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As variações linguísticas

A variação linguística pode ser defi nida como uma propriedade pertencente a todas as
línguas humanas, ou seja, em todas elas é possível encontrar diferenças entre os usos
linguísticos dos falantes. Essas variações possuem diversos níveis e dimensões.

Níveis das variações linguísticas


Variação fonético-fonológica

Variação que ocorre na forma como os falantes pronunciam determinadas palavras.


Observe um exemplo presente no seguinte poema de Oswald de Andrade.

Vício da fala

Para dizerem milho dizem mio


Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.

Percebe-se que, apesar de os falantes estarem reproduzindo a mesma palavra (milho, por
exemplo), a maneira como ela é pronunciada é diferente, assim como acontece com as
palavras melhor, pior e telha.

Variação lexical

Essa variação ocorre nos casos em que os falantes usam comumente palavras diferentes
para se referir a um mesmo elemento. Em alguns locais do Brasil, fala-se abóbora, em
outros, jerimum, por exemplo. Observe a imagem a seguir.
Percebeu como é clara a variação lexical que ocorre com as diversas possibilidades de
referência a uma mesma fruta?

Variação sintática

Outro aspecto que varia entre os falantes de uma língua é a estrutura sintática das
sentenças utilizada no processo de comunicação. Enquanto um gaúcho diria a frase “Tu já fi
zeste o serviço?”, um carioca usaria uma estrutura diferente: “Tu já fez o serviço?”. Embora
a fala gaúcha esteja respeitando a norma-padrão da língua, vale destacar que ela, em
termos comunicativos, não possui maior “valor” em relação à fala carioca. Nesse contexto, a
capacidade de transmitir uma mensagem clara é o fator principal da questão.

Variação semântica

Um dos fenômenos mais comuns para falantes de uma mesma língua é a ocorrên-
cia de sentidos diferentes para uma única palavra. No português do Brasil, por exem-
plo, a palavra camisola refere-se a uma peça do vestuário feminino. No português
de Portugal, essa palavra é mais abrangente e também signifi ca aquilo que aqui seria
chamado de camiseta. Os jogadores de futebol, em Portugal, usam, então, camisolas
durante o jogo.
Variação diatópica

Variação que ocorre por questões ligadas à localidade de origem dos falantes, ou seja,
diferenças na fala de pessoas que vivem em locais distintos. Veja o exemplo apresentado
na tirinha abaixo.

A variedade utilizada por Chico Bento e seu pai pode ser considerada uma característica de
determinados locais do Brasil e diferir da linguagem de outras localidades. À diferença entre
a pronúncia “pru quê, fi o?”, apresentada na tirinha, e “por quê, fi lho?”, damos o nome de
variação diatópica.

Variação diafásica

A variação diafásica ocorre de acordo com o contexto situacional em que o falante se


encontra. Todos nós estamos sujeitos a variações diafásicas em nosso cotidiano, e, quando
a variedade não é adaptada à situação

Variação diastrática

A variação diastrática ocorre entre grupos sociais diferentes. As pessoas pertencem a


estratos sociais que acabam por determinar alguns usos linguísticos, como é o caso dos
advogados, que se utilizam de palavras e expressões que não são comuns a outros
indivíduos fora desse grupo. Como a definição de grupo social é muito ampla, podemos
entendê-lo como qualquer conjunto de pessoas que convivem entre si e têm, em comum, o
uso que fazem da fala.

Variação diacrônica

A língua é um mecanismo vivo que passa por diversas transformações ao longo do tempo.
É muito comum, por exemplo, que algumas palavras e expressões caiam em desuso e não
sejam mais utilizadas pelos seus falantes. No lugar delas, entram outras palavras que
começam a fi gurar nas conversas cotidianas. Dá-se o nome de variação diacrônica a essas
mudanças que acontecem em virtude do efeito da passagem do tempo.

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