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TRABALHO – Responsabilidade Civil

Aluno: Lucas P. R. Pimentel - 71910038

Teoria da perda de uma chance

A teoria da perda de uma chance é uma doutrina relativamente nova no direito, que
reconhece a possibilidade de indenização quando uma parte causa a perda de uma chance real
e significativa de obter um benefício ou evitar uma perda.

Origem da teoria da perda de uma chance

A teoria da perda de uma chance surgiu no direito francês na década de 1970, quando um
jovem advogado chamado Pierre Sargos defendeu a tese de que um médico que não havia
diagnosticado corretamente uma doença em um paciente deveria ser responsabilizado pela
perda da chance de cura do paciente. O Tribunal de Cassação da França acolheu a tese de
Sargos e reconheceu que o médico deveria ser responsabilizado pela perda da chance de cura
do paciente.

A partir daí, a teoria da perda de uma chance foi se expandindo para outros sistemas jurídicos,
incluindo o brasileiro. No Brasil, o tema foi objeto de discussão na doutrina e na
jurisprudência, até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a aplicabilidade da
teoria da perda de uma chance em casos de negligência médica em 2002, no julgamento do
Recurso Especial nº 319.199/SP. O caso em questão envolvia um paciente que havia sido
diagnosticado com um tumor cerebral, mas que, por erro médico, havia perdido a chance de
ter a doença tratada de forma adequada e ter melhores chances de sobrevivência.

Em sua defesa, o médico alegou que não poderia ser responsabilizado pela morte do paciente,
uma vez que a doença já estava em estágio avançado quando foi diagnosticada. No entanto, o
STJ reconheceu que o médico havia causado a perda de uma chance real e significativa de cura
do paciente, e que, por isso, deveria ser responsabilizado pela sua conduta.

No acórdão do julgamento, o STJ afirmou que "se o médico agiu com culpa, cometeu um erro
de diagnóstico ou de conduta, e este erro privou o paciente de uma chance real e séria de cura
ou de sobrevivência, há um dano incontestável e, portanto, um prejuízo certo, que deve ser
reparado".

Com essa decisão, o STJ estabeleceu um importante precedente para a aplicação da teoria da
perda de uma chance em casos de negligência médica, e contribuiu para uma maior proteção
dos direitos dos pacientes e das vítimas de erros médicos. Desde então, a teoria da perda de
uma chance tem sido cada vez mais aplicada nos tribunais brasileiros, em diversas áreas do
direito, como no direito do consumidor, no direito trabalhista e no direito penal.

Conceitos da teoria da perda de uma chance

A teoria da perda de uma chance se aplica quando uma parte causa um dano ao impedir a
outra parte de ter a oportunidade de realizar uma ação que poderia trazer benefícios ou evitar
prejuízos, mesmo que não haja certeza absoluta de que o resultado desejado seria alcançado.
Em outras palavras, a teoria da perda de uma chance se baseia na ideia de que a parte
prejudicada perdeu uma chance real e significativa de obter um benefício ou evitar uma perda
por causa da conduta da outra parte.
Para que haja direito à indenização por perda de uma chance, é necessário que sejam
cumpridos alguns requisitos, como a existência de uma chance real e significativa de obter um
benefício ou evitar uma perda, a existência de uma conduta ilícita ou culposa da outra parte
que tenha impedido a realização dessa chance, e a demonstração do nexo causal entre a
conduta da outra parte e a perda da chance.

A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada em diversas áreas do direito, como no
direito civil, no direito do consumidor, no direito trabalhista e no direito penal. Em cada uma
dessas áreas, os requisitos para a aplicação da teoria podem variar de acordo com as
particularidades de cada caso.

Considerações finais

A teoria da perda de uma chance é uma doutrina importante no direito, que reconhece a
possibilidade de indenização quando uma parte causa a perda de uma chance real e
significativa de obter um benefício ou evitar uma perda. Embora seja uma doutrina
relativamente nova, ela tem sido cada vez mais aplicada nos tribunais brasileiros e em outros
sistemas jurídicos, contribuindo para uma maior proteção dos direitos das partes prejudicadas.

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