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O BOM COMBATE

NA

ALMA GENEROSA

O verdadeiro amor consiste em dar-se


sem reserva á Vontade Divina.

t .ª EDIÇÃO - 5 MIL

INSTITUTO DAS MISSIONARIAS DE JESUS CRUCIFICADO


CAMPINAS
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IMPRIMA-SE
Campinas, 14 - 6 - 36
T FRANCISCO, BISPO DIOCESANO

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PREFACIO

A aulura a11011yma deste /foro , cheio de boa doutriJia e


an ima do de um espirit o s ão, abre a ,çeus leitores um cam in ho ,
1111e somente será /ialmilhado pela,ç almas que a.Ypirarem o
mais pel'f eitu.
Se u mafa perfeito na vida, sob qualquer aspecto que
se o considere, n ão se atlinge sem lucla, com mais razão
podemos atfirmar q ue uma l'erdadeira guerra se desen cadêa
co11tra uma alma, que, aspiran do a perfeição, tem que vencer
11sproprias paixões, como as seduções elo m un do corruptor.
E' 110 campo, pois, da .4 scetica, que, ensinando a com­
/>11/l'r a s más inrlinoções ela 11a/11rl'za, leva o homem a co11s­
fr11ir o e dificiu ele .rna.ç propria.ç virtude.ç, que des correm o.ç
1·aµit11lo,ç d e s tl' liv1·0 que com ra:;rio lev(l o n om e de " () Bom
<:ombate m1 A lma de Boa \'011tade". �
O amor .rnbre11atural, uma c on fian ç a i1wlteravel, uma
,</t'nt'ro,çidade sem par, uma r.emmcia completa, uma ab11e­
gação pe.çsoa/ e real, e uma nbs ervancia piedosa e i11t elligen­
te dos proprios de11eres, eis as 11irtude,ç fun damenlaes que
ahi aprende uma alma des ejosa de perfeição , que, por amor
e sem con dição , se entrega á vontade do D ivino Lapidador.
E só essas almas d'escol, que corresponderem á actua­
ção ela graça transformante, .�e to rnarão forte.ç na Fé e ar­
dentes 110 Amor, para merecerem os arro ubos da vicia my.ç­
t ica, numa san ta, doce e ca.Yla união com o Divino Esposo.
Tal é o piedoso esco po de.de lforo, que, sob as b en çams
tle Nossa Mlie e Riqueza, Maria Sant íssima, 11ae correr mundo
em b en efic io das almas de boa vontade.

Campinas, 4-8-36.
F. DE M.
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E m q u e c o n s i ste a Santi d a d e

A S ant i d ad e consiste cm negar-se a si p1roprio e pôr


t o d a confi ançn cm Deus, c m ver este mundo como dt•
passagem, km br a nd o que n nossa Patria é o céo para não
termos amor á cousa criada, em pensarmos todos os dias
q ue nã-0 sabemos a hora em que seremos chamados ás c onta s,
l'lll rcflcctirmos que Deus é justo e que dará a cada u m
sPgumlo seu 1 r ab alho, l embra ndo-nos constantemente da
Parabola das Virgens loucas. Na verdade se a nossa lam­
J>arla se achar ap a g ada não entraremos no Banquete da s
:'\upl'ias cPlcstes. o que constankmentc nos l e mbra r á que o
l rnbalho 1Ja santifi cação de pende como que sómente de nós.
Sp lJ ui zer m o s podc·mos st•1· grandes santos, s·e quizt•rmos
podl· m os sp1· rl'probos, e podl'mos tambl'm S<.'r tibios e ir ao
purgalorio por muitos annos. Agora, alma fil-1, t"S co lhl' o c1ue
querrs Sl'r na hora da m o rte e põe :rpão á obra.
Si q ueres ser tíbia, ce d r ao teu corp o as exigencias qur
rlh· k perlc>; se que res ser rcprobo, afasta-te dos sacramen­
los; se qucrl's se r santo, ama o sacrifieio, nega-te a ti ml' s m o
P accl'nclc rm t eu coração uma lampada cujo aze i l l' s('ja
·
Eu,
Teu JESUS.
10-!)-1!J29.

A v i d a es p i ritu al m al c o m p re h e n d ida

J ESCS Crucificado iwla sua iníi nila mjseri cord i a deu-mi)


a compn•lwnder q ue ha na vida espiritual um grande
erro. Dissc-nw Elle qur ha uma pest e que está devitstando
sua Sanla Egn•ja, t• está fazend'O tanto mal, que fa z com que
os fructos sl'jam m u it o poucos. Esta pest e das almvs cha­
nw-se piedade mal comprl'hcnd i d a.
Dissc-nll' .k s us que certas almas, cm numero bem avul­
tado, procuram o c a m i nho que leva á m ont anha santa do
Calvario, (pois, sem subir est a montanha n in guem podcrú
se santificar) mas, o que acontece é o seguinte: Coml'çam
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8 O Bom Combate 11a ;llma Generosa

a subir, e logo se enveredam por outros caminhos, a prn·


curar cruzes a seu bello pra zer, mas quando se trata de
soffrer o que o bom Deus lhes manda, a h ! então fogem
espavoridas, dizendo que não podem snpportar tamanha
cru z ! E porque acontece isto? Ah ! Eu bem o sei, pois Jesus
Crucificado me fez comprehen der. E' por falta de conheci­
mento de quem é Deus, pois Elle disse: Eu sou o caminho
que deveis sep:uir, E u sou a verdade cme é nrf'ciso crf'r;
prf'ciso é então que sigamos suas pisadas. Porque então,
almas quf'ridas. n ão aceitaf's com alf'itria o que o bom
Mestre vos envia? Pois se Elle é a verdade que precisamos
crer. norone entiõo não eremos e não nomos em prntica o
que ElJe disse. Todo aouelle que me ouizf'r seirnir, tom<> sua
cruz. E disse mais: Todos cme me quizerem seguir soffrerão
contradiccão ! Porcme, entiio, alma querida, não nões em
pratica estas maximas do Santo Evangelho?! O' falta de f é !
O' piedade mal comprehendida ! Queremos viver sem cruzes
e fabricamos pelas proprias mãos cruzes, que tanto nos fazem
soffrer e que pouoo agradam a Jesus Crucificado. Em vez de
fabri cal·as, aceitemos com �enerosi dade o que o Bom Deus
se dignn enviar-nos cada dia, e não sefomos as cruzes de
nossos Directores, e, até mAls, do proprio Jesus Christo ! Ah 1
'
raz?lo tem o Divi n o Sal v ador de se queixar amargamente, e
de dizer cme isto é uma peste que está devastando sua Santa
Eareja. Sim, quantas alm as bôas, p o r má comprehensão da
vida pierlosa, n ão a d i antam n a virtude, levam uma vida
p<>nosa e sem merecim'f'nto algum ! Est as almas, ainda não
chf'aar:>m a comprehen der o v al or do soffrimrnto e a boa·
rlnrle dl' Jesus: sim, porque a alma quanrlo ehPga a com·
pr"h""""r que a cruz é um presf'nle p1·eeiosiso;imo, a aceita
eom :ile!?"ia. por am o r d" Jesus. Nisto, ha m'l1 i to CJUf' ile se i ar .
r.0..tas plrn"s amam a .Tec:us. entre1ram-� sf'm rfc: ' Prva a seu
Divir>n ro ..nciio. rn"s lo no vPm essa D""t" d m "i f<'rn, que é
"

o f'scrtm�•lo, - p<'df'·sf' dizf'r - a m{i comprehensão que tf\m


df' sf'n Df'us. f' ahi com·ecam a enxer1rnr o aue não existe,
fa7.f'r>do de .JPsu s um carrnsco ! A h ! f'stas a l m a s, Jesus as
c011vid a 11 olhal-o 110 alt o da cruz, auando disse ao bom
ladrão: "Hoje estarás commi1?0 no Paraizo." Porque tanta
c<'gueira, alma p� dosa? Não Yês Jesus com os hrnços estcn·
didos, dize n d o a· sru Pne Eterno: Pae, perdoa e·lhcs que não
sabem o qm• fazem? Porque lu , ó almn, duvidas assim de teu
Deus? Não sabes que duvidar de Deus é a maior offensa,
que se pode.fazer a Elle que, por nosso amor, morreu cruci·
ficado?! Ah! bem disse Jesus: os homens não me conhecem,
tJois si todos me conhecessem procederiam de outra forma.
Sim, eu vos d ig o o mcsmo, almas qul' vos l'ntrcgaes scm
reserva a viver da vida de Jesus Christo: Si vós conheces·

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{) Bom Combate na .Hma r.enero.ça 9

seis a Jesus Christo não pensarieis dessa forma, não serieis


vossas cruzes e as cruzes daquelles que vos dirigem 1 O bom
Deus disse-me mais, que não ha mais almas contemplativas,
porque a peste do esorupulo n ão deixa estes corações darem
fructos. Na verdade, como uma alma póde contemplar, se
vive perturbada, i nquieta, com medo de seu Deus, e se pro­
cura cada dia uma idéia para se martyri zar ! Naturalmente
que estas almas n ão podem subir os degraus da contempla­
ção, onde o bom Deus a todos m ostra as riquezas i mmensas
de seu coração Divino.

3-1-1930.

'Be m ave ntu rados os q u e c h o ra m

S IM, disse Eu: Bemaventuredos us que choram, 1-1orcme


ser ão consolados, e no meu remo serão ·suas lagrimas
f'nxugadas por meus d i vi nos favores. Chorar. minha filha,
é proprio de um caração que soCCre. Criaturas ha éfue cho­
ram qua ndo se vêem na mendicidade, outras quando se
vêf'm privadas de um afff'cto, outras quando a desitraça lhes
bate á porta, pela morte dP, um ente crurrido ou nela pnd a
d P, uma fortuna !. .. Mas E u disse : Bemnventurados o s que
choram... sim, os crue choriim nor causa de m"us intp­
resses ! Na ver dade, bC'maventurados os que choJmm, quando
vêem o meu nome blasphemad o ! Bemaventurados os que
choram, quan do vêem os meus i nteresses em perigo ! Bcm­
aventurados os aue choram, quando a desolação, que é o
peccado, se alastra no mundo !
Ah! minha filha, quão pouca!! Siío as almas que choram,
vendo a heresia e o erro se infiltrarrm nos coraçi'l1's !. ..
Ouão poucos são os corações que commigo choram a perda
de tantas almas ! ...
Ah! a perda de uma alma é um mal irreparavel ! Se os
que se d i zrm meus amigos comprehendessem o viilor de
uma alma, ah 1 como chorarinm ! . . . Se meus amigos com­
prehe nd esscm a desolação quf' causa no meu coração o
peccado, como se compadcceriflm destas almas e como
iriam atraz drllas para me dar prazer, proporcionanrlo-lhes
uma felicidade eternál. . . As almas nobres comprrhen de­
ram todos estes estra·gos e procuraram reparai-os com a sua
dedicação, fazendo para isso tudo que lhes estava ao proprio

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10 O Bom Combale na Alma Genero.�a

alca n ce. Commigo choravam, aos pés de meu Sa crm,io vi·


nham chorar as cksdita's dl•sses corações e n golfados n o
pecoado. Qua ntas vezes, minha filha, f u i o brigado a dizer:
Bast• a ! . . . E agora o n d e ha d esses corações? Quem se compa·
dece qua n d o vêem o ininügo me roubaT' uma alma que me
pertence? A h ! exa min ae·vos, se sentis e s e vos causa uma
gra n de dôr qua n d o ouvis um homem blasphemar. Ah ! se
tal não a contecer, é porque vosso a mor por mim ainda é
muito diminuto ! Exami na.e-vos, se n ada sentis qua ndo
ouvirdes dizer que um homem morreu impenitente, e se fôr
assim é p o rque ainda �es pouco conhecimento de minha
gloria ! . . . Ah ! como o m u n d o se acha na langui d ez ! .
Os homens choram os bens falazes d a terra! E vús,
almas consagradas a meu serviço, choraes junto commigo
os meus bens prrrlidos'? Pon<'os, minha filha, são os qu<'
rn co nt ro aos pi•s do m eu Sacrario a ehoran•m iwla minha
gl oria ! Ah ! ape n as entre mil e n contro um ! Qual sl'rá a
cau!'ia rJ.e tiio rurwsto mal? Ah ! a causa de tão funesto m a l
é o pouco a m o r q u e m e é consagrado; é a falta d e conheci·
mento de minha gloria, sim, da gloria que está reservada
aos eleitos ! Minha filha, se os homens c ons ag ra dos a meu
serviço, e as esposas que se immolam ante o altar compre·
hen dessem o que é minha gloria, saberiam chorar a pt>rda
de uma só al ma , e tudo fariam para poder trazei-a de novo
para meu apris co ! Se ha esta i n differença e esta languidez
é por falta de profundas meditações sobre a minha gloria !
Sim, porque é pel a meditação que se entra nos páramos
celestes; é na me-dilação do cffeito do peccado, represen·
t a d o em g:ifoha dolorosissima Paix ão, que as almas pode m
comprehe ri d e r o m a l do peccado e o quanto elle offende
minha gloria. Se o peccado foi causa de minha sangrenta
Paixão e :\forte. como as almas que meditam nestas divina s
g
Vl'r :M;les n ã o hão de chorar, v e n do o mundo engolfando-se
e' petle n d o·se para sempre, priva n d o-se de um bem· eterno
que sou Eu ! O mal actual é proveniente da falta cl� reflexão
e de meditação ! Ah ! quem meditar n a minha dol orosissima
P aixão, vendo que a causa drlla foi somente o peccarlo,
sentirá partir-lhe o coração de dor ! Minha filha, poucas são
as almas que s a bem meditar, pois se houvesse mais almas,
que s<>ubessem meditar, muitos seriam os que chorando
commigo a perda das alm as, procurariam t ra balhar mais
para rninha,..f W,oria, primeiramente s a nti fica n d o-se, pois
querer me d'àr .·.,mas sem antes se santificar, é vã chi mera !
A santificm;40 'i>ropria já é um meio de ml' dar al mas , por·
que de nâda ;valem as palavras, quando não ha o exemplo!
De nada va'leri a m as minhas pregações se Eu não pra l i·
casse por primeiro o que Eu ensinei !

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() Dom Combate na Alma Generosa -"".i 11

E i s a h i , almas queridas, as lagrimas que Eu chamo


bemaventuradas, e que as guardo n o relicario ele meu Di·
vino Coração. Eis tambem, filhinha, porque en contro tão
poucas almas que possa chamar bemavcnturadas por falta
d e não com prchcndcrcm m i n h a gloria, e por m e terem tão
pouco amor! Vós, almas consagradas a meu divino serviço,
l a mentae commigo a perda de tantas almas e procurae de
hoje cm diante vos engolfar n os páramos celestes, para
rlepois poderdes chorar commigo o mal que se al astra n o
mundo !
Teu JESUS DO CALVARIO
1 7-2-1 930. "'

S e r gra n d e

Q CERES ser gra nde, minha filha? Aspira.


As grandes almas tiveram •grandes aspirações. Lem­
brando-ir do teu nada, deseja juntar a este nada as grande·
zas de meu coração ama nte.
Desejar ser grande em virtude não é presumpção, mas,
sim, nobreza de um coração, que chegou a comprehender
as riquezas celcstiacs.
As almas pusilanimes é que se contentam com. pouco,
nada cksejam, vivem n a languirlezl Porém, grandes são os
irleaes dos corações grandes e amantes de minha glori a !
GrandPs foram meus i d eaes, quanrlo no presepio de
Brlém recebia adorações dos pastores; j á então eu pensáva
na granrle missão que i a exercer n o mundo, oue se achava
em trévas. Porisso lambem vós, almas queridas, almas de
bôa vontade, n o meio de vossa pequenez deveis sempre
aspirar aos grandes ideaes, como sejam os de me dar almas
e de aHrahir sobre vós as riquezas celestiaes. Não deveis
pensar: Isto não é para mim ! Antes, só rleveis d i zer: Isto
não é parn mim "o peccado". Se assim não fizerdes. fareis
uma grande oífensa a quem tanto vos ama ! Rico que sou,
como consagro amor a cada um de vós em particular! ...
Como podereis dizer que m i n has riquezas não são
Yossas! ! . . . Cma alma, quanto mais deseja, mais lhe é
dado... Eu desejo que me peçam. A petição é um canal por
onde descem as riquezas de meu Coração. A alma que pede
minha graça, acha-se disposta a receber. O mendigo
pede" um pedaço de 11ão qua ndo se acha com fome, e quanto

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12 . O Bom Combate na Alma Generosa

mais fome elle tiver, tanto mais lhe aproveitará a esmola


recebida. E vós, almas queridas, que não tendes fome, como
eu vos posso dar o pão de meus divinos favores ? . ..
Ser grande, minha filha, é desprezar os bens falazes o
se engolfar na divina Sabedoria!. . Tudo que é terreno
obscurece vosso espirito; só o que é do meu reino pode
esclarecei-o: por isso é que as grandes almas passam pelo
eidlio SPm lhe criar affeição. Na verdade as almas grandes
não nodem se affeiçoar ao que é lim itado; en1tolfam-se no
Infinito, e descortinando as grandezas de m�u Coração. têm
por chimera e pó o que é destt> exilio, e contemplando as
grand ezas de meu Coração, fazem como o veado que, seden­
to, procura as aguas crystalinas. Sim, o justo se sacia nas
fontes do Redemptor!. Eu sou a fonte, aonde as almas
de grandes i deaes vêm se saciar, pois o mundo, com seus
prazeres, não as pode saciar. Para as grandes almas só o
que é infinito, como é meu amor, é que pode saciar e miti­
gar a fome destes grandes corações. Ah! minha filha, ser
grande é me dar honra e gloria, pois, qua nto mais uma alma
se torna rica em graça, mais o meu reinado se i rradia, e
conforme o meu desejo, se estende sobre os filhos, que res·
gatei no alto do Golgota! . . Ser grande, é me dar almas.
Só as almas grandes é que aspiram ao que Eu aspirei desde
o berço até o fim dos seculos. Salvar almas, minha filha,
é proprio dos corações de grandes i d eaes, pois as almas
pusilanimes e mesquinhas se contentam com pouco! Con·
tanto que não vivam em peccado mortal, pouco lhes
importa minha gloria ! Oh! se houvesse corações -gran­
des ?!... se houvesse corações nobres!. .. a unica nobreza
de um11 alma é ter para com seu Creador as delicadezas
que Elle usou. para com ella. E qual é essa delicadeza 'l
Ah ! criei-vos, pois não existi eis : portanto vos dei uma exis­
tencia: mortas pelo peccado vos fiz reviver; e alé m disso,
dei-vos uma fonte de Agua viva, onde, cada vez que tendes
a desventura de cahir. nodcis vos lav ar e bPber o nectar pre·
cioso de meu amor! Sim, são estas as deli cadezas de vosso
Creador. Portanto se quereis ser agradecidos a vosso Deus,
tende nobres i deaes, tmzi'i·rne os que ainda, pelo erro ou
pelo peccado, se acham longe das fontes salutares dos divi­
nos Sacramentos. Ah! a alma nobre como é bella, como
é formosa, quando aspira o bello, o formoso, que é o meu
reinado nos coràções, quando aspira os páramos ceies·
tesl Ser grand e ! Ser nobre! Eis, minha filha, qual deve ser
teu i deal, desprezando tudo que é follaz, para só Tiveres d;1
verdadeira vida que sou Eu.

Teu JESUS PRISIONEIRO


17-2-1930.

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O Bom Combate na Alma Generosa 13

Divi n a S a b e d o ri a

F ILHA, a Divina Sabedoria sou Eu mesmo, e quem Me


conhecer verdadei ramente é um sabio. Conhecer-Me-eis
ahi a verdadeira sabedoria. A sciencia dos grandes tlC' nada
lhes valerá quando ella n ão se assentar no meu Amor. Eu
sou a verdadeira sciencia e a dou a quem m'a pede. Muitos"··
têm conhecimento das cousas do mundo, o que tambem é
necessario saber; mas quem não Me conhecer não será ver­
rladeiro sabia. A sabedoria é um dom que dou ás almas, que
se desprendem dos bens caducos. Consultae uma alma des­
prendida dos bens fallazes, ella vos saberá dizer o que vós
prqcuraes saber e não podeis, por causa de vosso coração
se àchar preso á terra. Quem instruiu os San tos senão a Di·
vina Sabedoria ? ! Para ser grande sabia precisa se ter
grande desprendimento das vontades proprias ; precisa dei­
xar-se guiar pelo Mestre que é o Divino Paraclito. Mas para
elle actuar é n e cessario que en contre o terren o adubado e
preparado, onde as hervas e os .torrões estej a m batidos.
O Espirita Divino só actua nos corações de bôa vontade.
Almas ha que se queixam amargamente pela falta de uma
bôa i nspiração. Dizem ellas : Jesus me aban donou ! Ah ! Eu
é que devia m e queixar amargamente. Estas almas deixaram
crescer as hervas e os torrões augmentaram, porisso nC'llas
o espirita divino não mais póde actuar !
Ser sabia, m i n h a filha, é conhccC'r as ric1uez;is im­
mcnsas?. .. Não. Ser sabio é desprezar o mundo com suas
mentiras, ser sabio é salvar sna alma, ser sabia é se santi­
íiear. procurando enfia dia augmentar cm seu coração
minhas virtudes, s<>r sabio_.é vivt>r de minha Vida, ser sabia
é me dar almas, ser sabia é crescer no meu Amor para
ganhar o Paraisa.
18-2-1930.

Vi d a d e a m o r e s4c rifi c i o

FILHA, identifica-te cl.>mmiga. Eu só quero reinar em


teu coração de esposa. Ah ! vive da minha vida, traz·
.me teu lyrio para o alto do Calvario e planta-o
·
na abertu·
ra de meu Divino Coração.

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14 O Bom Combate na Alma Generosa

Depois de transplantar teu alvíssimo lyrio, dá·Me de


comer; alimenta-me com os sacrificios de cada dia, pois,
Eu me alimento com os sacrifícios de minhas esposas.
Filhinha, como me agradam os corações sacrificados,
porisso tu, que ten s que viver da minha vida , se.ia teu Iem·
ma todos os dias preparar-me uma refeição nova.
Tenho tanta sêde, e os homens só m e dão fél e vina·
gre ! E tu, não tens vontade de matar minha sêde ? Ah !
se smibesses como meus labios emão resequidos ! . . .
Tenho sêde, de tua immolação compl<'ta; tenho sêde
"daquelles que se acham longe de mim ! Não tens vontade
de m'os trazer a mim ? Tu bem os pódes trazer. Deseja,
sê alma grande, sê generosa, vive no alto do Calvario, e ahi
m e poderás dar innumeras almas.
E' o sacrifício que abre os corações dos peccarlores
en durecidos. De nada valem as palavras se ellas não se
acham temo<'radas com o sal da minha graça. f
Sim, filhinha, os grandes corações salvaram gran d es
almas, porque muito se sarrific-aram por minha gJo.ria,
muito me amaram, viveram da minha viria, morrc>ram pnra
si proprias, e tu, lvrio dQ meu <:oração, vive no abysmo in··
sondavel rle meu Divin o Coração.
Teu Jl'sus rio Calvario, qne muito tl' ama e qul' desC'ja
que vivas da mesma vida, viria de amor e sacrificio.

1 9·2·1 930.

J e s u s ch o ra dé s a u d ad e

S ENHOR ! é obra d e miscricordia consolar o s que choram,


dar de comer a quem tem fome, visitar os en carei'·
rados.
Ah ! Senhor, sois vós aquellc que brada no fun,fo rins
tabernaculos: Meus filhos, estou chorando de saudadrs.
Ha tanto tempo, que alguns de meus filhos , se afastaram
dc miJll . . . , outros nf•o con hl'cern sr•t-1 pae !... Que sauda·
des! Como isso me dil acera a alma !. ..
E1:1 te disse, é obra de miscricordia consolar os q111·
choram; consola,. então, meu coração a.IJV1rgurado, enxuga
minhas lagrimas ! Ah! é essa porção querida de candiclos
l�111ios, que mitiga minha cruenta dôr!.._ .

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O Bom Combate na Alma Gen erosa 15

Ah! rilhinha, se não fosse essa porção querida, a Jus­


tiça de meu Pae teria desabado sobre a humanidade
ingrata!
l\'estc sacramento de amor, onde permaneço dia e
noik, sinto necessidade de um pouco de alimento, e o meu
alimento é fazer o bem, alimentar meus filhos com a minha
propria carne! Eu te disse, é obra de misericordia dar de
comer a quem tem fome, e vós, porção querida, lyrios dç
meu jardim, podeis supprir esses corações ingratos, que
não me dão a esmola de seu amor!... Filhinha, Eu sou
teu mendigo! Tenho tanta fome, tanta sêde, tenho frb.
e-slou nú! Deixei meu throno para vir morar em' vossas
casas!... Apesar de tanta indigencia, sintO"'Ine satisfeito
por morar com os filhos dos homens, porque o m!'!U dese<jo
é faz el· os a todos felizes. Dizei a todos candidos lyrios
de ml'U jardim, que c>stou com fome, que é obra de miseri·
<"ordia matar a fonw lll' um pobre ml'nrligo, CJUl' se aC'hn
ús suas portas! ...
Sim, Eu c>stou ú porta de cada um de meus filhos, onde
ao mesmo t<'mpo ml' acho prisioneiro! E' obra de miseri­
cordia visitar os encarcerados? Vosso Deus, o vosso ami­
go, o vosso Pae se acha na prisão á espera da vossa visi­
ta!. . . O' ingratidão de um filho que vê seu pae na prisão
e não o vae visitar!!..
Eu, prisioneiro, porque commetti o crime de vos amar
com loucura! ' Este crime, filhinha, me mereceu a seivença
de ficar prisioneiro até o fim dos seculos; sentença irrevo­
gavel, não ha appellação até o fim dos seculos!!. ..
Vosso amigo na prisão, isto não vos entristece o cora·
ção?!... Vosso pae prisioneiro não dilacera a vossa
alma?!.. Direis vós: •O culpado fui Eu, commetti um
crime, agora só me resta cumprir á risca minha sentença!
Filhinhas, vêde um Deus sentenciado!. . . Sim, sentencia­
do!... Condemnado a uma longa e dura prisão!.. . Sim
dia se torna dura quando os filhos queridos não me vêm
visitar!... Quando vejo porem os candidos lyrios, mdnhas
esposas, se aproximarem de mim, desapparece a dura pri­
são e se torna o sacra rio um paraiso! Quando estas can­
didas donzellas vem a mim com as vestes mais alvas que a
nevc, no meio dessa brancura acho minhas delicias! Ah!
então, filhinha, mato minha sêde, sacio minha fome, enxu·
go minhas lagrimas. Dae·me uma nova veste, cicatrizae
minhas chagas abertas pela ingratidão dos filhos, que nã.o
me vem visitar!
Jesus do Calvario, prisioneiro por amor dos homens.

19·2·1930.

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16 O Bom Combale na Alma Ge11erosa

O dom d a cruz /
'
'

S IM, só as almas amantes é que sobem a rua da amargura!


Só ás almas amantes lhes é dado carregaT a cruz! O' cruz
hernclita, preciosissirno thesouro 1..-scondido, c!Pbaixo cl1·;
apparencias bruscas, encerras tantas doçuras! O' cruz,
quando fostes carregada pelos hombros de teu Creador ;
não sabias tu que ias servir de instrumento para que �s
portas do céo se abrissem! E vós, •alrn�1s eleitas ás quars
é dado o dom precioso de carregar a cruz pesada d·e ca d a
dia, na hora em que ella se apresenta, quem sabe cheias e kl
medo e de pavor, pondes em nossos hombr06 a cruz! �
h!
se conhecesseis o d10rn da cn1z, e de como outrora serviu ao
Divino Mestre de instrumento, para nella executar a mais
portentosa obra, corno foi a da Redempção!! Assim, tambem
a vós, almas eleitas, a cruz vos serve para a mais por·
tentosa obra a "santificação propria". Ah! qual a obra
mais importante de uma alma? Sim, a obra mais impor·
tantc é a santificação propria. A cruz, alma querida, é esse
baluarte preciosíssimo que te defende dos inimigos car·
naes, pois o soffrimento, subjuga e te faz conhecer o teu
nada! A cruz, desthrona o imperio infernal. Filhos do
peccado, sujeitos como estamos ás miserias qumanas, a cruz
nos ele-va, pois ella abate nosso amor proprio, fazendo-nos
comprehender que, para entrar na mansão celestial, é ne·
cessario soffrer! Os maus lambem soffrem, mas seus soffri­
mentos ficam ne-utros, porque elles soffrem sem a conformi­
dade do Divino ·Crucificado. E porque é necessario sof·
frer? Ah! por causa de nossos,. peccade>s! O Divino Cru·
cificado nos abriu as portas do Paraíso, entretanto, preci
samos completar em nós a Paixão do Salvador, se quizer·
O' Cruz bemdita, eu te saudo, sê o sól nas minhas
mos ter entrada no Paraíso.
trévos.
19-2-1930.

Sêde t u d o p a ra to d o s

S
F.DE tudo para todos!
Ah! como me dão prazer os corações, que são tudo
para todos! ...

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O Bom Combate na Alma Generosa 17

Ah! filhinha, Eu me dei todo inteiro, sem reserva, en­


treguei meu corpo aos maiores supplicios, dei minha vida,
derramei até a ultima gotta de meu sangue para vos fazer
felizes, e vós, almas escolhidas, como praticaes o manda­
\ffiento para com o proximo? Não quereis uma lei para
v ós e outra para vosso proximo? Ah! queridas esposas,
por este signal de fraternidade é que conhecerei o vosso
:11,nor para commigo. Vós, que viveis na minha casa, que
Y(')s alimentaes com a minha carne, dae-vos a todos como
Eu me dei todo a vós. Sêde, á minha imagem, exemplos
vivos de caridade, pois a caridade é a fina flôr da santida
!lc. De nada vos valerá unta vida cheia de austeridades
se não tiverdes caridade com vosso proximo. Se usardes
de muita caridade com vosso proximo, resplandecereis
como o Sól no dia do Juizo final, e isto servirá de confusão
para os egoistas, que só cuidaram de si, esquecendo-se de
mim em cada um de meus filhos. Na verdade se usardes
de caridade com vosso proximo, é a mim que me servis;
se desprezardes o proximo é a mim que desprezaesl Ah!
l'Spusas muito amadas, sêc'e p<1ra com todos mães cheias de
ternura, pois se assim o fizerdes, rect'bereis grande recom­
pensa.
Queri·das esposas, como desejacs ser tratadas por vosso
Deus?
Eu respondo por vós: com caridade, com mansidão 1 ...
Pois assim como quereis ser tratadas, tratae vosso proxi­
mo. Sabei, minhas filhas, que Eu sou indulgente. Deus é
caridade, e se não fosse caridade, d-eixaria de ser Deus.
A mrsma cousa digo-vos. Se deixardes de ser indulgen­
tes com vosso proximo, deixaes de ser minhas esposas;
assim procedendo apartae·VO!i, do bem, para praticarfjes o
mal, e onde está o mal não e stou Eu. E os meus escolhidos
faz<'m o que Eu fiz; e quem fizer o contrario perecerá!
A caridade é justiça, e quem não praticar a caridade não é
.iusto, pois o justo se alimt>n�a da caridade do meu Divdno
Coração.

20-2-1930.

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18 O Bom Combate na Alma Generosa

U m a Alm a , n a d o r, ch a m a p o r
\
Maria

M sim, na:\Iãe
I:'\HA d o céo, chamam-vos Rainha dos Marty tes,
vCtrdade, quem soffre-u m a i s do que vós ? !. .. Ah!
jamais crcatura alguma !
Por isso, ó Mãe querida, é que recorro a vós que
conheceis a dôr na sua intensidade. Vêde a minha dôr e
apicdae-vos de mim !. . . Eu bem sei, que não mereço ser
por vós a colhida , ja111Jais se ouviu dizer porém quel uma
MiiC', ele coraçiio C'Ompassivo, llC'sprcze um filho, qu:rndo
t'slc se acha na dcir. Sim, Hainha elas IMn•s, Mil!' dos
affliclos, eonsoladnra c i os que choram, olhal' para mim!
l"m sú olhar vosso é o sufl'ieil•nle para a nwnizar a dcir dl·
minha alma. Quando o troviio conlC'ça a rugir, os pin­
tain hos, assustados, corrC'm a se agasalhar debaixo das
azas de sua Mãe. Sim, o trovão está rugindo, ameaça v i r
u ma ·g rande tem pestade, aonde me a colherei, ó Mãe queri­
da, si não fôr cm vosso regaço, que tan tas vezes acolheu o
meigo Jesus, vosso Divino Filh o ? Ah ! como é doce este
regaço !
Acolhei-me, Mãe querida, C'stou com medo do trovão !
Dcixac-me en costar minha cabeça cansada de luctar em
vosso r<'1Wço d e Mãe. Oh ! como é consofador ter Mãe ! !. ..
�lâC', palavra doce ! Sim, e vós que sois tão doce, que aco·
!heis aos mais clcsprczivcis ! Sim, vossa filha muito indigna,
é a• mais miscnn·cl deste vergd, por isso é que tem mais
nrcessidadc de l\fãC'. Vinde, b Maria, l\lãc e Rainha dos
Martyrcs, vinde, em meu auxilio, jamais me deixeis na or­
phand adc; leva<•·me pC'la müo; pois s·c vós nDo mc levardes,
jnm ais subirei a monta nha rio sacrifício, sou tão pobre­
sin ha; se porém vós m e ajudarclcs, certa estou q u( .;_J;ubirei
até o seu cume.
Sim, Mãe queri da, de vós <>spero 'Csta graça. Sêde
minha Mãe, o Guia seguro de minha alma.

22-2-30.

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O Bom Combate na Alma l:ie11er0sa 19

Na dor cantarei vossas misericordias

O' Jesus de minha alma, morrer cada dia, eis o ideal


que tanto vos apraz, cantar porém no meio da dor, eis
a generosidade das almas grandes. Vós, querido .Jesus, isto
de mim exigis, mas como poderei realizar este vosso dese·
jo, Sl' não me ajudardes? Ah! perdoae·mc esta phrase "se
não Inl' ajudardes". L'm Deus que morreu crucificarlo não
ajudar um filho de seu coração?!... Ah! isto seria um
crimr, s<• 1·11 duvidasse de vossa �liserirordia infinita.
David já ronfiava em vós antes da vossa vinda ao mun·
do, e eu qm• já vos vi crucificado, dando·me vosso sangue
coh10 bebida e vossa vida como alimento, será que ainda
trrt>i a ousadia de desconfiar de vossa :Misericordia infini·
ln? Ah! não, .Jesus, nãQ; rlat•·mof' a mortf' antes que vos
oífC'nrler rom o perrado da <lesronfiança!.
\las, .Jesus da minha alma, tenho de sentir a espada
rruel cortar caria din as fibras mais rlolorosas de meu
nohrf' roração, e ainda sorrir no meio rlf'strs terriv1>is tor·
nwntos?!. Não é isto, um mysterio, sorrir na dôr?! . . .
Ah! mio, o sorriso na dôr é a conformidade com a vossa
santissima vontade, é rlizer·vos: "Porque vos amo, ó me11
Deus, por isso é que me affligis! l\lns. como o mundo acci­
tarf1 t>stas maximas, S(', crnando os l>omens SP amam, pro­
curam dar nrazer uns aos 011tros. No emtanto, vós, aos
que am:ws, rlrws rruzes e 0s affligis?!. . O' mysterio para
n 111unrlo! Mas, para as almas amantes isso n<í0 é 11m nws­
f('rio. mns uma rlor1• con�olnção. Viver na afflircão. viver
na dôr. é doce paraisa! Sim, e doce paraisa. pois a alma
soffrerlora .iá ::intevê os náramos rrlestes. ondP- por toda a
eternidade gozará o ter aqui soffrido e affligido seu corno.
Ah! agora comprehendo porque vossos santos sorriam
na dô q-J·
Sim? Jesus, agora devo então entoair esite novo eantico
ilc aci:iio <IP grnC'as, por assim me tratarde�. �a rlôr can·
tarei as vossas 1\fisericordias, dizendo-vvs: Louvado scjaes

ti<>sesnero que m<• affligl· por ver·mf' privada de vossa doce


110r assim tratardes vossa indigna serva. E no meio do


intimidade, dir-vos-ei: 'Affligi-me. ó mru Deus. pois quan·
to mnis me affligirdl's, mais vos hei de amar, e vós mais me
amareis, pois vós affligis aos qul' com prerlilecção :mrnes.
1·3-30.

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O Rom Combn/c na .lima (;e111·1·orn

' O lyr i o e n tre e s p i n h os

M INHA filha, eis que o lyrio de tua candida alma foi tras­
plantado para o meio de uma multidão de C'spi nhos
ponteagudosl
A immundicie que vae por esse mundo além é incal­
culavel aos teus olhos de lyrio, mas teu Jesus, desejando
salvar a humanidade, deu licença ao espirita immundo pa ra
te atormentar.
Eu, porém, que de tudo tiro proveito, dei licença para
que tua alma, alva como ê, e teu corpo innocente so.ffrnm
todos os tormentos de que meus filhos ingratos fazem pun­
gentes espadas para Me ferir! ...
Os homf'r>s nf'sta m11t"ria tnnto l\fo offcndf'm que sou
brigado a pedir reparação aos lyrios de meu j ardim.
Ah! minha filha, a alma impudica abre meu Coração
de lado a lado e Eu della sou obrigado a retirar m i n ha
vista, emquanto m'f'US anjos nessa hora me redobram de
louvor! E ag.ora Eu peço aos anjos terrestres que, peJa
sua pureza, se tornem agr:idaveis a meu Coração f' qut> re­
dobrem de affeição por :\<lim, fazendo actos de reparação
1;elos impudicos.
Quantos milhões e milhões de almas ha no mun do,
victimas porém ha tão poucas! E Eu, a supportar a perda
de· tantas almas por causa de suas impurezas!
. Ah! Minha filha, não tens vontade de ser crucificada
Jllll'a ganhar esses impudicos para Mim'!
.. O mundo está em decadencia por causa rio nefasto mal
da impureza'! Quantas calamidades nas familias com a
moral corrompida. . . e Eu, teu Jesus, vendo tudo islo,
vendo meu Sangue perdido!... Que ingratidão!
Almas puras, compadecei-vos de vosso D<'us que clama
reparação.
Eu quero salvar a todos. Cooperae commigo na · salv;,i­
ção desse povo impudico que clama vingan ça! Vós, candi­
dos lyrios d e pureza, podeis attrahir sobre li terra uma
chuva benefica do perdão.
Minha filha, ,o peccado da impureza é o mais diffici.f
de reparar, porque quem o commette fica tão impedernido
no coração, que não ouve a vóz do Bo m Pastor !

18·5-30.

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O Rom Cumbalc 11<1 .Hma (ie11e1·0.�a 21

A fel i ci d ad e d o co ração m a n s o

AH! os meus servos n o meio da dôr gozam rle uma paz


que o mundo não póde dar!. ..
E porque, fiJha? Porque em seus corações cultivam
a mansidão! Tudo que lhes acontece attribuern á minha
máo misericordiosa, que sabe guiar aquelles que, não tendo
vontades proprias, se entregam sem reserva ás mãos da·
({uelles que os dirigem ou então se entregam á Divina Pro·
videncia, quando não têm a ventura de ter quem os guie.
Feliz aquelle que em seu caminho encontrou um guia
Psclareciclo ! :'.\las, quando a alma se Yê solitaria, não deve
· íicar desalentada, pois quem me possue que mais deseja?
�las o que agora, filha, te quero explicar é a felicidade
do coração manso!
Ah! do coração que não fôr manso nã<> posso fazer
,·erdadeira morada do meu, pois o meu só repousa naqu-elle
que evita todo o azedume em suas palavras, até em seus
proprios pensamentos. Ah! acho·me tão bem nestes cora·
c;ões, como me acho bem perto de minha Mãe Santíssima!
Quem poderá dizer, filha, que ;\linha Mãe se irritou?
Ah! jamais mortal algum o disse, nem o ha de dizer!
Vendo·me apupado pela populaça, não se irritou, antes
seu Coração terno e compassivo, voltou·se para <J Eterno
Pae e uniu sua dôr á minha dôr e pediu por ella!
Ah! assim fizeram todos os meus serv·os, é a ssim que
lambem deves fazer em tua dôr, ainda no meio dessa infer·
nal populaça, formada por esses terriveis inimigos, que te
perset.iuern por minha P"rmissão. Deleita-te, filha, na paz.
;".;-o meio de taes angustias assim fez minha :\lãc e assim
procederam os meus servos!
Ah! a mansidão seja teu baluarte nestas horas.
Ah! como me agradam as almas pacificas no meio de
�mas tormentas.
Teu Jesus Prisioneiro.
19·6·1930.

A ca r i d a d e n ão m e d e sacrificios

Q r·E�I 1\I e amar subirá commigo o l\lonte Cal vario.


O' almas minhas, amae·Me como Eu vos amei, e su·
hirPis commigo o Monte Calvario! O amor não mede sacrl·

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22 O Bom Co11ibale na Alma Generosa

ficios, eis porque Eu, vosso Deus, nada poupei para vos
resgatar dos grilhões do inferno! Amei-vos até o infinito,
por isso abracei a cruz com generosidade, a ponto de dc­
st•jal-a com ancil'd:idc, pura vos testemunhar o quanto vos
umava.
E' por isso, almas queridas, que Eu, vosso Deus, vos
digo: Quem :\le amar fará aqucllas cousas queEu fiz, '-'S­
quccer-se-á de si proprio, renunciará a todos os prazeres
os mais lícitos, para Me dar almas, muitas almas! Quem
me amar verdadeiramente rll'ixará pae, sua mãe seus
Sl'U e
irmãos para viver no silencio e na humilhação. Quem l\lc
amar viverá uma vida privada de tudo o que lhe póde gran­
gear qualquer applauso; pscondido aos olhos dos homens
viverá na alegria da mortificação para dar almas. :\le
Quem Me amar não temerá apresentar-se ante os tribu­
naes para dar testemunho de :\rim. Sim,. quem l\le amar
desejará dar todo seu sangue pela minha gJ.oria: ! Oh! almas
queridas, amae-me e sereis generosas, sereis como foram os
meus .apostolos, que não temeram cm apresentar ante os
SI'
iniquos juízes. Amae-me, e sereis ess·es astros brilhantrs,
que illumirn1m rom a �na fé a minhn Igreja militante: sereis
tambem o allivio da Igreja padecente, porque com as vos­
sas preces alliviareís essas almas, que na terra não soube­
ra m fazer tudo por amor e agora sr acham no crisól do
soffrimento.
Como desejo ver estas almas a meu lado, gozando
rla minha gloria, entretanto rllas devem ainda purificar! se
Vê.de que estac>s no exiJ.io, qnt> estaes no tt·m1>0 em que vossas
obras são mrritorias, não vos esqurç:i"s drstas almas que­
ridas, que gemem neste carcere de dôr! Sim, a caridade
deve atineir estas almas queridas. que por si nada oodcm
fnzer. Sêde caridosas nara commi�.o como Eu o fui com­
vosco, amae-:\fe como Eu vos amei e nada temereis. Ah!
Se existir temor cm vossos cnraçõPs diante de um sacrifi­
cio, tendeOlhae
mente! por um
certopouco
que ainda amaes v�
não l\lcluminosos
esses astros deira­
d!"' minha
Jgre.ia, ·essas almas minhas amantes, e vereis que tudo que
Eu lhes pedi, tudo :\fe der:im. Quantos dPlles derramaram
seu sangue para dar teslrmunho ante os tribunaes daquelles
que
capazes blasphemam meu Yirla
de dar vossa SantoporN.omim,
me! Sl'E resistis
vós seríeis
ante tambem
um pe­
queno sacrifício t• ficacs amedrontados?! Queixae�-vos
amargamente e dizri'> que tal cruz não podeis supportll'r!
Ah! filhos
fício ml"us,a épessoa
para com mesquinho
amada?!o amor Este deamor
quem(� um
medeamorsacri­
de
interesse, porque muitas almas :\lt• amam, quando turlo lhes
corre a seu bel prazer; mas quando a dôr as visita, ah!
l'll'tão que de t)ueixas, que lamurias! S ó encontro vt•r-
1le

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O Rom Combate na Alma Generosa 23

dadeiro amor onde estão as alinas, que Me louvam na Cruz.


Ah! Que poucas são cllas! Que poucas! ...
Amac-'.\'le, filhos meus, na Cruz, pois foi por ella que
vos salvei, que vos libt•rtei do capliveiro. Sim, sem cruz
não pocleis entrar na mansão celt•ste, sem cruz não me
dareis prazer.
Filhos, a caridade não mede sacrificios.
Amae-Me e nada temereis.

Vosso Deus Crucificado.


18-8-1930.

Protesto e sa nta reso l u ç ão p a ra


u m a v i d a n ova

M EU Dulcissimo Esposo, Jesus Crucificado, eis que hoje


começo uma vida nova; para isso vos peço a vossa
divina graça.
Senhor, que a luz (livina illumine meu -cspirilo, para
que esclarecida possa seguir-vos e imitar-vos. A Virgem
purissima, minha celeste mãe, ha de ser meu espelho. Sim,
mãe qiwrida, mostrae-me um pouco vossas virtudes para
qm• v os possa imitar.
Jesus, hoje vos prometto ser humilde de coração, por­
que, sem esta humildade, vós não me podeis enriquecer.
Para isso, por vosso amor, quero ser desprezada e tida por
nada diante das criaturas. Os desprezos devem ser para
mim um manjar delicioso. .Jesus, quero st•r modesta no
falar, no anelar e em todos os movimentos ele meu corpo;
á imitação de )faria devo ser um l'spelho de mod<'stia para
que todos os que me virem, fiquem edificados.
Jesus, hoje quero tomar-vos como testemunha de todas
as mi11has acções; sempre a meu lado vos hei de ver, pois,
sereis o movei de todas ellas.
Jesus, á vossa imitação, quero ser doce no falar, tl'ndo
1Pn mentl' as palavras que pronunciastes: Aprl'ndei de mim
que sou doce t• humilde. Sem jamais llll' exas1>rrar, devo
tirar as palavras do vosso doce e humilde coração, e a to-
dos, com humildade l' doçura, captivar para Vós. ,
Jesus, quero ainda lembrar-me que sou vossa esposa, e
que como tal tenho o dever de ser grave, modes.ta c•m tmlo:
no olhur, no falar, no andar e no modo de agir. Ah! se

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24 O llom Combale na Alma Generosa

meus olhos se abrissem e pudessem penetrar um pouco no


Paraiso ! Ah ! o que re10a nesta mansão de paz ? Gravida·
de, modestia, suavidade, emfim a paz. E eu que vivo aqui
junto comvosco, eu que tenho a ventura de ser vossa espo·
sa, como deve proceder?
Ah ! como os anjos m e rodeiam ! Oh ! quando elles me
vêm distrahida e um tanto dissipada e menos grave, como
se entristecem ! . . . Eu que sou chamada a ser perfeita 1
Porque l\laria foi tão modest a ? Ah ! porque ella foi
escolhida para ser vossa mãe santissima ! E eu, ó Jesus
adoravel, não fui chamada para ser vossa esposa? Sim,
uma corôa cingirá minha fronte ; ella ha de ter escripto
cm letras de ouro : Esposa de Jesus por toda a eterni dade !
Ah ! quantas vezes me esqueço e procedo como uma simples
camponeza e não como esposa de um rei ! Jesus, abri os
meus olhos, tende de mim compaixão, mandae o espirito
divino para que illumine minha alma e possa comprehen·
rler que sou vossa esposa, e que como tal devo proceder.
O verdadeiro humilde reconhece os dons recebi dos para
ugradcccr a dadiva. Xão quero eu ser uma esposa verda­
deiramente humilde '? Ah ! sim ; pois então qur melhor agra­
decimento do que proceder como verdadeira esposa vossa,
para que um dia não tenhaes que vos envergonhar de mim,
dizendo-me : Não te conheço, dei·te tantas giraças e tudo
desperdiçaste, vi veste n a terra não como minha esposa,
mas, como simples christão ; agora não te posso coroar como
esposa!
Jesus, que respon sabilidade pesa nos meus hombros !
Porém, tudo se tornará suave se souber aproveitar das vos·
�s 1nspiria.ções. Sim, se souber dar morte á minha von·
tade, se souber ser mortificada.
Oh ! Paraclito Divino, derramae sobre minha alma o
dom da intelligencia, para que possa abraçar com genero·
sidade todo e qualquer sacrificio, que a vossa luz me apon·
tar como obstaculo á santa gravidade, que, como esposa de
um Deus perfeitissimo, devo tPr.
Só com a Vossa luz verei, Senhor, meus erros e ven­
cerei minhas imperfeições, abraçando alegremente as vos·
sas perfeições.
Virgem purissima, que na terra, por vossa gravidade
n o exterior e vossa humi l dade no interior, vos tornastes
d i gna de altrahir o mesmo Deus, dae·me a graça, ó l\f.ãe
4 u :•ri da, de vos imitar, dac-me a graça de morrer como vós
para a minha propria vontade, de modo a poder ouvir a
VOl!Sa voz que me deseja i n struir, J<>mbrand o-me que se não
morrer para mim mesma , não Lerei esta di eta.
O' Virgem perfeitissimo, fazei-me comprehender o meu
dever de esposa de vosso divino filho, Jesus. Mãe querida,

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O Hum Combate IIU .4.lmu Generosa 25

dizéÍ·me, a toda hora que cahir : Lembra-te que és esposg_


de um Deus, e como tal deves desprezar e ab o r re cer o iro·
perfeito e abraçar o perfeito.
Ah ! Mãe querida, um d i a hei de ter esta d i et a de ser
vossa fiE'I imitadora, e nesta confiança t e n h o a victoria
ganha, pois, sou esposa de Jesus e vossa filha, tenho obri·
gação d e chegar quanto antes a esta santi dade, que Jesus
deseja de mim; e com isto, nada faço de mais, antes dou
cnmprimE'nto a um dever, que .Tf'sus me i mpõe chamando· ,

me para ser sua esposa, quando me disse : Sê pcrfoita como


ml'll P ae do céo é perfeito ! Ah ! quão longe estou disto, mas,
de ho.ie em d iante, vol·o promPlto, custe-me embora a vida,
pois de qne me serve ella se não fôr conforme as maximas
impostas por meu Deus ? Sim, Jesu s confio em vós, mesmo
,

ouvindo : Agora depende de ti. Eu te dou minhas graças,


esperândo a tua coopera çfio. Pódes ser santa, e se ni!o o
forl's, um dia te arrependerás !

1 3-10-1930.

P re a m b u lo á h u m i ld ad e

S E:'l!Tl uma v o z m yste riosa quu me i mpulsionou a es crev!' r ,


111:.s, ;! nles tl i c;so ouvi rme rn� d i zi ri rtt : O oue R llnr:t te
vou d i l !"' r é 1 1 m n snhHme verdade pr a ti c a d a prlo humilde
Jes u s d o tn bernaculo 1
S" n rl o ele ta nl11 i m no"t a n cf a . cl"S".ÍO n•1f' m ! nh11c; f' l h n s
Mi ss i o n arb s nonhflm m ifo s á obra, e q u e sei:i m verdade+
ramPrtte min hns imitad oras. para aue scns trah1 1 h o � di\ m
fru rtos ele vida eterna. Vou-te falar da l'lnnta hum i l d nde e
d<'seio que cAda uma d a s mir>has pombas a pratique. Na
verelade, se n d o ellas des;t i n ::idas por sua vo c a rã o a me
d a r!'m alnrn s, aurro rruc todas sei:im u m n copia n�rfcita rll'
'.\farin, m inh a mã<', e então d e s ce re i a ca rl a n mn como a ella
cl esc i . Que o humilde .J esus cio tabernnculo s<',i::l a escol a ,
o n d e torlos os d i n s h ão d e aprendrr a SC' clec;p rPzar r. amar
a humilhação como Eu a amei.
Jesus, o humilde Jesus do Tabernarulo pelas mãos de
Maria.

1 9-1 0-1 930.

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26 O Bom Combate 11a A lma Generosa

S e r s a nto é s e r h u m i l d e
·,

M INHA filha, vou-te ensi nar a verdadei ra humild ade.


Poucas, muito poucas, são as almas verdadeiramente
humildes ! . . . Vou-te d i zer porque : E' que para ser humilde,
é ne cessa r:i-0 o dl'spn•zo complet o d e si, e quem gosta de
sl'r despn•za d o ? A h ! Quão pouco s ! . . .
Superiorl's, <J tll' rl' i s ronlH•rc·r quem k m Vl' rdadeira
v o ca çã o ? Expcri m l•ntae sua h u m i l d ad e-, porque quem é
chamado por '.\fim, t e n d e para a hum i l da d e, e um dia nclla
chegará a fazer sua santa morada. Os Superiores têm o
;grave de ve r de formar Sl'US subd itos n a s a n ta h um i l d a d e,
e se assim n ã o fizerem, Eu n ão e d i fi carei m i n ha morada
nesses corações. Carí ssi mos Su pl'riores, Eu vos falo com o
meu exc•m plo. Não mC' vêdl's aqui p o r v o sso amor c•m um.a
< l u ra prisão, h rn n i lh a 1 1 d o-111c· a i (• o fi m dos sc eu l o s '!
Pc1,mam·ço no nw i o d e• vús l'lll t a nta h u m i l h a ç:i o p a ra
YOs d a r o c' x <' m plo, pon1m·, sl'm h um i l c l ad C', c• m verdade vos
d i go , não e d i ficarei e m vossos coraçõ e s.
Qnl'l'l' i s me agra d a r ? Fazei que vossos subcl i t os sejam
h u m i l cks, para q u e meus olhos sohrC' elll's rei>ousem. O h !
como mC' agra ciam as a l ma s hu m i l d e s !
l 'ma t• s 1 >os a m i n ha d e ve ser d e tal modo h u m i l de Q lll'.
no I l ia c•m qur n:io fí\r h u m i l lrn cl a , Sl' enl risll'ça.
A h ! Se• n :io c o m p n•hc•11 1lenh•s bl' m o valor ria h u m i l­
rl:ul<'. ('111. Vl'rd a d l' deveis YOS e n t ri stecc•1-, porquP sú na a l m a
h u m i l d e <' n contro n•pouso e confl•ntanwn to. E q ue m a i s
d e v e desrjar uma t•spQsa se n ão conte n t a r seu Esposo J e sus ?
Zelosos S u p er i o res, desejaes que as ben çams do Céo
desçam sobre vós <' todn v o s sa Con gregação ? Sêdr VC'rdadc+
ram<>nte humil d es e fazei q ne todos os vossos subditos gos­
tem de ser h u m i lh a d o s . Ai da Co mmu n i d a d e , o n d e os mem­
bros n ão forem h umil des ! As bençams d o céo nella n ão
fru ctificarão !
A C o mm u n icl a d c•, o n d e• haja u ma sú a l m a h u m ild·e, rsta
será o i ma n que sobre todos attra h i rá as benç a m s as m a i s
a bun da nt es .
Oh ! A l mas querid as, os verclacl e i ra mente h um i l d e s, cm
verdade vos d i go, são m u i t o poucos !
Ah ! Se ho uvesse m a i s a l m a s h u m i ld c•s, a geração hu­
m a na mio estaria tão pervert i da. Os homens se debatem
porque <>ntre el!C's não ha h umil clac lt• ; por i ss o , ao menos
vós, amadas esposas, sêde i m a n s de mt• u a m a n t e Coração,
para Eu poder m a n d a r solJrc a t e r ra as m i n ha s bcnçams.

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O llom Combale 11a A lma Generosa 2i

m esa el a santa h u m i l d a dt', não fazendo suas vont11des. Dae·


Caríssimos Suprriorrs, faZl'i vossos subditos comrr á

l lws rlr comer e dr beh<'r pela manhã e á noite nesta mesa


d i v i n a d a s san ta s h u m i lhaçôes. Vêd!'·:\le aqui tão h umilha d o .
pm \'O�.so a m o!' ; a pr<'n dri d<' M i m que vos falo c o m o exem­
plo de ca da dia. Janw i s deixeis passar sem puni ção uma
falta con tra essa santa virt u d e, para bem das almas a vós
e o n fia<las e para que as bençams do céo caiam sobre vós.
O cami nho para i sso é o Am or, mas quem d eve con d u·
zi r n<'ssa v<'reda é a santa humildade, porisso se q uereis
conh<'Cl'r quem ;\f(' ama na Yerdade, vêde se é humil d e e se
gosta ri(' ser d!'spr!'zado como Eu o fui ·<' todos o s meus
sa nto s !

m a do s na sa 111t a humilda<!<', S<'m a qual jam ai s cr!'atura ai·


P<'lo amor, a todos d eveis con d u zir, mas, sempre fir·

guma :\Ir agradará. Quereis tl'r as b<'pçams as mais copiosas,


sêdl' sl' rl l• nt os d<' humilhaçõ<'s. Ah ! então Eu des:ce-rei até·
vós l' vo s t•ll'varl'i até os céus.
.Jesus o Rei de Amor, o H umilde e amantissimo da ..
Santa H umildade do Tabernaculo San to.

2 1 -1 1 -1 930.

'
A sci e n c i a d as sci e n ci as
ALAE, S en h or, que a vossa serva vos ouvi'.
F Escuta, filha, o que te vou d i zer. Vou te <>nsi n a r que a
sci<'n c i a d a s scien cias é Me amar.
Ensi n ae-me, Senhor, vós b<'m sabeis Qll<' nada sei ; tende
de m i ni compaixão.
Quanta bon dade, ó meu D-cus, ten des usado para

Ve n d o minha ignorancia, vos compadecestes d e mim !


com migo.

Oh ! SPnhor, como sois cari dos·o, a v ossa cari d a d e é i n fi­


n i ta ! E m troca disso, que vos d a rei, ó meu neus ? Ah ! mise­
ravel como sou, n a d a l<'nho a não ser m i seria ! L<>mbrei-me

vos peM!'1n cc, porém, como go�a<'s de ver as almas renovar


nesta hora que tenho a m i n h a vontade, que drsde a muito

<>sta offerta, eis, Sen h o r, que hoje, mais uma vez vos dou,
para sempre , meu coração ! ,
Agora, Jesus, podris fa lar, S<' r dC' Yossa sa n ti ss i nm

Minha fi l h a , vou tC' ensi nar cm que consisitc a verda·
vontade.

deira scicn cia e onde se a d quire.

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28 O Bom Combale 11a Alma Generosa

A verdadeira sciencia, como já te disse, consiste em


Me amar de todo o coração e com todas as potencias da
alma ; porém, onde se adquirirá esta sciencia '1
Os grandes sabios do mundo adquirem a sua sciencia
n as grandes universidades, esforça ndo-se muito, estuda n d o
dia e noite, recebendo lições de seus professores; porém,
a outra sciencia, a mais importante, a mais n e cessaria, n ão
se adquire nos livros deste mun do. Onde se adquirirá,
então, esta sciencia? Em que livro a en contrarás? Vou te
dizer: Num livro bellissimo, que contém apenas duas pagi­
nas, uma vermelha t! outra bra 1 1 c a . Este livro nem a todos
agrada, porque a sua apparencia é um tanto aspera, pois
a ntes de· abril-o c meditai-o, causa pavor !
Vou te falar claramente : Este livro sou Eu mesmo. E
quem te está falando, é teu Jesus Crucificado. Ninguem se
prC'suma do contrari o : quPm n ão Me conhecer no Getse­
mani, na p risão, na subida do ·Calvario, no alto do Calvario,
na sepultura, n a Eucharistia, n ão possue a verdadeira
sciencia -ª o amor.
Amada filha, o segredo das almas generosas, das almas
heroicas, está l'ID se aprofundare m no c·studo deste livro
t ão curto e tão bello !
Ab ! convido aqui a tod-0s os filhos do c•xili o, que dese­
jam a perfC'ição e qu<'rC'm Me rlar almas, que todos os dias
abram este livro bellissimo, e ao menos por um quarto de
hora meditem nesta pa•gina vermel ha ! O h ! c•ntão todos vós
que aspiraC's a perfeição, em verdad.e vos digo, n ão cam i ­
nhareis nesta via, a ntes voareis !
Se ha ta ntas almas que commungam todos os d i a s e são
tão fracas na virtude, é porque não abrem este livro. Oh !
quem será i l}.differC'ntc•, depois de ver o quanto Eu padeci ,
quem se nl'gará a fazer um sacrifício, depois d e ter contem·
pl:J d o o quanto Eu l\fe sacrifiquei ? !
Quem Me negará u m copo d'agua, depois d e M e ter
oontemplado, n o alto da cruz, a exclama r : Te'll ho sêde !
Quem não· se fará meu apostolo, depois de Me contemplar
por tres horas agonizando em uma dura cruz ! Ah ! quem
ficará i n d i fferente ás minhas palavras de compaixão n o
alto da cru z ? ! Ah ! e m verdade vos digo, s e o s rochedos se
partiram e o Sól se escureceu, será que o coração dos filhos
queridos não se commoverá? ! Ah ! não, não ha coração que
nã o se commova á vista dos meus tormentos 1
Podeis folhear todos os l ivros que quizerdes, porém,
se não folheardes est• em vão trabalharei s ; sempre sereis
almas fracas n a virtudf, porque foi por este motivo que quiz
tanto soffrer, sim, J.Ml ra vos mostrar o meu amor ; de modo
.
que vós, vendo atéUQue ponto E u Me sacrifiquei, vos ani­
masseis a soffrer e a sacrifi car-vos pela salvação das almas.

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O Bom Combale na Alma Generosa 29
Quando é que um coração mostra a outro que o ama ?
Ah ! é quando por elle se sacrifica. Não é nas palavras que
consiste o amor, nem tão pouco nos ardores do coração,
mas, sim, no sacrificio. Eis porque vos digo, que se não
conhecerdes o quanto Eu Me sacrifiquei por vosso amor, .
não podeis adquirir a verdadeira sciencia - o amor.
O' almas queridas, todos os amantes do Calvario foram
herócs na ''Írtude.
Ah ! em verdade vos digo, aquelles que meditarem todos
o!> dias na minha Sagrada Paixão, estes serão grandes e
conqui star:lo muitas almas; serão mansos e possuirão a
t erra, isto ?. os eorações que Me darão : serão puros, serão
h u m i l d1·s i.' conquista rão os corações os mais depravados!. . .
N ã o quereis vbs tambem ser destes heróes na virtude'l
. Ah! sim, Eu bem o sei que desejaes ardentemente ; então,
vos con v i d o a Me contemplar no Calvario e na Eucharistia.
Eis o vosso livro Divino, onde aprendereis a verdadeira
scicncia, o amor ; e o.mando·Me tendes adquirido tudo, por·
que amando·Me sereis capazes de soffrer por Mp assim
como por vós Eu soffri ; amando·Me povoareis o meu reino,
porque quem Me ama, Me dá almas.
Oh! vinde, nlrnas queridas, a estn divina escola. Esta
escoln pnrece um tanto austera! Ah! não vos illudaes, ella
é tão doe<', o mestre é tão delicado!!
Almas queridas, por piedade não vos illudaes, não
sereis santas se não aprenderdes neste livro.
Comcçae a aprender letra por letra, não queirae.s apren·
der tudo cm um dia, primeiro aprendei as letras, depois
sole trae e finalmente lereis correctamente. Ah! quando
lerdes correctamente já tereis galgado quasi todo o · monte
de vossa perfeição.
Vinde, vinde a esta escola para um dia terdes a ven·
tum de brilhar corno o Sól no reino do amor.
Pelas mãos de Maria.
Jesus, R<'i de amor.
3·2·1931.

Pe n s a m e n tos co n so l a d o ra�

S ENHOR, quando n Vós n•corro como mendiga, daes·me


em ahundancia e m e vestis como princeza!

Quaes são os verdadeiros amigos de Jesus ? · São os que


se gloria m na riôr e nas humilhações.

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30 O nom C o m b a t e n a A lma Generosa

Bcmaventurado o homem que íôr calumni a d o


A m o r, porque ellr refulgi r:í na Oi da de Etrrna !
por voss.

Aos que usarem de mansidão com o p roxi m o, ser-lhes­


d a d o, como morada na Pa t ri a Cckste, o C or a ç ão dr .resu

Srnhor, qurm quizer i r a Vós peola via do Amor, m u i t


t e rá que soffrer d a parte d os homens, p orque os homen
a t l- h oj e não com p rrhr n d l' ra m v os s o a mavt•I Coração.

qur rica possa a pr c st> n ta r- me ús portas da Patrin a m a d a !


Srm descanso nestr c x i l i o t raçaste meu cami nho, par

Das vossas penas me Vo


da rei eQl troca ?
fi z<•stes herdrira ! . Que

é sorrrrr para m o st r a r-Vo


Vos amo !
O meu Pnra i so neste c x i l i o
CÍ!rlf

S e n h o r, q u e m p o d e r ú m e d i r as p<·nas, que uma alm


Vict i m a C' X peri m e n t a ? S ó Vós, porqUC' sú Vós sorr re st l' S eom
uma ·gra n d e Vi cti ma.

Qu em s<' <' m· ol v P r na purpura sa grnda que nos legaste


no a l to da Cruz, t:>Str é um gra n d e sabio, porque as cham
mas d o P u rga t ori o não o qu<'i ma r ão .

Qua nto mais uma alma sof fre mais se i ntrodoz no Cora·
ção do d i v i n o e m eigo Jesus !

Oh ! Me u Jt•sus Sa c r am e n tad o , en chestes m e u c o ração


de a m a rgura ! Bcmdito s<'jaes !

. Ser a t o rme nt a d a pelos i n i m igos i n frrnaes é s i g n á l de


pred��i na ção. Fel i z a a l ma que o demon i o l h e fi zer guerra]·
,�.....

Quem v iver ele m i sc r i c o r c l i a não serú julgado, an tes


srr-lhr-ú d a d o na Ci d a d e E l e r n a o l u ga r de honra.

Soffrer sem d e sranso, eis a ventura das almas en amo- i,


r a da s de vossa Cruz.

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O Bum Combate nu Alma Generosa 31

Se vi rclies u m homem calumni a do, lcmbrae-vos que é


amigo de Deus, porque o mundo aborrece os verdadeiros
a m igos <kstc Deus misericordioso.

A wrtlarleira sci cn cia consiste cm despreza r-se e em


dar-se Sl'lll rcsl•rva á v o n t ade d i vina !

Como s1• conhl•crm os q ue Vos co n h r c e m , ú Ol('U Deu s ?


O s <(lll' <·01110 Vó s usa m <11· m i sP r i c o r d i a .

A m a r-Tl' q u e r o sem m e d i d a , oh ! meu D e u s !

O n d l' s e a prl' n d c a a m a r ? :"\ a s h u m i l h açt><'S, p o r qm• e l l a s


nos p)(·,· a m d a s m i se ri a s ch 'str rxilio.

Por lw ra n ç a mr drstrs n r sl l' r x i l i o a vossa Cru z ! Como


sou rica !

O m• m n :io u sa r d e m i sericord i a , cstr não l'ncontrn�l:


m i Sl' ri cor< l i a.

Na Cruz d o m e u cl i vi n o Cruci f i c a d o l•st:l a m i n h a força.


S i m , quan d o Tl' !" on k m pl o eo bl' rt o d a p u rpu ra n·al !

Ser, por Vós. < l l'spreza d o. n l'sh• 1• x i l i o é h o n ra i n s i g1w.


porque q u a n t o maior fôr o aba n d o no , t a n to maior sl•rá o
gozo na Pat ria amada, o Céo.

S l' n h o r , q u a n d o a Vú� re !' or r o 1•om o ml' 1Hl i ga , tlal's-n'w


r m abu n d a n l' i a o vosso Amor, l' Vl'sli-mc como uma pr i n ­
ccza.

Por h l' ra n ç a uw d1·sll's lll'Sll' e xil i o a vo s sa C r u z ! Como


sou rica !

Mru Deus. a m a r-Vos q u C'ro sC'm ml• <l i cl a � porq u r , aman-


rl-0-Vos, corn•s ponrl o n o vosso " i n fi n i t o Amo r ! _ _ _

O nJl'll P n r a i s o nl'ste L'x i l i o é soffrl'r pa ra m os ra r-V os t


qu e Vos A m o ! . . .

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O l:Jum Cumbate na Alma Generosa

Sem d e s ca n so nl'stoe ex Hio traçaste meu caminho, paira


que rica possa apresentar-me ás portas da Cidade Santa -
a patria Amada.

Oh ! m eu Jesus Cru ci fi ca d o , C' n chcstcs meu coração de


amargura ! Bemdito sC'ja e s ! . . .

Ser atormentada pelos i nimi·gos i n fcrnaC's é sisnal de


predestinação.
Feli z a alma que o demonio odeia ! ! .

QuPm viver de m i sl' ri co r di a . n ão sP r� julgado, antes


ser·lhe-â dado na C:idade Santa lugar de honra.

Soffrer sem descHnso, eis a ycnlura 1Ias a l mas C'11a 1110-


radas do d ivi n o Crucificado !

Quanto :rr. Qis uma alma s-o ffrC', m a i s se i ntroduz no


amor, cuja morada é o Coração Santissimo de Jesus !

Se vir d es um h om C' m C'al u m n i a rlo, lcmhrae·vos que é


amigo de De u s , porque' o m u n do aborrece os ve rdad ei ros
ami�os des te D<'ns, que, por amor de nossa s al mas, foi i11j11·
ri ado l� aborrerido pelos hom('ns ! .

O V <' r1fo d r i r o amor con s i f·te l'lll dar-se sem reserva á


Vontade Di v i n a !

O'lmn s" rnr>h"""m n � "" " vos amam ? Os que são mise·
ricordiosos para com o proximo.

Quando ,·o<; consid ero como Ju i z, fico longe de Vós,


porém qu a n d o vos c o n s i rlcrn r0mo P�IC', mC' i n tro rl nzi s n o
Y O � s o a m av !' I Cm·ação !

As humilhaçcics n o s ck"alll 1las m i sni as Ileste exilio.


� 1

Quem não usar de mheri cord i a não P n c on tra rá abrigo


no C:oraç ão de Jesus.
1 2·2·31.

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() lJu m Combq.te JUl .4 lmu Generosa 33

Co o p e re m o s co m a M i se ri co rd i a
p ara n ossa s antifi cação

J ESL'S, Rei de misericordia, Pae compassivo, Esposo


sem pre prompto a perdoar, venho aqui a nte vossa pre­
sença adoravel, neste Divino Sacramento, primeiramente,
para \'Os pedir perdão dos meus pccrados. Sim, muito me
pesa d r \'OS trr o ffe n d i d o ú meu J<.>sus, ainda que nada si nta !
Sens i b i l i d ade não t<'nho mais, mesmo a ssi m t'U desejo ser
,

santa e aborreço minhas iniquidades, porque esta é a vossa

ser, · e para isso hei de empregar toda minha bôa vontade,


vontadl' ! Vós quereis que eu seja santa, eu lambem o quero

e estnr all i n d a á yossa Santis.'l ima Miserico�dia. Dizei-me,


ó Jesus mi sericordioso, o que devo fazer para realizar este
vosso dC'se.io de alliar minha tão pequenina vontade ã vossa
i nfinita :\fiseri cordia ? Falae, Senhor, porque tenho sêde da
vossa Palavra di·vina 1

vra de misericordia.
Alma que Me escutas, ouve com attenção a minha pala­

A Justiça divina tinha de exterminar o homem da face


da terra e precipitai-o no lugar por e1le mesmo creado,
porque foi o peccado o autor do desespero e do s,upplicio
e t er n o O homem foi creado por mim, não para o inferno,
m as s i m , para a Patria celeste, para gozar da minha propria
.

feli cidac!C', Esta creatura, porém, creada por amor, deu


,

ouvidos ao m al e n o seu coração entrou a i niquidade !


Agora, alma que Me escutas, reflecte bem no que te vou
dizer. A m i nha i n finita misericordia vendo este amor espe­
sinhado e injuriado pelo mal no coração do homem, creado
por amor, o que fez ?
O h ! prodígio ! ! Oh ! maravilha ! ! Desce ã terra para
conciliar a justiça com a miseri cordia ; e esta i nfinita mise­
ricordin cobre-se com um corpo igual ao do homem,
" r x ccpto o peccado ".
E n o seio de uma Virgem puríssima, o amor deu-Me um
corpo n o qual ia soffrer as consequencias do peccad o ;
coberto com a capa d o s peccadores ia soffrer o s rigores d a

Vê que não é pda justiça que foste resgatada, mas, sim,


divina Justiça offendida !

cer q ue não foi a justiça, mas sim, a misericordia que te


pela divina e infinita misericordia. Agora que te fiz conhe­

salvou, o que deves fazer para cooperar e alliar-te a ella 'l


A pri meira condição, para cooperar com a minha mise­
ricorrl i a é ''i r a mim, sem mcrlo e sem temor. Se Eu sou

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34 O llum Combate na i\J.nia Generosa

tão prodigo que desci á terra, tomando sobre mim todas as·
vossas i niquidades, porque motivo vir a mim com temor?
A segund a condição para commigo cooperar é reco­
nhecer-Me como Pae de infinita caridade, p rompto a tudo
i1erdoar, sempre que o coração se disponha á emenda.
Tenho sêde de fazer o bem, e corações h a que nelles querem
aniquila r-:\lc ! Se criei o homem do nada, n ão posso de um ·
grande p c c c a dor fazer um grande sant o ?
S i m , a minha i n fi n ita misericord i a t u d o póde. Vêdc
tantos a s t ros l um i n os o s n a m i n h a Egrej a , que de gra n cl 1's
peccadorcs lornarani-sc gra n d es sm1 t os. E porque, E u vos
J ll'rg u n t o '! Porque cooperaram commigo na m i n ha i n fi n i ta
cari daclc !
Existe um e r ro g ra v i ssimo cm m ui t os filhos meus :
Dizem estes : Eu nã'o posso ser grande santu, nem aspirar
a tal, porque n a vida passada commctli muitos peecados;
os que devem ser santos, desde men i nos j á o são. Oh ! ce­
gueira el o homem que assim fala ! O que assim fala, quer
aniquilar-Me e limitar minha infinita cari d a d e ! Ah ! c m
verdade v o s declaro, n ã o ha peccador que n ã o possa ser
um grande santo !
Os peccados ) l·assmlos, para uma alma arrl' pe n <l i da, mio
são obslaculo para S('r santa, mas sim, fontes de humi l d a d e
e fon tes d e reconhecimento, lembran do-lhe q u e E u usei
para com ella de rrcisericordia, descendo até ella, lavando-a
com o mC"u Sangue divino e purificando-a com o meu amor.
Ningucm diga que não · póde ser um grande santo, por­
qu<' commetteu muitas faltas, na vida passada foi impuro
e manchou sua honra com os peccados o.s m�is vergo­
nhoso s ! Ah ! não, a nenhum mortal é pcrmHtido assim falar;
uma só cousa é neccssaria, para se santifi c a r, é bôa von­
tad·c, sem a qual o homem não póde se salva r ; porém, o
homem que t·cm bôa vontade não deve temer, nem tluvi chír
de sua salvação e tambcm de sua santificação. Eu desci
para o s homens de bôa vontade, e quaes são elles? O s que
o uvem a minha palavra e a põem e m pratica, os que pra­
ticam a minha lei e os meus conselhos. 'Cns se contentam
de observar a lei, porém outros aspiram mais alto e
praticam esta lei com perfeição nas pequeninas cousas.
Estes serão chamados, na casa de meu Pac, de servos fiéis,
que souberam aproveitar elas pequen i nas cousas para vir 11
mim. Nesta segunda condi ção fi cou dito, que, para coope­
rar com a minha i n finita misericordia, é.• n ecrss•ario reco·
nheeer-:\fo como Pae misericordioso, p rompto a perd oar e
fazer de u m grande peeca<lor um heróe de virtude.
A t e rcei r a condição para alliar-sc ú minha mist• ricor­
di a é usar de miscricordia, primeiramente comsigo, depois
com o seu proximo. Como uma alma póde u sa r de m�seri-

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O Rom Combale na A lma Gcnero.,a 35

cord i a para comsigo, s·e ell a é tão desprovi d a desta m i se·


ricord i a e se no seu coração só existe a i n clina ção para o
mal ? O n d e buscar esta misericordi a ? Ah ! Eu vol·o digo, n o
Cora ção de Mari a ; El i a vos mostrará o m e u amavel Coração
e vos dirá : Vi n d e e vamos á fonte i n exgotavel, vamos sem
d emora a Jesus. Por que temer? O Coração d e meu Filho
está ab e rt o para vos receber e, n ão com pesar, mas, sim,
com akgria. Jesus n ão recebe seus filhos com pesar, mas
com grande regozijo ! Porque temer, alma querida, vêde, a
m i scricordia de Jesus vos ;,i br aça e i n demniza vossa causa!
Por esta falta .Jesus já soffreu, só vos resta agora aprescn·
tar- vos a Elle com humil dade e c o n fi a n ça , l', quanto maior
ftir a vossa c o n fi an ça m a i s bella se r:í a vossa puri fi caçã o.
Sim, ; i l m a s que Me escutars, ú Ma ri a que vos mostrarú
mrl h o r o quanto Eu sou m i snicord i oso e �orno deveis u s a r
pri m t> i ra m rnte d e m i sericordia com v o s sa alma, p a r a d e p o i s
-
usai-a com os outros.
Como u sa re is de m i sericord i a com o proximo sen ão
pa ra a l l i ar-vos á m i n ha mi sericord i a ? A m e d i d a d a queJla,
serú n m r d i r l a d a V{)ssa u n i ão commigo, será ]lOr esta me·
d i ll n que vós re ce ben• i s a mi n h a miscricordia.
Se Eu por vós morri e m durn madeiro, se Me revesti
dr vossa n a t u reza, tom a n d o sobre meu del i c a d o corpo e
minha c a n d i <l a al m a os vossos peccados, qual d eve ser o
vossü procr!l rr, vendo o vosso :'.\lcstre adoravcl dar-vos
tantos ·P xcmplos?
.'.\JisPri corrl i a e sempre ll}isericordia, quer d izer, perdo a r
e p e rd o a r sempre, consolar 'i! cmt solar sem p re aos afflictos,
morrer, sr p re c i so fôr, pá:i'a sal v a r uma só alma ; esta é a
ca r i d a dP, a mi serico r d i a 'que v i m t ra zer ao m u n d o. Sal var
almas, <'> n obreza ! Esta é verrla dl'ira cari d a d e ! P ou co vak·
ria 011 a p rov e i ta ri a a um homem que fosse i m mens:unente
caridoso, se não trabalhasse, n a cssencia d a mesma cari·
dad·e, que consiste e m salvar almas ; e para salval·as e
�aptival-as, 8 alma, que .'.\fo ama, serve-se de todos os meios
o sen alc an ce.
Sim, a lmas Vl' nturosas, ao mu n d o d ei a conhecer a
iinha i n fi n i ta m isericord i a. Que bella, que formosa é esta
miscricordia, sem a qual o homem tornar-se-ia i nsuppor·
tavd a si p rop ri o ; porque D homem, que não po&sue o conhc·
cim e n t o d e m i n h a m i scricord i a, v ive em con t i n u o martyrio,
pois, el le mesmo é srn a l go z !
O h ! a l m as que '.\lc ouvis. mergulhae·vos ne sta i nfinita
misericorrlia, n ã o olhei s para vossos peccados, mas, sim,
para m i nha m i sericordia, que t a nto deseja vêr-vos reconhe·
cidos n os seus effeitos be n efi cos. O' torlos, que no pa ssado
fosks i n fi l' i s , n: i o kmnes, poil e i s Sl'r s a nto s e g ra n d e s s a n tos
se .'.\Ic comprl'ht•111kr<ks n a m i nha i n fi nita m i sericord i a .

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36 O Bom Combate na Alma Generosa
..
Não vos deixeis levar pelos a rtificios do inimigo que vos
diz : Tu nãio pódes aspirar a grandes cou·as, porque és u m
gran de pec ca d or o u o foste no passado ! Ah ! não o ffen dae s
minha miseTicordia, dando ouvidos a tal tenta ção ! Todos
vós peccadores e não peccadores, podeis ser grandes, por­
que grande é minha mi se ri co rdi a, que deseja ver-vos a
todos felizes, e, ao meu lado para cantar o hymno bellis­
simo da divina misericordia !
Tende bôa vontade e atirac-vos nos braços amorosos de
Maria, que Ella é Mãe, e como ta l vos conduz ao meu Cora­
ção i nfinitamente misericordioso, onde Ella vos fechara
p:ira sempre. Sêde todos de Maria que Ella é vosso thesouro,
Jesus, Par dr Miscricorrl ia, rio TahC'rnaculo Santo.
4-3- 1 93 1 .

O d ote d e m i n h as Esposas

A MADAS K">posas Missionarias e a todos que drsejarrm


me a1o1radar.
Vou hoje moslrar-vios, a hcl le z a deste rlolc e as co n di­
çõt>s n t>cl·ssa rias para nrlquiril-os.
H' cll<' tão bello rm sru fim, porqur rstc S<' rC'sum<' n a
m i n h a rna�o� Mloria t � na riqm'7l de vossas alm�1s tlc esposas
de um ])cus. . ; .
Então cm que consiste cste·XJ>ello dote? Consiste no
merecimento de minhas Chagas, de minhas humilhações e
no conheci.mento mais per fei to de quem sou Eu.
Vêde, amadas Esposas, que riqueza . incommensuravel !
Como esposas, tudo o que é meu vos pertence, mas, se pos­
suirdes este bello dote, tereis m a i s conhecimento dos mere·
cim ento s de m i nha s humilhações, que cahirão sobre voss as
nlmas, á medida desse mesmo conhecimento. Comprehcn·
dl.'rcis melhor minhas Chagas e nellas i.'Creis in t ro d u zi d a s ,
e seus merecimentos ser-vos-ão dados em maior abundan­
cia. Conhecereis melhor minha bondade, e, á medida deste
conhecimento, ser-vos-á dado o m ere ci men t o desta bondade,
sempre prompta cm per doa r ! .
Os meus thesouros são da dos á medida da generosi dade
de cada um. Esposas tenho que são muito pobrezinhas,
porque são muito pouco generosas. Eu sou rico e ella:; são
tão pobres ! Como é doloroso para um esposo dedicado
como sou Eu , ter d e ver t a n ta s rsposas na indi gen c i a ,
por causa de sua pouca gencrosid:idc !

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O Bom Combate na Alma Generosa 37

Eis porque vos desejo dotar com o merecimento de


m i n has humilhações, de minhas Santas Chagase com a
m i n ha Sabedoria.
SC' fordes attentas 11os mC'us conselhos, vos digo : Em
wrrl a d e, serei s riquissimas, e jamais vos faltará cousa
n l guma.
E as condi çÕC's nN'C'ssarias para isso?
Talwz :i l g1·m� rlC' vós estC'ja assustada ? ! Ah ! isso não
a r n n teça. p o i s Eu sou torlo 11mor e m i n has c x i gc n cias são
! orl a s por : unor : n iio vos hC'i de ped i r cousa alb'ltnm aci m a
d1• vossas forças, porque' n w u jugo é doce e suave.
A p ri m ei ra cond i ção é t•sl:1 palavra tão sim11Ics : " n ão " ,
:'\ão. para t u d o que )}OSS:t s e r ralla vol un t a r i a . Vêdf' que n ão
,·os peço o i m oossivel. porque as f:iltas voluntarias as po·
<l eis evitar se fôrcles 11tlentas ·e se tiverdes hôa vontade. Para
rruem tem má vont11de tudo é cli fficil, mas para as almas
µen eros a s n ã o é difficil d i zer " não" para tu il o que de leve
póde manchar a alma ou offuscar o seu brilho !
A segun d a e x i ge nci a é esta : "Sim" para tudo que é
sa crifi cio.
A m a d a s Esposas, l em b ro- vo s aqui a palavra do Eva n ­
gel h o : "Quen•s ser pe.rfe i t o ? Ven d e o que tens, dá-o aos
po l11·ps, toma a Cruz e segul'·:\fr."
Por i n fe l i c i d a 1ll•, l'Sposas t e n h o que me clcsl'jam sc!(uir
n :i o no r a m i nho 1�s<"ahroso d o C a l v a ri o , m as, s i m , n o ca m i­
n h o ía cil. onde n iio ha si1<Ti íidos e vonlatks a Cflll'hrar !
l � l o f., doloroso Vl'l' l'Jn t a n t a s a l m a s que a bra çaram os l'o n ­
s l'l h o s r rn n gdi cos ! �ão v o s i l l u d ;ies ; i n fe l i zmente n e m
l o d o!-i o s que me d i zem : "Sc11hor, Senhor", tral.J.alham na
sua perfei ção !
Portanto. se deseja<'s ser dota d as com o merecimento
de m i n ha s Chagas, abraçae-vos alegremente com as cruzes
de cada di a , jamais censura n d o os vossos superiores, que
vos i m nõem s a cri fi c ios . não parn que lhes sirvaes, mas, sim,
para m i n ha glo r i a ! A krc<'irn c o n d i ç ão é procurar sempre
, o ultimo lugar. Lembrac-vos d a m i n h a parabola, daquelle
' file SC' s r n to u á m esa em prim<'i ro lugar. Chegou o Senhor
e o pôz em ultimo luga r : po rt a n t e> , deveis ter sempre este
c o n ce i to d e vós : Sou ;i ulti m a na c;isa du S e n ho r ; mas qu e
isto sej a u m a real i d a d t• e não como fa zem muitos, que falam
qu e são a s u l ti m a s e d e seja m que as te n h a m como p ri me i ­
ras, o que é uma h u m i l di•dc fa ls a ! Na minha casa deveis
desejar estar sempre cm u l t i m o l u g a r, a i n d a que a santa
obe d i e n C' i a vos m a n d e occuµar l'a rgos !'levados. Não é o
C'argo q m• v.os 1h• vl· e n solJcrlJC'rer, a nks l'ile vos deve humi­
l l w r, por11ue h• m h ro-vos a q u i , a t odos q1w oecupal'S cargos :
Eu, o vosso Tudo, desci á te rr a para servir e não para ser

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38 O B o m Combate na Alma Generosa

servido ! Vêde como l avei os pes dos apostolos para vos


ensinar que o primeiro n o reino dos Céos, deve ser o ultimo
n este valle de lagrimas.
Se desejaes ser dotadas com a minha sabedoria é ne ces­
sario que sejaes muito humildes de coracão, e isso não nas
palavras que proferis, mas n :l s vossas obras.
Amadas esposas, satisfazrndo a estas mi nhas vontades,
recebereis este tão sublime dote.
Agora pergunt.o-vos a cada uma em part i cular : E st á s
prompta a fazer o qtie te peço por amo.r ? E' isto pesado
p:lra quem rima ? Examin ae-vos be m l' vêcle se é pesado. Se o
achardes tal, é signal que voss o mnor por m i m est íi bet11
en frnrnl<'c i rlo, porque tudo é p()ssivel :'ilm elle que ama.
Vou a gora mostrm�vos a ht•llPza d l'sle 1l o l e, e quem
s�be c o m seu conhf'cimento kreis luzes para abraçar o que
por 1 m1or vos peço.
Primeiro o s merecimen tos de mi nhas h umilhações.
Al1mm d i a já m ed it a sks no valor de mi nhas humi­
l ha ções ?
Our m sabe m u i tas de vós a i n da n ão tivM"am esta ventu­
rosa i rl éi a de meditar no quanto Eu fui humilhado por vosso
amor ! !
Amadas espos!ls, é-vos i m µossivel co11111rche11d er o infi­
nito valor drssas humilhri çõt•s, cousa que só no Pa.r aiso vos
srrft d 11 d a . Pnrém, Eu desr.i o que tenhaes já uma palli cf a
i d éia cf este thesouro preciosissimo e apreciacfo por tão
poucos! �

Vós 11111· 1lcsl'.ial'S ser d ot a das com rstr tão prl"rioso fhl'­
�·ou ro, só o com p rehe n d l·rl'i s :'1 nll'rl i rla 1 1 u e ell c "\' OS fl'\r
d ado.
As m i n has h u m i l h açÕl· � têm lant<J val or rl i a nle do Pae,
oue salda ra111 ''ossas d i v i d as. abrindo-v<Js assim as portas
da Mansão dll P a z, que se achavam fPrhad :l:s nor causa d o
-ornnlho. rm q11 PrPr sa h" r tanto como Deus! Vi'de a serp e nte
i n ff'rnlll s r cf m:i n d o li Eva, cf i zen do-lhP quP se comesse do
fructo prohibi d o sllberill tanto como Deus !
Am ll cf as esposas. fo-ram llS minhal'i h11mi lhaçõcs que
esma'1'11ram o ol"li(nlho. Vêcfe como se ar.hava o mundo,
q n a n cf o li Elle df'sci : S ó rl' i na v a a soberba, o nobre era
calcacfo a os pés como u m vil l'SCrllvo, os ricos viviam nas
s1ms orgi a s a rf o m a r vi ngança d.o céo, oppri mindo os peque­
nos " o s h umi l d e s !
Ser nobre -era uma terrivrl h u m i lh ll ção ! Pobrl's homens,
l'm qul' l a sti moso est a do se a chavam ! E eis que Eu desci á
terra, t o m an d o um c or po, humilhundo-nll', n a scendo n a
pobreza para mostrnr aos homens q ue é a pob r ez a o cami­
nho m a i s st•guru para entrar n a mansão da paz. E eis que

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() flCJm Combate na Alma Genero.r n 39

v i n· n d o n a h u m i l h a çã-0, e u a a m l' i , porque nella t i ve occa­


sii.io de mostrar-vos o seu valor. Não encontrareis ,nas mi­
nhas humilhações uma queixa, uma repulsa ; ao co"ntrario,
no Gethsl' man i , ver-ml'·eis ir ao ene<>ntro dos soldados para
lhrs d i zer : A quem pro('uraes'! - A ,Jesus N n za rl' n o, d i 1,cm.
- Eis q ue lhl'S re s pon d o : Sou Eu.
Amadas esposas, porque assim proce d i ? Porque humi­
lhando-me ga n he i pam vós thesoum de i n finito valor, para
h ok vos pode.r d i zl'r : Desejaes ser dotarias de m i n h a s rique­
zas'! V i n ci(• q u e vos C'Lmi ula rl'i <ll'stas riquezas, e não m a i s
a n t l arl'i s n a lll('ll l l i l' i 1h1 1 l l'. C o m o já vos d i ssl', é <l oforoso
p a ra m i m \'t' r lan l :1 s l'sposas pohrl's, q u a n d o l l'n ho t a n t o s
t ht•so u ros g u a r d a d o s n o meu Coraçüo, sc•m tl' r Cflll'lll o s
\'l' n h a p rocu ra r ! C o m o jú vos disse ha co n d i ções p n r a
t i rn l-os d o meu Cora ção, mas, a s cond i ções, que vos d e i , não
são d i f fi c l'i s porque meu j ugo é d o c e e suave ; só é pesado
para os q ue n ão o sabem levar, para os que não m e amani..
Lernbrne-vos que o valor de minhas humilhações excede
a todos os rnl'J'ec1rnen tos dos santos, que . povoom o Céo e
q ue ha na tl'rra, pois, com todas as suas dô.res e todo o
sangue que dl'rramaram, não chegam a uma sensiveJ par·
cella do merecimento de minhas humilhações.
Vêde que o merecimento dos martyres, das virgens
consagradas a meu serviço, de todos os santos é de um valo.r
i n calculavel, po is, tudo isso em comparação de minhas
hum i l ha çÕ l'S é nada, porque Eu, como Deus, humilhan do-me,
minhas humilhações são de valor i n finito. Para melhor
coruprehen derdes este "'v-alor, vêde o oceano quanta agua
contém, Agora Eu vos digo : O é
oceano o valor de m i nha s
humil haÇÕl'S e ns humilhações de todos os santos apenas
são uma gotta de agua ; tomae esta gotta de agua e Jançae·a
ao mar, clla dcsapparccc á vista de tanta immensidade ! E'
assim o valor de todos os santos em comparação do infinito
valor de todos os meus a ctos, porque, Eu sen do Deus, sou
todo infinito em cada um de meus actos, porisso humi·
lhando-mc, minhas humilhações ·
attingiram a um valor
infinito !
Amadas esposas, este valor vos é da d o como riqueza,
se cooperardes para tão nobre fim.
Possuir o valor de minhas humilhações é uma ventura,
porque tereis moeda solida para saldar v05sas dividas e
para dar-me almas que é o que tanto desejo. Bcmave:nturado
o homem que salvar umu alma, pois salva-se a si mesmo,
porque um acto de caridade como este - salvar uma
alma - será hl'm remunerado, e a melhor remuneração que
Eu dou áqueJlcs que praticam este acto tão bcllissimo é
salvar a sua propria alma !

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40 O Rom Comlmte 11a Alma Genero.ça

Por piedade esfo r çae- vos para merecerdes este tão rico
thesouro 1 DeS<'jo tanto dotar-vos, desejo immensamente
ver-vos ri cas ; não posso vn-vos na mendi cidade porque
llll'U C or a ç ã o , sendo immensamente caridoso, deseja ver a
todos ft>l i zes desta felicidade cdl'ste, para o qual o coração
do homem foi creado.
Vou agora mostr:i r-vo!'. quão precioso é o Yalor de
minhas Chagas, fontes inexgot:iveis de grandes beneíicios.
Ah ! vós todos qu e viveis nc•sle exilio não podeis medir sua
grandeza ! Seu valor <>xcede ú vossa fraea comprchensão.
l\linhas Chagas são fonh's rl l• vida e de amor, ellas têm o
dum de apagar os peccados do mun do, foi dellas que sahiu
o Sangue q ul' hoje serve para purificação de vossas almas.
As minhas Chagas, cujo valor é� i n finito, são rcmedio pa.ra
todos os males da alma, são ba l sa m o para curar todas as
feridas de vossas almas, são as portas por onde podem as
almas entrar na mansão da paz. Poris.so qul'm se introduzir
nestas Divinas Chagas p ó d e C'star seguro de sua salvação
l'tcrna. Na VC'rrlade, quem J>Oderá vos fawr mal dentro
destas moradas de amor?
Todos os santos que tinham este bello costume de se
introduzir nestas Chagas Divi nas, todos estes afortunados,
morreram nos meus braços e nos braços de minha Mãe. As
minhas Chagas são asylo seguro de salvação ; não ha inimigo
capaz de romper seus sag.rados muros.
Vêde seu valor. O in imigo á vista destas Chagas Divinas
treme d e medo e por isso e lle foge e8p avorirlo daquelles que
todos os dias entram nellas. O demonio não póde ouvir sem
grande terror falar clestHs Chagas Di vi nas, cujo valor será
dado como riqueza ás vossas almas, se fizerdes o que vos
foi dito. Vêde quão necessaria é vo ss a cooperação e fide­
lidade para adquirirdes tão bello thesouro. Como entãio
sereis fortes ! Expulsareis o demonio de vós, sereis fortes
Pª''ª todos os combates ria vida e depois alcançareis o fim
dcsl'jado, que é a vossa sa n t i fi cação. Vêde que vos falo d a
vossa santificação. Sim, eleveis ser santas, porque este é
mcu dl'scjo. Não me co n t e ntare i s se disserdes : com tanto
que me salve é quanto me basta ! Ah ! n ão, desejo que scjaes
san t-as, porque f.oi para i sto que vos chamei, e é por este
motivo que \'O.S desejo dotar com mi nhas riquezas.
Sêrle diligentes, não percac,s tempo, desejae ardente·
mente se.r rlotarl as com o s meus rlons. Isto depende somente
dl• vós, }}{)rt.anto, mãos á obra, sem medo começae-a hoje
mesmo, e Eu vos p ro m e t to a minha graça para progredirdes
na virtude.
O terceiro d om promett i •lo é a m i n h a Sabedoria.

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() /Jom <:umbalc na .. lima Genero.�a 41

Sa bPi s auão necessari o é este d o m - a Sabedoria, parn


ml'lhor ronhrcer-Me e saber dekstar o mal. Q.uem Me
conhece, a ma-Me'. Quão bello é este dom conhecer-Me, poder
compreht>n dcr-�k. l' , já m-ste mun do, vcr-�fc com os olhQs
ela verdacJrira f:!, contemplan do-Me na Eu charistia e poder
contemplar-Me no Céo, com esta mesmo íé, o gozo dos elei­

Ah !
tos rio Paraiso.
cm -vc•rda rk , vos d i go o rlia e m que fõrdrs dot adas
1lrstr d o m , como vos :-: ch a rri s fel i zes; comprchendcrcis
m P l h o r mi nhas pal a vr a s r, a m a n clo estas mrsmas palavras,
tudo vos será mais faci l ; en tão direis : Q u ão bom é servir
a nrus atravez deste véo, "a f é "!
Amadas esposas, estes tres dons estão â vossa di sposi­
ção. Desejo quanto antes benefi ciar-vos com cll e s, d esejo
ver-vos ri cas; p o rt a n to dac-1\le logo a con solação de vos
poder dizer : O
u v is tes-M e, eis que agora e para sempre,
emquanto fôrdes fiéis, vos dou como riqueza os merecimen­
tos de m i n h as humilhações, d,' m i n h a s Chagas e minha
scie ncia, que consiste e m ::\le conhecerdes melhor para mais
Me a m n r.
Sêcle fiéis e Eu v o s prometto em breve este tão pre­
cioso thesouro.
Vosso Esposo amantisc;i m.o, .Jesus Crucificado do Tabcr­
naculo Santo.

:u -5-193 1 .

E m q u e c o n s i ste a u n i ã o da al m a
c o m o Amado

Ãl\IADAS esposas, ''·OU hoje mostrar-vos em que consiste


a união da alma commigo.
Certas almas vivem i nqui eta s, em perturbação cons­
tante. por causa, dizem cllas, de falta de união commi go.
Em verdade vos declaro, a maior parte que assim fala
é por i gn o r a n c i a ; não sabem estas almas cm que consiste a
união da alma commigo.
Em que consist<> a u n i ão d a alma com o Amado?
Consiste e m fazer a m i n h a vontade por amor de mim,
alegre e suave11wnte ; cm d e sej ar dar-Me gloria em tudo,
procura n d o para si -0. desprezo e a h u m i lhação ; em alegrar-se
no llt!c «'onl raria a n a lu rc•za, t· fi n a l m e n te a char repouso na
C ru z.

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42 O Bom r:ombate na A lma Generosa

Amadas esposas, quem sabe muitas de vós ainda não


chegastes a esta bella e encantadora vi ctori a ?
Será i sto difficil ? Não, porque se fosse di fficil, Eu,
como Esposo ama ntíssimo, não vos ensinaria estas cousas,
pois além disto deixada de ser leve e suave o meu jugo.
Vós que suspiraes por uma u n i ão mais forte commigo,
fazei estas cousas que agora vos vou expli car, então vossas
almas serão sati sfeitas e realizarão os esponsaes desejados.
Quant·ais almas vivrm agita das Dor falta desta u n i ão que
devem ter oommigo ? ! Viv<'m de flôr em flôr, á procura do
qne n ão podem en contrar, emqunnto alegre e suavemente
não fizerem a minha santíssim a Vontade.
Almas ha que obedecem. mas sua obecliencia é restri­
cta, não é geral nem comuleta !
Como taes almas poderão achar paz loni:ie de m i m !
Ouem n ão faz a minha Vontade até nas mínimas cousas,
não póde ter paz na sua alma.
A alma obediente até nns pequeninas cousas faz com
que F,u n ella CT'esça, á m e d i d a que d:iminue em si suas
vonta d e s !
Esta obediencia para ser completa deve ser alegre e
suave.
VêdP, amadas esposas, que erro funestii>simo nara
vossas almas, quan d.o Me obedeceis por obrigação ! Oue falta
de amor, a té diiro mais, de consideração para commigo, que
tud·o fi z por vós alegreJI1('nte e d esejei ardentemente sc:r
preg·a do na Cruz, para patentí'ar-vos o m <' u gra nde amor !
Esta obcdiencia para srr completa deve ser suav<', J>ara
dar cumprimento ao que Eu disse : Aprendei d·e m i m que
sou manso.
Quan d o a minha Vontade vos impuzer oualquer sacri­
fici.o, o deveis a ceitar com calma, porqn<' a falta de calma
é que vos leva muitas vez<'s a a chard<'s pesado o meu jugo.
A alma que não tiver esta obediencia calma, isto ê, que
n ão fôr alma de refkxão, fará tudo mal feito, e finalmente
abandonará as praNcas rle piedade, e aos poucos irá se
afasta ndo do meu do·ce jugo.
Amadas esposas, que tanto ckst>jaes r!'alizar os vossos
C'spon saes commigo, seja a vossa obí'd ií'ncia como já vos
foi dita. Não vos illurlaes, n :io pensds porqul', aos pcs do
Altar, l\le jurasks rid!'lid arlt' <'k rna, que nisto consist e a
vossa união !
Não penseis que som ente com isto realizaes os csµon­
sa es commigo ! Ah ! não, sem essa obediencia, as vossas
almas viverão agitadas e depois, sem esta união, as conse­
quencias serão funestissimas.

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O Bom Combate na A lma Generosa 43
Quantas graças perdidas, por fa l t a d l•sta união com­
m i g o ; porque quem não está unido a mim, como Me póde
ouvir?
Se desejaes ouvir a minha vóz de Esposo de vossas
almas, procurae em tudo fazer a minha santissima Vontade,
a t é nas minimas cousas, e isto com alegria, por meu amor
e não por dever.

Vêd l• a ingratidão que Me dão as afanas, que fazem a


minha Vontade por medo de perder o céo ! Deixae ist-0 para
os que não Me conhecem, porque vós que fostes chamadas
com tanto amor para viver na minha casa e serdes uma só
cousa oommigo, deveis obedecer-Me com amor alegre e
suavemente, pois se isto fizerdes, predispondereis vossas
almas para fazerdes -0 que agora vos direi, como condição
aos nossos esponsaes.
Depois de terdes estas qualidades na vossa obediencia,
d l' v c i s em segundo lugar procurar dar-Me gloria em todas
as vossas obras.
As almas que Me amam se compraze
procurando somente a minha gloria, e
_
_-�
, -
contentar-Me,
ndo-se de si.
· ·-

A alma que, em todas suas obra · , ocura minha


maior gloria, trabalha com satisfação, faz tudo com verda­
dri ro prazer, e tudo o que faz acha que é pouco ou m1da
para poder-Me contentar.
Vós, que desejaes realizar os vossos csponsaes comani­
go, na vossa alma dcve cxist-ir esta qualidade "tudo fazer
para minha maior gloria " .
Para realisar os esponsacs oommigo são necessarias
ainda ·estas qualidadcs : Desejar o desprezo e a humilha­
ção, e nisso achar contentamento.
Não vos illudaes, caríssimas esposas, se não desejardes
a humilhação e nella não achardes contentamiento, vossas
almas ainda não cstão aptas para os divinos desposorios.
En•ão as vossas almas viverão agitadas e inquietas, em­
ífP� n to n iio :ibrarardes a humilhação e nrlla não n chardes
cor't"ntnm"nt.o . . Emquanto vos9a alma sentir aversão pela
humi lhação, ainlJa tendes muito que trabalhar, porque sen­
tir avrrsão p!'las humilhaçõe-s é signal de que ainda o vosso
amor proprio está vivo.
Almas minhas, esposas amadas, que desejars ardente­
mente fazer uma só cousa commigo, trabalhae para que
vossas almas tenham estas qualidades, para poderdes reali­
sar os vossos desejos de união perfeita commigo !
Tendes mais uma qualidade a desejar para as vossas
illl l mas, é o remate lle tod as e o signal que vos póde ·garan-
·

tir que a nossa u nião é l'Ompll'ta.

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44 O Bom Combale na A lma Generosa
Esta qualidade é achar repouso na Cruz, abraçai-a com
alegria e dizer-Me "O' meu Deus, na vossa Cruz descanço
e n ão desejo outra cousa senão ser crucificada por vosso
amor."
Esposas amadas, achareis isto difficil ? Na verdade
não é difficil, porque todos o s santos chegaram a e ste
ponto.
Agora vos pergunto para que vi<'stes morar na minha
cas a ? Para serdes santas.
Eis esposas de meu Coração, qual é o vosso fim - a
vossa santificação propria e o povoamento de meu reino.
Em verdade vos digo se fizc-rdes o que aqui vos deixo
dito, se estas qualidades, possuircm vossas almas, sois uma
só cousa commigo, e n ão sereis mais vós que vivereis, mas,
sim, Eu é que vivo em vós.
Pelas mãos purissimns d e m i nh a crlestr Mã<'. Via a
Confiança do Heino da Misericordia .
.li>sus ·crudfi l'a d o .
1Vi· l!i3 J .

O p ao q u oti d i a n o d as a l m as
d e b o a vo ntade
(Padre Nosso med itado)

A MADISSIMOS filhos, quantas almas por i n felicidade


rezam sem sabrr o que estão d i zrndo, vi ndo dahi tan­
tas distrações e Callas d e attenção para com seu Deus.
Eu sou Maria, vossa Mãe, desejosa de ver-vos attentos,
q mrn do trndes a felicidarle d e r<'zar.
Vou mostrar-vos a bell<'z a rfas vossas o ra çõrs qno­
t·i d i a n a s.
Padre n osso que esta<'s no Céu. Carissimos filhos,
quantos por i n fel i cidade pronu n c i am esta "'1lnvra subl ime,
cem tão pouco respeito e sem a devida cornprehen são !
E i s o motivo pelo qual não recebem o que pedem, porque
rezam mal !
Quem é este Pae? Este Pae, ('lljo nome pronun ciaes
com tão pouco respeito, é Deus.
Sim, o Deus creador de todas as cousas, dos Céus r ri a
terra e do que existe nestes d ois reinos.
Este Pae, o qual i n vocaes quando rezaes, tem a o seu
lado nove coros angeli cos, louvando-O, amando-O <' supprin-t
d o as vosas fal t a s de at l P n ç :ío . . S i m , am:i d i ssim os filh os,

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O Bom Combale na A lma Generosa 45

q u a n d o rcz 11 c s m a l e s e m o devido respeito, os anjos su­


prc111 as \'Ossas faltas de ottenção diante d e ste Pae, cuja
car i d 11 d e fez descer á terra seu adornvel Filho, para abrir­
vos as portas do Paraisa !
Este Pae, que vós invocaes quando rezaes, tem em
suas mãos as vossas vidas, podendo em um instante tirar­
�ol-as, con forme sua santissima vontad e !
Quando dizeis, Padre n osso que estaes no Céu, o s anjos
respc-itosos se i nclinam para reverenciar este Deus tão
amavcl cm si !
Amados filhos, que tendes a ven tura de me ouvir, como
pronunciaes esta palavra tão consoladora, Padre nosso que
estacs nos Céus? Não pronunciaes esta palavra macbinal­
mentc sem nenhum respeito? Ah ! por amor de vossas
almas, pelas quaes Jesus morreu em dum Cruz, vos suppli­
co : pronunciae esta palavra tão consoladora com respeitlo
1· vcn Pração, lembrando-vos. da reveren cia e a doração dos
1·órus a n gi· l i ros. Vós crealuras previlegiadas, destinal\as
um d i a n goznrdes tlc snn d i vi n a prc-seriça, deveis s<>r n a
terra o que o s anjos s ã o no céu : Adorae, a m a e e reveren­
ciae este Pae tão nmavel que vos criou, tiran d o-vos do n ada
e dan do-vos uma alma immortal, para gozar por toda a
etern i dade de sua presença adoravel.
Amadissimos filhos, não sejaes vós arvores frondosas
sooncnk, mas sim arvores productivas. Vós sabeis que a
arvore que não dá fructos, será cortada c lançada ao fogo.
Portanto, quando rezardes, rezae com todas as potencias
de vossa alma, lembrae-vos que a oração é a vossa con­
versação com Deus !
Pergunto-vos, si vísseis vosso Deus com os olhos do
corpo, qual não seria o vosso respeito ? !
Com a face por terra O a doraríeis, e não somente oom
os labios, m a s com todas as potencias de vossa alma lhe
diríeis : Quão bom é estar na vossa presença ; façamos aqui
a nossa morada !
Amados filhos, .. este Deus bom, com o qual tendes a
felicidade de falar �uando rezaes, ainda que não O vejaes
com .os olhos do corpo, vêde-0 com os olhos da fé.
" Bemavcnturados os que não viram e creram". Portanto
é com' os olhos desta fé admiravel que deveis ver ao vosso
lado este Deus, cuja bellcza arrebata os habitantes da Jeru­
salem celeste.
Que os olhos da vossa fé, cada vez mais se abram para
rezardes oom o devi d o respeito, que deveis tributar ao
Deqi; tres vezes Santo !
'"Prosigamos a nossa oração. Pa clrc nosso . que cstaes
nos Cr11s, s:rnt ificado seja vosso nomt'. Amados fi lhos,

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4G O B o m Combale na Alma Ge11erosa

q u an d o pr o n u n cia es esta admiravel palavra : Santificado


seja o vosso nome, sabeis o que estaes dizen do ? Ah ! Jesus
aqui podia di zer-vos : " ne m todos os que me dizem Senhor,
entrarão nos rei nos dos Céus." Ah ! se comprehendesseis
a su bli mi d ad e desta pal av ra, Santifioado seja o vosso nome !
Em verda de vos digo se bem co m p reh en desseis o que
com os labios d i zei s, depressa s ant i fi c ar-vos-iei s.
])rus i· Sa nlo, Santí ssimo, portanto, q ua n do .Jesus e n si ­
nou o Padre nosso di zendo rezae assi m : Santificado seja
o vosso nome, quiz com isto diz e r-vo s, que seu nome santís­
simo, deve ser por todos seus filhos, amado, a dorad o, reve­
renciado, não somente com os labios, mas principa lmente
com as obras. E' nas obras san ta s e p e rf e ita s que santifi­
careis o nome daquell e q ue é adora d o e a m ado por todos
o s habitantes da Jerusalem cele ste !
Santificado seja o vo sso nome, deve i s dizer a toda
hora. Sim, sa n ti ficado no meu coração e no coração de
todos os ho m en s. São rstas as di sposi ç õ es de vossos cora­
ções, qua ndo rezaes, quando vos apresentars para conver­
sar com Deus tres vezes �autí ss i mo ? Se fôrdes santos, o
nomC' de ·voss o Tudo, qur é Deus, é s antif i ca d o rm vós.
Entendei bem, Deus é sa nt ís si mo, n ão p r e cis a de vossas
acções para ser mais sa nt o, nrm mais perfoito, mas, o que
v os rl i go Í' qm• faze n d o ohrns p e rfP i t n s Lhe dars u m a g l ori a
n c d d l·11 tal, por i sso q u <>, o seu sa n t o nome seja sa nti ric:ido
por v<Ís, t•m vlis <' n a s vossas ohras. Ah l fil hos d i ll{' ct o-s, se
t i vc• sst• i s c•sta sêde n r<!Pntc lle vrr o nome d e vosso Deus
sa n t i f i c n d o por t o<lns o s ho m e n s , com o I.hc ser i ei s n·gra- .
davei s ! ,.
Todos os cl i h s · re zn es estas pnlavras t ão sublimes, s e m
saberdes o qu e estaes dizen d o, po!l" isso é que Eu, vo ss a
::\rnc sempre soli cita, desejosa de vêr-vos mais perfeitos,
com todo o a m o r vos dou e sta s l i ções, para que, quando
rezardes, aproveiteis do que estaes d i ze n do e n ã'<J façaes 1
como machinas que, girand.o somente pela força do motor, i
ficam sujas q ua n d o acabam o seu trabalho.
Ah ! Amados filhos, quantos ch ri stll> s rezam sem pro - ·
veito ! Outros r<'zam tão mnl, que em vez de d-arem gl oria ,
a D eu s, O fe re m com ns suas más d i s po s i ções !
�• •
Parn que isto não aconteça con vosco q u e m e -.êdcs,
p repa.rac-vos para, rezn·r com aquelle q ue é o vosso Tudo.
Ap r�s en ta c -vos a Ellc como Eu sémpre me ap res entei , com
confiança, amor e respeito. Apr e sentac-vos a Elle dizendo·
para vós m esmos : Com q ue m vou conv<'rsar neste momen·
to? Com meu Deus. O quf' lhe d i zer? Vou rezar, x ou
pedi r-lhl' seus socco-rros, sua· bençam para meus t rab alH'os,
vou ren der-lhe •acção d e graças, vou p rostrar-me cm sua.

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O Bom Com bale na ,lfma r; c n ernsa 47

p n• :,(•nça para a d o ra i -o como meu Deus e meu u n i c o l' sobe­


ra n o bem.
S i m , a m a dos f i l h o s . .Jesus i.· o vosso u n il' o l' s u m m o
n. 1 1 1 . Hnverá hem m e l h o r do que· D e u s ? A h ! n ão, tudo
; : ;; ,,;,;1, t u rl o é v a i d a d P , sú D e u s fica l' v i \'c d��namente.
f ' 1 1 r t a 1 1 l o , crua n d o \'Os a p p ro x i m ardc•s desll' soberano Ilcm,
q u l' ó Yoss1l D r u s t ;io bom e a ma \' l' I , cujn bo n dad e tem
c·;q i l i \'ado milhiies e 11ül hõc•s eh· virgens, le mb re mo s qU(' os
p rn p ri o s anjos, 1· 1 1 1 c· x l asi, p ro cl ama m : A memos e louvemos
11 n osso Bt>m amad o pelos sc•culos dos sc culos. Thereza d<'
.k � u s f i C' u u Ires d i a s feira d e ste m u n d o , som e n t e á v i sta de
1 1 1 1 1 : 1 d a s mãos de .T l' s u s f:h r i s t o . Q u :.i l n :io scrú a bdleza
d c·s l t• Deus, S<' lls <' I H ' fl n los <' ml'lod i a s, q un n d o o p u d e rdes
\'CT fa re ·a face e Sl'IH véus '? ! A h ! Eu hl'lll eon heço est<'
l l 1· u s, p o i s, mt• a c h o nos M'US a posen tos, ronhq;o su a bon­
d .1 d l' , seu amor e • lll' l l l'za. p o r i s sü (• <Jue \' Os desejo ver n'­
\T rc· nks t•m Deus q u e é o u n i e o bem q 1w JH•rmancecrú sem­
p r1 · , l'l e r n amrn ll'. Tudo passarú, só l >P11s fi cará ; só El l c
(· hem <' po r sua b o n d a d e é feita a ;\la nsão C.elesle.
Prosigamos a r€'z·m· o P11 1 l n· nosso q u e estaes nos céus,
s;1 n t i fi ca cl o sej a o vosso n o ml', v e n ha a nús o vosso reino.
Ve nha a n ós -o vosso re i n o, pa l a v ra sublime e encan­
t a d o ra !
A m a d os filhos, n•zars quem sabe S<'m verdadeiro fructo ;
pro n u n c i a e s essa paJ.avra se m comprehenderdes o que
l' slae s ped i n d o ao vosso Deus! Desta falta de c-o mprehen­
súo n ascem ta ntas l a murias em tantas a l ma s ! Pobres
;i l m a s ! Têm fome, têm sêde de seu Deus, mas por fa lt a de
1· 011 1 p rC'hcnsão e rezan d o mal, genH·m e choram, dizendo
st· 111 Jll'l', não ·estou em paz !

Vl'nha a nós o vosso rei n o : Sabeis o que quer d i ze.r


··� l a p a l avra tão subli m e ?
Esta palavra tão consolad ora e subli me pede q u e Deus
dl's�·a ás v1o ssa s almas para ha biifar convosco.
D i sse Jesu s : A'quelle que me amar e guard ar m i n h a s
p a l a Yras viremos 0e n elle faremos a nossa morada. Ei s por­
que .JC'SUS VOS e nsi n o u a )J!' d i r Vl' nh a a llÓS O V()SSO reino,
poi s n a vl·rdaclc E l l c• dc•scl' a vús na med i d a rle v�Jssa pre­
p:! ração. Vêde caros fi l hos, como deveis meditiar bem,
quanrl o vos preparaes para rezll(, lembra n do-vos que i de s
ped i r qut• Je sus, o vos..c;io Tudo, juntame nte com o Padrn e o
Espi rito Santo, com a l e gr i a, desça ás v ossa s almas, fazen d o
d t· vossos corações e ele voss a s almas sua morada de amor.
Vêde co mo o que vos digo, vol-o posS.b provar.
Eu acho m i n h a s delicias em <'star com os filhos dos
homens. Sim, na reali dade, este Drus S n pi e n ti ssi mo, bon i s·

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4 11 O R n m Combate na J lnm Gr11ero.�u

simo acha su a s delicias em e s ta r convo-sco, nos vossos cora­


ções, nas vos&'ds almas.
Portanto, filhos meus, quand·o d i zPis, venha a nós o
vosso re ino, com qUe a mo r e veneração deveis p ro n u n ciar
esta sublime palavra ! Ah ! deveis ver que os Cé us se abrem
e a Santissima Tri n da de desce a vós com todos os seus
a.ltributos. 1 : · 11
Sim, se rezardes com verdadeira fé e amor, com o
re i no de Deus d e ntro de vós, s a h ir ei s da o ra ç ão tra nsfor­
mados. Que ventura a de lodos que de vós se approxima·
rem, pois se nti rã o os effe i t o s desta effusão de amor dentro
de vós, o que vos fará derramar sobre elles o que está d e n·
tro de vós : o J:Jroprio D e us, que é todo caridad e !
Prosigamos n a nossa oraçã o : Seja fei t :i a vossa voo·
tade, assim na terra como no Céu.
Amados fi l h os, muitos são os que reznm o Padre nosso,
porém, poucos os que com alegria fazem a santíssima voo·
tade d e De us.
E q ua l o motivo d e sta falta de cumprimPnto da vontade
de Deus? Ah ! esta drsattrnção para com Deus, ca u sa de
tão funesto mal, é por se rezar m a l ! Poucos, mui1o pouoos
são os que snbrm rrz1o1r bem ; é> t•stc o funesto mal que pro·
duz tantas impacf r n c i a s e t a n t a s C'ensuras contra Deus. Ah !
se meditasseril, essa s almas q u e censuram o proprio Deus,
se me d i tassem nrstas p al a vras do Padre nosso, seja fei ta a
vos sa vontade assim na \f·erra como no Céu, não se lasü
m a ri a m ; antes a ceitariam co m alegria e d i ri am , como Job
despojado de seus bens : Deus tudo me dru, Deus tudo m'o
t i rou, seja fei la sua san tíssi m a vontade !
Amados fülh os, Jesus e-ns i nou·vos a di zer seja feita a
vossa vontade, para vos e ns i n a r que d ev e i s estar sempre
contentes com tudo o que Deus vos e n vi a . e oomo Job, a
dize rde s sempre, Deus tudo me d e u gratuitamente e agora
m'o tira. Louvada e adorada seja por mim sua santíssima
vontade, que sabe do que preciso eu.
Sim, Deus é vosso P ae que vos ama i n finitamente, p o t""
t anto na qualidade de Pae clar-vos·ã o que tendes necessi·
dadC', ma.s lembro·vos aqui, que, como Pae que e de vo ssas
almas, mui tas vezes vos prova como provou a Job, para
vt-r se e st e varão justo na realidade o amava. Isto Elle
pódc fazer tambem conv&sco, E então, como deveis agir?
Deveis agir como Job e como J e su s vos ensinou : Seja feita
a vossa vontade, assim na terra c o mo no Céu. Ah ! vós
bem sabeis que no ..Céu os anjos rebeldes, que n ão obede-­
c era m , e se revoltaram, converteram-se em demohios ! Estes
pobres n ão disseram o que disse Job, seja feita a vossa se.o·
tissima v o nta de . E agora r i s sua t r i ste sorte, a!·d e n do nas

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(J ll"m Cum/J(lic 1111 . l /11111 r. c n c rlJ.rn 49

ehammas abrazadoras do inferno, o n d e , desesperados, amal­


d i çoam o nome bemdito dAquelle, que os criou para goza­
rem eternamente. Amados filhos, vêde como Deus é bom
P n si n ando-vos o Padre nosso, no qual Elle vos d isse : seja
frita a vossa vontade. Sim, a sua santissima �ntade de­
\·eis cumprir com amor. Ah ! quando rezar cf es medituc
bem, preparan d o-vo s para comprehenderdes o que estaes
rezand•o, e assim possaes dar cumprimento, realizando em
vós o que dizeis com os labios. Porque muitos n ão fazem
i sso, disse Jesus, que nem todos os que me louvam com os
l a bios entrarão no meu reino. Si m , p orque não basta
d i zer, seja feita vossa santissima vontade, se n ão se d á
cumprimento e m s i a vontade d e seu Deus. Que importa
a um homem dizer seja feita vossa vontade, se quando
r h ega a hora d a provação ou de fazer qualquer obra que
custe u m pouco d e sacrificio, não a faz ! Este homem que
só diz com os labios esta sublime palavra, póde entrar nos
Céus ? Ah ! não, porque se não fizer a vontade d e Deus
com suas obras, isto é, cumpri ndo os mandamentos d e sua
Lei e o s d e sua Santa :\ladre Egreja, n ão entrará na Mansão
d a pa z. Eis porque pouco i m porta ao homem rezar com
os labios sem cooperar com a sua vontade que deve abra­
çar com alegria a santi ssima vontade de Deus.
Prosigamos a nossa oração : O
Pão nosso d e cada dia
nos dae hoje.
Amados filhos, quão bella é esta :palavra, porém,
pouco comprehendida pelos filhos deste exilio.
O Pão nosso de cada dia nos dae hoje.
De que pão .ksm; fa l o u ? Ah ! ri-o Pão d e seu proprio
corpo. Ensin ou-vos Jesus a pedir o Pão de cada dia, o Pão
ria vida, o Pão d a graça ; é deste Pão que tendes necessida­
de. Não disse Jesus, pedi primeiramente os bens �ternos
e os demais vos serão dados gratuitamente ? ! Sim , amados
meus, Deus, vosso Pae, deseja ver-vos pedir. Eis porque
vos d i z, pedi e receberei s ; batei e abrir-se-vos-a. A todo
aquelle que pede scr-lhe-á dado e a todo aquelle que bate
a hri r·se·lhc·á.

Dizem muitos, Deus sabe do que eu preciso, portanto


n ão é necessario que eu lhe peça ; conhece minhas necessi­
dades melhor do que eu. E' verdade, amados filhos, Deus
vê até O intimo d e VIOSSOS co rações, sabe C conhece todas
as vossas necessidades, porém, é esta a condição necessaria
exigida por sua s antíssi m a bondade para vo-s enriquecer
el e seus divinos favores. Porta nto, se esta é sua vontade,
que vos custa pedir? Ah ! se Elle, para abrir-vos as por­
tas do Pn raiso, tanto soffreu, vós, os culpad-0s, os nccessi-

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50 O Bom Combale na A lma Grne ro.�a

tados, não dcscjaC's l e r n e nhum tra balho p a r a vosso p ro p r i-o


bem ? Que cegueira a do homem !
Amados filhos, pouoos, m u i to poucos, s ab e m p e d i r, e i s
porque poucos são l a m b e m os ricos.
Ha milhões e milhões que rezam o Padre nosso e d i z e m
o Pão nosso de ca d a d i a nos d ae boie, porém, m ui los rlelles
n ã o sabem o que estão pedindo e outros perlem o hem t• sta r
m a teri al . O que foi que d i s se Jesus? Jesus d i sse , 11l'<li
pri m e ira men te o que vos i mp o r ta !fUC i� a mi nh a graça l' o
resto vos será dado graluitamcn lc.
Vêde como o0s passarinhos não st• m e i a m , nem colhem
e como são alimentados ? !
Que tristeza ver tantos c h r i stii n s pobil:es dos thesuurns
do Comção Ad oravcl d e .Trsus, e tudo is l o porque '! Ah !
porque não sabem p·e dir, não sabem reza r o P a d re nosso :
p ed em o que n ão lhe foi onlcuarlo que 1ied i ssem e o q u t•
devem pedir não o peckm. J > ahi esS<·s t a n l u s filhos i n fli­
gentes, que vivem na m e n d i c i dade, em vez de serem ricos
d a graça · e darem a seu Deus a gloria que delles cspel'ava.
Ah ! vêde como Eu tenho razão de vos exhortar a bem
rezar, porque se souberdes pedir, recebereis, pois Deus
sendo t ão bom, não nega a sua gra ça a quem lh'a pede.
Elle não vos dará pe d ra por p ii o. Ah ! n ão, se souberdes
pedir, dar-vos-á cento por u m .
Pedi, c ari ssimos filhos, o Pão q uotidian o para v ossa s
almJas ; n ã o sejaes algozes d e vossas mesmas almas crearlas
pela bond·ade de Deus, n ã o a s deixei s 111011-re r de fome ! Ah !.
quando vos di spuzcrdes para rezar o Padre nosso, d i ze i
p ri m e i r am en te : v o u a meu D eus pedir-lhe o P ã o para hoje
sustentar rn.inha alma, para que clla n iilO cá i a e n ão des­
falleça, para que ella hoje seja forte e resista ás embosca­
d a s doo i nimigo. Vou pcdi-r Pão a mru Deus. Oh ! com
que amor d eveis vos apresentar a este Pue, pan1 lhe ped i r
n ão o s be ns cadu cos deste mise•r avel m u n d o , mas, sim, os
bens celc.stia<is que a fe rrugem deste m u n d o não púde
·

corroer .
Amadüs filhos, como sois feli u•s ! Jesus é vosso pão
quotidiano, que vos dá ca(l a d i a forças e v i go r para pod e<1·­
des camLnha r aom segUJran ça nl's t c e x i l i o . S i m , pa ra n ão
desfalle e·erd es neste exiHo, pedi, pl'cl i com confiança e
amor este pão de v i d a ; p ec\.i como uma criança pede á sua
m ãe e se assim fizerdes serei s saciados : e fortes trilhareis
Pstc cxili o cm dema n d a da patri a am ada, a .J e rusal e m Ce­
leste.
Amados filhos, quando rczaes o Padre n osso, dizeis o
Pão nosso de cada d i a nos dac hoje, portanto n ão vos deveis
contentar cm somente rezar um dia no mcz ou na semana.

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O flom Combale na .4.lma Gcnero.ça 51

mas sim cada dia e a cada i nstante em que vos sentirdes


fracos. O que fazeis quan do tendes fome ? Comeis, ma­
t a n d o assim vossa fome. Fazeis m a i s ; quand o não sentis
fome, ides ao medico para que vos examii:1c se tendes qual­
qurr cousa de grave ! Ah ! para a matei-ia ten des tanto
r u i dado, qua n d o para a alma ha ta nto relaxamento.!
Deixaes morrer vossa alma de fome, não lhe daes ouvi­
d os ! . . . Quantas vezes ella gri ta com a falta de paz que
senti s ! Ah ! esta falta de paz é a fome d e vossa alma, que
dc·scja ser saciada no seu u n i c.o summo bem que é Deus.
Sú Ellc póclc saciar·vl{)ls, só Elle póde matar a sêde de feli­
c i d ade, que sentis den tro de vós.
Amados filhos, não vos oo ntcnteis de pedir umà, duas
vczrs n o mez, mas, sim pe d i todos os d i as o pão substan­
cial que é o pl'loprio Drus.
Elle só espera de vós boa vontade e estado de graça
para vos e n riquece r ! Quão pouco Elle exige d e vós para
torn ar-vos fl'lizes e dar-vos seus theS1ouros ! O h ! se não sois
ricos dr srus thrsouros, é porque n ão sabeis pedir, não
sabeis n proveitar d esta bcllissima o ração que Elle mesmo
a e n s i n o u aos seus apostolos.
P a 1 l rc nosso que estacs n o s céus, santifi c·ado seja o
''osso n omr, vrnha a nós o voss o reino, seja feita a voS1sa
1· o n t a c!P, nssi m na tc•r..-::i 0o rno n o rí·u. O Püo nosso rle cacla
d ia nos d :w hojl'.
A ma d o s filh os, cl i zr i a ssi m , o Püo no•ss.o, pois Elle
nH·s1110 sr ·J pnom i nou vosso ; q u i z ·vos d i zl' r nesta tão su­
bi i 1 11e ora<;ão q u e Ell c é todo vosso e que vós o podeis pedir
com c·onfi a n ça.

Lcmbrac-vos de corno fnz a criança com a sua mãe,


p r·cle-lhc pão, m a s srm constrangimento : sabe que está pe­
d i n d o á sun mãe que é to d a sua. Vêde agora oomo Jesus foi
b o nissimo , dizendo-vos o Pão nosso d e cada dia nos dae
hoj e ; quiz com isso que comprehe n d acs que Elle é todo
vosso, que lhe podeis pedir como a cri ancinha pede á sua
mãe com t o d a a confiança, lembran d o-vos que pedis o que
{· t o d o Yosso. Sim, é t odo vosso, e porque é todo vosso,
q u a n do rezardes fnlae a ss i m : o Pão nosso de cada d i a nos
dae h oje.
Amacl•os filhos, Deus d csl'ja que comprchendaes que é
todo vosso, p o r que assim comprehc ndendo, ireis a Elle com
tocla confian ça.
Sim, po d eis na verdade pedir com confiança o Pão
q n,ri t i <l i nn o, porr1uc Elle dcscjn immJCnso vol-o dar.
P<•rdoae as nossns d i v i das, nssim como nús prr d oa m os
aos n ossos cll·v cc..l ores.

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52 O Bom Combale na Alma Gene rosa

Amados filhos, Deus está sempre prompto a vos per­


doar. Eil-o no alto da cruz, desculpando-vos perante seu
amadissimo Pae.
" Meu Pae, perdoae-lhes porque não sabem o que
fazem."
Sempre bom e gen e,roso, este Deus Sapientissimo se tem
mostrado na segunda Pessoa que é o Filho. Vêde-o insti­
tuindo o sacramento da penitencia para poder sempre vos
d i zer : Vi n d e a mim que Eu sou todo misericordia.
Amados · filhos, quando rezaes o Padre nosso, meditnes
neste sempre perdoar de vo·sso Deus?
Ah ! quem sabe muitos dos que me lêdes, pronunciam
esta palavra tão consoladora sem prestarem attenção e sem
medita,rem no sempre perdoar deste Deus eternamente
amavel !
Sim, c:st e Deus que está sempre prompto cm vos p e r­
doar, deseja QUC' ao l"CZa rdL·s o PadrC' nosso, vos capaciteb
tle que Ellt· i· tmlo pC'rdão, mas nolat' lJUt' )OKO J t•sus act·res·
centou esta palavra a d m i ravd : "Assim como nós perdoa­
mos aos nossos devedores."
Chegamos a um ponto importantissimo do Padre nosso,
ponto que i n felizmente não é executado pela maior parte
dos filhos do cxilio !
Como jú vos disse, Deus está sempre prompto em per­
doar e . seu perdão está bem patente na pessoa d e seu unigc­
nito Filho. Eil-o mais uma vez no alto da cruz dizendo ao
Bom Ladrão : "Hoje mesmo C"starás com migo no Paraiso",
deipois de ja hav1�r di lo á peccadora : "Vae <'m paz, teus
peccados estão perdoados, niio peques mais."
Agora vos pergunto, quaes são os que estão sempre
prompt•os para perdoar as offensas recebidas? Quaes o s
que, como Jesus, desculpam seus offensores? Jesus n ã o d i ss·e
n o alto da cruz : "Meu Pae perd oae·lhes porque não sabem
o que fazem " ? Que lição admi ravel aqui vos deu Jesus ! Vós
bem sabeis o quanto os algozes estavam injuriando, com
blasphcmias as mais horrendas, u pessoa de Jesus Chri sto l !
Oh ! lição admi ravel ! Apesar daquelles verdugos estarem a
offendel·O, El1e diz a seu Pa� : "Perdoae·lhes, porque elles
não sabem o que fazem" 1 Oh ! filhos, nqui n nossa lingua·
gem emmudece deante desta bondade i nfinita, d esta cari­
dade airrl'batadora ! Apesar deste Deus se achar ultrajad<>
pelos hediondos crimes daquelles corações endurecidos,
Elle sempre bom e generoso os desculpa perante o throno
do Pae ! !
Amados filhos, Deus exige que, por amor, exerçacs esta
caridade, t>s.fa bondade i n fi nita, para com todos os vossos
s1•melhr m l l's. Eis J>Ol'CJll<' Elle, C' nsin�n d o o Padre nosso, 'J uiz

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O B o m Combale na Alma Generosa 53

qur todos os dias rcpctisscis estas palavras : Perdoae as


no�sas dividas assim como nós pl.'rdoamos aos nossos deve­
dores, e se Deus sempre perdôa, vós tambem sempre deveis
perdoar, e se n ão perdoardes tambem não sereis perdoados.
Ei!> a condição d e Deus para vos perdoar. "Perdoae as
nossas dividas assim como nós perdoamos aos n ossos deve­
dores. Vêde Jesus vos dizendo, perdoae-nos como nós per­
doamos aos nossos devedores ; por i n felicidade, porém,
poucos são os que sabem perdoar aos seus aggressores l E se
poucos são os q ue sabem perdoar, menos ainda são os que
sabem Llcscu :par, d i zendo como Jesus disse : "Meu Pae,
perdoac-lhes porque não sabem o que fazem."
Quão bella é a oração do Padre nosso, pois nella encer­
ra-se tanta gra n dez·a, tanta sabedoria ! Oh ! se souberdes rezar
tão sublime oração, em verdade vos declaro, chegareis um
d i a a serdes sa·ntos <' vereis a Deus nos seus aposentos
sagra d os ! 1
Prosiga 1 11os a nossa oraçii o : " Não n os cleixris 1·a h i r l" lll
tentação."
Amados filhos, quanta bondade d e Jesus ensi nando-vos
no Padre nosso o meio ou melhor d an do-vos o remedio para
c1 uc nas horas d i fficeis a Elle recorraes, dizendo-lhe : Não
nos deixeis cahir cm tentação. Vendo Jesus o s perigos a que
todos vós estaes sujeitos, deixou-vos um meio de a Elle
recorrerdes, para que ti vesseis f.orça e sahisseis vi ctoriosos
no combate com os inimigos c!C' vossa alma. Quem é qul.'
não tem combates a vencer ?
Ah ! filhos nwns, ha por ahi tantos i nimigos, o demonio,
o mundo, a c a rne, e todos em guerra, e que guerra ! Quanto
mais uma al m a se e s for ç ar para chegar até seu Deus, tanto
mai s ella é co m bal i d a. Eis porque todos sem excepção têm
neccss i cl a rl e de rezar assim : " Não nos deixeis cahir e m
tentação ! "
A h ! os mai ores santos são o s mais combatidos, porisso
nenhum christão, por perfeito que se ache, n u n ca d eve
deixar de rezar o Padre n osso.
H e zae fi lhos meus, rl.'zae com amor e não com roti n a ;
lembrac·vos q ue tendes necessidarle d o s soccorros celesti aes,
sem os quaes cahireis na tentaçjio e quem sabe para sempre !
Oh ! quão belln é esta oração ensinada pela miseri cor­
dia de Jesus! A p roveitae portanto, não jogueis ao chão tão
precioso thesouro. Sim, se rezardes com rotina, sem amor
e sem meditardes no que rezoes, lon çaes ao chão tão rico
thesouro f
Prosi,gamos a nossa oração : " Mas l i vrae·nos cio ma l .
Amen. "

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54 O Bom Combate na Alma Generosa

Amados filhos, m a i s uma a d miravel lição, que Jesus Vl()S


deixou n o Padre nosso.
Livrae-nos do mal.
Sim, só Deus é bom ; só nelle e cm suas o bras se acha
todo o bem, portanto, só Elle vos póde livrar d e todo o mal.
Vêde como é uma realidade o que vos digo.
Onde encontrareis obras perfeitas, obras d e cari dade ?
Só cm Deus, e este representado neste valle de lagri­
mas pela sua admiravl'l Egreja. O que vêdcs nesta Egreja?
Só o bem por toda a parte, até ond-c clla csil'nde seus braços
bem feitores.
O que faz esta Egreja a d miravel ? Espalha em profusão
este bem, sahido do Coração a doravel de Jesus ! Não é
n e ccssario que aqui vos narre sua vida e seus factos extra­
ordinarios proprios só de um Deus, o qual se serve d e suas
crcaturas para dar e d·ar cm abundan cia seu proprio bem ! I
Oh ! quão admi ravcl é Deus nas suas obras, n a sua
caridade i nfinita ! Bemaventurados todos vós que estaes
dentro desta arca bcmdita, a Egreja, que não é outra cousa
senão o Cora ção do mesmo Deus.
LiV1ra·e-nos do mal, sim, amados filhos, ficae certos, que,
se rezardes com amor esta bcmdita oração, dentro desta aroa
ad miravel, a santa Egreja Catholica, posso vos affi rmar,
sereis b(•md itos e um dia verei s a Deus face a face, por
toda a et ernidade.
Amados filhos, não despordiceis minhas l ições, não
lciaes isto por simplc·s curiosi d a d e . . . Ah ! n ão. Lêde estas
lições que vos foram dadas po·r amor de vossas almas; apr-0-
veitae, tirae d ellas a firme e i n violavel resolução d e rezar
o Padre nosso com amor, meditando os ensinamentos admi·
raveis que n elle se contêm.
Vossa Mãe Maria, que vos abençôa.
1 7·8·1 931.

As be l l e z as d a Ave M a r i a
.. j
A!\1ADOS fi l ho s, filhos d i kctos, que todos os d i as repetis
com amor esta Pncan t a dora saudação á Virgem Maria,
m i n ha celeste :\-Iãr "Ave Mari a " .
Eu sou .Jpsus, o d1occ Jpsus filho desta M ã e amavcl, da
q ual vou fala1�vos, t.>xplicando-vos a Ave Maria.
Dc.sejo-vos explicar a Ave Maria, porque muilos saudam
minha Sanlissima Mãe roli nri ramcntc-, sem saberem o que

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O Bom Combate na Alma Generosa 55

rsl:fo d i ze n do. Desejando que aproveite i s desta bcllissima


ornção, eis o motivo por que desejo hoje explicar-vos quão
brl la é esta oração composta pelo Pae.
Amados d e meu Coração, o m u n d o jazia nas trévas do
paga n i smo, o demonio com seus srquazcs estavam t·omando
posse dos corações que foram creados por nós, porisso tor­
nou-se nPcessa rio que o Verbo se fi zesse carne n o seio de
u m a purissiina Virgem.
Chega n d o esta hora bl•m rl i ta, como sabeis, foi enviado
o a n j o a '.\faria, que, por nossa ordem, saúda esta flõr escon­
dida na sua ramagem d� virtudes, as mais el eva das.
Ao anjo lhe foi dito : saúcfa nossa Pomba, n nssa Amada :
A vc Gratia Plen a !
ó
Oh ! pal avras sublimes. que, compostas por n s, en cer­
ram t a n ta g ra n d eza e subli midade, para saudarmos áquC'lla
quC' ia ser m ai s tarde a derrota do i n i m i go i n fernal.
Ave, '.\fari a, G r at i a Plena. Eu te saúdo, ó Maria, porque
fo st e a es col hi d a para seres o vaso purissimo, onde vae
rPpousar o Verbo ! De 'fõ{raças estaes repleta ! Eis p orque o
nosso Deus a ti me e nviou para a n n u n ciar-te que foste a
escol hi rl a para seres a )lãe do Messias promettido. O anjo
assi m fal ou , e Ma ri a turbou-se n a sua gra n d e humildade.
poré m , s e m p re obed i e n te á s i nspirações do céo, pronun­
cio u o Fiat. E o anjo lhe annu nciou : Bemdita s erás entre
t o d a s as m u lhere s, porque bemdito e sagrado será o Fructo
de tuas purissimas e n t ranh a s !
Amados fi lhos, quantas wzes n ã o repetis estas tão bcllas
e subl i mes pal aV'ras compostas por n ós, se m saberdes o que
csl aC's d izend o ! Ah ! se os vossos ol hos se abrissem e pudes­
sem ver e.orno os anjos saúdam a Maria no céu ? ! Reverentes
e l'JU t ra n sp orte s de santa alegria, saúdam a nossa a ma d a :
Avl', '.\ta ria ! �ós vos saudamos, ó Maria, Mãe amavel, Mãe
p11rissi ma, amabillissima ! ! Nós vos saudamos com amor e
aqui aos vossos sa nti ssimo s pés, nos achamos reverentes
para cumpri rmos vossas ordens de Mãe amavel. Eis amados
filhos, que o Coração de Maria se abre e diz a seus anjos :
Vêde anjos puri ssimos, meu Coração q ue vos d i z, amo o s
hom e n s. Amados filhos, l\foria quando recebe d e seus anjos
VPneora�·ão e homenagem, i m111 e d i a lamentc ol hando para vós
que ai n rl a e s t a e s neste ex ili o, d i z : Ah ! se to dos os meus
filhos d o exiUo me louvassem co m a Ave Maria, nenhum
delles se perderi a ! Sim, p orq ue quem saúda a m i nha Mãe
com a Ave Maria predispõe o seu co ra ç ã o para receber as
enche n tes d e m i nhas graças.
Filhos amados, saudae a Maria com amor, como os
an jos a saúdam.

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iíti () llom Combate 1111 .1lma Gencrmm

Lembro-vos que Ella é vossa :Mãe, Mãe solicita (' cari­


nhosa sempre prompta c m vos socoon-er.
"Gratia Plena".
Amados filhos, Maria vossa Mãe, é cheia de graça. Eis
como o anjo a saudou : "Ave, Gratia Plena ".
Agora vos pergunto, quando a saudaes, reflectis n o que
estaes dizendo? Ah ! quantos dos que me ouvis, a saudaes
pensando em vós, nos vossos filhos, vossos amigos, emfim
em tudo, menos em Mari a. Esta saudação póde ser agrada­
vel a Mari a ? Ah ! não. Como um filho póde contentar a sua
Mãe, quando lhe fala, não como filho agradecido, m as, sim,
como um extrangeiro que jamais a viu ? Que dôr para esta
mãe que ama seu filho, v�r que não é reconhecida como
tal ! !
Amados filhos, se rezardes sem attenção, sois filhos
i ngratos, d.aes a Maria, que é vossa Mãe, uma espada pa.ra
seu 1Coração tão delicado e que tanto deseja vêr-vos attentos,
para poderdes aproveitar de seus divinos favores.
Maria é cheia de graça, porque foi escolhida para ser
minha Mãe, portanto tem nas suas mãos os thesouros do
Paraíso, dos quaes pódc disoôr em vosso beneficio. No
emtanto, quando dizeis Ave, :\faria, cheia de graça, pO'J'que
recebeis ilão pouco? E' porque rezaes mal, sem attenção,
machinalmente ! Passaes as contas de vosso rosario e quando
chegastes ao fim, tudo perdi do ! Ah ! mais vos valeria que
rczasseis só uma Ave Maria bem rezada do que um rosario
i nteiro sem nenhum fructo. Não é a quantidade que agrada
a Maria, mas, sim, a qualidade.
Luiz de Gon zaga quando rezava esta saudação encan·
tadora, nunca chegava ao fim, porque se mergulhava na
cóntemplacão destas ad miraveis palav:ras que en cerram
tanta sublimidade !
"Ave, Maria, Gratia Plena". Maria, Eu te saúdo porque
o Céu te cumulou d e graças. E's o vaso de eleição do Se·
nhor ! E em transportes d e amor, ficava elle dias e dias
contemplando as maravilhas opera das por nós neste vaso
de eleição desti n a do, como i\'lãe carinhosa, a beneficiar os
homens.
Amados filhos, é assim que vós fazeis ? . . .
Ah ! que dôr para Maria. vêr-vos tão d i strahi dos n a
oração, pensando e m tudo. menos n o que esta es dizendo.
Se assim fareis, podereis .chegar a aproveitar de seus cari·
nhos de Mãe ? Só um milagre' será capaz de tirar-vos desta
rotina que t.a nto mal faz ás almas, privan do-as d a s doçuras
e dos carinhos, com que tanto deseja beneficiar-vos.
Oh ! filhos meus, se soube<rdes saudar n Maria, gnran·
t i rl a está a vossa salvaçã-0. Jamais se ouviu dizer que um

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n Bom Combale na Alma Generosa 57

srn devoto S(' perdesse'. Ah ! não, jamais vi clrscer um devoito


dt' 'lari a ao i n ferno.
'larin, minha a m a clissima :\iãl•, rc]Jleta de caridade, pois
l'lll sl'll seio Eu me achava, foi visitar sua prima Isabel e
1·sla srm sabl•r por creatura o que cm :\faria se t i nha o pe­
rado, a o ·rccr bel -a, por inspiração divina, a saúda, dizen­
do-lhe : quem sou eu para que a :\Iiic do meu Senhor venha
111r v i sita r ? ! Oh ! Maria, bemdita és entre todas as mulheres,
porq u e brmdito é o frueto de luas purissimas entranhas.
Amados filhos, quem revelou estas cousas a Isabel '! Não a
carn1', mas, si m , o céu, l' eis qm•, sem ella saber, disse
a " ª r i a o que o an.io Ihr l i nha d i to : " Bemdita és tu entre
a� 111 1 1 l h rres, ó Mari a . "
Amados filhos, b e m podeis a rnliar quanto esta oração,
ou melhor, esta saudação é agrad avel ao Coração de Maria
e ao meu. Ave Mari a, cu te saúdo, ó Maria, cheia de graça !
Sim, és u m vaso cheio de perfume i n ebriante. O Senhor é
comtigo. Sim, ó M ari a , a Trindade augustíssima te escolheu
p a ra se rl• s a p o rtad ora de �rus divi nos favores. Bemdita és
entre todas as mul heres. Sim, ó Maria, entre 'todas fostes
a esC'olhi d a para seres a Mãe de Deus. Portanto, bemdita és,
r senis se m p r e proclamada por ·todos os anjos e santos
brmd ita ! Ilem dito é o frueto de tuas entranhas. Só tu,
Maria, tens esta honra ck haVl·r sido a escolhida para
sacrario, onde o Verbo se fez carne para habitarr no meio
dos h omens !
Amados filhos, ei s como drveis rrzar a saudação ange­
lica. Pocleri a chamai-a saudação divina, porque toda ella
foi d i tada pelo nosso amor.
Oh ! filhos q u e me ouvis, se pudesseis comprehender o
valor <lesta saudação hem rezada, como serieis felize s !
Aprovei t ae, não desperdiceis vosso tempo cm rezar mal e
ás p rrssa s. Prestae atten ção com quem estaes falando e o
que Ps tae s fahindo. Se assim fizerdes, n a hora da vossa
morte C'stareis repletos de graças para poderdes entrar n a
vossa pa t ri a , que é o Paraisa.
Quando saudaes a Maria com a Ave Maria accrescen­
taes, Santa Maria l\lãe de Deus rogae por nós peccadores,
ago ra e nu hora da nossa mo11tc. Amen.
Esta bella supplica foi composta por um fiel servo d e
Maria, qua n d o o demonio s e levantou, querendo roubar-lhe
o mais hello titulo, que possue - "Mãe de Deus". Sim, o
meu servo d i vin amenre inspirado pelo céu, em enthusiasmo
proprio dos verdadeiros servos de Maria, prorornpe em
11rdorosa prece : Santa Maria Mãe de Deus rogae por
nós pcccadores, agora e na hora d e n ossa m o rte. Amados
fil h os , vêdr que AYr :\faria e Santa Maria não são i nvenções

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[i8 O Bom Combate na Alma Generosa

humanas, nNJ.s, sim, divin as, porque estas foram dit.adas


pelo céu para que assim possacs oonversar com Maria, pe­
dindo-lhe tudo de que estacs precisando . Na verdade, Elia
tudo póde, poTque tem nas suas mãos os thesouros de meu
Coração. Elia é a rlispensadora ' de meus divinos favores.
Se alguem promptamrnte os d<'s.ej.ar r<.'crber, peça-m<' por
Maria, porque é por mei o della que d o u <'m abundancia meus
thesouros. Foi por mei o de :\laria que desci a·o m u n do e
assim vos abri as portas rlo Parai so. E' por Mari a que d o u
:'Is almas el e bôa v o n t a d e o que me pe1h•111. V i n tl;r, por t a n t o,
a i\l a r i a porque Elia vos con d uzirú n m i m .
Amadl()S filhos, exhorto-vos a lwm rc•·:w r a oração a n g<'·
l i cal. V i n d <' a 11aria, C'om co n f i a n ç a l' a mor, p o r m <' i o desta
brl l i ssima o ra ç ão c o m p osta prlo nosso a mo r , para smular
a nossa amada, a nossa Pomba.
Santa :Vl aria, Mãe de Deus, rogae por n ós peccadores,
agora e na hora de nossa morte. Repeti, filhos meus, esta
bella sup p l i ca e na hora da morte vereis Maria a vos d i zer :
Aqui estou, filho m<'u, para te assistir nos ultimos momentos.
Sim, tu, que fanto chamaste por mim nn vida, aqui C'Stou
para te ajudar na morte. V<'m n o s m<'us braços, v<'m dcs­
oansar para sempre. Oh ! filhos m<'us, a vossa morte será
n o s b11aç.os de Maria. Sim, se com Elia souberdes viver na
vida, n a morte e n co n trareis Maria.
Reza<', filhos meus, rezae com amor e alegria, reZ'ae
com confiança fi lial a oração angelica <' le·r<'is turlo, que
sou Eu mesmo.
Sim, t<'rris -0 meu amor n o s vossos corações.
Jesus, o vosso tudo, que rt<'rnam<'nf<' vos a br n çoari1 ,
se souherdi's . saudar a �faria.

19-8-193 1 .

Livro confortador das almas q u e gemem


e choram neste val l e de lagrimas

A ALMAS qur nspiraes à santidade, porém que ten des


muitas lutas a v e n cer, vou a p resentar-vos um livro
admiravcl, que vos dnrii força nas horas d i fficeis d e vossa
peregrinação ! Bste l i vro admiravel vac ser ditado por mim.
Este livro é Jesus mesmo ; sim, é Jesus manso e humilde de
coração, soffre ndo os t o·rmentos os mais ignominiosos e a.s

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O 110111 Combale 1w .4.lmu Gene ro.m 59

humilha ç<>rs as m a i s vis no sl'u S a c rat i ss imo Cor)lo, quando


por P st e exil i o pa sso u tazendo o bem.
Este liV'rio divino tem sido a for ç a dos ma1'1tyres e o
ale n t o de t od a s as a l m a s que o :threm e procuram meditar
n o!> s <' u s a mo roso s en si n am e n t o s .
O' a l m as, que dest>jaes estar um d i a ao nosso lado e
hf'm j u n t o d� n o sso t h ro n o de amor, mt>ditae n est as pagi­
n a!> e ell a s serão a vossa coragem nas hm·as di friceis. Sim,
a m a d o s filhos, recorrei a este livro, quando, batidos p el o
llPsm1 i m o ; mcdilfae n o que ellc v·os l'nsina e tere i s coragem
para Pn fre nturrlcs as v o ss as l utas com <kstreza, d a n do
a ss i m a .T·c sus a mor nor a m o r , virln p o r vi d a !
Comccc•mos a fo l h e m· l'Stc l i v ro de a m or, i,iu prt•g111ulo
ck m ; rnsi<lào l' d e san t11 padencia ! Que paginas a dm i ra vc i s ,
a m :ulos filhos ! . . .
Brilha eomo o séil nu firma m e n t o esta pri me ir a e admi·
rawl pagi n a - a sa n t a conformidade de J e s u s no lrethse­
mam• .1
"Fia t vo hr n tas tua " , Otl<'m pronunciou esta comm1ove­
<lora palavra ? floi pronunciad•a por .Jesus, Rri d o s céus e d a
ll'crra !
Acabava Jesus de presenci ar a mais h o l"I'e n da scena no
Gethsc•ma ni ! Esta t e rrivel scena, amados meus, que Jesus
viu n a quella hora dotorosa, foi sa ber que, a pe sa r cfo sua
mork i g n o mi n i os a , n ão a credita n d o no seu amoc, pa rt e de
seus filhos se perderi a, engolfa n d o-se nos prazerrs da ca r n e
e desprezando as castas delicias de sua a rde n te caridade.
A m n rlos fi l hos, .J esu s. d e rrama ndo sangue pela f o r ç a d� d ô r
1 · s1•11 t i 11 d o qtl<' � u <:ora ção v a l' <lesf.alleC'C'r, supplica a Sl'll
P:w, (( IH' ddll' a fash· l' a l i cl' t ão amaTgo !
Sl'U l ':w l' ll v i a·llw u m a njo q ll<' l h e d i z : E' v o n t a<lt> ele
Deus que bebas e s t e calice até a ulti ma gotla ! Então Jesus,
dize n d o q ue "a su a vontade se cumpra", numa infinita con­
formi dade offerece-se a seu Pae, pela vossa redempção.
Amados fi l hos, seu Pae não o vem confortar, mas
e n vi a·l h e um a n j o . Oh ! como seria con fortador para Jesus
receber aquellas palavras de se u mesmo Pae. No Pmtanto,
para mais m e re c er p ara vossas almas, seu Pae e nv i a ·l h e um
a nj o , em ve z delle p.roprio de s ce r do céu.
Porém, a sua i n fi n i ta conformidade brilha ainda hoje
como o sól, p a ra ser a vossa f.orça, q ua n d o b a t i d os pela
luta, que· t i verdes co mv o s c o mesmos ou c o m o i n i migo de
vossas a lma s (
Que l i ção a d m iravel nesta bella pagi n a para vós, que
tendl•s d·e vencer ü m a l . Jesus não desanimou, a p es a'T da
dô1· ser e sma ga d o r a e olcl'rive l ; Elle, c om o Filho, C'hmua poir
seu adoravel Pae : :Meu P a e, se é possi0v el, a fasta e de mim

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y
60 O Bom Combate 11<1 A lma Generosa ,
(

este calice, porém se v ossa vontade é que Eu o beba, que ·j


e l l a se cumpra. E seu Pae, vendo seu querido Filho esm11·
gado pela dôr, envia-lhe um anj o para di zer-lhe que em a �
sua vontade que o bebe sse até a ul tim11 gotta ! Fi lho s meus, �
Je sus não deixou de soffrer no seu coração e na s u a alma ! ·
J
Aceita ma i s.. vae á p ro c ur a de se u s ca ros a p o s tol o s e, c o mo :,,
os achou dorminrlo, di sse-lhrs : Nem ao menos pucfrstes ·1
vel ar nma hora commi qo ? ! Si m, Je su s srn•iu nec0s'>iil adfl'
d e cora çõ e s amii:ros que rl el l e se comna d e cessem. 1 n n to ·1
assim que se oueixou á su a c11ra es p os a Margarida Maria .
do abandono desta hora !
Não p e n se i s que Jesus d·ei xou de se n t i r no seu C o ra ç ão
J;io negra .,,i n i;(rati d ão da parte de seu s amigos, por não O 1.
tlerem acompanha d o na sua d ôr, ao menos c o m as suas i
pre c es aio P a c . Jesus soffreu, porque seu Coração, sendo
como foi fo rm ad o pelo amor, é s en si bili ssim o !
E com este exemplo o que nos ensina Jesus? Ensina-nos
que po d ei s sentir a n e c es·si d a d e de s-erdes con fortados por '
Deus nas horas angustiosas, como .Jesus sentiu : porém o seu
exemplo, n e sta admiravel pagina, é que E ll e n ã o foi confor­
tado, mas, sim, fortalecido pela santa conformidade, quando
o anjo lhe di�e que aquell a era a vontade de D e u s.
Amados filhos, o que rC' p res l' n t a este anjo ? Este anjo �
a vo11t'ade de neus; i.� este a nj o qur drve vos fortificar pa ra
leva ntar-\'os don de v o s achaes esma�ad(1s pel a d ôr, ]Jara
i rdl'l'i ao encontro d e vossos i n i mi gos, a i n d a qu.c com o
coração 1lila eerado como .J esus ! Jesus se a p rest•ntou aos
seus · �Jgozes c o m o cora ção a l ravessa 1lo co m u m a l ança
cruel e esta de dois gumes c011antes - :i i n gra tidão de seus .
filhos 1119 s seculos vindouros e o abandono de seus caros j
a m i gos , que tanto lhe doeu !
1
Se algum dia a dôr vos vi sit a i· , e com ella :i i n d i ffe- �
rença d e vossos a m i i;(o s, não fiqueis apa"Vorados s e vosso :
coração san grar ; l embrae-vos de Jesus e dizei : Enviae-me, �
Senhor, o "VOSSO anjo, isto é, d i ze i-m e que esta é a vossa ·
san ti ssi m a vontade, para bem de minha alma e de muitas
al m a s , pelas quaes offereço minhas penas. Depoi s deveis
vos levantar e i r á fren te de vossos inimigos, lançando-os
por teorra, com a fortaleza tirada da santa conformidade.
Com coraizem d is p o n de-v os a soffrer as pa n c a d as que vos
'
qui zerem d a r, para mcrrcerdcs a corôa da santa m a nsi d ão !
2 Fol hemos mais uma bella pagina deste livro adm ira·
vel. Vamos ao encontro de Jesus ma n i eta do , perguntemos-lhe
porque motivo se deixou prender, depois de mostrar aos
seus inimigos o seu p o d r r ? Jesus vos respo n d e por mim :
Dci xl'i-me prC'ndcr por mãos sacrikgas, para hoje p o d e r-vos
dizer que, por vosso amor, n ão poupei o meu sacratissimo

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O Bom Combale na Alma Ge11erosa 61

con)o. Sim. amados filhos, .Jesus deixa s e u corpo á mercê


dos seus i n i m i go.<1, para most rar-vos que seu 4lmor é infinito!
Oh ! que li cão admiravel ! Como brilha nesta pagint o
a rd e nite amor d·e Jesus !
Vamos, almas que soffrei s lf-ntações e difficuldàdes,
Yamoc; ao cn�o n t ro dr .Trsus n rra st a d o nelns nrns conto um
m al f r it o r , errcarlo de sold:u'!oc;. quP, armarl<'s com a i m
satan i ca , parecem levar :í pri o;; ão u m faci nora !
f:ontrmplac commigo a face a d oravel de meu Filho,
porque esf a s cousas qne vos falo m a i s aproveitarão as vossas
a l m as, se as contempla-rdes bi>m de perto.
Ve.i amos porta n l o , Jesus amarrado, com a face l iViid a,
srus olhos amortecidos, como que contempla ndo alguma
cousa ! Jesus me revelou, amados filhos que quando se viu
a marrado por aquelli>s p o b re s I' i n rel i ze s soldados. avistou
no de c o rrer dos seculos almas d e bôa vontade, sedentas d e
perfei ção, pOl"ém fracas e necessit:mdo d <> exemplo, que
l h es servisse d e esti mulo para pod erem chegar a o porto
srguro - o P ara i s o. A i n d a que, com o coração de..spedaçado
r a alma em agonia, contemplando esta visão futura, sente-se
confortado, porque seu exemnlo vae ser a força de milhões
1• m i l h !"iPs rl e almas ; sua '1ceitação volu ntaTia vae ser o ali­
m c n lo d <> t antia·s a l mas , que fra c a s t remem ó vi sta 1fo nm
p<'qurnl1 sacri fi cio !
l.omo é a d 1 1 1 i ra v1·l esta p a•g i n n. como bri l h a nl'lla a
h1 1 1 1 d a dt· rlc .Jesus, a vcsar de se vêr Lão ign�u n i n i osamcnle
1 ralad o ! Conforta-!>C Ellc com a h• m bra n ç a de que sua igno­
m i n i a va c ser a força e o alimen to d ais ·almas. Jesus, ,all).ados
llll'US, conhece vossa fraauPza, porisso Elle não se admira,
quando vos vê dl'sanimados ; ao contrari o, como Pae soli­
cito. deixou renwdio para torlos o s Vi()'SS() S males. Sim, ncllc
se e n c ontra m todos os remedios. Só vos resta aproxi m'a'I""VO S
dC'lle oom a mor e confianca, pa'l"a poderdPs receber tudo de
que precisaPs. Su a bon cfo de não tl'm limites para com os
qu<> o procuram. Ei s que, para m ai s vos p.roV'll. r sua bo n­
d n rk, dl'Í x a-sc amarrar, como se n a realidade fosse um mal·
fri l o r ! Sim, Jesus é o malfeHor d o m a l , isto é, o destruidor
do prccado, porque Elle, v i n d o ao mundo, destróe o pec­
cndo por mPio do a rl mi rav Pl sacramPnto da penitencia. Eis
porque. se n do o malfeitor d o mal, o pr<>ndem e Elle obedece
aos srus algozes, pa•r a qur mais brilhe sua encantadora
bon rlade em fa v or d os hom e n s !
Oh ! a l m as que me ouvis, quantas vezes como Jesus
sN·cis ma rtyrizaclas pelos i n i migos de vosso alma, e somcn­
le porque d c sej ae s srr malft'it oras do mal, i s to é, d est rui ­
doras d a s paixões, que cm vós se l evantam, ou quem sabe
c m favor d o vosso proximo ; quantas vezes cxhaustos pela

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62 () Bum Cumbalc na A lma Gc11eI"osa

Juta, tereis neccssi d a <le <le c o n fo rta r vossa aJma tão nl.ia-­
t i d a ! O' filhos JUeus, foJhco:ie este l i vro que é Je su s soffrcdo·r,
e tereis alento nas vossas p<'n a s, tereis força n a s vossas
lutas ! Sim, é n e st e livro divi n o que a p re n d e rei s a sciencia
das sciencia1s, que consiste n a vossa santificação e n a con­
quista das almas para a Jerusalem Celeste.
3 F olh emos m a i s uma admiravel pagina deste divino
livro !
Amados fil hos, .Jesus foi sempre heroico nos seus s a c ri ­

fícios, p o is aceita com amor tmlo o <JUP se m; a dversarios


lhe a p resentam ! Eis que agora O l e va m á )lrisão e all i Jhc
urbmn ult ruj!'s sem conhl !
J<·sus, sempre bom e g<'ncroso, a cf'ita com 1·csi1o1naç.ão
tudo is so sem proferir palavm, d a n d o mesmo occasião aos
aJgozes de pen saN'.m que Elle era u m i d i ota ou i nsensível
á d ô r Pobres e infelizes algozes ! Seus corações ob.<>ecados,
.

n ão puderam comprehender seu silencio no m'eio de tantos


v i tu p e rio s e profanações ! Como é <lol oros o contemplar este
qnadTo, pois .Jesus lambem a m ava E'stes in feli zes, que n ão
qui zeram ·abrir seus ol h o s para contemplar a divina formo­
sur a ; pois nesta hora, como .Jesus me revelou, seu rosto
a ch ava- se i n candescente de a m or, l em br.i.ndo-se que nois
seculos futuros, almas ge n e rosa s co m preh l' n d eria m e st e Sl'U
silencio, n o meio dos mais vis i n sultos ! •
O' silencio admiravel, tens s i d o n fo r ç a de t n n l a s almas
n o meio das provas, a s mais d ol orosa s !
Os pobres soldad·os n ão p u d eram comprehender este
sil<'ncio cfc .J e s us , por� e snas · :iJ ma s se :i ch avam obsecadas
pdas 1 rn i xõ<·s ! AJmas que me lêcll's, q u a n l a s v e ze s , como
.Tl' s u s . n ão s�rl'is com prl"l1e11 <1 i d as n o vosso m o do d e )l l'O­
ccder ! Oh ! convid Ó-vos então a guardar silencio, e neste
silen cio a vos re go zij a rd e s, lembrand o-vos que elle será
i m a n , que ha d e attrahir para vós os olhares amorosos d e
Jesus.
Filhos meus, se á i m if.ação de .Jesus souuC'r<les vos c a l a r
n as h ora s de p rov aç ã o, J e s u s olhar-vos-á, c1omprazl'lHlo·sc
no vosso silen cio, dan d o-vos cm troca os thesouros de sua
cari d a d e infinita !
Bemaven turados os que souberem ca l a r- se nns h ora s rlc
provação, porque só e n t ã o .J esus compnr t i l h ará d e sua d ôr,
d a n d o-lhe em troca os amplexos d e snfl a r d e n te carid ad<'.
Amados filhos, não penseis qne calar-se n a s horas cm
qu<õ sois calumniados e que não sois comp rehe nd ido s , seja
fa ci l ! Ah ! não é facil ; é p re c i so ter b a st ante amor de D<•us,
que é o q n c d á fo rç a !>ara pudl•r e a l ar-sr ! Q u a n d o se é i n no·
ccntc ou q u a n d o ll'1Hks penas a soffrcr, a n a t ureza h umana

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O /Jom Combale na Alma Ge11erosa 63
)ll'd c desabafo ; eis porque é necessario uma força sobrena-
t u ra l que domine a na tureza fraca. ,-
0 desabafo jamais foi pecoado, mas as almas que dese­
ia m cada vez mais estare m uni das a Jesus devem procurar,
o'1 mt•clida de suas forças, guardar as primicias de suas penas
J l a ra Jesus, que ha de ser o confidente dcsws almas, que
s u spi ram po r tão nobre i deal - a união perfeita com seu
l l l' us. Aqui, porém, almas minhas que me ouvis, é p reciso
q 111· c n ten da e s . Quando se tratar de certas tentações, que
t i ra m a paz e tra n quillirlade de vossas conscien cias, deveis
\' l l .� m a n i fes'ta r sem rlPmora ao anjo q ue vos foi dado, pelo
<.J tial vos fa l a rú .Jesus, tirando-vos das arnw d i lhas sat anicas
1· d a s q uaPs não sah i r e is victoriosas, se não fizerdes este
adu tlc hmn i l d �11IP. O s sentidos presos pela tcn k1ção, pre-
1·isa m sC"r l i lX'rlos pe l o poder, que foi dado por Deus a estes
anjus, que são os mi nistros do altar !
Podia Jesus mesmo instruir a Paulo no caminho de
l l a maseo , mas Elle o envia a um destes anjos para que lhe
diga o que devia fazer.
Quer .Jes u s que estes anjos sejam os dispensadores
1 !1· sua divina m i scricordia ; eis J>Orque, almas minhas,
q 1 w n d o vos achardes tentadas, deveis como a criança correr
aos pés da qu el les a quem f.oi dito : Tudo o que ligardes n a
h·rra se rá Hgado n o Céu. Sim, por este motivo, deveis
rec orrer a estes anjos de caridade, porém, quando sc:n:tirdes
lll'ccssidade de desabafo, correi aos pés de Jesus p.reso no
tabcrnaculo, o n de está para ser o vosso consolo, o vosso
amigo e a vossa força. Mas se p referir des o desabafo com
as cri a t uras, cm v-l'! de irdes junto dElle, jamais chega.reis
ú sa n t i d a de alnwjada pelas vossas almas. .Jesus, no silencio
a d 1 1 1 i ravt•l d a �ua ] J r i são , não se pri�u de dirigir suas
a r «il'n t l' s suppl i cas ao P ae, ainda que, naquclla.s horas de
dt>r e ogonia, o céu lhe estivesse fechado! Jamais cessou
de conversar com seu Pae, ainda que este se conservasse
silen cioso, para Jesus mais merecer a bem de vossas almas.
Port: mto, al mas attribuladas, quando aos pés de Jesus Sacra­
m r n l ad o não e xperimentardes consoliação alguma, procedei
como Ellc, suppl i ca<', chorae aos seus pés, porque Jesus
não I.· i n sensi\'el ás vo ssa s pen a s ; ao contrario recolhe todas
cllas e \'OS d á c m troca bens incomprchensivcis á vossa
pohre i ntellige n cia. Só wn dia no céu é que podereis vêr
as Yossas p<>nas e as vossas l agri ma s, coroachlJS de glori a.
Nr sl1· mundo tudo '\' O S é obscuro, porém quando vos fôr
'cfo1lo e n t rar na Ma nsão ela l u z, vc• n•i s cla ra mente quão bom
vos foi chora r t' m si l<'ncio aos pés <lt• J e sus snc.ramenta do.
O' a l m a s m i nhas, como clevicis suspi rar por p od erd e s de.sa­
bafar com Jesus neste divino Sncramcnto ! E com o devicis

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64 O Bom Combate na A lma Generosa

ser ciosas d e que só Elle soubesse d e vos.sra s penas ! Como


C'stes momentos. serão preciosos para vossas almas !
Almas que soffreis sem serdes acalentadas, lcmbrae·vos
de Jesus, que passou por esta dura prova, para hoje poder·
vos dizer : Meditae em m i m e tereis força. Eu lambem fui
provado, para mais merecer para vossas almas. Vós, Sü assim
sols traUidas é para um áía brilhardes no céu como o sól.
Sim, Jesus assim vos fala para vos alentar com a m i nha
l ingua gem de �fã e ; portanto todos que soffrC'is tantas
seccuras e prova ções, animae-vos, porque só aos que carre­
garem sua cruz. negando tu do li si, ser-lhes·á 1l::t d o rsla rem
bem perto de Jesus, na .Jerusalem Celeste !
4 Fol heII11os mais uma pagi n a deste d i v i n o livro.
Vamos ao encontro de Jesus nos tribunaes para vêr o que
Elle nos ensina nesta tremenda humilhação ! Jesus, oomo
um manso cordeiro, deixa-se lrvar com tanta doçuro. e sere·
nidade, que parece que vae não condemnado á morte, mas,
sim, para um rico festim 1 O ' meus filhos, Jesus, na sereni­
dáde de seu semblante divi n o , mostra que vae para um
bello fest i m ; e sabeis qual seja el le? E' · o festim do amor !
E' nesta admi ravel pagina, que Elle vae mostrar a s finezas
d e seu ardente amor ! E' este o festim desejado e ardente·
mente almejad o ! Sim, Jesus estava ancioso em mostrar aos
homens as qualidades ele seu ardC'ntc amor, que são a for­
taleza, a ca lm a e a serenidade no sacrificio !
Apres'l"ntando·o aos j uízes, a ccusam-nO de blasphema­
dor, porque EII C' sC' d i z Filho d e Deus . .ksus responde com
toda a finn<'za, que é Filho d e Dl•us, dC"claro n do a i nd a
haver ensi nado publicamente e n a d a temendo pelas ·conse­
quencias .desta affirmativa. Foi quando uma mão sacrilega,
i m pulsionada pelo Wfio sala n i co, estalou na sua divin a
face ! ! Oh ! meus filhos, pa rac aqui, meditae ; o divino Filho
permitte que uma mão sacrilega se lance contra seu rosto
com toda a violencia e furo•· diabolico ! ! Jesus, o manso
Jesus, responde com toda a cal ma e bondade : Se fiz mal,
di ze-me em que e se fiz b<'m, porque me feres ? Vêde que
doce lingua·gem a d e Jesus ! Assim falou para mostrar nos
seus aggressores que nElle não podiam achar culpa, e os
i ntimou a qu e dissessem qual o mal que tinha feit o ! Se
disse u verdade, porque m e fere s ? ! Pobres homens, nElle
não acharam culpa, mas só caridade, e eis porque o oon·
demrraram á morte ! Chegou a hora do festim, chegou a
hora suspirada de mostrar á humanid ade que seu amor é
forte, mais forte do que a pr.opria morte ! Porisso se rego­
zij a com a sentença de morrer em uma dura c ruz ! Seu
ardC'nte amor \'Ôa então at� os seculos v i n douros ·(' ,.ê mi-
1hf>cs de almas prostradas ll ran lC' llP sua l'ruz, rPcC'hPn(lo

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O llom Combate na .Hma Generosa G5

o p < · r d ão d e seus peccados e este pe•rd:ãlo distillado de sua


m i 'ii·ri cordi·a i nfinita.
:i Vamos agora á flagellação, o n d e esta pagina b r"il h a
C l J n 1 0 o sól, pl'la sua p a c i e n ci a e m an s i d ão ! Vamos en cO'n ­
tra l-0 vest i d o com mna t un i c a rubra, e est a tecida oom o
st' 1 1 p re c ioso sangue, o qual sac cm borbot<ies de seu coirpo
sa 1 i l i s s imo, todo rasg:i do pel a força e pela quantidade dos
a�· n 1 1 t es, que acaba de supportar sem proferir pal a v r a .
Oh ! filhos meus, aqui aos pés d e Jesus flagellado, vos
c o n v i d o u refie ctir<les 1>or i n s t a n tes, para pod erdes co nt em ­
p l �1 1· esll- Jesus l' lll u rn a ehaga :viva e eom a fac1• amorle­
e i i l : i p d a s d l>rl's ! Os s1•us d i v i n os ol hos, porém, hJ·ilham, e
d.- 1 1 1 · � Slll' lll eh:1 m 1 1 1 a s ;ibr-:is:1 1t o ra s, q ue h:io d t• r1·ri1· Iodas
as : d mas, qtll' m e d i ta re m nesfa s c en a de sangue ! ! Oh ! almas
q111· s o r fr e i s d ôn•s physicas ou moraes, almas em rim que
leY<l l'S uma vida d e tr a b alhos e p e n a s , as vossas d ô r e s serão
co1 1 1 1 1111 •aveis its ck J e s us ? ! O' todos que soffreis, convi do-vos
a 1 1 H·d it:wdes n e s te quadro sanguinolent<>, do qtml .Jesus
a ss i m me fal<Ju : '.\l i n ha ::\làl', Eu te p o u p e i dC' vêr-me n est e
esl<r d o , t)Orq u e não rPsistirias, c a h i ri a s fulminada pela força
da d 1ir ! Oh ! mi nha '.\f ã e , disse-me a i n d a Jesus, todos os que
rr::d m P n t C' nll'di l a rt•m n este quadro s:rngui nolento, morrerão
par:i ns v a i rl a rl es cio munrl o C' cllC'garfo a u m alto ·g ráu d e
prrfi · i ção.
S i m , quC'm se rá quC' d C'poi s dC' bem nlC'ditar nos tormen­
tos. p!' l o s q unrs .JC'sus nqu i pasrnu, quC'm ,.,eirá qu e a i n cJ.a ha
d e J (T e orn g e m ele proporcionar saHsra ção a sC'us apetites
l' p a i \ tks ? ! Qual sc•rú o c0>rn ç:io q ue, dC'pois d C' bC'm meditar
n rs l \' qua dro, ter{1 a o u su cl i a d e sl' a pe ga r ás vaidades, que
desa r i p a rC'cem com o a fumaça ? ! Portanto mzão teve Jesus
qua n d o me d isse : Querr. medi tar nC'ste quadro sanguino­
len l n . e hC'ga a um alio gr{1u dC' peneiçãof':
F i l hos meus muito amados, que tendes l utas a vencer,
d i ffi c u l d a d r s a trilhnr, molhaC'-as to1J.as no corpo ensan­
r.11rn t ;1 <l·o d e .Jc'SllS, C' tuclo se V'Os t o r n a rá levC', tudo vos será
ín e i 1 n v is.tn do <JUC' .Jesus padC'CC'U por vosso am10r. Almrus
des: 1 11 i m n d as, c o n ,· i <l o-vos, a me d i t a rd es todos os dias na
flagl' ! a ç ã o dC' ,J C' s us , C' Eu, vossa l\lãC', vos asseguro que, C'm
bren vos tornareis fortes. '.\1eus f il h o s, Jesus so{fredor é u
remedio para todo.� os vo.çsos males. S i m , Elle é fortificante
para as vossas fraquezas, portanto, quando vos sentktles
delJ!' i s , v i n d e buscar, aos pés de J e s u s soffredor, a fo1rça
para ,·ossas fraqm·zas. N'ão vos C'sqUC'ÇOC's que Elle C'obrir­
vos-á com a pnrnura de sru p re c io o san gu<', d a n d o-vos
s

ass i 11 1 t' : i l or no m • i o do i n v c• r n o dl' vos..<;ia pobre vida ! Sim,


o ex i l i 1 1 :'· u m du ro i n n· r n o , a q ue Sl' ir es i s lC' e Sl' e n c h e de
meri tos, se rnr :Hfuc· r i d o a o súl ela 1wc• sc n ça real de Jesus,

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liG O Bom Combale na A lma Gw erosa

que se a cha com a purpura sagrada de seu preciooo Sangue


para vos cobrir.
5. Co'll t in ucmos a folh a r este admJrn.vcl l i vro.
Vam o s contemplar a Jesus na ma nifestação de seu ; �
ardcn tissimo amor. O h ! m<-'us filhos, se soubl'sseis ler n esta i
pagina a d miravl'I, vossas v e nas e dôrcs seri'<l m dulcificada1' '
'
pela lembrança do quanto Jesus soffreu, para manifestar-vos '..
seu i n fi n i to amor ! Esta pagi na rubra brilha ante os esco- �
lhid1os que ne1 1a soubC'rcm ler, bebendo nos seus cnsinamen-.J
tos força e vigor para lutarem com destreza, e ganharem a,1
victoria almejada - o Parai so.
Mas qual é esta pagi n a ? E' Jesus roron d o ele agudiss F �
. �-
mos es pi nhos ! Os po!Jres solcl:11l1os o co•roa ram de Hei de 'l
hurln ! Jesus acei tou com t o d a a pacic n r i a e ssa corôa, que - �
I h<> c a usou ta n l a tlôr, qu e vos é i mpossi vl'"I romprchcnde'I"!
Oh ! quem será capaz de comprehcndcr o que então Jesus 1
soffreu ? ! Criatura alguma jamais comprchcndeu o quanto
Jesus soffreu na sua humanidade por vosso amor !
Amados filhos, meditae, n e sta admi ravcl pagina, a l ição .
que Jesus v-0s dá com o seu exemplo de pacicncia, a cei- '.'.
tando o que os seus i nimigos lhe querem dar ! Elle não vê
seus i n i migos, mfls, sim, o se u coração, que lhe d i z : Amo
os homens e por elles aceito tudo o que me quizcrdcs dar !
Eis, am ados filhos, seu amor cm a cção. Sim, o amor que
lhe abrasa o coração, deseja i rra diar-se e mani festar-se. E
qual é a mai0or mani festação d o amor senão o siacrificio?
Porisso não vê os verdugos, senão para os amar e p e d i r por
elles p erdão. "Meu Pac, perdoac-lhes·· porque não sabem o.'
que fazem . " Isso não d i sse Jesus somente no alto da cruz, ,
mas, si m , cm torla a sua_ Pai xão, pois mlll i l as vezes envioú·
a seu Pac foi 'supp l i ca . S i m , amados fil hos, na coroação d'
e s p i nhos transborrla seu ard c n t i ssimo amor mani festo pela
pacicncia, com que su pportou a s su as terrivcis dôres !
seus olhos rlivinos pela agudeza da dôr caem lagrimas d
sangue ; porém, ele sua bocca d i v i n a não sae uma queixa l
Somente no seu coração murmura : "Meu Pae, Eu amo
home n s ! " O' a d m i ravcl exemplo, ó silencio bcmdito, quê
será vossa força, ó almas, que soffrei s ! Sim, Jesus pacient
deve ser a força, a couraça p a ra poderdes resistir a tanta
lutas e d ôres que tendes de pa ssair ! Jesus se calou na s
dôr, para hoje vos d i zer : Por m e u i n termcd io v i n d e a Jcs ' ·
que Elle é a vossa força ! O' almas que soffrois, Jesus tu
supportou, para hoje vos rl i zcr : Não tcmfü'S, v i n d e a mirn
que sou vosso Pae, vosso a m i go, vosso esposo e vosso tud o!
Sim, filhos meus, Jesus soffreu para se c o m pa d ecer d ·
vossas penas e dôres, pois Elle n ã o é insensivcl aos v oss
:t'

soffri men tos, antes bt'm os comprchentle, porisso hoje vos ·0 '

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O Bom Combate na Alma Generosa 67

pútlc dizer : O ' meus filhos, todos os que soffreis, vinde a


rn i m, E u conheço vossa dôr, vinde e Eu vos consolarei. Eu
fn i chamado pelo propheta o homem das dôres, sim, n a
real i da d e tomei sobre m i m todas as vossas enfermidades e
por todas ellas soffri ; portanto, vin de, que vos comprehendo
e l r nho de vós compaixão !
Eis, filhos amados, o que .Jesus vos diz pela minha
boeca de Mãe solicita : Jesus é bom, comprehende vossas
p e n a s e dôres ! Como se sentem as creaturas felizes, quando
s;iü comprehendidas por um amigo. Jesus, o melhor dos
a m i gos, vos comprehen d e, portanto, vinde com confiança
I a n c;.a r-vos noo seus braços, pois dellcs sahireis fortes para
a l uta.
Não vos esqueçaes desta pagina admiravel, ondenrilha
sua i n fi nit a pa ciencia, transbordamento de seu infinito
amor !
6. Continuemos a folha'l' este divino livro. Vamos a o
en(' ( ) n lro de Jesus, carregando sua pesada cruz. Almas que
mt· ouvis, meditae um D eu s com o madciro da ignominia
e d o d espre zo sobre :ll e us delicados hombros. Nesta via
e1wo11tf"a·me com a alma e o coraçãro traspass'3dos de dôr,
por vêl-0 em tão lastimoso estado 1 O' se n ão fosse seu olh11r
d i v i no, não o teria reconhecido, tal era o estado em que
se :i chava !
Almas que soffreis, vossa dôr scirá maior do que nossa
dôr '! A h ! não, porque nossa dôr foi na medida de nosso
amor. Jesus, meu doce Jesus me ama com amor infinito e
mPu am o r, ainda que não seja infinito, não tem limites ; eis
])Ol'Cj lle a d oo." de Jesus sendo infinita, sem limites lambem
foi a minha dôr ! Portanto, nesta pagin a admiravel aprendei
a soffn·r com generosidade, e se forte fôr o vosso amor,
forll's deveis tambcm ser nas vossas penas e dôres. Não vos
esqtwçaes, porém que a dôr e as penas são repellidas pela
natm·eza e até pela propria alm a ; ao mesmo Jesus, a dôr
não <!ri xou de lhe causar temor no alto da cru z !
Vêde-0 n o alto d a cruz, a dizer n o mais cruel de seus
padecimentos : Meu Deus, meu Deus, porque me abando­
nastes ! Sim, meus caros filhos, as penas e as dôres são os
casti gos do peccado, poTisso é que causam houor a quem
as tem de soffrer! Jesus, de boamente tudo soffreu por amor
de vossas almas, porém, a dôr não lhe deixou de ser dôr,
n em a pe na de ser pena ! Sim, todos fomos creados, não
pa ra o SQffrimento, mas ·para gozarmos de Deus e dos i n fi­
n it os Lens, que nos preparou. •Criados como fostes para
gozar, a natureza se revolta, e a p11opria alma procu�·a a
liberdade ; entretanto, como as penas e as dôres são as pro-

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68 O Bom Combate n a A lma Generosa

vações do exílio, deveis, á n ossa imitação, a cC'Hal-as com


amor e por amor da santificação das vossas almas.
Lembr:ae-vos, filhos m eu s , que breves são as penas do
exílio e eter na é a recompe nsa, se soubl'rdes so ffrer por
amor, u n i n d o vossas pcm1s ás nossas.
7. Continuemo.> a folhar este livro divino.
Vamos ao Calva:rio, onde .ksus, c rava d o de pés e mãos,
mostra-se á human i d a d e com os braços a bertos para d i zer
a to dos : Vi n de a mim ; vinde que d e sej o vos abraçar com
a minha infinita mist"ri cord i a ! ne hoje ·cm dca nte a mise­
ricordia Sl·rá o pa·ra-raio da D i v i n a Ju s ti ça ; todos os casti­
go!> es t.fi;o neutralizados ! O h ! meus filhos, como .Jes us, <ki­
deixan d-0-se p re g.ar em uma dura cruz, vos patenteia s u a
nJ.ism-i oordia ! O' almas que soffreis de escrupulo, contem­
plae a sua santissima miseric-0rd i a cm acção ! Vêde-0
dizendo ao bom l adrão : Hoje mesmo csta'fás commigo no
Paraiso ! O' bon d a d e de Jesu s ! O' almas temerrosas, con­
templae Jesus, o meu qu e ri d o Filho que é Deus, com os
braços abertos v os d i zen n o : Oh ! não temas, p or q u e , nesta
d ura c1ruz, já suffri por todos os teus pccc a d os ; só te resta
agora, alma que kmes, vires buscar aqui aos meus pés,
m i seri cordia e perrdão, coragem e amo r ! Sim, filhos de
meu co'!'ação-, n ão tcmaes, porque temer a .Jesus é u m
cri m e ! N ã o deveis kmel-0, m as, si m , a m ai-o, detestando
tudo que 1 1os s a offendel-o. Porém, se tiverdes a i n fel i ci­
d ade d e calür <·m al guma fal la, mesmo l'm p e c ca d o graYe,
n ão tem a e s pm·qne Jesus morreu p<'los vos s o s pccca d os !
L<'vantae-vos de p re ss a, i d e aos pés de seu m i ni st ro , e El l e
vos d i rá : Vae-te em paz, t C' U S peceados es-tão r�e rdoatl o s !
S i m , Jesus, 110 a lto da cru:t., jú os exr>iou ; porta n to , f i l hos
nwus, .Jesus é o l i v ro confort a 1lor, é o l i vro di Y in o , que d á
força e v i gor, que d á emfim a p,az pere nne !
Alcgral'-vos, filhos meus que soffrei s, porqu<' k n d cs
l ' a c e M�ie .
•J es u s é v-<>sso ·Pa c l' Eu so u a Yossa muito sol i c i t a :\lãe,
que sempre e,�tou á s vossas ordens, para vos d ar t u d o o que
m e p e d i rdes de bom e de lwm para VO\!;S.as al m as .
Maria, vossa riqlwza do Rei n o d a misericordia.

23-9-1 931 .

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O Bom Combale 11a .4 /ma Generosa 69

As d ivi n as e s m o l as

A'.\1ADOS fi l h o s , amar·'.\fc é o p ri me i ro d o s ma n dn me n tos,


porém, n ão v o s posso d i zer q u e cumpris este manda·
m c n t o , se não amartles ao vosso proximo como a vós
m e s n1os .
V1ou hoj e , carí ssi mos rilhos, falar·vos do mnor, que
11l'v e i s ter ao vosso p ro x i m o , e que vos obrigará docemente
a lhe dardes o e s mola sagrada, q ue SIOU Eu mesmo.
B<•maventuraclas são as almas que se constituimm d i stri·
bui doms de mim m e s m o ! Eu sou o Pão desci do do Céu,
Eu sou o Favo ele Mrl , Eu s o u o Nectar que dú força e
v i g o r, cmfim Eu sou a Vida, Bu sou Tu d o !
Amados filhos, quando estava p roxima a minha sub i d a
aos céos, formei u m a s·o cie da d e e nella e d i fiquei mi n h a
Egrcja, a qual p cr ma ne cerú a t é o fi m , apezar da besta d e
sete cabeças, q u e , sendo os s<'te vícios ca p i t a es, co n t ra ella
vomitará as mais horr<'ndas pers<'gnições. De C<'phas fi z
a pri m e i ra P<'dra. d a n do ·l h e o n o m e de P<.'clro, que qm•r
d i ze r pedra ; e so bre esta p e d ra construi a minha Egrrja
'.\Ii l i tante.
Des<.'ja n d o cl a r·'.\k a t o d os, por m ei o cl:o ho m e m , ehamei
para esta Egr<.'ja, corações ele boa vontad<', d a n cl.o ·l he s o
] )O rl e r de '.\fc rl arl'm t o d o a todos. P o 1· i sso, cha m a n d o o·s
p ri mt' i r os rl i sc i pul os, cll'Hhes o p o d e r ck p er c lo a r pecC" a rl o s
e d e '.\ol e darem c o m o a l i m e n to, p o r m:Ci o cio :ul m i ra v d S :i ·
r ' l" a m e n t o da Eucharistia.
Oh ! filhos lll l'Us, co m o são bemavcntu1·aclos os c<wa �·rít·s
que, ouvi n d o '.\fcu cha m a d o S{' c o n st i t ue m cl i stri lmi rlores ck
'.\ ri m m esmo ! Oh ! alma S a cer dota l , como és a d m ir avcl !
Os Anjos n ã o pódem fazer o que t u fazes ! Tu Me pódes
dar a co me.r a1r.1:; <' Ora ções <l c boa v o n t a <i <' ! Como é s u bl i me
t lia vocaçii'O ! P o rém , n m a dns filhos, abun clante é a méssc
]JIO.UCOS, p o r i n feJi ci da el e , sito OS O)Wrarios, Jl O U C a S sã o
e s l a s a l m as ht• m a v<•nhi ru1f a s ! Qnl'm rl'nll' d i a r:í este m a l ?
Q u l' m ajmlarú cslcs bt•mave n t u ra d o s ?
Apr<'sPn la·se a o s meus o l h os a fi g u ra da 1 1 1ullll'r 1 1 a
q u a l p a l p i ta 11.111 c o ra ç ã o c ri a d o p a ra s�·r M:il- ! ! '.\Ias c orn o "!
T o d a s sãu d es t i n : 1 1 "'1 s : 1 0 1 11 a t ri 1 u o 1 1 i o ? Si m , ao m a l ri m o n i o
d i \' i n o ! ! A m ul ht•r p o s sí1 c u m coraçiio nobn·, e , p ara Jll'O·
\':l r o que vos cl i g o , vêde a Vt·ro n i c a rom p e n d o o t u m ulto
p a ra l i m pa r 1 1 1 i n h : 1 FaC'e D i v i n a ! Que s i g n i rka esta Vl'ro·
n ic a '! S i gn i fi l' a o c o ra �·ão d : i m u l h e r até o fim d o..'i seculo.s,
l i 11 1 p a 1 1 d o m i n h a Face D i v i n a , u l l r a ja<.l a nu c o ra ção tios po·

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70 O /Jom Combale na Alma Generosa

brC's pC'cc::ulorc s ! Esta corajosa mulher, sem m<'do C' sC'm


respeito hwnano, rompeu a t u rba e ch<'gan do-se a Mim
lim pou-me a face, e os solc1ados e o puvo que '.\fo seguiam,
vendo ·a sua co·ra gem, attoni tos, nC'm siqm'r ousaram d i zer­
lhe palavra !
Oh ! filhos meus, a i n d a h oje continúo a e n contra r des­
t a s mulhC'res fortes e, que sem respeito humano, vão rom­
pC'ndio as turbas para limparem os cora ções dos pobres
peccad orC's, onde m i nha D i v i n a Face é esbofetC'ada e ul t.ra­
jada !
E' para esle ponto, que hoje desejo chamair a vossa
attenção. Disse-vos no conH' ÇO que todas a s mulheres têm
u m cc>ração maternal ; sim, porque, as que n ãt0 siãu cha ma­
d a s a contrahirC'm al l i a n ç a com as creaduras, são chamadas
a contrahir<'m alliança commigo. 0' Divino desposori o !
O ' matrimonio admiravel n o qual são gerados filhos para
a Jerusalém C<.>leste ! Como é admirav<'I, a joven que aspira
a e!>ic nobre i d eal, mãe de almas ! Vamos dar começo ás
D ivinas Esmolas, a s quaes são 1ladas por estes corações ma­
ternos, n os quaes só se a n i n h a a cari dade ! Dizia o apostolo
a:maldo : "De11s caritas est " . Sim, Eu sou todo cari d a de, e
e i s que no coração destas mães só se aninha cari d a d e !
A caridade, a paga a m ul t i d f o de peccados. Eu d i sse :
"Aquelle que dér um copo de agua em Meu Nome, não fi­
c a •á sem recompensa ! Qual não será a recompensa daquelle
que, em vez de dar um copo d'agua, dér a mais rica, a mais
preciosa das Esmola:s, que sou Eu mesmo ! Esta Esmola
Divina não dcsapparece, esta Esmola Divina é eterna ! Que
é esta Esmola ? Esta Esmola é a feli cidade etern a ! E quem
não deseja a feli cidade etern a ? ! Amados filhos, o homem
a n d1a só e m busca de bem estar, de felicidade e d e p a z .
Vêdc o pobre procurando no seu modesto trabalho o p ã o
p a ra s u a felicidade e bem C'star d e sua pobre natureza, c1 ue
precisa de alimento. Vêde, o rico negociando seu di n heiro
para que elle se multiplique e possa assim na sua velhice
ter o nccessario para seu bem l'star. Sim, tudo isto é l i cito
e deve se fazer ; porém, os homens sem Deus jamais gozarão
d·e p az e bem es lar, porc1ue lhes fal ta a mi nha graça, falta­
l lws este aliin1ento divi no, unico que dá a felicidade com­
JJl<'ta.
A l m a s ·gc1wrosas, a q u i c h a m o a \'ossa a t le n ção. F a l l a es
\'Ús, com o vosso c1wação ma ternal, nc•ga nd o ao p roximo a
Divina Esmola do conhecimento qm• tendes de :\f i m mes­
m o ? Oh ! gC'1wrosas m:ies, q m• Yos l'nm:t i t u i stes l'sposas de
vosso De u s correspondendo ao 111l'll l'ha m a do, vêde que
,

t a nto.s homens gemem e choram, po1rquc n i\Q t i veram um


coração de mãe, que lhes ensin assl' que a felicidade está em

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O Bom Combate na Alma Ge11erosa 71

:\ I P a m ar, po r que , e m �le ama n do, aborre ce-se o p e ccado, a


c a u sa u n i c a da de s g ra ça do homem.
Amados filhos, os opcrarios são poucos, a mésse é
: d 111 11dant i ss i m a e os l obos d i s fa rç ado s se a p rese n tam n o
1 1 w i o d a s ovelhas, para arreba n hai-as p a r a a pc rrl ição, dahi
: 1 rw c t· s s i d a d c d e coadju tores p a l'a os meus carns mi n i stros.
E o n d r e n contraremos estes coadjutorrs? Como já vos disse,
na m u l he r grnerosa, na mul h e r vh1 uooo que, d('spre za n d o
: h v a i d a d es d o srculo, sabe corno a Vrro n i e a ro mper o res-
1 w i l o h u m a n o e i r atraz rl os p e c c a d orrs, d a n do·l h l 'i; a esmo­
L1 e l e i\I i m mesmo. O' k l i z t•s Veron i cas C(tH'. n ão t r m e rul o
o s i n s u l t os , n em a propria m o rt e , sabrm d ar·Mc• a q1w"n1 ó
p o hrt• d e Mim.
Filhos nwus, q ua n cJ.o vêcks u m pohrP todo c• sfarrnpa ( I O
:'t \'ossa porta, sP vos eom m o ve o eorn ção, v!'ndo-o ·em t ão
l : 1sl i 1 1 1 a vt•l c s l a ( lo , com as fael's macil l e n tas d e nota n d o fome ?
S i m , cPrta m t· nll' d i ze i s : " Co m o me co m m ove o c o rn ç:lo
C' s l c pobre, este desherd·ado da sQrte !"
Ha porém pobres mais necessitados do qur estes, são
os pobres peccadores que, além d e serrm pobres de m i n ha
graça, ultrajmn c o m seus cri mes , () meu Santo Noml' !
Entreba n to, como a alma não é v isi vc l , poucos são os q ue
<h·l ll's se compadecem!
Oh ! a pobreza material é ape na s de uns 1rnnos, mas a
pobreza espiritual, a alma, dila cerada pelos seus c ri mes,
]Jrrcrerá, i st o é, seorá lançada n as trévas, onde ha fogo e
ran ge r de d entes, gritos de o d i o e terror, dôr sem fim ! Oh !
eo mo é t eor ri ve l a pobreza dos pobres peccadorcs! Não vos
C'Olll r>a rl e c C1i s de sua mi s.e·ri a ?
Fill1QS meus, compadecei-vos dos pobres pecca dores,
�t· d r ge n e rosos, a u x i l iae aos d i stribuidorC.S de Mim mesmo,
a ux i l i ae aos meus ministros, auxiliae a estas al m a s Vcroni­
<":1s, que constituidas foram por Mim, mães de todas as
a l ma s !
Oh ! sim, filhos meus, todos podeis auxili a r os pobres
1irrcado.res, uns dando a esmola da sua oração, outros au­
x i l i a n d o com o que lhes foi dado pela Di vina Provi d encia ,
p a ra assim facilitardes o desenvo l v i mento da d istribu ição
das Esmolas Divi nas.
O h ! trabalhae todos, almas de boa vontade, nesta d is­
tri b u i ç ão divina, e sereis bC"mavent urados. Sim, a i nda que
t i \'('SSl,i s commett i do p e c ca d o s , como grãos de areia têm a s
p ra i as, ser-vos-ão perdoad os, porque a cari dade apaga a
lll l!l t i pão dos pcccados.
O' vós todos que tendes um coração nobre, d a e aos po­
brl's J l <' c cad-o r es a Divina Es mol a , que sou Eu mesmo.
28-9-193 1 . Jesus Crucifi cado.

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i2 O Bom Combale 11<1 ..Hma Generosa

'
O m e d i co d i v i n o

T ODOS � ós q1w esilH'S e n fermos v i n de a m i m , que Eu vos


c u rarei.
Amados filhos, e m m i m e n c o n tra reis todos os r c m c d ios
de que tendes nc c l•s si da d c• . O h ! corno dt•sejo d a r c•stes di vi­
nos re me d io s ! !
Ha m ilhões e m i lhões de almas enfermas, e• Eu como
merlico d ivino a todas desejo c u rar, porém m i l h ares dellas
n ã o Me procuram, e m orrem cm terrível pcnuri a, q u a n d o
com m i go podi.am tornar-se r i e n s d r m l"reciment o s !
Este m e d i c o 11 i v i n o é p a i' , n m igo e esposo, porl a n t o
i nterc·ssa-sc pel os vossos males I' JH• l a s vossns fraquezas, as
quaes deseja c u m r, d a n clo-vos assi m força e vi gor, para
vossas al mas tornarem-se r i c a s e cheias de a n i mo.
Qua ndo o vosso orga n i s m o se a cha enfraque c i d o, pro·
curae-s o mrdi co 1>a ra que elle vos dê o rem e di.o preci so,
que form•ça ao vosso corpo sa ngue e vida, para pod�rdes
trnba l h ar, dc•sc·mpe n h a n rl o a ssi m o voss.o deve·r ; porém ,
trat a n d o-sr do m ai s i m porta n t e q u r é a nlma, poucos. são os
que p roc ura m o med i co d i vino, pnra que lhes dê o rem e d i o
ou fortifica n te n rcessn rio !
O h ! como isto é tristr ! A a l m a que é i mrnortal, poucos.
são 1os que procurnm foJ'tifi cal-a e enriquecei-a, para poder
u m dia ·g oznr, na Jerusalem Celeste, de umn gl oria etern a l
C ar í s si m os filhos, sobre este ponto tão i mportante, a
santificação da almn, rei n a u m a terrível i n differe n ça, e que
tem feito tantas v i cti m a s.
Os ho·splitaes sie m p rc cheios, os con s•ullorios m cdi cos e
as e s t a çõ es de ban hns.. t u d o i sto, dom grntuito dado por
m i m, o honwm dl've procurar para a sua saúde, verdadeiro
thc·sou ro ; porém, o homem tem um outro thesouro, que a
f<•r rugc m d c•stc m u n d o n ã o COIT<Íc, este thesouro é a a l ma,
que t n m bein pre c i sn d<· m e d i co, remed ios e fortifi ca n tes.
O h ! fi lhos meus, em n u m ero l i m itmlo são os q ue tratam
destas e n frrmi d a d l' s ; poucos são o s que p.r ocuram enriq ue·
cer esta a l m a , dest i n ada a ver-Me face a face na .Jerusalem
Celeste !
D i re i s que ha tantos fi e i s na Egreju t odos o·s dias ; s i m ,
m a s l'lles são m u i l o 1�o·ucos < · m comuaração do.s que Eu criei.
D e�tes p o u c os que ,·êclc•s nos t e m p los, m u itos i n feli zmente se
ajoe l h am n os degra u s d e IIL<'U altar, n li o ]lnra P<'<lir reme­
cHos <•s p i rituaes, m n s, sim, r e m e d i os temporacs, snúde, ri ·
q 1 1 1•zas <' bem rslar ! Sa lH·m d 1 · nH•us pi•s, s1•m S<' l l' m urare m

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O Bum l'()mbatc na .Hma (; l'll!'ro.m 73

1 1 1 1 ,.. n s snns nlmas estão e n fermas e que têm n P cessiclade d1•


1 1 1 t·11s d ivinos remed ios ! Como ea usa tr i s l l'Za este m o d o c l u
p rn rl'dt• r d e tan tos c h rislãos !
Chega a h or a e l a mor'll' t• a p n•st•11 ta m-sc a m i m t.:io cn­
f· · · · m o s , tão sat ur ml os e l e fa ltas, que sou -obriga d o ri l h l's
i ! i zt•r : Val' pul'ificar-k, vae t o m a r u ma t u n i ca n o \'a p a ra
p1 1 d t · n· s l'll l ra r nos m l'u s sagrados a post•n tos !
F i l hos llH'llS, 1 1 :"10 d 1 °sl'jo a ss i m ra l a r- v os, mas, n·i--\'o:;
1 1 1 1 -, hr:-.�· os d 1· :'ll:wia n a h ora 1 1 1• \'Ossa 1 1 10 r l l', pa r;i q u 1· E l l a
i 1 1 1 1 1 tt·d i a t a 1 1 1 1' 1 t k \'Os i n t rod uza 1 1 11s l l l l' l l S :1 1 •o·sl' 11 los sagr:1-
" ' " ; por i sso n ào dt"se.in l'e r-n>s l'Tl \'ol v i 1 l os l'Olll o negro
1 1" u rl:1 i 1 1 d i rfl're n ç a ; I d i z<·ndo, <·11 1 t 1 0 l a n l os o u t ros : Co111-
l . 1 1 J 1 0 q ue dll'gne : -. o c·l'.· 11, i• <JLr n n l o lwst a .
\ ' ú s s·a l)(:' i s, q u e 1 1 0 ('l' l l h a d i n• rs·a s n w rn d :i s , 1• d l':-.\'.i o
1 1 1 1 1 · n 1ssa s m o1'<Hl as s1·.i a 11 1 h 1• 111 j u n t o d 1• 1 1 1 1· 1 1 l h r o n o 1 k
:111111r!
Amados filhos, j á vos cl i ssl', que Eu sou o remediu para
l 1 J d os os males, mas como o adquirireis ? E' pelas mãos pu­
r i ssimas de m i n ha ?llãe a m n d i ssima, que '"ºS darei indo dr
c 1 1 1 " YOssa al ma t i ver nc c essi d a cl e , pnra ser fo rt e ; por i sso,
" Ill'rl'ssario que lhe peçaes.
Quando vos s e nt i s fracas no vosso orga nismo, proe urat•s
a l i m l'ntar-vos, e qua ndo doentes procu rae.s o remedi<>, o
l l l l's 1110 a c o nt e c e com a al m a . Umas vezes ella sente-se fraca,
o u t ra s d o e n te , e q ual é n vo ss a obrigação ? E' de forti fi c al - a ,
:d i nw nt a l-a , e n riqurceh1 ; os s acra me ntos da c on fi ssiio e d a
Comm u n h ão são reme d i os salutares para a alma, pois sem
l' l l ps n ão peide ha ver salvarão para q ue m kvl' a infc l i ci cla-
d c ele pcccar ! '"''
Sabeis que o p c cc a d;o é o mal m a i o·r para a aJ ma , ma­
t a n d o-a e privando-a p a ra sempre ela m i nha di vi n a .Jlrc se n ­
�: n . Sl' c o m elle sa h i r deste m u n d o . O )l l' r c ad o é a lepra ter­
r i 1· p ) , que Me faz fugfr para longe das almas a �i m atacadas,
1· 1 1 t rdanto, para tão tcrrivl'l mal o remedio e à cura e st ã o
r • d i v i n o sacramento da Pe n i t :- n c ia , por m i m i n st i t u i d o .
Sim, filhos meus, o s acQ1.mento da Penitencia é o reme­
ll i o ]Jara esta tcrrivt>l lcpra;�·ém, fica ainda a p e n a de6tc
J > e c c a d o por pa�ar, IJOrque pou co s, muito pou cos são os
q u 1• t em uma co n v i c ção perfeita, q ue apaga a pena do
]Jl· c c a d o ; clahi ficar a a hbá. "· ai n d a enfraquecida, ckbil e prl' ­
c i sa n d o ele mais r l' m e di o, de mais for'li fi ca nit·c .
O h ! bo n d a d e a de v o s s o Deus ! P r e v e n do t u d o isto,
fiqul' i no sacramento da E uchari s tia , como fo rt i f ica n t e (] e
vossas a l mas. Este rrm c d i o d i v i n o, q ut• sou Eu mesmo, d :i
á�: \' o ss a s almas 1• nerg i a s, v i ri a l' v i go r . :-i o transbe>rcl mnento
1k m i n h a i n f i n i t a bo n d a d 1• o pl'n•i l'Sk m i J a n rc !k amor
)>ara sn o v osso d i v i n o for t i fi c a nf r ; por(• m, '' al m a s ha <JU�

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74 O B u m Com/Jate n a Alma Generosa

o n ão sabem tomar, pelo que mui tas exclamam : Todos os


dias rccPbo este Pão de vida e Pstou sem pre fraca, sempre
enferma !
Qual a causa porque este divino forti ficante n ão pro­
duz os cffcitos desejados? A causa são as mi1s dispoisições
da alma, po·rque este Sacramento opéra segundo as d isposi­
ções de quem o recebe.
Amados filhos, se uma mão sacrílega Me lançar ao
chão, em que aprovei.ta a este i n feliz '.\fo tocar? Em vez de
aproveitar, serve-lhe para sua prO))ria co·n dcnmaç ão !
Almas ha que Me re ce b em sem peccado, pocém, com
tão pouca fé, que na h ora sagrada em que estou nos seus
corações, não podem ouvir a m i nh a voz, qut• só fala aos
que se acham illumi n a dos pela fé.
Eis porque vos disse no comPço que poucos dos que se
acham nos meus templos, sabem ped i r rPmedio p a ra seus
males. L'ma communhão ás pressas não forti fica a alma,
uma oommu n h ã o feita sem rcfleclir, s(•m verdadeira prepa­
ração não póde dar v:iglQ.r á alma ; dahi a razão de tantos
en fcrmos, d e tantas almas fr a c a.s !
Amados filhos, al�m da Sa g ra d a Communhão, tenho ou­
tros remedios salutares, qu e dão força á alma toda� as vezes,
que a elles recorre-r. Estes remedias estão na oração, pela
qual vos e ntretendes commigo. Quan do vos sentis desani­
madas desejaes um bom amigio para lhe contar vossas
tristezas, porém cm verdade vos digo, o melhor amigo sou
Eu mesmo, e, quando rezaes GU meditaes, desabafaes com­
rnigo, o que vos d á forças ; porém muitas almas se queixam
que vêm �.,meus pés e n ão recebem força. Ha neste caso.
cxcepçõM; Ã,hn as ha que estão na provação, e que já são'
todas nl:inh -, Eu posso provar assim, porém, n a maio·r
parte são à.Jmas n egligentes, que não sabem rezar ; que
rezam pensando cm tudo, menos cm mim. Geralmente as
almas a quem Jsto acontece são p essoas de pouca calma,
que tem o mun d o no seu cora çãCI ! Ah ! estas almas debalde

ouvir m i n h a doce v o z !
Amad 0is filhos, quantas a

. ��"''
rezam, po0rquc seus co•ra çõe l � quietos n ão as deixarãlo

· , ' - fcrmas ! Como despjo


a todas curar! Vinde, po-rtant � im e dar-vos·ei o forfr
ficante de meu proprio Sangue e ele m e u proprio Corpo.
Dar-vos·ei o remedia para curar vossa lepra. Este remedia
é mi nh a i n finita misC'ri cordia, perclofl n do-vos vossos pccca­
dos por meio de meus qmTiclos m i nistros.
Oh ! vinde almas m i nhas, não sc j ac s mais fracas. Vinde
a mim por M a r i a e pelos seus rnen•cimentos, pois morrereis
n os seus braços, se na viela a Elia souberdes recorrer.

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O Bom Combate na Alma Generosa 75

l\laria pódc tirar-vos das penas ahrazacloras do p urga­


l o rio, se na vida souberd es, unid·a a Elia, tomar este divino
fo1iifi eante que sou Eu mesmo.
Pelas mãos de Maria, do Reino da Miserieordia.
Jesus Crucificado.
5-1 0-1 931.

E s p i r ita d e s ac rifi c i o

A MADAS esposas, tenho-vos falado bastante d o amor que


é o movei d e todas as acções.
Vou, hoje, falar-vos do sacrifício, pelo qual conhecerei
quem me ama. Quem me disser que me ama e n ã o se sacri­
fi c a r, não me ama, po·rque não póde haver amor sem sa·
crificio.
Eu p osso diz·er-vos que vos amo, porque por vós me sa­
erifiquei até a morte de cruz 1
Esposas tenho que me dizem : Senhor cu Vos amo, e
1ruando chega a hora de Me mostrar seu amor, por meio de
sacrificio, então retrocedem, oppondo m;il difficuldades e
m i l protestos ! As que assim pro cedem amam-se a si pro-
1 1 rias, amam suas vontades e suas comrnodidades, não, po-
1·ém, o Deus do Calvario !
E' doloroso ver tantos amantes só de palavras e não d e
a cção ! Oh ! Missionarias, vós tendes como modelo Jesus e
J esus ·Crucificado, que n ão poupou sua propria mãe, para
que Elia tambcm vos seduzisse.
Conhecendo minha Mãe amadissima, no seu grande
amor por mim, não A p oupei u m só instante, :Porque a dôr
ft-z-lhe ganhar thesouros incommensuraveis, para hoje pod,er
rns beneficia-r. Almas ha, por i n felicidade, que se lastimam
vurque são provadas com dôres physi cas, outras com pro­
va ções espirituaes ! Pobres almas, podia-lhes dizer aqui o
q ue disse a Samaritana : Se conhe ce·sseis o dom de Deus
lh'o pedirieis. Sim, a dôr e afflicção são perolas preciosas
q u e brilharão na corôa dos lJue sabem soffrer e dos que
sabem se sacrificar !
Oh ! almas minhas, s·e não tendes generosidade de m e
offertar sacrificiios, a o menos aceitae os que minha mão
l>t · m fazeja vos envia. As almas generosas não se contentam
c o m o que Eu lhes peço ; ávidas de soffri mento, procuram
t o dos os meios de se sacrifi carem, para Me mostrarem seu
amor.

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76 O Bom Combate 11a A lma Generosa

O a m or kn cl e para o sa cri ri c i o e o n d e niio ha sa crifi c i o


n ão h a amor e s e o h a , é u m amor mô rn o, o qual será l a n­
ç a d o ou melhor vom i ta d o de m i nha bocca !
Oh ! os hamen s põem seus olhares sobre vós e fazem rle
vós j u i zos altíssimos; porém, Eu que sundo os corações, não
posso de toei as fazer egual j ui�o !
Sim, <1 uantas vezes e n c o n t ro <'Ili Vl'Z de a m o r quente,
i st o é, u m amor que lra n sbord-a e d esej os de sacri fi cio, l'n­
contro frtieza, pusil a n i mi d a d e i n compatível com aquclla
que deseja ser m i n h a Veron ica !
E i s, amad i ssi mas e sposas , a VC'ro n i c a gen C' rosa l' sem
medo, rompendo a m ulti d ã o , para Me li mpar a facC' ! A sua
h C'roi cu fortaleza, deixou os sol c l a dos a to n itos, niio 1 1od en­
do d i zer palavra !
O' Missional"ia, tu ta ml><'m rl en·s d <·stru i r o t e n 11w1l o ,
o t eu amor proprio l' a tna v i d a , se fôr necÃ'ssa.rio, para
l i m pa·r a alma dos pobres peccadores, 'l' que se u e h a cheia
de ll' J> ru ! Para seres. porém, esta mulher forte, has de t e-r
s e m p re os olhos de tua f é naq uelle que te chamou p a ra a
v i cia. No teu pl'ito trazes u m i n ha i ma ge m crucifi cadu e o
que te d i z ell u ? Diz : Ama-:'l[e como Eu te amei. E co11110 Eu
te a mC'i '! Eu te a m ei n o sacri íi cio, derramando todo o meu
sangu e , ent n•ga nd o-,1e aos m a i s vis i n sultos e h u m i l haçõl•s.
C o n t i núo até o fim dos M' culus n o sucri f i c-i o, encerra d o nos
t a be rnuculos, e nelks 111 11 i lu s v <·zes i n sultado por sacri l<•gos!
Portanto, esposas :nn a d a s, niio 111 l'r l' e Pre i s Pst.P 1101111' -i;,agn1-
d o de m i nhas Psµ o s a s, se n :"'i o so u l>l' r l f l· S vi ver no s:u· r i fi l' i o,
s u s p i r a r p e l o sa e rHi e i o, c·o111 o q u al :'IIc ll'stemu n h areis o
vcsso am or, pois, onde houver sacrifício, Eu ahi �lc acho.
Conte111plae m i n h a v i d a e vê d e se o q ue vos d i go não
é uma reali rl u d e : sacrifício na m i n h a adolt•scenciia, sacri fi ­
cio prégando a d i v i n a Pulavra, su cri fi cio deixando m i nha
Miic, sn cri fi cio n a flugella ção, sacrifício n u subi rla do Cul­
vnrio, sacrifício n o alto ela Cruz, sacri fí c i o nos Tabcrna­
culos até o fim c i os seculos, o f fr rtando C'sles m esmos sacrifi­
e i o s Pm vosso ben l'fi cio !
Portanto vós, que c ha m a da s fosks para a vida pe rfr i ta
e pm·a l c v u r o m e u a m or ]li}!' t o d a a partr, deveis sentir-vos
fd i z<• s l' lll vivl'r no nH ' i o dos sacrifícios,
Ama das esposas, Eu n iio :\fo a ch o n o meio 1l'u orgias,
dos bailes e d i vertinwntos ! Ah ! n iio, Eu :'lfe e n cont ro n a
cella d o bom religfoso, que p o r meu a m o r s e priva d e tod os
os d i vertiment os do m u n do,
Eu n ão Me ucho n u casa d o rico avurento, que come e
h<•be a Si! fa·r t u r e não soccorre o pobr<', que l he iwd e uma
esmola por llll'll a m o r ! Ah ! não, Eu M l' acho na casa do

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O Bom Combale 11a Alma Ge11erosa 77

p o hre que trabalha por meu amor, e acceita todas suas


c r u zl'S com resignação ainda por amor de mim.
Eu n ão l\le acho na cclla d a religiosa que não gosta de
st· sacrificar, que vive a se lastimar e a querer vJver s·e gun·
du sua vontade e que tudo acha difficil, servindo assim de
cruz para seus superiores ! Ah ! não, Eu Me acho na cella
da religiosa que vive n a mortificação e que gosta que todos
a t e nham por vil e sem merecimento, que é conformada, pa­
ci rntc, mansa e humilde, amoldando-se com alegri a á von·
t : 1 d e de seus superiores.
Sim, e stou n a cclla da religiosa, que vive suspirando
pda hora do sacrificio, para �Ie mostrar seu mor. Vêde, ca·
rhsimas esposas, como só me encontraes no sacrifício, e
1ir 1 r que ?
Porque r0 sacrifioio é o caminho do Paraiso, o saC'I'ifi·
l' i < > rlá á alma ml·rccimenlos i n comprehen siveis, o sacrifício
faz desejarr o céu. Vêde, amadas esposas, como os santos
1 wnsam no pairaiso : Muitos delles pedem-Me, se fo55e possi·
\' l'l, para v.oltar ao exílio, para ainda mais se sacrificarem
por meu amor, para melhor testemunha.rem que Me amam.
D i zem clles : Tão pouco soffremos, tão pouco Jl\()IS sacri fica·
rn o s para tanto go zar ! Sim, sua felicidade é tanta que, cheios
de ·�ratidãic>, desejam mostrar·Me agrradecidos no sacrificio !
PtH' isso, amadas minhas, amae o sacrificio, jamais deixeis
pa ssar a hora bcmdita em que elle se apresen tar.
Se não tendes força d e Me offerccer sacri fio.ios volun·
1 : 1 r i os, ao menos acccitae os que com gen erosi dade Eu vos
c 1 1 Yi ar, confi a n d o na minha misciri cordia e bondade, o que
v r : s fará ganhar t lwsouros, que a ferrugem dl'Ste mundo não
Ji<'i r l e corroer. O h ! se tivesseis fé como um grão de mostar·
d«. serieis almas sedentas d e sacrifícios, abraçando a cruz
r o m o Eu a abracei por vosso amor l Que os olhos de V05sa
fl- se abram e comprehen dam a n e cessidade que tendes d e
st· rdes almas d e sacrifí cio, porque é nelle, que me encon·
I ra reis.
;\lccli tac como Eu n ão p<>ui;>ei minha Mãe, pa.ra se sa·
c r i ficar por vosso amor; não poupeis, portanito, o vosso co­
r:H,'ào .e- a vossa alma, quando se tratar de meus i nteresses,
q u e são tambem os vossos ! Sim, os meus interesses são a
sah·ação d e vossas almas, e o vosso interesse é a vossa pro·
pri a salvação que pede sacrifici·o.
Vosso Jesus Crucificado, que é o vosso modelo e qure
v o s a bençôa pelas mãos de Maria, que sempre yivcu em sa·
rri fi c io. }
Do Re i no da '.\JisC'ni C'or ci i a .
\'i a a con ria nça.
G-1 0·1 931 . f

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78 O Bom Combale na Alma Generosa

NOTA - Esta licção appli ca-sc a todo christãb em


geral, por isso seja clla bem aproveitada pelos corações de
bôa vontade que forem n i nhos d·c verdadeiro am1or.

O a m o r, o m a i s e ru d ito d os m e stres

A MADAS esposas, VI CJIU hoje mostTar-vos que se estivcl!'des


attentas ás i n spirações do Divino Amor, sereis doutas
na minha propria Sabedori a !
Bernaventuradios os que tiverem corno mestre o Amor,
e sabeis porque ? Porque o amor leva a alma ao sacrifi cio,
e onde está o sacrifício está Deus. Sim, Eu já vos provei
corno Eu só me acho no sa crificio, porém, quem é capaz de
levar a natureza e a pro:Dria alma a se sacrifi car ? Somente
o amor é capaz de levar o homem a abra çar o que tanto lhe
repugna - o sacri fício!
Sabeis, que o homem foi creado para gozar, po.rtanto o
sacrifício é uma lei contraria ás i n c1inações do co.rpo e da
alma.
Eis porque o sacrificio é um calice am01rgo!
Eu mesmo o di sse n o Getsemani : �fru Pai se é possível
affastae de mim este calice !
Amadas esposas, depois da quéda de A d ão e Eva, foi
imposta esta lei do sacrifício, para que por esta v i a o ho­
m('m se humilhasse e fizesse peniten cia do seu peccado :
Com o suór de tua fronte comerás o pão, esita lei Eu
mesmo a vim con firmar, toma n do sobre mim todas as ini­
quidades, expiando-as n a mi nha humanidade e n a minha
alma.
Abracei estn lci do sa crifí cio, porque den tro de mim
havia a voz do amor, que Me dizi a : Amo os home n s ; eis
porque, apesar de Me repugnar esta lei, abraçei todas as
humilhações, todos os opprobrios e tod:as as dôres, para
cumprir o que estava escripto que Eu seria chamado o Ho­
mem das dôres !
Amadas esposas, porque o amor assim Me i mpulsiooou
a abraçar a lei do sacrificio, deixei de soffrer? Ah ! não,
o amor não dimi n u i u a repugnancia pela dôr, nem tão pou­
co a intensidade ria dôr, mas o amor Me d<'u uma sêde ar­
dente de Me sacrificar, para nwstrar-vos a ifitensidade d-este
mesmo amo r !
O sacrifício é o transbordamento d o amor, e posso-vos
provar o que vos digo. Não vêdes quando duas pessoas se

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O Bom Combale na A.lma Generosa 79

a 1 1 1 a m ? O que faze m ? Sacrifi cam-s,e, unrn pela outra. E'


11 l ' slP sacrificio que vós conhcc,cis que na real i d a d e se
: u n a m , portan to, o amor é o mais erudito dos mestres, e
Jl' · SSO vos di zer é o un ioo mestre que kva o homem a se
s:1 crifica r ! Sen do. como já vos disse, o homem dest i n a d o
a gozar, n ã o póde abraçar a ki contraria - o sacrificio,
sl' d r n t ro de si n ão tiver a força mysteri osa do amor. Oh !
q 1 1 r força possue o verdadeiro a mor, capaz de feitos he­
ru i c os !
Vêde, amadas mi nhas, o que lêdes nas vidas dos gran­
d e s santos. Fi caes pasmas, qua n d o contemplaes esses he­
n . ,·s, esmaga n do suas pa i xões e revolvendo o mundo com
sc·us prodigios.
Taes homen s são capazes d isto por si mesmos? Como
poclrm opnar tantas maravi l h a s 00 111 prejuizo do seu bem
r s t a r, de suas commodidades e de sua honra ? ! Quem lhes d á
l' s la força mysh>riosa ? E ' o a mor, é somente o amor que os
faz ard e r n Psta fpbrP d i v i n a ! �ão capazes de loucuras, sim,
dl' lou curas divi n a s !
Eu f u i o p ri m r i ro l ou c o, :!\faria f o i a segu nda louca,
s i m , dest-c amor divi n o ! Quem deu força a esta d el i ca d a
d o n zclla, t ã o tenra nn e d a d e, para d e i xar seu querido Filho
ir ao e n contro d a p ropria morte ? Foi a loucura do amor
qul' l he d e u esta força i n domila, esta força mysteriosa, p a ra
se c a l a r q u a n do me viu na v i a dolorosa d o Calva.rio !
Oh ! m i n h a s amadas, s i n ão f.osse o amor, M a ri a teria
zo m bado d o s soJd.ados, e, la n ç a n do-se sobre mim, teria ti­
ra d o a Cruz d e mcus hombros ! Oh ! sim, Maria não teria
r1·si s t i d o ; mas e�s qm• dom i n a d a pl'lo amor, calou-se, aba ­
fa n d o a sua gra 111fc- r i n11ul·nsa d ô r, acom pan hiou-:Vle passo a
p:1sso, na m i n h a lourura da Cru z , o n d e ia pah•ntear á huma­
n i d a d e- meu gra n de amor, m i n h a loucura de amor !
Oh ! o amor é •O unico capaz de mover o coração a abra­
çar o saori fi cio, porque o amor é fogo, o amo,r é luz,
o amor é vi d a d a alma. O amor é fogo fazendo movimentar
esta rn a china d e todo vosso ser, dan d o assim ao ouração
e n e rgias para abraçar a lei divina. O sacrificio n ã·o é m i n h a
lri '? Sim, o scri fi eio é minha lei, por i s s o , depois do pecca­
do, só o amor é cu paz de abra ç a r o que rC'pugna ! Oh ! m i nhas
amacias, !'le amaes na realidade a um ente vosso, a i n d a que
elle YOs cause rcpugn a n ci a, por motivio de uma molcstia, vós
lhe proporciom\tS lodos os cui d ados. Vê d e o amor abraçan­
do o SC"ari fi cio ! ·Po r tanto, o amor é fogo q u e movimenta o
c o ra �· ão e o fa z abru çm· o que lhe repugna !

, O amlo1r é luz, porque o amor humano faz v,e'l·, na pes­


soa que se ama, qua l i d a d es que ás vezes não existem ; entre-

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:rn O Rnm r:uml>alc 1111 .-t fma G!'11crr1.rn

1 :m lo, o amor d i v i n o vos fa z Yrr <'011110 so'll hum, como sou


amavel em mim nwsmo.
Este amor c1 ue é luz vos faz rn1111well l' n der-:\Ie e tudo
que se oomprl'he n ifr, aprl' c i a-s1• melhor ; portanto, se este
divino Amor vos fa z VC"r o q m• \'Os tenho prC' p:a rado, cha·
m a n d1o-vos para a v i ri a p e r frila, vos prQd a m a bl'maventun­
clas. Esta l u z que d i nm.na d o amor, vos faz ver como tudo
passa neste mundo, como tu elo é va i d ade ! Só n:fo é Yai dadc
o amar-Me.
Oh ! como é .Ucl l o o umor, C'omo i� hl' l l a rsta l u z , q�
dimana cio \'l'rrl adeino amor.
O amor i.� vida, sim, o IUl'U a mur dá a vida á alma,
cln ndo-llw fon;as para <·sm n ga r os i n i m igos e al.Jn1 çar eom
; d l'gria os sl'ri l'i cil()s, q u e e s ( (' 1·smngn mcnto a carreia !
Ví·de, n m ad 3·s m i n h a s , eo11 1 0 I L• n h o razão rt1· vos d i zer
l(lll' o .:unor t• ·u ma i s l'rt11l i lo l l·os nwsh·1·s, 1 1 ii o Iw vl'n1lu outro
capaz de d ar H �·ões (jLH' l'l l e 1Já !
Con kmpluc a religiosa t i b i a e sem a m o r. El la n áo é
capaz de um pequeno sacri fi c i o , tudo n c h a d i ffi cil, tudo lhe
custa, porque, n o seu coração, n ão tem este mestre - o
amor ; e se o tem é muito pouco e morno, por isso se·rá ella
Jiain çada para longe de m i m ! Oh ! não posso admittir uma
religiosa tíbia e mo.rn n , porque é 11ncompativel com este
n ome sublime - esposa d.e um Deus !
A espoisa de um Deus Cru cificado, que n.?Jo a braça o sa­
crifício, não se i l l u da ! Esposa de um Deus, qu ão sublime e
admiravel é este bello titulo ; porém, n ã-0 vos i llndaes; ai de
vós se -0 fôrde.s só d(• nomr, serC' i s ful m i n a d as rle mim m{"S-
11110 ! Eu sou o Deus d a n'r cl 3 1k, e n fw pe ns e i s que d esejo
ver-vos na illusão. Porventura não sou bo m ? lkm o sabeis,
qua n t as vezes isto vos tenho dilo : Sou bom, sou m i Sll'ri cor­
rli oso, iaj urlo a quem a mim recorre, porém, se a busardes de
m e u i nfi nit-0 amor, se n ão 1krrlcs o u vidos aio m eu gra n de
a mor, que vos diz : Sêde perfeitas, tm ba l hae ()ara isto com
a vossa bôa vontade, :r><>is se abusard es, se vos fiardes em
r;izôes to m ad a s ás 1n·essas l' sem rl'fl rxão, se con fhn,d cs em
umas confiss<ll•s sem propo.s.i lo, ·(• vi verd\•,<; a foba das, e se
n ão nutrirdes tüs d e-sejos, <flll' devem dom i n a r os corações
das minha·s amadas, m n nsas, h u m i l d es, pacientes, ca ridosas,
p u ras c cump1,i<loras d e vosso sngrado dever, se por amor
n ão a bra çnrdes as penas quoti dianas, a i n du que com �repu­
g n a n ci a , não aceito vosso sacrifício.
Fiqm• aqui bem claro, q1w o se n t i r rc �'u g·n a ncin não é
um m a l , aio contrario se1·á um bem, porque acei tar o sacrifi­
cio com saorifü cio é um bem duplicado. Com effci lo, Deus
n ã o póde aceitar o sacri fício cheio d� reclamações e
cen suras, e 0011tra ril•da1k s ! Es.tl' s.ncri fi cio, ('111 vcrlla dc, per-

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n Rom <:oml>nf<' " " ..1 ln1<1 Generosa 81

d e u t o d o o Sl'll valor, 1l i:. 111 k de m i m , mas o sa cri fi c i o que


1 · 1 1 st a e qur a pobre alma fa z no sile n ci o do seu cora ç ã o , vi10-
l C' n l a n d o-sc para m'o ofkrt ar , 1w verdade vos declaro, cst:­
s a c r i fi c i o •o c u m ulare i dr ben çãos, guardan rlo-o para a v i d a
t' l l' r n a e para gozo d e q u em m'o offertar.
U h ! m i n h a s amarlas, a bra1,•a e, eom verd adei ra �ai i s f a­
ç:io, estas palavl'as sabidas d e m i n h a i n fin ita misc1•icord i a ;
n l l'di lae-as lodos o s .dias, quando l'Stivcrdcs fracas, p o is e m
1·1·rd1a dc vos digo, s e i sto fizerdes sereis perfe�tas. São cstri s
p a l avras d e misericordia, guardac-as n o vosso c:::ira ção r n a
1·ossa alma, e E u vosso Jrsus, que sou vosso Tudo, vosso
Espcso arna n l issimo, vos d o u tudo i st o por Marfa.
P r rl i a Elia qur ,·os dê o s m ere r i m f l t los d1· s1n1s l n gri-
1 1 1 : 1 .� . 1 m1'a lf l l l' possat>s eo111 prl'lw111kr 1•s l a1s palav ra s d!' m•'­
� · · r i curdia.
Pel as mãos d1• �lari a , ri u Hl'i n o tia � I i sl' r i cord i a .
Vi.a a confiança.

8-10-1 9:H .

I m itação d e J e s u s C ru c if i c ad o

POR amoll' te enh't'go, rstas palavras sahi das do meu aman­


te Coração. D;í-as a quem rl t•scj:i r ser meu fiel imi;tad01r.
;'\;estas Palav.ras d i vi n a s as a l m a s de bôa vonta de e n contra­
rão consolação, luz e força para Me i mitarem ; e c op i an rl o­
i\lc ch ega r ão um d i a ao fim d e se ja do - a piropria san tifi­
ca ção.
Por Maria te entrego estas p a l a vr a s . De sua s mãos h<' m­
rl i t as, recebe-as e })()r suas mãos dá-as ás almM de bôa vo n ­
tade.
l milafão de Jesus Crucificado.
O' almas que aspiraes á sa nt i d a de , para que fostes c rca ­
d as, l ê lie muitas veze.s esta s palavrns por mim d i t ad as e
iu· l l as e n conh'arei s consolação, for ça e luz.
Filhos meus, o a mor tende para a i m ita ç ã u ; por isM>, se
d l•sejaes estar u n i d o s a mim, t•en cl c s de Me imitar, p oi s em
verdade vos .declaro, não h a i m i t a ção sem amor e am oa· sem
i m i ta ção . Eis porque é n c ccssariro que prati q u e i s os aotos,
q ue Eu pratiquei como homem e oomo tendo um coração
de carn e, semellrnnte ao vosso, e uma a l m a tambcm seme­
lhante á vossa.

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82 O Dom Combale na .4 lma Gen erosa
1
1.
Para que Me imilcis, :\le fiz hom em , tomei um cor'p o
igua'l ao vosso, pa ra m·l l e \'O s d a r as lições q u e desejo que
pratiqueis, para c h egar á perfei ção.
Vou aqui, falar-vos a cada um em particular, e cad a u m
d e vós, abrindo estas paginas, procure d o q u e sua alma está
n e ce ssi ta n d o, e se as lêrdes com fé, sereis esclarecidos e
fortalc.>cidos nos combates deste exil i o .
Oh ! alma que :\fc lês, o que desejas'/ Ouço que Me
d i zes, desejo se r perfeita. Ah ! ct.esicj a s S<'l' p erfe it a 'I Vae, ven­
de o q u e tens, dá-o aos pobres, to m a a cruz de cadia d i a e
s egue-M e . Não tens força '/ Contempla l eu Deu s no seio de
Maria ; deixou es,te mesmo DelJs os e x pk n d o res dia gloria,
para vir em teu soccorro, e tu, ó minha ovelhinha, m i nha
pomba, minha amada, n ão t en s �ocça de desp.rcza1r os bens
c a d u cos para l\f.c se g u k 'I Segm•-:\le <' v e.ri1 s como sou a ma­
vel. Dei x ando tudo, a cha rás tudo. Deixas 1mes, achas outros
m aiis dedicados: deixas irmã·os, achas outros m a i s p e r fei t os
r 1 cari d ade ; deixas as riquezas, achas o pão quot i d i a n o , o
q u al não te dá prco c c upaç ão ; d e i x a s ludo e achas t udo, que
sou Eu. Eu sou a tua recompensa, a tua fel i cidade eterna !
Vem, ó al m a , segue-Me, se te s e n t es chamada ! !
D irús l n : O que é prrciso, S r n h o r , para ser p r rfe i ta ?
Praticar os con srlhos evangPl i rus com prrf<· i ç ii o . t o m an d o a
cruz de ca 1J.a dfo. SC' n h o r, di r:í s tu, a c r u z m<' a ssu st a , oomo
ass11sto11 ao moço do Evn n gC'lho. :'.\li n h n a m.1 d n al m n, esque·
ceste que o mcu jugo é doce e suave'/
Oh ! n ão l rmns, po r q u e Eu s o u o . r.,-rinen dos qu<' tudo
d cbcam para Mr sC' rvi r. l\fa.ria. minha :'lfãr. é o a njo destes
anjos, que, ab:rn d on n n do o s nrazC'rrs os mnis l í c i tos, Me se­
g ue m no caminho dn prrfe i ç ão.
Escuta, 'ó almn m i nlr n , es c uta rom a tt c n ção : Eu sou o
servo de mrus S(•rvos ! Não te c o n sol a esta palavra rl e a1111o r'1
S i m , Eu Mr faço sl'rv o rle m e u s s e-rvos ; <' pair n isso te provar,
não lavei Eu os pés dos m eus ca.ros ap()stolos na n O!i t,e de
q u i n t a-fr ira santa '/ �ão C'stou Eu no �a c ra m�n t o Divino do
Alta,r, fa zendo o cffi cio d e servo, servi n do ás a l m as, que
têm n C' ccssirl a d e rh• m i m 'I Sim. Eu sou o servo ffel que, a
t o d a hora e n torlo momento, csl:'t prompto para servi r a
qu<'m trm nrcrssi d n rl e de m i m . O h ! com o és frliz, alma, que
foste ch am n d a !
Agora, alma que l\fe ouves.. como oorrrspon d C' rá s ao meu
e h a mad o die amor, e a t a n t a drli cndeza d r t eu Dcus'I Sendo
perfeita. E como p ode-rá s c h e i;ta r a scl-o 'I Fa 1;em dio como já
te di sse, i mitan do-Me, segui n d o-Me, d�mdo t u do o que te n s
aos pobr<'s, nadn possu i n do, d P i xamlo as a m i zades, as com­
m od i d a d rs c ret i rn n do-tc courn i i 1�0 par.a a sol i d ã o ; si m, pam
a sol i d ão rio teu coração, o n de Me ouvirás d i zer-te : AgO'I'a

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O Bom Combate na A lma Generosa 83

q nc estamos sózinhos, falemos um pouro da ventura, que


po!fSues, sen do chamada para tão n obre fim - a pcrfciçoo
de tua alm a ! O' alma, que '.\fe o uvl'S, falem os um pouco desta
�rande venturo d e seres chamada par.i a pe1;eiçiio. Sabes o
que seja perfeita? Ser perfeita é unir-se a Deus, porque Eu
só uno a mim os que detestam todo o peccado, toda a falta
·-ol untaria por mínima que seja. E tu, ó alma, foste chama­
d a para digni ficaf"-te na minha ·perfeição divi na. Eis a tua
Yt•ntura i nexpli cavel ! ! Como és feliz por seres chamada.
Vamos entrar nos conselhos por mim praticados e ve'I"
!' omo os deves praticar, para seres minha fiel i mitiadora,
p a ra seres perfeita, porque est·a é a tua vocação.

POBREZA VOLUNTARIA

O h ! alma que Me ouves, não e x i sti n do p ohre z a no céu,


clrsci á te'l"I"a e della fiz meu pão quot i d i ano, exaltando a s si m
c•s l a pobreza t ã o repel l i <l a pelos homens. Abnicei-a comu
:11n or, e desta pobreza fiz minha morada, meu piio quoti­
d i a no . . .
Oh ! minha alma, resgatada com o meu sangue, como
prati r a s esta pobreza tão :unac:fa de teu Jesus e p.raticada
por teu Deus com t an t a perfrição ? Queres na realidade ser
JlC'rfeita ? Degrjas ser minha fiel imi tadora ? Siin to qne Me
rlizes : Sim, ó meu Deus, desejo ser pobre á vossa imitação.
E sabes tu como Eu pratiquei esta pobreza, cuja base
I.· a sa nt a humildac:f e ?
Pratiquei-a pc.in cipalmentc n o meu Coração, no m e u es­
piTito, porque esta é que di1 força paro -praticar a pobreza
C' X l crior, i sto é, elos bens caducos ·
e das falaws promessas
que t>stc mundo offerece.
Está escri pto, porque por mi nha bocca foi d i lo :
' ' Bf'maventnra dos os pobres porque dellcs é o reino dos
t·i· us." Oh ! alma que Me ouves, o vC'rdadeiro pobre de espi­
ri l o .eistá sempre co.ntente, porque n a d a deseja d e ben s tem­
porat's, nem mesmo espirituaes, pois, se conforma com o que
lhe é d·a do . Reconhecendo sua pobreza não se lastima,
a 1 1 tPs, na sua pobreza, reconhece que na da merece. A
]Jobre de espírito acontece que goza de uma paz i•nal­
este

ll•rnvel ! E agora posso te provar, que este pobre é bemaven­


t u rado, porque estando cm paz, Eu Me acho n o seu coração.
O pobre é IX'maven l urado, porque nada possuindo, possue­
a m im. E Eu só estou plen amente na a lma do verdadeiro
J H > lire de espírito. Provo o que te estou dizendo. Onde Me
l' ll e ontras na minha v.ida ? Só na pobreza. No prescpio, no
lll • · i o <l•as 1>alha s ; na casa d e Nazarcth, a mais humilde e des-

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84 O Bom Combale na A.lma Ge11erosa

piela de todo o con forto h u ma n o ; no a l l o da cru z, despi, o


de t u dJo tl·este mun do, morre n d o cm tão dura cruz, ti1n do
/.
p or de.sc a n ço l ongos e po n teag u elos espinhos ! Onde mais
Me en co ntras como pobrt• ? Em u m a simples partí cul a de
pão ·e ·c m humilde taberna culo, q u e , poT mais rico que seja,
não deixa de ser uma obsc ur a pri são ! I\ão te a ss u sita , ó
amada minha, esta pobreza de te•u Deus ? Ah ! esta pobreza
exterior é apen a s uma leve i m a·gem da pobreza i n t erior, que
me fez assi m abraçar a po breza exterior. Xa m i n ha alma só
se an i nha va o tle-sejo da humilhação, para te mostrar , que
a pobreza é um bem, sim, um salutar rem-e dio, para des­
prender a alma, pa.ca que l i v re possa voar até aiS regiões do
infii n ito amor. Eu, despreoccupado de tudo o que me rodea­
va , sómente soffria c ex p iav a os vossos p e ccados.
Oh ! m i n ha al ma, tu q1w dl'Sl'ja s st•r m i n h a fiel i m i ta do­
ra , sê na rPal iliade pohn.· de espiri lo, porque si'> aos vereia·
d e i r ame n t-e pobres d e l'Spi rito é dado o dom d a conte m pla­
ção e da união perfeita ! Oh ! emquanto a a lma se achar
� marrada pelas vontades e pai xões do coração, não poderá
fa z e r um só cousa comm i go .
Sim, na ver d ade te decl aro que a i n d'l! q ue as vossas
von tades vos pareçam sa n ta s , perturbam a n ossa u n ião.
O verda deirnmente pobr e já é minha propriedade. Sim, a
pobreza foi s<'m p.re mcu throno p red i lecto nesk mundo as·
s i m como o é la mbem o ooração pobre.
Como é bella l'Sta pobreza voluntaria, que c l ii , o céu á
l ua u l m a : sim, porque Eu son o céu e t u , sP111l10 po b re na
n· a H d atlt', l u do dei x an do pc>1· nwu amor, g•a n h a s l ndo que
sou Eu. o· Ol' lll : l \' l' ll l urada ]JO IJJ'('Z'll que l'az guairdar o pro­
prie> Deus ! A gora, ó m i nha alma, Eu te perg.unto, isto se
chama pob1:rza ? Ah ! não, cha ma-se i sto sabedor-ia, despre­
zar a riqueza deste valle ele l agri mas pam gan h a r a r i q u-eza
l'le rn1a ! Sim, Eu sou esta bel l a r i q ueza, que l'n ch r os Santos
d (' fl'li ci d ade.
Oh ! p o bre za l'h e i a de sabedoria. Oh ! como so•i s sabi;OS
os <Ili'!' a p ra.t i cm•s ÍI m i n h a i m i taç ão !
A l m a qm· :\k ouves, eomprehe n d e·slc hcm a fPli c i d a de
desta pobreza vol u nl a1'ia ? Se n ã o oom prchendoCsle p rocuira '
comprehendi•r, para siores uma copia p erfeit a el·r teu .J<'sus,
que Ir fa l·a sómente porque d eseja tua fel icidade.

CASTIDADE
Fi l h a minha, d•eves ser sóme n te parecida com m i g o na
pobreza ? Não, certamente ; ha•s de Sier uma copi a perfeita
de teu J es u s Crucificado em tudo, eis porque, rhamando·te
á prati ca dos conselhos e v a n gl'li eos, os llrves ' se g u i r com
perfeição.

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O Bom Combate na Alma Generosa 85

Bcnrnventurada a gr ra ç ão casta, pois a compa n h a r-me-á


p o r to ela a parte. Oh ! oomo é bel l a a geração dos castos.
Os c a s tos já n('!ste valle de l agrimas podrm Me ver de um
m o d o mais perfeito.
A João, o aposbolo vi rg r m , fo� dado rep-Ousar no meu
)Jl'i 1 o, porque aos puros é dada esta ve nt ur n j á n este c x i li o
e d l' u m modo m a i s perfeit o n o céu ! Os virgens n a Jerusa­
h· 1 1 1 Celeste repo usarão no meu Coração, on d e prel iba rão aiS
st1:1 ;. d o ç u ra s. A gera çã o pura cantará um Ca nti co novo, que
os o u t ros n f o )lode rão can tar, porque os casbOs são o s pri·
ml'i rns, isto ê, são os que estão mais perto d e meu Coração.
O' ge ração vi rgem, corno és feli z ! Esposa m i n h a, como
és !'diz, s e n d o chamada para fazeres parte desta geraç ão
vi rgrm !
Vamos VC'r, comü drves st>r ci osa rm te consrrvaTC's
s< · 1 1 1 p n• i l l i ba rla. Scr·te·á i s to d i ffi c i l ? Ah ! n ã o, pon111c
k 1 1 s-:\lc n m i m no Divino S a cra me n t o rio amor, como comi·
da p a r a gua rdar-te de lodo o c o n t a g: o t' de l1oda corrupção.
Agora, ó alma que me o uves, e que desejas sei" perfeita
r 1 1 1 I n do, deves fazer como o apostolo amado, recl i na·r a tua
r:dH'ça no m e u pei to, para escutar o q ue João escutou. O que
.!o .�10 rscutou e com p n• h cn d c u ? Escutou que meu Cora ç ão
n rd i n clr a mo·r por ellr, oom pr e h en d ru a beHeza, os en cantos
da p ureza -c• ficou srnclo cada n•z m a i s fascin a d o por esta
bl' l l :i vi rtude.
Tmnbrm, t u , drvrs como João rr c l i n a r no meu pei to,
q u ; i ndo ·t i vr.rrs a vrn t uru de M.r rrr.rbl:'·r. c, <'Omo .João es·
r 1 1 l : 1 1· q n c t r amo i n fi n itamcnlr ; <ll'Vl'S a1.n d�l l'Om )}rrh rndc-r
a fl' l i ci d a d e que te fo i dada, consrrva n d;o-t·c virgrm, porq ue
sr1·:'ts llo n u m rro d e sta gera ção bemaventuradia. A purem
mos l!·a, a qu e m a pratica, a n ecessi d a d e de ser i n timo
ct, m m ig-0. Vêde João, Eu não lhe d i sse : repousa no meu
Cora ç ã o ; com-0 nellc brilhava a p urr za , sentliiu que meu Co·
rn�· ii o !>'(' a ch ava triste, pocque um d1os. d oze se ia perd e r ;
ve n d o i sso, d r·SAC"jou rcpara•r aqurlla i n grati d ão, abraça n d o
s e u \lest·re r d i zcn rlo-Me silrncioSlflmcn.l r : V ê c o m o eu t e
a m o , ó \1cstre a doravrl .

Oh ! como é bella a p u rc z.1 ! Paz vêr a q uem a pratiC3 o


rlt· Y1'1' de re1>a rar pt•los seus inu ãos i ngrato s ; portanto, almn
que :\[e ouves, al<.•gro·te, i m m e n sa é a tua felicidade !
Agora, te p <.�rg u n to, e.orno p rait i cus tu esta purrza ? Ale·
gra s · l e, quando u sua pratica t ra z algum sa cri ficio, o u fa zes
o c o n tr ari o fi cando com isso enfadad a ?
Oh ! se d.esl'Jas ser uma copia pedeita d e teu dJo.ce Jesus
CruC' ifi caclo, ama a tua vocação, sa c11ifica-te por sru a mor,
Por q u e cll a te t01rna s.r mrlh a nte a mim.

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86 O Bom Combale na Alma Generosa

onEDIENCIA PERFEITA

Se d·e.sej•as, ó alma que Me escutas, ser uma copia per­


feita de teu Jesus Crucificado, deves sc-r obediente e m tudo
e esta 1obediencia ha d e ser p erfeita, quanto .te seja possivel.
A obcdiencia é perfeita, quando obedeces, somente
guiada por este espírito de fé, que te dá t•a nto merecimerito,
d i zendo : Por ·amor, meu Deus, obedeço a esta superiora
a utorifa1rfa, muitas vezes até i n delicada ! Sim, a tua obedlien'
ei a se torna perfeita se obedeces a esta superiora, por meu
a mor, sem reparar se é a utoritaria ou indelicadla.
A tua obediencia se1rá perfeita, quand·o obedeceres
promptamente á imitação de m i nha Mãe, o uvindo José lhe
d i zer : Vamos p'.lra o Egyptio, e Maria n em lhe perguntou
porque motivo ! Oh ! se a t u a obediencia assim fôr, Sleni
promplta e perfeita. Será a tua obediencia p e rfcita se fÕl'es
alegre, isto é, sem mostrar repugnan cia exteriormente. E'
verdade que mui tas vezes certas -0bed iencias causam repu·
gn a n das á n aturl'za, emquanbo e-s.ta não se acha con forme
o espirito. Que fazC'r nC1Stes casos? Aceitar, por amor de
mim, ésta rebellião da n atureza e esmagarr com um sorri so
a sua repugn a n cia.
Certas almas se l'nf.ristccem, quando vêem quanto lhes
custa obedecer. Não SI' devem entristecer, mas, sim, fazoc
um acto de humil dade, lembrando-se que as suas paixões
a i n d·a n ão estão mortas. O' alma que Me ouves, a n aturem
é tão perversa, que muito·s de meus servos sentiram os sem
aguilhões até a hora d a m01rte ; portanto, sentir n ã o quer
d i zer que a obc>d ienoia sc>ja i mperfeita, mas, consentir, mos·
trando contrariedade, isto é que faz com que a obediencia
n ão seja perfeita.
Já te disse, ó minha alma, como dcve-s esmagar est.a
repugnia n cia da n a l urc>za, pior meu amor, intedorrmente e
exteriormente, mostrando um doce so 1Ti so a quem te'
manda.
A obeddencia }lara ser perfeita deve abranger todos os
pontos, isbo é, deve ser em tudo, até nas cousas mais i nsigni·
fican tes.
À obedienda }lara ter brilho diante de mim deve ter
d( sejos de sa crificios. Para que melhor comprehen das digo
c m• uma religiosa obedi c>nte em todos os pontos das Consti­
tui ções, do Din•ctorio e dos conselhos de sua Madre, ainda
não está contente, porque d eseja que sua Madre lhe peço
sa crifi cios. Esta reliigiosa brilh'.lrá como o só! d i ante de
mim, porque sua obedi e n cia completa, tem ai n d a d esejos
altíssimos, como são os de mostrar-Me seu amor, por meio

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O Bom Combate na A lma Ge11erosa 87

de sua obediencia até o sacrifício. Esta obediencia é seme·


lha n t <' á mi nha, que Me leviou até á morte da cru z !
A obediencia, que n ã o deseja o sacrificio, n ã o é com·
pkta. Fique aqui bem claro que a i n da que tenhas desejos
d<' sacrifücar-te, o sacrifi ci o não d eixa d e ser sacrifício. Se
assi 111 te falt0 é porque muitas al mas pensam que, quando
lhrs custa o u têm repugn ancia pelo s'acrificio, este não Me
é a.qradavel. Ah ! n ão, o desejo do sacrifício não lhe tü..ra seu
val o r, que consiste em ser sacri fício.
Se Eu não s·entisse dôr, nem abandono do Pae no alto
da c ruz, que valor teria meu sacrifício? Portanto fiquem em
p a z a s almas que têm horror ao sacrificio, porque este hor­
ror !._· u ma fonte de merecimentos. O que tira o valor do
sani f i c i o é quando, de sejanrlo evitai-o, se mostra a todlo o
m u n d o a repu1gnancia que elle lhe causa.
Portanto, alma que Me ouves, a tua obediencia te to•rna
scmrlhante a mim crucificado, quando esta fôr perfeita,
dr�ejando seres mandada em cousas que te causam ho·rror,
isto é, que te dêm occasião de te sacrificares por meu amor,
as�im como Eu, obedecendo, senti as mais vis humJ l hações
e os mais terríveis tormentos.
Procura, ó m inha alma, gravar estas l i ções d e amor,
e, sr fôres obediente oomo aqui te foi d ito, a tua obediencia
será p e r fe ita .

A MANSIDÃO

Mostrei-te, filha mi nha, corno c'l eves praiticwr os conse­


l hos evangeli cos, mas, para te te>rnarcs uma c-0 pia perfeita
d e teu Jesus Crucificado, é n e cessario que possuas todas as
qual i d ades d e meu Coração. Eis porque vou te mostrar como
d Pves copiar-Me na nrnnsidão. "Aprendei de mim que s o u
manso e humilde c'le Ooração."
Alma que Me lês, te>dás as palavras que proferi devem
ser ouvidas e cumpridas, porta nto, se disse : Aprendei de
m i m que sou manso, é porque esta virtude acarreta a quem
a p ra t i ca mere cimentos inauditos e i n comprchensiveis a u m
mort:i l.
" Ilemavcnturados os mansos porque cllcs possuirilô a
'
terra ! " Sim, aos mànS<ls lhes é dado a conqui sta dos povos.
Conquistar um coração para meu reino é a maior das ven­
turas e a mai s sublime das victorias ! Eis porque os mansos
os chamei de bemaventurados. Quem pr at i c ar C>S'la bcUa
vi rt u d e de meu Coração, torn a-se semd h a n t e a m i m e todas
as �nas obras Me são agradaveis.
Quando estiv<'>rdes aos pés do al i a r e v,os lembrardes
Qlll', por causa de ve>sso modo de p roc e d er, o vosso irmão

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88 O Bom Combate na Alma Generosa

tem qualquer cou."'1! conitrn vós, i de pri meiramente recon­


ciliar-V10s com elle, procura n d o o meu representante, o meu
minis.tro. Amada alma que Me lês, a lira Jam-.i.is teve parte
commiQo, port•an t o, tod•as as faltas con trn esta bella v i rtude
são obstaculos p-ara nossa un ião, pois mui tas viezcs vos tenho
dito que a ira é o carnctc>r pro 1 1 rio d os d t•monios, emqua1n.bo
a mansi dão é o ca ra cte r dos meus filhos, porque> esta qua­
I i d·ade é minha e por ella o m u n d o conhecrrú que> nn 'l"e'ali·
·

dade sois me us.


Bcmaventurada a geração dos mansos, porqul' a ella
lhe e st á resl'rvado o rsmaganw n t o da besta d a s sl'le cabeças,
que são os sele vícios capi t a es .
Comvrrhr n d r st r , ó m i n h a a l m a . pnrqm· rha mei de
hl'mavl· n.Lnra dos os m a nso s '! I >n s honw n s até o d i a d·e hoje,
11011cos rora m , m u i t o l l'(JLH'Os o� q u l' comp rt>ht· 1 1 1 k ra 111 esta
neccssidmlt· e a i n l t • n s i <l a i l P . 1 �1 pra t i ea 11Pslas m i n h as pala­
vras ! Portlsso, fi z hro l a r dP nwu Coração a la n cearl o uma
gcr.a ção de m1anso.�. , qnr piovoarão a !l'n·a, d i stribu i n d o assim

O
em iabundancia o m el rle meu doce Coração !
Coração manso é m i n h a morada de p rc d i lecç.ão, pois
nellc só ha miseriooird i a !
Vêde como os que Me comp rehl• n deram n l'st e ponto são
m i seri cordiosos ! :'\ e ste s cora çôes habito l' dellcs faço o
thf!ono de meu perdão.
Vêde o sacrario, que, s !' m p rp !1 di sposi ção d o sacei­
dote, é throno <f.e m i st>r i c or<l i a ; sacrario meu são aci n da os
C'Orações mansos, que est ão sempre á minha d i sposição para
exercer por ml'io delles a m i nha mi sc>ricorrlfo.
E tu que quCTP'S ser semel han t e a mim, n ão de&ejas ser
l'!lte bello •sacrario, don d e Me possa d·ar a todos ?
Se desl'jas Sl'r este bcllo sacrario, sê seml'l h a nte a mim,
prati candlO, por voto, esta bella v i rtude, a q ual te d·á tão
altas prerogalivas, como sã'O a conquista dias al m ais , pa.m
meu reino, fazendo de tl"u coraçPo e de tua alma o meu
throno de miseri oord ia !
Bemaventurada és, ó gt>ra 1;; ã o nmnsa, porque tu serás a
l' smaga dora da besta i n rernal, dando assim a prcl i baT as
doçuras ele meu Corn çã o ! O' alma que �le l ês, t>nch e-te de
santo enthusiasmo, e prat i ea esta bt•lla vi rtu d e á custa de
qualquer s.a crrifi eio, porqul' u m rl i a bemdirás todos os sacri­
ficios que ella te sugerir.
Desejas ser semelhante a m i m , Eu bem o sl'i, e como
i slo Me alegm! Sê-o n a realida de, bri l ha n rl o nesta virtude
d i ante de mim como o sól.

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O Rom Combale 11a A lma Ge11erosa 89

O ZELO

Es.t:i, porven t ura, <'Otn:pJ.l'lia a nos&i o b ra ? A h ! não


a i n d a ; é l a m be m nc cessario o zelo pela minha glorla, scm
o q u al a mansidão não se t ornaria ag·r adavel a mim. Ei s ·
porq ue, ó Filha mi nha, a ma n si dão d eve ser alliada ao zelo,
d i zt·1Hl o : O zelo de meu Jesus devora -me, impulsiona-me.
F:w•i que Eu arda no desejo e na p rat i ca deste zelo. Este
zp l o . uma a lm a , que l\fe ama, deve terr.
Foi 'º zelo pela gloria de meu Pae, que :\le levou a tanto
sa n i ficio, n ão poupando nem mesmo um coração d e '.\lãe !
O' nlma, que t a n t o d esejas s e r mi n h a copia pe rfeita ,
1ln!'s ter este zelo, c1ue te leve aos nHiores wcrificios,
q 1 1 ; 1 11 d o se tra ta r da glo.ria d e teu Deus e d·o reinado de meu
a11 1 o r nos corações. O z<'lo deve ser um aguilhão amoroso,
qw· h· ha d e trazer S<"mpre vigilante.
()' a maroS-O agui lhão, que n ii o �Ic dava rcpouw, e l\fc
frz 1k•sej a r os mniores tormen tos, as mais ignomini osas
afrrontas! ! Quem possuc este aguilhão divino não tem re­
p o u so m•st-c mundo, a não ser qu and o cm trabalhos pela
ex pansão de meu reinado nas almas. Foi este divino agui­
lhúo, q ue n ão dci x•ou cl orm i r os meus servos, ao contrario,
se11 1 p re aoordaclos por este d i vi n o aguilhão, de'!"am-Me tantas
al11 Jas. O' alma, que queres ser copia perfeita de teu Jc>sus,
não o serás se n ão possuires este !Í'esej•'l vehe me nte de Me
difl'undir no mefo d as almas. O zelo de minha glor ia, te
d t• \·on• e te faça estar sempre com a lampada a ccesa, para
t :; i z ;· n•s ao m e u a pn·isco os que w a cha m nas trevas.
O' zel o bemdito, tu farás de minha geração mansa.
gtl !'rrei ros i ntré pidos e <'smaga dores d a besta i n ferna l !
H eveste-te, Filha minha, das p re-rogntivas desta quali­
d a d t• que deve possuir tua alma - o zelo. Ama este zelo, e
se n ão o tiveres, ad moesta-te a ti mesma, faz tudo o que
esth·<·r a teu alcance para seres i m pulsionada por este d i­
\'i n o fogo.
IMITAÇÃO DE �IARIA

Estará j á completa a nossa al ma ?


Ah ! n ão ; Esposa m i nha, para se-r pl"rfcita a n ()ssa obro,
fal i a a i n d.a a i m i t ação de '.\fa ria, minha Mãe ; não só _dev e s
imit ai-A, mas ainda para sl"r completa a no ssa <> br:f � po r
amo r, t o m a rás a obri �a ção dr falar dt'st.a Mãe a quem..?nto
a m o . 1• d a qual fiz a distribuid ora de meus d i vi nos fa\rores.
Eh porque, ck11oi s ele s ere s Cid i m i t a d ora das vi-rtud.es d e
M a r i a , d t•ves, por n m or, fa lar drs! a q ut• foi cscol h i d u , <• n l rc

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90 O Bom Combate n a A lma Generosa

todas a s m ul h el'es, para sei' a m i n lrn escada, para descer


até vós e para vos l i vrar cio ca p ti v e i ro do peccado.
Oh ! co11110 é bell a csla escada ! Como é bello <.•ste Cora·
ção de '.\1 à e ! Ei s 1>o·rq ue vos l'scolhi, ú g e ra ç ã-o mansa, para
que, J)()r a m o r, fal P i s d esta :\lãc ú <111�1 1 t a n t o amo. Ma.ria
1kvc ser c on h e c i d a na s ua JH'rfci ção, nas s u a s qun l i dades
de Mãe amavcl e de seu valor d i a n te de meu Cora ção. Elia
é a distri buidora. de todas as grnças e de toda a fclici dlade
que sou Eu mesmo. S i m, '.\fa ria é a d i stribuido,ra d a s divi nas
esmol as, q ue sou Eu m P s m o ; <' i s porq1w, se desl•jas ser
1·um pld a n a l u a i m i l a ç à o para 1·0111 1 1 1 i go, h a s d l' Sl'r esta
fi l h a a mo ro.sa l(lll', por a m or, faz u m voto d e fa lar desta
Mãe, e q ue até o fi m sp1·<'1 a r i q ueza 1k1 gl•ração m ans a .
Porta n t o , ó m i n h a a l ma , p n•parn-lc p aira :\fr d a res e sta
co n solação, lJ lll'. 1·om pll' l a n d-o a t u a p1• rfeiçiio, te d a ní uma
bella e cncn n ta d o ra morte n o s braços 1k•sta Màl', 11 u e se faz
toda de quem a ella n• eo1Tl', e que se d :i , como riq ue za, aos
que forem mansos.
Teu Jesus Crucifi cado que ll' di z : Se fizeres tu d10 o que
aqui fi ca d i to, serás m i n h a fiel imitadora, bri l han d o como
o sól d htnte de mim.

L i cções de a m o r n o L iv ro d iv i n o
DO. GETHSE'.\IANI AO CALVARIO

A LM A d i tosa, o que d·es('j{l s ? Ouço que M e di zes : Amia:r-te,.


Senhor, c omo vós me a miles !
Sim, alma m i n ha , cste teu desejo Me é m ui to agradavet
Pergunt·as-me se é rliffi cil M e nmar? Não, almQ ve ntu·
rosa, n ão é d i ffi cil, pois amar-Me depende som e nt e de tua
bôa vontade.
Escuta como os a njos cant a m n a t e r ra paz aos homens
de b ô a vontarle ! Vejo, m i n ha filha, que está anciosa para
que te ensine a Me amiar. Como i sto Me agrada. Ouve bem,
reti ra-te á s-0lidão de meu Coração, 1>orque o t e u é muito
pequeni no, para encerrar a m i n h a i mmensidade.
Vou-te l'ncerrar n o m e u Coração amargurado n o Geth·
semani e ahi d ar-t e -e i uma l i ção d e amor.
Em ve rda d e te rl igo, se c>stivcres bem attenta, sahirás
d a q u i fo1ie, sabendo-Me a m ar um p o u co mais.

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O Bom Combate na Alma Generosa • 91

:\lu i tas almas Me pe.rguntam : Como vos amar? Com �e


am:1 . Sc n ho,r ?
Esc uta, m i n h a d ilecta, oomo s e a m a . Ama-se mo E u cÕ
amo r como E u a m e i n o sacrifí cio. Entra , alma q u e Me
o u w s . no meu Coração amargurarlo, e d i z-:\le o que estás
srn I i n do.
O h ! Se tua u n i ã o commi�"O a i n rla não é perfl'ita e não
te d i· i xa experimentar urna gotta do meu calice am argo, ao
m r n o s escuta meu Coração te falar. O meu amor é tanto
e Li n forte, que Me fez abraçar todas as ignominias, todos
os i l i·sprezos, os mais vis e nojentos. O' m i n h a dilecta, vê
que c n l i ce a m n ri ssimo, que cali ce nojent o tenho de beber !

Vl· q 1 1 a rntn i m m u n cl i ci e neste cali ce, vê a asq ue ro s i da cJ.c desta
m a l < ' l'it.1 horri pHnnk, q u e sae d a bocca cfo>S i m p urlicos, dos
bl a � p l w mos, dos esca n rl alooos, dos sui ci d a s, dos sl'cta -·ios,
dos pl'rsegu i d ores d e minha Egrrja, dos profana dores de
mi n h a casa 'C cl'c m i n has santas leis, emfi m d e tod10s os pec­
ca d o n•.s, vê que calice t e nho de bl'bt• r ! Oh ! Como meu Co­
raç:io e m i n ha alma gemem sob este peso e á vista deste
cal i 1·1'. O' a l ma que desejas uma lição de amor, aqui kns
cs 1 < 1 l i ção. Por , amor bebi este cali ce até a ultima gotta !
O ;1111or ti rou-lhe seu amargor ? Ah ! n ão, mas o amor foi
o ( ' : d i et• q u:e serv i u para reu n i r todas essas irnmu n d i cies
e })( ' i ll' l-as até o fi m ! Oh ! adrni ravel li ção d e a mor! O amor
não clerninudru a dôr, mas é o cali ce de ouro, que faz adoçar
as penas rl ia nte de mim !
Vê, a lma , corno se ama no sacrificio apresentado pelo
am o r !
Triste a t é a morte ! Sim, uma tristeza mortal i nvadi u
m i n h a alma e meu Coração arden te de sacrificio, t ran shor­
clau i l ' d e a mor ! Oomo "-"S póclt• explicar ist o '? Triste, um Deus
qUl' i l l·st•j.a va clar a vicia com tanto a rd o r ?
l ' erguntas, ó alma que M e ouves : Porque fi quck.fle s la
trist1•za mortal ?
Vacs re ceb er u m a outra l i ção de amor. Fiquei nesta
trisll-za mort'al por causa de m e u grande amor paria co m
as nl mas.
\ h ! quando vi m u i t'fl s se perclcrarn, quasi dcsfalleci de
dôr ! \' l>r u m filho perde r- s e para sempre, oh! que dôr !
Fui tlio ·grande a m i n ha dôr, q ue transbord10u nas lagri­
mas de sangue e no suor almn dantissimo, que brottou de
meu corpo !
() u e l i ção de amor, alma que desejas a p ren de r a Me
ama r ! Oh ! o amor, q uando é verdadeiro para commigo, faz
com 11 ue meus servos sintam immensia pena, quando vêem
uma a l m a se perde'!',

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92 O Bom Combate na .4 lma Generosa

Oh! alma, que desejas aprender a Me amai!", tens estes


sentimentos de teu Je sus r de meus verdadeiros servos ?
Ou és indifferentc qua ndo se tmta de negocio lã-o impor­
tante - a salvação d1a;s alnm s ?
Quem sabr dize.s que �fe a m a s e que desejas Me amar;·
entretanto pouco le i m p ortas, quando se trata da snlvação
das al ma s !
Não é assim que Eu proc"t'di. Não Me v ê s aqui pros­
t rado por terra vergado sob o peso da esmagadora cruz? !
Oh! alma que tanto desejas �Ic amar, aprende aqui
como se ama, não te il l mlas, é na dôr que se ama, pois, na
dôr te 11ro.vei meu amor, ah! repito, não te mudas, porqti e
não ha amor sem dôr.
Hesejas mads l i çõ<>s de a m o r ? Ouço que l\lc dizes que
sim.
Escuta então com altenção. �luilas alma s �le dizem :
Senhor, eu vos amo, d esejo dm· minha vida para vos provar
meu amor, mas não é isso que mostram qua n d o chega a
hora cfa re al i dade, a ho·ra da prova !
Di zem-�fc : �leu .Jesus, t u d o, menos esta dúr, menos
esta provação! O que dizes, alma que Me ouyes, destas que
·assim pl'occdcm? As que assim procedem estão muito ane­
micas .no amor, porC[m' quando chf"ga a hora sagrada de
l\l'o 'testemunharem, n ão t ê m forças, nem confiança. Sim,
confiança, porque a a lma, a i1nd a que sr sinta fraca, se tiver.
confiança rm mi m , rrsist i rú, pqrqm• sa b r C[lll' n ã'O são s.uas
forçm<; ·n atrnrars, que lhe darão as ene rgias neccssiarias para
l'rsisti r, mas sim, a minha graça, q nr tudo púrle.
Alma, q u r '.\lc ouves, Eu l a m bP111 no G P l hs1•m:111J, quasi
t l (•sfallcci de itôr e de ]lena, poré·m. ron fiPi nl(} Pae e o Pae
�fo r n viou um A njo, q u l' conforto u m i n h a nat ur eza en fra­
que c i d a pela força da dôr.
Gtfno, rlir:is tu, n ;;o ti nhas d e ntro escon dida na tua
nat u reza a Divindade '!! Sim, minha Di vindade estava esoon·
elida 1lrnitro de minha n a t urez:1 humana, mas, se pedi auxilio
a o P a e , foi para k ensinar a pedir e para m ostrar a O'S ho­
mrns, qm', sen d o Deus, niio dt•i xri de soffn•r n a minha
naturrza hum a n a . A n a l llrl'za divina não sofrreu, porque
('St a não pórl(' soffrer, e i s o m ot i vo porquc tomei a natu·
rrza hrnmiana, pa•ra ]}Ocl c.r so ífrc·r e ass i m clar·vos as mais
brllas l i ções ele Amo.r !
Alma, que Me o u v rs e q u e tan lo descias s:i br r '.\fc amar,
aqui no Gethscma n i k n s arlm ira ve i s l i ções d e a mor! Vê
como Eu cksfallrd dl• p e n a , e p o r krra b a n h a do c m sangue,
dcs('jci os m e us a m i gos ao meu l aclo. Eis porqm', ck p oi s que
.\le pnd<' kva n t a r, fui ú sua p rocura t• l h l•s d is.se : :\'l'm ao
nH:nos p u d e ste s velnr uma l.wra cu111 111 i go '! ! Aehamlo·os dor-

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O Bom Combale na Alma G e11crosa 93

1 1 1 i ndo, m eu Cor ação se en tri st ec e u, })Olrque, amanclo-os,


d l·sl'j ava qu e se compadecessem d·e mim !
Filha min ha, qu'C'm sabe muitas vezes l ambem te entrúiS·
l l · ces, qu a n d o te s e n t e s fraca e ve rga d a sob o p e so de uma
c rn z ; procuras então o s teus verdadeiros amigos, p a ra que
l t · aj u d e m !
Será que i s.t-o !\fr en t r i s te ce ? Ah ! n ão, com isso pro­
" u ras força para melhor soffrcr, o que é sa lutar e n ão
ro1Hl l'm no, p orque sou Eu que suscito t a ntos cyrencus para
"� al ma s, que continuam a m i n h a Sagrada Paixão, p-orrisso,
q 1 1 a n d o t.ivl'res n eeessidacle d e um cyreneu, n ão te crutris­
l l' r a s, lem bra-te a q u i (fe m i nhas l i ções n es te Horto de d ô r

E u l a mbem fu i :'t procura rle meus amados ami gos e


l ' ·angust i a s !

1 · x elanwi : Pae, se e possível afastiae de mim �·ste calice, m as


q 1 1t• n vossa v on t a c h• S (' c u m pra l' n � o a m i n h a.
E qual era a m i n h a Vontade '?
A mi nha Von1ade é a d o Pa::-, l' a do Pa e é a ml'.nh a ,
p o re m como minha . n a t u reza l' m i n h a alma rep e l l i a m a dôr,

'. l i' : Bebc até a .



ti Pa l' c n v i o u-'.\fc jo me n sa·ge i ro de sua Vonta de a d i zer-
a go tt a o. cali ce, po•rq u e esta é a Von-
a é a tua Vo n t a d e tambem de morrer
r r u c i ficadio, ainda que tua natureza pa r eça d"esfallecer. A
Li d C' d e teu Pae,

\' o n t a cl P d o P a r , que é a vossa, vos levará a abraçar a i gn o·


m i n i a e a dôr !
Oh ! alma qur '.\[e ouves , o a njo assim '.\fo falou ; n ão á
1 1 • i n ha d i v i n d a d e , mas, sim, :í m i n h a al ma, que se a cha v a
P l l l a go n i a, falou á mi nha n atureza h u mana, q ne se a cha va
Y 1Tga d a sob o p eso d os }J('ccados da huma n i rl ad e !
\'ê qtw l i ção a d m i ranl para ti ; sendo D l' u s pedi auxJ­
l i " : s1• n cl o D r us, um a njo vei o-Me dar conselho e força !
()' l i ção de h u m i l d a d e ! P or t a nto porque te a ssu st a s ?
l ' orqur tens necessi dade dos conselhos e d a fo.rç,a 4os me us
a njos, que são os mPus l\fi n i s t Pos? Mas, ellcs são os a nj o-s
q 1 : t· po n ho ú disposiç:lo d a s almas, que desrjam Sie r

Podia o proprio Pae falar commigo e l evantar m i n h a


J H ' l' íc i tas.

n a t ur·r za h u m a n a , m a s Eil l e enviou u m a njo, pa.J'a t e d a'r


h o i l' c• st a l i ção de h u m i l rl adc. S i m , se desejas andar com
s r:..: n r a n ça, con sul ta estes a n j o s que mereçam este n o m e,
J l < : ! "llll<', p o r i n fC'l i c i rlarl r , não s:lo t orl os, qm· mere cem mi-
1 1 h a ., l u zes ! Qua n d o rl c-sejan•s consultar n um ckst es a njos,
\'1� t' p rc scru t a se ell<' tem v i d a i n teri or, se se Pntretrm
<'0 1 1 1 m i go , porque se isto ni.io fi zC>r srr:í só pl'<lra de escan ­
d a l o.
A l m a que '.\11· om·1•s, q u a n t a s l i çôes r!P a mor nn nwu
C " r a �· ü o ! ( i ra va·as bem no teu coração e n a hrn al m a ; sê

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94 O Bom Combale na Alma Generosa

diligente e con fi a n te, po rq ue ai n da q u e cai as muita s vezes,


tens-Me a m i m como Pae, Amigo e &poso para depressa
te l evant ar e co nti n u ar e s a tua j orn a d a .
Desejas mais l i ções ? O u ço que l\le dizes : Sim, ó meu
Deus, d esej o ser instruli.da parn sa ber·vos amar. Como estClll
teus desejos Me a grad am , vou-te con duzir á e n trada do
Gethsemani, aon de fui ao e n c on tro d os soldados .
Que li ção admi ravel para tua alma, que tan t o deseja
Me 'amar.
Sabendo que a hora esta va )lroxinw, Eu mesmo fui ao
en con t ro da sol d a d esca, t l i z r n d o-lhe : A qurm procuraes?
Aqui ·rstá qurm procuraes.
Depois d e lhes l l•r mosl ra t l o q m• l'ra De us, ent reguei-Me
a cll a como um m a n so cor1k i ro, porém não l\lc receberam
como manso cordeko, porque l\le a marraram com tanta
crurld a d e, que Me <•nkrra ram a corda nn c�i rnc. O' lição
a d mi ra vel d e amor !
Alma qul' )le ouvc•s, ha pouco s i n st a n t r s na visão d o
fu t u ro, t i nha prrsenciarlo o s :il gozc•s Me lo r 1 tn·an 1lo, Me
" m a M"a n do, Me fiagol b n do, t u d o '''º "�º" cm ,. go n i a ;
µorém n ão d e i x ei d<.• ir ao encontro do artyri o ! Vê como
se ·ama e n o mc:io do sacrifirio e d a hu ção ! Antes dos
sol d ad o s :\fe prrnd ercm, o p o bre .J udas r osculou na face,
e• Eu n ãQ rl'j ei ll' i seu osculo, n � o o lan cei ]lor terra, nem
tão pouco mu d ei rle rihysio n c m i a ! Com a m i nha calmo ha·
bit uai e prn p ri a de um Deus fri t o homem, dissr·lhe : A m igo
a que v i esitr ? E' com um osculo que Me trahcs ? !
Amigo ! . . Com que a m or ]Jro n u n cu•1 esta p'lllavra
" Ami·go " ! Sim, sua alma criad·n para o céu, custava-Me im·
mcnso vêl·a 1n-c•sa 1wlas garras i n fco rn a c s ! Oh ! dôr ! A p e sa.r
clc• sc>r DC"us e• 1k kr us:u l o para com d h· d l' tanta caridade
c• ma n si d ã o , .J udas se perc l l' u ! O que I.· isto?
Alma q ue :\le o u ves, o houwm se salva súnll'nlt• se• tem
Yontade d e se salvar, e .Ju das n ã o quiz se sal v ar ! Eis porque
E u n ã-0 pude fazl'r cou s-.i algun:a cm favor claquclle cora ção
l'm pedcrn i do, porque cst:'t cl c•t·.n· t a d o que só os homens de
hôa vontmle serão salYos. Eu rrsprito a l i be rdade dos ho·
nwns, o que c•xpliea que .J u d a s não se sal vou ]}(l1rque não
quiz, a J)C·s::i.r de Eu lhr falar l' dle tocar com seus lab i o s na
m i n h a sagrada Face ! Quantos pecca do·res, ao 001111l acto com
u ma rel i q u i a de u m santo, SI' con v t•rt c m ! E' q u e são de bôa
vonta de, m i n h a groça os co m move e se r-0.n vc rtem. Quem
n ão quer porém se salvar, nnrre nos srus desvarios e cri·
mcs, a p e sa r de meu d<•scjo d !' a t orlo s salvar.
P,rosigamos !l a s lições de am oir. Como um ma n so cor­
cll'iro l\fo e n t re6'Uei ao� i n i m i go s ! Alma q ue tanto desej as
aJJre nder a )fo amar, vê como se ama, c n t:rcga n do·.Me ás

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O Bom Combale na A lma Generosa 95

mãos dos ·algozes m ansamente e por amor ! S i m, foi o meu


µ:ra n d c a m o r por ti, que Me le vou á entrega tot.al de todo
" nu•u sêr á dôr, e, como um co rdri r i n h o , sem n e n huma
n · p u l s a . A p·c sar de SC'r D e us e S obe r a n o SC'n hor de tod'O o
c· n·.a<fo, Pnti:-eg1wi -).fp, d i zr n rl o ao Pne : Eis aqui o Co['de i ro
c · :\).fat,f orio, i m p l• tra to r i o e sa lisfatori o ; não :\1.e po u pe i s ,
p o rque 1ksPjo povoar o v o sso re i no .
Alma, q u e t a n t o desc•jas aprender a Me a mar, é assim
q t 1<' se ama. F:izc•s tu a ss i m na hora d o sacrifício ou m os-
1 l ' : t S cont·rarirdadt', fa l l :i n d o a m a nsi d ã(), vi rtude p redi l e cta
ele mru C o ra ç ã o , e• que faz hri l h a r as obras rlc nwus v cr da-
1 l t · i ros servos i l i ain t c 1lc m i m '?
St• desejas '.\le a ma r, faz o q u r Eu fi z ; P n t rega-1.c n as
m :i o s de t eu DPus 1 1 1 n m>:r nu•n t t', sem repulsas, 1wm contra­
l ' i l ' c l :ull' ; vê em t ud o que t e acon l l'ce o te u Dt•us, e se a ss im
fi zt•res, és ml'strc n o a mor, porque só se pódc a m a r n as
ohras, na dôr, na tribula ção, t• m fi m cm t u rl o que seja trn­
lial h o ou oração, que cusite. Vê oomo o que te digo é u ma
n·a l i dade. O A m o r d esceu á t erra e tomou uma nat urem
h umana, para, por meio d e l l a , sorf.rcr, p a d'e c e r, c h o1" ar e
m o r rer para mQStrar-te qu a n to te ama ! Sim, a minha i n car­
n a ç ão no s·ç.io de Ma r i n é um surto de amor ! Vê co mo a dôr
" o saori füciq .sã'b o tra nsbcwdanw n l o d o a mo.r operoso.
Entreguei-MP ·aos algozes nHlllMi m e n t e , porque a m a n­
s i dão é reflexo de bon d a de e 'le v e r d a d e i ra caridade, de
que está re pl Mo o meu Goiração.
Vêd•e o apostolo dizendo : Deus é todo ca ri d a d e , eis
porque Me e nt re g ue i delicadamente á Mansidão Divina. A
n a t u reza a faz aograrlavel a Deus, poo· i sso se desiej n.s perfu­
rn n r torlo o teu sêr, p m t i c a esta vi r tu d e , porque és t l'mp lo
e l a S a nt í ss i ma Tri nei a d i'. S i m , cs1á e sC'r i pt o : A t odo aquclle
qnl' g u a r d ar m i n h n palnvra e a puzer em pratica v irem o s
:i clle e neHe fa r emos nossa mom d a , ( S . J0oão ) , porta nto,
romo momcla no.ssa, rleves te Psmerar em p erfu m a r todo o
l l ' u sêr. Paira S<.'rem moll"ada d e um D eus, certas almas v i v e m
a se last i ma r, rlizend-0 corno amarei a m e u Deu s , pois não o
sei amar ! A's al m a s que a'.>s.! m {'Xclamam, rligo-lhes : Fazei
o q u e Eu fiz e sere i s mestres no amor. Par.a Me a m a r não é
JH'<'ci:so t e r a rroubos, nem tão pouco Me v êr com os olhos
dn corpo, n a da d i st o é n e cessari o ; pnra l\k amar é ncces­
s � 1 i o fa zer s ó m e n t e o que Eu fiz, t rabalhar, rczm·, a ceitar
o �; a r r i l' i c io , a obe d i t• n c i a, a h um1i l d a d e e t u d o po ·r amor e
com m a n s i d ão, da n d o tempo ao frmpo e cada cousa na sua
lwra d etm·mi n ada. E' assim q ue se a ma, é ass i m que Eu te
anwi e te amo.
Vê, alma que Me ouves, que li ções admiravPis de amor !
Agora não pó rl·cs rlizer que n ii o sabes corno me h a s de ama�·.

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96 .O Bom Combale iw Alma Ge11eros11

Vamos aos tnibuna es, on<k uma sa crilega mão se l e van­


tou contra mim, esbofeteando o p roprio Deu s ! Que dizes
aqui, de um Deus que se dei x a assim humilhar, permittindo
a um pobre i n feliz que lhe forisse a sua sagl"ad.a Face com
uma trem e n d a bofetada ? Que di zt•s d a rcs1>osta de teu Jesus
aos algozl'S : Se fiz mal, dJzei-:Mc em que, e se fiz bem,
porque Me feri s ? O' l i ção admi ravl'l de leu Deus, l i ção de
humi ldlade : Se fiz mal, d i zei-:Me em que ? Podia lhe dizer :
Vêde que estaes fori ndo o Filho de Deus, mas, n ã o ; co m
toda a humilda d e pe,rgu n tou-lhes : Se fi z mal, d i zei-'fc em
qut> ? Quiz provar-lht> que l'lll m i m não h a v i a culpa, P isso
com ti0da a h LLmildad P ! \'1\ a l ma (!lll' 'IP desejas a nw r. que
é na santa humildade que '1e pódes m ostra r o teu amor.
Quantas ocoasiões tens de praticar cs1':1 v i rtude ! Quantas
vezes fôres i nterrogad a pelos teus Superiores como proce­
derás? Deves proceder com I od a humil dade, mostran do a
verdade, e d epois acr.rcscenl1and-0 se f.i z mal, dae-:\fc uma
pc>niten c i a ; e isso a i n da que estejas innocente, po.rque o
m erecimento está cm ser i n n : cente e passaT por cul pado !
Vê quant,as l i ções de amor ! Al ma qu(' Me ouves, não se·ria
melhor vrovar d i a nte dos Juí zes que era � hran d o uni
prodigio ou sepultando as falsas teste s, que Me
accusavam de ser um endemoninhado, um .fanador da
lei d e Moysés ? ! Não sciria melhor n a qu:ella ora transfi­
gurar-Me como no :\fonte, p a ra que seus olhos se abri ssem ?
A h ! não; sen do o Hei da humil<fade, o fui até o fi m ; nãc;>
qu i z poupar-me !
Se com os prodigios operados se conn·rtessrm, os que
al'li se achavmn, os teria frito, mas, perscrutando seus cora·
çlies, compl"Chendi crue de n a d a valeria tudo o que Eu
fi zesse ; por isso n.ão devia poupar-'.\fo sacri fício, e a ssim
morri I110 desprezo e na humilhação, passando d i a n t e d0$
.Juize:s, como um hypocritia, como um embusteiro, conforme
d i ziam elles : Se fo�se o que Elle diz que é, não permittiria
que o prend ess e m, não estaria na nossa 1>resençil ! Pobres
i n felizes, cégos pt'la p a i x ão do orgulho e de tantos outros
v i c ios,' não p udC'ram vl-r que quem estava na sua frente era
o Deus dos exercibos, o Rei dos Reis, q ue, não havendQ
humilhação no céu, a veio proeura,r ne.s.te mundo para pa­
t ente·air aos homens S'<' U am OT ! Vê como se ia ma !
E' na flolhagem vc,rd{'j ante que a violeta se escondei
Sim, nra míinha sagracfo hum a n i d a d e escondi minha Divin­
dade e meu podcr, para assim soffrer, como v i ctima e xpia­
toria de todos <>s pcccados d·a humani dade.
· H<"rod<"s deseja va-Me vêr, 1)ara que d iante delle ope­
rasse u m 1Jr1odigio. Pobre H r-rod1•s, n ,• m ao nlt'nos teve um
olhar meu, porque seu cora ç ã o a c h:1 va·s1• obst•cado pelo

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·o Bom Combate na Alma Generosa 97

orgulho e impureza, dois terrh·eis peccados, que Me fazem


fugiir de quem os pratica !
Eu só opero milagres com quem é na realidade humilde
e puro. Podia operar o maior dos milagres ante aqueUe infe­
l i z. eUe pol!"ém não se converteria, porque, como já fiCIO!U
d i t o, só os que desejam a salvação serão salvos.
Vê, alma que Me ouves, a suavidade da santa humil­
dadc. Se na realidade fôres humilde, terás a ventuT'a de vêr
mt'us prodigiio.s nas tuas obras e na tua propria alma,
oudndo-Me e sentind o-Me como teu verdadeiro Pae, Amigo
e Esposo. Portanto, p ratica esta bella virtude com amor e
srrás mestra no amor.
Prosigamos as nossas lições de amor, cm que o m1·11
amor se saciou na dôr! Vamos á Flagellação, onde fui esfo­
lado Vlivo pela força dos algozes ! Pilatos, desej ando-Me l i ­
vra r da moTte, quiz-Me apresentar ao povo, depois de fla­
gell ado, para vêr se de mim se compadecia elle. Eis porque
dú ordem aos soldados que :\fc flo.gellem con forme a lei ;
m:1 s p ara mim n ão houve lei ! Instigados pelas paixões, fla­
gell aram-'.\fc até Me verem coberto com o meu proprio
Sangue !
Que di:lJCs d esta b3'J"baridade, alma que Me ouves ? !
Po rque perrnitllli tamanha crueJdiade ? ! Porque desejava ser
s:. c iado de dôr para most ra·r-tc como se ama ! Sim, vê aqui
como se ama !
Prosigamos nas nossas lições de amor. -.t.

l\a minha sacratissima Cabeça puzeram uma corôa d e


p o n teagudos espin hos ! Bebi ursta hora n a fonte da dôr,
para oociar o meu amor. Se não tivesse usado de minha
d h i n dade para mais soffrer, não resistiria á dôr que os
es p i nh os Me causaram. Sendo a cabeça uma parte tão deli­
cada do corpo humano, os algozes se esmeraram em fabri­
car um tormento especial 1 Sendo a cabeça, onde se ani­
nham os máus pensamentos 'nascidos d10 co·ração corrupto,
nel l a soff.ri os mais horriv<'is tormentos, porque além da
dôr causada pelos espinhos, soffri um tormento especial por
cada pecoado commettido pelos srntidos, e i sto por cad•a
um de vós em parti cular ! Pódes avali ar, alma que Me ouves,
qu:t('S os meus tormentos nrsta coroação de rspinhos ! Para
m i m rsta hora treml'nda <lc dôr foi um festim, porque meu
amor poud.(' ser sacia do ! Sim, o amor dcsrja se expandir
(' n �·sta hora bcmdila, ml'u amor poude se rxpandir, sendo
sac i a do 011 dôr l
Vê, como se ama i Na dôr te provc>i meu amor ; é na
rlôr que tambem Me pódes provar o teu. Não te digo que
fabriques cruzes, mas ao menos rrcebe com alegria as que

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98 O Bom Combate na Alma Generosa

te são dad as, lembran do-te que a dôr e a a ffl i c ç ão são men,.
sagciras, que :\fr pó d c s envi ar para d i ze.r- M.e ctt� e Me ª!11as.}
Al m as ha que, quando se acham n a dor, ficam tristes,
porq ue, d i wm, não posso rezar !
Pergunto aqui a estas almas : H a verá melho·r oração -Oo,·,­
que por meu amor supportar a dô r '? Esta o.ra ção é a maisW
meri•to ri a , é a mai s agrada vel a mim, porque foi n a dôr que
vos abri as portas da Jerusalém celeste. Não foi no monte
Thabor q ue vos a b ri as portas d a Cidade Santa, mas, si m,
quando expirava no alto da Cruz, n o meio rias mais cru­
c i a ntes a ngusti a s !
Vêde, almas que n ão conheceis o valor d a dôr, como
clla é ml'fli,loria e• co m o 1wlla se póde patentear melh oc o
a m or !
O h ! alma que Me ou ves, desej a s aprender a Me ama·r?
Dt-seja então como t eu Jes u s ser s'll ciada n o festim da dôr,
po rque a dôr para o amor é um saboroso festim, que, ape·
sar de ser festim, não d c• i xa dr ser d ôr e de ct1sta·r ás vezes
J a g ri m a s a m a r ga s . po r i> m s?mpre é festi m, n o rq ue o amor
pó d e patentc1a1r a quem ama que seu amor é real.
P ro si g a m o s . Vamos ao c ami n h o do Calvario colher'
novas li ções p ar a po1Jcres ap render mais um pouco a scicn·
e i a das s C'i e n ci as, que e o n s isite e m Me amar.
Pilatos a p n•se n tou·:\1c ao povo e este gritou : SPja cruci·
fi cado ; e• n fl o s1• cont P n t a n d o l'm :\fc vêr es fo l a do . desejava
Me v ê r m orto. porq nP o p rc ea do <ll'srj a \'a mat ar·:\fe . I nfeliz
pecc:i d o ! :\'ão snbia qur morrendo Eu, l'llc sMia esmagado!
Pi l a t os , não acha n d o cu lpa em mim, lavou suas mãos
1• Me en t reg ou ao odio i n fernal, e como féras in d o m i t as se
arremessaram co n t ra mim, desejando saci ar seu odio, ti·
ran do·Me a v i d a ! ·Pobres e i n fel i zes, n ão sabiam ell e s que
n a Quinta-fei ra S a n t a tinha já opera d o o maior dos mile·
grcs, fi can do com os homens d e bôa vontade até o fi m dos
se c ul os , no Sacramento d a Eucharist i a , e m q uan to um sacer­
dote Me c bama1r ás suas mãos,· naquillo q ue ha de mais siin·
pies, um ped a ç o d e p ã o !
O' al m a que �IP ou vl's , vê que l i ção admfravel de a mor !
A mai s sublime prova de amor - a i nstituição do d i vino
S a cin1 mr nto, onde :\le dou á s n l m� s , enmo a l ime nt o, p od endo
assim fa11nh�s de meu sa n t o e pu ro Amor ! Que a d miravel
prova de amor aqui te d e i ! O a mo r tencloe para a união,
pori sso, fi c : m d o corn vio.� co até o f i m el os sccuJos, todos os
hom r n s d e hôa v o ntad e podem srr i n1 i mos c om m igo !
.Porém aquelle povo não quiz vêr meus prodigios e,
et'.·go pelo odio de suas paixões, pensou que, dando-Me a:
mo11e, não teri a nmis quem o censurasse ! Eis i}'(}rque se
al egrnram, qua n rl-o '.\k '' i r am nas s1ms mãos!

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O Bom Combale na A lma Generosa 99

Foi u ma zombari a ! Dizi a m elles : Se fosse p rophela , se

foi r on d e m n a d o á morte, r rlella n ão s·e l i v ra e em treme n


fo�sr o Filho de Deus n ão se de i x a ri a assim fl.agellar, e agora
, ­

d a s ga rga l hadas zombllvam de mim ! E Eu como um manso


rordeiro, l!Coi.ta n d o tudo grnc-rosamenlc por teu amor ! Que
1l i ze s aqui, alma que Me ouv e s, serias tu capaz de te calar

1 t1:1s mãos o poder de te Iivrnres de tal h umiJh.a ção ?


i' l l l o c casi ã o com o rsita, nchnn do-k i n n ocente e te-n c110 em

Como pm e rd e r i as ? Prorede-rias d i z r n d<> a ve·rdad'(',


j w: l i fi cando-te e l hr.r:mdo-te da morte h umii l h a nte ! Porém
1t·11 Dc-us assim n ii o frz, calou-se, e n l'St<' silen cio a d quki u
p:1 r:-. li força parn l a m be m te cafores em horas se me l h a nt e� !
Te u J e s us n <'ma m·cas i iW pro \ o u-t e 9!.'U grap de amor !
Vê q ll<' l i ç Qo a dmiravrl para Mr prova re s teu am or,
q u a n clo, romo Eu, fon•s i nju stam en t e c alumniada r q ua n d o
m o f a n•m d r t e u modo d e proceder.
E' assim que sr a m a e não ha o u tro eami.nho 1>ara o
yp 1·lladei•ro amor.
Grnva bem na t u a a lm n <'stas d i v i nas lições, n ão u-s
t•-:qurças mai s.
Seja crurifi c a c110 <' Elle 11H•s1 110 r:Jtrrrgur a Gruz , <'m que
Y : H' ser eru ci fi cml o !
Assim qur a p o pu la ça i s so gri tou , a pr!'srnta.ram-'.\fe um
1· 1 1 nrm<' mm l r i ro , no qual drvia m<>rrr r !
A ' v i st a d r tão v i l i n s l rumrnlo, aleg.rci-MC', 1>orqur n el lc
h a v i a dr est C' nd rr mrus brnçios, eonv i rl a n rl o a todos para

Oh ! alma que '.\fe d esej a s amar, vê QUC' l i çã o admiravel


o 1m•u rei.no.

p:1 rn U. quando a eruz te parl"Ct•r d ura, como foi a minha ;


lrm bra-te q ue ella foi por mim abraça d a , e como deves

q n r a Oruz é 'ª m e n s ag e i ra de m i n ha misericordia. Sim, foi


a m a r o que teu Esposo abraçou. Além d i �o. deves sa.beir

na rruz crue usei d e t·a nt'.l m i SC'I'i cordia ! Não Me vês na


C:rnz, per d oan d o a todos?
:'lh•n P ae , pt> rd o ae-lhes porque não s abem o qur fa zem ,
l l oj p m esmo t•sb11rás e o m m i go no Po r a i s o , .João, Eis ahi n
hw :\f.à'I.', l\lul he1· l'i s a h i teu f i l ho , vê, p!Ortanto, alma que
t a n t o <ll'SC'jas MC' amar como a Cruz é a mC'nsageirn da mi sc­
r i r o r < l i a ! Qut' l i ç õ e s admiraveis aqui te deixo.
A l m n m i n ha , a braçn, portanto, a cruz de c a d a Il i a , sr
desl'jas ser Vl'rdadeira amante de teu Deus, qi.ie não se pou­
pou para te e-n s i n air como se moa.
Vamos eolhrr ma i s a l g um a s l i çõe s pnrn ti. Vamos ao
cnmi n h o d o Cal va r i o . C a r rl'g:m d o a Cruz pc>sad� de t od o s
os J l <'C'C'arlos d a h u mn n i cl.aflr, j{i srm forças, apr<'sc·nt a-Sl' a
mi m o que t i n h n t i l· m a i s raro nrsll• valle d l' l agri mas,
mi n ha bemdi ta '.\lf-r, envolla rm um vl-u de tristeza inC'xpli·

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1 00 O /1um Combate na Alma GCllcl'Osa

cavei, apenas transbord ando em lagrima.s, imagem de S1Ua


gl'ande tlôr ! Quando meus olhos pude1ram fitar os seus,
quasi d Psfa l k oi de pena, Yendo minha tão terna Mãe em
tanta dôr, por vêr-�le cm tão lastimoso e stad o ! Maria não
proferiu pal:avm ! Seu silencio falou-'.\'le e a Mãe e o Filho
se cntend.era m.
Sim, Maria leu no llllCU Coração e Eu l i no seu ! E rio
n osso d oloroso silencio quantos thesouiros armazenamos
p ara hoje com ellcs vos enriquecer !
Alma que �lc ouves, serit que E u t·enho u m Cornção
i n scmfrvel para piro cedcr desta forma ! ?
Não poupei minha proprk1 :\lãe para tlM·-tc mais WDa
)J rov a ; usar desta form o com m i n h a Mãe, eujo eoração é mais
l c rno, m a i s amoroso do que o d e todas ns !\lães reunid11s
f i o universo ·� Porqur não t i vc> compai xão, poupan do-a desta
grande rt ô r 'l A h ! é µorq ue o amn•r por vós assim o exigia;
quCTia deixar-vos uma Mãe e uma Mãe cheia de merecimen­
tos, eis porque a fiz paJiti cipante de meus tormentos e das
minhas a ngusti a s !
N ã o poupei minha Propria M ã e para dar-te m a i s uma
prova ; usar desta forma com m'i1nha Mãe, cujo coração é mais
amar ! E' assim que se ama e não ha outro caminho para
o N'al amor!
Sim, a estrada rral do a m or é a d fü· ; g1v.rva bc>m n a tun
alm1a estas admiravcis li ções e s.t• rit s mestira no wnladeiro
amOII' .
Vamos colher mais algumas lições de amor. Subam.os
o G ol gotha - Monte Sagrarlo - onde patenteei á humeni­
dade meu i n fd nito amor !
Escuta oomo o º verdoadeiro arno·r se mostra por diver­
sas formas.
Perdoar aos que nos offe nclem é a mais admi ravel prove
de amor, portanto alma que d<'sejoas tanto Me amar, vê que
subli me lição pa·ra ti, perd1oando não aos teus amigos, por­
que p crdoa1r aos que nos ama é muito facil, mas perdoar
aos que nos odeiam, aos que, como assim desejavam vêr-Me
morto, isto é que se chama verdadeiilI'o amor, polI'tanto o
perdão é a man ifcs1 a ção mais cabal e mais real do verda­
dc>iro e sol i do amor!
Porque Eu p<'di perdão para os algoz€'s? Porque os
amavn <' porque os amnva desin teressadam('nte ! S·im, amo ·
o homem sem IQ/lttro i nterc>ssc, 11 não sc>r o dr vêl·o 'feliz.
Eu não tt>nho n:ect•ssid:ndC' l l c> m i n has c1-c'flt nras, mas Eu as
amo, porque focnm erri1a'llas para gozar de nossa felicidade !
Vê, a1mln que Me ouves, que admimveis l i ções de amor!
Sem i nteresse vos amo e ainda assim sou desprezado, SOIJ

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O Bom Combate 11a Alma Generosa 101

n p l'llido ! Oh ! Aindia assim E u vos amo, porque sois meus


fi l h os, resgatados com o meu Sangue !
Ah ! Por amor de vossas a l ma s, amae-Me e sereis feli ze s,
e lu al m a que Me ouves, tens agora lições a dmiravci·s ! E s e
fiz1·res o que aqui te ficou dito, se:rá s douta no amor e t e u
doC'e Jesus te abenço1a,rá et e rn a m en te pelas mãos da Rainha
d o .\.mor, Maria, minha te•rna Mãe.
Do Rein o do Verdadeiro Am-0r.

26-1 0-1 931.

Lap i d ações de a m o r

A L�lAS m i nhas, qu<' tanto d es l•ja e s a pN fe i ç ã o vou hoje


mofilrar-vos que meu ·amor é o cinzél sa gra d o, que vae
,

lapidar voss·a alma, para que a s minhas d i vi n a s p erfe i çõe s


em vós se reflictam.
As muralhas da Patria amada, disse J10°ão no seu Ap o ­

cal i p se, são formadas de pedras preciosas. Sim, é por esta


linguagem que p o dereis comprehender as r i que z a s, que si·
acham no Ct'.•u . . .
You hoj.e, am1adias m i nhas, dize'l'·vo s que vós sois
t a l l l lJl' m pedr:a s f.) rec i os.a s , que um dia h aveli.s d l' -01rnar a
mi 11ha l' id ade sa n t a ; mas é p�c c i so que estas p<.· d rn s sej a m
de va l o r e bem la pi d a d a s , formando já neste m u n d o a s
muralhas de m i n ha Sa nta Egr:<'ja, parn qu<' os nwus i n i m i ·
gos n e ll a não entr<·m.
:\macias minhas, a p e d r a preciosa acha-se e n volta dt•
ter rn . piOirQU(' nia terra foi crca da , e sem se r lapidad a ella
não tem brilho. O St'U fu l gor acha-se escondido a té q ue, a
podl'r de cinzeladas, clla se t orna bril h a n te .
A v os sa alma é tambcm uma pedra envolta no h:i.1 1 0 .
S i m . dia apparece n e.sit e mundo manchada pelo peccado di.�
Ad ão. Xo Sac·r:amen1o do Baptismo 1 orna·se esta ·a l m a l i m pa,
port'.·m não brilhante, porque o hrilho está reserva d10 para
o d i vi no ci nzel, que é meu amor. E' verdade que se mor·
ressei s dep.o is do Baptismo entrariois nio Céu immedi atu·
mente, mas n ão brilha;rieis como as a l ma s, que forem l api·
dadas pelo amor.
Vamos ve-r, amadas minhas, como o amo1r lapida as
almas que lhe sã o doceis.
l>ePQi-s d o Baptismo vêm os s a cra me n tos da Pen i,ten cti� .
da Sagrada Comm u nhã.o e os Conselhos e va n gl' l i c o s. Tud�J

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1 02 O Bom Combate na Alma Generosa

i sto é fructo elo amor, tornand10 a alma cada din nmis bri­
Iha ntc c mais s·emelhante a mim. Porém o amor n ão se
c.on lr-nta com este brilho, ellc des!'ja que minhas perfeições
rP fl i elarn ne�tas almas, que lhe d eram acolhámenrto..
Vedt• tantas almas soffren d o te11r i v e lmente torturas de
toda especie, depois de prati car os conselhos evangelicosl
O que vem a ser i sto? E' o divino cinzél lapi dando a alma;
para depois lnpidar tambem a morada desta alma, o COT"PO.
Vêde uma alma que procura ser obediente, casta e
humilde, quanto mais procura ser perfeita, menos perfeita
se julga ! Como entender isso? E' o d·i vino cinzél desbastando
a pedra p.ara descobrir seu brilho. Porque uma alma, depois
de renunciar a tudo que é m e n os puro, ainda se ·aclpt em
affl i cção, pensando que não é pura e está muito loif .
prati ca.r a pureza? Ah 1 é po·rquP o divino cinzél está d
. e
-

.
t ando a pedra e tirando tudo o que nella seja menos
l h an t e
Parqué uma alma, depois de f a ze r o seu voto de pobre­
·-

za, acha que não é verdadeiiramente pobre a i mitação de


seu Esposo? E' porque IO divino cinzél está ti rnndo tudo,
que possa offuscar o brilho desta pedra prediosa. Eis, ama·
das almas, o motivo pelo qual gemeis depois de tão genero­
samente abraçardes a pe·r feição.
O meu divino amor é muito exigenilc, e quem se lhe
e n t rega r tem de ser cinzelado, porisso quem não quize'l'. ser
ci nzel·ado, a elle não se entrega ; sa ibam, porém, que sem
(•l l c n fo ha pe-rfoi ção.
Almas minhas, desejo-vos vêr pe r�eit·as oonform.e u
cxigencias de meu amor, eis porque, d1and<rvos estas liçõe$
de amor, desejo que vos entregueis ás suas exigencias, se:µi·
•reclmniações, sem temor nem tristezas. Conitinuemos para
q ue comprehen daes bem o que o amor póde fazer, para qu.e
ass i m n ão vos ala·rmeis, quando sentkdes o que meus verda­
d l�i ros servos senti ram e o q u e minha ama d issimia Mãe
s<'ntiu . . .
U ma alma, que desl'ja i nunensamerute M.e ama•r, despreZ!l
o m u n d o com suas conunod i dades e promessas enganado·
ras, entra para a religião, abraça os conselhos evangelicos
com i mmensa alegria e em t u d o a c h a prazer. O meu amor
a satisfaz, a obedi c ncia torna-se para esta alma um doe-e
frsHm, a pobre?Ja c a usa - l h e imml'nsa satisfação, a pratica
ela pureza fa z- l he ver, com os olhos da fé, sicu Divinal Esposo
r o ck a el o d e Vi rgens. O a m o r d !'sl'joso fl.e lapi dar esta alma,
a e n a m o ra e lhe faz ch•sejar o sa crificio. Come�1 então a
pl'dir s a cri fi c iio s ! '.\.feu Deus, dae·me a lou!'ura ela cruz,
d a e-nw o m:111 1�irio ele amor, a sê-elC' <ll' h um i lhaç<Íl'S ! Esba é

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llf

O Bom Combate 11a Alma Generosa 1 03

a hora bein<�ita que Divino a i da d o começa a usar


em o L p , r
1k sl'u einzél.
O que passa com esta
se alma hontem tão fervorosa ?
St' 11 l l'hoje que já n ã o tem mais aqudlc d1esejo estar
ele aos
pés d o altar, custa-lhe tanto ahi permaincccr l O q e
u é que
ac o nt eu a esta alma
ec tão fervoros a ? Aconteceu o que ella
prdiu a loucul'a d a cn1z l O Divino
Amor om e o c ç u
sua
obra de per ei ç f ão . P.r iml'iramentc es.tava a o pés do altar
s
pPi:t on l ç o que recebi:a, e agora está porque é a vonta­
o so a ã
dr a u d q el l e que a chamou e i ç O QIJC o n u a
á p rfe ão . ac tec e
esta a l ma que hontem obedecia alegremente e com sa.t i sfa­
ç:i " , e h oj e tanto lhe custa obedecer? E' que ema n l m a ('�tá
Sl.' n d o loa pidlada na su� o d ie n be i ci a Obedecia
. com s i sfo­ at
ç:io propria e hoje o mo a r tirou-lhe esitra sati sfação, para
ensinar-lhe a ' e c Ob e d er s-0men1c por amor de s eu Dt'ns,
cl aml'o-l hc simas occasião aü ,amor dl" corta
, r o gost-0 sensi­
tiYo, obe e cc d' nd o sómente com cspirNo de fé !
O quea co n e c e t u
com esta alma que n t
ho em so rria,
quando a superiora lhe pedia a i ci o
s c r fí e hoje torrnou-se
m d a o1 i cà '!
nc A contEceu qne o divino c nzé
i l está desbashrn­
do t o as d as imperfeições da ped;ra, tirando-lhe tod•a a cün­
solaçã10 h man u a e divina; ella,e como ainda não co h ce
n l•
a n•r a de d ir tu d ue con s ste cm
a '' i r t, q i gostar sem �'10star, l' m
so rri r sem gostar, em obedecl�r sl'm tt�r vontadl', c•sh1 a l ma ,
quP hont{'lm. •
( s h1 va , ltwrgulhada
na s
c o n s.ol a çiícs e• je
ho
Indo l lw roí e
ti rado, s ent e-s mel a n cól i ca colc•ri ca e e a n f da­a
S<' ! Comc•ça esta
alma a
sondar os desígn ios d1· Deus e
fJl' d i r-l hl' sa i s ft es.
açõ Porque·
assi m pr1fr!' 1ll• i s co o '
mmi g !
d i z1·111 t a ntas almas. P r
ob e s almas, por i g nora n c i a as�i m
fazl' m , e q
s ue e - c m se de n e a ra
que se e tr g 1 m ao a mlOr, o qual
as 1·s ! ú cinzelando para •as tornar brilhantes como o súl,
o n d l' a s i
m n ha s perfeições podem ser refJ.ectid<as. Esquc­
crm-sc que ,nos a1rd-ores em se c a va
que a h m . Me diss.cram :
Dal'·mc S e n h or, a Joucum cruz, a
da sê d e de h m l u i ha ç eõ s
e o 11MHiyrio do amor !
Como se
pód'c ser louco na
cruz, se não nfôr l'l l :t 1 >ri•ga-
1Jo "! Como sie
1dn?
p
ód1c ter s ê c d de
h u m i l h a ções. se m srr n eH as
11 ;i.n
sac i : Como se nóde soffrer o m a t•tyr�io do a m or, St'
fú r rna r1y.risiado ? ! E' prcdso, a l mas iu i nhas, <J lll' ! a 1 1 ! 0 111'·
srj:ws a perfeição, que rcfl i l'!tacs e h· vc i s a sé•·i o n c-go ci tão o
i m porla n tl'. A pr i o
e fe ç ã q
não se a d ui re m1s consoJ.:1 çõl's,
porq 1 1 1• estas são para o Céu : a per�eição só se adquire a
po1k1· ele cinzeladas t' estas 1lolorosas ! Oh ! s e ('Onhc 1·1•-sse i s
o Sl'll \' alor a s d('Sl'jarieis, a i n d a 1 1 111• com sacri f í c i o ! Como
m i n l w a macl i ssi m a :\fãe foi c i n el acl z a pelo a mo�·. sc• m 1n·c
l hl' foi d o e i ! . Xão vos i l l u d m•s, ca r í s s i m a s esr><>s:1s. mi n h a
:Mãe n ão viveu e u d
m rg l ha a nas consolações ; El1a, clescle os
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1 04 O JJom Combate nu Alma Ge11erusu

tres a n n os até sua morte, tev e muitas consolações é verda­


de, porém depois de m i m, foi no mun do, quem m a i s soffreu.
Se Maria que, não tinha a culpa -original, foi assim cinzela­
d a , oomo ·vós não vos haveis de enlrega1r ao divino Lapicla­
dor, para vos tornardes bri lha·nlcs e a ssim poderdes ser

e dras de valor?
Amadas filhas, esposas queridas, quaulas ahnas por in•
fel i c i da d e nãio chegam a ser brilha·ntes, porrque não se dei·
xam la pidar ! Aq ui fique bem patente, que todos os que de·
s ejam ser brilhantes ·tt>m de sl'r lapi dad os, e nesse trabalho
quanto mais d o ceis forem, mais brilhantes s er ão . S·errão la­
p i d a d os n a fé para mais Me ve rem no Céu, lapidados nia es­
perança pnra mais serem inun d a dos de mim mesmo .,,ppi­
d a d o s n a caridade, para mais s a ci a d os serem n o meu �nwr.
O' a l mas que dPs·ehC's a perfei cão, lembme-vos que p _
n ro fôrdes mergulhadas no fogo, n ão podereis ser amoura­
d a s cm m i m : portanto. n l ma quP hontPm tanto desejaV'as a
l o u cura da cruz, e que hoje estfts pregada de pés e mãos,
co•nforme d Psej avas amar-Me até o sacrifí cio, agora tens de
Me amar, n ão na s•atisfacão, mas na d ôr, porque é as s m que i
vos ·en si nei a Me amar no alto da cru z !
Almas onP M e desej aes a m a r, d i sseste s-Me que deseja­
veis as humilhacões e que dt'llas tinheis sêde ; vêde como
aiio'I"a , r sta P s saciadas nest a sêd e ; como o d e mon�o vos hu­
milha. d a n d o-vos pensamentos tão haixos e fazen do com
q11c os hnmcns vos calumnif'm, vos i nju rie m e vos levem
até aos tribunaes, como Me levaram a mim ! Almas, que
hontem Me pedíeis m artyrio de amo1·, hoje estaes dizendo :
O' :\f Pu l>f'us, n ão vos en contro, n ii-o vos acho nem na om·
ç fo, n em Hio pou co no tra b 1 l h o . E�te é o martyrlo ae
a mor. o rmnl fez m i n h a llfãr c;::ihê r d p stp mun d o em nmrura
rle S"ll Amfl do. Tudo isto, filh <J s rn i n h n s, são ci n zeladi15
nm n.-o�as, que tornam vossas almas mais brilhantes que
o só!.
Va m 0 s vc·r a g orn . como n m orn d n dP v o sc; a s almas deve
SPr ci n llJc-1:'.• d a , torrn a n rl o a c;s i m no dia do Jni zo Uni versal,
vn""'º" cornos m"rPCP1!1orrs dt> re su ri?i rrm itloriosos do Sle'
nnl c ro , rl n n d n-lhes n V"ntnra d" sP n nii.rem de novo á alina,
que se :i cha tão repleta de felici d a d e !
F u , rl"scrndo a o m u n d o, t1nmei u m corpo, form a d o pel o
Esnirito Santo no ""i o rlf' :\fa ri a : po·rt n n t o . esta n atur�
lrn man n , t iio rl C<c a hi rl a pf'lo pcccarln rios pr>i m eiros paes.
f i c o u ho n ra ria por m i m , t n m a n rl o-a cümo mora d a d<> uma
a l m a , na qnal i a mos1 rar-vos m i n h n rmmcnsa mi serri aoo-dia.
Port an t o rs.fa n a tu rez a hu ma·n a , sendo oom panhei•ra e Jll()·
ra d n dr u m a a lm a , cren d a pelo a m or , tem rle srr beneficia­
rl n , sen rl o tambem elln ci n 7Jc>lar1a p<>lo a mo,r.

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O B om �ombate na Alma Generosa 1 05

Como a natureza póde ser cinzelada pelo amor, se clfa


t l m tão más i n clinações.? Sim, póde ser cinzelada e tornar­
se tlc materia bruta e m materia bella, pela qual a alma i rra­
d i a as divinas perfeições, ncUa esculpidas pelo amor.
Amadissimos filhos, chamo aqui a vossa aUenção p ara
�faria Santissirna. Vêd'e todo seu e xterior irradiando o que
l lw i a na ,aJma, quando os discipulos a111113 dos chegavam de
suas pe<nOSius jornadas d.e apostolado. Só um olhar de Maria
era o su ffi cicnte pa'l"a os deixa!!" de novo com fo.rça. O que
é que fez com que Maria, sómente com simples olhar, désse
tant:i força ao•s que tiveram a ventura de fital-a ? E' porque
o amor lapidou todo '° seu exterior, d a n do-lhe assim olhares
·
de mi se.ri cord i a e de comp·aixão de meus caros di scipulos.
Deixemos ago'l"a Maria, vamos ao e n conko de meus
outr0;s verdadeiros anúgos. Porque um doce sorriso delles
derruba pQtr ter:ra um malfeitor? Quantas vezes os meus
sPrvos fe>ram ·assaltados por mal feitores e, á vista destes
verdadeiros amigos, eram desarmados com um simples
sorriso. Porque com tão pouco uma muralha de odio cahiu
por terra ? Porque a natureza destes servos foi cinzelada
pdo amor.
Como o amor póde cinzel'ar o exterior? O amor cin­
zela o exterior, dando á natUT"eza um desejo vehemente de
se tornar uma imagem peirfeita de mim.
Oh ! almas que Me ouvis, se pudesseis ver qual a docili­
dade de todo o meu exterior, desejarieis ser minhas copias
perfeitas! Mas haverá necessidade disto ? Sim, porque vós
sois morada da Santissima Tri ndade, e nfo se póde com­
prehendeir um santo sem gra\'Üdade. E' preciso que a n a­
ture;i;a a PI"atique para merecer o que va·e ser e gozar no céu.
E' preciso que a n atureza seja sujdta ao espirito. Sendo
como �ois filhos do peccado, a vossa n atureza em s i tem
in clinações perversas, porisso o amor precisa lapidai-a,
torn ando-a, de bruta, uma pedra p r<'ciosa, 'Oln de todos pos­
sa m ver md nhas divinas perfeições. São dolorosas estas la­
pi r l a çõ e s ; sim, são dolorosas e custnm tan1o, q u e mui tos
m o rreram no combate, sem ter :i dqui r i d o o d t'"s c a n so neste
m u n do. Como o d i v i no Lapidador começa a l api·d a r pt'lo C'D"
rnção, são estas la p i d a çôes as m a i s d1ol1oro sns e d i ff i ce i s <'1
natureza. O coração é um terrível i n imigo, que muitas
vezes Me expulsa para longe, qua n d o e l l e envered a p a ra o
m a l , mas se é doei! o d i v i n o Lapi d a d or, t1orn n -s c o c1•ntrr 1
de t o d o s o s affectos, de t o d a s as acções as mais subli mes,
em favor da propria perfeição e em favor d·e m i n h a gloria.
Quanta dôr, porém, caus-.i.m as divinoas cinzeladas para des­
gastar ·esta preciosa pedra, que se vae tornar o reflcrtor da
divi n a carriid ade e onde se aninhará o amor puro e santo

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1 06 O Bom Combate na Alma "'Generosa

p a ra com D eu s. Vêck, co m o o d i v i n o Lapi dador c omeça a


en gas t a r e sita pl'fl m .
C m a donzel l a rica d e i x a srus queri dos paes, suas riqu e·
zas l' seu bem e sta r ; isto lhe cuusa immrnsa dôr porque o
9CU coração sr acha apegado a tudo, entretanto o divino cin·
zél com r ça a ·t rabalhar, a d ar seus primeirois retoques. S offre·
Sl' !'Olll f'st a s f'i n :.wladas a m o ro1sas, 1nas apczar de soffreir, :
(• l i a é fm,tc ·e aba n d o n a ·t u d o q lil' <> Sl'll (·,o ra çüo l lll' pe<l'e,
d eixll'ndo·sc IcWl'I' JX'lo d i v i n o La p i d a d o r para seu coração
Sl'r l'smeril ha dv no amo.r.

Esta donzclla entra paira a v i d a p erfeita, seus cal culos'


c· s tifo c u m pr i d os, mas sru coração lhe prde affectos, lhe
pede c ari n h o s ; e i sso ).J-O rque o coração ·ainda nã10 está oom·
plc tame nte d es a p ega d o ! O' cin z e la da s do1l orosas que vão bater
foril•nwn t r p:wa cl c>ste eon1 ção 't ornia1r um va so de eleição;
o n d e Eu vou depositar a ca ri d a d e p erfe i t a, u m a humil dade.
profu n d a , ju ntanwntr com a quali d ad<• mai s p·rrciosa que·
n o nH·u C O'ra ç ã o h a b i ta - a s a n t a nwn s i d ão. :\las, p a ra este
c·orn �·ii,o st"r ornado com t ã o subl i mes q ua li dmle s, é preciso
que s e j a m al'Ly risa<lo p el a s ci n zeladas do meu amor, tirnn·
d o-lhe tudo o que é da t e rra . Este t·rabalho é lo n go e penoso
para q ue m desl•ja spr saciado de m i n has qualidades. Oh !
mi nha s amad as, que Me ouvis, quem desej a r· seT cm m inhu
quulida des engolfado, é pN'ciso que s offra este maniyrio do­
c o raçfüo. Sim, o divino c i n zelador que é meu amor, em·
q uant o n ão C' n contrar o coração &'>me1rilhado pelo mesmo
amor, n ão cll's cança, não v os deixan d o desca n ço, causando·
vos ·agoni·as dolorosas. Se fôrdes f10,rtes, sereis esmerilhadas
no meu am or, tQII' n ando vosso coTação um v.airo ele e>leição,
o n de as qúalidadcs de meu Coração serão de posi tad'as, po­
d e n do assim ben efi ciar a vossa propria alma, d an dv estas
mesm as qualidades a t o d os que dcHas tive1rem sêde.
Depois de bem lapidar o c<>'ração, vem a necessidade
de I·a pi cl:ar t o do o vosso cxtcrioir, a l i n gua, o.s olhos, os otl­
v i d1os, emfüm toda a vossa n atureza, a q ual deve I"C6pirnr
sant i d a de como um corpo, onde h abi t a a S:a nt is s i ma Tri�
d ade.
Go m o o divino La pi dador c i n zela a língua ? Dand o-lhe
ho 1,ror a toda a palavra vãi, dando·lhe amor ao silencio e
d e sejo d e• sóm<'nte louva1r a seu D e us. Isto, porém, .se faz
sem martyrio '! Ah ! não, sãQ dolorosas as oi·n zeladas, quan·
do S(' sen t e o d e sejo de com mcnfar ce·rtas cous.as que para
S<' c a l a r causa um tonn.r n l o a que muitas almas não resis·
k m . A sPgu n d a embosc a d a do i n i migo é com a pessôa que
en con t ra m : d ã o azas á l i ngua, sia.H sfawndo-lhe ! A lingua,
é uma a rma terrivrl para o mal e uma arma bemdita Pª"ª
o brm ; por isso, rlla, sendo regul a d a pelo amor, tocoa-se

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O Bom Combate 11a A lma Generosa 1 07

n m :i P sp a d a bemdita nas m i nh a s mãos. Oh ! a U ngn'<l rl f>


m<'us v er d ade i r os s1eirvos, que s e deixara m c i n z ela r pelo
a 1 1 1 n r, foi uma espada ocmdita nas mi n has m ão-s e que usei
pa l'H a d e rr ota d o i noimigio, mas pa ra isto é n e c e ss ario que
l'l h sej a docil nas mãos d e tão sabio a11is.ta, como é m e u
a m or. S i m , a l i n1gua que é impulsion a d a por meu amor,
11 :\ 1 det rat a , só fala por necessidade e com caridade,
l'S l : 1 l i n gu a terá no cé•1 a ventura de falar commigo, Iou­
v:1 1 1 1!:0-:.\Ie d'e um modo especial ; porisso, esposas a m ad as,
l'l l l rrgae vossa l i ngua ao di vi no artista e e ll a será esp�da
b<'md ita nas minhas mãos.
Prosigamos a descreve·r as d i vi nas l apidações.
Como o amor Iap i d a os olh os ? A visão é um t h esouro
ri a n atureza h u m a n a e um refl rxo da alma. Pelos olhos os
m eus sa ntos despre·n d i-am raios de l u z ! Ah !! olhac um meu
s1·rvo, e l o go pe rcebl"reis por seu o:Jh·a r que tem u m a al ma
<' :i n d i i la, m a s para c he ga .r a i sto, é n<' ce sl'; a rio que sej a m
rst Ps olh o s lapid·ados pelo divino c i n zél. Co m o o d i v i n o
r i n zél l a p i d a ois ol hos ? Lapida-os quan do os obriga a se
fl diarem pa ra tudo que é da t e rr a r p ar a sómente Me
Vl'!'t' l n em t u do o que fazem.
:\'ão é isto um martyrio, tra zer sem p·N' os olhos fecha­
dos para a s c uriooi d a d es e novid a d e s ? Sim, é um marlyrio,
o qual dará no .céu a •estes olhos a ventura de Me contem­
pl a r<• m m ai s pr,rfeitamente. Já n est e m u ndo estes olhos
i r r a rli a r ão luz para os que a ind a a n d a m nas trévas.
E.nllregae, amadas mi nhas, os vo ss os •o� hos ao di v•i•n o
La p i d a do•r e el l c s serão sóes. ·reflcctores de m i n h a rlivi·na
Luz !
Prosigamos. Os ou vidos tiambem flicvem ser cinzela rl os
pdo d ivino amo r ! Vêde como isso ha de se·r.
A curiosi dade de saber tudo é um p rri go para a al m a ,
po rbsio o ·a mo·r precisa cin7ldar, c CJ1rf an d o esta curi osi d ade,
f:1 :i:enrlu com qu e vossos ouv idos ouçam sómente cousas
rn 11 tas. Se a v oss a missão é de o·uvi r cousias que vo� desa­
gr a d a m , a cari dade a i st o vos impulsione, porém, qmmdo
se t ratar d e o u vi r cousas po·r curio·sidade, .ou cou sa que to­
<(lll'lll na h<mra d o vosso p·roximo, n ão deis ouvi d'O s, deixac
o d i v i n o La p i d a d or tmbalhar, mortifican do-vos neste ponto
l' l t·mbrando-vos que se vos d·Pixarcles :issim lapidar, tereis
a vl'nt ura <le serdes no p a t ri a ammla i n n e bri a d a s de d iv i -
11 a s llllel<> d i a s .
Entrel(ae-vos ao divino einzél, q u e Ell<· b e m sah<' d a r
s u a s ci n:iiel.a das amo•rosas, d an d<>-vos u n i horro·r de ouvird<'s
c u r i osi d a des e palavras vãs.
Emfim, todo o v o sso e x t e ri or, amadas m i nh as, deve ser
C"i n z" l : ! d H pdo : n n o·r ; o ,·os�o m o d o i h• a n d a i·, sl' n l ar, l'l l'.

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1 08 O Bom Combate na A.lma Generosa

Sim, como templo da Samti ssi ma Trindade, o vos so porte


deve ser nobre ; deixae portanto retinir o divino cinzél,
pois Elle sabe fazer Qbras de arte.
O vosso .Je sus que vos abençoará eternamente, se estas
co usas souberdes praticar, deixan do-vos ci nzelar pelo meu
amo r, que vos deseja ver perfeitas, mas que pam i sito é ne·
c essa ri·o receber os seus SQlpes com dôr.
J•e sus Crucificado, do Rei no d o amor.
Pelas mãos de Maria.

7-1 1-1931.

·�

A m o r m an ifesto n a p e d ra p re c i os
d a S a nta h u m i l d ad e

B E:\IA VENTURAD O S todos os que dt>sc u:brird(>s t'sta , pe­


dra, pOlrque n a pos se d el l a sereis semelhantes a mim!
Ap ren d ei de mim que s·o u humilde de CQoração e não
sómente de pal avras . !.
Carissimos Superiores, á vós -de di c o estas pagin.s,
a p re ndei nellas a sciencia d a s sci e n cias. a mais d i ffi ci l _ '-e
todas as vi rtu des, crue é o fundamento dt> toda a obra pe ·
feita.
Vou con duzir-vos, ama dos mc-us, á m i n ha vida, p orq
é de mi m q u e de v e i s aprPn der a verdadeira humildade.
Di sse-vos ao comrçar que o amor sir mani fl>sta n a sian
humildade. Sim, na rea l id ad e 1.., em um surto de nmo•r pel
homens, que o Amor c ri a um <"OrJ>O hunt'a n o nas c llll:ranh
de uma humilde donzelln. Mas, Eu rns pe rg unto , não pod:i '
Eu sal v ar-vo s sem p rati c ar esk tão grande neto de· humi
da de, �braçando um corpo humnno semelh ante ao voss
rebai x a d o p elo pccca d o, e tão d es 1n· e z iv el '? ! Sim, o amo
]Jorém, qui z oomeçar a sua obra com c �1e' i n fi n i l o arto d
humildad e ! 1
Si fôss1'. possivel a um monarcha trocar com um lepro�
:;,o seu corpo, n que di riPis desh' monarcha ? Di rí ei s elle
l'Stá louco, foi deixar seu eorpo são ao o utr o e tomo u para
si o desprezivel !
Amados filhos, Eu, o vosso Deus, vim a e ste m undo
tomar sobre mim a lepra d e vossos peccados, tom a n d o uma
natu reza , na qual i a sofírer � s t o rt nras as mais atrozes
l' mais vi s !

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O Rom Combate 11a 11 lma Generosa 109

Vê<le, amadissimos filhos. c u m o o 111t• 11 pri mt" i ro su rt o


d t· amor foi abraçando a humildade. Esil.e corpo fui, oomo
o rl as ollll r as crian ças, c.rescen rl o aos po tmo.s no seio de
'la ria, quando, en tretanto, por um mila•grc, podia appa·re­
ccr já no mundo com a edade perfeita, sem nenhuma ne­
··essidade rle ser s emel h a n t e á s outras creanças.
Ah ! o meu grande :um>r por vós dava-me desejo de me
h umilh:a·r ate o infinito ! Eis o motivo pelo qual passei
n ove mezes como as outras creanças no seio de Maria.
E' que o am101r só se acha s·aciado com a deliciosa bebida
dn santa humildade.
1 'fafs tarde, amados meus, ia vos falar : Aprendei de
: 1 11 i m q ue sou humilde, m as como vos püider•ia dizei' isto, sr.
\ Eu m:esmo não praticasse u humil d a rl e 'l :\'.ós sabeis qu�� o
\ o· x e m plo arrasta. E' deste pon to i mporta nt'l que mais l a rde


l \· os d esejo falar.
Prosigamos a pe·rcorn•r minha \'ida. O que vêdes '!
1 L"ma crean cinha escondendo sua sabedoci•a, sua divindade, e
cu po d er , como todas as creançm; crescen do, e brinca111 d o,
ccei ta n rl o os em;inamentos de Ma.ria e de José e obedecen-
lo·lhes l'omo um bom filho de\'e fazer. E p a:ra que tudo
sto'! Para di zer-vos hoje : Aprendei de mim, que sou hu­
úlde na pratica e não sómente nas palavras!
Pei:corramos a minha vid a de humildade.
José é avisado em sonho pelo anjo que fuja para o
�gypto, p&rq ue Herodes procura rl'aT·Me a morte.
Amiarlos filhos, Eu accaiso dc·ixri dt• ser D eu s , tom:rnrlo
un corp!O humano? Porqur então é necessado que um anjo
·l'nha a visar a José ? Não sabi·a Eu o que se ia passa:r? Não
abia Eu da perseguição rle IIt'll'o des? Porque não avisei
osé dkcotaom.ente? Para que servir-Me de um anjo, vindo

1 lo céu?
Ah ! a vi10leta estaYa escondida na sua verde ramagem
e não desejava ser vista ! Sim, apeza1' de saber de tud'O., da
perseguição de Herodes, calei-Me e n o meu silen cio pl"ati­
quei um sublime aoto de humildade, não revelando minha
sabedoria a minha Mãe e a José, que tanto Me amavam !
Assim procedi, Jl'Ot'QUe deseJava hoje dizer-vos : Ap•rendeí
rl e mim que sou humilde de Coração, e isto na verdade.
Prosigamos. Fui para o Egypt·o com �faria e José.
l'm outro prodigio de humildade ! Pa·ra que fugir ? Não era
En o autor d e todo o cTead·o ? Noo podia dar a Herodes
u m a morte instantan ea? Além disto nãio podia Eu to·rnar­
'.\le invisivel á vista dos executores d-a lei d'e Herodes ? Paro
que fugir para terras extranhas, onrle f o mos pa ssar pri·
\•;ições ?

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110 O Bom Combale 1za A.lma Generosa

Oh ! ::una dos fil h o s, o m e u gr a n de amm· p re c i sa v a bri­


lh a r na h um il d a d e , ei-" porque, c omo u m a c r e an ça com­
mum, fuj o com mcd.o dos a l goze s !
Oh ! á v i sta deste quadro de m i n h a vida , Eu no meiq.
do deserto nos braços de m i n h a :\1ãc, t10da as sust a d a pefo .
medo dos al gozes, n e m uma palavm d i sse a :\faria ; d ei xei-a,
como Eu, p ra ti ca r a santa humildade.
Pareoe, á . primeira vis t a qu� 1•sta fugi d a foi pusilani­
m idade ! Sim, por v o ss o am10r soffri r-sta h umi lh a ç ão volun,
tari a ! 11 U
Quantas vezes os m eus s a n t o s não fu gi ram aos a l goze s ,
d e m od o que os t>0 r m en t o s e os sup.p li cios, que ihe5 a rma­
ram não os attingiram, em qua nt o que Eu, o Deus dos ex&­
c ito s, fugia ao orlio rir Ht> rodes , quan do delle podia zom­
bar ! Vêde ntr rlide chrgou m i n h a h u m i l da d r , ate pareoer
covardi a !
E' pn.•ciso que c h e gue a h ora da m o rtr d r Herodes pa'l"a
voltar. Um anjo dr novo avisn José qur n ão ha mais penigo
p3'ra o meni n o .
Oh ! meu s filhos, haverá a l gu m perigo para Deus, que
tem em suas mã.os tod o o p o de r ? ! Gom isso qui z manifes
tair m e u amor aos h omen s ! Eis porque dep oi s de volta!f
m os, con tinúio silen cioso a crescer rm e d a d e, s a bed o ri a
s oien c i a .
Chega n d o assim a rdad·e dr t ri n t a a 11 nos, comecei mi
n h n vida aposrtoJ i ca, com um g ra n d e acto de humilh ação,
1h.•ixando-M1• bapt i s a r por .João, o q ua l dizi a de si : Eu n:ilo
so u dli1gno de d(•salar a corn·êa de seus pés. refi•ri n do-se a
m i m , ma·s En q u i z mostrar a este homem que a t e cllc che
gou o G r an d e todo revest i d o de hu mi l d a de ! Sim, ate João
Bapti stn cheguei , fa zen d o com que e l l c de.rramassc sobre
mi n h a cabeça agua, pois com e st e gran dl' a do rh• hu mil­
!l a d e, ficou ahc·r1a a porta a'Ü's filhos para e nt ra re m n a giran­
dc aTca salvadora -- A San t a Egreja.
Podia, 'amados meus, chegar j U'llto de Joàu e 11i zer-lhe
m1ui está Deus. Vou nesilc momento i n stituir um g ra nde
Sacramento, mas, não ; Eu, silencio... o , comecei m i n h a obra.
Que Jl{' ccssi d a dt· l i n h a Eu rll' ser ba pt i sa do µcl�s mãos
de um meu subdi t o ? A c a,s o h a v i a cm mim , cuJpa 01riginal?
A h ! não, apesar de toma r sobre mim todos os p e cc a d'Os, em
m i m não produ7Jl,ram m a n ch a , mns, sim, c omo u m fa'l"d o so-
·

bre meus hombros, os ex p i ei .


Assim, ama do s fil hos, foi que come c ei minha vida a p os­
t o l i c a . com cs.tc granifo .acto <le humil dade !
Pr-osigamos. J)ppois d e �e gira nd {' acto de humild-ade,
fui ao d l'sl'rto fazl'r 1w n i l l' n r i a pa ra p reg::i r m i nlr n dout rina.

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O Rom Com/mie 11a 1Hma Generosa 111

A c aso minha lingua não estava · ba stante pura ? Acaso meu


Coração tinha-se manchado? Ah ! n à'O, assim quiz Me hu­
m i lhar, fazendo penitencia pelos vossos peccados.
Podia somente vos ensinar a fazer penitencia, mas Eu
quiz ser o primeiro, para que o d.emonio não vos pudesse
d i zcir : Elle só vos ensina, mas não o faz.
Amados filhos, estando no die serto, permitti que o de­
monitJ Me tentasse de muitas formas. Como deixar um
<iemonio se approximar de mim, a pureza i nfinita 'l Ah 1
sabi a Eu que a tentação é uma fonte de humildade, porisso
dc·i xei-Me assim tentar, para dizer-vos que soffrer tentação
!'.· u m bem, pois faz a alma andar sempre vigilante e em
c o ntinua humildade.
Vamos á minha vida pu blica. Vêde-Me, percorrendo a
pé as ruas ; e que jornadas dolorosas, em procura d'a5 ove-
1 h a s t·resmaJlhadas, ao sól ardente, paissando muitas vezes
fome e s êde ! Oh ! almas que Me ouvis, quem vos dá os ali­
l lH' ntos? E' m i n h a bon<lacle, que disse :i t e rra : Produz
fructos e sê obediente ao homem, proporciona-lhes os ali­
mentos. o s mais substan ciosos. ·Quem criou o s rios e as fon­
ll's? Quando Moysés quiz matar a sêde dos que o acompa-
1 havam, fiz brotar uma fonte de agua crystali na, e o autor
le l udo i sto passa fome, passa sêde, anda a pé, muitas vezes
lese alço e com a cabc�'l exposta al()S raios do sól ! Não podia
�u dizer ao sól, diminue teu calor, porque aqui está o teu
xeador? Sim, assim podia fazer e como assim }lildia obrar,
naiior foi a minha hwnilhação. Se um eamponcz trouxer n o
seu corpo um vestido remendado, não é tanta hwnilhaç.ãb,
11o rque elle é pobre ; mas se um Rei assim se trajar é uma
a cção digna de nota, p orque elle é ·rei. Assim tambem diga-S<C
el e :\lim, o vosso Deus, que, por ter nas mãos todo o poder,
todos os meus actos de humildad·e são i n finitos !
Sabendo que minha hora estava proxima, n ão queren do
cll·ixar-V'os orphãos, cm um surto de amor i nstituo o mais
<' s l rondoso dos m ilagres, a minha pcrma-nenci a e ntre vós
a t é o fim dos seculos !
E como opero este milagre? Em santa humildade, pois
em um pedaço ele pãJo occulta-se a magestade de um Deus !
O' filhos meus, n ão fica'C's pasmos diante deste n eto d{l hu­
m i l d ad e ? Aquelle q ue en che os céus com a sua magestadc
e p o d er, Qtll're n d o fi car comvosco até a �onsummação dos
srculos, opéra o mnis ht"roico neto de humildade, ficando
cm t anta simplicidade em um pedaço de pão, ficando assim
sujeito e obediente D voz de meus mi.n i s.tros e mC'smo daquel­
lcs que Me profanam !
Sim, Eu desço ás mãos do PacJ r{o s anto, como ás mãos
do i m puro, p oi s, por estes mesmos, pro n u n c i"a rl ns a.<> pnla-

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112 O B o m Combale n a Alma G enerosa

vras d'a consagração, sou obrigado a descer, porque esta é


mi n h a vontade de estar com os fi l hos dos homens.
Prosigamos na nossa n arração. Permiitto que Me con·
d emnem á morte !
Antes disto permitto que a força da dôr Me esmaguei
No Gcthsemani escondi m i n ha divin d·ade, e p&r teITa, esma­
-gado como um verme, peço au x i l io ao Pae ! O' lição de
hwnild:a rl(' , o Pnt· P n vin mn n n j o pa m c on fortar o IH"Opll'io
Deus !
Deixo fi nalme n te que Me condemnem á m ort e e que
::\le m at em, segundo suas paixões or den am , e Eu a ce i to tudo
com tod a a hu mi l d ad e, pedindo perdão pelos algozes !
.Amadissimos filhos, mostrei-vos em J>Oucas palavras,
oomlO minha passagem por este exilio foi todia de humildade.
Deseja n do prégar a minha doutrina, e com proveito, foi
n;ccessario que assi m praticasse a h urn i ld·ade , porque esbl
é a base da perfeição, pois, sem ella, todo o esforço para
se chegar á perfeição é inutil.
Os soberanos da terra, cari sisimos superiores, a quem
pri n cipalmente d ir ij o estas pagi nas, se i mp õ e m pelo seu
poder, pela sua grandeza , pela sua mnges.tadC'. O Rei dos
rt>is, assim, não obrou. Elle se i mpõe a vós com a sua l n fi·
nita hu m i l d a de ! Vêd e·'.\1!' l a va n do os pés do.s amados apos·
tolos, e a Pedro que a isto SI:' recusava, disst> : Se n.ão Me
deixm"t's lavar os teus pés, não terás parte commi!V<>. Sim,
amados superiores, que t e n des almas para lhes mostrardes
o caminho do céu, n ão é pela aut ori dade que ten d es que
os conduzireis a m i m e que lhes m ostrarei s o meu amor.
Ah ! ·não, é p el a humildade que elles ouvirãlo vossos conse·
lhos, é pC'la pratica d esta humildade, que os co n duzireis a
mim e que . amolecereis seus coraçõ es.
Os gran des da te·rn se fazem o bed e c e r pela sua autori·
dade, mas vós, meus rcpresent.ruites, seifeis semdhantes a
m i m, fazendo-vos obedecer pela h umil dade e mansi d ão,
qual idades indispensaveis a um superior.
Vós to d os que tendes o poder de el eger superiore5,
jamais C'l<>jaes superior(•s, que não almejem estas du a s qua·
lidades, h um i ld ad e e mansidão ; p•o·rque se elcgerdes supe·
riores sem est a s duas quali da des, será wn de sastre ; estes
supcI'lior es n ão govern arão se gu n do meu espirito, mas, sim,
segundo suas paixõe s !
Errados, m u i t o e r rados rst :i o o s que dizrm que é nec·e s·
sa,rio se i mp ôr para s<"I' obedecido ! Ah ! A i m posição que
devem tcr os que d e sej a rem ser obedecidos é uma humil·
dfüle a to d.a pro v a e uma doçura ti ra d a d e meu Coração,
que disse : Aprendei de rnirn que sou manso 1' h umi l de de
coração. E111 verda dt• v o s d·ecl aro que, apesar fi e Judas não

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O IJom Combale na Alma Generosa 113

allcnder oos meus amorosos olhares, não Me impuz usando


p a ra com clle de energia. Ah ! não ; escon di meu poder e
n· � p e i1ci sua Iibe!l"dade, apenas disse-lhe, se tens de ir, vac
jú. O h ! admi.ravel li ção para vós, cal"issii mos superiores, :o
H t·i dos reis esconde seu poder e quer ser obedeci do, não
pl'lo poder que tem de mandar, mas, sim, pela sua grande
h urnildade, pela sua doçura a toda p rova ! A todos que dese­
jarem ser meus verd'adeiros rep,resen.tanles, assim lhes or­
d t · n o : Fazei-vos obedecei" por amor e não com temor. Quan­
d o um vosso filho cahir em alguma falta, que elle nãlo tenha
1 1 n·do de se approximar de vós, mas, como Eu fi z com Pedro,
l a u çae-lhe olha res de com paixão. Pela vossa humildade,
di wi-lhe : Filho não temas, porque Eu muib1s vezes cahi.
Sim, most:rae-lhc que vós tambem sois huma nos e que
t o dos estacs sujeitos ás mesmas fraquezas, e SIC assim fize'I'"
r l l's, o V10 sso subdito re,tírar-se-á de vós con fortado para
11roseguir a sua jornada. Errad;os and1am os superiores que
o c cultam suas fraquezas á vista de seus subditos, p.orqu<'
t at' s fraquezas contadas por vós, são uma prova de clO n­
f i a n ça que dacs nos vossos subdlt os, são occaisiões que l hes
d ,ies, delles tamlx'm p.odercm contar suas miseri as. Mas se
v o s vircm Cio.mo santos d<' altar, ellcs desani lllla rn, e dizem :
F.n ja mai s poderei chegar a este po n to ! Sendo assim e o
s u perior exigindo, como deve exi gir, perfei ção de seus
suodi tos, c>stes n ão sabc>m o quanto l h e custou chegar a
tank>. Aquelle cahiu mu itas vezc>s, como, porém, o sub d it o
n ã o viu, p e n s a que só elle cahe, só elle é fraco !
Eis, amados superiores, tambern porque se desejaes dar
força aos vossos filhos, d·e veis vos humülhar, contando al-
· guma de vossaiS fraquezas, pois eS'ie ado de humildade será
u m a porta pda qual entra,rá a m i n ha força n o s seus co­
ra�·ões.
Amados meus, os orgul hosos do mund10 desejam que
n i 1 1 1,.-ue-m lhes impute faltas, m a s, vós, meus repTesentantes,
d r ,·eis fa:ller como os meus verdadc>iros servos fizeram e
fazem. Con hl'cendo sua n nll i d rule, nã!O a escondem aos ofüos
do mun do, eis porque Eu posso edificar nestes co!l"ações
l i u mi l d e s e os torno semel ha ntc>s a mim, impondo a elles seir
:unn<l 'o, porque sou bom, po�que sou m a n so e humilde de
c·o rnç.ão. Dei x ac> 0 5 gi a n d·Ps da terra se impôrc>m por seu ·
prH) e r, mas vús, q u e s<>is U H'lLS, impondP-Yos porque sois
bo n s. p orq ue sois humi l d 1•s e man�s.
Aprendei ele mim que sou m a nso e hu m i l de de coraç.âk>
·
P s1· a p r P n tfonh.• s. de> mi m , seireis como Eu nobres, ricos de .
111 i 1 1 ha gr:.iça 1• g o \'ernar<• i s segundo meu e spírito • .

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114 O nnm Cnmbatc n a ,lima Ge11rrosa

Vosso Deus, q ue vos d i z mais uma vez : Aprendei de


mim que sou manso e humilde de coração.
Pelas mãos de Maria.

1 0-1 1-1931.

O reti ro e s p i ritu al

AMADISSl;\IAS esposas, o retiro é uma necessid ade para


a alma, ]llO is, todos os que desejarem a perfei ção preci­
sam de um retiro bem feito, ao menos uma viez po.r anno.
Qual é a necessi dade que vos obriga a um retiro'! A
vossa alma voo-a mostra :· Ouvir a minha voz, para pü derdes
ser i nMrniclas no meu am()r. J a mais ·se ouviu di zf'r que
alguem anHl'SSl' a q n<·m n :io conhce{' ; l'i s, port a nto, a neces­
sidade do retiro, porque é nt'llc l(UC Eu falo W.. alma s, ins­
truindo-as no amor, fazendo-as conhecer suas i mip·erfeições;
para que, conhc>cendo-as, as detesitem, e assim possam abra- ·
Qar o perf'eito. ,
Eu me.smo VlOs dei este exemplo da necessi1lade do
retiro, quando fui para o deserto e alli permaneci quarenta
d i as longe das creaturas, !<ratando somente dos i nteresses
de meu Pae. Tinha Eu, porventura, necessida de dC' n'f!Jilro 'l :
Não, porque sendJO perfeito, sendo Deus, toclo o bem se·
a chava em mim, mas assim Me retirei, para hoje di zer-vos
que o •rL>tiro, sem e x cepção, é uma necessidade para todos.
que desejam a santificação. Esta necessidade de :retiro bem a�
comprchcn deu· Maria, minha bôa Mãe, quando tomou parte
com os apostolos no gran de retiro em que o Espírito Santb.
operou maravilhas sobre todos elle-s, que se achavam ai nda
nas trevas da ignorancia.
Os meus escolhidos, que hoje ornam a cidade sanita '
com as suas virtudes, comprehendcram a necessidade do
retiro.
Eil-os procurando, como Francisco de Assis, o nrome
Alverne, o n de por quarenta dias permaneceu e,m silencio,
ouvindo a minha doc<' voz. Em troca d11 suia co:rresponden­
cia, enviei-lhe um anjo, que o feriu com o meu amor, impri­
nün do no seu corpo os si�naes da vossa Redt'mpção, sel­
lando paira sempre sua alma com o meu amor, tornando-o
um outro sera fim !
Eis como os meus santos comprehen d·eram a necessi­
dade d'O retiTo, po-rque é no silencio que Eu falo ás almas,
e só as almas que Me ouvem poderão sc-r santas.

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O Bom Combale na Alma Generosa 115
(• '

Amada s e s po sas, desejo que vo5 compe n etrei s bem ��


1wc r ssi d a d e de um retiro bem feHo e das vantagens que
d d l e podí'reis ti rar. Sim, d e u m l'C'ltiro bem feito depende
:1 v ossa san t i fü c>açii·O. Os santos procuravam a soli d ão dos
liosques e, l o n g e do bul i c i o d o mundo, ouviam minha vo z ;
a \'Ós, p or ém , u m a outra solidão VIOS dou, esta sol i d ão é n o
m e u coração. E ' para esta sol i d ão bemd i t a que estes dias
Yus re.Hrar.e is, procurando, qu�nto vos fôr possível, fugir
d :1 con v ersação dos homens, p ara poderd es türar ·
proveito
de m e us ensinamentos.
Lembrei-vos aqui, amadas m i nhas, que deveis enf.!l'ar
p a ra o sa n to reti ro, pensa ndo que i d es tratar dos n egocios
m a i s i m p o rt a n te s de vossa v i da ; portanto, toda atten ção
110ssi vel cl eve1i1s cl i sp cn s a-r ao santo retiro. Oh ! quando u m
r 1 · i sl' a pres e n ta a u m a migo, o a m i go pro cura prestar t'Od a
:i : 1 L k·1 1 �·âo possivt'I a u seu 111onarch a . Vós, amadas mi nhas,
cLe
1wsl l·s rl i a s bl' n ça ms, dt•v1•i s rl a r nm p ou co mais de atte n ­
(·:io ao vosso sobPrn no. quP é v os s o esposo, e ao q ual ides
j 1 1rar fi d e l i d ad e e terna.
Porta nto, se Me 1>re star des aitt e nção, o proveito será
Yosso, p o rque Eu n ão tenho necessidade de vós.
H eHrae-vios com a vontade firme de abraçardes t od as
a s m i nhas aspirações ; não de i xei s que o ilemonio tire a
p a z de vossia a l m a, porque eHe é i n i migo terrivel de m i nh as
e s p os a s, pois d·eseja no vosso cora ção semear a co n fusão .
Em tm•s casos recor·rei a Mari a e Ell a o cxpulsiairá, d a n <l o
:'1 ,·01ssa alma lranquill i ch1 de pa ra µod<"rdt•s ouvir a mJnha
w•z, c1ue só fala aos corações calmos.
Sêde lambem, nestes dia s do santo retiro, muito i nt i ­
m a s com o D i v i n o Espirito San.to� p oi s <l elle dependem a s
l l l zl'S pa ra me l ho r comprehL•n rl•erdcs m i nhas pal avras. Pt><li ,
porla.n Uo, e sta luz <l i vi ll'a sohr<' ''os.-.as almas, para assi m
poch•rcl cs s a h i r do santo retiro transformadas em m i m
1 1 1 t·smo. Oh ! como desejo vêr·vos u m a s ó cousa L'Om m i g10 !
E' por este m oti vo qut> fazeis o s.a n to rdi>J·o.
J:i n ão sou Eu que vivo, mas Christo é que vive Cln
1 1 1 i 111 , d i z i a o di scipulo a mado São P a ul o. D ep o is deste santo
l'l' l i ro, dt•sejo ([ ltC isto mesmo saia <fc VOSl'>OS ooraÇÔCS : J{1
11 :·1 0 so u eu q m• vivo, m a s, sim , Christo Oru cificado, que
<pw1· cl i zer, esposa sacrificada, h um i l de , pura, o be di ente e
m a n sa ! Bsk é o meu deseio, chama ndo-vos para a soHd.ã,o
rle m e u a m a vel Coração. Sim, este d c.,scjo es1�ro que sejo
�al i s fcito qua ndo vos fôr poss ive l . Eu vos oon heço, amari as
m i n has, porque e d i fi casles e·m meus domi mi1os, po11anito,
es p e ro , d e ca da uma de vós, bôa vo n t a de e gene rosi dad e em
abraçardes tudo quanto vos pedir n o s a nt o •retiro, pois as
rr<;oJ uçõrs, q n r i rl es flonHll' n C'sfc,s . <l i a s, jam a i s a s rlrv<' i s

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116 O Bom Combale n a 11fma r.encrosa

esquecer, porque a vosso pro v e i t o devem di as vos acom­


Jl'a n h a r a1é a hora da morte. Vê d e bem o que até hoje nãQ
cumpristes e o que vos está fal t an d o , para t o m a r d e s a reso­
l u ç ão de hoje por dfante p ôr d r-s mãos á obra.
Já é tempo, não mais p o d e i s esperar. porqut• se espe­
r a rd e s paira amanhã, n u n ca che-g a rú e s st' di a e morrereis
n o s vossos d e feit<> s !
P rep a rae-vos, amadas minhas, como se este retiro fosse
o ultim o de vossa vida, e vêde como d esej ari eis v!Os apre­
sentar a nte o tri b un al de contas. Direis vós : :\le u Deus, eu
d e s eja ria ahi me apresentar nos braços de m i nh a Mãe do
Céu. Sim, é este o meu d ese.io de vêr·vos na hor-a d a morte
nos b ra ço s de tão ca ri nh o sa :\Jãe, mas, p•aira i s so , é neces·
sario, á sua imit0 ç.ã10, s er d e s pura, obedi ente, mansa e hu·
milde ; mais ain d a é n ecessa r i o tel·A -c.o m o :\lãe e a Elia
re correr como tal, me rlitando nas suas prerogati ,·as e n as
�uas bemdi1as dôres. Si m , se dPsejaes m o rrer soa n t ame-nte,
i'· necessarin san ta me nte v i ver. Oh ! se viv·rrdrs como Eu
vivi neste ex i l i o , n m orte n ão vos causará pa ,· o r, ántes será
l>Or vós dt!scjada, porqur rll a é� a po�·ta de vo•ssa íl·Ií ci d-adc
1•o m pktu e ete rn a .
Qual é n esposa que n ã o rlescja ,-f�r seu esposo, não
:i l raz de u m a s gradC's ·ou l'oherto d r modo a n :'io po der
rontemplaJ-0 ? _,
Sim, a mQrtc é a n a v alha cortanlr, q u(• vos rasga o véu,�
JJara Me poderdt• s vêr face a face, e assim vos (•xt::isia rdes:
d i a nte de m i n h a bt>llPza ! O lh os humanos nunca vira m ! ln·
t d l igenci a lnuna:rn e cora �: ii o huma n o n u n c a pud era m oom­
prehender o que l he s t•slii prepa rarl o n esta vossa n ova
p at ri a ! P011a n l o., sl' d csdacs ser pat1i cipuntes (]e t o d a s estas
<·ousas, fazei bem o vosso san t o rl'liro.
Pe di a l\la r i a que vo s gu i e e ·vos i n troduza na sol i d ão
de m e u C o raç ã o , e Eu vos ferirei com um dardo d10 meu
amor sagradQ, deixa ndo-vos marcadas e se l l ad as para A
vid a e t e rn a, onde espero cantareis o Cantic'O n o v o .

Vosso .Jesu s Cruci ficado, que esta s e m p re ú voss-:1 di sipo·


sição n o Tabern aculo Santo.
Pelas mãlos de Mari a .

28·1 1 - 1 9 3 1 .

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O Bom Combale na .-Uma Genervsa 117

S ac rifi c i o

AMADISSIMAS filhas, esta palavra assusta


porém esta é a lei do verdadeiro amor. e o verdadeiro
- sacrifí cio -- ;

amor, que obriga a abraçar esta lei, contraria a vontade do


homem, pois o amor só é saciado nesta lei do sacrificio.
Ouço muitas vezes dizerem-Me : Senhor, como gostar
do amargo ? O que dizer a estas almas ? Para estas almas é
necessario que o amargor das penas sej a envolto oom o meu
exemplo.
O que se passou na minha vida de Redemptor, desdé o
seio de Maria até os ultimos m1omentos, foi uma vida de
saorificios, porque soffri no seio de Maria, tendo que conter
os impet01s d10 meu coração ard e nt e, que desej avam irra·
di ar-se, mostra ndo aos homens minha mis;são salvadora !
Portanto, minha vida foi ininterrupta de soffrimentos!
Agora vos pergunto, almas que Me desejaes seguir. . Po­
d e i s Me seguir p or outra via a n ão ser a do sacri ficiJO? Mas,
crue fa z e r 1>ara gostar desta lei tão penosa '} Lembrar·se do
P a raí so, qu e V'OS de ve d ar a força para trilhar eme caminho
l á10 semeado de espinho s !
Dizem m uitas almas q ue se d e ve abraçar c f sacri fí cio,
s e m interesse de recompensa. Eu não vos falo assim, por­
(flW o céu sou Eu rne&mo, e corno não Me desejar se Eu sou
u b e m infinito !

Amadas filhas, porque ha 1 iio poucas almas, que mnam


sacri fici o ? PIOrque poucas s ã o a s que ol ham para o céu
" o que nelle as espera, donde nasce a pusilanimidade doe
1 a n las almas, QU<' d es fal le ce-m n o c am i nh o da perfeiç.iiio .
Lembrae-Yos de que a lei do sacrificio sendo a lei d o
: 1 11wr, dá á a l m a merecimentos. Podia Eu abrir·vos as portas
da Jerusalem C el e ste com um acto de minha vontade, mas
:1 ssim não qu i z, porque o sacrificio é o melhor acto d'C
l'l'paração, q u e se póde dar á pessfla offen di cla. R e íle cti
um pouco qual se r i a a m e-lhor re p a r a çã o se u m a d<> vós offcn­
•1esse a um am igo, e, para r e pa r a r essa offensa, lh e envi a s·
\eis uma somma importanlP. em vez d e irdes 'J'lf"ssoalmente
" prostrardes ante quem offen destes a lhe pedir perdão e
uma penitl'n ci a ? S e ri a certamente a de i rdP,s -pessoalm ente,
fazen d o um sacri fí cio e um ac-lo de humildade diante da p.es­
�ôa ·offen dida.
Vêde, amadas filhas, como o saci-i fi cio é meritorio,
pori sso o ho m em d�lle tem ne cessidade. Vêde na antiga
h•i , Abrahão o ffort a n d o-1\le seu u n i co filho em hol oca usto,

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118 O Bom Comlmle n a ..Uma G werosa

além dl· outros tantos que vós sabeis. O amor pede sacri­
fi cio, ])Ois onde não ha sacrificdo não ha amor. Mas, porque
o sacrificio é n ecessario ? Porque humilha e lembra ao ho­
m e m , qut-, a ci ma de si, estou Eu, ao qual deve obedecer
com amor. E para obe d e c er é n e ce ssairi o sacrifici o ; é este
o prion1eiro d os m a n cl amentos, a maT·'.\le e servi r-Me neste
mundo, para depois eternamen te gozar. Mas para Me a mar
nes-te munclio, é n c c P s s a r i o o d e spre zo de si, poo-que n ão se
pôde amar ao mundo e a mim ; · pois quem s e ama a si, a m a
o mundo, su a•s paixões e s u a s i n cl i n ações .
Tl"nho tão poucos amantes, porque poucos sã'O os que
s e desprezam, pois, - desprezar-se é a summa da sabe<loria,
e qu�m se cl e spreza por meu mnor, vr-rdn cl eiramente se ama.
Dr pour10 i in p o rt a a o h o me m amar-se, se um clia fôr
po.r m i m ckspN' w d o . porq n r qn r m Si' : mia na ca rne, não
1 1údl' a m a r sua ül nw. \" i s t o romo a a l m a . qu e dr mim sahiu,
suspira por m i m, emqua n l o qm• a c a r ne clt-seja compra zer-se
no mal, J)Orque l'lln é f i l h a do mal. Porisso todo o hom e m
que dt•seja r segui r-�h· km de st• d esp re zar, mas para � de s­
}lrezar, é n c-cess ari o a braçar a lei do sacrificio, submct­
t e n d o-sr am orosamenlc :is c i n zPlarlas d o mru amor, o qual
to r n a a al ma refleetor <le m i n ha s qual i cl acles.
Am a d a s filhas, o n de foi que meu a'!ll'O r mais brilhou?
O me u amor e m i nh a s qualidaclcs brilharam como o sól na
m i nha Sagrada Pai x ão. Oh ! vêde m i n h a humild ade no Geth­
sl"ma n i , t o m a n d o sobrl' m i m um fardo pesado de crimes
nokn tos, t• a11n•se ntando-Ml• ao P a e como um criminóso.
A h um i l d acll-, YÚs h e m sabl'is, ú um a qual i d a d e de mru cora­
ção, e no Geihsemani clla brilhou, porq ue m e apr es ente i ao
Pac romo 1w c· c ad o r, e o Pae com10 pecca cl or �le tratou !
Pl'rgunto-vos, a m a d a s f i l h a s, e ste acto de humildade
n ã o Mr cust ou sacrifi l' i o ? S i m , e tremcndo sacrificio, que
:\h• fez s·u a r sangue ! E agora, sl•rcis capazes de tomar sobre
.

vt'is os o pnl bri os 1h· um e u n d t• m n:H lo e, cm seu l uga r, sof·


fn•r t a n l a1s humilha çúi•s '! Qm· :\!e respondeis a i s so, a l m as
que �k arnaes '!! . . Poueas st• rão as que l\le possam dizer :
Se nho r, l'll soffrl• r i a l u d o i s l o par este pobre i n feliz.
Assim vos fa l o porque n•jo que nem as penas i nsigni­
fii cantt>s, nem humilhações de pouco valor não sois capazes
de as r eceber co111Jo fi lhos submissos!
Vêde como as minhas qual i d ades brilharam e c omo os
qu<' são pusi l a n imt•s s e mostram no sa c ri fí c i o !
Amadas filhas, on d e brilhou minha mansictãio? X11o foi
no Thamor, mas no sacrificiu, qu and o ooroado ·dt- espi nhos,
,

refulgiu co m o o s ú l ! :'\a fl a ge l l açã o a m i n h a mansidão illu­


m i n o u o céu e a terra, oh ! s i m até aos céus chegaram os
,

clarões desta l u z vi vi ssi nr n , C(lll' f>C'l n terra. SIC' e spa rg i u fi-


,

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O Dom C ombate tia Alma Generosa 119

!"a n d o como l u z e l e ta nto s coraçõl's, q ue u m d i a i am oom­


p rl'hl'n d er est a doutrina d e am or, porém, rodt!ada d e pun­
gentes e spi n h o s ! Oh ! como bril hro_u a minha mansidão,
q u a n d o os algozes '.\le a rrastaram pelas ruas, e quando o s
po brl's sol d ad os, n a prisão, fizeram d.e mim o que suas pai­
x ões lhe i nspiraram ! . . .
Vê d e ('IOmo é no sacri füci o que se m o stra o valor, que

E
mostra a v i rt ude !
l'Olllo '.\1c -pro vard s, vús, qut· sois man sas, 1*' n ã o fôr
n a hora em que esta virtude vos custe s acr i fi ci o ? E' só n a
hora d o s a � · i fi ci o que posso d i zer que soi s mansas.
Em s eT manso sem sac..rificio n iio ha merrc.cimenlo, poT­
rriw e s t e nasce no �a crifi d o e por me u a mor . .
Vê1fr t'o m o d e vei s a m a r o sa c ri fi ci o , como ga ra nt i a d e
\'CJssa l'ntracla n a .krusalt• m Celesk, porque fo i com a sua
. . J i a vt• q m· Sl' abriu l' s sa porta para vos d i ze r que é por l'lle
com C'l lc QUP vos mostrei as qual i d : ult>s el o meu Coração . . .
Vê1h'-'.\k 1110 alto d:1 C ru z em h o ra 1 ii o a 11gus:11iosa , fi a n ­
d o-vos '.\f a ri a p o r '.\1fre. Esperei t•st a h o ra para vo s e n t N'gar
t üo ri co t h esouro, porqup clC'SPjava que hoj e comp•rehendes­
sP i s o. va�or do sa cr i fí c i o, S{'ITI o qual o amor p e rd e r i a seus
' n c a ntos 1
O a mor sC'm s.a.c ri fido to rn a-sP d i ante de m i m d.e pou co
valor, porque o q ue lhe d á v a lor é o s a cri ri ci o.
l'ma a.rviore que niio p r od u z para que serve? Para ser
l : mça da ao fogo. O me s m o é o a m o r sem sac.'r ifi cio, n ão t e m
Yalor, porque ·não d á fructos, porisso será la n ça do ao fogo,
p o i s o s a c ri fí ci o são os fructos do v·e rd adeiro amor.
Amadas filhas, porque o sacrificio é tão de>s'}}re za d o ?
E' po rqu e poucos são os q ue 1nedHam n a minha Sagirada
Paixão !
Vêde os meus Santos tão se d ento s de sa C' ri fi ci o , porque
foram amant·es d·e m i n h a s p ena s C' d ôres, P nel l a s sioube1ram
.� uga.r f orça e l u z para po derem Me imitar.
Oh ! nã'o vos i l l u daes, sem sacrifi ci10 n ão ha s•an.t i dad c
11em a m o r p o r mim,. po·rqnc, e.amo .i:í v os d i sse, o a mor v·e·r­
c l a cl ei ro produz fruct<Js e estl•s fruetio s são os descjO's de s:e
sa c ri f i car pela m i nha gloria.
'.\fas, reconhecendo vossa fraqueza e vendo como esta
ld ri o s ac ri fi c i o cust•a para se.r abraçada, convido-vos a me­
cl i lar n o que vos está preparado para depois deste c urt o
1·xi l i o ! Está preparado o que vossos olhos n ão podem vêr
l i oj.e , o que vossos ouv i d os não podem c-scutar, e o que vosso
eoração n ão póde experimentar. E po.rque todas estas cou­
sa s h oje não podeis vêr, nem escutar, nem sentir? Porque
Sl' i sto sentisiseis e escutasseis, est·e ex í l io n ã o se-ria o lugar
d e m C' recerdes, portanto , almas m i nhas, abraçae o sacrificio

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1 20 O Bom Combale na A lma Generosa

t.' sereis sab!ias, po1·quc sab i a


é o que despreza o cphemero
e abraça o eterno .
.\bra çae esta lei de amor e se re i s saciadas do meu
ardente amor.
Vosso Jesus Crucifi cado, o qual viveu e mo rreu no
s acri fi cio.
Pda s mãos de '.\f ari a , do Reino d o Amor.

1 3-1 2-1 931.

Possessão d iv i n a

POSSESSÃO di v i n a quer dizer propriedade de Deus; qual


será, porém, o m ortal que terá esta ventura ? Oom cffei­
to, feliz é o h omem que chegar a este estudo, p orque será
bem.aventurado.
Somente os m a nsos podem chegar a este estado, q ue
faz do coração h umano minha morada, m e u céu. Podem
se conrtar n-0 emtanto os que c h egam a este estado, que dá
ao m ortal a entrada directa nos meus divinos aposentos !
A ma n s i dã o, almas q u e M e ouvi s, é a pratica d a e11.ri·'
dade perfeita. Escutae um pouco r vere i s como o que v o s
digo é um a realidade.
A caridad•e não se exerce s em p re , quando se dá a es­
mola ou se visHa um pobre ou um doente. Ah ! não, a cari·
d ade perfeita d eve abrangrr todas as acções de um homem,
que desejar ser santo.
Pouco i m porta ria ao homem fazer mUJitas esmolas, se,
chegando á sua casa, se encolerizasse com os seu s e nas suas
maneiras e palavra s n ão p uzessc a caridade, que devem05
ter com os no·ssos i r m ãos. Muito poucos são por i n fel i ci da de
os que ex Pr c P m a cari d a de c o m a sua palavra, tirada de ·
mru amabi l i ssimo Coracão, qu e m n i t a s vezes é m ai s neces•
saria do que a esmola matcrial. P<' rcorrei o mundo e vereis
quantos suicídios, qu a n t as cal a m i d ades, por falta de apos·
t olos man sos, que saibam ir atr"az d•estas ovelhas tresma•
1 ' 1 :id a s, e 01 H' l h rs d lim o bnls<imo de uma p al av ra a m i ga.
A m a n � i rHio é uma ncces"1i d 11 rl f' u rgent e ; vêdl' como ·
dia é o c o m n l e m en to exacto d a · caridade.
En trae, alnras q u e d e sejacs ser p e rfei t as, em um .làr"
onde a mansidão não rei n a . . Oh ! que t ri s te s espectactilos"
presenciarei s ! Alli vereis ri xas sem. conta, o · 'Jµeti' nome''
blas})hl'mado e fin:ifrnentc i> lar di ssolvido 1-:.. . Agora eotraéL

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() Bom Cumbute 11u A. lmu Gt'11erusu 121

n o lar, onc.l c ao menos um dos seus membros piOISsua esta


bclla virtude. Nelle vereis e ssa alma apaziguando, acal-
1 1 1 an d o, e finalmente o lar se converte ndo cm ante-camara
do Paraíso.
Isto que a cont e C'e 110 exterior, ·acontece no i nterior das
al mas. O que Eu posso fazer num coraçãn, q ue di a e noite
se exaspera, que tu do o i ncommoda e q ue com tudo se
i n quiet a ? ! Nada ; ó triste palavra, nada posso no coração
i rrequieto, n o coração que n ão é manso !
Como póde Me ouvir quem se eltem a todo fo·stante,
s e Eu só habito no silencio e na paz ! Acaso tendes ouvido
d i zer que Eu falo n o meio d o barul h o ? Ah ! não, só falo ao
coração que silencioso Me i nterroga ! Almas que Me ouvis,
não é isto u m a perda irreparavel, não é isto mal tt>rrivel '!
S i m, porque jamais esite coração Me possuirá por comp�eto;
a i n d a q u e estl?ja na minha �raça, terá que pagar n o fogo
purifica dor do pur1wtorio, até o ultimo ceitil de sua s imper·
fei ções e de sua má reflexão em ponto tão i mpo rtan te .
Vamos vêr, vós que Me ouvis, como a a l ma que pra ti ca
a mansidão chega a ser propriedade minha, chega a tal
ponto de união commigo, que em todo o seu exterior refie·
de minha Pessôa Divina.
O coração manso chega a tal união com a mi nha Divin­
d a de, que• vê cm si minhas qualidades divinns. O coração
1 1 w n so part i cipa d e minhas alegrias e de min has t riste:r.as.
(· compassi vo para com todos, donde vem que sente im·
1 1 1 cn sa tristeza, quando vê que sou dcsprl?zad o ,. não sou
:1 1 1w d u ! O coração ma n so sente uma immensa a l e gli a .
· 1 uando v ê u m a alma que Me ama e u m a s ê d c i n extinguível
de Me vêr reinar nos corações de todos os homens. Mais
a i n d a, o coração man�o sc alegra, coritPmplando n Para i so,
patria, onde sou 11marlo pPlos Se raphri ns, Cherubins e todos
us habitantes desta Cid1ade Sa nta, emfim elle vive da m i ­
n h a v i d a . Agora podeis comprehender porque muitas vezes
a l m a s, que Me amam, um dia est ifo tão alegres e outros dias
u m a espada lhes atravessa o cora ção ! E' que estas almas,
<'Slta n d o em m i m, se um dia reccbo uma g·rave affronta,
como Eu não posso mais soffrer, ell a s 'intimamente ligadas
a mim é qul? s off r em ! Em outros dias ficam alew·es, porque
um peC'cador se c o nv ert e-u , conforme l?stá cscripto que ha
m a i s jubilo no céu, por um peccador que se converte do
qu(' por no ve nt a e nove justos que per<;cvcram no bem 'l
S i m, o cora ção que Me am a é m a n so, participa clestn alegri a
celeste, porque todo o coração manso vive cm mim, fazen d o
u m a só cousa commigo.
Oh ! almas que Me ouvis, d es ej ac ardenkmcntl? chegaT
a est a VC'n l u ra de poderdl?s ser por mim íormarlas n ão so·

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1 22 O Bom Combale na A lma Ge11erosa

mente na v1ossa intensidade, mas cm todo o vosso sêr, p a ra


po d e rdes ir.l'ad iar-.\1JP.
A h ! o coração m a n so é o espelho da alma, pelo qual
saem raios de l uz , i l lmni nando assim todo o vosso sêr e
d a n d o l u z a os quP andam nas trevas do 1>eccado !
Ama d o s filhos, se hoje vos man dasse de novo Maria,
m i n ha Mãe Santissi ma, no m l'i o de vós e a visses coberta
com o manto da m a n �i<lão, o h ! lodos os hom e ns correriam
a Elia, q ue sem d i zer , palav ra conve1rterria to dos os homens.
Oh ! v� filhos meus, tambem vos podeis cobrir com
l'Ste manto r-cal, para assi m attrahirdcs todos os h ome n s ao
meu Coração.
Cobri-vos, com o manto da mansi dão, para entrnrdes
no meu Caração e assi m vos tornar possessões divinas, i sto
é, mi nhas prop.rtledades.
Poréim isto d-cpcnde de vosso esforço e gen erosidade
de cada dkt, para no fim dl' poucos annos vos sentirdes
revesti das com l• sta \'t'sle nova, que v os acompanhará á
etern i d ade, onde vos rhmi rlireit-0 a um throno especia·l, no
qual gozareis e bem d i reis o quanto soffrestes na acquisição
ele tão precioso 1.hesouro.
Vosso Jesus Crucificado, q u e vos deu tantos exemplos
de mansidão.
1 4-2-1 932.

' A fe l i c i d a d e

T ODOS o s que t ra n si taes por este e x i l i o . vindt• a m i m e


rlar-vos-ei o que ta n to a l mejaes - a feli cidade.
Eu sou a Mãe Lacri mosa, que ao pé li'a cruz vos recebi
como filhos.
Jesus, d erramando seu p recioso Sangue, com ellc fir­
m ou tão precioso lega <to , e Eu, chomnrlo, recebi-vos, aco­
lhPn rl o-vos sob o mC"u m a n t o protect()ll". A m a i o r partP rios
h oml•nis, porém, esqm.,ceu·se qu� tem uma Mãe fiel e dcdi·
cada n o S<' U gran rl:e Amor. porisso hoj e vos falo e vos
C " n v i d o a vi r d es a m i m para e n contrardes a verd a d e i ra
fcl i ci d a ck.
:\llies de f a m i l ia , qu e p ro c ur a e s o b e m Pstar dc> vossos
fi l h os, l' qlll' tanto l' lll J>Cnho t c> n c l l"s c>m dar-l hes a fe l i d d ad c> ,
nu vi-mc por picclailc.
Procu rat's por tocl o s os llll'ios h u m a no s a frl i c i d ade,
.porém esqueceis que parit faso o p ri n c i pa l meio é buscar

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O Bom Combate na A lma Generosa 123

a D P u:s nos Sacrame ntos, é procurar-Mr a m i m, q u e s o u a


1 }ortadora da u n i c a <' verd:uleira fel i c i dade.
Pe-rgunto-vos, amados fil hos, j á e n co n trastes nc-ste v�lle
de l ag rima s alguem fel i z fóra da S a n ta Egreja ? Nunca en­
contrastes nem haveis d e encontrar, porque a felic i d a d e
t·onsiste e m amar a Deus, u n i c o f i m para o qual o homem
l'oi crendo.
Se o s 1re i x e s sendo errados para v i v<'rem na agua, moc­
rem fóra della, o mesmo acontece com o homem. Fóra do
amor d e D e u s não ha fel i ci dade, n âf;' h a v i da, porisso fóra
do grande preceito de a m ai-O n a l m a morre, (' o h<Hm• m,
com a alma morta pelo peccado, n ão púde ser l'rli z .
QuP fe l i c i d n d e po-derá r n e on k a r o h o me m quc t i n' r
um d e seus membros d oente· ? A h ! q u a n d o encon t•ra<.>s u m
homem p a r n l ytik o, v o s faz )H'm1 por vêl-o em tal estad o !
Elle s e I•ast i m a <' d ese.i a arrll' n ll•me-n lt' se r cumdo d e se-u
m al, e a i n d a que tudo l h e pareça sorrir, não s-c se nt e fel i z !
Peor qul' esta i magem d o paralytico í.• a ·alma qu� não ama
a Deus ! Esta alma rm vão p ro c u ra di \"t•r t i r-se, em vão pro­
cura o pmzer, porque todo o prazer é momentaneo . . Só
o prazer d'O a mo r d C' Deus é quP (i-'.Í a paz á alma e a fel i c i­
d a d e com pleta.
Mães queridas, que k n d �- :; fil hos, que tendes filhas,
p roc ura e d a r a e st es Pnlt's queri dos a fdi cidade eteTna.
O h ! como é d ol oroso para meu Coração, vêr ta n t a·s Mães
serem a causa rJ.a pr r d i ç i''o d<· srus fil hos !
D i r·mC'·l' i s v ó s : Como fa r e m o s , Sl' n o ss o s filhos n ãn
nos ob rdl'c r-m ? A h ! quem são os r i.tl pados .d isso? Sois vús
mesmo, porq ue qmmdo crean ças n ;\o os so u be ste s educar,
levando-os aos c i n l' mas, aos bailes, cen tro s ele peT d i çã°' da
i n n o cl'n r i a , o n d e tanrtos p ec cn rl os d<' i mpure z a se com·
m'l'ttem !
D i rl' i s a i n d a : �as mi n h a s r i l h a s são i n nocC'ntl's, n ão
têm m a l í c i a . O h ! e<.'gueira a vossa ! :\"ão M1beis que quem
toma veneno é para morrl' r ? Os c i n em a s ! O q ue se p ass a
1ll'stes antros malrl i t-0s, omt:e o 1l•l' m o n i o l a ça t a•nfo.s a l mas ,
onde as crea nças apN• n d e m a i m moraHdade e a rlPsobl' d i r n ·
ei a '! ! Os ba i l Ps ! D<.>poi s cfp se r l' m prejml i c i :ws ú saú rl e, são
l'ausa da ]le r da cl P t a nt a i n n oc P n r· i a l' rausn rir tantos m ú u s
pl• n same ntos, r i o s quaes d·arão rigorosas conitns !
Qua ntas almas hoj C' gr.mL• m no i n fl•rno por causa elos
hni lPs l' rios c i n l•m a s ! Agora vos püS!.�O provar romo vós,
�társ clr fam i l i a , so.is a c a u sa ria desgraça d r vossos filhos !
Oh ! :\'l f P s q u e m r C'sc· u t aes, \' êrh• r o m o d l'i x:ws as vossas
!' i l has s a h i n• m :'1 nrn rm t rajps liio i m m ora!'s, <Jlll' a 1 1 a vo1ra m
os anjos !

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1 24 O Bom Combate na .1 lma Generosa

!\lães quPri d a s, di r· me·e i s : !\fas mi nh as filhas não me


obedecem neste ponto 1
Oh ! por piedade, d i ss o quem é c ul p ad o ? A culpa é d a
li berdade que l h e s déstes d e s d e a linfancia ! !
Lançando meus olhares amorosos de Mãe sobre o
m un d o , tenho que dizer-vos : A humanidade se agita e geme
por causa de n ão saberdes crear os vossos filhos no amor
de Deus! O que fa lta á humanidade é o amor de Deus, que
faz com que as paixõ�. sejam e smagadas.
Onde ha amor ao'•,.Divino Rei, ha submissão aos Paes,
ha su bm is são aos governos, emfim. o amor de Deus trans­
fo rm a em P a rai so este valle de lagrúmas.
Oh ! quem me déra que todas a:s Mães da terra me
ouvis!lem e p uzesse m em pratica os me u s conselhos de Mãe,
que só deseja a fel i c i d a d e, o Paraíso para t o d os os homens
redimidos pelo San�me de meu Divino Filho.
O h ! M :i es qui>ridas, vinde que Eu sou o vosso mo d elo,
vinde a mim e da r·vo.s·ei minhas Lagrimas p rec i o s as, com
as quue.s abrandareis os cora çõe s de vossos filh o s, e o vosso
lar tornar-se-á um parai s o, torna r-se-á o lar de Naroreth, no
qual só reinaram amor, alegria, po br eza é verdade, ruas a
paz da alma tornou · e ste lar tão feliz, que quizera fosse elle
imitado por tod·as as familias.
Queridas )Iães, não vos entris:teçaes ; a!i n t.l a í.· tempo.
Vinde, vi n d e ; as minhas Lagri mas são o rem c di o , o cami·
nho q ue conduzirá os vossos filhos á felicidade eterna.
Estas La gri mas abrandarão os corações pa•ra poderem rece­
!Jer o Amor dos a mor es , a fel i cidade unica, que é D eus, este
Deus q ue, por vosso amor, dia e noite véla nos Sacrarios
da tP-rra, on d e é tão esqueci do e tão injuriado por tantos
hom ens, Qlll' se esquecrm que têm um a alma feita para.
amar este Di>us, que m orreu Pm uma dura Cruz, somente
porque seu amor é infinito pnra com to.cios os homens.
Mães queridas, quizera vêr um d i a os vossos filhos a
meu fado, é e ste o mo t i vo pelo qual assim vos falo.
Vossa t e r n a Mãe, qup vos ama com a m or mais forte
do que a propria morte.

29·3·1932.

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O Bom Combale 11a Alma Geu erosa 125

O t h e so u ro esc o n d i d o ! . . .

F ELIZES, mil vezes felizes as almas que s il o chamadas a


trabalhar para ficarem de posse deste thesouro divino,
q ue é Deus ! !
Deus, cari.ssimas filhas, só se acha n a humildade, polis na
humildade Elle n asceu, n a humildade Elle morreu !
Sendo gran de, isto é, sen d o o Creador <lc todas as cou­
�as, quiz se apresentar li humanidade revestido da rei.upa·
Xl'lll <la natureza del'ahi da, qut· t i n h n si do humilhada pelo
J IPCCado !
Eil-o reveslido c·um 1•stn rou 1n1g<'m h u mi l d P , :lfll't•sen­
l a n do·se aus home11 s eomo ho me m , sem dei xa·r de !>er Deus.!
U h ! acto heroico d e h umil d ade ! Só um coração repleto de
caridade, e de caridade i n fin ita, seria capaz de se humilhar
a tal pont o ! Vêde, amadas filhas, a que ponto Deus se hu­
milha ! Vossa ii n telligencia é i n capaz de comprehendcr o
ado heroico de humildade de um D e us ; pois vós n ão conhe­
('eis a magnificencia e o poder deste Deus, por isso. não vos
i· possivel comprehen1ler a h um i ld ad e que Ellc prati cou,
fazen do-se homem !
Este t h�uro d i v i no que é De u s , escond ido na humil·
d a d e , é o que viestes procurar, quando sentistes na vossa
alma os desejos da pe.rfeiçã{). Estaes scientes das palavras
cio Divin o Mestre áquelle moço, que sentia na alma o desejo
da perfeição? Vós j á o sabeis : se queres ser perfeito, ven d e
o que tens, dá aos pobres, toma a cruz e segue-Me 1
O' palavras sublimes, que até hoje tem seduzido tantos,
tantGS corações generosos !
Almas ge nerosas que Me escutacs, já estaes de posse
deste divino thesouro que é a santa vocação, porque quem
11ossue vocação religiosa, possue a Deus. A vocação já é um
chamado á santidade, pois quem se santificar é de Deus e
DC1ls é delle.
O' felicidade não comprehendida e não amada pelos
homens! Entremos, almns queridas, no nosso assumpto.
Sabeis que para dcsrobrir um thcsouro é preciso escavar,
t i rnr a terra, e depois de o e n contrar, fazer uso dclle, con·
fonnc as nl"cessidades.
SabC'i s qu e O.'> conselhos evangeli oos, que são <livinos,
a todos os religiosos e religi1osas são rccommendados, p-Oli.s
sem n sua pratica não púde haver perfeição. Sim, ninguem
1 u'idc ser perfeito não sendo pobre de espirito, ninguem pú·
d e ser pcrf.eito se n ão fôr casto, como tambcm se não fôr

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126 O Bom Combale na .4 lma Generosa

obediente. Estes con selhos são d ados por Deus pa ra esca·


varmos a nós mesmos, para acharmos o thesouro cscon d !do
que é Deus.
Amadas fi lhas, este t rabalho é a r duo, porém é be m d i to,
porque subli m e é seu fim, achar o . p roprio Deus, o qual
exige d os que sãu ch a m ad os á san ti d ad e, a escava ção, isto é,
C'X ti r t>ação de t u d o que seja menos perfei to, para p ode r p ra•
t i c a r as v i rt u d es e n s i n a d a s n e,sses conselhos.
Muitos se c on te n ta m sómente c• c m a pra l i c a d estE's
conselhos, mas n ão procuram cxl'reii lur-sc na vi rt ude delles,
pois u m a cousa é um J..rr i l h a nte se m l a p i d ar, ou t ra é elle
l a p i d ad o . O bri lhante bri lh a , mas, a n tes de l a pi d a r, não
tem brilho :i l gum, porisso p ra ti c :i r os co n sel hos envange­
Ii cos, sem p roc ura r a v i r t u cl r clrlles, í.· d a r a D L'lls um bni­
l lrn nf<' qur não mere ce· tal nome, p oi s não tem bri l ho a lgu m .
O que dit valor ao bril h:rnte ? seu brilho ! O que cl á val or
a os consPlhos C'Y:ln g('J i cos Í' a v i rt ud . r C'Om q ut' se os
prati r-a m .
Como j:i Y o s d i sse', fos t e s c ha m a d a s para f i c a r d C' s d e
posse d f'str d i v i n o t h e S'ouro, que é Deu s , o u n i co q u e merece
srr a m a d o . n un1 co que vos pocle dar a fcl i cidacl e d e r na .
Senti stes. co m o jú vos rl l sse, o chamado d i vi n o , pa·ra
rxcavar e rxti rnm· os vossos cll'fr i to s . para fi ca rdes d r posse
rf.esfe d i vi n o t hl."souro, qul" ás ve zr s sr acha (• scon dido
me!iffi o daqurllas que .i :'1 têm a frl i c i < l a cl r ele o possu ir. Sim,
ElJ.r sr acha :>li n da rfestns rscr n d i do, p n ra lhrs d ar os merr·
ci mentos ela f1". onr s :ío i n f i n i tns, P qnr Y11 l P r iío n o céu
recomprnsa i n fi n ita.
Va mos :'1 v i d a p rat i c :i t>ara vrrmos como C"s1at•s )>Tati·
ra-11 1!0 e�t e s c101n selhos. Vamos vêr sC' na rea l i d a d r eostae<I'
t ra b al han do para acquisição c.le tão precioso thesouro ! !
Di sse·vos ao começar que não SC' pó de che g a r ú santi­
darfe, sem ser pobre. Ser pobre que r d i ze r seir hu mild e;
romo Jesus o foi , nascendo p 3brr, tomando vossa naturezia,
v est i n do assim a vossa ro:u pagem, cont a m i n ada pel a l epra
t i o pccca<lo ! SC!r pobre quer d i zl"'I' n ão ter diesejos de b em
t"!>'l a-r, sujeitarnlo-sl' á o pin ião d e outrem, por a m ô1· d a qi.Iell e
qu·e se fez pobrr, r>ar nosso a m i'>r ohed'Ccendo até os seus
algozes.
Amacias fi l has, como pra�i c a e-s l'St C' c o n se l h o de pobre­
za '? N ã!O vos sl' n l i s f l•l i zes , qua n d o l'Xpe-rüncntarde-s os seus
effe i,t os, lt•m bra.n d o-vos qne, na prat i ca desta v i rtude,
C"slaes t ra ba l h a nd o para po-ssui rdl•s o d i v i n o thesoull"o
que é Drus'? Ou q u C"m sa he, s<', cm vez t l c vos st• n ti rd e s
frli zes, r!'clamat•s dr Deus, porque a ss i m vos 1wova, dizen­
d o como muitos. qm• sir soubessem o q 111• i am passa r na
v i d a rrl i gios:1, rwlla n :i o I rr i a m <'nt r:ul o ! . Oh ! se rá que

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O Bom Combate na Alma Gellerosa 127

Pstas, assim falando, praticam a vil1ude deste t ã o bellissi­


mo c"Onsclho, a pobreza, qu e des pren d·c o homem do mun·
do iC' o e l e va até Deus? Ah ! quem assim fala n ã o chegará a
d air a Deus a consolação, que Ellc espera, nem tã o pouco
dl"scobrirá o thesouro divino, pelo qual foi aU rah i da e se-
1 l uzida . . .
Oh ! quem vos seduziu quando, n ãü a cha ndlO paz nas
vossas fa mili as, sentieis o vos so co•ração inquieto com
de-sejo de p erfei ção ? Quem foi ? Foi este d i vi no thesouro,
que, elas profun d e:ms <lia santa humil d a d e , vos att•rah i u pail"a
qnc viL"Slseis t ra balha r n a c xtiTpação de vossos d efeitos,
para poclerdles cntntr na pos se do mes.rno.
Amadas fil has, <001110 prati caes tão salutar conselho,
q uand o n o vosso coração daes consentimento a t a nta s vonta­
des, que vos parecem l i citas? Oh ! a reli gd osa verdadeira­
mente pobn• n ão a n i n ha vonta dt•s n o seu co ração. A sua
vonlade dl've ser á von t a d e de s eus superiores, que estão no
l ugar de Deus. O h ! religiosa, que a n i n has vontades, lcmbra­
le que l'st á s faltando contra o s.a nto voto de pobreza, que
fizeste como demonstração viva de teu amor. A'quelle que
te ch a mou á perfei ção !
A v i rturl P 1h•st e voto exige negação com p le t a dl' to das
:is vontn d t•s pro pri a s, pois, quem nada tem, nada pódc
11edir, a não s c• r acouis i ç ão cio d i v i n o thesouro pelo qual
sP frz p o bre por amôr !
Ama d n s filhns, que :\IP om·is, n ão vos ill udncs. Lembro­
vos aqui que a pobrezn religi osa consiste em não ter vonta­
d 1•s, po i s se alguma d e vós n s possue não sOlis p obres, e por
l a nto não ch e ga rei s á posse do divino thcsouro, que se fez
p o bre em t u d o, fnzenrlo só m l'n t e a vo n tn d e de seu P.ae .
Oh ! S l' �Jgumn que !\le lê sentir difficuidade em p•rati ­
car e ste voto, l em bre · se da pobreza de Jesus, medite ne st a
p obre za e tl'rá for ças para p rat i ca r este di v i n o conselho,
que d esli ga as creatura•s destl' valle de lagrimas e as faz
v ô a r no c nmi n h o d a perfeição.
t:m rico thesoul'lo só se a l c a n ça depois d e muitas lagri·
mas e muitos sacri fícios, pois, como di sse Jesus, o céo soffrc
\" i ol l" n c i n , l' só sl'rá d ad101 e•n t rar n e sta molf'ada aos que vcn·
l"l' ram a batal ha, por tanto n ão basta ser pobre, é pr e ci s o
st•r casto, e é por t� ste motivo qu e aos religi.osos lhes é pedi ­
do o cl'l i bato, para Q1Je m P l h o r possam guar da r a su a pu·
1·pza. a s u a virgi n dade.
Jkm a vcn turados os p uro s, µorcrue <"l l es verão a D ool'i.
Si 1 1 1 , aos puros l h'l•s i.· < l a d a l'Slt'a v P n t u ra de vêr a D eus , t• no
1 · é u 1 ht•s é d•ad o. c o n f()(' ll H' a v i rt u d e d este l'oinsclho, o con hc ·
d nll' n l o da gra n dezn dcsll' Deus, que se al im en t a de p ur e z a .

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1 28 O IJom Cumlmlc na Alma Generosa

Por ser pura Me es col heu como Mãe, por wr puro esci<r
l heu a José corno Pae putat i v o, por ser puro l� scolheu a
.J.oão para recostar sua cabe ça no seu co;ra ção, e para se tor­
narem suas esposas, das que para i sso são cham a d a s exige
a pureza, pela qu:il o homem entra n:i i n ti mi d a d e com D C'll.S.
Vêde, :i m a d as filhas, que a pureza deva os homens,
pois lhes d á ent rada nos aposentos d e D eus, o q ue quer
d i zer que ele va o homem a viver n a sua intimidade. Porém
a pureza é mai s facil do que a pobreza e d o que a obe d ie n·
eia. A obedie n ci a da qual v am os falar é mnis combati d a
pela propri a natureza orgul hosa, q u !' n ã o quer ser humi ­
lhada !
Antes dt• l'ntrarmos na 0hr,l f r n d a 0onchr n mos o ::i ssum­
pto da pureza.
Como prat i caes esta ,· i rt u d r que vos eleva rle simpll"S
cbristãs á dignidade' régia, isto é, á dignidade d e serdes es­
p osas de Deus ? Oh ! c o m o d r v e i s sentir-vos felizes cm mor­
tificar a vossa ca rne e os v o .> so s sentidos para poderdes
viver intim amente' l iga d a s ao í.ordC'iro sem nrn ncha, :'I pro­
pria Pureza, que se al im e n ! a desta pur!'za, da qual Elle é o
m e smo autor! Oh ! alrgrae-vos por te rde s d!' t rabal har nesta
v i rtude que v os leva a r!'cl i n arrl!'s nos braços bem ditos do
Cordei ro fanrnacul a d o !
Hejuhilac por krdes sah i d o do l o d a ça l do m u n do, e as­
s i m , reti ra.ri as, porl<'nl<'s vh -rr n o s a pose n t os do A m a d o d e
vossns al m n s !
Vamos vêr agora o sagrado \'olo d a ol)('d i(' n c i a, pelo
qual vos enl r!'gaes ;i vontade Jl i v i n :i , que \"OS d ev e• r!'ger e
g uiar no c a m i n h o da sant i d a d t>.
Como já vos disse, a obed i P n c i a na vida reli gio sa soffre
m ai s falhas do· q u!' a cast i d a d e , p orqu e a obediencia d ep e n­
de d a humil d a d e, e a hurnil<l a d c repugn a á n a t u r e za orgu­
l h osa , que d e se j a s�mpre ser '�xaltada. A o be di e n ci a em
tud.o, até nas pequenas cousas, leva o homem a se fu n d i r na
v ontade divi n a , !'ntra n a pos se' d() il ivi n:o th<'souro. qu e é
Deus !
E comio prati caes c>sta ubrdiencia, filh a s amadas? Ale­
g ra e-v os em serdes contra r i a ri a s em vossas vontad e s . Quem
sabe, !'m v-rz de vos a l !'grnr i n ! !'riormcnte, c !' n snT a c s os
a ct os daquellcs, qu!' pstfio no l u ga r de D r us para vos fazer
ga,nha.r o thrsou :·o, i n t roduzi r d o-vr.s na sua sanf i.� s i m a von·
tadc ? Qurm s-abe qua n ta s ri a � 'JU<' '.\fr l ê\d!'s 0brrl C' r r i s s!'m
mereci mentos, porque i ntC'ri orm!' ntc• c !' n suracs ; P qu<•m cen­
sura seus s'1.l pcriorcs, cen sura o p ropri o Deus, porque a reli­
gi osa milo d ev e obedecer p o r 1110.tiv()s hu m a n os, ah ! não, a
rel igiosa o bedece por m ot i v o-; rl i vi nos, i sto é, a rcligiio.sa
obedeci • por amôr, p a ra ga n h a r -o sru thc sou ro, que é seu

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O /Jom Combulr 1w .l ima Ge11erusa 129
Deus, o u n i co que merece a quebra c:Jas vontades, pois sú
Elle merece a negação completa do c u ! ! Só Elle é digno do
nosso es.rnagamcnbo, para que só Elle seja amado e adora d o !
Gomo praticaes esta obedien cia que vos dá occasião d e
poderdes ser fundidas na s u a d i v i n a vontad e ? Examinae-vos
·
i• vêdes o vosso i nterior. O h ! por piedade, se alguma d e vós
u be d c cer por motivos humanos, arrancac do vosso coração
1·ste espinho, que não dei xa o vosso esposo dormi r tran­
qui llo ! O h ! em verdade vos d i go que se a vossa obediencia
n ão fôr céga, prompta e por amôr rle vosso Deus, não e-staes
d 1• posse d o divino thesouro com o qual ganharC'is a feliei­
d : l lf P e t e rn a ; porisso, ri lhns amadas, obedecei cm t u do cégn
,. a m orosa menh•, lt'm llran !lo·vos. q ue estaes nn religi ão por
n o bre e subl i m e fim, p a ra chegardes á grandc ml•rcê d e pos­
s u i r d es a Deus, que, depois de v,os terdes n'Elle mergulha­
d as, voareis :i Patria eterna, onde vossa fc>lkidade não
t erá fim.
Para que o vosso gozo seja completo, isto é, para poder­
d es entrar no mais intimo do proprio Deus, é n ecessado
que deis a todos estes conselhos, com o brilho da mansidão,
q u al i dad r do proprio Deus, poi,c; Elle mesmo o disse :
:\ prendei de mim que sou manso e humilde de coração .
. \ mansidão, como já tantas vezes vos tenho dilo, r a rai nha
d a s d rtudes, r a corôa de todas cl l a s, a ma n s i dão é a (•spa­
da dP dJOis gumrs, pela qual polirmos a fugrntar o demonio
r a ltra hir m uitas almas para Jesus.
A m a nsidão é o transbordamento de todas as virtudes,
1•ntretanto é a humildade que faz b rotar a mansidão. Sabeis,
a m a das filhas, que só depois que as fructas de uma arvore
e s t ão maduras devem sl'lr apanhadas, d a n d-0 assim prazer ao
seu d1on o. Pois a mansidão são estas fructas maduras, que
dão prazrr ao d i v i n o dono, qu<' i- DC'us, porque com ella é
q u e se ga nham as almas.
'.\las, só,dcpois de ficardes d e posse do divino thesouro,
podriis transbordar, para assim attrahirdes muitas almas.
O h ! a mansidão é, na verdacll', o tran bordamento, que var
)Jl'rfumar vossas vi11udes, para serdes apostolas.
Oh ! mansidão admfo·avel , rai nha d e tod·as as virtudes,
1• s t )a cla de dois gumes, que cortas a c a beça d o dragão, t u és
ltl' mdita, 1>orque, sendo propriedade d<' Deus, dás ao homrm
sublime h o n ra de srr Sl' U a1>0stolo !
O h ! mansidão divina, transbordam e n t o da divina mise­
ri e ordia, tu vaes ser a espada que, co11ando a cabeça do
d ragão, dará librÍ'd ade aos ma nsos de possuircm a terra e
1": 1 zl' n· m nrlla rC' i n ar o cO'ra ção m i sericordioso de Deus ! !
A m a d as ril has, a iw1i• a vida rPligiosa, trabalhae para
: i e quisiç ão d o d i vi n o t hC"so n ro, trabalhar c chegareis á merct-

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1 30 O llvm Combale na .4.lma Gcncro.rn

p r s rainha, a
ele ossu i d e a a m is formosa da côMe do Rei dos
u li
Reis - a mansi dão, q a d a d e de Deus, IJ()IÍ S ella habita no
seu propri·o Coração.
Vossa :\lüe, que vos faz prl'se n t < paginas, e d e s t as e qu
si bem as meditardes, c h c g i ú fl'Iicidadc de achardes
· a re s o
divino thesouro es c o n d do nas profundezas da santa humil·
i
d a de.

9·5·32 .

A quem me der hospedagem de amor


mergulharei no meu infinito amor

ALMAS eligi s, que todos os dias trabalhaes p a vossa


r- osa ar
sa n i a ção alcgrae·vos, p or o dia feliz vos chegará,
t fi c , que
mesmo, neste exílio, d i a e será grande, p o e
qu rqu vos mer­
�ulharei cm mim.
Eu d
Vivc•r t r de
en osso corações, já é para vós
vo s uma
felicidade inexplicavel ! viver em um coração humano ! !
Eu
Oh ! amor incxplicavel, q e voto aos homen s ? ! Porém mais
u
a o m g ha
·amor está
cm t
abysmos de meu Amo r !
om r mem ho dentro dos
e er ul i -o ·

Direis, almas religiosas, como isto póde acon tecer? Sim,


porqm• oh o me t orna n d o-se m i nha ho p e ag m de
m, s d e
amor, chega a idc ntifi oar·sc c m i o. Mas, será isto faci1 1
o m g
N ão, porque, 1>ara viver em é 1wcessario que o homem
mim
morra completamente para to as as d n ad s , por san·
suas vo t e
tas que Sl'jam. E i n felizmente quão poucos são os que não
tem vontadrs ! ! Como então conhecer o homem que vive
em mim ? Conhece-se o homem qu e vive em mim sua pela
humildade, pe
l a sua o b r d i e ci a , n pela
sua caridade, pela sua
mansi d ão e por seu e d i fi ca n t e exterior
que o faz esparzir
amor.
Sem estas qualidades, não vos posso mergulhar em
mim ! Mas, d ireis vós : n ão tenho n l'cessid ade de mais i nti­
a s
mi d de com ml'u Deus, po i Elle já ,· i v e no meu coração ;
Eu O si nto, Ellc me ama, c u O amo, porque tudo deixei por
seu amor. Ah ! amadas esposas, chaml'i·vos, não s p i m les·
mente para me d n rdes u m a hospedagem dC' amor, mas, sim ,
e
para vos i ntroduzir nos meus ceki ros, fa z n do-v o s uma só
cousa commigo ! O que acontece porém c'Om a maio·r p arte
dos que chamC'i? Ah! poucas a
s ã o as que posso dizer est rem

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O Bom Combate lia A lma Gen erosa 1 31

i ntroduzidas cm meu Amo r ! Mas p or q ue isto? Será por m á


\'On tade d e outras almas? Ah ! n ão , porque s e fossem almas
de má Y o nta de, não me daria m hospedagem de a m o r em
suas casas. Porque então não c h e gam a esta ventura de po·
rlerem vivor cm mim cm vez de Eu v i ver ncllas ? E' po rque
a virtude da humildade por c l las não é bem explorada,
Yi s�o a ch ai�se escon dida nas profundezas de meu coração ;
d a hi que s ó ás almas d il ig en te s é dado descobri r e m este
t ht• siou r o . Muitas almas di zem-se humildes, p o rém n ão che·
gam a possuir nem um quilate deste precioso thcsouro, por·
< 1 u e ficam sempre na primeira etapa desta viagem, que as
a l mas devem emprehender em sua procura. Esta viagem é
penosa e muitas \' e z c s l o n ga . Muitas almas acham-se humil­
d es, porq u e estão em officio humilhante, o u porque rece­
bem u ma reprehensão �m silencio, todos estes actos s ão
p rc par n ti Yo s para a viagem, porém, para chegar á posse d o
l h l·sou ro e s co n di do, é n e cc ss a rio, além de emprehender a
v i agem, escavar e mui to. E' desejan d o- se a humilhação que
�P co m p re he n de esta viagem penosa ? Como se pódc desejar
o que re pu gn a ? Póde-sc desejar, sim, quando se reflecte que
Psta re]lugn::mcia vae a c a rr e ta r um bem para si. Vêde, se
1 1 m med i c o vos rcccit�• um remcdio a ma rgosissimo, tendes
d l' o t oma r, porq ue o remedia a margo vos vac dar a saúde,
p o rt a n to a i n da que amargo o tomaes ! O mesmo d e v e fa ze r
a alma que deseja possuir este thcsouro escondido ; deve
• · m prc>hen dcr esta viagc>m, desejando se r hum ilh ad a ; mas
como t a l thesouro não se descobre sómente com a viagem,
1" prt>ciso chegar e pôr mãos á obr:.i, rsca var e ap·r ofundar
;i l l'• descobril-o. Como se pódc chegar á }XJsse deste tão va ­
i i uso thl':souro '! E' uh·!{rando-sc l'lll ser humilhado, calcado
aos pés com o um vil i n s e cto ! Quem ch e gar a este ponto
l·s t a n í de posse dest e i n fi n ito t heso uro , que dá ás almas a
f' rl i ci da d c dc> �<' prepararem p a ra as introduzir n o s meus
Cl'ilciros.
Almas religiosas, o medico d ivino d e vossas almas vos
1·l' c e i t a agora remedias amargos, porque estaes e n fermas ;
porém, q u an d o chegardes á saú d e, não vos rece i t ar ei reme·
. : i o s a m argos, p orque então tereis n l e g ri a para melhor me
• · o mprc>hrn rl erdes, pois, qua n d o chcga rd P s a vos alPgrar n a
L u m i l ha ção , já est a rei s sãs. Vêdr 11mn 1wssôa r h e i n d e
d o': l'es. Como pódc ter al <'·gri a ? Ah ! n U 1 p o d e n d o al c>grar-sc
" " meio de tan l as cl clres, as l a grimns lhc> marcj n m os olhos 1
1 l nw s m o acontccr c o m as nlm 'l s cn fc>rm�s. l'lhs nãn podl.'m

\; .1ll grar nas humilh::ições, porque a alcgr i n só é p a ra as


111w tem saú d e, i sto é, humil dade.
Oh ! feli zes nlmas qm· chegarem a s e al1'grar c m s e r h u -
1 1 1 i 1 h a rlas por meu am o r, 11orque cll as ciH'g:irão a 1l csl'obrir

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1 32 O Bom Combale na A lma Generosa

o thesouro escondido, que dá entorada ás minhas divinas·


operações. Com a posse deste thesouro podeis vos apresen­
tar a mim, para serdes ornadas com as minhas qualidades.
Quando um doente, possuindo fortuna, é apresentado a
um habil operad1()lr, este se alegra, porque não trabalha só­
mente por amor á sua arte, mas lambem para ganhar o seu
pão quotidiano. O que faz então o operador? Corta, retalha
conforme fôr necessario, fazendo tudo para deixar seu
doente são, p·ara ganhar um bom nome e seu quinhão, fructo
do suor de seu rosto.
Almas religiosas, sou o vosso medico divino, que
Eu
exijo de vós este thesouro 1>ara que, m'o apresentando,
possa operar cm vós, dc<ixando-vos sãs e com uma saúde
vigorosa, que produ7.a fructos de vida eterna. Qual é o nome
e o quinhão que p�r esse trabalho desejo ganhar? Sã"o as
vossas almas, o vosso coração, cmfim todo o vosso ser, que
dev·e ser mergulhado no meu infinito amor .
'Mostrei-vos, amadas minhas, a primefra etapa desta
gloriosa viagem. :\fostrar-vos-ci agora a segunda, que é a
santa obediencia.
O mundo não estaria tão cheio de calamidades se nelle
hoovt•sse mais obediencia. Todos os homens querem man­
()ar e nenhum deseja obedecer! Dahi vem tantas guerras,
tanltas discoridias que amarguram meu coração; entretanto,
ainda tenho corações e ne osos que, ouvindo meus chama·
g r ,
dos, se fazt"m obedientes até morte, como o fui; esta
ú Eu
obedi.enoia porém tem os seus grãos, que lt•vam a alma a
brilhar diante de mim como o sól.
A obediencia para ser completa e perfeita deve ser
complacente, isto é, alegrar-se em ser mandad-o, sentir um
verdadeiro gozo obedecer por amor de mim; mas para
cm
isso é neccssario trnbalhar e trabal h:ir muito, pois este pre­
cioso thesouro, se acha escondido nas profundezas de meu
coração, porque só cm mim se acha a obediencia perfeita.
O homem sendo filho do orgulho, edeste não sahind-0 senão
soberba, ás almas que aspiram a pe rf i ção religiosa foi dito :
e
Segui-me, porque é seguindo-me que o homem encontrará
a sua perfeição. Dizc·m certas almas; eu obedeço, é quanto
basta! Ah não, este é o mC'iro drgr:lo, porque se o s ho­
pri
mens me dão suas offcrtas com tristeza, jamais será perfeito;
dahi vem que muitos religiosos jamais chegarão á perfeição
alm<'jada pelas suas alma s Disso podeis concluir porque
!
cruasi l!oclos os homens passam pcbs penas do purg:itorio,
visto como tudo que não é p fci to não posso introduzir rm
c>r
mim. Amndas esposDS, quem se acha em mim não póde pas­
sar pelo pm·gatorio, poré-m p:ira v v r cm mim é n e cessa ri o
i e
descobrir r s t e thcs o u ro s, ri os quaPs o s VC'nho falando. Não
s v

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O Bum Gombule 11u .lima Gl'11c r11.rn

ralo aqui a almas p u s ilanirne s , que dizem : coil1Jlanto que


1 1'nha um ca ntinho no céu m e basta . . . A essas almas reli·
gi osas, que foram chamadas á santidarh-, será dito : Servo
máo e i n fiel, grandes cCH1sas te foram d adas, e de sp e rd i ç a s·
t 1 · : agora a consequencia disto é um purgatorio longo,
o n d e t e purificarás de tuas imperfeições e dos d esper d i d os
d r q ue és cul p ada ! . . . AJ)rendei aqui a necessi dade de pôr·
d c s em pratica e stas cou sas, que vos venho falan do, para
p o d e r vos i ntroduzir em meu Ooração j á neste m u n do.
Continuemos. Como já vos fal ei , a obediencia dPVc ser com·
p l n cent e para ser perfeita. Oh ! almas que me lêdes, haverá
wntura mnior do que obedecer·m e ? Não, ni?o ha ventura
mni•or d o que olwdecer-me por amor! Vêde, o que a c o n te ce
1 · 0 111 os homens com relnção ás honras ou ao di nheiro.
1.> n a n d o um d el l e s vae servir a um outro, e sabe que vae
c>::rn ha<r uma somma importantr, com que al e g ri a elle tra oo­
l h n . f'spf'ra n d o o seu thesouro ! Oh ! almas que me servis n a
P''ssôn de vossos su n C'ri ores , qual n ão d ev e sC'r n vossa ak·
grin, ao consid erard<'s no que \•os e s p era ! . . Não n c r e d i ­
l a <'s n o q ue d i sse S ã o Paulo, que o homem é i nca pa z d e
r om n rchendC'r o que Eu tenho prepnrado para o s q u e m e
s 1'Tvrm oor amor? •
Porisso, d C'vei s vos al•l'gl"ar na obedil'ncin, pois não e s­
peraC's o ouro destP m u n d o . m a s, sim, o proprio D eu s . que
1 1 1 rsmo n <"sl e m u n <lo já póde Sf'r o vosso thP so u ro ! Sim,
lirmaventurados os qu e se rp�ozijarem n a o brd i en ci a , por­
q m• nll ultima hora ao obediente não serão pedidas as
contn s !
DPscubramos mais uma pedra preciosa para oon seQ;uir­
drs a i m m e n sa felicidnde de serdes m ergulhadas em mim.
Eu sou todo carid ade, e aquclles, que desejam fazer umoa
� ··i c o u s a commigo, n ão d ev e m ser d i fferen t r s de m i m .
A cari d a de é virtude t 2 o necessaria, que s e m ella n ã o póde
haver salvação, pois o homem, que não tiver caridade,
t orn a-sC' demon i o já n eslC' mun d o ! A cari d ade é tão n eces­
saria ao homem que, sem ella, todas suas obras são nullas.
Pouco importaf'ia ao homem ter a pureza dos anjos, o
a mor dos Serafins, se não tiver caridade ! A caridade é o
l ;i C".o divino que me prende ao homem, e foi esta mesma ca·
r i d a dc, que me fe-z dt•scer á terra em procura de vossos
JH'ccad os, p ar a queimai-os com o seu proprio fogo.
Amadas esposas, que d esejaes a perfeição e que traba­
l h a l's para que eu possn mr,rgulhar-vos cm m i m, é n ccc ss a-
1·i o q m• p ra tii q u ei s esta virtude, q u a l i d a d e de me u coração
t· l a ç o de u n i ã o de vossas a l m a s com elle, porque a i n d a que
) J ra l i rass<.'Ís as virt u d t•s a s mais IH'•·oicas, se não t i venlt•s
c : i r i dmk, se não possuirdes este lh e so u ro , j am a i s pod ere i s

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1 34 O Bom Gombate na Alma Generosa

chegar a <'s1 a fusão divina. Tra balh a e , portanto, pa'['a a


acquisição de tão precioso thl'souro. Emp reh c n dei esta via·
gem de sacrificio, subindo o monte da perfeição, i sto é, su·
bind'O a cima de vós mPsnrns, elevando-vos até a mim. Só as·
sim podr-reis chegar a o fim a lmejado de viverdes em mim.
A ca!'i d a d e deve ser p er feita em vós, isto é, ella deve abran·
ger todos os pontos. A c a ri d a de deve ser por vós praticada
em todos os momentos da vossa vida. E' esta caridade que
vos tornará agradaveis a mim, dando·vos a fel icidade de
p odf'r ,-os mPrgulhar cm m i m , on d e , por toda a E"te.rnid adoe,
sereis i n E"briadas de ete r no gozo.
Vosso sempre Jesus Crucificado, que é todo amor e que
p or amor deseja ser se rvi d o, para mergulhar-vos no seu in·
finito amor.

1 3-6-1932.

A sê d e d e J e s u s � p e l as a l m as
m i ss i o n a ri as

O UVI os meus clamores, almas que me amaes 1 E' desta


prisão voluntaria, que hoje desejo falar aos vossos·
cora ções amigos.
Tenho . sêde de corações missionarios, porque é por
meio dl'sfrs coraçõE"s, que as ovelhas tresmalhadas voltarão
a o mPu divino redil. Ser M i s si on a ri o rrpresenta um enviadQ
d a côrtc do Rei, sim, do Rei da Glori-a, qne sou Eu.
Oh ! se um R l'i deste mundo vos chamasse e dissesse :
"Vinde para minha côrte, desrjo d a r-vos os meus thesouros,
p a ra que os deis a q1wm achardes convenie n t e . . . " oh ! este
convite sl'ria d1"m a i s honroso e senti r-vos- íeis felizes por
podr<rdes fazer o bem.
Alnr n s que m e o uvi s, vós p o d ei s sPr destes enviados
dr m ;,, ha c<"irtP r os d i sncn sl'i ros de meus thesouros, se
o uvi rdr s ns mrus cham ados.
Co11 s• i ! !1i-vos a l m a s :-n i s:d n n :l '· i a s pl'la vossa or:ição I'
zclio a pos!oH co. S"m a fé n i n g u P m vem a m i m . m a s a fé
:S"lll P !J?"ri s é m o rta ! Se com fl'.· I l i !' rN' P b t'i s n o sn c·:·am<'nto
1 : a Fuelwr i stia, se com fé ;· rzncs aos p!'>s d o meu sacrario,
cumpris os vossos deveres ele christ f o s ; porém se a vossa
fé n ão proc u r ar as ovel h a s tresm a l hn d u s, n ã o c umpris o
segu n d o m :i n d a m r n l o <Ir m i n h :i Ll'i - o a m o r rio proximo.

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O Bom Combate na Alma Generosa 135

Sentir-vos-ei s felizes aos pés do meu sacrario, sabendo


q ue, ten des tantos irmãos p restes a se perderem ? Reflecti
com migo.
O vosso amor será vehemente, se, i ndifferentes, não
1 os importardes com os pobres filhos, que estão a se per­
< ler? Ah ! nfu>, o vosso amor n esse caso é egoista, porque
o amor sem obras não posso comprehender.
Almas minhas, é necessario o apostolado. Não importa
sómente rezar; é preciso o sacrificio d e i r atraz e chamar
o s peccadores com palavras de Bom Pastor, porque á ora­
ção é neecessario unir a acção. A oração sem acção é wna
,·spadia de um só gume, é necessaria a acção para ella se
l u ruar de dois gumes.
Vêde o que Eu l'i z, Eu que devia cnsi nat··\'os toJas as
1 · uusas ; rezei primeiro, porém n ãv me contentei com a ora­
�·,io somente ; fui atraz das q ueridas ovelhas, e dias corre­
r um após de mim, esquecen do-se até de Sl'U alim e n t o , por­
q tH' o homem não vive sómente de pão, mas de minhas
palavras, que são o Pão d a Vida, o Pão substancioso d a
a l ma.
Tenho sêdc de almas apostolas, porque a alma apos-
1 ola é a que me segue mais de perto. Illudidos estã'o os que
pensam que a vida sómente de contemplação é /# mais per­
feita. Quem foi mais perfeito do que Eu na terra ? Creaturn
,,Jguma poderá ser o que Eu fui ; e o que é que Eu fi z ? Eu
rezei, e, não cont('nte com isto, fui atraz dos pobres pecca­
tlores, que precisavam ouvir-me para poderem deixar sua
má v i d a e abraçar a Redempção. Quem foi maior do que
.J oão Baptisla ? No seu grande amor, n a sua contemplação,
n que é que t'llc fez ? Dt'pois d e se ter preparado pela peni­
t e ncia t' oração, começou sua admiravel mi ssão, dize n do :
l'rep'lrae o s camin hos, porque está perto a Redempção :
t'nzei penit<'n cia para recrberde-s a salvação. Oh ! admira vt'.l
n p ostol o ! Elle me deu tanta gloria, que o coroei com 11
palma do rnartyrio !
Almas que me ouvis, o apostohldo é uma necessidade
11 rgcnk destes tempos modernos, em que os nossos i n i mi­
gos, no d i zer delles, plantaram a liberdade, porém no meu
d i zer é a negra escravid fo, a qual leva o hom"m a ser
sujeito aos l a ços do dt>monio, que é o principe cl<'ssa l iber­
d n d e ! A verd adeira liberdade só se encontra em m i m.
Corno póde sf'r livre o passara engaiolado, se !'lle foi
CTC'ado para voa r ? Como póde o homPm ser livre fóra de
m im, se clle foi crC'ado para m e amor?
Vêde almas que Me ouvis, a necessidade do apostolado.
Em verdade vos declaro que a s almas apos.tolicas são
a s q ue mais glori a m� dão, porque C'stas empunham a espada

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1 36 O /Jom Combate na Alma Generosa

d e dois ·gumes, emquanto que a oontcmplativa empunha a


espada de um só gume. Muitos interpretam mal as palavras
que dirigi a Martha : :\Ialiha, �larthn, 1>orque andas tão s-Oli·
rtlta ? ! Uma só cous·a é n e cessaria, �faria escolheu a melhor
part·e. •

Eu
Eu com isto não condemnei cm Martha seu zelo. Ahl
não, o que condemnei em Martha foi a sua inquiet-aÇão.
Maria escolheu a melhor parte, quiz com isto dizer que
devíeis primeiramente viir aos meus pés, pedir luz, força
e generosi d ade, pa.ra, d epoi s de estardes repleta de mim,
fazerdes o que ella mesma fez. O que foi que Maria fez? Foi
tambem uma valorosa apostola, foi an nunciar a minha re·
surreição ; mais ainda, ella não teve medo d e me acompa·
nhli!r ·ao Oalvario, rompe n d o a populaça, co nfessou aberta·
mente que a melhor parte, dita por mim á sua alma, estava
em me ama-r no sacri fício e não nas doçuras da contem·

Stm,
plação.
sem oração nada podeis fazer, porém é n ecessario
que a obra seja completa, e e {llma mission aria com pleta
minhas aspirações, porque ella se santifica e me dá almas
p{lra Eu ·as poder cin zelar com o meu ardente amor.
Tenho sêdC', almas que me ouvis, destes corações gene­
rosos que ...se constituf'm meus tl espenseiros ; sim, porque a
alma apostola é d i s tribuido·rn de minhas riquezas, e a alma
que rl'za sóm e11tl', pouco pôde d a r, porque Eu dou il medida
que me é dado.
Se um apositolo me apresenta um coração, onde gu
possa vasar meu Coração, este apostolo ga nhou seu salario,
porque ser-l hC'·á dado o que jamais creatura alguma póde
comprehender neste exilio.
Por isso, · almas generosas, sêde apostolas, constitui-vos
minhas de-spenrS{'ira s ; ser-vos-á dado o gala1rdão dos milr­
t yres.
V:osso Jesus Crucificado, que não cansará de vos dizer :
Tenho sêde de almas mi.ssi onarias.

1 4·6�1932.

' Ped i n d o a p az
No rm·as de educação chrlstã

RESOLCÇõES santas qul' d e v l' i s tom a r para implorar a


p�z que deve vir do céu.
Mães, j ama•i s dei xeis vossos filhos entrarem em cioe·
mas, baill's P thea1 ros, porqm• são nestPs ri n h· os de perdi ção

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O Bom Combale na A lma Generosa 1 37

eh> sua i n nocen ci.a que o demonio toma posse de seus corn­
,·cíes, nos quaes só Deus deve reinar!
Mães, se amacs a Patria Brasileira, combatei por amor
d-e Jesus Crucificado as modas i n decentes. Promctt e i a
ksus Sacramentado velar pelos filhos que Elle vos co n fiou,
d a ndo mo rt e a essas modas que fazem de vossas filhas pe­
d ras de esca ndalo !
Quereis a paz ? P ro mettei a Jesus Sacramentado amar
sua Santissima Mrie, imit-ando-a n a sua pureza, n o seu gra n d e
:imor e humildade.
Quereis a paz? Promettei. a esta Mãe rezar di a·ri amentc
:10 m e n o-s um terço de seu rosari-o e a corôa de was bemdi­
t as Lagrimas em união com a sua soledade.
Quereí s a paz? P ro mette i a Jesus Sacramentado nun ca
mais defx ar de visital·o na sua prisão de amor, ao menos
uma vez por dia.
Quereis a paz? Prometiei- a Jesus Sacramentado traba­
l h ar com afinco na vo ss a santi ficação, usando para i s�o dos
·
llleios a·o vosso alcance, c on for m e a con di çã o n a qual n<'us
· ·
1·os eolloco u.

Q uerei s <1 pa z ·! Tumal' sanlas. ·resoluções nesles d i n s dr


l ll"n�·nms aos p és d r Jesus Sacramentado, ondl· Ellc vus 1 · s·
p e ra Jla ra r·eceber vossa r e pa·r a çã o amorosa e v�as santas
!"(•soluções, q ue d e veis 1· ol l o car nas mãos de :\fari a , a qual
1·nt n·gará vossa offerta ao Pac das mi sni rorclias 1 • El l <'
g 1 · nerosamente vos ha d e abençoar .
Filhos, sê de d o ccis por amor d t• Jl'sus C rucifi cado,
romvei d t> uma vez para sempre com os d h r rti 1111•11tus pee­
• ·a mi nosos ; ama e a castidad·e ; ama e a vossos pars, sêde·lhes
n he<.lien tes, rrzae com t>ll ("s o s a n t o terço, a corô;.1 d:i-;
L11grimas.
Promettei a .Jesus Sacramentado, nestes dias de ben­
çams, d e sêrdes por toda a vossa vida fiéis observadores da
lri d e Deus, ouvindo todos os Domingos e dias santificados
a Santa Missa, n a qual o nosso Jesus por n osso amar se
o fferece como victima pelos n ossos peccados.
�rometitei a Jesus Sacramentado amar a modestia
no vosso trajar; a modestia em todo o vosso sêr resplan­
desça ante Jesus Sacramentado, que deseja ardentemente
vêr-vos como o modelo que nos legou - sua Mãe Santissima.
Sêde santos, porque a santi dade nos foi pedida a todos
1;em excepção.

2 3 ·8-1 932.

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138 O Bom Combate na A lma Generosa

' O i deal do homem sabio


Ser- d e Jesus

S ER de Jesus !
Qu \o sublime é este i deal, unico c:1paz de satisfazer o
coração 11 t!mano. Procurae corações felizes sem este ideal,
e tereis de constatar que não os en contrareis. Sem Jesus não
ha felicida<le, porque Elle é. o a utor da ''erdadeira felici·
d ade.
Lançando um olhar sobre o mundo das almas, temos
de verificar que na maior parte d estas não existe este ideal
sublime - " Ser de Jesus". Porque esta triste realidade?
Porque esta maioria não conhece a Jesus, este Jesus tão bom
e tão amavel, que, passando por este vallc de lagrimas, at·
trahia a si os en fermos, as creancinhas, os pobres, os aleija·
dos, e a todos consolava com a sua ineffavel doçura.
Procuremos conhe cer a Jesus, vamos juntos ao seu Di·
vi no Coração, porém antes que Jesus se d ê a conhecer ás
nossas almas, procuremos levar em nossos corações a sua
Mãe Santíssima. Apresentand o-lhe este riquíssimo thesouro,
Elle descerá até nós, e nós o poderemos tomar como norte
de nossa vii da. Assim nortea das por Jesus, a nossa felicl·
<fade será completa, e cntfo a poderemos dividir com todas
as almas que aspiram a verdadeira felicidade, que a pro­
curam e a não acham, porque clla só se en contra em
J esus ! . . .

7·2·1 934.

Formula para as pessoas que no mundo


querem se consagrar a Jesus

M El: amorosíssimo Jesus Crucificado . Pros.trada na


presença da Santíssima Trindade e de meus Santos
proteclorcs, pelas mãos de vossa e minha Mãe do ceu, des·
con fi a n do de mim mesma e uni camente confi a d a n a vossa
in finita misericordia e na protrcção <la c<irtc celeste, ooo·
sngro·me toda a vós.

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"' ·!'1-.
- -� .t O B�m Combate na Alma Generosa 1 39

Por isso livremente e por amor, por um anno, (ou per­


petuamente) , faço voto de obediencia, pobreza e castidade,
segundo as condições de meu estado.
Prometto-vos d'ora avante amar-vos loucamente e pro­
pagar o vosso reinado nas almas, segundo as minhas possi·
bili dades e condições de meu estado, sempre, porém, em
conformidade com a vossa santi11sima vontade, manifestada
por aquelles a quem escolher como guia.
"Recebei, meu Jesus, a minha alma e todo o meu sêr,
pois quero ser immolada pela vossa Vontade Divina. Fazei
de mim uma esposa digna de vosso amor; para isto, todos
os dias, t•omae-me de mim m<>sma e prendei-me no carcere
rle vosso querer, para que assim presa eu viva só para vós,
cantando as vossas glorias neste mundo, para que um dia
possa eternamente vos amar no céu.

12-3-1934.

As n u p c i as d o a m o r

M INHA Pomba, minha amada, "meu amor". Desde toda


a eternidade te amei, eis que de boje em diante serâs
u desposada de meu amor e chamar-te-ei "o meu amor".
Neste dia sublime e sem occaso realizamos u nossa ver­
dadeira união, pois Eu, jurando-te fidelidade eterna, tomo-te
como esposa de meu amor.
Chamar-te-ei com o doce nome de "Meu Amor". Serâ
este o nome eterno pelo qual te conhecerei.

A MISSÃO

A tua m1ssao será a rle me amar por todas as almas,


que existem e que ainda hão de existir até o fim dos seculos
e que, indiffelrentes, n i!o sabem me amar!
Serás, junto de todos os tabl'rnaculos existentes e que
:iinda se abririio até o f'm <los seculos, "o ml'u amor" a
reparar por todos os cor:ições l
Amando-me, reparas, porque Eu de ti só qurro amor,
e ser!I o amor que te ensin ar!I a �ciencin <los Santos, serâ
este omor que te tornarA semelhante a mim.
- A tua missão na terra não terminará com a morte,
oh ! não. Ella se distenderá emquanto houver um Sacrario

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1 40 O Bom Combale na Alma Generosa

sobre a face da terra ; não descansar-.ís emquanto a m i n ha


presença real a h i e st i ve r .

Amar e sempre amar junto aos meus Sacrarios, dando


a bôa nova a todas as gentes, emquanto estiveres n a terra
falando do m e u .amor, p<Jrque não deves te esq ue cer do
cantico sublime do amor, que é a palavra da Missionaria
i n fl amma d a nas santas chammas do meu infinito zelo.
"Amor meu", não te esqueças jamais de abrires o Livro
Sagrado de meu Coração, no qual encontrarás o teu nome.

AS BODA S

Levantae-vos e a companhae-me, serafins, e vós, ó minha


doce e terna M ã e vinde e vamos ao humilde Pombal, onde
,

a minha Pomba, a m i nha amada, an ciosa me espera. Dáe-me


:1 s a l v a subl i m e d P teu amor, na qu a l levareis à alliimça que
vou c l e vosi h t r no <ledo de minha amada, que de h oj e em
1l i 11 1 1 1 !• t e r ú o doce n ome de ":\fou Amor".
11inha '.\láe, a m i n ha amada se a('ha entre lyrios culti­
v:ulos n os can t ei ros da innocencia, cultivados estrs pelas
m i\los dio artdsta rimado, São José.

'.\UNHA HORA

"Mru Amor", chegou a hora bemdita das Nupcias, os


�erafi n s estão pasmos d i a nte d este surto de meu amor por
t i ! "Vem, approxima-te." Aqui está o mPu Coração em
ch am ma s, minha Mãe nos abençôa ! ! . . .
D á-m e o teu coração, approxima-te
. destas labare­
das! ! ! . . .
"Meu Amor'', Eu te juro fidelidade eterna ! ! 1 Oh ! quan­
ta alegria neste e nlace ! Quero dizer-te que te amo at é a
l oucura ! ! ! . . .
"'.\leu Amor", Eu te amo ! ! ! Dá-me o teu dedo 1
Recebe, esposa, a alliança do meu etewo amor, lem­
bra -te ella de que e meu amor po.r ti jamafS terá q uebras.
Eu te serei fiel, foi ella feita p el as minhas proprias m ãos
na forja do meu eter n o a m o r Oh ! q u a nt o amor vae nesta
.

alliança, esposa queri d a !
"Amor meu'', j amais macules esta alliança feita com
tanto carinho e d<'dicação ! ! ! Torna-te cada dia mais fiel,
correspond e n d o ás minhas insp i rações. Fidelidade te. peço,
amada minha, "Amor meu " . · 'i' ·

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O Bom Combate na Alma Generosa 141

A TUA ALLIANÇA

"Amor meu", d á·me agora a tua alliança, deposita-a nas


mãos de nossa Amada l\f&oe, Elia segurando tua mão, d i z com
clla, amada minha : - Esposo Divino, recebei a alliança d e
m e u eterno amor, Eu vos juro fidelidade eterna. Fazei com
que o meu amor por vós chegue ao infinito, e se preciso fôr,
para vos mostrar o meu amor, soffrer mil ruartyrios, eu os
aceito, porque confio em vós que sois a fortaleza e a vida.

O OSCULO

Recebe esposa, o meu osculo de amor, ch�go u a hora


1ll' gravar no teu coração o meu nome e o teu nome no meu
Coração. Deixa, esposa amada, que este osculo queime os
teus lablos e tod'O o teu sêr seja de hoje em diante um bra­
zeiro, on d e Eu possa aquecer todos os co-rn ções frios t!
i ndifferentes.

EXCLAMAÇOES DO CORAÇÃO D E MARIA

Meu Coração exulta de alegria, porque vejo n n terra o


meu querido Jesus amado ! O h ! e xulta, tu, ó alma feliz, por
te veres assim desposada com o amor de meu Jesus 1 1 1 . . .
Serei de hoje em diante, minha querida filha, o teu
Anjo, que te ensin ará a verdadeira intimidade com o Amor,
para que assim possas realizar a tua tão sublime e e n can·
tadora missão.
Tua Mãe que te da o osculo de alegri a.

JESUS

"Meu amor'', de hoje cm diante nem um só i nstante de


separação, unidos viveremos no amor.
Teu J.eisus.

12·5-1934.

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142 O Bom Combate na Alma Ge11el'osa

A co rôa d a l i b e rd a d e
ALVORADA SUBLIME
OH m u Bem m ado m
1 e A , n or m u
eu Se h e e Deus, raiou
f n m nte o
i al e dia memoravel, o dfo da liberdade !
mmo Bem, agora que me si nt
Su o livre, deixae-me entrar
o i ntimidades. Ouço d i z r
nas v ssas e dcs-me : "Antes que nella
d x m coroar-te com a
enltrcs, ei a- e e d e toda a
corôa que, d s
eternidade prepare<i aos que sabem desprezar-se por meu
amor!.
Mostrae-me, meu unico e Soberano Amor, mostrae-me
ã
l a m bem o vosso C oraç o, do qual dissestes : " Ei s o Cora çã·o
m
que t a nto a m a aos h o ens e que da m n i or pa l r dPstes re­r
crhc i n gratidõrs e desprezos!
Me-u .Jesus, meu thesouro, riqueza de i n fin i t-0 valor, es­
pero que, mostrando-me o vosso Divino Coração, saberei
neste instante jurar-vos fidelidade, entregando-vos minha
li b r a de ; sim, or e
e d p qu se algum dia quebrar o que agorn
vos vou jurar, c rt e am nte e retomareis a minha corôa e
assim, sem esse diadema sublime, deixar-me-eis á porta de
vosso C or ç o
a ã .
Não t e nd o a e i ci da de de nelle entrar, chorarei, meu
f l
Jesus, a minha desgraça e taes lagrimas não me purifica'l'ão,
porque só o v o s o amor
s ca
é z de purificar-me, dando-me
pa
a írli r i d a rle rle e n t ra r nas ossas i v i na i n imi a
v rl s t d des.

SUPPLICA

l\Ieu S e nh o r e ineu D eu s, meu unico e exclusivo Amor,


neste momento solemne de minha vi da religi osa venho a
s
vós ; d ep oi de seriamente me olhar, pude vêr, na verdade,
que cm mim nada tenho d e bo m que vos possa dar; porém,
i
neste conhecimento <la verdade d es cob r que t e n h o uma
m
al a creada por vós, portanto posso d i zer-vos : Sou vossa
filha. Tenho m s
a i , meu Summo Brm, tenho um coração q ue
c a a
a�f'!ra d a men Ir p al pita !t p ro ur d r quem o po ss s a c i a r . . .
e só rm vós o m
en c n tre i o u n i co B e . capaz d e satisfazei-o.
Para q u e este mru cora ção, porém, srja s aci a do nas alegrias
r
de vosso puro e i n fi n ito Am_o , prrcisa est a r l i vre , livre de
tudo, de todos e de si mesmo.
Oh ! n o
Se h r, meu i cxaminando-mr atlentaml'ntc
Re , eu
o vi l i vre, já
n ão
se prcocc upa o rn trndo, 11or
com jú elle
mi o bate mais, deixei meus, aos qnat'S :i mo
o.o; mas Prn v<'>.�.

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O Bom Combale na A lma Generosa 1 43

somo.1.1Lc por vós ! As v a i d a 1ks, os prazeres, nu n c a occupa­


rão o \ mcu coração.
:\leu Amor e meu Deus. ; 1 p rcfun d a n d-0 as i n t ! mida d e s
<lc 11�'2u ..:uraçáo, posso vos d i zer qm.• e!>tc meu nobre cora·
cão n ã o \ mais se ama, elle sr drsorczou por vo -.so am or. As
hon ra s e os louvorPs que um d i n po d e ri a m m e m an c h a r ,
t u d o elle cles p rezo u ! Estou, 0 In"U Jesus, p " o mp• a a abraçar,
por v oss o a m or , t o d o e q u al q u e r martyrio, porque eu só
susp iro o vôo "ás re g i õ e s infi n i t a s de v os so amavel Cora­
ção ! " Livre de mim me sm a, eu v o s posso d i zer : Umà só
cousa eu desejo, amar-vns louca e npafxonadam ente . . . pioir
este amor eu me libertei das ca d P ia s , qul? me pre-ndiam a o
mu n do e a mim mesma. A11ora, Senhor, d P i x n e-mt' p roferi r
o m!'u juramento de liherdnnP. no qnal querri sPr fif'l, p<'din·
d o-vos a mr r eê de me tirardes a vi d a ou c'l.�ti�nr·me com a
fi rm e za de vosso amor, a n k s qm• tal desgraça aconteça.

O JPRA�fE�TO

:\-leu Esposo n.man tissi mo, mi nha u n i r a alegri a, meu


Soberano Senhor, meu Senhor e meu Deus ! ! !
Aqui aos pés d e ·rnsso laberna culo, ao la do de minha
gra n d e Mãe, Nossa Senhora , a q u al tomo como
m a d r i n h a d e meu .i uram r n t o , r o d e a d a pelas t est emu n has aue
escolhi p a r a tifo im port an te acto. venho a vós jura r-vo s fi de­
l i d a d e eterna n a perma n c n cia de m i n h a l i b!'rda d e. Eu que­
ro, ó Jesus mPll, a mm1e, os d esprezos com t o d os os seus
humilhantes effeitos, a n tes d o que Jl'l' e. n d e r-me a mim ou aQs
que me rodeiam.
Quero. ó! Jesus, p.e-rm a n e cc r livre ; e jurando-VQs neste
momento liberdade. o faco em n ome de vós m esmo de vosso ,

Sangue, de vossas Palavras de vi da e1erna, de vosso perdão,


de vosso Sacramento de am or , d e V"Ossa vida e de vossa
morte e do amor que reina em vós Trindade Au"ustissima.
J uro-v os p ela s L a gri m a s d e vossa e minha Mãe Lacri­
mosa, pelas suas dôres, p el o nmor que Ella V'OS d ed i co.- 1�
et e r n a m e n te vos cleclica r:·1 . Oh ! .Jesus, eu vos .i uro, pelo vosso
nome. nome q u e é para minha hocca o d,o.ce favo de mel
com o qual sabeis i nebriar as vo ssa s eleitas. Oh ! meu Deus,
nesta liberdadr qucro v iv e r e m or r e r porque, morrendo
,

uara mim mesma, voa rC'li para a vida que sois vós, a m o r
meu ! !

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O Bom Combate na A lma Generosa

I
1 44

JESUS

�linha amada e m e u am or, nas alv•ora das da Jib rdade, l


ven d o os teus p ro t e s to s e juram entos, posso co� toda a
ve b eme n c ia de m eu anknte Am or 0oroar·te com o diadema
que te Lrnho p re p a ra d o desde que te amPi, po rém· · antes de
c i n gi r·te a fronte re ce be os meus juram l'ntos .
S i m , En lambem te juro es tar com tigo na vida e na
morte, na d ô r e n a alegria, na paz e na desconsolaçào. Sim,
Eu te juro pelos meus ma rt:vrios s o ffri dos na vida morta],
pelo meu Sangue, pelas m i nhas p ala VTas de vida, pelo m eu
Sacram e nt o de Am o r , com qu e te alinwntu quotid i a n amente,
pelos meus n r n rtyrios de Amo r: .soffridos nos i;ilenciosos
tabernaculos do un i v erso .
S i m, a m a d a minha. Eu te juro fid eJ.i dade na minha
graça, a qual actuará rm ti para que possas, com esta minha
a ss iste n ci a , permanecer fi rme como um roc he d o n o meio
das ondas do teu eu, o qual, nunca morrend o, ficará esma­
gad10 pelo meu amor.
Ar;tora recebe, em m e u nome e l'm no m e de m<'U Pac e
do Div i n o Santificador, a corôa d� ] : herda de dos filhos de
Deus. Oue Ps-ta rorôa .ia m a i s sda nfastada de tua fronte pela
t ua i n fideli d a de. l .Pm hra-lt· <'"''" d i a rl e m a savrado que agora
pôdes voa r nas i n fin itns rei:?iões dr meu Coração, qu e te
estão abertas poraue · a'1ora és m i nha, sumPntc mi nh a .
Oh ! mi nha celeste ?Irã<'. guarda esta minha amada nas
dobras d e ff'H manto puri ssimo . .Jamais a deix<'s d onn i r
A corda-a todos os d i a s p;i ra cr ne l'lla m e ame : lembra·lhe, ó
:\Iãe querida, <1ue o m<"U Coração é a sua efP'l"na morada.
A m a da m i nha, perma nPC<' fi el ao teu j uram e n to, vive
d e hoje em d ian � e a i n cen d i a r <'m ti o Amor, pois se a ssi m
o fi z e re s Eu te i n !'briarPi n Pstl' d i vi n o festim. que te tenho
preparado na vehemencia de meu Amor.
Teu Jesus.
Assigna o teu nome .

25·5-1 934.

J u ra m e nto d e a m o r

MEU Jesus, meu amor e meu tudo. Raiou para minha


alma o dia feliz, dia mem o ra vel <' que jama i s será
esqueci d o pl'la m i n h a a l m :i !

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O IJom Combate 11a .Hma Generosa 145
\
Q � di a é e ste, meu Summo Bem ? !
E ' o dia do amor, dia e m que venho jurar-vos A:\IOR
ETER N ! V ó s sabeis, meu Bem Amado, puríssimo e perfu­
m a di ssi ntv Lyrio, que su s t e n t aes e da e s vida ao meu p o br e
J yrio, q u e \a vossa pobre e p equ e n i n a esposa e fraca ; po.r ém,
sabeis que\ lenho des<' .i os i n fi n i tos de vos amar. D i r-v o s- e i
como vos dtsse um d i a uma vossa esposa : Eu poderei ter

a in fel i ci d a de quebrar o que neste momento desejo vos
jurar, p ori sso1 antes que tal d es gra ça succeda, tirae-me a
vi da, castigae·me se fôr preciso, mas não pe rm itt a es que
a voss a pobre esposa deixe um i n stante de vos amar !
Meu J esus, meu S u m m o e Ul)ioo Bem, d es p er ta e-m r
neste m o me n to d á . in diffcrença c m gue até hoj e tenho ,·ivi­
d o ! A c ord ae - mc , por piedade, e q ue este acordar sej a etl'rno,
para que assim acordada eu posS{l Yi ve r a vida sublime do
Amor, dan do-vos a ca d a instante provas d este amor e que
sejam de Yalor i n fün i to, porque, estando o vosso amor em
mim, sereis vós o motor de tudo quanto o meu am o r pos�a
produzir.
Amadissimo Esposo, meu un i co e excel ci ssi mo amor,
que 1.ksej o exista no meu pobre coração, abri neste in.stan k
o vosso d ul c i ssimo Coração, porque neste i n stante abro o
111cu, para vos dí ze-r : ·- Eu . . . . vossa in d i g n i s sim a esposa,
attt11 h i d a pela vossa infin ita bondade, venho a vós jurnr-vos
que , vos amarei loucam<'nte, apaixonadamente e eternamen­
te , di?.cn do-vos com todas as vé ra s de meu pobre coração,
rrue de hoje em d i a nte vi v e r e i no \'"Osso a m avel Coração,
p ro cu ra n d o con solar-vos e d ar-v o s consoladores ! Procura­
r e i, de ho.ie em dia ntt', atira r nessas chammas de voss o Co­
rl:lção, primeiramente as m in ha s ·miserias. acredi ta n d o cega­
men t e que me am11es, e como amante tudo me será per­
d oa d o . E depois d � bPm que i m a d ars, ó Jesus meu, atirarei a
essas chammas os p obr es peccadores, que pela vossa mise­
ricordia desejo ir procurar para vos dar !
Meu doce amante, juran do-vos fidelidade eterna no meu
amor em corresponder ás vossas fi n e zas, eu tambem vos
.furo d a,r-vos .tud'o quanto o vos so amor exigir de mim, sejam
despre zos. humilhacões, cal u mn í as emfim tudo qua·nto qui·
,

r.erd e s que eu soffra Qara te ste nmnh arr-v os o meu amor,


'

porque só assim meu amor p or vós será completo.


Fidelidade nas alegrias, fidelidade nas triste-ias, fide­
l i dade no aban dono, fddeli dade na vid a, fidelidade n a
111orte !
Juus meu, creio que neste momento tomaes o meu
coração e e scr eve is nelle as s e g u i nte s pal a vra s : "Eu te am o ,

oh ! minh a Pomba, minha amada, neste momento acabaes


<le me j ura r ridefül:lde eterna n o teu a m o r, Eu tambem t e

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146 O llom Coml1nfe rrn .1lmn Gene rosa

j uro, em n om e ele meu Sangue p o r ti verti tio ! Em n u e de


'
meu Coração traspassado prln lança d e Lo.n guin ! Em
n om e d e meu Sa c r n m e nl o d t• ·1mor, d o qual todos, r.<; dias
te alimentas
. ! Em nome de m i r. h a s pal:tvras de l a e te r n a !

Em nome de mru e te rn o querc· - ! Xr�Le momrnto u t r juro

amar-te loucamente ! ap:ii,·on n d ra m ·•nt!' ! d'·I i c : i ch >


" " ' " ! sua·

vPmente l porque desde to" a a rte:n idade t f' n t'i ! O h ! mi·


nha esposa ! minha ama d a ! Ab··e o tC'u coração /á s laba:edas
que que i m a m o meu, d ei x a que neste insta1ik opere em
ti a transformação divina que te fará exclamar : - Morro
d e ll!rnor porque o meu Senhor, o meu Deus, vh·e em mim,
eu O sinto pelos effeitos. que me impulsioniim á virtude
h eroi ca.
Sim, m i 11 h a amada, jura n d o·tP fidrli dade constante em'
meu amor, dou·te como prova deste amor, a m i n ha alliança,
a qual te F(a ra nte um a mo r Sl'm qu e b ras, ll'mbrando·te que
só será quebrado se tu o expulsnr<'s para l o nge de t i ; porém,
c omo tu me dissPsfe a ue f e désse a morte a ntes que isso
a conteça, eu te falo, di zrndo·te q u e a m o rt e te darei antes.
que tal desgraça aconteça, só se tu tal v i n culo queiras
romper.
Lembra·tr, i unada m i n h a , do lt•u juramento de am o r,
J.cdos os dias reno va-o t' a ss im se,.:is livre da lctharjlia
pernfriosn rm que tantas esposas vivem.
Oh ! mi nha Mãe Lacrimos:-i, m i n h :-i Riqueza, minha Pro-.
tecção, minha c a ri n h os a Mãe, neste momento tiio solemne
rle minha vida religiosa, no unal j u r ei ao meu Jesus fideli·
d a d e etern:-i n o meu amor e Elle ta mbt•m me j urou, s e lhe
rôr fi e l , venho a vós, porque vós s:-iheis o cruanto eu sou
fraca, pois sem vós me srrá i mp o ssi v el a fi d el i d ad e ; 1>orisso,
Mãe q uerid a , ajudae·me, dae·me tod()S os dias a vossa mão,
l eva r me ao meu unico Amor, eu quero que só Elle r e i n e
- ,

só Elle impere no meu co ra ção eu quero amal·O acima de


,

m i m mesma, que por seu amor eu s aiba abraçar todos os


tormentos sejam d e q u al q u e� forma, einfim, m i n h a Mãe, eu
quero torna1�me louca no amllr e que na m inha louc.ura só
a che repousei na cruz, n a dôr, ' para assim poder saciar a
m1nha sêde de amor que me causa consfan·te martyrio.
Mãe queri da, vós bem sabeis ' quanto eu preci.so de
vós, porisso confi a n d o na voss:-i ni'àfe r n al sol i rí t udc d e cada
·
i n stante, atiro-me ao vosso regnço, certa de sahir victoriosa
n o que jurei a o meu u n i co e Sumdto Bem.

1·6·1934.

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O Bom Combate na A lma Generosa 147

\
S u bte rran eos d o a m o r
e a h u m i l d ad e
\

M INHA \ esposa muito amada, o subterraneo da santa


humiltfade será o conhecimento d e nünha grandeza,
principalmente de nwu gra n d e amor por ti, para ahi te es­
conderes. Na ''erdade, somente Eu, que conheço estes i nfi­
nitos e profundos subterraneos de meu Amor, onde escondo
os meus elei tos, poderei te abrigar. Sim, escond er-te-ei nes.'ies
divinos subterranros só vistos pelos meus olhos. Ha n estas
profundezas tantos mysterios, os quaes te revelarei para os
eommuni cares ás m i nhas amadas nascidas de nossas in limj-
1lades, i n l rncluzin do-as ahi, porque Eu ns desejo ver escon­
didas n estes subterraneos de meu Amor, onde comprehen­
derão a sua sublimidade no conhecimento da verdade, que
é a santa humildade.

7-6-1 934.

S u bti l e z as d o a m o r d iv i n o

M EU Jesus, meu Senhor e meu Deus, m t·u unico Amor,


senti n d o em minha al m a os vossos p1·oprios í mpetos,
os quaes me dão fome e sc\de de vós, eu vos supplico, por
vós mesmo, que ac<'iteis a m i n h a propria vida nos seus i n s­
tantes, e que nrnhum clestes se perca ! Que estes instantes
sejam levados por vós n vos amar infinitamente.
Meu Deus, meu amor e m e u tudo, sou a desposada de
vosso Amor. Vós o sabeis, porém, apesar de me desposardes,
posso ter algum instante que n fo seja vosso ; por isso, dese­
jando infinitamente vós a m o r, ( pois sois vós que me levaes
a desejar-vos ) , eu vos suppl ! c r , e repito, a c e iteis todos os
i n-st : mtes de mi nh<J vida, pa1 .t que n e nhum delles se perca.
Eu vos suppli co, na vehl'JW'"1 c i a de vossa paixão amorosa
por minha alma, que Pstrs i ,-; s� a n fPs dr meu peregri n a r se­
jam fundidos nos vossos etE r-nos quereres. Assim os meus
nadas e os meus pobres momen tos desta \'i d a serão i nfini­
tos, ó meu .Jesus, e terei a íc liC'idade de vêr o meu coração
saciado de vosso eterno Amor, wlico capaz de saciar a mi·
11ha fonll' 1Jp a m or, que hem vos posso dizer, fome divina ;

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1 48 O Bom Combale 11a A lma Ge11erosa

porque se vós mesmo não me ordenasscis que vos


pobre corno sou, não atinaria com as vossas fontes !
assc,

Meu Deus, quanta mi seria 1 . . . sim, engolfar·m ·ia nas


.gI
iguarias do mundo ! Porém, como vós, n a immens:r ternura
para com a minha alma, me orden astes amorosamente que
vos amasse, eis-me hoj.c fa minta de vós! E que sêde ! . . ·'·
Oomo meu peito est ú a diante de vossas fontes ! ' Este meu
pobre coração quer ser afogado nessas divin;i.s fonks ; e
assim divi namente afogacta, vireis me salvar t'lll um surto
de amor !
Oh ! então Ievar·mc·eis nos voss<>s braços e nessC's bra·
ços divinos permanecerei eternamente !
Sim, meu amor, meu Deus e meu repouso, e u vos orde­
no, pelo amor que cm m e u -peito puzestes, que recolhaes
amorosamente os meus pobres instantes deste peregri nar e
os C'nvolvaes no \'osso eterno e i n finito amor, para que assim
(·U possa amar-vos i n fi n i t : unente C'tn l' l Hta i n st:rnte i l C' mi nha
f1assngem por C'StC' e x i l i o .
Confü a<ln l'lll vosso C'll'rno qUl'l'l'r, utiro us lllt"lls nadas
ao vosso Coração, para me vêr em breve afogarla nessas rli·
vinas fontes de amor, donde a cad a instante jorra o nectar
divino cte vosso amor, onde as almas eleitas constantemente
são afogadas por essas surprehendentes en chentes rlcssas
divinas fontes.
Oh 1 meu Deus, m e u Amor e meu tudo, quantas almas
j á foram salvas dessa i n n undação pelas divinas fontes ! ! ! O'
Salvador divino, sois vós, sim, n ão mandaes os anjos, mas
sómente vós é que quereis salvar essas almas assim tão d ivi·
n amente a fogadas !
Que ventura, ú meu Summo Bem, ser assim por vós
salva do divino. afogamento !
Sim, eu espero esta grande mercê, porque não olhastes
os meus peccados, pois, somente a vossa paixãó por mim é
que vos leva até esses ex cessos de A.mor !
Vossa indignissima esposa, que quer viver em cada
instante a V'OS amar infinitamente . . . . . . .

8·6·1 934.

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O Bom Combale na Alma Generosa ·1 4 9

N o s c l a rões - d o a m o r d iv i n o

SUPPLICA

M EU Senhor e meu Deus ! meu unico Bem ! meu repouso !


minha alegria ! Nas claridades infinitas de vosso amor
pela minha alma, eu vi, por intermedio de vossa pobre
serva, como me amaes e dcsejaes que eu vos ame !
Sim, eu o sinto pela fome que me devora . . . eu bem
quizera saciar-vos, oh ! meu Amado ! l ! Sabeis o quanto sou
fraca e batida pelas tentações de meu eu, que não cessa de
roubar-vos o meu puro e affeiçoado amor.
Oh ! como vos tenho maguado no vosso amor por mi m !
Como tt'nho sido � ngrata ao vosso amor ! Vós, meu Deus, 11
me 11ertird('S l]llt' Yos deixe· vasar em m i m o vos�o amor, e
t'll a afastar-vos de m i m, p<'lns minhas i nfidelidades. Ora
é o rn t' u eu qtw se lf'virnta, ora estou a dar ouvi dos ás dis­
tracções voluntarias, que por vezes abraço somente pam
satisfazer o meu proprio coração ! . . .
Jesus meu, meu unico amor, perdoae a minha fraqueza,
não a 1olheis mais, porque de hoje em diante, n a espontanea
offerta que vós mesmo vos dignastes pedir-me. vou jUJ'ar
amar-vos mais do que tod as as cre-aturas do universn, e que
já estão vos amando ! Amar-vos-ei mais do que as que já se
acham ao vosso lado, porque, meu Jesus, as que já estão
vos gozando na: visão beatifica, não têm mais os meios para
augmentar o seu amor como eu tenho aqui no exilio.
Sim, posso vos amar na dôr, no abandono, na cruz, na
humilhação, na minha fé, emfim posso vos amar sem vos
vêr, e este amor é mais forte, porque amar-vos sem vos vêr
é amar-vos na força do amor e na vehemencia de vossos
proprios ímpetos!
Meu Jesus, meu tudo ! Meu unico e exclusivo amor ! Eu
vos siupplico pe.rdoeis as minhas fraquezas, esquecei-as por­
que agora raiou a claridade de vosso amor, e nestas clari­
d ades divinas vou alçar o meu vôo. Sustenitae-me, Amor meu,
na força d e vosso amor e quan do os assaltos do meu eu, de
meu i n imigo tentador vierem conwdar-me a descer ao lama­
çal de minhas proprias miserias . . . oh ! nestas horas, olhac­
me com mais clemencia, não me deixeis descer; castigae-me
se fôr preciso, porém dcixae-me ao vosso lado e não me
escondaes a Viossa divina face ! Oh ! nessa hora fazei-me acor­
dar aos toques d e vosso amor e não me despenheis d a mon­
tanha sublime do amor ! Eu sei, Jesus, que, apesar de minhas

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1 5-0 O /Jom Combate na A lma Generosa
/
quedas, vós me onlcnaes que nellas não me detenha, 11as
.olhe somrnte o vosso Coração ferido por meu amor.
Sim, eu o vejo feri d o de amor, porém qua ndo eu vos
ferir com a i n gratidão, dae-me a dôr, mas, por p.ied·ade, n ã o
expulseis de vossa inti midade a vossa esposa que neste mo­
mento vos vae jurar amar-vos mais do que todas as erea·tu­
ras que existirem e hão de existir a t é o fim dos scculos.
Jesus, meu amor, meu unieo amor capaz de satisfazer
ás ansias de meu coração, no dia de hoje aqui venho, no
conhecimen to de meu nada, para vos suppliear e vos jurar
amor sem med i d a ; porém, para que me possaes saciar, neste
momento em nome de voo;;s o Sangue, de vosso amor, de
vossa vida, de vossa morte e de vossa permanencia amo rosa
n oo;; tab ernaculos do uni Ycrso, vos declaro que cu, vossa
indigniss!me esposa, vos quero amar mais do que todas a s
c reatures, mais do que os serafins, mais d o que todos os
eleitos que já gozam de vossa presença, mais d o que voss�
:\lãe, mais do que vós mesmo vos a m a e s !
Oh 1 ousadia a minha, mas, sois vós mesmo que a t'9.l
ousadia me impulsionaes ! Sim, mais do que vós mesmo vos
amaes, p orque eu quero mostrar-vos o meu reconhecimento,
por isso eu vos supplico que me deis a ventura de poder
dizer-vos e mostrar-vos que vos amo.
Oh 1 sim, vós soffrestes uma morte affrontosa e <!U quero
soffrer mil mort<!s, milhões de mortes, para dizer-vos que
V'Os amo !
Eu juro, oh ! meu Amo1·, meu Summo Bem ; dizcT-vos que
vos amo, não porque vosso amor é d·oce como o favo ele
m i:-1, mas somente porqm• vós sois o meu uniro Bem, qur
devo amar.
O h ! meu Je-sns, que cu vos ame mais do que vós mesmo !
Eu quero, eu vos juro, por vós mesmo, que quero ser a pri·
rneira no amor e a ultima na vossa casa ; a primeira em
s>offrer a� h u mi l h :i rõPs os d rsprezos e a morte em cada
ins•antP ! Ot1P"O !:Offrer d o que vós sofrrestcs por mim. Sim,
não u ni a morte, mas t ., r t :i s qu ri n t n s fo �rm n cccssarias para
vos amar a c i ma dn todns as crcaturasl
Oh ! Jpsm. perdoae a minha ous a d i a, porém só assim
f: ca"PÍ saci n d a l
S0ffrer ('11 nurro. n o rl· m o 011" t>U '' :ÍO n11C'ro é que o
vo:;so a!llor C'mniudecn n o m:-u pob�e cora�ão !
Oh ! Jcsn-:, a b-nzadR po1· e�se i n c" n d i o d i v i n o, tmlo sup·
portarei alep,rem,,n •e, sunvem1>n t c, p a c 1 t 1 carn-ente ; p orém se
vós me l a rgardes um i n stante r•u cahii·"i, rol a rei da mon t a·
nha, e quando vierdes ao meu encontro só en contrareis
escombros, ruin n s 1 . . . Oh 1 isto jamais permittaes ! ! !

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O Bom Combale na Alma Genero.va 1 51

JESCS RECLINA S CA AMADA NO SEU


DIVINO CORAÇ..\O

Amada minha, minha " delicia'', pelos teus juramentos


de amor, lidos por minha Mãe, aqui ante o throno da San­
tíssima Tri n dade, Eu te ordeno : reclina amorosamente sobre
o meu peito em chammas, para que ellas queimem · o · teu sêr,
e te façam, por meu amor, dar·me constantes provas de que
teu amor é meu. Que este amor a cada instante te leve a
procurar prova s que mereçam dizer-te : l\Iinha amada, em
ti Eu me delicio.
Sim, deli ciar-me-ei em cada instante de tua vida, que
d·eve ser minha viria. Cnmm11ni car·t c·ei a vid� do meu amor
todos os dias, e esta vida dar·te·á a sêde e a fome do mar­
tyrio. Nestas ansi as de fome morrerás nos braços de minha
:\lãe, e Elia soITindo·me, comprehenderás então o segredo
dos tres.
O' sublime segredo ! Oh ! bemdita deleitação de amo r !
Naquelle d i a eu te conhecerei n a s minhas intimidades!
Amada mi n ha, tu me juraste a mar-me mais do que
todas as creaturas, amar-me mais do que Eu m e amo ! Como
me alegram os teus j ur a mentos .
Agora deixa-me di zer-te : se assim me amares, Eu lam­
bem te juro amar-te muito, muitíssimo. Sim, no meu amo'!'
Eu te juro, porque elle t e m a consistencia infinita e nella
tu te fortificarás pnra poderes supportar os impetos deste
vehemente amor por ti. Jesus.

POR MARIA

Trindade A ug u stí s si m a , cm va�sa presenç:a apresento o


altissimo vôo da esposa de meu Jesus.
Elia, desej ando amar-vos mais do que todas as creatu-.
ras, vem. por minhas mãos, apresentar-vos neste dia o s seu�
·
arroJos de amor.
Vós certamente regozijaes por vê!'dPs que ha na tc1·ra:
a �mas, que attrnuarão· o martyrio do divi n o Amante, que.
se acha prisioneiro rle amor !
Recebei, Tri ndade Augustlssima, suns supplicas e Jura­
mPntos ; não permitlnrs que j amais ella os quebre.

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1 52 O Bom Combate 11a .l ima Generosa

Eu vos d'e cla,ro que a ajudarei a ruçar os seus vôos de


amor, dar·lhe·ei as gigantescas azas de minha pureza, para
que possa n a realidade permanecer nas alturas do amor,
ainda que parn i sto lhe seja preciso o martyrio de cada
i n stante.
Sim, eu a ajudarei com o vosso poder, Tri n d a de Augus·
tisisima, que vos comprazeis nos v�sos amantes, o"s quacs·
tudo desprezam para VQoS dar honra e gloria.
Maria.
1 0·6·1 934.

- Mysticos d es posori os de m i n h a
h L!pi i l d a� e E u charistica com a m i n ha·
amada M I S ER I A Z I N H A , q ue s o u b e
eecto n d e r-se nos véus ri q u issi m�os
de m i n h a h u m i l dade. -

A MADA minha, minha affeição delicada, venho, nos vehc>·


mentes ! impulsos de meu eterno querer, d esposar-me
comtigo. Eu d'esejei ardentemente que chegasse este dia,
porque me vejo tão só nas mi nhas riquezas, cobertas com
os véus d a humildade. Eu que sou o R i co, o thesouro infi·
nitó, me vejo só nc>stas riquezas Euchadsticas, po·rque não
tenho almas hmnildes que st• occultem nestas p rofundezas
divinas, donde saem os meus siant()s, plenos de graças. Te·
nho, amada "miseriazinha " , tão poucos amantes destas
riquezas, por isso Eu te conviào e te desposo como apai·
xonada desta minha humildade.
S im, serás de hoje em diante a feliz apaixonada destas
Riquezas tão pouco procuradas t Os meus desejos, porém,
vã·o além de tua paixão, Eu quero que sejas mãe, quero gerar
-em ti filhos capazes de virem buscar estas riquezas incom·
menS1uraveis, unicas que fazem Santos.
E5posa amantíssima, d·igo-te em verdade que desejei
ardentemente este matri monio d e minha hqmildade Eucha�
c
risti a com o teu coração, escondid•o n estes . profundoi; abys·
mos de humildade.
ÜQ I sim, Eu te vejo enamorada destas Riquezas, e não
poden do por mais tempo resistir aos teus encantos, Eu me
approximo de ti, desposando-te como Rainha d e minhas Ri·
quezas Euchari sticas.

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O Bom Combale 11a A lma Generosa 153

Sim, a m i nh a h umi l da d e ag o ra vac se r deS".ilterada c m


ti, c l l a j á t C' m u m a c<;posa c a p a z rlc conceber filhos, que nos
consol em e nos confortem n o nosso esquecimen to Eucha­
risticol
Oh ! esposa querida, como me sinto só nos meus t.iber­
n aculos do universo ! Agora, po ré m , já n ão estarei só, Eu
te escolhi para minha ded i cada espos.a, e que frli z sou, mi­
nha amada ! Sim, n a minha fclit,i dade Eucha ri sti ca , Eu te
cummularei d e filhos capazes d.e virem beber nestas ri que­
zas Eucha rist i c as o necta1· dos S a nto s .
Sou, m i n ha a m a d a " mi seriazinha", o louco que, nas
suas h u m i l d e s louc uras, 11ã10 é c om prt• h e n d i d o ! Eu assim me
abati p nra cham a r :lo lll l'll convi vio os nwus f i l h o s , os po­
bl"es, os i gnrwn n l C' s e os s a L i os ; porém, ui n d a assim tão
pequeno, não sou amado, n ão sou comprehendi d o l Os ho·
mens acham um absurrlo esconder-se tanto, e tanto se humi­
lhar! Oh ! sim, loucura i n cffavel ! Se n ão me abatesse tanto,
ainda sie11i a menos amado . cha mar-me-iam o Deus oirgu­
lhoso, porém, assim abat i dü, te a ttrahi !
Se assim não me vi ssC's, Y e nd·o a tua n ullidade, fugirias
de mim e, espantada, terias medo em vêr-me como sou na
real i d ade.
Os anjos vela m-SI<' ao c ri·n l 0 m •1larem a mi nha formosura.
o ITIC'U µodor e magest a d t• ! O n t• s<'r i a de t�, pobn• crealura,
se a ssim lambem vi sses '! Fugi rias para longe e não terias
a felicidade fi e t e vêr h oje re r l i n :-i da so bre mim. não se·
rias a feliz apaixon a d a de meu ('..oração.
Por isso, am ad·ll "miseriazinha". rejubilemos j untos n a s
profundezas de s te meu a n i qui l a men t o, n o qual h a riquezas
i n finit as , o n d e se acha o meu amor, a minha sciencia e sabe­
dori a , onde deposi to a m i n h a vida com todas a s riquezas.
Sim, só os que assim se aprofund·am serão lE'vantados
por mim á s eternas alegri a s de meu amor.
Amada esposa, chegou a hora tão d esej ada : recebe neste
momenflo o manto dos humildes, êlle é feito com os meu:<>
silenciCl'S nas i njurias. Recebe a alva tunica feita com meus
actos de renuncia neste sacramento de amor!
Oh ! como renuncio ás pompas e á s honiras de· minha
majestade, só por t e u amo r !
Recebe a s s n n d ali as feitas eom o s m e us netos d e herois­
mo, entrando nos corações frios e in d i ffe ren l es ! Recebe,
m i n ha es1>0sa, o diadema fP i to de meus actos de humildade,
n ão fulminando os que lu d ibri a m de minha loucura, dei·
x a ndo-me assim estar n os Sac rnrios do unive-rso .
-��s im vestida com as R i q u ez as dC' m i n h a humil d ade'
a p prox i m a-tr llC' mim. Eu nl'Sll t• mome nto i m p o n h o as mi-

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154 O B o m Combate n a Alma Generosa

1�has m �ros sohrr a 1 u a cabrça, e ao lado d e mi nha Mãe faça·


mos o n C>sso juramento, desposemo-nos.

O ENLACE

Recrbe, amnda m i r ha, minha pobre enamorada, as


effusões d e m i n h a i nfi n ita humilda de. De hoje em diante
serás a mirha fel i z apaixona da, viverás a con ceber filhos
de nossa affeição amorosa.
Recebe o osculo de minha humil<lade, que elle te selle
como pro1}rierl a d r e r sposa cruerhl a l l P m i nha i n fi ni t a h u·
mil dadl• ; jaruais lhe sPjas i n fiel.
Amada m i n hi1. Q lll' este osculo d e minha h umihlade tr
queime todf\s os dias. dei xa n d o-te ao mru lado como hostin
escon dida capaz de rereber as C>perações divi n as.
Recebe o anel forj:i d o n:ls off! cinas d·a s Riquezas Eu­
charisti cas, feito com a s minhac; ternuras escon didas sobre
os véus de uma peque n i n a hostia.

Dú-me a�ora a tnn allianr.a : sim. põe n o meu dedo a


aUi nnçn de tua humildade. Jamais a tires de mim, permane­
cendo fi.rme e amC>rosn ao lado de meu voluntario esqueci·
mento. Vi \''r, amada, semprc i n cli nada sobrr cste teu esposo,
qup se vê tão só, tão esquecid o !
Sim, Eu recebo n tua alliança r quando a quizerdrs
tirar d e mi.' U drdo pela tua fraqueza, Eu a apertarei com
mais firmeza sobre o meu peHo i n ca n descPni<'.
Sou, amada. o teu Esposo h n mildr, qur de llobre só
tem ns apparencias, porém que é rico e no nosso matrimonio
de hum ildade e pobreza apparen l e , serás a rsposa mai s rica
e capaz d e offn srar :uru Pll"s CJlH' me desprPzaram na riqueza
e que na realidade são pauperrimos.
Recebe toclos os mcus a m nlexos, os meus osculos, escon·
d i d a n as profundezas de n-0sso abysmo riquíssimo, do qual
sahirás carrrgada de fructos para sustentares os filhos que
de nós vão nascer.
T(·u esposo hun.. i l d e e rico.

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O Bom Combate na Alma Generosa 155

Mortificação dos ·sentidos para receber


as enchentes do amor divino
1 .0 Mortificação dos olhos.
Não olhar a não ser por amor de seu Esposo, e só o
necessa rio. para que sua alma possa contemplar ·a formo­
sura divina.

2.º Mortificação dos seus o uvidos.


Não ouvir s i n i lo por am o r de Jesus, e abster-se de tudo
quanto fôr curiosi dade, pnra que sua alma possa o uv i r as
harmonias celesti ae s, isto é, a YÓZ de seu Amado.

3.º Mortificação de seu paladar.


Mortificação de seu paladar, para poder gostar das cou­
sas divinas, pri n ci palmente para saborear o airu>r d e seu
Jesus, que ansioso espera poder saciai-a .

4.º Mortificar a sua língua.


Não falando a não ser pllr amor de sPu Divino Esposo
e só palavras cheias de c a ridade e dt' mar. si d ão, para que a
sua alma possa receber os osculos divinos, que a inebriarão.

5.º Mortificar todo o seu .<1êr, para que clle possa rece-
ber os amplPx-0s do amor d iv i n o , e assim Jesus a possa
estreitar contra seu divino Coraç ã o .

6 º Morfifiror rieTa grnr1 lrlodP os ,.• "S ';1 fl �'-' " ' · e:: mi·
nhando só po- S t' n amor. Iembrn n d n·s� cm n r a d n p a s s o que
dá é para ma!s amai-o e av : m ça r na pc rfc".ção.
7.º Mo•tiffcar o S"ll cor<'Ç '�fl. fa z ,. n d o c0m nne e11 e �ó
pal p ite de amor, 11b0fa " d n nromn�nmeritt' • r. d o SPn t i mf'nto
que n ão seja caridoso. humild"', pa ci e nte e ch ri o d e t e r n urn
para co m o seu prox imo, ven d o rm todos o sr u Jesus, para
que poss a recc>bcr as t•n chentes do amor d ivi n o .

8.° Mort ffir.nr os u11s p e r> �nmeni o.� r"nr i m� n d o tudo


que levar o sello do me n o s p er feit o, ll'mbran do-�p que o seu
pens.nr deve r�tar contim1 ° m " Tl f l' " C r n n .., do em .J) t' us . só no
amor de seu A m n d o, pnrn r 1 1 !' asd m El 1 ° no••n lhe. d i zer :
Porque só pe n sas <'m mim, Eu te farl'i outro Jesus.

2!l-6· 1!)34.

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1 56 O Bom Combale na A lma Generosa

A a l m a p re p a ra-se p a ra n asce r
n a i nti m i d a d e d e M a r i a

1 . º Prep a ro - Pelo con hecimento d r seu nada e d a sua


�n capacidade para qualquer acto de virtude.
..
1
2.0 Pr epa ro - G•·an des desejos - Assim como Maria
desejou a vinda do Messias, a alma deve desejar n ascer cm
Maria, cujo nascimento lhe alcançará a intimidade com
Jesus.

3.º Preparo - Gmnde pureza de consci encia. - Aqui


a alm a aprofunda-se em si m e sm a e vê se a sua consci e n c i a
está pura com relação a tudo q u e é falta voluntaria.
Ex aminando-se sobre as Constituições, Di recte>rio e offi­
cios ao seu cargo, isto é, se tudo faz bem e se a sua co nsci c n ­
ci<a não lhe accusa de relaxamento voluntario, poTque só a
uma consciencia pura Deus fala.

4 .º P.r(' p aro - Grande pureza d e coração. - Só o colJ"a­


çã o puro póde chegar á união com D eu s, po�s Elle nã o une
a si o cora ção a pe ga d o a si mesmo.
Esta pqreza de ooração pelo despre n d i mento de tudo
que é c re a do - objectos, creaturas, vontade propria, conso­
lações, honras, bem estar, opiniões, desejos. Aqui e n tra
t a m bem e m execução o vot o de pobreza.

:í." Prl'paro - P ur•pz a de i n l-l'n ção. - A nossa i n ten ção


deve ser pur a, isto é, tudo quanto desejamos e ()bramos deve
ser purificado pelo amor Divi n o.
A alma que se p re p a ra para n a sce r cm !\fa ri a deve so­
mente agir para agradar a De u s. Para isto a alma aqui
deve fazer u m exame para vêr se suas i ntenções, dl'sejos e
obras são somente para ngrndar a Deus e por seu A mor.
Vê.r aqui sr. qu: r n d o age, n ã o é d escuidadamente, sem puri fi­
cair a sua i ntenção.

6.º PI"epn1r-0 - Gra n d e p u rez a clt" t• s p i ri to. - Dentre as


n ossa s fa cuR:l a d <'s, c o n t a m os n mpmoria, enkn<l i mento e•
vontadt•.
Essas r a e u l d a rl-1·s d a a l ma c k v e m ser exercitadas, traba­
lhadas e uni ficadas.

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O Bom Combate na Alma Generosa 157

t .• A Memoria, ex ercitando-se em recMd-ar os benefi­


cios da Redcmpção e todas as graças qu e dahi nos vêm.

'2.• A IntelligPncia, isto é, o entendimento, exercitan·


do-se n a penetração das co•u sas apanhadas pela memoria.
O enten d imento fa z-n os reflectir sobre os füvoires recebi d os .

3.º A Von t ::i d e - A von t ade é uma faculdade d a alma


que deve trnbalha'I" para deix·al-a forte. A vo.n tade da alma
se fortifica na VontarlP d i vi n a . "Vêr aqui se e stamos sempre
promptos em ex e cutal- a. "
A vontade da i> l m a é que n o s dá a gt>n erosi da,d e no
sacr' fi cio . :rn•as nara isto é necrssario fortifical-a.
Este trabalho deixa a alma prepanda p ara poder n ascer
em l\faria :

1 .° Conhecendo o seu nada P vendo a sua incapacidade


e d esieja n d o a união com seu Deus.
Sente a al m a a n e c e c: sid a de de trnbalhar, mas como nos
d i z S a n t a Thea-eza, o primeiro impulso de todo o trabalho
é desejar.
Aqui a alma começa a desejar e d en ois a tra bal h ar pela
puT'eza de con sc i e n c i a . purrza de coração, pureza de i -nten ­
çâ'o. purna de esnirito. Assim fazendo a alma pódc !Wr
t ra n s pl a n.fa d a 1lr si m esm a para n ascer n as qual idad es de
Maria.

00!\fO SE DARA' ESTE NASGIM_ENTO EM MARIA

Der-sC'-á e-orn o se dá c o m o sól. O sól penetra em uma


habitaci'ío c0m 0 s sr u s raios sem r u i do e sem ser necc s s a rio
:ibrirPm-c:c os vi rf.ro s. A s 'ili m no<isas almas podem n a sce r nas
qual i rl a rl "s li c 1'ifori:i, pen etr:il-as, c stn n d o rllns nurissi m n o;
nestes nontn<:. p orm1 e ,,,a scrr rm :\faria é di fferentc rl e
C'nni::il-A lie lonirc. nnr i c;-so :i ::i lm a mie drsci'cl esisa �ra n d �
i;traça trm a n ec,es s i d a rl e de fazer este trabalho que aq u i
fica 1lescriml n ado.

TRABALHO PARA DEPOIS no NASCIMENTO

A al m a rlrpois oue nn�r.C' rm '!\fari n . nrrcisa ser b a p • i -



e con<:rrv::i rl n n a s ou a l i rl arle s de Ma ri a.
sa d a
Como real i zará a n l m a o �rn b n p t i � m o m ys.ti co r n · s1rn
cons�rv a ç iio <'m '.\fn ri n ?
Vej a m o s :

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1 58 O Bom Combale 11a Alma Ge11erosa

Baptismo

Depois de ter as�im n a s ci d o é necessario st>r b apt i sado ,


o que se d ará pelo trabalho ria 11lm'l que recebe um nome
que condiga com as intimi d 11 rl e s de :\faria, e qt1" lhe lembre
o que ella é para Maria e o crue l\laria é para ella.
A alma prep a r a este bapti •mo por u m gran d e desejo rle
conhecer a Maria nas suas p erfe i c õ e s . Trabalhará pa ra iini­
tal-a nas alegrias que Elia e x peri menta va n a sua vida occulta.
Fará o seu enxoYal com as al egri a s de M a ria e com a
sua vida occulta.
Escolherá o dia do seu b�pti smo, o Sacerdote que deve
SE."r Jesus e seus p a d ri nho s. Fará a alma o seu acto de renun­
cia, como o fazem os pa1frin..,o" qne vão bapt i s a r u ma crean­
ça, quardo por ella d i z e m CfU f' ren u n ci :i m no d f'm o n i o , ao
mundo e ás o bras, promet lcndo em nome da me sm a amar
a Jesus Christo.
Depois do Baptismo a ahn1 deve trab:ilhar p a ra se con­
servar no que d � sej ou e rral i z ou . Srm a prrse\'l�rança n i n­
guem se salva. Só aos que perseveram será dado o galardão,
dahi a necessi dade do t rn h a l ho que :i alm :i d e Y e fa zer p a ra
se con servar fiel.
A alma deve fazer o trnbalho dt• si· c·11nscrvar na i u l i ·
mida d e com :\fari a, ten d o o �:eu exame d i ar i o sobre esta
intimidade. sobrt> o trabalJ10 que fez_. examinando-se :ité
que um dia não seja m ai s n rc e � -; a r i o Pxame, pois rssa i nti·
midade já al cançou se�unda n a tureza.
A alma de ve nesta i n tirni rf ri d r> narfa í;nwr, 11:11la rt·i· e h �·r,
n a d a dar, que n ão seja· por ::\fori ll .
E ' n e rn>c:: � ar'o ai r d a (JU" :i rilma l'"abalhe n ã o sornl�n t c
n a i n ti mi dacti• c n n 1 n tambl'm n a im i t a ção (' al i m e n t a çã o rl H s
quali d :ides de Maria.
Na imit aç � o a alma fnrú o s l.'gu i n te t rnba1ho : "por
exempln" a••Pr i m itar '.\fnri n n a sua fo'"iflll'za, procurará a
alm., vêr a f o t ale za de l\fa1·'a juntn á Cruz.
r

Ouer i m itai-a ra s" a a f f , bi J i d a d e , pro c u ra rá a almn


vêr Mria i> o Indo dos 1li '>ci µ,.Jns . Ioda d oçura (' cari d a d e
para com elles ainda que iFnssci ros.
Quer a alma i m i ta r :\fo ri a na sua purl.'za, d i a a d c v<'
vrrr fazl'rido t11(1'1 1 1 n r :• rn n r e· ('0 111 a m o r, com m od l.'stia r.
grande purPza· de i nten ção.
P11ra "°e a alma não perl'a o s fruc'os c!P seu n a <:ci m e n lo
cm Ma ria, é nl'Cl'ssario que d u rr •1 t C' t0da a sua vida a i mit<'.
Mas não dcYe a alma só i m i t a i - a, porque nã o é só na
i m i t a ç;io lf lll' Sl' a d q u i l"l' l l l :IS for�· ; , s ; C lll'l" l'SS:ll'ia :l a J i ntcn la­
Çllo C'nJ :\Iuria.

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O Dom Combale 11a Mma Genaosa 1 59

Como se alimenta a alma em Maria?


a c
:\ dmn d l'\· " ai m " ' r-: ,. p a ra a perfeição
l u f a qur
exige, fazendo um lrah[llho com a sua alma, fazendo-a co·
nheccr a bon d :i de. a solicitucle, o carinho desta Mãe Amavel !

3."
Por' a:ito a alm a eleve se alimentar : 1 ." na bondade de
Maria 2." na solicitude de Maria, no Ntrinbo desta Mãe
bem elita.
A alma assim a l i men t r da n ada póde recear, nada lhe
falta, vive na imitn c;ão, na i ntimi dade, e finalmen te alimen·
ta·se á mesa sagrn cl a de su11 bondade, solicitude e carinho.
Assim alimentad11, a alma avançará a passos gigantescos
no caminho da santid d1•, pois é com Maria epr o· Maria qut•
tudo nos Vl"m. Este tucJo f. seu Jesus, que é a nossa vi da,
nosso pri ncipio e fim.
8·1·1935.

Pre p a ração p a ra n asce r


n a i nti m i d ad e d e J e s u s
1.º Trabalhará nos desejos.
Vivendo já na i ntimidade dr �fari11, desejará
ardt>nte·
mente nascer
ainrlll na i ntimi dade de seu Divino Esposo.
Assim como Maria desejoua v i n da do Messias, a
sua
alma desejará tambem que chcgur a hora bemdita de n a cer s
nas divinas intimidades.

2.º Trnbal hará ,,as faculdades de sua al ma, memoria,


entendimento e vontade.
A Memofi.a recorda os benefícios e e s
r c bi do n a Encar·
nação, na Redt>mpção, na Eucharistia, Voca ção, graças par·
t icularcs, etc.
O Entendimen to faz com que a nossa alma tire a sub&·
tancia d as palavras, das ·fi!rnças recebi das, fazendo-nos com·
prebender os beneficios recebidos, para delles tirarmos
proveito.
A Vontade deve forti fi car-se e alimentar-se na Vontade
Divina, fazen do-a mais forte que a propria morte.
Este trabalho lhe dará a ventura de n ascer na intimi·
dade de seu Divino Esposo, porque
póde ser i nlt>im.a de Jesus.

uma alma i nterior

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160 O /Jum Com balr na .1 /ma (;e nerusa

B a pti s m o myst i c o n a
i nt i m i d ad e d ivi n a

D EPOIS d.e t er assim nascido na inti m i cfadt' d i vi na, nel l a


a a l m a deve ser baptisada.
O Sa ce rdote será Jesus Crucificado.
A agua com a qual Elle a baptisará serão as torr e ntes
de seu Amor Dh•ino, que, n ão poden d o se• cont('r, 11 me1·gu­
lhariio nas aguas da divi n a i n ti m i dade .
A pia baplismal sc-rá o Co ra çã o de :\ l a r i a , o n d e d i a
tem depositado o Amor que l h e consa gra.
O sal será a sua eterna S:lbedoria, a qual a fará douta
no seu Divino Amor.
A toal h a , com que a e nvolverá para a ceremonia d o
gran de Baptismo, será a s u a infin ita pureza, pela qual a
alma se to!l'nará i ntima com o s eu Divino Coraçã·o, mere­
cendo a gra n de graça de se tornar uma só com Elle, d e ser
a sua co n solad ora e a sua fiel confidente.
Neste Bapt,i·smo :\fys1 i co a a l m a deve C<scol h r r um nomr
n ovo, o qual fnh• ú alma 1 l a i n1 i m i da<l <' d i vi n a .
D e v e fazer l a m bem. o s C' u jura me n t o l' <) seu 1)rotesto,
re n unciando a tudo que não seja só viver com Jesus. Desse
dia em dMinte d eve se consi derar a fiel confidente de Jesus
e a sua consoladora, repara nd10 e am ando p e l GS pobres
peccadores, mantendo-se assim em uma vida toda de Amor
e Sacrifl cio, procurando aba n d onar-se á vontade divina,
seguindo sempre côm rigor as divinas i n spirações da graça.

G e ração d as m i s s i o n a ri as

S EXTA·FEIR A � ANTA, ús. t 1: es h?rns dn t a rd e' , h o r: i e m


quc Vl()S gcrc1, almas :\hss10narias !
Approxima-te, alma victima, ap p r o x i m a- t e de m i m .
Daqui a poucas h o ra s a minha Santa Egrej•a m i l i t a n te e m i­
n h a Egreja t ri ump h an t e vão c om m em o ra r o sublimC' <'
commoví'dor dra m a sanguinolen1o d n mi n h n sant i ssinrn
mort e !

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O Bom Combate na A lma Generosa 1 61

O que se passa hoje no céu ? Muitos n ão sabem o que


�e passa n r-sta m � nsão de paz, n e ste dia de mi sc r i cord i a i
Os anjos, archanjos, cherubins e seraphins, thronos e domi­
n açõe > cariam o hvmno bcllis'>imo da miscricordia, e ao
Pae o offertam em favor da Egreja militante e padecente.
Minha Mãe San t i ssi m a canta tambem, unindo seu c a n t o
: i minha misericorrl i fl , derramando sobre o mundo e a Egirej a
pa decente torrentes de misericordia ! Ah ! quantas al m a s
1 1 0 d i a dr hoj r srih"m deste carcere, onde giemem suspirandd
pela patria amada !
Sim, hoj.e é o grande dia d<> perdão ! Hoje é o dia
maximo ela misericordia ! Vê, alma que M e oüves, como u
que te d i go te posso T"rovnr no bom i adrão. Só porque
'.\fe r'isse : "Ouando estiveres n o teu rei n o, lembra-Te d e
mim ". qual n ão foi a m i n h a resposta : - " Ho_ie, s i .m , hoje,
dia d a mi sericordli a, e s t arás commigo no Paraiso ! "
Oh ! alma-; queridas, hoi·e é o d i a de m er gu lh ar- vo s n q
meu Sn ngue Divino e delle sahirdes brilhantes como o sól !
Al mas que trmeis o passado, por pií'd1ade, hoje é o
dia d a puri ficação ! App·rox;imae-vos da minha cruz e dir­
vos-ei como ao bom lad•rão : Hoje mesmo estarás commigo
no Paraiso, isto é, um dia gozarás da mi nha beatitude.
Sim, almas minhas, em verdade vos declaro que hoj<>
é o dia em que mais mi·sericordia d·erramo sobre o mund o !
N'fo foi hoje que m o r ri na cruz? E porque morri ? Qual o
motivo dessa morte? Não foi por vossa salvação e santi fi­
cação ? Sim, portanto t e n ho razão de vos dizer que hoje
é o dia em que mais m�seiricordia espalho sobre vossas
almas!
Oh ! por piedade, os que Me lêdes n ão l\l·e deis o cald ce .

amargo de ainda temer, de desconfiar que não fostes bem


perdoados ! Approximae-vos da minha cruz, se n t i -Me a
d izer-vos : Vêde como estou com o s olhos inclina dos para
a terra, para vêr as v o ssa s almas e chamai-as ; vi nde almas
que t emeis, vinde, ajoelhae-vos hem perto de minha cn1z,
vêde minhas mãos perfuiradns a vos dizerem : Porque te­
meis? Estas chagas f.e itas pelos cravos são a vossia morada ,
este sangue que corre é vosso. é licor q ue vos fortifica e
vos lava. Porqu e então temei s ? !
Oh ! almas minhas, vêde-l\f.e coroa do de espinhos !
Quanto siangue es cor re pela rni.nh a fronte ! Este sangue é
vosso ; poirque temei s ? Este sangue derram a d o com tanta
dôr pagará vossas imperfeições. Vinde, rc>colhri-o no vosso
coraçâ'O ; só uma cousa vos peço - bôa vont a d e ; dizei como
o bom ladrão : St'nhor, quando estiverdes no viosso reino,
Icmbrae-vos de nós ! Sim, filhas d o meu Co r a ç ão Eu <>stou
,

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ft12 O fl<im Combale 11a A lma Generosa

no meu ·rei no, Eu c.'Slou nos vos.sos coraç{1l's a ,·os diZl'l' :


Hoje e o dia da mi st• ricordia.
Quereis commemorar esk �rancll• acontl'ciml'nto tãu
Jlrecioso para vós ? R e col h l'i nas vossas almas, no dia dl'
ho.k, todos os m l' r l' ci m en t os rll' meu Sangue Divin-0, <[Ul' {·
todo VIOSSO !
A Mãl' Dolof'osa, com o calice' de ouro nas mão s , e �i :í
a d i zer-v os : Vinde, porção querida, vindl' beber o sangul'
<lo Amado. Vindl', am ados dl' meu Coração, neste d i a dl'
sa l v aç ão, d ou-vos os mcrl'ci m e ntos da paixãio do Red c m p t o r
e os m<'UlS nara pa gare m vos�••s d i vi dias e ficareis brilhant<'s
C'omo o sól! S ah i rl'i s t rium nhantl's comro Je s us , no dia da
resurr<'ição, isto l', lim p a s dl· tocta m a n ch a !
Oh ! amadas m i n h as, vêcle-Me a dizer-vos : Tenho sêdc,
lenho sêde de vossa oonfiança illimitada ! Tenho sêde de
serdes verctadeiramente humildes ! Ah ! filhas qul'ridas.
<ruem m e déra, desta Ca'thc-cl ra Divina - a Cruz - ouvfr
hoje• cll· vossa s almas e ste gri4o : O' meu Deus, ó esposo
amado que me c scol he �1 r s para v os s a esposa, de hoje em
<IPri ntr hei de d l' �cj a r a h u m i lh a ç ão como d esejo o vosso
r ei no !
Meu Deus, hei de con fiar cm vós como vossa Mãe
confiou !
Oh ! se isto fosse uma realidade! Podeis, amadas de
nH"U Co r a ç ão, podeis si m ; isso soment e depende de vossa
gencl'osictade! Para vós já a d quiri a força de que necessi­
faes nas tres horas ele t remend a agonia, S10ffrendo tormen­
tos i n d i zivcis!
Amadas de meu Coração, a minh·a Santa Egreja vcsite-se
d e luto, neste d i a m emora vcl , porém viossas almas não de­
vem Vl'stir-se de l uto. Ah ! não, de um profun do recolhJ-
111 e nto sim, pa'l"a l\'k p o d e r ouvir e fala·r-Me : mas um santo
gozo ha de invadir vossas . almas, lt•mbrando-vos que n ão
soffri l"m vão. A h ! nã o , vejo-vos tão solicitas a aproveitar
ele m i nh a morte ! Vejo \'Ossas al ma s tão puras, lavadas com
o meu s a ngue !
O h ! não soffri cm vão. Se Eu não ti v·C'sse mo rri d o por
,·ús, n ão vos v i a h oj e , norç.�10 qul'ricl a, a d i zer : :\' ó s somos
:\'lissionarins d e .Jcosus Crucificado, o que q uer dizer : somos
mensageiras de sua miscricorclin ! Sim, se E u por vós não
derra mass e todo o meu sangue, nâ'o teria a con sola ção d e
''ºs v í•r hoj e tão solicitas aos p és d a m i n h a cruz a Me dize·
n•m : Por n ús morrestes, é> EsJ}OSO de nossas a lm as, por
YÚs trnmbem niorl'emos, morrl'n d o para o mundo e to d a s as
nossas vontades, porisso a vós nos entregamos alegn•menk,
dando-nos �cm r es e r va para tudo que vos aprou ver !

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() llom Combate 11a .l ima Generosa 1 63

Oh ! sim, m i nha ignomi n iosa mort(' g:-rou-vos, vós soi s


o fruoto de m i n h a sagra da Paixão !
Sim, porção querida, m i nhas Missüon arias, :is tre,,
horas da tarde, an.tes d e dar o ultimo suspiro, d is se> : No
seculo vinte hão d e nascer como fn1cto de todos os tornH'w
tos d e minha sagrada Paixão "As Missionarias" qu(' hão dt·
ter como nome "Jesus Crucificado" 1 Desde aquella hora
hem d i cta estavei s guardadas n o meu Coração até o d i a cm
que d i sse ao meu filho : E' hora 1
O' amadas de meu Coração. oomo soi s ricas ! Quem mais
d o que vós póde d i re r : Somos rica s ! Creatura alguma pócle
d i zer. porque v ó s possuis t o d o s o s mereci mentos d('st:i
Paixão e Morte ; pois vós sois seu fructo !
O fntcto de uma arvor,.. tem d i reito de d i zer : A arvore
que me gerou é mi nha m 1i'e, e vó s que fostes gerad a s ('nl
hcwa tão bf'm dictn, norlc>is d i zer : Somos hel'deiras de nossa
mãe - A Sagra d a Paixão do SalvadoT!
Oh! como sois r i en s ! Como sois :> fortu n adas ! Aprowi­
tae, correspondei a ta n t a s rinezac; de vosso Esposo.
Dizei boje mui tas vez"s : Somos o fntcto rta P a i xão d o
n o sso RcdPmptor q u e é n o c;so E'lposo !
D i a da mi!«•ri corcHa. d i a de perdão, cantam os anjos !
1 OU\'l\111 0s <'Sfl' gr:i n <l e d i a Pm mie> o Divi no Hc clemptor
gerou :i 1mrcão q1w r i cl a elas Missionarias, as quaes têm o
n o m p de nosso D('us h u m a n a do . Jesus Crucifi cado !

A VOCAÇÃO MISSIONARIA
La nçando um olhar sob re a humani dade, e vendo r m
qur lastimoso est a d o clla se acha, ouvimos n o i ntimo dr
nossa alma uma voz, que nlO,s diz que a vocação Missio·
n a ri n é uma n e cessi dade u rg.ente !
Porque uma n e cessi dade urgente ? Porque os i ntcl'ess<�
sagrados de n osso Deus acham-se em perigo <le serem lan­
çados ao ' fio.go l O joio foi semeado pelo i n i m i go de Deus
e cl le tomou conta dos campos do Senhor ; e o Senhor,
vendo seus campos che i os d e joio, pede por a mor kabn­
l h a clores para semearem estes campos, que lhl• custnram a
propria vi d a !
O nosso D i v i n o Rei , se nti n d o <flll', e o m as suas santas
i n spiraçÕPs, n ão lhe dão aoolhimento, chama a si almas
a b nPgadas e d i z-lhes : vae a meu e r un p o trabalhar, n ão ti'

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164 O Bom Combate na Alma Generosa

importes com o raio do sól, nem tão pouoo com a chuva.


E' necessario que vás, e em troca dar-te-ei em abundancia
meu amor. �is a paga, eis o salario da alma Missionaria, c
haYerá salario mais rico do que este ? A alma Missionaria
é a mensageira da paz, porque não se poupando em sacri·
ticios, vae atraz da ovelha tresmalhada direr-lhe que voltt·
para o redil, porque o Senhor do redil a ama ; e a ovelhinha
tresmalhada, vendo que, apesar de ter-se afastado do reba­
iJho, aind·a é amada, pressurosa volta ao redil, onde é rece·
bida no rtt a is doce amplexo!
Eis a ovelha salva das garras infernaes, porém, paro
que isto seja realidade, é necessario que a alma Missionaria
possua, dentro de si, em abundancia, o Deus da caridade,
que lhe dará uma sêde ardente, a qual só será saciada na
eternidade ! Sim, o calor do amor divino é que deve abrazar
b coração. e a alma de uma Missionaria, e não se póde com·
prchcnde.r de outra forma a vocação de uma alma Missio­
naria;
O ual a ahna que, atnando a Deus, não g.QtSte de ficàr
no silencio de seu convento, amparada pelos seus bemditos
muros, aos pés do Divino Mestre ? ! !
Sim, a alma que ama deseja sempre estar a o lado dt'
seu amado, porém a Missionaria, depois de passar as suas
horas aos pés de seu Amado, não se podendo conter, vaf'
atraz dos Jrmãos queridos, que se acham cheios de lama e
vae lhes mostrar, que, apesar de seus desvarios, o seu Dew.
ainda os ama, por isso os exhorta a que voltem pa.ra a casa
paterna.
Most'l'a-lhes a Missionaria os anjos do Senhor, que sãlo
os m i n i stros do altar, os quaes têm o poder de perdoar
peccarlos, dado pel o · proprio Deus. E quando a Missionaria
volta rle seu trabalho, sente-se feliz porque fez aos outros
felizes!
Sim, só ha felicidade onde está Deus, e a Missionaria.
mostrando o erro e mostrando o amJOr, leva as almas a seu
Deus.
Eis Deus tomando posse destes coraçõe6, que já se acha·
vam longe de seus afagos ; portanto a estes COII'ações de novo
voltou a felicidade, porque voltaram para seu Deus, o unico
que póde dar ao homem a felicidade. Alma Mission aria.
granrle é tua felicidade, porque tu fazes o que o Divino
:\festre fez. Elle não se contentou somente de rezar, quiz
Elle mesmo ir atraz rios peccadores, n ão se poupand'o aos
raios dc sól ardente, fazendo caminhadns penosas e longas!
Missionaria que não te poupes, pareces-me o Divino
Missionario, percorrendo as ruas e cidades em busca de
seus filhos para lhes mostrar a felicidade eterna.

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O Bom Combate na illma Generosa 165

Sim, Missiona.ria, a tua vocação é sublime ; é uma neces­


sidade para estes tempois, em que o mundo se a cha tão cheio
de impurezas e vici o s l
Missionaria, é n as grandes cidades o teu maior traba­
l ho, porque nellas se acham os antros de perdição, onde as
donzellas perdem seu pu dor, onde as creanças são levadas
pelos seus proprios pacs para perderem sua i n n o cencia.
Sim, Miissionaria, grande é teu campo de acção no meio
destas cidades, para mostrar a estes paes o perigo a que
expõem seus filhos i n nocentesl
Grande é teu campo de acção, mostrando ás donzellas
tfo corrompidas já pelos cinemas, theatros e mod•as escan­
dalosas, o perigo em que se acham de perder suas almas
se• assim continuarem !
Sim, Missionaria, ·grande é teu campo de acção no meio
de tanta miseria que se alastra pela humanidade ! Tirar essas
almas de tantas immundicies e leval-as aos a·nios de minha
Sa nta Egreja militante é trabalhio arduo, porém grnnde é
a tua recompensa.
l\fissionarfo, lembra-te que o Divino Mi ssionario não fez
sua obra sem lhe custar seu proprio Sangue 1
Sim, tu, tambem has de ser immolada na cruz dos que
não te comprehendern, como não comprehen deram ao Di­
vino Missionario, chamando-O de louco ! Sim, tu, lambem
has de ser chamada de louca!
• Sim, alma Missionaria, por muitos has de ser bemdita
e por muitos has de ser escarnecida ! Muitas serão as bofe·
tadas que has de levar, sim, bofetadas de injurias, mas tu,
com o doce sorriso de teu Mestre, chegarás a conquistas,
chegarás á victoria, onde, depois de um doce trabalhar pelo
teu :\l·estre querido, gozarás a recompensa das almas apos­
tolas, tendo no céu a consol•ação d·e vêr muitas almas, que,
se não fosse a tua abnegação, estariam perdidas para
sempr e !
Missionaria de Jesus Crucificado, a tua viocação é subli­
me, porque nãlo ha mnis sublime victoria do que a conquista
de uma alma !
Salvar uma alma é predesti nar a sua propria para o
céu!
O' beUeza não apreciada, ó sublimidade não oompN>·
hendida - salvar uma alma ! Só, ó meu Deus, aquelles que
vos conhecem, podem comprehender o quanto vale salvair
u m a alma ! Missionaria, e n che-te de santo enthusiasmo e dá,
se f<1r preci so, teu sangue para salva.r urna unica alma,
poirqnc só uma alma vnle mais do que tudo o que existe
neste mundo corrupto ! Sim, uma alma vale o sangue do
Cordeiro Immaculadiol

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166 O Bom Combate na Alma Generosa

O' todos os que fôrdes chamados á vocação �fission:r ·


r i a , e n chei-vos d e sah to enthusiasmo e d i ze i como o apos·
tolo São Paulo : e u m e glorio em ser apostolo d e Christo
Crucificado e não desejo pregar a não ser Christo Crucifi·
cado. Sim, deveis servir ao Senhor na alegria, pm·qm·.
olhando para vossa n ulli dade, fez Elle em vós grandes cou·
sas, como i n strum entos de sua misericordia.
Sim, a Missionaria não é outra cousa do que i n stni·
mento nas mãos de .Jesus Crucificado, para exercer a sua
misericordia. A's vezes estes i n strumentos são tão nullo�
e tão pouco ap1'Cciados pelos h o me n s ; é que o Rei da mi sp ·
rirordia escolhe os p e q u e n o s, os humildes, para que m a i s a
sua gloria resplan deça, por i sso Deus n ão precisa para suas
grandes obms de gra n r k s home n s, pois o que El l e d(' S<'ja
sã o home ns d e boa vontade e faceis d e serem amoldados
sPgun d o o seu coração : por isso, o maior pre d i cado de umn
alma, que d e sej a ser Missionaria, é ter bôa vontade.
p,az n a terra aos homens de bôa vontade, paz, Missio
narí a, terás nrsta vida e na outra, porque és alma de bô:,
vo ntac! C' , que n ão con tente em te salvares, desejas que tod�
si.• s a l ve m.

A PROPAGANDA

Nas C::t·s35 das Missi onarias en contrarn·sr varias l i vro'


e objec� de piedade p•ro prios para pro p a 1>?a n cl a e que muil<
bem fazem ás almas. Além de Terços (' Corôas para todo�
os gostos, e n contram-se medalhas, crucifixos e santi nh�
para lembranças e presentes.
Chama-se a atten ção p ri n cipalmrnte para os livros edi
tados pelo I n stituto e outros d e varios anton·s sempre e sco
lhi dos.
Peçam os Evani;l·elhos. ns Eni stolas, Li ções rle .Trsu�
Victima. Glorias e Poder de N. Senhora , Presi dio de Amor
Don o; e Pructos do Espírito Santo, Bom Combate e Avii so�
Espirituaes.
Enviam-se catal ogos e i nfonn·ações.
Assignem a revis-ta "A Missionaria de Je.s u s Crucifi·
c a do " , ascetica, mystica e rl e propagan rla, d a n rlio notiri a �
d a s a ctivi d ades das Casas dos m i ssionarios.
Assigna1nrit annual registrada - 7$000.
Peçam :í C asa de N. Senhon1, rua Marechal Deodoro,
n. 1 099, C a m pi na s , Estado de S. Paulo.

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INDICE
Pags.
�m que consiste a santidil.dc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
• vida es1)iritual mal com p rehen d i cta . . . . . . . . . . . . . . . . 7
kmaventura<los os que choram . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
ler grande . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
)ivfoa Sabedoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
7ida d e a m or e saocificio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1l•sus choira de sa udade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
� D(}'IJl da Cruz . . . . . . . . . . . . , . . . . . . . . . . ,. . . . . . . . . . . . I li
� êde tudo p aira todos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
o rna alma n a dôr cha m a por Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11r
fa dôr cantarei vossas miscricordias . . . . . . . . . . . . . . . . 19
f l yr_i � entre espinho � . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
fehc1dade do coraçao ma nso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1�
cairti.dacte não mede sacrifícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
rotesto e sa n ta resolução p a r a u m a vida nova . . . . . . 23
>reambulo á humildade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
;cr santo é ser h um il d e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
l s ci e n ci a das sciencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1 e .mentos consoladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
'.ooperemos com a Misericordi it. para nos sa s a n t i fi cação :i3
.
) dote de nu nhas Esposas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
�m que consiste a unjão da alma com o Amad•o . . . . . . 41
) pão quoti diano d a s almas de bô a vontarlr . . . . . . . . . 44
� s bellezas d a A vc-Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ,. . . . . 54
, i vro confortador das a l m a s que gemem e ehoram m·sll'
valle de lagrimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · 58
ls d ivi n as esmOilas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · 69
� medico d ivi n o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · 72

t
r spirito de sa.c ri fi cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · ·
amor, o mais eru rl i l o d os � estres . . . . . . . . . . . . . . . .
� it �ção dr Je sus C �ucific?<!º . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · ·
75
78
81
, 1 cçocs de amor no h vro d1vmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
.apidaçÕl'S d e amor . . . . . . . . .· . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · · 1 01
•mor manHcs.to na pedra p reci oisa ,d a Sa nta H u m i l d a d e 1 08
) l"<' t i ro cspi ritual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
1 sacriricio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1. . . 117
• os se ss ã o D i v i n a . . •· . . . . . . . . · . . . . . . . . . . . • . . · · · · · 1 20
. Feli c i c l a d e . . . . . . . . . · . . · . · · · . . . . . . . . . . . . . · · · · · · · · 1 22
1 Th e s o n rõp cscon rl i do . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 25
fospL•cf agern de a mor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 30

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P&E
.�

.\ s�de de Jesus pel aa.. mas missionari� . . . . . . . . . . . . t:
Pe d'1ndo a paz . . . . ""JI'!. • . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 1:
O i d tc>al do homem sabio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . t:
Formula de c on s �a ç.ãio a Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . t:
.
.\s nupcias do ....- r . ·. . . . . . . . . . -, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1:
A-�corôa da liberdade · . . . '. . . . . . . . . . . . . . 1 • . • • . • . . • - . . l•
Juramento de amor . . . . . ,., . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l•
Subterraneos do amor e a humildade . . . . . . . . . . . . . . . . 1•
Subtilezas do amor Divino . . . . . : . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1•
�os clarões do amo1r Divino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l•
Jesus e sua amada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 1!
Por Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l!
Mysticos desposorios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l!
1fortif!icação dos sentidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l!
A alma prepara-se pa.ra nascer na intimidade de Maria 1!
Prepairaçlio pa ra nascer na intimidade de Jesus . . . . . . 1!
Ba)Jtism � mysHco n � i nti midade divina . . . . . . . . . . . . . 11
.( geraçao da � � 1ss10. nar1as. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1f
A vocaçao _ m1S1S10nar1a . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 1f
.\ Propaganda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

SOC. IMPRESSORA BRASILEIRA - BRUSCO & CIA. - Praça Cambucy, 29 - S. P11le

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