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PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE OCUPACIONAL E PERÍCIAS

IEC PUC MINAS

Disciplina:

Espaços Confinados – NR 33

Professor: Alexandre Alves


Unidade 1
Objetivo:

 Nesta unidade espera-se que o aluno seja capaz de identificar os espaços confinados,
classifica-los e compreender as responsabilidades dos empregadores e empregados
relacionados aos trabalhos em espaços confinados, para assim se preparar para os
conteúdos abordados nas unidades seguintes da disciplina.
1 – INTRODUÇÃO

A NR 33 é uma norma de gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados.


O gerenciamento dos espaços confinados deve ser feito de forma contínua e, muitas vezes,
exige a melhoria, adaptação ou alteração das medidas inicialmente adotadas.

 Para cada espaço confinado identificado devem ser reconhecidos também os riscos
específicos.
1 – INTRODUÇÃO

Algumas normas regulamentadoras tratam de atividades que podem ser executadas em espaços confinados:

NR – 18– Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria a da Construção ;

NR – 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário;

NR – 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário;

NR – 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;

NR – 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e


Aquicultura .
1 – INTRODUÇÃO
Porém essas normas tratam de segmentos específicos da economia e não tem a abrangência
necessária para proteger trabalhadores de outros setores, onde existem espaços
confinados. A NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados – publicada
em dezembro de 2006, preencheu esta lacuna na legislação de SST.
A nova NR-33 – publicada PORTARIA Nº 1.690, DE 15 DE JUNHO D E 2022. Esta Portaria entra
em vigor em 03 de outubro de 2022.
Na verdade esta NR preconiza um Sistema de Gestão. Diferentemente das primeiras NRs
brasileiras, ela não se limita a ser um conjunto de instruções, mas uma sequencia lógica de
passos que, se seguidos, permitem o correto gerenciamento de espaços confinados, e dos
riscos a eles associados.
1 – INTRODUÇÃO
Podemos identificar na NR 33 a presença da ideia do ciclo do PDCA (plan – do – check – act.).

 Plan (Planejar): Estabelece as expectativas de uma empresa em relação a um determinado


processo;
 Do (Fazer): Implementar o plano determinado na etapa de planejamento;
 Check (Checar): Estudar os resultados gerados via indicadores e números;
 Act (Agir): Medidas corretivas que voltam à primeira etapa do processo;
CICLO PDCA

Fonte: crmpiperun.com
1 – INTRODUÇÃO

Quando essa NR determina que cabe ao empregador através do responsável técnico


”identificar os espaços confinados existentes no estabelecimento” (item 33.3.2.a) criando a
necessidade de conhecer e cadastrar os espaços confinados, estamos diante de uma das
etapa o PLAN do PDCA .
Ao exigir uma permissão de entrada, acompanhamento e supervisão de entrada e um
sistema para salvamentos temos outras etapas do PDCA, que são Do(Fazer), Check (Checar)
e Act (Agir).
1 – INTRODUÇÃO
PROGRAMA PARA ENTRADA EM ESPAÇO CONFINADOS
Programa para entrada em espaço confinado: Programa Geral do empregador ou seu
representante, com habilitação legal, elaborado para controlar e proteger os trabalhadores de
riscos em espaços confinados e para regulamentar a entrada dos trabalhadores nestes
espaços.
A Gestão de Segurança e Saúde da NR-33 deve ser feita através do Programa para Trabalho
em Espaços Confinados.
1 – INTRODUÇÃO

A NR33 trouxe ainda duas importantes questões:


1ª. A primeira é a obrigatoriedade de que se determine quem é o responsável pelo seu
cumprimento através da indicação de um responsável formal (item33.3.1.a). Nota: ainda se
discute se esse responsável deve pertencer ao SESMT ou não, mas o fato é que pela primeira
vez numa NR se exigiu tal formalização.
2ª. O que deve conter a Permissão de Entrada e como gerenciá-la. Um exemplo orientativo foi
incluído no anexo II da NR-33.( Contudo nem todos os riscos foram abordados e uma análise
criteriosa deve ser feita para cada espaço confinado)
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO

• Qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua
meios limitados de entrada e saída, em que exista ou possa existir atmosfera perigosa. Para
que um local seja caracterizado como espaço confinado é preciso que todos esses
requisitos estejam presentes.
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO

• Considera-se atmosfera perigosa aquela em que estejam presentes uma das seguintes
condições:
a) deficiência ou enriquecimento de oxigênio;
b) presença de contaminantes com potencial de causar danos à saúde do trabalhador; ou
c) seja caracterizada como uma atmosfera explosiva.
ALGUNS EXEMPLOS DE ESPAÇOS CONFINADOS TÍPICOS

Fonte: www.medicosdotrabalho.com.br
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO

• É importante esclarecer que a NR 33 não identifica espaços confinados. A norma


estabelece os parâmetros de referência para que o empregador realize a identificação dos
espaços confinados existentes e também daqueles desativados.
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO

No espaço confinado:
• Os meios de entrada e saída são limitados;
• A ventilação existente não é suficiente para remover os contaminantes, por exemplo:
gases, vapores, névoas, fumos e poeiras presentes;
• Pode ocorrer deficiência (falta) ou enriquecimento(excesso) de oxigênio:
• Deficiência de oxigênio menos de 19,5%;
• Atmosfera rica em oxigênio mais de 23%.
ALGUNS EXEMPLOS DE ESPAÇOS CONFINADOS TÍPICOS

Fonte: www.medicosdotrabalho.com.br
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO
A entrada de trabalhadores no interior dos espaços confinados pode ocorrer para:

• Realização de serviços de construção, • Pintura;


• Instalação; • Resgate.
• Comissionamento;
• Manutenção;
• Reparação;
2- DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO
No espaço confinado:
• A movimentação no seu interior é muitas vezes difícil, podendo ocorrer o aprisionamento
do trabalhador devido a complexidade da geometria, como planos inclinados, paredes
convergentes, pisos lisos, seção reduzida e outras;
• Poluentes tóxicos e inflamáveis e/ou explosivos podem ser encontrados no seu interior;
• Fontes de energia potencialmente nocivas podem estar presentes;
• O risco de ocorrência de acidente de trabalho ou de intoxicação é elevado.
É um espaço confinado?

Fonte: depositphotos.com.br
É um espaço confinado?

Fonte: depositphotos.com.br
3 - DAS RESPONSABILIDADES

33.3.1 – É de responsabilidade da organização/empregador:

33.2.1 a) - indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento desta norma;


b) assegurar os meios e recursos para o responsável técnico cumprir as suas atribuições;

 Por escrito;
 Poderá ser efetuado por empresa, estabelecimento ou unidade
3 - DAS RESPONSABILIDADES
33.3.1 – É de responsabilidade da organização/empregador:
c)assegurar que o gerenciamento de riscos ocupacionais contemple as medidas de prevenção
para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente
com os espaços confinados;
d) providenciar a sinalização de segurança e bloqueio dos espaços confinados para evitar a
entrada de pessoas não autorizadas;
e) providenciar a capacitação inicial e periódica dos supervisores de entrada, vigias,
trabalhadores autorizados e da equipe de emergência e salvamento;
 Disponibilizar recursos técnicos e financeiros para que o Responsável Técnico possa
desenvolver e implementar programas de capacitação inicial e periódica.
3 - DAS RESPONSABILIDADES
33.3.1 – É de responsabilidade da organização/empregador:
f) fornecer as informações sobre os riscos e as medidas de prevenção, previstos no Programa
de Gerenciamento de Riscos, da NR-01;
g) garantir os equipamentos necessários para o controle de riscos previstos no Programa de
Gerenciamento de Riscos;
h) assegurar a disponibilidade dos serviços de emergência e salvamento, e de simulados,
quando da realização de trabalhos em espaços confinados;
i) supervisionar as atividades em espaços confinados executadas pelas organizações
contratadas, observado o disposto no subitem 1.5.8.1 da NR-01, visando ao atendimento do
disposto nesta NR.
33.3.2 Compete ao responsável técnico:
a) - identificar os espaços confinados existentes no estabelecimento;
Através do Programa para trabalho em espaços confinados e deve conter:
 Cadastro;
 Plantas e/ou croquis;
 Sinalizadas nas aberturas;
 Numeração ou codificação;
 Aqueles desativados também devem ser identificados, sinalizados e devidamente bloqueados;
 Dados básicos como dimensões e geometria do espaço confinado.
33.3.2 Compete ao responsável técnico:
b) - adaptar o modelo da Permissão de Entrada e Trabalho - PET de modo a contemplar as
peculiaridades dos espaços confinados da organização;
c)- elaborar os procedimentos de segurança relacionados ao espaço confinado;
d) - indicar os equipamentos para trabalho em espaços confinados;
e) - elaborar o plano de resgate; e
f) - coordenar a capacitação inicial e periódica dos supervisores de entrada, vigias,
trabalhadores autorizados e da equipe de emergência e salvamento.
33.3.2 Compete ao responsável técnico:
 Elaboração de procedimentos de trabalho;
 Adoção das medidas necessárias para a entrada;
 Realização da atividade e saída do seu interior;
33.3.3 Compete ao supervisor de entrada:
a) emitir a PET antes do início das atividades;
b) executar os testes e conferir os equipamentos, antes da utilização;
c) implementar os procedimentos contidos na PET;
d) assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e que os meios
para os acionar estejam operantes;
33.3.3 Compete ao supervisor de entrada:
e) cancelar os procedimentos de entrada e trabalho, quando necessário;
f) encerrar a PET após o término dos serviços;
g) desempenhar a função de vigia, quando previsto na PET; e
h) assegurar que o vigia esteja operante durante a realização dos trabalhos em espaço
confinado.
 É proibido entrar no espaço confinado sem a emissão da respectiva Permissão de Entrada e Trabalho (PET).
 O Responsável Técnico e o Supervisor de Entrada devem ter autoridade para impedir o acesso de
trabalhador no espaço confinado, mesmo para a execução de serviços inadiáveis ou de curta duração.
33.3.4 Compete ao vigia:
a) permitir somente a entrada de trabalhadores autorizados em espaços confinados
relacionados na PET;
b) manter continuamente o controle do número de trabalhadores autorizados a entrar no
espaço confinado e assegurar que todos saiam ao término da atividade;
c) permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em contato ou comunicação
permanente com os trabalhadores autorizados;
d) acionar a equipe de emergência e salvamento, interna ou externa, quando necessário;
e) operar os movimentadores de pessoas;
33.3.4 Compete ao vigia:
f) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer algum sinal de alarme,
perigo, sintoma, queixa, condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando não
puder desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser substituído por outro vigia;
g) não realizar outras tarefas durante as operações em espaços confinados; e
h) comunicar ao supervisor de entrada qualquer evento não previsto ou estranho à operação
de vigilância, inclusive quando da ordenação do abandono.
33.3.4.1 O vigia pode acompanhar as atividades de mais de um espaço confinado, quando
atendidos os seguintes requisitos:

a) permanecer junto à entrada dos espaços confinados ou nas suas proximidades, podendo
ser assistido por sistema de vigilância e comunicação eletrônicas;
b) que todos os espaços confinados estejam no seu campo visual, sem o uso de
equipamentos eletrônicos;
c) que o número de espaços confinados não prejudique suas funções de vigia;
33.3.4.1 O vigia pode acompanhar as atividades de mais de um espaço confinado, quando
atendidos os seguintes requisitos:
d) que a mesma atividade seja executada em todos os espaços confinados sob sua
responsabilidade;
e) seja limitada a permanência de 2 (dois) trabalhadores no interior de cada espaço
confinado; e
f) seja possível a visualização dos trabalhadores através do acesso do espaço confinado.
33.3.4.1.1 Quando assistido por sistema de vigilância e comunicação eletrônicas, em
conformidade com a análise de riscos e previsto no procedimento de segurança, pode ser
dispensado o atendimento das alíneas “e” e “f” do subitem 33.3.4.1 desta NR.
33.3.5 Compete aos trabalhadores autorizados:
a) cumprir as orientações recebidas nos treinamentos e os procedimentos de trabalho
previstos na PET;
b) utilizar adequadamente os meios e equipamentos fornecidos pela organização; e
c) comunicar ao vigia ou supervisor de entrada as situações de risco para segurança e saúde
dos trabalhadores e terceiros, que sejam do seu conhecimento.
33.3.6 Compete à equipe de emergência e salvamento:
a) assegurar que as medidas de salvamento e primeiros socorros estejam operantes e
executá-las em caso de emergência; e
b) participar do exercício de simulado anual de salvamento que contemple os possíveis
cenários de acidentes em espaços confinados, conforme previsto no plano de resgate
REFERÊNCIAS

• BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS


EM ESPAÇOS CONFINADOS. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2006.
• https://segurancadotrabalhonwn.com/riscos-ocupacionais.
• Garcia, Sergio Augusto Letizia e Neto, Francisco Kulcsar, Guia Técnico da NR-33,
FUNDACENTRO, MTE, Brasília/DF, 2013

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