Região Cervical
As fraturas da coluna cervical são sempre as mais perigosas, pois pode haver o
corte da medula pelos fragmentos ósseos, o que levaria à morte. Conserve sempre a ca-
beça e o pescoço imóveis, colocando para apoiar a cabeça, objetos nas partes laterais
para evitar a rotação da cabeça.
Imobilize com tiras do cobertor ou mesmo peças do uniforme, a região cervical, fa-
zendo um colar cervical, tendo o máximo cuidado para não movimentar a cabeça durante

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................37 /58 )


a confecção do colar. A fixação desta imobilização poderá ser feita com o auxílio do cinto
ou do curativo individual.
Nunca vire ou levante a cabeça. O transporte da vítima deverá ser feito numa padi-
ola dura ou numa prancha.

b.Região lombar
Nem sempre é possível ter a certeza de que um homem tem a coluna vertebral
fraturada. Suspeite de alguma lesão na coluna, principalmente, se o homem levou forte
pancada nas costas. O importante é considerar que os fragmentos afiados do osso que-
brado podem cortar a medula espinhal, caso sejam movidos. Isso causa paralisia perma-
nente de certos segmentos do corpo. Se você suspeitar de que seu companheiro fraturou
a coluna, coloque um cobertor enrolado, mochila ou rolo de pano debaixo dele, para apoi-
ar a parte lesada, elevando os fragmentos fraturados. Se for necessário transportar o ho-
mem, coloque-o sobre uma padiola, sem tirar o apoio colocado debaixo de suas costas.
Caso haja necessidade, ele pode ser carregado em um cobertor, desde que seja em de-
cúbito ventral (de bruços). Não se deve mover um fraturado da coluna, mesmo para dar
água ou medicamento por via oral.

FIGURA 8 – Transporte
5) Luxações e Entorses
Toda vez que os ossos de uma articulação ou junta saírem do seu lugar proceda
como no caso de fraturas fechadas.
a. Coloque o braço em uma tipoia quando houver luxação do ombro, do cotovelo
ou do punho.
b. Trate uma entorse como se houvesse fratura;
c. Imobilize a parte afetada;
d. Não aplique nada quente sobre a parte afetada durante 24 horas, no mínimo,
o calor aumentaria a dor e a inchação.
e. O correto tratamento de uma luxação ou de uma entorse exige o atendimento
médico.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................38 /58 )


FIGURA 9 – Imobilização

1.8Cuidados com os Pés


Os grandes deslocamentos fazem com que você use os pés constantemente. Pre-
venir as perturbações do pé é o primeiro socorro para o caso.
1) Procedimentos Normais
Conserve-os limpos. Seque-os minuciosamente, principalmente entre os dedos,
isso previne o “Pé de Atleta”. Use sistematicamente pó entre os dedos dos pés; é bom
para coceira ou vermelhidão. Nunca corte calo ou calosidade, pois causa infecção. Man-
tenha as unhas dos dedos limpas e curtas, para evitar unhas encravadas. Antes de uma
marcha, polvilhe sempre os pés, para evitar assaduras pela absorção de suor. Calce mei-
as limpas todos os dias. Não use meias furadas nem incorretamente ajustadas.

2) Doenças mais Comuns


a) Erisipela
O surgimento de ferimentos nos pés favorece a erisipela, doença infectoconta-
giosa, que atinge a pele e plano subcutâneo, caracterizando-se pelo rubor (vermelhidão) e
inchação das áreas lesadas. É comum se contrair em águas contaminadas, quando se
circula pelas mesmas com ferimentos, o que favorece o contágio.
Quando atuando em regiões úmidas (Amazônia, Pantanal Mato-grossense,
etc), ou ainda, sob chuvas constantes, aconselha-se besuntar os pés com pomadas de
características emoliente e hidratante (tipo a comercial “HIPOGLÓS”) pois a mesma irá
impermeabilizar a pele, evitando que fique enrugada favorecendo o surgimento de feridas
devido a longas caminhadas, quando os pés secam e molham constantemente.
O Permanganato de Potássio é um ótimo antisséptico no tratamento de feridas
nos pés, causadas pelo atrito de areia que entra no coturno e a pele. Conhece-se causas

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................39 /58 )


de combatentes com os pés feridos que após 2 dias lavando os ferimentos dos pés com
permanganato de potássio, estavam prontos para o combate no 3º dia.
As seguintes observações feitas para prevenção e o tratamento do Pé de Trin-
cheira, são válidas também para atuação em regiões úmidas:
- Tenha sempre mais de um par de meias, ao ser trocado todo o dia;
- Retire o coturno, massageie e limpe os pés sempre que tiver oportunidade,
principalmente antes dos pernoites.
- Não use coturno novo nem apertado para longas caminhadas, pois fatalmente
surgirão calos e feridas. Dê preferência a coturnos já usados e amaciados e com algum
tempo de uso.
b) Pé de Atleta (também conhecido como “Frieira”)
É a mais comum infecção dos pés. É produzido por fungos geralmente na ca-
mada superficial da pele. Este fungo desenvolve-se em condições de calor e umidade. É
uma doença cutânea que produz inflamação entre os dedos dos pés, podendo atingir as
mãos, e causa intensa coceira.
O seu tratamento consiste no uso de pó para os pés, duas vezes ao dia, tro-
cando as meias diariamente. Se estas regras simples forem observadas, serão remotas
as possibilidades de desenvolver-se o pé de atleta. Se você for atingido por esta moléstia,
procure o médico.
Não corte calos, nem calosidades, pois poderão sobrevir infecções graves.
Procure o médico para atender seu caso.
Para evitar unhas encravadas, mantenha-as limpas e curtas. Corte as unhas
retas, não as arredonde.
c) Pé-de-imersão
É uma síndrome muito semelhante ao pé-de-trincheira, produzido pela imersão
prolongada dos pés em água fria, tal como acontece entre os sobreviventes de naufrágios
ou aviadores que são obrigados à descidas forçadas sobre a água.
As vestimentas apropriadas, protegendo o corpo e os pés e o uso de graxa
grossa para untar os pés e o corpo, são medidas apreciáveis na prevenção dos acidentes
causados pela imersão prolongada.
d) Pé-dos-Trópicos
O pé-dos-trópicos é causado por circunstâncias semelhantes às de que dão
origem ao pé-de-trincheira, com a diferença de que a água não precisa estar gelada. Esta
síndrome se revela, sobretudo, nas zonas tropicais em que os homens são obrigados a
vadear e atravessar extensos pântanos, sem estarem providos de sapatos impermeáveis
ou qualquer meio de proteção à prova d’água.
O importante para a prevenção é conservar os pés secos e limpos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................40 /58 )


1.9 Remoção de Corpos Estranhos
1) Olhos
Se cair alguma coisa estranha no seu olho, não esfregue. Tente fechá-lo por al-
guns minutos e verá que as lágrimas se encarregarão de trazê-lo para fora. Caso não dê
resultado, peça a um companheiro seu para examinar seu olho, do seguinte modo:
a) Examine o globo ocular e a pálpebra inferior, tentando remover o objeto com
bastante cuidado, delicadamente com a ponta de um lenço umedecida e limpa.
b) Se o objeto não estiver na pálpebra inferior, examine a superior. Segure as
pestanas com o polegar e indicador e coloque um palito de fósforo sobre a pálpebra, puxe
a pálpebra para cima, sobre o palito, examinando internamente. Remova o corpo estranho
com bastante cuidado, com a ponta limpa de um lenço.

FIGURA 10 – Remoção de Corpos Estranhos

2) Ouvidos
Se tiver alguma coisa em seu ouvido, não tente retirar com alfinete, arame ou outro
objeto semelhante. Um inseto no ouvido pode ser morto com algumas gotas de óleo ou
água. Várias coisas podem ser tiradas do ouvido, da mesma maneira.
3) Nariz
Se tiver algo no seu nariz, assue-o delicadamente, não aperte nem ponha o dedo.
4) Garganta
Se você puder alcançar com o dedo um corpo estranho na garganta, faça-o. Para is-
so, mantenha a cabeça baixa e tenha cuidado para não empurrar o objeto para mais lon-
ge, para baixo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................41 /58 )


1.10Efeitos do Calor
1) Uniforme e Equipamento
O tipo e a quantidade de roupa e equipamento e a maneira como são usados po-
dem influenciar nos efeitos do calor sobre o organismo do combatente. A roupa protege
contra os raios do sol ou objetos quentes; mas, em quantidade excessiva ou muito justa,
junto com o equipamento e a mochila, reduzem a ventilação que dissipa o calor do corpo.
O uniforme deve ser confeccionado de tecido leve e macio, a fim de reduzir o atrito com o
corpo. Deve ainda, ser folgado para facilitar a ventilação. A mochila mais adequada é a do
tipo que dispõe de uma armação metálica bem leve, para apoio sobre as costas. Esse
dispositivo evita o atrito da mochila sobre as costas além de possibilitar a ventilação.
2) Necessidade de Água
Sob altas temperaturas e mais acentuadamente em condições de elevada umida-
de, é muito grande a perda de água pela transpiração. Uma pessoa em repouso perde
aproximadamente meio litro de água por hora e suas necessidades de água aumentarão
na proporção da intensidade do trabalho. Um homem em trabalho pesado, sob calor ex-
tremo, pode exigir cerca de 20 litros de água por dia. É conveniente que a água seja con-
sumida em pequenas quantidades, quando se sentir sede. Regular o consumo de água
apenas para poucas oportunidades pré-fixadas (hora das refeições, por exemplo), resulta
na ingestão de uma só vez, de grande volume de líquido. Tal procedimento pode provocar
indisposição e não apresenta vantagens em termos de economia de água.
3) Reposição do Sal
Quando a transpiração é normal, o sal perdido com o suor é reposto pela própria
alimentação. No entanto, se o consumo diário de água exceder a 4,5 litros, a perda de sal
deve ser compensada, assim, acrescente sal em quantidade extras nos alimentos e, nos
casos mais sérios, ingerindo-o adicionado na água ou sob a forma de comprimidos.
Deve-se, nesses casos, dissolver 1 grama de sal (cerca de 1/4 de colher de chá)
em um cantil de água ou tomar dois comprimidos de sal para cada cantil consumido.
4) Exaustão Térmica
Estado de prostração e fraqueza decorrente da excessiva perda de água e sal. É
mais frequente quando a temperatura ambiente ultrapassa os 35ºC. Seus sintomas são
dor de cabeça, palidez, vertigens, transpiração excessiva e câimbras musculares. A pele
fica fria, úmida e pegajosa. O tratamento indicado é transportar o paciente para um lugar
fresco, tirando-lhe a roupa externa, elevar-lhe os pés, movê-los e aplicar-lhes massagens.
A vítima deverá recuperar as perdas de sal de acordo com as quantidades descritas no
item anterior. Para um melhor tratamento, deve-se procurar assistência médica. O melhor
meio de evitar a prostração pelo calor é tomar medidas destinadas a facilitar a transpira-
ção e a evaporação do suor usando roupas leves e arejadas, além de manter a compen-
sação das perdas de água e sal.
5) Insolação
Apresenta um elevado índice de mortalidade e caracteriza-se por uma grande
elevação da temperatura do corpo e pelo desmaio. O primeiro sinal é a parada da transpi-
ração, tornando-se a pele quente e seca, para em seguida adquirir uma coloração rosada

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................42 /58 )


e brilhante. A inconsciência pode sobrevir repentinamente ou ser precedida de dor de ca-
beça, tontura, náuseas, confusão mental e delírio. Para salvar a vida da vítima, deve-se
imediatamente, fazer com que baixe a temperatura, colocando-a à sombra, banhando-a
com água fria ou fresca e abanando-a com uma camisa ou uma manta.Deve-se procurar,
rapidamente, assistência médica.
6) Câimbras pelo Calor
São espasmos dolorosos dos músculos, geralmente os das pernas, braços e ab-
dômen. São devidas à perda excessiva de sal pelo suor e melhoram quando as perdas
são repostas. Os casos mais graves devem receber assistência médica.
7) Queimaduras
É provocada pela exposição excessiva da pele à luz solar. Uma exposição mais
prolongada pode resultar em bolhas. O céu nublado não diminui os riscos de queimaduras
de sérias proporções, devendo-se nesses dias tomar os mesmos cuidados que nos dias
de céu claro. Para evitar as queimaduras do sol deve-se usar roupas que cubram o má-
ximo da superfície da pele, inclusive cobertura de abas largas e com tapa nuca; deve-se
ainda adaptar o combatente aos raios do sol, por meio de exposições sucessivas e au-
mentadas gradativamente.
8) Fungos
A transpiração excessiva causa maceração da pele, formando em certas áreas
mais sujeitas à transpiração, tais como virilhas, axilas, região genital e pés, excelentes
meios para o desenvolvimento de fungos causadores das micoses. Podem ser evitados
mantendo-se os cuidados normais de higiene.
9) Intermação
Devido à ação do calor sobre o indivíduo em locais abrigados do sol (nas fundi-
ções, padarias, caldeiras, etc), se manifesta de maneira brusca com intensa falta de ar, às
vezes a vítima parece sufocada, com a respiração acelerada e difícil. A vítima cai e fica
desacordada e pálida, com temperatura elevada do corpo e com as extremidades arroxe-
adas.
Enquanto aguarda socorro médico, aplique com rapidez as seguintes medidas:
a) Remova a vítima para lugar fresco e arejado.
b) Tire suas roupas.
c) Coloque a vítima deitada com a cabeça elevada.
d) Refresque lhe o corpo por meio de banho.
e) Envolva a cabeça com toalha ou panos embebidos em água fria, renovando
com frequência.
f) Se disponível, ponha saco de gelo na cabeça.
g) Coloque-a sob ventiladores ou em ambiente refrigerado.
Todo e qualquer socorro à vítima de insolação e intermação é no sentido de bai-
xar a temperatura do corpo, de modo progressivo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................43 /58 )


1.11Parada Respiratória
(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-
te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).
Definição
Em algumas situações pode ocorrer apenas a parada da respiração da vítima. É a
parada súbita dos movimentos respiratórios, sendo, a seguir, acompanhada ou não de
parada cardíaca.
Uma pessoa cuja respiração parou, morrerá caso a mesma não seja imediatamente
restabelecida. Faça de imediato:
a) Afrouxe as roupas da vítima, principalmente em volta do pescoço, peito e cintura.
b) Verifique se há qualquer coisa ou objeto obstruindo a boca ou garganta da vítima.
c) Inicie a respiração de socorro tão logo tenha a vítima sido colocada na posição cor-
reta. Cada segundo é precioso.
d) Ritmo:Conforme a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, órgão represen-
tante da InternationalLife Saving no Brasil, quando há apenas a parada respiratória, em
caso de afogamento realizar 5 a 10 ventilações (respiração boca-boca) e conduzir a víti-
ma para área seca onde o socorrista deve realizar mais 5 a 10 ventilações até a vítima
recuperar a respiração.
e) Procure um médico.
f) Mantenha a vítima aquecida.
g) Não espere ou procure ajuda. Aja logo. Não desanime.
h) Não dê líquidos enquanto a vítima estiver inconsciente.
i) Não deixe a vítima sentar-se ou levantar-se.
j) Nunca dê bebidas alcoólicas. Dê chá ou café quente para beber logo que voltar a si.
k) Não remova a vítima, salvo se for absolutamente necessário, até que sua respira-
ção volte ao normal. Mesmo assim, remova-a em posição deitada.
Caso seja imperioso remover a vítima para outro local ou caso seja necessário tro-
car de socorrista, estas operações devem ser feitas sem interromper o ritmo da respiração
de socorro.
l) Mesmo com a vítima recuperada:
- Procure um médico;
- Transporte-a a um hospital.

1.12 Parada Cardiorrespiratória


(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-
te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................44 /58 )


Definição
É a parada dos movimentos respiratórios e do coração, de forma súbita e inespera-
da. O coração para de bater e a circulação é subitamente interrompida, fazendo com que
os órgãos vitais fiquem sem oxigenação.
1) Como Identificar uma Parada Cardiorrespiratória
a) A vítima está inconsciente (não responde a nenhum estímulo);
b) A vítima não respira (não apresenta nenhum movimento de tórax, nem do
abdômen).
ATENÇÃO: A vítima de Parada Cardiorrespiratória não respira e nem apresenta qualquer
tipo de movimento, está inconsciente. Caso apresente algum movimento não é Parada
Cardiorrespiratória.

FIGURA 11 – Avaliando a Consciência

1.13 Reanimação Cardiopulmonar (RCP)


A RCP tem como objetivo restabelecer a circulação sanguínea, enviando o sangue
para os pulmões e assim oxigenando todos os órgãos do corpo e principalmente o cére-
bro.
Assim que você identificar a PCR (Parada Cardiorrespiratória), inicie as manobras
de reanimação.
1) Técnica de Reanimação Cardiopulmonar (RCP)
1) Identifique a PCR (vítima inconsciente);
2) Acione o Pessoal do Serviço de Saúde (ou serviço de emergência);
3) Posicione a vítima no chão. A vítima precisa estar em uma superfície rígida (de
barriga para cima). Não se pode executar esta manobra com a vítima em colchão ou pol-
tronas.
4) Inicie a compressão torácica
Para que as compressões do tórax tenham efeito, você deverá:
- Localizar o ponto correto e esticar os braços durante a compressão. Não
dobre os cotovelos, pois isso diminuirá a pressão.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................45 /58 )


- Colocar a base da mão no centro do tórax, ENTRE OS MAMILOS, pois es-
te é o ponto correto de compressão;
- Cruzar as mãos uma sobre a outra entrelaçando os dedos;
- Posicione seus ombros (seu tórax deve ficar 90º com o tórax da vítima, ou
seja, em cima) e execute todas as compressões para baixo perpendicular ao chão. Seus
joelhos devem estar no chão;

FIGURA 12 – Posição para Manobra de RCP Eficaz

- As compressões são feitas de forma rápida e com qualidade, sem interrup-


ções, mantendo uma frequência mínima de 100 compressões em 1 minuto;
- A cada compressão o tórax deve descer no mínimo 5 cm;

FIGURA 13 – Compressão Mínima do Tórax

- Após cada compressão (momento que o sangue é impulsionado para cor-


rente sanguínea), alivie a pressão, permitindo o retorno total do tórax à sua posição origi-
nal. Isto permite que o coração se encha novamente de sangue (relaxamento);

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................46 /58 )


FIGURA 14 – Relaxamento do Tórax
- A cada dois minutos é indicado que outro militar assuma a posição de
compressor (a manobra é exaustiva);
- Mantenha a RCP até que a vítima seja atendida por profissionais da Saú-
de.
2) Quando Interromper a Reanimação Cardiopulmonar (RCP)
1) Se você notar algum movimento da vítima (identificação errada do PCR).
2) A transferência da responsabilidade para um profissional da saúde.
3) A fadiga que o impeça de continuar a manobra.

OBSERVAÇÃO: A ventilação será aplicada quando o socorrista possuir treinamento


para isso e dispuser de equipamentos de proteção individual, poderá executar a 30
compressões para 2 ventilações, conforme preconizado pelo protocolo de RCP.

FIGURA 15 – Ciclo Compressão x Ventilação

1.14 Choque Elétrico


Acontece com frequência. Resulta do contato da vítima com um fio energizado. Aja
do seguinte modo:
- Não toque na vítima até que ela esteja separada da corrente, ou interrompida;
- Se uma pessoa tocar num fio condutor de eletricidade e se a corrente não puder
ser interrompida, procure retirar a vítima de cima do fio elétrico;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................47 /58 )


- Para esta operação, use um pedaço de madeira seca, roupa seca, ou qualquer
material que não conduza eletricidade. Tome cuidado para não tocar na vítima com as
mãos nuas. Você levará um choque.
- Inicie a respiração artificial logo que a vítima esteja livre do contato com a cor-
rente.
- Providenciar o transporte da vítima:
- Mantenha a respiração;
- Controle a hemorragia;
- Imobilize todos os pontos suspeitos de fratura e
- Evite ou controle o choque.

1.15 Transporte de Feridos


Ao remover um ferido para um local onde possa ser usada a padiola, adote o méto-
do de uma, duas, ou três pessoas para o transporte da vítima, dependendo do tipo e da
gravidade da lesão, da ajuda disponível e do local.
Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para transportar uma
pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou asfixia.
Todavia, não serve para carregar um ferido com suspeita de fraturas ou outras le-
sões. Em tais casos, use sempre o método de três socorristas.
1) Padiolas Improvisadas
a) Padiola feita de vara e cobertor:
Um cobertor, um meio pano de barraca, lona ou qualquer outro material seme-
lhante, podem ser usados para leito de padiola. As varas podem ser feitas de galhos for-
tes, paus de barracas, etc.
a) Abra o cobertor, ponha uma vara ao comprido, fazendo-a passar pelo cen-
tro, dobre o cobertor sobre ela.
b) Ponha uma segunda vara que passe pelo centro da nova dobra.
c) Dobre as extremidades livres do cobertor sobre a segunda vara.

FIGURA 16 – Padiolas

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................48 /58 )


b) Padiolas feitas de varas e gandolas
Dobre duas ou três gandolas, camisas ou túnicas, de modo que o avesso esteja
para fora. Abotoe-as com as mangas para dentro. Passe uma vara através de cada man-
ga.
c) Padiolas feitas de porta ou prancha
Use qualquer objeto de superfície e tamanho adequado tais como cama de
campanha, portas, escadas ou varas amarradas entre si. Se possível, acolchoe.

FIGURA 16-1 – Padiolas


d) Padiolas feitas de varas e sacos
Descosture para abrir os fundos ou corte os ângulos do saco. Passe duas varas
através dele.
e) Padiolas feitas de cobertor
Caso não tenha uma vara, enrolem em direção ao centro os dois lados do cober-
tor, ou meio pano de barraca, ou uma lona. Use a parte enrolada como punhos, ao trans-
portar o paciente.

FIGURA 16-2 – Padiolas

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................49 /58 )


2) Transporte a braço
Existem diversos modos pelos quais um ferido pode ser transportado sem padiola.
Empregue o meio de transporte que seja mais fácil para você, levando em conside-
ração a gravidade do ferimento, o número de socorristas disponíveis e a situação.
3) Transporte comum
Segue-o modo mais fácil e mais usado, pelo qual um homem pode carregar outro,
mesmo que se trate de homem inconsciente.
- Vire o acidentado com o rosto para baixo sobre o solo e ajoelhe-se próximo a
cabeça da vítima. Coloque as mãos sob as axilas da vítima e lentamente levante-o para a
posição de pé.
- Levante o acidentado na altura dos joelhos
- Com uma boa posição, levante o acidentado, apoiando-o em seu corpo
- Enquanto segura a vítima em torno da cintura com seu braço direito, agarre o
punho do acidentado com sua mão esquerda e coloque seu braço em torno de sua cabe-
ça (se o acidentado está ferido de tal modo que exija uma conduta do lado oposto, sim-
plesmente troque a mão e proceda da mesma maneira).
- Dobre a cintura e de joelhos coloque o braço direito do acidentado no seu om-
bro esquerdo e assim o corpo da vítima sobre seus ombros. Passe seu braço direito entre
as pernas da vítima e segure seu joelho direito.

FIGURA 17 – Transporte de Feridos

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................50 /58 )


FIGURA 17-1 – Transporte de Feridos
4) Transporte nos braços
Bom para curtas distâncias. Carregue a vítima em uma boa altura, para reduzir a
fadiga. Se o homem tiver a espinha ou uma perna quebrada, não use este método.

FIGURA 17-2 – Transporte de Feridos

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................51 /58 )


5) Transporte amparado
Segure o punho esquerdo (ou direito) com a mão esquerda (ou direita) e ponha o
braço dele em volta do seu pescoço. Método útil para homem ferido levemente, como no
caso de pé e tornozelo.
6) Transporte do fardo
Após levantar um homem, segure-lhe um braço e coloque-se à frente dele. Levan-
te-o sobre as costas. Faça abraçar seu pescoço. A seguir, passe os braços por baixo das
coxas dele e aperte as mãos.

FIGURA 17-3 – Transporte de Feridos


7) Transporte nas costas
Levante o homem, passe para a frente dele. Segure sobre seus punhos e suspen-
da-o de modo que as axilas dele estejam sobre seus ombros. Método para carregar ho-
mem inconsciente, porém sem fraturas.

FIGURA 17-4 – Transporte de Feridos

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................52 /58 )


8) Arrasto de pescoço
Amarre as mãos da vítima em volta de seu pescoço. Deste modo, poderá engati-
nhar, arrastando o homem inconsciente. Nunca tente arrastar assim um homem que te-
nha o pescoço ou a coluna vertebral fraturados. Esse processo permite que tanto você
como a vítima, permaneçam abaixados no chão e, consequentemente, protegidos.

FIGURA 17-5 – Transporte de Feridos

9) Transporte Rastejante c/ cinturão


Junte dois cintos de guarnição e forme uma tipoia contínua. Coloque a vítima dei-
tada de costas, passe uma alça de tipoia pela cabeça dela e enrole-a no peito e por baixo
das axilas dela. Cruze as tiras da tipoia por baixo da cabeça do homem. Enfie a segunda
alça da tipoia pelo seu braço e ombro. Em seguida, avance rastejando. Este método só
deve ser usado para distâncias muito curtas.

FIGURA 17-6 – Transporte de Feridos

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................53 /58 )


10)Transporte duplo cinto
Requer dois socorristas. Quatro cintos de guarnição ou algo semelhante, são ne-
cessários. Faça duas tipoias contínuas com dois cintos cada uma Passe uma alça em
torno de cada uma das pernas da vítima. Um socorrista passa uma alça sobre o ombro
direito e o outro sobre o ombro esquerdo.

FIGURA 17-7 – Transporte de Feridos

11)Transporte com mais de dois socorristas


Se houver mais de dois socorristas, então a tarefa se torna muito mais fácil. Os
socorristas se ajoelham com um joelho só, enfileirados ao lado da vítima e, com seus bra-
ços a levantam até os joelhos. Erguem-se todos ao mesmo tempo e levam a vítima para o
local desejado. Havendo mais socorristas, podem cuidar apenas da cabeça da vítima.

FIGURA 17-8 – Transporte de Feridos

1.16Intoxicações e Envenenamentos
(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-
te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................54 /58 )


Situação que podem ocorrer por meio de ingestão, injeção, inalação ou contato
com a pele. A gravidade dependerá da sensibilidade da vítima, toxidade do veneno, tem-
po de exposição e quantidade. A intoxicação pode resultar em doença grave ou morte em
poucas horas se a vitima não for socorrida em tempo hábil.
1) Formas de Envenenamento
- Contato direto da pele com plantas ou substâncias químicas tóxicas.
- Ingestão de qualquer tipo de substância tóxica, química ou natural.
- Aspiração de vapores ou gases tóxicos.
- Injeção de substâncias tóxicas.
a) Sinais e Sintomas
- Náuseas
- Vômitos
- Dores abdominais
- Diarreia
- Salivação
- Sudorese
- Extremidades frias
- Alterações de pupilas
- Convulsões
- Sinais evidentes na boca, pele ou nariz
- Hálito com odor estranho
- Dor, sensação de queimação na via respiratória ou digestiva
- Sonolência, confusão mental e outras alterações da consciência
- Estado de coma alternado com períodos de alucinações e delírios
- Lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites bem definidos
- Dificuldade respiratória
- Parada cardiorrespiratória
b) Informações a serem colhidas:
Diante de casos de envenenamento e intoxicações por produtos químicos, me-
dicações ou outras substâncias, o socorrista deve ir à procura de respostas para algumas
perguntas fundamentais:
1) Qual o produto ingerido?
2) Quanto tempo faz?
3) Qual a quantidade aproximada?

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................55 /58 )


4) Houve vômito provocado ou espontâneo?
5) Idade da vítima?
6) Há vestígio da substância (embalagem)?
c) Procedimentos
- Considerar todo envenenamento como caso grave, até a identificação da gra-
vidade;
- Acalmar a vítima e mantê-la em repouso (cabeça elevada);
- Tentar responder as perguntas de 1 a 6;
- Não estimular vômito e imediatamente conduzir a vítima ao Pessoal do servi-
ço de Saúde ou Emergência;
- Se a vítima estiver inconsciente mantê-la em posição lateral de segurança
(deitada de Lado para evitar que se engasgue com vômito);
- Não oferecer líquidos, exceto se orientado por profissional da Saúde;
- Encaminhar para atendimento médico.

1.17 Desmaio/Síncope
(Segundo o Manual de Primeiros Socorros para Leigos– Núcleo de Educação Permanen-
te SAMU 192 Porto Alegre, 2013).
É a perda transitória da consciência e da força muscular. Raramente se constituem
em ameaça direta à vida, porém é importante lembrar que a queda pode resultar em le-
sões e até mesmo uma situação mais grave.
a) Sinais e Sintomas
- Tontura
- Sensação de mal-estar
- Pele fria, pálida e úmida
- Suor frio
- Perda de consciência (transitória)
b) Procedimentos
- No pré-desmaio: sentar a vítima em uma cadeira ou no chão, mantendo suas
pernas abertas. Forçar a cabeça da vítima para baixo, pressionando com as mãos a ca-
beça e o pescoço, estimulando-a para que force a cabeça para cima, respirando fundo.
- No desmaio: deitar a vítima, elevar os membros inferiores proporcionando as-
sim, maior irrigação cerebral. Afrouxar as roupas da vítima e manter o local arejado.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................56 /58 )
FIGURA 18 – Manobra de desmaio

1.18 Mordidas de Animais Raivosos


Qualquer animal pode contrair a raiva e se tornar um transmissor da mesma. Quem
for mordido por um animal deve suspeitar de raiva e mantê-lo em observação até prova
em contrário (10 dias).
Mesmo vacinado, o animal pode, às vezes, apresentar a doença. Todas as mordi-
das por animais devem ser vistas por um médico.
- Procedimento Normal
Lave a ferida com água e sabão. Pincele com mercúrio cromo, mertiolate ou outro
desinfetante. Encaminhe ao médico.

1.19 Picadas e Ferroadas de Insetos


Há pessoas alérgicas que sofrem reações graves e/ou generalizadas, devido à pi-
cadas de insetos. Tais pessoas devem receber um tratamento imediato. Picada de inseto
pode ser um risco de vida para uma pessoa sensível.
1) Procedimento Normal
a) Retire os ferrões do inseto. Em seguida pressione o local para fazer sair o “ve-
neno”. Aplique gelo ou faça escorrer água fria no local da picada.
b) Procure socorro médico tão logo seja possível.

1.20 Picadas de Animais Peçonhentos


1) Alguns Animais Peçonhentos
Serpentes: jararaca, cascavel, surucucu e coralverdadeira;
Insetos: aranhas (marrom, armadeira, viúvanegra), escorpiões (preto, amarelo),
abelhas, vespas, formigas e lagartas.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................57 /58 )
1.21 Procedimentos com a Vítima
1) Lavar o local da picada de preferência com água e sabão;
2) Lembrar que nenhum remédio caseiro substitui o soro anti peçonhento.
3) Manter a vítima deitada, evitar que ela se movimente para não favorecer a
absorção doveneno;
4) Se a picada for na perna ou no braço, mantê-los em posição mais elevada;
5) Não fazer torniquete: impedir a circulação do sangue pode causar gangrena ou
necrose;
6) Não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local da
ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção;
7) Não dar à vítima pinga, querosene ou fumo, como é costume em algumas regiões
do país;
8) Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa
receber otratamento em tempo;
9) Levar, se possível, o animal agressor, mesmo morto, para facilitar o diagnóstico;

10) Lembrar que nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonhento.

1.22 Convulsões
Contratura involuntária da musculatura, provocando movimentos desordenados e
em geral acompanhada de perda da consciência.
1. Procedimento Normal
a) Coloque a vítima em lugar confortável, retirando de perto objetos em que se
possa machucar.
b) Introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar mor-
didas na língua.
c) Afrouxe as roupas.
d) Veja se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de emergên-
cia que possa sugerir a causa da convulsão.
e) Terminada a convulsão, mantenha a vítima deitada. Deixe-a dormir, caso
queira.
f) Procure um médico ou transporte a vítima até ele.
g) Não segure a vítima (deixe-a debater-se) não dê tapas, não jogue água so-
bre ela. Mantenha-se vigilante e afaste ou curiosos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................58 /58 )


(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................59 /58 )
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/Vol I.....................................................................60 /58 )

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