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Os Deuses Organizacionais
Os Deuses Organizacionais
Os gregos possuíam muitos deuses. Cada pessoa tinha a liberdade de escolher um deles.
Portanto, havia uma divindade para os que trabalhavam com metais e outra para os músicos, uma
para os amantes da natureza e outra para os que apreciavam o vinho. Uma pessoa podia escolher
seu deus ou sua deusa, harmonizar suas capacidades e ver-se depois, talvez, entre pessoas que
pensavam de maneira semelhante, valorizava coisas afins, celebravam a religião de forma parecida,
obedeciam a normas também semelhantes. Tal como os gregos percebiam, a vida tem muitos
aspectos, e havia um deus para cada um deles.
É o que acontece nas organizações. Não existe só um jeito correto de administrar. Há quatro
maneiras, pelo menos, talvez mais. Cada uma delas funciona bem quando colocada no lugar certo.
Cada um de nós se ajusta melhor a uma determinada forma do que a outra, embora, às vezes,
possamos dissimular. Transpondo isso para o contexto grego, cada pessoa tem seu deus preferido,
mas pode venerar outros deuses, quando necessário.
O POVO DE ZEUS
É um povo constituído de personalidades.
Zeus era o rei dos deuses, na Grécia antiga; seus
instrumentos de comando eram o trovão e as
chuvas de ouro. Era impulsivo, um amante do
poder. O povo de Zeus costuma agir guiado pela
própria vontade, recorrendo à força de
personalidade, às promessas ou à força. Já se
chamou esse tipo de pessoa de “lutador da selva”.
Um adepto de Zeus, sendo uma personalidade, confia em personalidades. Ele
procurará formar seu próprio grupo. Seus cadernos de endereços serão bem volumosos.
Seus telefonemas muito demorados. Sempre o encontraremos falando com alguém.
Participará de reuniões curtas, com pouca gente e decisivas, mas ele tomará as decisões.
Um Zeus nunca escreverá se puder falar. Muitos adeptos dele não são cultos: preferem
ver o interlocutor e julgar-lhe as reações.
Confiam naqueles que de fato trabalham e sobre quem têm autoridade ou, mais
frequentemente, em pessoas nas quais podem confiar – na sua “turma”. Dessa forma,
conseguem que as coisas sejam feitas da maneira como eles querem. O trabalho é
efetuado com rapidez, requer menos fiscalização, menos tramitação de papéis, menos
reuniões e autorizações burocráticas. Portanto, as pessoas com quem atua são vitais
para Zeus. Ele despenderá muito tempo selecionando os colaboradores certos. O seu
foco não é a competência técnica. O importante é que estas sejam pessoas nas quais ele
confie.
O aspecto positivo dos seguidores do rei dos deuses é que eles depositam
confiança... na confiança. Contrapondo, em seu aspecto negativo, são tirânicos,
contando com o poder e ameaçando usá-lo. É ótimo trabalhar com adeptos de Zeus,
quando positivos, porque são generosos ao delegar, não são eminentemente
fiscalizadores, facultam o uso da iniciativa alheia, premiam os êxitos e desculpam os
erros plausíveis. Contudo, a confiança é algo frágil. Tal como uma vidraça partida, não é
possível consertá-la, tem de ser substituída. Os adeptos de Zeus sabem disso por
instinto. Portanto, eles buscam se livrar daqueles em quem não confiam. Eles lembram
um preceito na linha do “contrato alguém num minuto, mas demito-o em trinta
segundos”. É essa a atitude essencial para seu estilo. Se você não gosta de correr riscos,
não trabalhe para um Zeus.
TRIBO-CLUBE
A melhor imagem para ilustrar esse tipo de organização é uma
teia de aranha, já que a chave da organização, globalmente,
localiza-se no centro, o qual é cercado de círculos, cada vez mais
amplos, formados por pessoas íntimas e influentes. Quanto
mais alguém está próximo da aranha, maior é a sua influência.
Há outros fios na teia - os da responsabilidade e das funções da
organização que se estendem desde o centro - mas os círculos
das pessoas íntimas são os mais importantes, porque esta
organização funciona como um clube, estabelecido em torno do
seu líder.
A idéia que a fundamenta é tratar a organização como uma extensão de quem a comanda,
que é, com frequência, o seu fundador. Se este pudesse fazer todo o trabalho pessoalmente,
ele o faria. É porque isso não é possível que exista a organização, enfim. Ele deveria ser apenas
uma extensão dele, agindo em seu nome: um clube de pessoas que pensam de maneira
semelhante.
Trabalhar nesses lugares pode ser muito estimulante - pertencer ao clube, partilhar os
valores e as convicções da aranha. Sua maior eficácia reside na capacidade de reagir, imediata e
intuitivamente, às oportunidades ou às crises, devido à escassa prolixidade da comunicação e à
centralização do poder. O perigo consiste no caráter dominador da figura central. Sem uma
aranha, a teia morre. Tais organizações prosperam quando a personalidade e a
velocidade das decisões são requisitos essenciais, sendo
imprescindível a qualidade do líder. É um modo conveniente
de gerenciar, quando a organização tem um centro reduzido e
as pessoas são coesas. Porém, se ela crescer, haverá
necessidade de maior formalização. O estilo pessoal baseado
em telepatia e empatia pode fracassar. O segredo do sucesso é
O POVO DE APOLO
São os adeptos de Apolo que desempenham, com satisfação, funções e papéis necessários
à sustentação do funcionamento da organização. Em retribuição, esperam que a organização os
retribua com a segurança que caracteriza as atividades previsíveis. Saber que poderão tomar o
mesmo ônibus, todas as tardes, para voltar para a casa e sair em férias, como sempre, no mês
de julho ou janeiro, que seu plano de aposentadoria é garantido é fundamental. Eles gostam de
participar de comissões e pode-se contar com eles para verificar a correção de cláusulas dos
contratos e estatutos. Afinal, eles valorizam a precisão e a ordem. Não trabalhe com eles se
você é desorganizado, impulsivo ou impaciente. Mas nunca os menospreze.
A TRIBO DAS FUNÇÕ ES
A melhor imagem para representá-la é o
organograma piramidal adotado na maioria
das organizações.
Ela se assemelha a uma pirâmide feita de
caixas. Dentro de cada uma existe a
designação de uma função e, embaixo, em
letras menores o nome daquele que
eventualmente ocupa a caixa.
É evidente que a caixa continua,
A maioria das organizações adota esta tribo para tornar possível a definição de rotinas e
programações antecipadas. Tais organizações buscam tornar previsível o imprevisível em face da
ilusão de ser possível garantir os resultados desejados se os insumos forem calculados com
antecipação. Mas, o excessivo desejo de segurança e previsibilidade pode reduzir o entusiasmo.
Esse tipo de organização é adequado quando se executa uma tarefa rotineira. Mas, é
difícil, para ela, dar conta de mudanças ou de indivíduos fora do padrão. Se o regulamento não
prevê certas situações é preciso esperar que ele seja reescrito antes de agir. Organizações
administrativas, como as que mantêm em funcionamento o sistema bancário devem se apoiar
em funções. Por exemplo, se o sistema bancário fosse administrado por integrantes da tribo-
clube, cada um deles agindo como lhe parecesse melhor, seria o caos. A eficiência e a equidade
na execução de tarefas rotineiras exigem uma cultura própria.
Nela o importante é apreender, de maneira correta, a lógica do projeto, bem como o fluxo
do trabalho e dos procedimentos. As pessoas, em certo sentido, são um fator menos decisivo.
Podem ser treinadas para adequar-se à função. Na verdade, nessas organizações não se quer
independência demais, nem iniciativa em excesso. As tribos das funções querem ocupantes de
funções, não pessoas individualistas
Seus adeptos entusiasmam-se pelo novo. Apreciam problemas inéditos e situações novas.
Mas são, também, integrantes de equipes. Sabem que a resolução de problemas complexos
requer a união de capacidades diversificadas, isto é, uma força-tarefa. Nesta, eles selecionarão
os talentos de que possam precisar, tentando agregá-los numa equipe. As equipes são
estimulantes. Quando a equipe ganha, todos ganham. Se for derrotada, a derrota é geral. Há
um sentido de solidariedade, de igualdade, desde que cada um tenha sua contribuição a dar.
Aos seguidores de Palas Athena não interessa que a pessoa permaneça, ou não, muito
tempo no trabalho ou que tenha determinados títulos. Apenas tomam conhecimento da
competência com que a tarefa é desempenhada. Juventude, energia e criatividade costumam
ser as características de uma equipe constituída por estes adeptos. É o tipo de pessoa que
podemos encontrar numa consultoria ou numa agência de publicidade.
Os adeptos de Palas Athena não são escravos. Eles querem solucionar problemas, não
assessorar soluções alheias. Para que se dediquem a uma tarefa, é preciso que ela seja produto
de sua criatividade. Como dentes de engrenagem, seriam dispendiosos e pouco cooperativos,
sendo melhor não os tratar de tal forma.
TRIBO TAREFA
O pensamento subjacente a essa forma
desenvolveu-se para atender à necessidade de um
esquema organizacional que pudesse reagir a
mudanças de maneira menos individualista que
uma tribo-clube e com mais rapidez do que uma
organização apoiada em funções.
A idéia organizacional é que um grupo ou uma reunião de talentos e recursos deveria
voltar-se para a realização de projetos ou resolução de problemas. Logo, cada desafio recebe um
tratamento específico, não sendo necessário estendê-lo, de maneira padronizada, para toda a
organização. As equipes podem ser alteradas, dissolvidas, ampliadas, quando há mudança de
problemas. Uma rede cujos cordéis possam ser movidos dessa ou daquela maneira e
reagrupados à vontade é a imagem desta tribo.
O POVO DE DIONÍSIO
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