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operação a potência nominal, atendendo a carga e carregando as baterias com a energia


excedente. Na estratégia CC deve-se definir um set point para o estado de carregamento
máximo do banco de baterias, SOCsp . Assim, o DG continuará a funcionar até o banco de

baterias atingir o SOCsp . No caso da potência nominal do DG resultar maior que a demanda

da carga mais a potência máxima que as baterias podem absorver, ele fornecerá apenas a
potência necessária para garantir a carga e carregar o banco de baterias, evitando o excesso de
energia.
A estratégia CC tende a ser adequada em sistemas com pouca ou nenhuma geração
renovável (KATSIGIANNIS et al., 2012).

4.7.4 Estratégia “Programada”

A estratégia programada definida pelo usuário (UD) permite planificar o funcionamento


do DG. Durante certos períodos de tempo o DG pode ser forçado a operar ou a permanecer
inativo de acordo com o programa pré-selecionado pelo usuário. Podem-se tratar os dias de
semana e os dias de final de semana de forma diferenciada. Esta estratégia pode ser
implantada em conjunto com as estratégias SD e CC. Isto é, nos momentos em que o DG está
operativo, este é gerenciado por alguma destas estratégias. Uma estratégia do tipo UD é
necessária em situações onde há restrições para a operação do DG, por exemplo, durante
certos períodos do dia pode ser necessário foçar a parada do DG para evitar ruídos molestos
ou emissão de gases de escape.

4.8 AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

Todos os sistemas de geração de energia, incluindo as chamadas energias renováveis,


emitem gases do efeito estufa 6 (em inglês Green House Gas – GHG) e contribuem para as
mudanças climáticas antropogênicas. Uma correta avaliação do impacto ambiental de uma
determinada tecnologia de geração de energia envolve a quantificação das emissões GHG ao
longo de todas as etapas do ciclo de vida da tecnologia, assim como do combustível que ela
utiliza (WEISSER, 2007). A quantificação precisa das emissões GHG não é uma tarefa
simples já que depende de muitos fatores como do tipo de tecnologia e os requerimentos

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São substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida principalmente pela superfície
terrestre, e dificultam seu escape para o espaço. Isso impede que ocorra uma perda demasiada de calor para o
espaço, mantendo a Terra aquecida.
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energéticos ao longo do seu ciclo de vida, das caraterísticas da matriz energética da região,
das condições de disponibilidade dos recursos naturais, assim como da vida útil dos
equipamentos (PENG; LU; YANG, 2013).
A metodologia mais amplamente utilizada para a análise do impacto ambiental é
denominada de Avaliação do Ciclo de Vida (em inglês Life Cycle Analysis – LCA), que
consiste na análise do berço ao túmulo do processo em estudo. O principal indicador utilizado
no LCA para avaliar o impacto ambiental de diferentes tecnologias de geração de energia é o
Potencial de Aquecimento Global (em inglês Global Warming Potential - GWP) (SILVEIRA
et al., 2014). Este indicador, expresso em kgCO2-eq/kWh7, representa quanto determinada
quantidade de gases de efeito estufa contribui para o aquecimento global.
O indicador GWP calculado através da metodologia de LCA considera não apenas as
emissões derivadas da construção, operação e desmantelamento dos componentes, mas
também os impactos ambientais associados a todos os processos relevantes a montante e a
jusante dentro da cadeia energética que acontece durante o ciclo de vida dos equipamentos
que compõem o sistema (i.e., painéis fotovoltaicos, estrutura de suporte, turbinas eólicas,
moto gerador diesel, baterias e conversor). As emissões geradas durante a operação do
sistema são denominadas de emissões diretas, enquanto que as emissões geradas durante as
etapas de fabricação, transporte e disposição final dos componentes são denominadas de
emissões indiretas (DUFO-LÓPEZ et al., 2011; SAIF et al., 2010). No caso da configuração
de SHGE estudada no presente trabalho (ver Figura 9), apenas são consideradas as emissões
diretas geradas pela combustão do óleo diesel no grupo moto gerador. O restante dos
componentes não geram poluentes durante sua operação, no entanto contribuem com
emissões indiretas.
A ferramenta de simulação de SHGE desenvolvida permite calcular as emissões no
ciclo de vida do sistema, considerando a contribuição das emissões diretas e indiretas de todos
os componentes. Assim, a quantidade de CO2-eq gerado durante a operação do SHGE pode ser
adotada como critério de otimização.
Para aplicar o método de estimação das emissões no ciclo de vida do SHGE é preciso
fornecer um fator de emissão para cada componente, o qual é geralmente expresso em termos
de sua potência nominal ou energia gerada. Com o intuito de definir estes fatores de emissão,
foi feita uma pesquisa bibliográfica. Os resultados completos desta pesquisa se mostram no
Apêndice B, no entanto, na Tabela 3, se mostram os valores de fatores de emissão adotados

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CO2-eq refere-se à equivalência em dióxido de carbono, medida que expressa a quantidade de gases de efeito
estufa (GHG) em termos equivalentes da quantidade de dióxido de carbono (CO 2).
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nas simulações do SHGE. Além do fator de emissão para cada componente, foi considerado o
fator de emissão para o combustível, o qual representa as emissões no processo de fabricação
e transporte do combustível utilizado pelo moto gerador, neste caso óleo diesel.

Tabela 3. Fatores utilizados para o cálculo das emissões no ciclo de vida do sistema híbrido.

Fator de emissão Fator de emissão


Componente Unidade Unidade
indireta direta
Turbina eólica 0,02 kgCO 2-eq/kWh n/a
Painel fotovoltaico 0,059 kgCO 2-eq/kWh n/a
Conversor 42,835 kgCO 2-eq/kW n/a
(1)
Bateria 59,42 kgCO 2-eq/kWh n/a
Óleo diesel 0,530 kgCO 2-eq/L n/a
Moto gerador 454,293 kgCO 2-eq/kW 2,64 kgCO2-eq/L(2)
(1)
kWh refere-se neste caso à capacidade energética máxima da bateria.
(2)
O cálculo do fator de emissões diretas do moto gerador é apresentado no Apêndice C.
Fonte: produção do próprio autor

4.9 MODELO DE ANÁLISE ECONÔMICA

A análise econômica desempenha um papel fundamental no processo de


dimensionamento de um sistema energético, pois juntamente com a análise técnica fornecem
as informações necessárias para tomar a decisão em relação à configuração final do sistema
(GUPTA; KUMAR; BANSAL, 2012; JAMIL; KIRMANI; RIZWAN, 2012; KAABECHE;
IBTIOUEN, 2014; KARLIS; PAPADOPOULOS, 2013; KATSIGIANNIS; GEORGILAKIS;
KARAPIDAKIS, 2010a; MOHAMED; KOIVO, 2011). Uma análise completa de um novo
projeto de investimento considera a avalição dos custos ao longo da vida do projeto, tomando
em conta os custos diretos, os custos indiretos e gerais, impostos e retornos sobre o
investimento, além de quaisquer externalidades, como possíveis impactos ambientais, que são
importantes para a tomada decisão. A finalidade e a abrangência da análise irão definir o nível
de detalhe e os indicadores econômicos mais apropriados para ser usados no estudo.
Vários indicadores econômicos podem ser utilizados para realizar a avaliação de
investimentos na área de energia. A revisão bibliográfica realizada no capítulo 0 mostrou que
os indicadores mais citados são o Valor Presente Líquido, o Custo da Energia e o Custo de
Capital Inicial do Sistema (ver Tabela 2). No presente trabalho, o problema consiste em
selecionar uma configuração de SHGE dentre um conjunto de alternativas mutuamente
exclusivas que têm como objetivo a prestação do mesmo serviço, ou seja, o fornecimento de

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