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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DA CATEPA

(Aprovado por Decreto nº 132/17, de 19 de Junho)


Departamento de Investigação Científica em Graduação e Pós-graduação

A TUTELA INSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO ORDENAMENTO


JURÍDICO ANGOLANO

Autor: Carlos Manuel José Berenguel


Orientador: MsC. Samuel Lumbanje Mulula

Malanje

2022
Carlos Manuel José Berenguel

A TUTELA INSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO ORDENAMENTO


JURÍDICO ANGOLANO

Relatório apresentada ao Departamento de Investigação


Científica em Graduação e Pós-graduação do Instituto
Superior Privado da Catepa, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Sociais e
Humanas, Curso de Direito.

Orientador: Professor Andrade Mulula João, MsC.

Malanje
2022
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

FICHA CATALOGRÁFICA

Instituto Superior Politécnico Privado da Catepa – ISCAT


Director Geral: Lola Ndofusu, PhD
Director Geral Adjunto para Área Científica: Oscar Guilherme de Almeida, PhD
Chefe de Departamento de Investigação Científica: Pedro Félix Chioia, PhD
Coordenadora do Curso de Direito: Antônio Andrade, Lic

Carlos Manuel José Berenguel

A TUTELA INSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO ORDENAMENTO


JURÍDICO ANGOLANO.

Orientador: Professor Samuel Mulula, MsC.

Relatório – Instituto Superior Politécnico Privado da Catepa Licenciatura em


Ciências Sociais e Humanas, Curso de Direito.

Tutela Inspectiva; Ordenamento; Jurídico

1 – Carlos Berenguel Nascido: 11 de Novembro de 1964

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

FICHA DE APROVAÇÃO

Carlos Manuel José Berenguel

A TUTELA INSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO


ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO

Relatório Científico apresentado ao Instituto Superior Politécnico Privado da


Catepa, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Direito.

COMISSÃO JULGADORA

Presidente do corpo de júri: Professor Maravilho Quifamessa, MsC.

Primeiro arguente: Professor Bartolomeu Mateus, MsC.

Segundo arguente: Professor Samuel Mulula, MsC.

Malanje, aos 18 de Outubro de 2022

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

DECLARAÇÃO
Nome:
Carlos Manuel José Berenguel
BI/Passaporte Telemóvel
002330372ME032 923745133
Correio Electrónico
carloas_berenguel@hotmail.com
Título do Relatório Científico
A TUTELA INSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO ORDENAMENTO
JURÍDICO ANGOLANO.

Nome do Orientador
Professor Samuel Mulula, MsC.
Ano de Conclusão
2022
Designação do Ramo de Conhecimento
Curso de Direito
Declara-se sobre compromisso de honra que o Relatório Científico agora
entregue corresponde à que foi aprovada pelo Conselho Científico da Instituto
Superior Politécnico Privado da Catepa (ISCAT).
Declara-se ainda que seja concedida ao ISCAT uma licença não exclusiva
para arquivar e tornar acessível, nomeadamente através da sua biblioteca, nas
condições abaixo indicadas, Relatório Científico em suporte impresso e em suporte
digital, sendo a autorização concedida a título gratuito.
Declara-se que, ao enviar-se o material em suporte impresso e digital,
autoriza-se ao ISCAT um exemplar, que se remete em anexo, ou o exemplar que
possui nas suas bibliotecas. Retendo todos os direitos de autora relativos à
monografia, e o direito de usá-la em trabalhos futuros (como artigos ou livros).
Concorda-se que a Relatório Científico seja colocada na biblioteca do ISCAT.
Malanje, aos ______/______/___________

O declarante
__________________________

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus colegas e amigos de curso, que assim como eu
encerram uma difícil etapa da vida acadêmica. Dedico este trabalho a todo
o curso de Direito INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DA CATEPA,
corpo docente e discente, a quem fico lisonjeado por dele ter feito parte. À minha
toda família, minha razão de viver

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

AGRADECIMENTOS

Agradece-se em primeira instância a Deus por me ter concedido a vida e a


saúde para ter esta força de vontade e alcançar os meus objetivos.
Estendem-se os mesmos agradecimentos a Direcção do Instituto Superior
Politécnico Privado da Catepa, aos funcionários não docente e especificamente aos
estimados professores do Curso de Direito.
De igual modo agradeço de forma especial ao Professor e Mestre Samuel
Mulula , orientador desse Relatório Científico, pela dedicação e sabedoria usada na
partilha de conhecimentos que ficarão marcados em toda vida.
De igual modo, agradeço a minha querida esposa pelo apoio incondicional
que sempre me proporcionou, principalmente nos momentos mais críticos, sempre
expressando sempre palavras e gestos de encorajamento.
Aos meus queridos filhos pelos sacrifícios financeiros e sociais consentidos
durante a minha formação.
Aos colegas e amigos exprimo os sentimentos de gratidão que preenche o
carinho e a consideração de muitos momentos partilhados, que ajudaram de forma
direita ou indiretamente a conclusão dessa formação.
Por motivos académicos, não foi possível mencionar todos os nomes. Mas
todos se sintam acolhidos neste coração magnânimo. O meu muito obrigado.

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

RESUMO

O Relatório cientifico discute a problemática da Tutela inspectiva da administração


pública a luz do ordenamento jurídico angolano, neste âmbito, a título de resumo
importa fazer referência do Estatuto Orgânico da Inspecção Geral da Administração
do Estado (IGAE), aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 242/20, de 28 de
Setembro, a IGAE é o órgão auxiliar do Presidente da República e Titular do Poder
Executivo, com a missão de efectivar o controlo interno da Administração Pública,
por via da Inspecção, Fiscalização, Auditoria, Supervisão, Controlo, Sindicância e
Averiguações da actividade de todos os órgãos, organismos e serviços da
Administração Directa e Indirecta do Estado, bem como das administrações
autónoma.

Tendo em conta o elevado número de abusos de poder, desvios do erário público,


fraudes, subornos, peitas e actos indecorosos na função pública, e atendendo a
necessidade de maior lucidez, rigorosidade, zelo, dedicação, honestidade, por parte
dos funcionários públicos, no âmbito do exercício das suas funções que são
claramente de carácter públicas, O Estado, por via do poder Executivo, criou um
órgão auxiliar e autónomo (IGAE), para dar resposta a esta situação, praticando este
actos inspectivos para promover a boa governação através da fiscalização, do
aperfeiçoamento, aumento da eficácia e eficiência da actividade administrativa do
Estado e boa gestão dos recursos financeiros, patrimoniais públicos através do
controlo, das tarefas acometidas aos órgãos, organismos e serviços da
administração do Estado sujeitos à sua intervenção;

No exercício da sua Actividade Inspectiva, isto é nos anos idos, a IGAE sempre
pautou pelo Modelo da Auto-inspecção. Este Modelo contribuiu bastante para o
estado de coisas que temos hoje, nomeadamente, o conflito de interesses (privado-
público) e a proliferação da corrupção na administração pública.

Palavras-chave: Tutela, Inspectiva, Administração Pública

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

ABSTRACT

The Scientific Report discusses the issue of Inspective Guardianship of public


administration in the light of the Angolan legal system, in this context, by way of
summary, it is important to refer to the Organic Statute of the General Inspectorate of
State Administration (IGAE), approved by Presidential Decree n.º 242/20, of 28
September, the IGAE is the auxiliary body of the President of the Republic and
holder of the Executive Power, with the mission of carrying out the administrative
internal control of the Public Administration, through Inspection, Supervision, Audit,
Supervision, Control , Inquiry and Investigation of the activity of all bodies, agencies
and services of the Direct and Indirect Administration of the State, as well as the
autonomous administrations.
Taking into account the high number of abuses of power, embezzlement of public
funds, fraud, bribes, kickbacks and indecent acts in the public sector, and given the
need for greater lucidity, rigor, zeal, dedication, honesty, on the part of public
officials, within the scope of the exercise of its functions, which are clearly of a public
nature, the State, through the Executive branch, created an auxiliary and
autonomous body (IGAE), to respond to this situation, carrying out these inspection
acts to promote good governance through supervision, improvement, increase in the
effectiveness and efficiency of the State's administrative activity and good
management of financial resources, public property through control, of the tasks
assigned to the bodies, agencies and services of the State administration subject to
its intervention;
In the exercise of its Inspection Activity, that is in the past years, the IGAE has
always guided by the Self-inspection Model. This Model contributed a lot to the state
of affairs that we have today, namely, the conflict of interests (private-public) and the
proliferation of corruption in public administration.

Keywords: Guaedianship, Inspection , Administraction Public.

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

ÌNDICE
FICHA CATALOGRAFICA
FICHA DE APROVAÇÃO
DECLARAÇÃO
DEDICATORIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT

INTRODUÇÃO (2 a 3 paginas)---------------------------------------------------------------------4
CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA (2 a 3 paginas)-----------------------------------------------7
1.1. Problema Científico-----------------------------------------------------------------------7
1.2 Objectivos de estudos-----------------------------------------------------------------7
1.2.1 Objectivo Geral--------------------------------------------------------------------------7
1.2.2 Objectivos específicos-----------------------------------------------------------------7
1.3. Importancia ou justificação do estudo---------------------------------------------7
1.4 Delimitação do Estudo-----------------------------------------------------------------8

CAPÍTULO II –OPÇÕES METODOLÓGICAS (2 a 4 paginas)-----------------------------9


2.1. Modo de pesquisa---------------------------------------------------------------------------9
2.2. Hipóteses (Opcional)----------------------------------------------------------------------10
2.3. Variáveis (Opcional)-----------------------------------------------------------------------11
2.4. Objecto do Estudo-------------------------------------------------------------------------11
2.5. Instrumento de Investigação------------------------------------------------------------11
2.6. Tratamento e Processamento da Informação---------------------------------------11

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

INTRODUÇÃO

Tendo em conta o elevado número de abusos de poder, desvios do erário público,


fraudes, subornos, peitas e actos indecorosos na função pública, e atendendo a
necessidade de maior lucidez, rigorosidade, zelo, dedicação, honestidade, por parte
dos funcionários públicos, no âmbito do exercício das suas funções que são
claramente de carácter públicas, O Estado, por via do poder Executivo, criou um
órgão auxiliar e autónomo (IGAE), para dar resposta a esta situação, praticando este
actos inspectivos:
Para promover a boa governação através da fiscalização, do aperfeiçoamento,
aumento da eficácia e eficiência da actividade administrativa do Estado e boa gestão
dos recursos financeiros, patrimoniais públicos através do controlo, das tarefas
acometidas aos órgãos, organismos e serviços da administração do Estado sujeitos
à sua intervenção;

Contribuir para a educação e consciencialização dos funcionários e agentes da


Administração Pública no espírito da observância rigorosa da legalidade e da
disciplina no respeito dos bens públicos e privados que estejam sob sua
responsabilidade, institucional e para a promoção de medidas de acomodação
material dos titulares de cargos públicos;

Recomendar a adopção de medidas que visam prevenir, corrigir e eliminar os erros


e irregularidades cometidos pelos órgãos, organismos e serviços da Administração
do Estado, no exercício das suas atribuições e competências, bem como para a
reintegração do interesse público e da legalidade violada;

Formular recomendações e propostas em função dos resultados da sua actividade,


visando uma actuação coordenada e eficiente dos serviços;
Cooperar na regularização das actuações e uniformização de critérios e adaptações
organizativas e procedimentos que contribuam e facilitem a tomada de decisões
conducentes ao melhor e eficiente cumprimento dos programas do Executivo;
Velar pelo aumento da eficácia, eficiência e excelência dos serviços prestados pela
Administração Pública;

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

CAPÍTULO I- PROBLEMÁTICA

1.1. Problema Científico:


De que forma a Tutela Inspectiva da Administração Pública poderá
ser melhor entendidos pelos Funcionários e Agentes Administrativos na Província
de Malanje?

1.2. Objectivos do Estudo


1.2.1. Objectivo Geral: Contribuir para o melhor entendimento da Tutela Inspectiva
da Administração Pública por parte dos Funcionários Públicos e Agentes
Administrativos.

1.2.1. Objetivos Específicos:

1- Conceituar os termos e definições.


2- Descrever as razões da existência da Tutela Inspectiva da administração
pública nos Serviços Públicos.
3- Analisar o impacto da Tutela Inspectiva da administração pública do Estado
nos Serviços Públicos.
4- Identificar as vantagens e desvantagens da Tutela Inspectiva da
administração pública.

1.3. Importância ou justificação do Estudo


1- A escolha deste tema justifica-se pelo facto da importância que encerra esta
Área ao nível da Administração Pública, mormente a sua actuação junto dos
órgãos da Administração Local do Estado, com adopção de medidas que
visam prevenir, corrigir e eliminar os erros e irregularidades cometidos pelos
Funcionários e Agentes Administrativos no exercício das suas atribuições e
competências, bem como para a reintegração do interesse público e da
legalidade violada;

2- O facto do autor desta obra ser parte integrante deste órgão, constitui uma
mais valia, trazer ao de cima a sua experiencia durante quase 15 anos como
Inspector.
1.4. Delimitação do Estudo
No presente trabalho, trataremos de abordar a temática relativa a Tutela Inspectiva
da Administração Pública no Ordenamento Jurídico Angolano, na cidade de Malanje.
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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

CAPÍTULO II- OPÇÕES METODOLÓGICAS

2.1. Modo de Pesquisa

O modo pesquisa utilizado neste trabalho é a Descritiva, visto que procuramos


descrever a Tutela Inspectiva da Administração Pública no Ordenamento Jurídico
Angolano.

No presente trabalho foram utilizados os métodos teóricos de investigação de


análise lógica e histórica e da pesquisa bibliográfica.

Assim sendo entende-se que neste trabalho fez-se o método de pesquisas indirecta,
na qual utilizaram-se dados de diversas formas como livros e sites.

2.2. Hipótese:

Se houver mais Debates e Palestras nos Serviços Públicos, a Tutela Inspectiva da


Administração Pública no Ordenamento Jurídico Angolano, poderão ser melhor
entendidos pelos Funcionários Públicos e Agentes Administrativos.

2.3.Variáveis

O nosso trabalho tem como variáveis:

a) Variável independente: a Tutela Inspectiva da Administração Pública.


b) Variável dependente: no Ordenamento Jurídico Angolano.

2.4. Objecto de Estudo:

O presente trabalho tem como objecto de estudo, a Tutela Inspetava da


Administração Pública no Ordenamento Jurídico Angolano.

2.5. Instrumento de Investigação

Para elaboração do presente trabalho recorremos ás bibliografias encontradas nas


livrarias e bibliotecas acadêmicas bem como discursos orientadores.

2.6. Tratamento e Processamento da Informação

Os dados foram processados por meios informáticos (computadores e pen-drive).

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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

O programa foi o Word.

CAPÍTULO III- DISCUSSÃO ETIMOLÓGICA, DOUTRINÁRIA E CIENTÍFICA

3.1.1. Etimologia da palavra Tutela

A palavra tutela tem origem no Latim, do verbo tuere que significa proteger, vigiar,
defender alguém. Este instituto remonta à Roma antiga, que nomeava um tutor ao
menor impúbere, quando órfão. Este tutor, geralmente era alguém da família, tinha o
encargo de administrar os bens do tutelado, evitando assim a sua dilapidação 1

3.1.2 Tutela (Conceitos)

Segundo DIOGO FREITAS DO AMARAL, a tutela administrativa traduz-se " no


conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa colectivas pública na gestão de
outra pessoa colectiva, afim de assegurar a legalidade ou o mérito da sua actuação.

MARCELO CAETANO, considera que o objectivo da tutela é coordenar os


interesses próprios da entidade tutelada com interesses mais amplos, representados
pelo Órgão contudo, considera que esta ideia vai um pouco além, uma vez que abre
caminhos excessivos relativos a intervenção estadual na vida das entidades
descentralizadas.

Já o Professor MARCELO REBELO DE SOUSA define tutela administrativa como


sendo o " poder detido pelo Estado-Administração, consistente no controlo da gestão
de outra pessoa colectiva integrada na Administração Pública, seja ela pública ou
privada e visando salvaguardar a legalidade ou mérito da sua actuação.

Em nosso entender, e de acordo com a realidade angolana, o Professor Marcelo


Rebelo de Sousa é assertivo por quanto que o decreto Presidencial nº 242/ 20 , de
28 de Setembro, que cria a IGAE, no seu artigo 1º ( objecto e natureza) atribui a
IGAE a missão de efectivar o controlo interno administrativo da Administração
Pública por via da Inspecção, Fiscalização, Auditoria, Supervisão Controlo,
Sindicância e Averiguações da Actividade de todos os òrgãos, organismos e

1
Estudo disponível: www jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=822&id_titulo=&pagina=2 consulta realizada
no dia 18/11/22
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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

serviços da Administração Directa e Indirecta do Estado e das Administrações


Autónomas, com vista a prevenir, fraudes, actos de corrupção e de improbidade etc.

Ainda nesta senda, a IGAE, também intervém em entes privados, desde que aja
conexão de interesses, de acordo com o artigo 7º ( Atribuições Específicas) na sua
alínea e) do Decreto Supra citado. " Fiscalizar entidades dos Sectores Privados e
Cooperativo, quando estabeleçam relações financeiras com o Estado.

Em nosso entender e fazendo uma analogia, o Professor Marcelo Caetano,


salvaguarda as entidades descentralizadas que não devam ser alvo de inspecções
por parte da IGAE, no caso do nosso país. Já os Professores Marcelo Rebelo de
Sousa e Diogo Freitas do Amaral, são apologistas numa abrangência inspectiva
quer aos entes públicos e excepcionalmente aos entes privados quando a
necessidade obrigar.

3.1.1. Etimologia e conceito da palavra Inspectiva

3.1.2 Inspectiva: Relativo a Inspecção ou acto de inspecionar. Exemplo: Acção


Inspectiva, Processo Inspectivo.

De acordo com Wikipédia, a palavra Inspecção provém do Latim INSPECER “Olhar


para examinar “Significa, examinar ou observar com atenção os detalhes. O termo
pode se referir a uma análise criteriosa feita com objectivo de encontrar problemas
ou a um estudo técnico detalhado

1 - A Administração Pública

O termo administrar vem do latim administrare que, conjugando ad e minister,


significa, servir alguma coisa ou ir numa direcção subordinado a algo 2, ou seja é o
acto de gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com o objectivo de alcançar metas
definidas. Sendo que, no latim clássico, ministrare significa servir uma incumbência.
A palavra administrar significa não só prestar serviços, executá-lo, como também,
dirigir, governar, exercer a vontade, com o objectivo de obter um resultado útil. Até
no sentido vulgar, administrar quer dizer traçar um programa de acção e executá-lo.

Administrar pressupõe gerir sempre qualquer coisa: património individual ou familiar,


uma casa ou empresa, um concelho ou Estado. A ideia de administrar implica
2
OTERO, Paulo – Manual de Direito Administrativo, Coimbra: Edições Almedina, 2012, I vol. p. 19.
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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

manejo de recursos: dinheiro, bens ou serviços no fito de lograr certas utilidades,


quer actuais ou futuras. A administração compreenderá o conjunto de decisões e
operações mediante as quais, alguém procure prover a satisfação regular das
necessidades humanas, obtendo e empregando racionalmente para esse efeito os
recursos adequados3.

Nessa mesma linha, escreveu Afonso Queiró que, o termo administrar remonta as
suas origens às expressões latinas ad ministrare (servir) e ad manus trahere
(manejar). Para aquele professor, administrar seria agir ao serviço de determinados
fins e com vista a realizar certos resultados.

O conceito de Administração somente pode ser apreendido no contexto de um grupo


humano: administrar é algo que passa por estruturar um grupo humano em função
dos fins que este se propõe atingir. Ora, um grupo humano estruturado em função
dos fins a atingir é uma organização.

Administrar é uma actividade que se concretiza na combinação de meios humanos,


materiais e financeiro levada a cabo no seio de uma organização; administrar é uma
acção humana que consiste exactamente em prosseguir certos objectivos através do
funcionamento de uma organização4.

A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

O estudo da Administração Pública, em geral, compreendendo a sua estrutura e as


suas actividades, deve partir do conceito de Estado, sobre o qual repousa toda a
concepção moderna de organização e funcionamento dos serviços públicos a serem
prestados aos administrados.

A organização do Estado é matéria constitucional no que à divisão política do


território nacional, a estruturação dos poderes, à forma de Governo, ao modo de
investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados 5.

3
CAETANO, Marcello – Manual de Direito Administrativo, Coimbra: Almedina, 10ª ed., 2010, I vol. p.
4
CAUPERS, João – Introdução à Ciência da Administração Pública, Lisboa: Âncora Editora, 2002, p. 11-12
5
MEIRELLES, Hely Lopes – Direito Administrativo Brasileiro, S. Paulo: Malheiros Editores, 2014, p.
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A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

A organização administrativa, também, é considerada como primeiro momento da


Administrativa Pública, o seu momento estático e de feição institucional
(permanência, constância, regularidade). É neste domínio, onde se projectam as
normas orgânicas (regulamentos administrativos) que fazem parte do conteúdo do
Direito Administrativo, pois que é através deste tipo de normas jurídico-
administrativas que regula a Organização da Administração Pública, estabelecendo,
com efeito, as entidades públicas que dela fazem parte, definindo a sua estrutura
interna, as atribuições e competências das pessoas colectivas públicas e dos
órgãos, respectivamente. Entram em liça figuras e conceitos:

a) As pessoas colectivas públicas, órgãos administrativos e serviços públicos


(elementos de organização administrativa);
b) Concentração e desconcentração, centralização e descentralização, e
integração e devolução de poderes (sistemas de organização administrativa
e;
c) Os princípios fundamentais da organização administrativas que, dependerá
em grande medida da consagração constitucional que destes se fizer no
respectivo diploma fundamental, mas têm em comum a adopção dos
princípios da legalidade, da participação

A organização administrativa é o conjunto estruturado de unidades organizatórias,


que desempenham, a título principal, a função administrativa, tem como elementos
as pessoas colectivas de direito público, que se manifestam através de órgãos
administrativos e os serviços públicos, que pertencem a cada ente público e que
actuam na dependência dos respectivos órgãos6.

Face ao direito positivo angolano, as espécies das pessoas colectivas públicas são:
1- Estado;
2- Autarquias locais7;
3- Institutos públicos;
4- Empresas públicas;

6
OLIVEIRA, Fernanda Paula, DIAS, José Eduardo Figueiredo – Noções Fundamentais de Direito, Coimbra:
Almedina, 2013, p. 51.
7
Embora previstas nos arts. 145º e 146º da L. 23/92 de 16 de Setembro (Lei de Revisão Constitucional) e artº
217º da CRA de 2010, as Autarquias locais continuam a ser um sonho para os angolanos, pois, ainda, não foram
implementadas em nenhum dos cerca de 163 municípios que compõem o país, ou ainda tendo em conta as
especificidades culturais, históricas e o grau de desenvolvimento em uma das 18 províncias que compõem o
país.
17
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

5- Associações públicas;
6- Autoridades tradicionais. 8

Todavia, neste capítulo, interessa-nos aqui abordar, a organização administrativa


dos entes públicos, em especial o Estado enquanto pessoa colectiva pública que, no
seio da comunidade, desempenha sob direcção do PR, Titular do Poder Executivo, a
actividade administrativa.

O estudo da organização administrativa angolana deve ser feito a partir dos


princípios estruturantes do sistema constitucional e do regime político. A este
respeito, refira-se o princípio do Estado de direito e democrático, consagrado no art.
2º da CRA e, sendo um princípio constitutivo, material, procedimental e formal, visa
dar resposta ao problema deconteúdo, extensão e modo de proceder da
organização e actividade do Estado, subsaindo neste princípio da separação de
poderes e a gestão participada da administração, bem como outros:
descentralização; desconcentração; da autonomia local; da colegialidade; da
desburocratização e da aproximação dos serviços as populações etc. 9

O conceito de organização pública integra quatro elementos essenciais:

a) Um grupo humano;

b) Uma estrutura, isto é, um modo peculiar de relacionamento dos vários elementos


de organização entre si e com o meio social que ela insere;

c) O papel determinante dos representantes da colectividade no modo como


estrutura a organização;

d) Uma finalidade, a satisfação de necessidades colectivas predeterminadas.

Portanto, segundo o disposto no nº 1 do art. 105º da CRA, são órgãos de soberania


do Estado angolano os seguintes: Presidente da República, Assembleia Nacional
e os Tribunais10.

8
FEIJO, Carlos, PACA, Cremildo – Direito Administrativo, Luanda: Maiamba Editora, 2013, p. 124.
9
Idem, Op. Cit., p.175- 177.
10
A luz do art. 53º da Lei nº 23/92 de 16 de Setembro Lei de Revisão Constitucional, os órgãos de soberania da
Republica de Angola eram: o Presidente da República, Assembleia Nacional, Governo e os Tribunais. Portanto a
luz da Constituição vigente foi amputado o número de órgãos de soberania, ou seja o governo deixou de o ser.
18
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

A Administração Pública pode ser estadual e não estadual. Na Administração


estadual teremos o Estado, directa e imediatamente através dos seus órgãos e
serviços encabeçados pelo respectivo Governo, a assegurar a realização do
interesse público. É a Administração estadual directa em que irá reflectir o nosso
estudo e, portanto, nessa forma de administração poderemos encontrar as figuras
da hierarquia administrativa, do poder de direcção, o dever de obediência, a
centralização, a concentração e desconcentração administrativas, dos órgãos
administrativos centrais e locais.

O Estado é a principal entidade pública, com características próprias, distintas das


demais entidades públicas, consideradas, menores, tendo como órgão superior o
Presidente da República enquanto titular do Poder Executivo, segundo o disposto no
art. 108º da CRA, sendo reservadas aos entes menores do tipo institucional ou
associativo a prossecução de fins singulares e que dependem, em regra, embora de
grau diverso o órgão principal do Estado: o Presidente da República que exerce nos
termos da Constituição e da Lei os poderes de Superintendência e tutela
administrativa.

A Administração Directa do Estado

Incluem-se na administração directa do Estado os serviços centrais e periféricos que


estão sujeitos ao poder de direcção do respectivo membro do Governo (Executivo),
designadamente os serviços que envolvem o exercício de poderes de soberania,
autoridade e representação política do Estado ou o estudo e concepção,
coordenação, apoio e controlo ou fiscalização de outros serviços administrativos.

Algumas das funções da Administração directa do Estado podem ser objecto de


concessão ou delegação a entidades privadas, por prazo fixo114.

4.1.1. O Presidente da República

O Presidente da República enquanto Titular do Poder Executivo é, do ponto de vista


administrativo, o órgão principal da administração central do Estado, incumbido do
Poder Executivo. Todavia, o Presidente da República é simultaneamente órgão
político e órgão administrativo, porém no nosso estudo incidirá, apenas, enquanto
órgão administrativo.
19
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

Principais funções do Presidente da República

Do ponto de vista da competência constitucional, o PR está investida de


competências na qualidade de Chefe de Estado, titular do Poder Executivo, nas
relações internacionais, como Comandante em Chefe da Forças Armadas e em
matérias ligadas a Segurança Nacional, Todavia, as competências que nos
interessam são aquelas que dizem respeito ao Presidente da República enquanto
titular do Poder Executivo, previstas no art. 120º CRA em que se destacam:

a) A definição da orientação política do país, nos ternos da Constituição;

b) A direcção da política geral de governação do país e da Administração Pública;

c) A submissão à Assembleia Nacional a proposta do OGE;

d) A direcção dos serviços e a actividade da administração directa do Estado, civil ou


militar, superintendência da administração indirecta e o exercício da tutela sobre a
administração autónoma;

e) A definição da orgânica e estabelecer a composição do Poder Executivo;

f) O estabelecimento do número e a designação dos Ministros de Estado, Ministros,


Secretários de Estado e Vice-Ministros;

g) A definição a orgânica dos Ministérios e aprovar o regimento do Conselho de


Ministros;

h) A solicitação à Assembleia Nacional autorização legislativa, nos termos da


Constituição;

i) O exercício da iniciativa legislativa, mediante propostas de lei apresentadas à


Assembleia Nacional;

j) A convocação e a presidência das reuniões do Conselho de Ministros e fixação da


sua agenda de trabalhos;

k) A direcção e orientação da acção do Vice-Presidente, dos Ministros de Estado,


Ministros e Governadores;
20
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

l) A elaboração de regulamentos necessários à boa execução das leis.

Diante desse paradigma constitucional o Presidente de República exerce o poder


administrativo de forma unipessoal, ou seja é o único órgão da administração do
Estado angolano115,116que no desempenho da função administrativa exerce
competências próprias, enquanto os demais órgãos as suas competências advêm
de forma derivada por meio de acto de delegação de competências.

A Presidência da República é o supremo e independente representante do Poder


Executivo, enfeixando todas as actividades administrativas superiores de âmbito
nacional, de política, planeamento, coordenação e controle do desenvolvimento
socioeconómico do país e da segurança nacional. 117 perfazendo um total de 54
competências que ao nosso ver são muitas para uma só individualidade.

Portanto, o PR é um órgão de soberania, o Chefe de Estado, o Titular do Poder


Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas. É o PR a mais
alta autoridade política da Nação e da Administração do Estado, representa a Nação
a nível interno e internacional, garante a unidade do Estado, a independência do
país, a integração nacional, assegura o cumprimento da Constituição e das leis,
promove e garante o regular funcionamento dos órgãos do Estado, define e dirige a
política geral de governação do país e da Administração Pública e conduz o sistema
de segurança nacional118.

O sistema de governo angolano, acolhido na CRA, resultou do proposto pelo


Projecto “C” da Comissão Constitucional, o qual caracterizava expressamente o
sistema de governo proposto como presidencialista-parlamentar. Apesar desta
designação, trata-se de um sistema presidencial, o qual, na realidade, se traduz num
regime hiperpresidencialista, atentos os amplos poderes que são conferidos pela
CRA ao PR119.

Segundo, o professor Gomes Canotilho alguns autores consideram redutora a


alusão acrítica ao sistema presidencialista. Pois, não há regime ou sistema
presidencialista. A matriz originária (a matriz presidencialista americana) sofre tantos
desvios que o melhor será falar de “presidencialismo”. O presidencialismo latino-
americano é o exemplo mais elucidativo. Embora com especificidades nos vários
estados latino-americanos, o sistema presidencialista destes estados acentua
21
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

disfunções político-organizativas; 1 – os amplos poderes do Presidente, ordinários e


extraordinários derivados do facto de o Presidente ser, ao mesmo tempo, Chefe de
Estado e Chefe do Governo, alicerçam uma confusão e concentração de poderes
executivos e legislativos (cita como ex.: as medidas provisórias no sistema
presidencialista brasileiro; 2- esta confusão e concentração perturba o sistema de
cheks and balances, o que conduz a insuficiência notória de controlos institucionais
(por parte por ex.: do parlamento ou do poder judiciário sobre os actos presidenciais.
Daí a designação de presidencialismo120, ou melhor hiperpresidencialista como
atrás referimos11.

Na qualidade de Titular do Poder Executivo, tendo em conta o sistema de governo


atípico12, agora, adoptado é de base parlamentar e o executivo é um órgão
unipessoal assente num modelo em que o Presidente da República é o Chefe de
Estado, titular do Poder Executivo, e o Comandante em Chefe das Forças Armadas
(nº 1 do art. 108º da CRA).

Os Ministros de Estado e os Ministros, embora mantendo pastas e designações


evocativas e outras novas, da anterior estrutura governamental, são agora órgãos
auxiliares do Presidente da República, com competências delegadas pelo PR,
enquanto Chefe de Estado por um lado, e Titular do Poder executivo, por outro lado,
como único órgão primário da Administração central do Estado com competências
dispositivas.

Uma posição bastante crítica é assumida pelo professor Jorge Miranda, que chega a
qualificar o sistema de governo adoptado pela CRA fora do quadro dos sistemas de
governo democráticos. Alude o professor que o sistema angolano aproxima-se ao
sistema de governo representativo simples, a que configuravam e nos reconduziriam
a do tipo da monarquia cesarista francesa de Bonaparte, a república corporativa de
Salazar segundo a constituição de 1933, a do governo militar brasileiro segundo a
Constituição de 1967 – 1969.13

11
CANOTILHO, José Joaquim Gomes – Direito Constitucional e Teoria da constituição, Coimbra: Almedina, 7ª
ed., 2003, p. 588.
12
GOUVEIA, Jorge Bacelar – Direito Constitucional de Angola, Apud, Israel Bonifácio, Lisboa: IDILP, 2014, p.
398.
13
Gouveia, Jorge Bacelar, Direito constitucional de Angola, Apud, MIRANDA, Jorge – A Constituição de Angola
de 2010, Lisboa: IDILP, 2014, p.400.
22
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

Porém, não é esta a opinião manifesta pelo professor Bacelar Gouveia que insere a
realidade político-constitucional angolana dos regimes democráticos pelas seguintes
razões:

a) A legitimação dos órgãos políticos é democrática, sendo aferida por eleições


pluripartidárias com sufrágio directo e universal;

b) Controlo parlamentar e jurisdicional sobre o poder executivo;

c) As liberdades públicas de natureza política são reconhecidas, incluindo a


liberdade de imprensa e a liberdade de criação de partidos políticos.

Quanto a nós perfilhamos a posição adoptada pelo ilustre professor Bacelar


Gouveia, pela terceira razão, discordamos, contudo, a primeira e a segunda, pois o
PR não é eleito como um verdadeiro candidato a PR, pois não apresenta a sua
candidatura como PR, mas sim como candidato a deputado à Assembleia Nacional
na posição número um da lista partido ou de coligação de partidos.

Tipos de Tutela Administrativa

 As principais espécies de tutela administrativa distinguem-se quanto ao fim e


quanto ao conteúdo.
 Ora, quanto ao fim a tutela divide-se em tutela de legalidade e tutela de
mérito.
 Tutela de legalidade: visa controlar a legalidade das decisões da entidade
tutelada;
 Esta apura se a decisão da entidade tutelada é ou não conforme à lei.
 Tutela de mérito: visa controlar o mérito das decisões administrativas da
entidade tutelada.

Esta questiona se a dita decisão, independentemente de ser ou não legal, é uma


decisão conveniente ou inconveniente, oportuna ou inoportuna, correta ou incorreta
do ponto de vista administrativo, técnico, financeiro, etc.

Note-se que tanto a tutela de legalidade como a tutela de mérito são criação
do bloco de legalidade não incluindo os regulamentos administrativos, os contratos
de administração e os atos administrativos.
23
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

Exemplos entidades sujeitas a estes dois tipos de tutela são aquelas que
pertencem à Administração indiretamente dependente da Administração central, e
ainda as Universidades públicas.

Por seu turno, apenas estão sujeitas a tutela de legalidade, por exemplo, as
autarquias locais e as várias instituições particulares de interesse público.

Por outro lado, quanto ao conteúdo, a tutela administrativa subdivide-se em


mais cinco categorias, ou faculdade, como lhes chama o Professor Marcelo Rebelo
de Sousa:

Tutela integrativa: consiste no poder de autorizar ou aprovar os atos das entidades


tuteladas.

o Tutela integrativa a priori: consiste em autorizar a pratica de atos.

Ou seja, estando um ato sujeito a autorização, a entidade tutelada não pode praticar
esse mesmo ato sem que lhe seja dada autorização pela entidade tutelar.

Aqui o exercício da tutela é a condição do exercício da competência da entidade


tutelada.

Estamos perante uma condição de validade, sendo que a sua inobservância gera
invalidade.

Tutela integrativa a posteriori: consiste no poder de aprovar atos da entidade


tutelada.

Isto é, a entidade tutelada pode praticar o anto antes de obter a aprovação, mas não
pode executá-lo sem que este seja aprovado.

Neste caso, o exercício da tutela é a condição da executoriedade do ato praticado


pela entidade tutelada.

Fala-se em condição de eficácia, logo a sua inobservância gera ineficácia.

Neste tipo de tutela, a regra geral é de que a entidade tutelada pratica o ato para
que é competente, envia-o para aprovação à entidade tutelar, e aguarda a sua
24
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

aprovação ou recusa de aprovação. Outra hipótese é: a entidade tutelada depois de


praticar o ato, apenas tem de comunicar à entidade tutelar que o fez, sendo que a
última tem o poder de se opor a tal execução – veto.

Assim, tanto a autorização como a aprovação podes sem expressas ou tácitas,


totais ou parciais e puras, condicionais ou a termo. Contudo, nunca podem modificar
o ato sujeito a apreciação pela entidade tutelar, ou seja, esse ato nunca pode ser
modificado pela entidade tutelar, através da autorização ou da aprovação. Pois, a
entidade tutelar apenas pode autorizar ou recusar a autorização desse ato. Uma vez
que para modificar o ato, a entidade tutelar teria de ter competência para se
substituir à entidade tutelada e não tem, isto porque, nesta tutela integrativa não
pode haver poder de substituição.

Para além do mais, uma vez que a entidade tutelada tem autonomia, pelo
pressuposto da tutela administrativa, é obvio que o ato definitivo principal é sempre o
ato desta.

Tutela inspectiva: poder de fiscalização dos órgãos, serviços, documentos e contas


da entidade tutelada, isto é, consiste no poder de fiscalização da organização e
funcionamento da entidade tutelada. Chamam-se a estes serviços da administração
publica, serviços inspectivos.

Tutela sancionatória: traduz-se no poder de aplicar sanções por irregularidades


que tenham sido detetadas, no exercício da tutela inspectiva, na entidade tutelada.

Tutela revogatória: funda-se no poder de revogar os atos administrativos praticados


pela entidade tutelada. Este tipo de tutela, contudo, é excecional.

Tutela substitutiva: é o poder da entidade tutelar de suprir as omissões da entidade


tutelada, praticando, em vez dela e por conta dela, os atos que forem legalmente
devidos. Isto traduz-se na hipótese de os órgãos competentes da pessoa tutelada
não praticarem atos que lhes sejam juridicamente obrigatórios. Assim, se houver
tutela substitutiva, o órgão tutelar pode substituir-se aos órgãos da entidade tutelada
e praticar os atos legalmente devidos.

Natureza da tutela administrativa

25
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

Surgem três teses que tentam determinar a natureza jurídica da tutela


administrativa:

Tese da analogia com a tutela civil: para os defensores desta tese, a tutela
administrativa seria uma figura semelhante à tutela civil, em que o objetivo é prover
ao suprimento das diversas incapacidades. Ou seja, também no Direito
Administrativo, o legislador terá sentido a necessidade de criar um mecanismo apto
a prevenir ou remediar as deficiências que têm lugar na atuação das entidades
públicas menores ou subordinadas. Assim, a tutela administrativa, à semelhança da
tutela civil, cisaria suprir essas deficiências orgânicas ou funcionais das entidades
tuteladas.

Tese da hierarquia enfraquecida: esta tese foi defendida por Marcello Caetano,
segundo a qual, a tutela administrativa é como que uma hierarquia enfraquecida. Ou
seja, no fundo, os poderes tutelares que são poderes hierárquicos enfraquecidos,
pois exercem-se não sobre entidades dependentes, mas sim autónomas, o que
segundo Marcello Caetano, eram poderes hierárquicos «quebrados pela
autonomia».

Tese do poder de controlo: esta é a tesa que atualmente parece mais adequada.
Segundo o ponto de vista desta tese, a tutela administrativa não tem qualquer
analogia relevante à tutela civil, nem com a hierarquia, enfraquecida, sendo que
constitui uma figura sui generis. Corresponde, assim, a uma ideia de um poder de
controlo exercido por um órgão da Administração sobre certas pessoas coletivas
sujeitas à sua intervenção, para assegurar o respeito de determinados valores
considerados essenciais.

REGIME JURÍDICO DA TUTELA ADMINISTRATIVA

Antes de mais, o princípio geral de relevância da tutela administrativa é que esta não
se presume, isto é, a tutela administrativa só existe quando a lei expressamente a
prevê e nos precisos termos em que a estabelecer. Ou seja, a tutela só existe nas

26
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

modalidades que a lei consagrar, e nos termos e dentro dos limites que a lei
impuser.

Por outro lado, mas não menos relevante, a entidade tutelada tem legitimidade para
impugnar, quer administrativa quer contenciosamente, os atos pelos quais a
entidade tutelar exerça os seus poderes de tutela. Por isso, se a entidade tutelar
exercer um poder de tutela em termos prejudiciais à entidade tutelada, tem esta o
direito de impugnar esses mesmo atos juntos dos tribunais administrativos.

O regime jurídico da tutela administrativa das autarquias locais e entidades


equiparadas encontra-se regulado pela Lei nº 27/96, de 01 de agosto.

Nos termos do artigo 2 da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, estabelece que A tutela
administrativa consiste na verificação do cumprimento das leis e regulamentos por
parte dos órgãos e dos serviços das autarquias locais e entidades equiparadas.

O artigo 3.º no seu número 1 desta mesma lei, reforça que a tutela administrativa
exerce-se através da realização de inspecções, inquéritos e sindicâncias.

2 - No âmbito deste diploma:


a) A inspecção consiste na verificação da conformidade dos actos e contratos dos
órgãos e serviços públicos com a lei;

b) O inquérito consiste na verificação da legalidade dos actos e contratos concretos


dos órgãos e serviços resultante de fundada denúncia apresentada por quaisquer
pessoas singulares ou colectivas ou de inspecção;

c) A sindicância consiste numa indagação aos serviços quando existam sérios


indícios de ilegalidades de actos de órgãos e serviços que, pelo seu volume e
gravidade, não devam ser averiguados no âmbito de inquérito.

Artigo 5.º
Titularidade dos poderes de tutela

27
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

A tutela administrativa compete ao Governo, sendo assegurada, de forma articulada,


pelos Ministros das Finanças e do Equipamento, do Planeamento e da
Administração do Território, no âmbito das respectivas competências.

Artigo 6.º
Realização de acções inspectivas

1 - As inspecções são realizadas regularmente através dos serviços competentes,


de acordo com o plano anual superiormente aprovado.

2 - Os inquéritos e as sindicâncias são determinados pelo competente membro do


Governo, sempre que se verifiquem os pressupostos da sua realização.

3 - Os relatórios das acções inspectivas são apresentados para despacho do


competente membro do Governo, que, se for caso disso, os remeterá para o
representante do Ministério Público legalmente competente.

4 - Estando em causa situações susceptíveis de fundamentar a dissolução de


órgãos autárquicos ou de entidades equiparadas, ou a perda de mandato dos seus
titulares, o membro do Governo deve determinar, previamente, a notificação dos
visados para, no prazo de 30 dias, apresentarem, por escrito, as alegações tidas por
convenientes, juntando os documentos que considerem relevantes.

5 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, sempre que esteja em causa a


dissolução de um órgão executivo, deve também ser solicitado parecer ao respectivo
órgão deliberativo, que o deverá emitir por escrito no prazo de 30 dias.

6 - Apresentadas as alegações ou emitido o parecer a que aludem, respectivamente,


os n.ºs 4 e 5, ou decorrido o prazo para tais efeitos, deverá o membro do Governo
competente, no prazo máximo de 60 dias, dar cumprimento se for caso disso, ao
disposto no n.º 3.

CAPÍTULO IV – A INSPECÇÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO


(IGAE) COMO ÓRGÃO GERAL PARA OS ACTOS INSPECTIVOS DOS
SERVIÇOS PÚBLICOS DE ANGOLA
28
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

4.1 Breve Historial sobre a IGAE

Enquanto instituição de Controlo interno, tem como marco o ano de 1986,


altura em que foi criado o cargo de Ministro de Estado para a esfera de Inspecção e
Controlo Estatal, a margem da Lei nº 2/86, de 1 de Fevereiro, e em Fevereiro do
mesmo ano, pelo Decreto Presidencial nº 6/86, foi nomeado o Camarada Kundi
Paihama em memória, como Ministro de Estado para a Esfera de Inspecção e
Controlo Estatal.

A partir daí definiu-se a necessidade de se criar um órgão Central de


Inspecção e Controlo, por lei.

Assim, em 1992 foi criada a Inspecção Geral da Administração do Estado


(IGAE), através da Lei nº 2 /92, de 17 de Janeiro, sob dependência directa do chefe
do Governo e dirigida por um Inspector Geral. Em Junho do mesmo ano foi
nomeado o Dr. Joaquim Mande, para o Cargo de Inspector Geral da Inspecção
Geral da Administração do Estado, pelo Decreto Presidencial nº 64/92, de 19 de
Junho.

A gestão do Dr. Joaquim Mande foi de 1992-2017, e de 2017 prá cá dirige a


instituição o Dr. Sebastião Domingos Gunza, nomeado através do Decreto
Presidencial nº 315/17,de 22 de Novembro.

Até antes da reforma Inspectiva, o funcionamento da IGAE tinha muito a ver


com o modelo da Auto-Inspecção (Inspecções Sectoriais- Departamentos
Ministeriais e Governos Provinciais) Os Departamentos Ministeriais e Governos
Provinciais tinham gabinetes de inspecção, cujos relatórios eram remetidos à IGAE.
Mais isso não impedia a IGAE de fazer as suas inspecções aos referidos órgãos.

Ao nível das Províncias os Gabinetes de Inspecção e Fiscalização só


começaram a funcionar no ano de 1999, institucionalizados através do Decreto-Lei
nº 17/99 de 29 de Outubro, sobre a Orgânica dos Governos Provinciais e
Administrações Municipais, no seu artº 13º prevê a constituição do Gabinete de
Inspecção e Fiscalização.

Os GPIF, dependiam administrativamente dos Governos Provinciais, técnica e


metodologicamente da Inspecção Geral da Administração do Território e da
Inspecção Geral da Administração do Estado.

29
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

2.6.2. Reforma da Actividade Inspectiva

O Modelo da Auto-inspecção contribuiu bastante para o estado de coisas que


temos hoje, nomeadamente, o conflito de interesses (privado- público) e a
proliferação da corrupção na administração pública.

O Modelo da Auto-Inspecção nem sempre permite rigor, eficácia e eficiência


no serviço público, e estava, por isso, em muitas ocasiões, numa direcção contrária
aos esforços de combate á corrupção, e por isso, já se justificava a mudança, devido
a sobreposição das acções inspectivas que consistiam no facto de uma instituição
receber inspecções de várias instituições, como sejam, inspecções dos Ministérios
do Comercio, industria, MAPTSS e da IGAE. Tudo isso propiciou a
institucionalização do Modelo da Hétero-Inspecção pondo fim as Inspecções
Sectoriais existindo tão somente um ente inspectivo, a IGAE que se estende a nível
do Território Nacional representada por Delegações Provinciais, de acordo com o
Decreto Executivo nº 181/21 de 7 de Julho. ( Regulamento Interno das Delegações
Provinciais da IGAE).

Os Gabinetes Provinciais de Inspecção foram extintos no ano de 2020 (nº1 do


artº 2º do Decreto Presidencial nº 242/20).

4.3 O Controlo Interno como Sistema de Inspecção, Auditoria, Averiguações da


IGAE.
Importa referir que a IGAE, na sua Acção Inspectiva aos Órgãos, Organismos,
e Serviços da Administração Pública, faz jus a este importante instrumento jurídico,
previsto no número 1. Do artigo 1º do Decreto Presidencial nº 242/20, de 28 de
Setembro. E para melhor entendimento apraz-nos fazer a seguinte incursão:

30
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

Historicamente o Controlo Interno da Administração do Estado em Angola


inicia em 1986, com a criação do Gabinete para Esfera da Inspecção, tratou-se de
um Sistema de Controlo Interno fortemente influenciado pela visão classista da
Administração influenciada pela Teoria Marxista da função pública em que esta é
tida como um instrumento das Classes de Trabalhadores e de Camponesas contra a
dominação do Capital e da Burguesia.

Toda acção do Controlo Interno desta época da história é legada pela visão
Marxista e Administração Pública .

A finalidade de Controlo Interno nesta época visava o interesse das Classes


Trabalhadoras e Camponesas enquanto classe dirigente do poder do Estado. Aqui
não existia o equilíbrio do poder. Pois o Estado é dominado pelo Partido que dirige o
Executivo, controla o Judiciário e determina o Legislativo.

Em 1992 0 Controlo Interno da Administração, conhece uma evolução


qualitativa relevante resultante da alteração do Sistema Político e Económico. A
opção pela Economia do Mercado e do Sistema Politico pela Democracia
Multipartidária, como factor de Desenvolvimento Económico e Politico passou a
constituir trave mestra do Sistema Jurídico, Politico e Económico. A lei
Constitucional de 1991 constituiu o ponto de viragem do Sistema Marxista para o
Sistema de Economia do Mercado e de Democracia Multipartidária. Esta viragem é
consolidada pela Lei Constitucional de 1992 que criou o sistema de gestão politica
administrativa, baseado numa clara separação de poderes. As primeiras Eleições
Democráticas ocorridas neste ano foi com base nesta nova visão politica. Inicia-se
então neste Período Constitucional o Sistema de Controlo Interno inspirado na
legalidade Democrática e no interesse público.

Evolução normativa: Indica que a lei nº 2/92 de 17 de Janeiro dá expressão


normativa ordinária dos princípios e regras da constituição de 1992, ao criar a IGAE
cujo acção segue o Modelo Auto inspectivo em que os Departamentos Ministeriais e
os Governos Provinciais criam Gabinetes Provinciais de Inspecção e auto
inspeccionam-se. Com base neste modelo de Controlo Interno, aprovaram-se dois
Diplomas legais regulamentares: o Regime Jurídico da Carreira de inspecção dos
serviços de inspecção, Decreto Presidencial nº 42/01 de 6 de Julho e o Regulamento
da Lei da Inspecção Geral da Administração do Estado Decreto Presidencial nº 9/04
31
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

de 27 de Fevereiro.

Em 2013 entra em vigor o Decreto Presidencial 215/13 de 16 de Dezembro que


aprova o novo Estatuto do IGAE num quadro constitucional mais forte baseado em
princípios e regras do Estado Democrático e de Direito em que a Constituição da
República de 2010 constituiu o pano do fundo.

O novo Estatuto Orgânico da IGAE conformou o Sistema Normativo do Controlo


Interno ao espirito do novo quadro Constitucional no âmbito de uma ampla reforma
do Sistema jurídico visando a sua copulação aos Princípios e regras plasmadas na
Constituição e 2010 em que a Separação do poder, Primado da Lei, e as funções e
competências do Executivo, Legislativo e Judiciário aparecem claramente na
Constituição.

Em 2018 foi publicado o Decreto Presidencial nº 134/18 que revogou o Decreto


Presidencial nº 215/13 16 Dezembro e aprovou um novo Estatuto Orgânico da IGAE
como Órgão auxiliar titular do Poder Executivo para Inspecção, Auditoria, Controlo e
Fiscalização da actividade dos Orgãos, Organismos e Serviços da Administração
Directa e Indirecta do Estado bem como da Administração Autónoma e
Independente no seu artigo 1º trata-se de um âmbito de aplicação da acção
inspectiva do IGAE abrangente cobrindo todo tipo de acto da administração do
estado qualquer que seja o órgão que o realize e também aos órgãos
administrativos do poder judicial e do poder legislativo de acordo com o artigo 8º
desta norma têm o dever de prestar toda colaboração a IGAE, no exercício das suas
funções não podendo causar impedimentos ou obstruir o desempenho da acção
inspectivo sob pena de responsabilização, penal e disciplinar.

O Legislativo tem órgão de administração, usa meios materiais, financeiros,


está sujeito a Fiscalização da IGAE.

O Judiciário também exerce actividade administrativa, património, finanças,


humanos, tecnológicos esta sujeita a inspecção a IGAE.

O Decreto Presidencial nº 242/20 28 de Setembro. 14


14
segundo Carlos Queirós Ministro da Justiça, no seu Discurso de abertura do Workshop sobre o Controlo
Interno, organizado pela IGAE, em Luanda em Setembro de 2022, tratou-se de um Sistema de Controlo Interno
fortemente influenciado pela visão classista da Administração influenciada pela Teoria Marxista da função
pública em que esta é tida como um instrumento das Classes de Trabalhadores e Camponesas contra a
dominação do Capital e da Burguesia.
32
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A visão olística de Sua Excelência Presidente da República, em atribuir


competencias a Inspecção Geral de Administração do Estado ( IGAE) de realizar o
controlo interno administrativo á Administração Pública, por via de Inspecção,
fiscalização, controlo, sindicancia, averiguações, e concomitantemente ser este
órgão auxiliar do tititular do poder executivo, abre novos horizontes e é considerada
como uma Tace-Force , deste Órgão para o combate a s fraudes e actos de
corrupção que lesam os interessses legítimos do Estado. Pois segundo Professor
Marcelo Rebelo de Sousa, " O poder detido pelo Estado-Administração, no controlo
da gestão seja pública ou privada, visa salvaguardaro principio da legalidade ." E
tem sido notório os resultados alcançados durante a criação deste òrgão, embora

33
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

muito ainda tem que se fazer, com realcea conciencialização dos funcionários
públicos, agentes adminisatrativos e outros trabalhadores por foirma a entenderem
de uma vez para sempre o respeito pelos bens públicos, de conformidade com
alínea b) do Diploma supra citado.

Quanto a actuação do Òrgao em nosso entender, é necessário que se restringe


apenas ao nível dos organismos da administração pública para não confundir-se
com órgão judiciais e policiais, pois o mérito de deter e prender é de competencia
dos órgãos judicários ( SIC, PGR, TRIBUNAIS e OUTROS desde que se justifique).
Quanto a produção de provas, estas devem alinhar ao seu escopo, apenas no
âmbito Administrativo, podendo em caso de transcender em crimes remeter para os
devidos orgãs competentes para a sua devida tramitação e sentença. Os casos de
delitos flagrantes, não devem ser produzidos mas sim acompanhados para em
momentos próprios os òrgãos de Investigaçao criminal ou outra que tenham
competencia de deter actuar não havendo necessidades da presença dos
inspectores da IGAE no Acto, para não passar a nítida ideia que este òrgão IGAE,
também tem competencias de prender.

LEGISLAÇÃO

Constituição da República de Angola, 1ª Edição, Luanda: Imprensa Nacional – E.P. 2010.


DECRETO nº 6/95. Diário da República I Série. Nº 30 (07.04.95), p. 531- 535.
DECRETO nº 25/91. Diário da República I Série. Nº 27 (29.06.91), p. 358 – 363.
DECRETO nº 33/91. Diário da República I Série. Nº 31 (26.07.91), p. 456 – 464.
DECRETO nº 25/94. Diário da República I Série. Nº 73 (01.07.94), p. 258 – 263.
DECRETO - LEI nº 13/94. Diário da República I Série. Nº 121 (01.07.94), p. 609 – 614.
34
A Tutela Inspectiva Da Administração Pública No Ordenamento Jurídico Angolano

DECRETO – LEI nº 16A/95. Diário da República I Série. Nº 50 (15.12.95), p. 579(1) –

BIBLIOGRAFIA GERAL

ARAÚJO, Raul C. – Os Sistemas de Governo de Transição Democrática nos


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ARAÚJO, Raul Carlos Vasquez, NUNES, Elisa Rangel – Constituição da


República de Angola Anotada, Tomo I, 2014. ISBN 978-989-97239-3-1.

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