O show de lançamento de Emicida no Teatro Municipal é simbólico, e um marco
temporal para a cultura preta. Por isso, a apresentação e os vídeos nos
bastidores ditam a linha narrativa do documentário. O espaço cultural localizado no centro de São Paulo, palco do rapper naquele novembro de 2019, também deu lugar a outros momentos históricos.
Foi nas escadarias do Municipal, em 7 de julho de 1978, que centenas de
manifestantes negros protestaram em razão da violência racial contra quatro garotos do time de voleibol infantil do Clube de Regatas Tietê e contra um homem acusado de roubar frutas em uma feira, que acabou preso, torturado e morto. Tudo isso no auge da ditadura civil-militar. Naquele dia, surgiu o Movimento Negro Unificado (MNU).
Como lembra Emicida em seu documentário, a ocupação do Teatro Municipal é
uma reparação histórica. Apesar de construído por mãos negras, o local foi excludente para essas pessoas. Sua ocupação no Municipal não é só individual, mas coletiva. “A ideia é construir um movimento dentro de um espaço físico. Quando a gente subir naquele palco, vai ser a noite que transformou a vida de muita gente”, diz ele.