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PLANO DE SESSÃO

DATA: Conforme QTS


OM: PLANO DE SESSÃO
23º B Log Sl
HORA: Conforme QTS

TURMA: 2023
ESTÁGIO BÁSICO DE COMBATENTE SELVA GRUPAMENTO: Sd EV do 23º B
Log SL e HguMba, 1º GAC Sl e Al
NPOR.
MATÉRIA:
- Vida na Selva.

ASSUNTO:
- Obtenção de Água e Fogo.

OBJETIVOS: - Descrever os processos de obtenção e manutenção do fogo;


- Praticar a obtenção e manutenção do fogo;
- Descrever os processos de obtenção, filtração e purificação de água;
- Descrever os principais tipos de fogões improvisados;
- Executar com afinco na obtenção e manutenção do fogo utilizando meios de fortuna.
LOCAL DA INSTRUÇÃO: Base de Selva Cabo Rosa.

TÉCNICA(S) DE INSTRUÇÃO: Palestra, demonstração e prática.


MEIOS AUXILIARES: 03 (três) quadros murais, placas de identificação de iscas naturais e artificiais,
placas de identificação dos fogões, fogões, espingarda Cal .12 e Cal .20, iscas naturais e artificiais.

INSTRUTOR(ES): MONITOR(ES): AUXILIAR(ES):


2º Ten Lucas Matheus Asp Costa, Cb W Lima,
Asp Paz, Sd Luiz Augusto
3º Sgt Vinicius Morais,
3º Sgt Luane Macena
3º Sgt Girant.

MEDIDAS ADMINISTRATIVAS: Organização e limpeza do material, limpeza da área de instrução,


confecção da documentação e realização do pedido de munição.

MEDIDAS DE SEGURANÇA: Conforme Anexo A - Plano de Segurança e Anexo B – Matriz de


Gerenciamento de Risco.
FONTES DE CONSULTA: - IP 21-80-Sobrevivência na Selva – 2ª edição – 1999;
- Nota de aula da SIEsp - Vida na Selva e Técnicas Especiais.
ASSINATURA VISTO VISTO

Instrutor Ch 3ª Seção OPAI

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MAI
TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTO E
OBS

PROCEDIMENTOS NO ÍNICO DA INSTRUÇÃO

1. Por ocasião da chegada dos instruendos, o instrutor da matéria aguardará o


grupamento na estrada da boina para recepcionar os estagiários, verificar o
efetivo, realizar os procedimentos de inspeção do armamento e equipamento e
passar as recomendações para início da instrução. Caso, os estagiários não
cheguem entoando canções de forma vibrante, será dada a ordem para o turno
volte até 2 vezes;

2. Após isso, o militar mais antigo do grupamento irá passar as recomendações


para os estagiários e irá seguir na trilha juntamente com um auxiliar da
instrução para mostrar o local onde serão deixadas as mochilas. Em seguida,
os estagiários irão ocupar a arquibancada da esquerda para direita, de cima
para baixo;
3. Neste momento, será acontecerá a apresentação da equipe de instrução;

PROCEDIMENTOS DURANTE A INSTRUÇÃO

1. Durante a instrução serão executados os seguintes procedimentos:

a. Será oferecido aos instruendos Chá de Quina e sua função como repelente Conforme
será explicada. Obs.: Somente os voluntários irão consumir o chá; Capa do Pl
Sessão e
b. Os estagiários que forem observados desatentos à instrução serão que for
convidados a executar algum processo de obtenção de água ou ficar de pé julgado
com mochila. Caso seja observado desatento novamente será convidado a necessário
ir para água. para a
instrução
2. Durante o desenvolvimento da parte teórica da instrução, serão passados
diversos conceitos e procedimentos sobre obtenção de água e fogo, além de
escolher voluntários para executar os procedimentos que serão demonstrados
pela equipe de instrução, sendo eles:
a. Necessidade da água;
b. Fontes de água;
c. Filtragem da água;
d. Purificação da água;
e. Necessidade do fogo;
f. Preparação e acendimento do fogo;
g. Fogueiras e fogões.

3. Cada procedimento explanado teoricamente pelo instrutor/monitor da


instrução, será primeiro demonstrado na prática pela equipe de instrução e em
seguida serão levantados voluntários para repetir o procedimento na prática
também.

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PROCEDIMENTOS AO FINAL DA INSTRUÇÃO


1. Será feita a conferência de efetivo e das condições de rigidez, do equipamento
e armamento dos estagiários. Caso esteja sem alteração, será feito uma
abordagem rápida recapitulando os aspectos mais importantes da instrução;
2. O guia conduzirá os estagiários para a próxima instrução.

1. INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento às instruções da fase de vida na selva do EBCS, os senhores
verão nesta sessão de instrução o assunto OBTENÇÃO DE ÁGUA E FOGO. De
forma que ao final da mesma possamos ter atingido os seguintes objetivos:
a. Descrever os processos de obtenção, filtração e purificação de água na região;
b. Identificar os recursos encontrados na selva para obtenção do fogo;
c. Descrever os processos de acendimento e conservação do fogo;
d. Identificar os fogões utilizáveis em situação de sobrevivência.
Para que no final de nossa sessão de instrução tenhamos atingido os objetivos
propostos, seguiremos o seguinte sumário.

2. SUMÁRIO
I- INTRODUÇÃO
1. GENERALIDADES
II- DESENVOLVIMENTO:
1. ÁGUA
a. Necessidades
b. Fontes de água
c. Filtragem da água
d. Purificação da água
2. FOGO
Conforme a. Necessidades
QTS b. Preparação e acendimento do fogo
c. Fogueiras e fogões
III- CONCLUSÃO
- Prática

1. GENERALIDADES

Leitura do texto extraído do Livro Diário da Morte, escrito pelo piloto de


uma aeronave.
“Voando de Corumbá para Santa Cruz de La Sierra, levando apenas um
galão de vinte litros de combustível (seria reabastecido em San José de Los
Chiquitos ou em imediações), o avião CESNA-I40PP-000, pilotado por Milton
Terra Verdi, tendo como passageiro Antonio Augusto Gonçalves, é
surpreendido por fortes ventos na rota de ROBORA a San Jose de Los
Chiquitos.
Empurrado para o Sul dessa cidade, sobrevoa densa e inóspita floresta
amazônica. Com combustível para apenas 5 minutos de vôo, aterrissou numa
clareira onde reabasteceu.
Tentou decolar por três vezes, não conseguindo, saiu para procurar água.
Não encontrando, retornou para a clareira onde seu amigo Augusto havia
ficado.
Nova tentativa de decolar com a aeronave. O avião decola, mas bate em

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um galho seco e rasga parte da fuselagem e ele tem de aterrissar


novamente.
Começa o martírio descrito pelo piloto da aeronave:
30/08/1960 – “Estamos sós, não temos arma de fogo e nenhum
canivete. Temos apenas uma garrafinha de guaraná, um sanduíche e um maço
de cigarros. Estamos com a boca completamente seca e uma sede terrível.”
01/09/1960 – “Pensamos que ninguém no mundo merecesse uma
morte destas, morrer de sede deve ser a pior morte... Dormimos pensando em
nossas mulheres e filhos, pais, mães e irmãos...”
02/09/1960 – “Há exatamente 110 horas que não comemos nada, nem
bebemos água . . . Avistamos um avião a uns 20 Km ao norte. Pedimos a Deus
para que ele desviasse a rota e nos visse, era um avião pequeno, devia ser um
CESNA . . .”
03/09/1960 – “Ouvimos roncos de motores, como o vento estava
forte, não foi possível distinguir a direção... tive a impressão de que era um
helicóptero...”
04/09/1960 – “Há duas noites que não dormimos quase nada,
passamos muito frio... Nossas forças estão nos abandonando, a única coisa que
nos está evitando o suicídio é a crença em Deus e a vontade de ver nossos
filhos...”
05/09/1960 – “Hoje fez muito calor. Ouvimos dois aviões (10:15 h e
15:00 h). Tive a impressão de que estavam nos procurando...”
06/09/1960 – “Estamos fracos e dia promete fazer muito calor. Tentei
beber urina, mas não foi possível, tem sabor de sal amargo. Temos muita fé
que Nossa Senhora Aparecida faça um milagre hoje... O Augusto desesperou-
se e tomou uma garrafa de combustível como se fosse água. Passou muito mal
à noite...”
07/09/1960 – “O Augusto está delirando muito, creio que não
resistirá... 22:30 horas, Augusto faleceu. Que desespero, meu Deus...”
09/09/1960 – “Enlouquecerei se Deus não me tirar daqui...”
10/09/1960 – “Fiz promessas... 10:00 horas, passou um avião. 15:00
horas passou outro . . .”
E continua o desfile de tortura, ora chovendo e economizando
água, ora bebendo outros líquidos: “tapei o nariz e bebi uma garrafinha de
urina que misturei com um pouquinho de aqua-velva e combustível. Bebi como
se fosse laranjada... peguei um cágado e comi carne crua... senti-me mais
forte...”

“Como se acabam as ilusões de um homem. Hoje para mim, um litro


d'água que é a coisa mais barata que nós temos, vale mais que todo o dinheiro
do mundo e um prato de arroz com feijão não tem dinheiro que pague. Se Deus
nos der nova chance, temos planos de ser os homens mais humildes do mundo,
querendo apenas ter nossa comida, água em abundância e o carinho das
esposas, filhos e familiares".
"Minha querida esposa e dedicada mãe de meus filhos, primeiramente,
peço que me perdoe pelos maus momentos que te fiz passar, vejo agora que
tudo não passa de ilusão, o que vale mais no mundo é a água, a comida de todo
dia e o carinho da nossa querida esposa e filhos. Saiba que você foi o único
amor da minha vida, não duvides porque é um moribundo quem está falando.
Nunca deixes ninguém passar sede, pois é a pior coisa do mundo".

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06/11/1960 – “Hoje faz 70 dias que sofro aqui. Minhas forças se


acabaram. Minha pele está ficando roxa e minha água e alimentos se
esgotaram. Creio que está chegando o fim . . .”

Suas últimas palavras foram escritas com dificuldade, letra por


letra.

OBSERVAÇÕES:
1. Passagem de aviões até 2 vezes ao dia (sinais, fogueiras, parte interna da
fuselagem?)
2. Se não conheciam a região, por que não possuíam mapas?
3. Por que viajaram tão longe sem suprimento, ferramentas ou kits
emergenciais (apenas um maço, uma garrafinha de guaraná e um
sanduíche)?
4. Logo, a imprudência, a negligência, a falta de experiência e a falta de
preparação psicológica, levaram-os à morte vítimas de intoxicação e
inanição. O avião foi encontrado desviado 52 Km da rota, estava a 120
Km de Son José e 200 Km de Santa Cruz. A 150 Km passava um rio, a
110 uma estrada de ferro e a 1,5 Km uma linha d’água.

DEFINIÇÃO
Busca de recursos naturais da região para suprir o organismo de suas
necessidades básicas (água e alimento).

INGERIR GASOLINA

Podem causar envenenamento por hidrocarboneto. A ingestão ou inalação


de hidrocarbonetos pode causar irritação dos pulmões, com tosse,
sufocamento, falta de ar e problemas neurológicos.
- Vômitos com sangue
- A dor severa no abdômen e no peito
- Diarreia
- Hepatomegalia
- Dor de cabeça.

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II – DESENVOLVIMENTO
1. OBTENÇÃO DE ÁGUA (Neste momento cairá de cima de uma árvore
um jato de água)
a. NECESSIDADE
1) Apesar do enorme caudal hidrográfico representado pela
abundância de cursos de água e do alto índice pluviométrico da AMAZÔNIA,
haverá situações em que não será fácil a obtenção de água. Sendo a primeira das
necessidades para a sobrevivência do homem, abastecer-se dela deve constituir
uma preocupação constante.

2) O ser humano pode resistir vários dias sem alimento, estando,


entretanto, com menores possibilidades de sobreviver se lhe falta a água. Esta
resistência estará condicionada à capacidade orgânica e às condições físicas do
indivíduo, as quais, na selva, estarão, contudo, sempre aquém das possibilidades
normais deste mesmo indivíduo. É o tributo cobrado pela própria selva.

3) Na selva equatorial, o que mais ressalta de importância é a


necessidade constante da água, por sofrer o organismo sudação excessiva com
eliminação de sais minerais, que, quando demasiada e constante, poderá
acarretar a exaustão. Torna-se vital a manutenção do equilíbrio hídrico do
organismo.

4) De modo algum deverá o sobrevivente lançar mão de outros


líquidos, como álcool, gasolina, urina, à falta absoluta da água. Tal
procedimento, além de trazer consequências funestas, diminuirá as
possibilidades de sobreviver, revelando indícios da proximidade do pânico que,
quando não dominado, será fatal. Portanto, saber onde há água e estar sempre
abastecido dela é importantíssimo e fundamental.

b. FONTES DE ÁGUA
O equilíbrio da natureza põe à disposição do ser humano recursos variados
para suprir a grande necessidade de água. Os principais são:
1) Águas Correntes
Rios, igarapés e olhos d'água, devendo a água ser recolhida do fundo, evitando
desmoronar as margens ou revolver os leitos. Quando necessário, serão
demarcados locais para banho, cozinha e coleta de água potável. Sempre que
possível deve ser purificada, pois pode conter impurezas, tais como: coliformes
fecais humanos ou de animais, resíduos de material orgânico em decomposição,
entre outros.
2) Águas Paradas
Lagos, igapós, pântanos e charcos, devendo seu consumo ser realizado após a
purificação. Outro recurso, de fácil prática, é colhê-la de um buraco cavado a
uma distância de 5 metros da fonte de água, o qual, após algum tempo, pela
porosidade do solo, encher-se-á de água já filtrada.
3) Água das Chuvas e Orvalho
Poderão ser colhidas diretamente em: recipientes, em buracos ou com o
emprego do telheiro da rede de selva, poncho ou plástico. Quando houver
troncos pelos quais ela escorra, para colhê-la bastará interromper o fluxo com
um pano, cipó ou folhagem, canalizando-a para qualquer vasilhame. Na falta de
outro material, as próprias roupas poderão ser expostas à chuva e, uma vez
encharcadas e torcidas, a água delas resultante deverá ser purificada pela

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4) Partes Baixas do Terreno


Será comum na selva cruzar-se com ravinas temporariamente secas, mas que
poderão transformar-se, devido às chuvas, em leitos de igarapés ou igapós.
Nestas ravinas poderá ser procurada a água em fossos cavados próximos aos
tufos de vegetação viçosa.

5) Vegetais
Vários são os que poderão fornecer água ou indicar a sua
presença. Os principais são:

a) Cipó d'água (Fig 1 e 2) - Parasita de uns 10 centímetros de


diâmetro, cor marrom-arroxeada e casca lenhosa, estando pendurado entre a
galhada e o solo, em grandes árvores. Bastará cortá-lo, primeiro em cima, ou
onde mais alto se possa alcançar, e depois em baixo, de modo a ter no mínimo, l
metro de cipó. Deixa-se que pela parte inferior escorra a água. Pela quantidade
que fluir e pela facilidade com que o cipó é encontrado na selva, poder-se-á
sempre estar suprido de água.

Fig. 1. Cipó-d’água. Fig. 2. Cipó-d’água

b) Bambus (Fig.3) - Às vezes, poderá ser encontrada água no interior


dos gomos do bambu, principalmente do velho e amarelado. Pelo barulho, ao ser
sacudido, sabe-se da presença ou não de água e, para sua utilização, bastará
fazer um furo junto à base dos nós. Na Selva Amazônica, os bambus somente
são encontrados em locais que já foram ocupados pelo homem.

Fig. 3. Água de bambus

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c) Coco - Produto de algumas palmeiras, onde no seu interior


encontra-se água. O meio-verdes serão os melhores e que maior quantidade de
água apresentará. Os coqueiros da Amazônia somente são encontrados em locais
onde foram plantados pelo homem.
d) Buriti - Palmácea que vinga somente onde há água. A presença
de um buritizal numa área será indicativa da presença também de água. Caso
não haja igarapé próximo ao buritizal, basta cavar junto ao mesmo, que à pouca
profundidade obter-se-á água.
e) Plantas Escamosas - Algumas plantas de folhas resistentes, que se
sobrepõem como escamas, poderão conter apreciada quantidade de água das
chuvas. Bastará eliminar possíveis impurezas, por meio de filtragem e
purificação, e utilizá-la.
f) Embaúba - Junto às suas raízes ou dentro de seus gomos,
conforme a época do ano, poderá ser encontrada pequena quantidade de água.
g) Trilhas de Animais - Seguindo as trilhas de animais, quando
identificadas, invariavelmente conduzirão a fontes de água.

c. PURIFICAÇÃO DA ÁGUA
1. As águas colhidas diretamente das chuvas ou cipós d' água não
necessitam ser purificadas para o consumo. Entretanto, se for o caso, elas e as
provenientes de igarapés ou de outras fontes poderão sofrer um dos vários
processos de purificação que se seguem:
a) Pela fervura durante cinco minutos, no mínimo.
b) Pelo comprimido de clorin, na dose de um por cantil (um litro)
aguardando-se 30 minutos para bebê-la.
c) Pelo adicionamento de 8 a 10 gotas de tintura de iodo ou de 3 gotas
de Hidrosteril em cantil (um litro), aguardando-se 30 minutos para o consumo.
d) Pelo comprimido de hipoclorito de sódio, na dose de duas gotas por
cantil (um litro) aguardando-se 30 minutos para bebê-la.
e) Pela água sanitária, na dose de uma gota por cantil, esperando trinta
minutos para bebê-la. No caso de 1000 litros usar uma tampa de cantil, misturar
no cantil com água e depois depositar no recipiente contendo os mil litros

- Servindo apenas para a filtração, poderão ser seguidos os seguintes


processos:
a) Filtro de Areia (Fig.4) - Em um recipiente perfurado na base,
coloca-se a areia através da qual a água será filtrada.

Fig. 4 Filtro de areia

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b) Coador improvisado (Fig. 5) - Fazendo-se o líquido passar


através de um coador improvisado com um pano qualquer, mesmo peças de
roupas.

Fig.5 Coador improvisado

2. FOGO
a. NECESSIDADE
Se bem que não alcance a importância representada pela água, o fogo
também é uma necessidade, para que seja possível prolongar a sobrevivência.
Será mais um valioso recurso para aumentar e melhorar as condições de vida na
selva, pois através dele se conseguirá:
- Purificar a água;
- Cozinhar;
- Secar a roupa;
- Aquecer o corpo;
- Sinalizar, iluminar e fazer uma segurança noturna.
b. PREPARAÇÃO E ACENDIMENTO DO FOGO
1) Local
Será sempre conveniente fazer uma limpeza da área onde será feito o
fogo. Mesmo que o chão esteja seco (o que não será normal) é interessante
cobri-lo com um estrado de troncos de árvores, os quais poderão servir também
para alimentar o fogo. Quando a permanência no local for prolongada, será
indispensável a construção de um abrigo para o fogo, do tipo tapiri.
2) Isca
Convenciona-se denominar de isca ao amontoado inicial de folhas secas,
papéis, palhas, gravetos finos, cascas de árvores, sobre os quais operamos para a
obtenção inicial do fogo. Na selva, há árvores como a mombaca ou o marajá e
outras palmáceas que, mesmo verdes ou molhadas, pela raspagem de seus caules
dão uma espécie de maravalha que facilita a obtenção inicial do fogo. Podemos
também obter maravalha do vegetal chamado guarum ou aruma. Outro auxílio
para a isca é o emprego do breu vegetal, resina extraída da árvore do breu, que,
além de aceitar facilmente o fogo, ainda o conserva por muito tempo; além
disso, é aromático e espanta os mosquitos. Outro breu é o do índio que parece
com uma casca lenhosa. Sempre que se dispuser de querosene, gasolina, fluido
para isqueiro e pólvora, serão eles úteis na tentativa de obter fogo, desde que
utilizados com o devido cuidado. Outras iscas também utilizadas são: Banha de
sucuri (obtida após exposição do couro de cobra ao sol), a andiroba (aquecendo
o seu caroço macerado) e o óleo de copaíba (fazendo um furo no caule de sua
árvore, o óleo escorrera).

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Fig.6 Breu do índio Fig.7 Maravalha

Fig.8 Caule da Mombaca Fig.9 Mombaca preparada p raspagem

3) Acendimento da Isca
a) Por processos convencionais: - Os fósforos e isqueiros poderão
ser economizados com o emprego de uma vela, se houver, ou de uma tocha de
galhos secos. Ao se aproximar a chama da isca, soprando-se suavemente,
poder-se-á facilitar a obtenção do fogo inicial, ao qual serão adicionados,
progressivamente, pequenos gravetos secos, com o cuidado de não abafá-lo.
Sendo a combustão uma queima de oxigênio, é preciso deixar o fogo ventilado,
colocando os gravetos maiores e a lenha grossa paulatinamente. É comum,
obtido o início do fogo, haver uma precipitação em se colocar lenha grossa em
quantidade, o que, geralmente, contribui para apagá-lo.
b) Por processos de fortuna: - Não será fácil conseguir o fogo por
processos de fortuna; muita prática será necessária para fazê-lo; os mais comuns
são:
(1) Lentes (Fig. 10) - A chama poderá ser obtida fazendo-se
incidir na isca os raios solares, através da lente de um binóculo, de uma câmara
fotográfica ou de uma luneta ou lanterna.
(2) Pólvora de munição - O processo da pedra poderá ser
melhorado colocando-se pólvora de cartucho na base da isca e um pouco na
pedra. Aproximando-se da isca e atritando as duas pedras ou a pedra com o aço,
a pólvora incendiar-se-á.
(3) Madeira - É o processo mais empírico. É o fogo obtido através
do atrito de dois bastões, um de madeira mole e um de âmago, ou ainda de um
pedaço de madeira macia e plana e um bastão de âmago. Abre-se uma pequena
cavidade na madeira plana, enquanto no bastão é feita uma ponta. Colocada a
isca ao redor da cavidade da madeira plana e inserido o bastão na cavidade, pelo
atrito, será obtido fogo na isca.
(4) Tira - Abre-se um galho pelo meio, colocando-se uma cunha
na extremidade aberta. Na inserção dos ramos abertos do galho coloca-se a isca,
sobre a qual se produzirá o atrito com o auxílio de uma tira de couro ou de uma
corda de qualquer fibra.

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(5) Arco e pau (Fig 11) - As madeiras que se atritam deverão


estar bem secas e ser bem duras. A chama é obtida fazendo-se o pauzinho rodar
por uma volta de corda do arco.

Fig. 11. Arco e pau, para fazer fogo

(6) Pilhas ou baterias - Um pedaço de "bombril" ou de outro material


semelhante, de fraca resistência, ligado aos polos de duas pilhas de lanterna ou
de uma bateria, incendiar-se-á facilmente.

(7) Tiro de Arma de Caça - retiram-se os balins de chumbo do cartucho.


Coloca-se uma estopa ou tecido desfiado seco, no mesmo local. Após
introduzir o cartucho na câmara, apontando a arma para cima, realiza-
se o disparo e o material combustível será projetado apresentando
fagulhas que podem dar início ao fogo.

c. FOGUEIRAS E FOGÕES
1. Conservação do fogo
Obtido o início do fogo através do acendimento da isca, bastará ir
adicionando madeira, a princípio o mais seca possível. Uma vez firmado o
fogo, poderá ser usada mesmo lenha verde. Dependendo da permanência no
local e do uso que se fará da fogueira, dever-se-á ir reunindo junto a ela o
máximo de lenha possível, para que vá secando, caso esteja úmida ou verde.
2. Transporte de iscas
a) As iscas deverão ser transportadas tomando-se a preocupação de
impermeabilizá-las com sacos plásticos, tubos de filmes, etc.
b) Outra forma de prepara o transporte de iscas à base de tecido de
algodão é queimando-o até carbonizá-lo. Deve-se tomar o cuidado para não
desmanchá-lo. feito isso, deve-se acondicioná-lo na forma descrita acima.
3. Conselhos Úteis e Práticos
a) Não desperdiçar fósforos nem isqueiro, tentando acender uma
fogueira com isca mal preparada.
b) Não esbanjar esses meios para acender cigarros ou outras fogueiras,
caso já exista uma; utilizar brasas ou tições.
c) Antes que se acabem os fósforos ou o fluido do isqueiro, dever-se
tentar aprender a praticar o acendimento pelo meio de fortuna que achar mais
viável.

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d) Guardar bem protegido o material para a isca; o isqueiro e os


fósforos deverão ser guardados dentro de um saco plástico, a fim de evitar a
grande umidade que impera na selva.
e) Por onde se andar, se houver material para isca, este deverá ser
recolhido e guardado para o futuro.
f) Boa lenha para o fogo será a obtida de árvores secas e em pé.
g) Para manter um braseiro em condições de futura utilização, bastará
cobri-lo com cinzas e, sobre estas, uma camada de terra seca.
h) Para transportar fogo de um local para outro, bastará levar um tição
ou brasas de bom tamanho e colocá-los sob a nova fogueira, atiçando o fogo.
c. Tipos de Fogões
Obtido o fogo, sua utilização, obviamente, estará relacionada com as
necessidades do sobrevivente e, principalmente, com sua permanência no local.
Podem ser improvisados os seguintes tipos:
l) Fogão de Espeto (Fig.12) - É aquele feito unicamente com um
espeto, tendo de preferência uma forquilha na ponta. No próprio espeto, coloca-
se a caça a ser assada e, na forquilha, pode-se pendurar o caneco ou outra
vasilha para purificar a água ou cozinhar outro alimento.

Fig. 12 – Fogão de espeto

2) Fogão de Assar (Fig.13) - Duas forquilhas colocadas uma de cada


lado do fogo sustentam o espeto com a caça e a vasilha para cocção, podendo
esta última também ser colocada junto ao fogo, no solo.

Fig. 13 – Fogão de assar

3) Fogão de Moquém ou de Moquear (Fig. 14) - Para este


tipo de fogão são necessárias três ou quatro forquilhas. Uma vez dispostas estas
em triângulo ou quadrado envolvendo o fogo, arma-se com varas um estrado,
sobre o qual será depositada a caça a ser moqueada. É o processo ideal para
assar peixes. Entretanto, para se ter um cozimento mais uniforme, convém,
sobre o estrado, fazer uma cobertura com folhas largas, antes de lançar os
peixes.

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Se o sobrevivente dispuser de tempo e a caça tiver sido


abundante, poderá ainda salgar as peças antes de moqueá-las, pois, sendo o sal
um elemento higroscópico, a retirada da água (desidratação) será bem mais
eficiente e a conservação pelo sal poderá fazê-las durar até um mês.

Fig. 14. Fogão de moquém ou moquear.


4) Fogão Móvel (Fig. 15) - É o fogão feito com três varas de
aproximadamente um metro e vinte, amarradas no alto formando um vértice,
enquanto suas pontas no solo formam um triângulo equilátero. A 1/3 de sua
altura, três estacas são amarradas horizontalmente com cipó, a fim de fixar o
conjunto e permitir ainda a armação de uma grelha. Com este tipo de fogão,
poderá o fogo ser deslocado para diferentes locais, estando ele sempre pronto e,
inclusive, com a grelha podendo ser utilizada para moquear.

Fig. 15. Fogão móvel


5) Fogão de Fosso - O fogo é feito numa depressão do terreno ou
num fosso cavado, onde, como melhoria, podem ser colocados, lateralmente,
dois toros de lenha no sentido longitudinal. Obtém-se assim uma maior
profundidade, evitando-se ainda a ação do vento.
6) Fogão de Chapa (Fig.16) - O fogo é feito numa depressão do
terreno ou num fosso cavado, onde, como melhoria, podem ser colocados
lateralmente dois toros de lenha no sentido longitudinal. Obtém-se assim uma
maior profundidade, evitando-se ainda a ação do vento. Acrescenta-se a este
fogão uma chapa obtida de uma fuselagem de aeronave.

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PLANO DE SESSÃO

Fig. 16. Fogão de chapa

7) Fogão de Tabatinga (Fig.17) – O fogo é feito e em


seguida a brasa é colocada dentro do fogão. Este é feito montando uma armação
de madeira, em seguida colocando-se barro de tabatinga por cima; possui um
suspiro na parte de cima; existe apenas uma entrada. Após verificar que a parte
interna está quente retira-se as brasas e coloca a caça ou pesca para ser
preparada envolvida com folha e tabatinga. Em seguida, fecha-se a entrada com
tabatinga. Após verificar as rachaduras no fogão é que o sobrevivente saberá
que a caça ou a pesca esteja já em condições de consumo.

Fig. 17. Fogão de tabatinga

8) Fogão de Pressão (Fig.18) – O fogo é feito fora e em seguida a


brasa é colocada dentro do fogão. Este fogão consiste em um buraco de mais ou
menos um palmo de profundidade, sendo colocado barro de tabatinga em suas
laterais, pedras e uma vara de madeira no seu centro.
Após aquecer as pedras retira-se as brasas, cobre-se as pedras com
areia, coloca-se o material de consumo em cima da areia e envolvido por folhas
de sororoca ou similar, para evitar o contato direto da carne com a areia. A
vareta servirá para derramar água para produzir mais vapor.

Fig. 18. Fogão de pressão

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PLANO DE SESSÃO

9) Fogão de Trempe (Fig.19) - É o fogão feito com três varas de


aproximadamente um metro e vinte, amarradas no alto formando um vértice,
enquanto suas pontas no solo formam um triângulo equilátero. No vértice é
amarrado com cipó uma vareta com um gancho invertido. Com este tipo de
fogão, poderá o fogo ser deslocado para diferentes locais, estando ele sempre
pronto e, inclusive, com o gancho podendo ser utilizado para moquear.

Fig. 19. Fogão de trempe

III – CONCLUSÃO
- Retificação da aprendizagem;
- Retirada de dúvidas.

2º Ten Lucas Matheus


Instrutor

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