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Reforço de Aterro Sobre Solo Mole em Empreendimento

Residencial
Reinforced Embankment on Soft Soil in a Residential Building
 Nome dos autores: Jaime da Silva Duran

Giancarlo Domingues

 Instituição: Maccaferri do Brasil LTDA – Rua Prof. Joanita Bernet Passos, 640, Curitiba/PR
 E-mail giancarlo@maccaferri.com.br; jaime_s_duran@maccaferri.com.br;
 Local da obra: São José dos Pinhais/PR – Brasil
 Tipo de Obra: Aterro Sobre Solos Moles
 Duração: Setembro de 2012 – Novembro de 2012

Resumo

Para a implantação de um empreendimento residencial multi familiar de padrão popular,


o projeto previa áreas destinadas à estacionamento nas periferias do terreno. Numa determinada
parte destas áreas havia a necessidade da construção de um aterro que seria apoiado sobre uma
região alagadiça e com ocorrência de solos de baixa capacidade de suporte.
O objetivo deste artigo é apresentar as soluções analisadas pela construtora, bem como a
participação dos geossintéticos como alternativas de solução, a comparação entre estas
alternativas, dimensionamento, especificação e projetos adotados para este aterro.

Abstract

For the implementation of a several families residential building of popular standard, the
project included areas for parking on the outskirts of the land. In certain of these areas was the
need of building a embankment that would be supported on a swampy region with occurrence of
low bearing capacity soil .
The objective of this paper is to present the solutions analyzed by the builder, the
participation of geosynthetics as alternative solutions, the comparison between these alternatives,
sizing, specification and designs adopted for this embankment.

1. PROBLEMA

O empreendimento Parque das Nações Europa da construtora Fórmula engenharia é um


empreendimento residencial multi-familiar de padrão popular, localizado no município de São
José dos Pinhais, PR.
O terreno onde o empreendimento está sendo construído, tem parte de sua área caracterizada
por um charco, com presença de 4m de solo mole, conforme perfil de sondagem abaixo.

Tabela 1: Perfil de Sondagem à percursão


N.A Profundidade NSPT Descrição

-0,4m 0 a 3,0m 2 Argila Siltosa Mole


3 a 4,0m 3 Argila Siltosa Mole
4 a 6,0m 5 Argila Siltosa
6 a 10,40m 16 Silte Argiloso

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Além da presença deste material orgânico de baixa capacidade de suporte, o lençol freático
também era elevado.
O projeto arquitetônico do empreendimento indicava a construção de uma área de
estacionamento descoberto, cujo aterro seria construído, em boa parte, sobre o charco. Logo
havia uma necessidade de se avaliar a melhor solução geotécnica para estabilizar o aterro, porém
que gerasse o menor impacto financeiro, geométrico e ambiental possível.
A altura do aterro era de 2,5m e seu talude tinha inclinação de 1,5h/1v.
Com a sondagem foi possível desenhar o perfil estratigrafico da área e, por correlações,
definir os parâmetros geotecnicos das camadas de fundação. Como não se tinha ensaios de
resistência ao cisalhamento da jazida do material de aterro, fez-se uma estimativa destes
parâmetros baseados na caracterização tactil-visual do aterro.

Figura 1: Perfil estratigráfico

Tabela 2: Parâmetros adotados


Camada / Parâmetro γ (kN/m³) φ (º) C (kPa)
Aterro 18 28 5
Solo Mole 11 15 3
Argila Siltosa 18 23 7
Silte Argiloso 18 25 15

Ao se analisar a estabilidade do aterro chegava-se, através de uma análise por equilíbrio


limite, à um coeficiente de segurança na ordem de 1,05 onde se necessitava de soluções que
pudessem prover coeficientes próximos de 1,3.

2. SOLUÇÃO

As soluções analisadas foram a execução de bermas de equilíbrio, reforços com


geossintéticos e uma combinação das duas opções.
Através da análise de estabilidade, obtiveram-se as dimensões necessárias para a Berma,
bem como as dimensões e resistências dos reforços.
Para a alternativa com berma, seria necessária a construção de uma berma de equilíbrio de
6m de comprimento com talude de mais 5m e com 1,25m de altura, ultrapassando desta forma o

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limite construtivo do empreendimento em 9m. Esta questão geométrica não era limitante, porém
era indesejável.

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m m

Figura 2: Solução Com Berma

Para a alternativa com reforço, foi necessário uma camada de reforço com geogrelha de
150kN/m e com comprimento de superior à 15metros. Com esta alternativa, não haveria a
extrapolação do limite geométrico.
Na terceira alternativa, pretendia-se analisar uma solução mista onde tentaria se reduzir ao
máximo a utilização da berma de equilíbrio em detrimento a utilização de um reforço
geossintético. Porém, segundo os cálculos realizados seria necessário uma camada de Geogreçha
com 150 kN/m e 18,8 metros de comprimento e uma berma de 10 metros de extensão e 1,25
metros de altura.
Com as três alternativas estudadas, avaliou-se as questões de custo, impacto geométrico no
projeto e ambiental, onde se chegou à conclusão de que a melhor escolha seria a construção do
aterro com reforço de geossintéticos.
Em todos os casos seria construído um colchão drenante com rachão na base do aterro, e
este receberia um geotextil não tecido como camada separadora e filtrante, antes da aplicação da
geogrelha e do lançamento do aterro.

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15,3m

Figura 3: Solução Com Geossintético tipo geogrelha

5m 5m

18,8m

Figura 4: Solução Mista (Berma+Geossintético)

3. COMPARATIVO ENTRE AS SOLUÇÕES:

A primeira comparação seria a de custos conforme tabela abaixo:

Tabela 3: Comparativo de Custo entre as soluções


Soluções Serviço Quantidade Custo (Sinapi)
Adicional
Aterro 1780m³ R$ 50.000
Compactado
Colchão 660m³ R$ 43.000
Berma
Drenante
Instalação de 2200m² R$12.600
Geotextil

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Geossintético Instalação da 3605m³ R$ 75.000


Geogrelha
Aterro 1500m³ R$ 42.000
Compactado
Colchão 600m³ R$38.000
Drenante
Mista
Instalação de 2000m² R$ 11.500
Geotextil
Instalação da 4020m² R$ 80.000
Geogrelha

Nesta análise, a solução mais econômica mostrou-se ser a com aplicação do geossintético, e
que uma solução mista ficaria ainda mais cara do que a solução de execução de berma de
equilíbrio.
Além disso, a tomada de decisão levou em consideração também outros critérios como a
geometria e a questão ambiental conforme quadro comparativo abaixo:

Tabela 4: Comparativo Qualitativo


Solução / Custo Geometria Ambiental
Critério
1700m³ de
Construção
material de
avançaria 9m
Berma 1,4 Jazida + 660m³
além do
de material
Limite
britado
Geossintético 1 0 0
1500m³ de
Construção
material de
avançaria 8m
Mista 2,3 Jazida + 600m³
além do
de Material
Limite
Britado

Desta forma a alternativa de aplicação do geossintético se mostrou mais adequada, como


solução de estabilização do aterro.

4. METODOLOGIA DE EXECUÇÃO

Foi definida a seção abaixo como a seção do aterro a ser construído, onde pode ser
observado o colchão drenante e as camadas de geossintéticos utilizados.
Foram escolhidos a Geogrelha Macgrid® WG 150 e o geotextil Mactex® N30.2 da empresa
Maccaferri.

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Geogrelha

Geotextil

Figura 5: Seção do Aterro com a indicação das camadas de geossintéticos

A primeira etapa da construção do aterro consistia em uma limpeza superficial da área para
remoção da camada vegetal, depois o lançamento do rachão que compunha o colchão drenante,
lançamento do filtro geotextil e da geogrelha e execução do aterro até o greide de projeto.
O colchão drenante acabou sendo executado com um material granular similar à um
cascalho com classificação HRB como A-2-4.

Figura 6: Preparação da área

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Figura 7: Lançamento dos geossintéticos

Figura 8: Lançamento dos geossintéticos e Execução do Aterro

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Figura 9: Execução do Aterro

Figura 10: Aterro concluído

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5. CONCLUSÃO

A utilização dos geossintéticos como alternativa para estabilidade ou incremento no fator de


segurança de projeto se mostrou a melhor escolha técnica e economica, uma vez que seu
desempenho atendeu às necessidades da obra, possibilitando a construção do aterro de forma
segura e rápida.
Conforme mostrado a solução com geossintéticos foi muito mais econômica, pois reduzia
consideravelmente o volume de aterro e de pedras para o colchão drenante, que eram dois itens
com custos significativos para a obra em questão.
Além do custo a alternativa com geossintéticos possibilitou à execução da obra de aterro não
invadir a área subjacente, o que certamente teve um grande peso na tomada decisão. Do ponto de
vista ambiental, ao se reduzir os volumes de materiais naturais, como o aterro e o colchão
drenante, certamente houve uma considerável redução no impacto da obra, uma vez que foi
deixado de se extrair do meio ambiente, 1800m³ de solo e 660m³ de rachão ou cascalho.

6. REFERENCIAS

Site da Caixa Econômica Federal, Sinapi, Relatórios de Composições. Disponível em :


http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programa_des_urbano/SINAPI/index.asp
Acesso em 24/06/2014 as 19:30.

Brasil. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e


Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias.
Manual de pavimentação. 3.ed. – Rio de Janeiro, 2006.

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