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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Christian Puhle Maria

ESTUDOS RELACIONADOS A ANÁLISE DE REDES UTILIZANDO O


SOFTWARE ANAREDE

Santa Maria, RS
2017
Christian Puhle Maria

ESTUDOS RELACIONADOS A ANÁLISE DE REDES UTILIZANDO O SOFTWARE


ANAREDE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito para obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Pinheiro Bernardon

Santa Maria, RS
2017
Christian Puhle Maria

ESTUDOS RELACIONADOS A ANÁLISE DE REDES UTILIZANDO O SOFTWARE


ANAREDE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito para obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

Aprovado em 13 de dezembro de 2017:

____________________________________
Daniel Pinheiro Bernardon, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)

____________________________________
Dion Lenon Prediger Feil, Me. (UFSM)

____________________________________
Marco Antônio Ferreira Boaski, Eng. (UFSM)

Santa Maria, RS
2017
RESUMO

ESTUDOS RELACIONADOS A ANÁLISE DE REDES UTILIZANDO O SOFTWARE


ANAREDE

AUTOR: Christian Puhle Maria


ORIENTADOR: Daniel Pinheiro Bernardon

Este trabalho apresenta as aplicações envolvidas em análise de redes elétricas usando


como principal ferramenta o Programa de Análise de Redes – ANAREDE, desenvolvido pelo
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL). Para que um sistema elétrico seja estável,
equilibrado, e forneça energia de qualidade, é preciso que haja estudos de planejamento e
operação. Nesse contexto, são desenvolvidas simulações para analisar o comportamento do
sistema perante a situações de contingências, expansão do sistema, variações dos níveis de
tensão e controle dos reativos e de despacho de potências. Para realização desse trabalho é
utilizado o Sistema IEEE 14 Barras, no qual são realizados esses estudos. Dessa forma é
possível se ter uma visão bastante ampla de como se comporta o sistema elétrico sob diferentes
situações. O software ANAREDE é uma ferramenta bastante útil nesse cenário, sendo um dos
programas mais utilizados por empresas no que se diz respeito a planejamento e operação de
sistemas elétricos de potência. Sendo assim, é realizado no trabalho um pequeno tutorial sobre
esse software, mostrando as principais funcionalidades, controles e modelos, sendo explicado
como é utilizado as principais ferramentas do programa e a realização das aplicações, referentes
aos estudos realizados. O estudo de casos desenvolvido apresenta situações simples das análises
pesquisadas, exemplificando os estudos e mostrando a potencialidade do ANAREDE.

Palavras Chave: Análise de Redes, ANAREDE, contingências.


ABSTRACT

STUDIES RELATED TO NETWORK ANALYSIS USING THE SOFTWARE


ANAREDE

AUTHOR: CHRISTIAN PUHLE MARIA


ADVISOR: DANIEL PINHEIRO BERNARDON

This work presents the applications involved in the analysis of electrical networks using
the Network Analysis Program - ANAREDE, developed by the Electric Energy Research
Center (CEPEL). For an electrical system to be stable, balanced, and provide quality power,
there must be planning and operating studies. In this context, simulations are developed to
analyze the behavior of the system in contingencies situation, expansion of the system,
variations in voltage levels and control of reactive and dispatch of powers. To accomplish this
work, the IEEE 14 Barras System is used, in which these studies are carried out. In this way it
is possible to have a very broad vision of how the electrical system behaves under different
situations. ANAREDE software is a very useful tool in this scenario, being one of the programs
most used by companies in what concerns the planning and operation of electric power systems.
Thus, a small tutorial on this software is performed, showing the main functionalities, controls
and models, explaining how the main tools of the program are used and the realization of the
applications related to the studies carried out. The case study developed presents simple
situations of the analyzed analyzes, exemplifying the studies and showing the potentiality of
ANAREDE.

Keywords: Network Analysis, ANAREDE, contingencies.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Localização dos arquivos IEEE. ........................................................................... 17
Figura 2– Interface gráfica do Sistema IEEE 14 Barras no ANAREDE ................................ 18
Figura 3 – Barra de ferramentas do ANAREDE ................................................................... 19
Figura 4 – Comandos da barra de ferramentas do ANAREDE .............................................. 20
Figura 5 – Quadro de desenho do ANAREDE. ..................................................................... 21
Figura 6 – Principais elementos do quadro de desenho do ANAREDE. ................................ 21
Figura 7 – Dados barra CA................................................................................................... 22
Figura 8 – Tela de Grupo Base de tensão. ............................................................................ 24
Figura 9– Dados do Circuito CA .......................................................................................... 25
Figura 10– Área de Filtro ..................................................................................................... 26
Figura 11– Cálculo do fluxo de Potência. ............................................................................. 27
Figura 12 – Executar Análise de Contingências Automática ................................................. 28
Figura 13 – Circuito Inicial IEEE 14 Barras ......................................................................... 29
Figura 14– Circuito entre as barras 1 e 2. ............................................................................. 31
Figura 15 – Dados iniciais da barra 2. .................................................................................. 32
Figura 16 – Alteração de potências da barra. ........................................................................ 33
Figura 17 – Barras 1 e 2 após despacho de potência. ............................................................ 34
Figura 18 – Barra 3 inicial.................................................................................................... 35
Figura 19 – Dados Iniciais da Barra 3................................................................................... 35
Figura 20 – Alteração do limite de potência reativa na Barra 3 ............................................. 36
Figura 21– Barra 3 após o ajuste de potência. ....................................................................... 36
Figura 22 – Dados iniciais da Barra 14. ................................................................................ 37
Figura 23 – Circuito Inicial Barra 14. ................................................................................... 38
Figura 24 – Dados modificados da Barra 14 ......................................................................... 39
Figura 25 – Circuito modificado na Barra 14........................................................................ 39
Figura 26 – Dados da Barra 14 após importe a GD. .............................................................. 40
Figura 27 – Circuito Barra 14 após importe de GD............................................................... 41
Figura 28 – Dados iniciais da barra 6. .................................................................................. 42
Figura 29 – Circuito da Barra 6 inicial. ................................................................................ 42
Figura 30 – Circuito na Barra 6 com aumento do TAP. ........................................................ 43
Figura 31 – Circuito na Barra 6 com Capacitor Shunt. .......................................................... 44
Figura 32 – Relatório de Análise de Contingência Automática pelo Fluxo. .......................... 45
Figura 33 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 1 e 5. ................................ 46
Figura 34 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 2 e 3. ................................ 46
Figura 35 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 1 e 2. ................................ 47
Figura 36 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 4 e 5. ................................ 47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 9
1.2 OBJETIVO ................................................................................................................. 10
1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS ........................................................................ 10
2 APLICAÇÕES ENVOLVIDAS EM ANÁLISE DE REDES .................................. 12
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 12
2.2 ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS ............................................................................ 12
2.3 EXPANSÃO DO SISTEMA ....................................................................................... 13
2.4 CONTROLE DE TENSÃO E REATIVOS ................................................................. 14
2.5 DESPACHO DE USINAS E DE GD’S....................................................................... 15
3 SOFTWARE ANAREDE ......................................................................................... 16
3.1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA........................................................................ 16
3.2 EXEMPLOS DE CIRCUITOS.................................................................................... 16
3.3 PRINCIPAIS COMANDOS DO ANAREDE ............................................................. 18
3.4 FLUXO DE POTÊNCIA NO ANAREDE .................................................................. 26
3.5 ANALISE DE CONTINGÊNCIA AUTOMÁTICO .................................................... 28
4 ESTUDO DE CASOS ............................................................................................... 29
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 29
4.2 DESPACHO DE POTÊNCIAS ................................................................................... 31
4.3 AUMENTO DE CARGA E IMPORTE DE GD.......................................................... 37
4.4 CONTROLE DE TENSÃO E REATIVOS ................................................................. 41
4.4.1 Variação do TAP do Transformador ....................................................................... 41
4.4.2 Capacitor Shunt ........................................................................................................ 43
4.5 ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS NO SISTEMA..................................................... 44
5 CONCLUSÃO........................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 49
9

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Sistema Elétrico de Potência (SEP) tem por sua função básica fornecer energia
elétrica aos seus consumidores, com qualidade e de forma instantânea. O sistema segue alguns
requisitos para que consiga cumprir suas funções da maneira adequada, tais como manter uma
continuidade de energia elétrica, sempre disponível ao consumidor, além de obedecer a padrões
a limites de amplitude de tensão estabelecidos pela ANEEL (Agência Nacional de Energia
Elétrica). Além disso, o sistema elétrico deve ser flexível a variações, como por exemplo, o
aumento de cargas, ou quedas de tensões na rede, e sempre manter a segurança e a estabilidade
da energia entregue aos seus consumidores.

Para atender a essas necessidades e manter essa qualidade de energia é preciso que haja
planejamento, controle, operação e investimentos para o sistema elétrico. Para isso, é preciso a
realização de estudos para compreender o funcionamento do sistema e analisar como ele se
comporta perante situações adversas.

O estudo de planejamento procura encontrar as melhores soluções de operação e


funcionamento do SEP, de maneira econômica e eficiente. Buscando manter a melhor qualidade
de energia para o sistema, desde a geração até o atendimento das cargas. A operação visa mantê-
lo sempre em funcionamento e fornecendo energia aos seus consumidores, estando o sistema
em condições normais de operação, ou sob alguma contingência.

Com isso, a importância do planejamento está em realizar estimativas do SEP, para ter
noção de como ele vai se comportar com diferentes adversidades que possam sofrer ao longo
dos anos. As contingências são exemplos dessas adversidades, como a queda de uma linha de
transmissão, ou problemas de funcionamento em algum equipamento do sistema, como
transformadores, e que podem originar violações nos limites da rede, tais como aumentos e/ou
quedas de tensões nas barras, ou ainda, sobrecarga de fluxos nos ramos.
10

1.2 OBJETIVO

Para que um sistema elétrico opere de maneira equilibrada é preciso que haja
planejamento e controle de operações desse sistema, com o propósito de manter uma melhor
qualidade de energia tanto na geração, transmissão e distribuição. A análise de redes serve
justamente para fazer esse planejamento, estudando as variações do sistema através da
implementação, ou retiradas de equipamentos e cargas, assim como a variação dos valores
nominais desses equipamentos, avaliando seu comportamento e como cada caso afeta o sistema.

Este trabalho tem por objetivo demonstrar algumas aplicações que envolvem análises
de redes em regime permanente, tais como análise de contingências, expansão do sistema
elétrico, controle de tensão e reativos, importação e despacho de geração distribuída, entre
outros. Assim, demonstrando a importância desses estudos para que se possa planejar e projetar
sistemas elétricos de potência de qualidade, confiabilidade, e que forneçam energia de forma
contínua e de segurança aos seus consumidores, permitindo dessa forma ter uma visão geral do
sistema, das suas capacidades e limitações.

Para auxiliar o planejamento e análise da operação, existem softwares que permitem


simular a rede, assim inserindo falhas e faltas no sistema. Esses podem ter funções específicas
ou gerais, como é o caso de contingências, queda de tensão, sobrecarga, etc. O software
ANAREDE foi utilizado para realizar das simulações desse trabalho, onde foram feitos os testes
e criadas estimativas para um sistema elétrico de potência. Para realização das simulações das
aplicações de análise de redes, foi utilizado o sistema de transmissão do Instituto de
Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) 14 Barras.

1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

No presente capítulo, é apresentado uma introdução do trabalho, assim como o objetivo


proposto por ele.

No capítulo 2 é abordado a parte teórica e revisão bibliográfica de alguns estudos


relacionados a análise de redes e que podem ser executados pelo software ANAREDE.
11

No capítulo 3 é realizado um pequeno tutorial do software ANAREDE, mostrando


alguns comandos principais e algumas potencialidades do programa.

No capítulo 4 são demostrados os estudos de casos realizados no ANAREDE.

No capítulo 5 é apresentada a conclusão do trabalho.


12

2 APLICAÇÕES ENVOLVIDAS EM ANÁLISE DE REDES

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os estudos de análises de redes de sistemas elétricos de potência são fundamentais para


operação e planejamento das redes. Tais estudos visam simular as condições operativas das
redes quanto aos carregamentos dos elementos elétricos, quedas de tensão, perdas elétricas,
entre outros. Nesse capitulo será abordado algumas aplicações que são utilizadas para o
desenvolvimento da análise e planejamento de redes elétricas em regime permanente.

A seguir serão descritos alguns dos principais tipos de estudos.

2.2 ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS

Em Sistema Elétricos de Potência, contingências são anomalias que alteram o


processamento normal do sistema, e, com isso, podem causar grandes danos, afetando o
comportamento desse sistema. Dentre alguns exemplos, podem ser citadas as perdas de linhas
do circuito, perda de elementos shunt, perdas de geração e perdas de cargas. Resumidamente,
contingência é qualquer alteração que afete o desempenho normal do SEP.

Para análise e planejamento de redes esse tipo de estudo é importante para poder estimar
o quanto o sistema é afetado, e em quais pontos ele é afetado, como por exemplo, a retirada de
uma linha entre as barras “x” e “y” podem causar sérios danos ao funcionamento do sistema,
assim como a queda de uma linha em outro ponto pode não causar tanto prejuízo.

Assim, essas análises permitem que se tenha uma visão prévia do problema, mostrando
o comportamento do sistema perante as alterações ocorridas. Dessa forma é possível avaliar
quais seriam as melhores alternativas para resolvê-las, quais as medidas que devem ser tomadas
e quais as soluções devem ser adotadas para um melhor restabelecimento e funcionamento
normal do sistema.
13

2.3 EXPANSÃO DO SISTEMA

Segundo a ONS (2017), tanto a expansão quanto a operação do sistema buscam um


aumento econômico, confiável e sustentável do setor elétrico, mas no caso da expansão,
especificamente, tem por sua finalidade garantir que o aumento de capacidade do sistema, tanto
em geração, transmissão, ou distribuição, sejam levados com qualidade até seu destino final.

O planejamento correto permitirá ter uma visão de um plano de obras de uma linha de
estudos, adequando o sistema às melhores condições operativas e atendendo às necessidades
do crescimento da geração e do consumo de energia elétrica, oferecendo subsídios para a
definição dos pontos de conexão de acessantes. (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, PRODIST MODULO 2, 2016).

Ainda, segundo o Prodist Módulo 2, desenvolvido pela ANEEL (2016), para realização
da expansão da rede elétrica, alguns critérios devem ser levados em consideração, dentre os
quais, podemos destacar:

 Segurança;

 Carregamento para operação normal, ou em contingência;

 Tensão para operação normal, ou em contingência;

 Qualidade do serviço e do produto;

 Confiabilidade;

 Viabilidade econômica e ambiental.

Como exemplos de aplicações realizadas para expansão do sistema, pode ser estudado
o comportamento do mesmo perante um grande aumento de carga, em um de seus barramentos.
Esse tipo de problema pode causar grandes quedas de tensão na barra. Como solução possível,
pode ser realizada a implementação de geradores, restabelecendo as condições de equilíbrio do
sistema novamente.
14

2.4 CONTROLE DE TENSÃO E REATIVOS

As tensões em sistemas elétricos de potência são diretamente influenciadas pelas


variações de cargas elétricas em certas ocasiões, os valores de tensão podem alcançar picos
muito altos, o que pode causar uma série de problemas em vários dispositivos, cargas e afetar
até os consumidores. No caso de um aumento grande na carga, ocorre uma instabilidade de
tensão, provocando sua queda. A tensão é considerada estável quando ela possui valores
balanceados em todos os barramentos do sistema, não havendo variações significativamente
grandes em relação a nominal.

Um critério de estabilidade de tensão é, para todos os barramentos do sistema, que o


modulo de tensão aumente, à medida que a potência reativa do barramento correspondente
também aumente. Ou seja, em um sistema de ‘n’ barramentos, se pelo menos em um barramento
a tensão diminuir quando a potência reativa for aumentada, todo sistema é instável.

A energia reativa é importante em um sistema elétrico pois está diretamente vinculada


a criação e manutenção de campos magnéticos necessários ao suprimento das cargas indutivas,
que estão altamente presentes no sistema elétrico devido a existência de motores,
transformadores, linhas de transmissão, sistemas de iluminação, etc. (SILVA, 2007)

As variações dos níveis de tensão nas redes elétricas são ocasionadas pelo
comportamento das cargas elétricas, potencias ativa e reativas, ao longo das redes. As quedas
de tensões podem ser controladas pelo TAP dos transformadores, com o uso de reguladores
automáticos de tensão e com o controle de potência reativa através de capacitores shunt. A
inserção, ou retirada de geração distribuída também pode influenciar no controle dos níveis de
tensão. (BERNARDON, 2015)

A implementação de capacitores shunt, fornecendo uma compensação reativa adequada,


permite o sistema desenvolver um melhor desempenho e manter o equilíbrio entre geração e
consumo mais balanceado, isso também ajustar os módulos de tensão na rede, influenciando
diretamente na capacidade de transmissão de potência da rede.
15

2.5 IMPORTAÇÃO E DESPACHO DE USINAS E DE GD’S

Outro tipo de análise que pode ser realizado é o de importação, ou despacho de usinas,
ou de fontes de geração. O despacho de usinas está ligado ao ajuste de potências de operação
dos geradores, dentro dos limites operacionais, para atender a carga. Consiste em alterar os
níveis de potência entregue pelas maquinas para aliviar as violações dos parâmetros do sistema,
sendo uma das principais ações utilizadas para alivio de potência.

Em alguns casos, como exemplo, pode ser uma de geração ligada a um barramento para
suprir uma carga ali ligada, não havendo perdas de transmissão. Em outros casos, a potência é
transmitida através de uma linha de transmissão, ocasionando perdas de energia ao decorrer da
linha.

A ordem de despacho das usinas, feita pelo Operador Nacional do


Sistema (ONS), é definida pela energia de menor custo. Geralmente, começa com a
geração de energia das hidrelétricas e, na sequência, a geração pelas térmicas de
menor custo, desde que a usina tenha condições técnicas, inclusive combustível. Ao
permitir que as usinas termelétricas gerem com antecedência possível, a Aneel
pretende aumentar a oferta de geração de energia desse segmento e proporcionar mais
segurança ao Sistema Interligado Nacional. (ANEEL, 2007)

Além do ajuste de potência do sistema, o despacho, ou importação de usinas, ou GD’s,


podem influenciar nos níveis de tensão desse sistema. Segundo Bernardon (2015), isso pode
ocorrer das seguintes formas:

 Quando a GD opera de maneira coordenada com a variação de carga da rede, ou


seja, acompanhando o aumento, ou diminuição da carga.

 Quando a GD opera segundo os preços da energia, ou pela disponibilidade dos


recursos naturais, considerando uma fonte solar, ou eólica, que não acompanham as variações
de carga.

Fazendo uma comparação dos dois casos, o primeiro atua através das variações dos
níveis de carga, reduzindo as variações dos níveis de tensão; o segundo independe da variação
de carga, podendo aumentar os níveis de tensão atuando tanto com uma operação de rede em
carga pesada em baixa potência, como operação de rede com carga leva com a GD produzindo
energia a plena potência.
16

3 SOFTWARE ANAREDE

3.1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

Com a expansão do Sistema Elétrico de Potência e o aumento de sua complexidade é


imprescindível o estudo de análise de redes. O software ANAREDE permite fazer uma análise
do sistema elétrico, considerando uma modelagem estática da rede e assumindo grandezas
elétricas com variações de tempo lentas o suficiente para que seja desconsiderado o transitório.

O programa ANAREDE, desenvolvido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica


(CEPEL) permite desenvolver análises de controle, operação e planejamento de sistemas
elétricos de potência. O programa permite, entre outras aplicações:

Fluxo de Potência;

Equivalente de Redes;

Análise de Contingências;

Análise de Sensibilidade de Tensão;

Análise de Sensibilidade de Fluxo;

Fluxo de Potência Continuado;

Definição das Redes Complementar e de Simulação;

Análise de Corredores de Recomposição.

3.2 EXEMPLOS DE CIRCUITOS UTILIZADOS NO ANAREDE

O software ANAREDE disponibiliza alguns exemplos de sistemas elétricos de potência.


Esses exemplos são os mais utilizados em testes, como os de sistemas IEEE, podendo ser o 9
barras, o 14 barras, o “x” barras. Durante este trabalho serão realizados testes no sistema 14
barras e explicadas suas características.
Os arquivos de sistemas de barramentos estão dentro do mesmo diretório onde foi
instalado o ANAREDE, dentro da pasta “Exemplos”, como mostrado na figura 1.
17

Para acessar os arquivos do IEEE deve-se clicar em “Caso”, no canto superior esquerdo,
e em seguida “Carregar”, assim abrirá uma janela de diálogo onde se deve ir até o diretório
onde estarão os arquivos.

Figura 1- Localização dos arquivos IEEE.

Fonte: ANAREDE.

Na figura 2 é mostrado como exemplo, o sistema IEEE 14 Barras representado


graficamente no software.
18

Figura 2– Interface gráfica do Sistema IEEE 14 Barras no ANAREDE

Fonte: ANAREDE.
As ferramentas da interface gráfica como zoom e movimentação da área
de trabalho podem auxiliar no entendimento do sistema como, por exemplo, a
nomenclatura das barras e os fluxos de potência partindo da mesma através de cada
linha em que está conectada. Essas ferramentas simples podem ser utilizadas através
de seleção na segunda linha de menus do programa representadas por uma pequena
lupa (zoom) e uma pequena mão (mover área de trabalho). Outras ferramentas
disponíveis nos menus principais da interface gráfica do programa possuem uma
breve descrição de função caso o mouse seja posicionado em cima do botão desejado.
(GARCIA, 2014)

3.3 PRINCIPAIS COMANDOS DO ANAREDE

Na barra de ferramentas, apresentada na figura 3 do programa, podem ser encontradas


opções de como obter informações de qualquer parte do circuito, de como desenhar seu próprio
circuito, apagar todos os dados de elementos, por exemplo, ou apenas apagar o desenho do
circuito em si, mantendo os dados salvos, entre outros comandos do programa.
É importante ressaltar que o ANAREDE funciona com a parte elétrica e gráfica do
circuito separados. Sendo assim, se for apagado o desenho de algum elemento do circuito
19

apenas, seus dados permanecerão salvos, e o circuito funcionará, como se esse elemento ainda
estivesse ali. Para apagar os dados desse elemento do circuito, deve-se abrir o quadro com os
“Dados de barra” e apagar os dados ali inseridos, ou através do ícone da “caveira”, selecionando
no próprio circuito o elemento que se deseja deletar, junto com seus dados. A “borracha”
permite que apenas seja apagada a parte gráfica do sistema. Para acessar os dados do circuito,
deve-se clicar no ícone “i”, obtendo as informações dos elementos.
Figura 3 – Barra de ferramentas do ANAREDE

Fonte: ANAREDE.

Os principais comandos da barra de ferramentas são mostrados na figura 4, assim como


suas funcionalidades, como pode ser visto abaixo.
20

Figura 4 – Comandos da barra de ferramentas do ANAREDE

Fonte: TUTORIAL DO PROGRAMA ANAREDE

Para desenhar um circuito, deve-se clicar no ícone com o lápis, onde irá abrir uma aba,
como mostrada na figura 5, abaixo. Nela será possível escolher opção para se desenhar, ou
implementar no sistema alguma barra, linha, gerador, transformador, carga, bancos em shunt,
entre outras opções.
21

Figura 5 – Quadro de desenho do ANAREDE.

Fonte: ANAREDE.

Para inserir um elemento no sistema, deve-se dar um duplo clique com o botão esquerdo
no mouse, abrindo uma nova janela para inserção de dados. Na figura 6, é tabelado os principais
elementos do quadro de desenhos do ANAREDE.

Figura 6 – Principais elementos do quadro de desenho do ANAREDE.

Fonte: TUTORIAL DO PROGRAMA ANAREDE

Ao selecionar uma opção de elemento, deve-se escolher o local que se deseja adiciona-
lo. O procedimento para a inserção é realizado por meio de um duplo click com o botão
esquerdo do mouse, abrindo assim uma nova janela para inserção de dados. Os tópicos a seguir
22

serão dedicados a explicar os parâmetros necessários para a inserção dos principais elementos
de um SEP.

Ao desenhar uma barra, por exemplo, pode-se redimensionar o seu tamanho, ou alterar
a ligação de algum elemento desejado clicando no botão “<<___>>” da barra de ferramentas,
mostrado na figura 3, ou pressionando “F12”.

Dentro do quadro de dados da barra pode-se definir os dados dos equipamentos que
compõe determinado barramento. Primeiramente é necessário estabelecer os dados das barras
e de seus elementos. Clicando em “Dados”, na barra de ferramentas, logo após em “Rede CA”
e “Barra”. Ao fazer isso, irá abrir uma janela, como mostrado na figura 7, “Dados de Barra
CA”, abaixo.

Figura 7 – Dados barra CA.

Fonte: ANAREDE.

Ao criar um barramento novo, deve-se definir o número da barra, o nome, o módulo e


ângulo da tensão da barra, em p.u., o tipo da barra (PQ, VP, ou Vϴ) e a potência de geração
injetada na barra. Para um sistema já criado, pode-se obter acesso às informações de elementos
23

do sistema, linhas, ou barramentos, deve-se clicar no ícone “i”, na barra de ferramentas e com
o botão esquerdo clicar no elemento desejado.

As Barras PQ, também chamadas de barras de carga, possuem a


geração ativa (P) e reativa (Q) especificadas, e o modulo (V) e ângulo (ϴ) da tensão,
como incógnitas. A Barra PV usualmente é uma barra controlada, considerando a
potência ativa (P) e o módulo de tensão (V) constantes e a potência reativa (Q) e o
ângulo (ϴ) como incógnitas. E a Barra Vϴ conhecida como barra de referência, tendo
como função adicional suprir as perdas de potência do sistema. A barra possui a
referência de ângulo ϴ = 0°, módulo de tensão constante (V) e as potências ativa (P)
e reativa (Q) como incógnitas. (SILVA, 2017)

É possível também definir o limite de tensão dos barramentos do circuito, em p.u.,


normalmente estabelecido entre 0,95 e 1,05 p.u., assim como estabelecer um sistema de cores
no sistema para diferentes níveis de tensão. No caso da figura 8, o exemplo mostrado abaixo
apresenta dois grupos de tensão, o grupo “0”, para alta tensão, e o grupo “1”, para baixa tensão.

No caso de uma barra conter algum gerador, defina-se sua potência ativa, e os limites
da potência reativa, dessa maneira, o próprio software calcula a potência reativa que deverá ser
entregue ao sistema do após rodado o fluxo.
24

Figura 8 – Tela de Grupo Base de tensão.

Fonte: ANAREDE.

Para criar uma linha de transmissão, ou distribuição no circuito, o processo é


semelhante. Deve-se clicar em “Dados” > “Rede CA” > “Linha/transformador”, onde será
possível definir de qual barra a qual barra será inserida a linha, a capacidade de transmissão, o
TAP, para o caso dos transformadores, etc. Na figura 9, é mostrado o quadro com os “Dados
do Circuito CA”
25

Figura 9– Dados do Circuito CA

Fonte – ANAREDE.

Ainda na barra de ferramentas do ANAREDE, pode-se selecionar a “Barra de Filtros”,


que serve para que se possa escolher os parâmetros do circuito que se quer analisar, tais como
tensão (kV), corrente (A, ou kA), potência ativa (kW) e reativa (kVAr), ou potência aparente
(kVA), impedância, entre outros exemplos. A figura 10 apresenta o quadro da área de filtros.
26

Figura 10– Área de Filtro

Fonte: ANAREDE.

3.4 FLUXO DE POTÊNCIA NO ANAREDE

O fluxo de potência no ANAREDE é executado através do método de Newton-Rhapson,


através dos cálculos das matrizes jacobiana. Segundo Fontes (2012), este método tem a
vantagem ser robusto, pois converge na maioria dos casos, com poucas iterações. Além disto,
sua convergência é independente da dimensão do sistema.
De acordo com Silva (2017), para uma maior precisão na análise do SEP em regime
permanente, assume-se que este opera com geração e carga em equilíbrio, sendo representado
por um sistema monofásico, com impedâncias especificadas por unidade (p.u.) em uma
potência base comum, em MVA.
27

Para rodar o fluxo deve-se primeiramente clicar em “Análise” e selecionar a opção


“Fluxo de Potência”, onde abrirá a janela “Cálculo do fluxo de Potência”, como mostrada na
figura 11. Lá deve-se selecionar as opções de fluxo e os controles de operação.
Nos exemplos mostrados nesse trabalho, foram utilizadas as opções:
 FLAT, que utiliza como condição inicial para o processo iterativo os dados de
entrada de magnitude e ângulo de tensão;
 Controle de limite de tensão;
 Controle do TAP dos transformadores.
Figura 11– Cálculo do fluxo de Potência.

Fonte: ANAREDE.
28

3.5 ANALISE DE CONTINGÊNCIA AUTOMÁTICO

Dentro do ANAREDE pode-se também realizar um estudo automático de contingências.


Indo em “Análise”>”Análise de contingências”>”Automática”, onde abrirá a janela “Executar
Análise de Contingência Automática”, como mostrado na figura 12.

Nessa janela será possível escolher o tipo, se referindo à “barra”, “área” e “tensão” e o
número registrado para cada um deles.

Após escolhidas as opções, dependendo do circuito adotado, deve-se clicar em “Inserir”


e depois em “Aceitar” para que seja rodado a análise de contingências do sistema.

Figura 12 – Executar Análise de Contingências Automática

Fonte: ANAREDE.
29

4 ESTUDO DE CASOS

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nesse capítulo serão demonstrados os estudos realizados através do Software


ANAREDE para algumas das análises comentadas anteriormente. Os testes foram feitos
utilizando o sistema IEEE 14 Barras, como mostrado na figura 13, do circuito inicial.

Figura 13 – Circuito Inicial IEEE 14 Barras

Fonte: ANAREDE.
30

O sistema IEEE 14 Barras adotado nesse trabalho apresenta como características de


circuito:

 Dois geradores, entre as barras 1 e 2, respectivamente;


 Quatro motores síncronos, nas barras 2, 3, 6 e 7;
 Três transformadores, entre as barras 5 e 6, 4 e 9, 4 e 7;
 Oito cargas, nas barras 2, 3, 4, 10, 11, 12, 13, 14;
 Um shunt na barra 9.

A tabela 1, mostrada a seguir, mostra as condições iniciais do circuito, levando em


consideração os tipos de barras, as potencias ativas e reativas de geração, de carga e tensão.

Tabela 1 – Condições iniciais do sistema.

Dados Geração Carga Tensão Tipo

Barra P (MW) Q (MVAr) P (MW) Q (MVAr) Módulo Ang. (ϴ)


1 234.9 -45.5 - - 1 0 Vϴ
2 40 60.9 21.7 12.7 1 -5.9 PV
3 0 67.08 94.2 19 1 -15 PV
4 - - 47.8 -3.9 0.969 -12 PQ
5 - - 7.6 1.6 0.967 -9.9 PQ
6 0 8.17 11.2 7.5 1 -16 PV
7 - - - - 0.990 -15 PQ
8 0 5.638 - - 1 -15 PV
9 - - 29.5 16.6 0.985 -17 PQ
10 - - 9 5.8 0.980 -17 PQ
11 - - 3.5 1.8 0.986 -17 PQ
12 - - 6.1 1.6 0.984 -17 PQ
13 - - 13.5 5.8 0.979 -17 PQ
14 - - 14.9 5 0.963 -18 PQ

Fonte: Autor
31

4.2 DESPACHO DE POTÊNCIAS

Nota-se pelo circuito inicial a linha hachurada entre o barramento 1 e o barramento 2,


mostrado com melhor clareza na figura 14. Nesse caso, a geração da barra 2 não consegue suprir
a carga, ficando sobrecarregado.

Figura 14– Circuito entre as barras 1 e 2.

Fonte: ANAREDE.
32

A figura 15 detalha os dados de barra usados inicialmente, tendo seus dados de potência
ativa (P) a 40 MW e reativa (Q) a 60.9 MVAr, com seus limites de potência reativa variando
entre -40 MVAr e 50 MVAr, com tensão nominal de 1 p.u.

Figura 15 – Dados iniciais da barra 2.

Fonte: ANAREDE.

Dados as condições iniciais do circuito, foram realizados inicialmente os testes de


despacho de energia. Como exemplo de aplicação demostrado nesse caso, como mostrado na
figura 16, foi aumentado a potência ativa do gerador da mesma barra de 40 MW para 140 MW,
alterando seus limites de potência reativa de -40 MVAr e 50 MVAr para -140 MVAr e 150
MVAr da mesma maneira, dessa forma, suprindo a necessidade da barra e corrigindo o
problema.
33

Figura 16 – Alteração de potências da barra.

Fonte: ANAREDE.

Percebe-se que com o aumento da potência ativa da barra, a potência reativa diminui de
60.08 MVAr para 22.89 MVAr, normalizando o sistema, pois o gerador passa a injetar mais
potência na barra atendendo a demanda da carga. O circuito, após rodado o fluxo e potência,
fica como mostrado na figura 17.
34

Figura 17 – Barras 1 e 2 após despacho de potência.

Fonte: ANAREDE

Da mesma forma, na barra 3, como mostrado na figura 18, a potência reativa injetada
pelo gerador síncrono, de 67.08 MVAr é maior que seu limite estabelecido, como mostrado na
figura 19. Como solução encontrada, apenas foi preciso aumentar o limite de 40 MVAr para 70
MVAr, como mostrado na figura 20.
35

Figura 18 – Barra 3 inicial.

Fonte: ANAREDE.

Figura 19 – Dados Iniciais da Barra 3.

Fonte: ANAREDE.
36

Figura 20 – Alteração do limite de potência reativa na Barra 3

Fonte: ANAREDE.

O gerador do circuito na barra 3 fica estabilizado, conforme mostra a figura 21.

Figura 21– Barra 3 após o ajuste de potência.

Fonte: ANAREDE.
37

4.3 AUMENTO DE CARGA E IMPORTE DE GD

O estudo de casos feito sequencialmente foi um aumento de carga na barra 14 do


circuito. A carga inicial ativa era de 14.9 MW e a reativa de 5 MVAr e a tensão inicial da barra
de 0.961 p.u., como mostrado na figura 22, e o diagrama do circuito mostrado na figura 23.

Figura 22 – Dados iniciais da Barra 14.

Fonte: ANAREDE.
38

Figura 23 – Circuito Inicial Barra 14.

Fonte: ANAREDE.

Para a realização da análise, foi realizado um aumento de carga para 44.9 MW e 25


MVAr, como mostrados na figura 24, havendo também uma queda de tensão para 0.875 p.u.
Nota-se pela figura 25 a variação ocorrida no circuito, que passa a absorver mais reativos devido
a queda de tensão.
39

Figura 24 – Dados modificados da Barra 14

Fonte: ANAREDE.

Figura 25 – Circuito modificado na Barra 14.

Fonte: ANAREDE.
40

Para uma possível solução desse caso, foi implementado no sistema uma GD com
potências de 20 MW e 20 MVAr na mesma barra, dessa forma foi possível suprir o aumento de
carga ocorrido no sistema, e estabilizado a tensão novamente. As figuras 26 e 27 mostram a
modificação dos dados da barra e o circuito após o importe da GD, respectivamente.

Figura 26 – Dados da Barra 14 após importe a GD.

Fonte: ANAREDE

Nota-se que a implementação da GD na barra ajudou não só a suprir o aumento da carga,


como melhorou a instabilidade de tensão, aumentando de 0.85 p.u. para 0.95 p.u., fincando
dentro dos limites aceitáveis.
41

Figura 27 – Circuito Barra 14 após importe de GD.

Fonte: ANAREDE.

4.4 CONTROLE DE TENSÃO E REATIVOS

4.4.1 Variação do TAP do transformador

Um dos métodos de controle de reativos é pelo TAP do transformador. No terceiro


estudo de casos realizado, foi aumentado o TAP do transformador de 0.932 para 1, havendo
sobrecarga no gerador da barra. Na figura 28 é mostrado os dados iniciais da barra, destacando
a potência reativa injetada e sua capacidade máxima. Na figura 29 é mostrado o circuito inicial
da barra 6.
42

Figura 28 – Dados iniciais da barra 6.

Fonte: ANAREDE.

Figura 29 – Circuito da Barra 6 inicial.

Fonte: ANAREDE.
43

Na figura 30, mostrada abaixo, mostra a consequência do aumento do TAP do


transformador para 1, resultando em um aumento de potência reativa do gerador síncrono
injetada na barra de 13,4 MVAr para 36,3 MVAr.

Figura 30 – Circuito na Barra 6 com aumento do TAP.

Fonte: ANAREDE.

Percebe-se que o gerador síncrono injeta 36.3 MVAr de reativo na barra, passando os
limites estabelecidos de 24 MVAr, mostradas na figura. Dessa forma, percebe-se a relação entre
a variação de tensão do TAP do transformador e a potência reativa. Para um aumento do TAP
do transformador, será necessário um consumo maior de reativos para manter a tensão da barra.

4.4.2 Capacitor Shunt

Outra maneira de se fazer o controle dos limites de tensão da barra através da variação
da potência reativa é a utilização de capacitores shunt. Da mesma maneira proposta
anteriormente, com a variação do TAP do transformador, o gerador precisa injetar mais do que
sua capacidade permite. A implementação de um capacitor shunt na barra 6 ajuda na injeção de
reativos e diminui a sobrecarga do gerador. Como mostrado na figura 31, o capacitor
implementado tem capacidade de 20 MVAr, a potência reativa do gerador se torna de 16.3
MVAr, mantendo a tensão na barra em 1 p.u.
44

Figura 31 – Circuito na Barra 6 com Capacitor Shunt.

Fonte: ANAREDE.

4.5 ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS NO SISTEMA.

Por fim é realizado uma análise de contingência automático no sistema. Esse teste
permite verificar em quais barramentos existe uma maior tendência a ocorrer alguma
contingencia gerando um relatório, como mostrado abaixo na figura 32.
45

Figura 32 – Relatório de Análise de Contingência Automática pelo Fluxo.

Fonte: ANAREDE.

Como é possível observar no relatório calculado pelo programa, foram identificadas


possíveis contingências entre a barra 1 e a barra 5, a barra 2 e a barra 3, a barra 1 e a barra 2, e
a barra 4 e a barra 5. Dessa forma, como é possível ver nas figuras 33, 34, 35 e 36, se forem
retiradas as linhas entre essas barras, irá ser indicado contingências no sistema.

Na ausência da linha entre as barras 1 e 5, haverá sobrecarga na linha entre a barra 1 e


a barra 2 e no gerador da barra 6.

Sem a linha das barras 2 e 3, as linhas entre as barras 2 e 4; 4 e 3 e o gerador na barra 3,


serão sobrecarregados.

Na falta da linha entre as barras 1 e 2, sofrerá sobrecarga a linha entre as barras 1 e 3.

E sem a linha entre as barras 4 e 5, haverá contingencia na linha entre as barras 1 e 2.


46

Figura 33 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 1 e 5.

Fonte: ANAREDE

Figura 34 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 2 e 3.

Fonte: ANAREDE
47

Figura 35 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 1 e 2.

Fonte: ANAREDE.

Figura 36 - Contingências no sistema sem a linha entre as barras 4 e 5.

Fonte: ANAREDE.
48

5 CONCLUSÃO

Através dos estudos feitos nesse trabalho, foi possível perceber a importância de realizar
uma análise de planejamento e operação de redes elétricas, pois através desses estudos é
possível entender o funcionamento do sistema e como ele se comporta perante diferentes
situações. Sendo os tópicos estudados de suma importância para o entendimento de como o
SEP funciona e qual o melhor planejamento que pode ser realizado de acordo com cada caso
abordado.

Com a utilização de recursos e ferramentas como o Programa de Análise de Redes –


ANAREDE é possível obter-se uma visão de como se comporta um sistema elétrico perante
suas constantes variações, como cargas, tensões, reativos, etc. O Software mostrou-se uma
ferramenta de trabalho muito útil, pois permite uma quantidade muito grande de mecanismos
que possibilitam manipular o sistema elétrico usado. Sendo o programa mais popular dentro
das concessionárias de energia no que diz respeito ao controle, planejamento e operação de
sistemas de potência, ele permite os mais variados testes, desde aumento de carga, variação dos
níveis de tensão, importação e despacho de geração, até implementação de novos elementos e
criação de novos sistemas elétricos.

A partir dos resultados das análises, fica muito visível a relação entre os componentes
do sistema e o que a variação de um pode causar ao outro. Ao aumentar o TAP do
transformador, por exemplo, pode-se causar um grande aumento na geração de reativos para
compensar a tensão. Da mesma forma, havendo uma diminuição do TAP, ocorre um aumento
no consumo de reativos. O TAP permite aumentar ou diminuir a tensão transformada, através
da variação da relação de espiras do transformador. Sendo assim, para manter o nível de tensão
nominal, ocorre a variação de reativos injetados pelo gerador, ou pelo motor síncrono, podendo
sobrecarregar esses equipamentos.

Portanto, de acordo com o que foi mostrado no trabalho, pode-se concluir a importância
de um estudo de análises de redes para um sistema elétrico, permitindo ter visão e controle de
todas falhas e alterações que podem ocorrer no sistema. Foi possível compreender o
comportamento do sistema elétrico, assim como suas potencialidades e limitações. Dessa
forma, é possível se projetar um sistema melhor, com melhor confiabilidade e que garanta uma
melhor qualidade de energia entregue a seus consumidores.
49

REFERÊNCIAS

AGENCIA NACIONAL DE ENERGI ELETRICA – ANEEL: Procedimentos de distribuição


de energia elétrica no sistema elétrico nacional – PRODIST, Módulo 2 – Planejamento da
Expansão do Sistema de Distribuição. 2016. 28 p.

AGENCIA NACIONAL DE ENERGI ELETRICA - ANEEL. Boletim de energia. Disponível


em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/boletim277.htm>. Acesso em: 26 out. 2017.

BERNARDON, D. P. et al. Sistemas de distribuição no contexto de redes elétricas


inteligentes: Uma abordagem para reconfiguração de redes. 1 ed. Santa Maria, RS: Agepoc,
2015. 163 p.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Anarede - análise de redes elétricas.


Disponível em: <http://www.cepel.br/produtos/anarede-analise-de-redes-eletricas.htm>.
Acesso em: 18 set. 2017.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Manual do usuário do programa de


análise de redes - ANAREDE: Versão 10.01.03 . Rio de Janeiro, RJ, 2016.

ESTABILIDADE DE TENSÃO. Estabilidade de tensão. Disponível em:


<https://web.fe.up.pt/~ee94139/estabilidadeconceitos.htm>. Acesso em: 03 set. 2017.

FOUAD, Anderson P.M., A.A., Power System Control and Stability, IEEE Power Systems
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potência utilizando o programa anatem. 2012. 101 p. Monografia. Escola Politécnica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2012.

KUNDUR, P. General Introduction and Basic Concepts of Voltage Stability analysis.


IEEE/PES Summer Meeting, IEEE Tutorial Course: Voltage Stability , San Diego, Califórnia,
USA. 1998.

ONS. Integração entre o planejamento da expansão e a operação do sistema elétrico.


Disponível em: <http://ons.org.br/paginas/opiniao/20170828-
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GARCIA, Paulo Henrique Volpato. Primeiros passos: fluxo de potência continuado


anarede. 2014. 33p. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2014.

PROJETO DE REDES. Projeto de redes. Disponível em:


<http://www.projetoderedes.com.br/artigos/artigo_conceitos_de_redundancia.php>. Acesso
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SILVA, Leonardo Notaroberto Custódio Leão Nunes.Tutorial do programa anarede com


base em configurações do sistema elétrico de potência. 1 ed. Curitba, PR: 2017. 127 p.
50

SILVA, Warney Araujo. Utilização de recursos de compensação reativa de indústrias no


controle de tensão de sistemas elétricos. 2007. 103p. Dissertação. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica) – Escola de Engenharia da UFMG, Belo Horizonte, MG, 2007.

SILVEIRA, Cristiano Da Silva. Estudo de máximo carregamento em sistemas de energia


elétrica. 2003. 76p. Dissertação. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo, São Carlos, SP, 2003.

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