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AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE

COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES

Fernando da Silva Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Orientadores: Ian Schumann Marques Martins


Leonardo de Bona Becker

Rio de Janeiro
Setembro de 2011
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES

Fernando da Silva Oliveira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_______________________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Ss.

________________________________________________
Prof. Leonardo de Bona Becker, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


SETEMBRO DE 2011
Oliveira, Fernando da Silva
Avaliação de Propostas para Estimativa de Parâmetros
de Compressibilidade de Argilas Moles/ Fernando da
Silva Oliveira. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2011.
IX, 107p.: il.; 29,7cm.
Orientadores: Ian Schumann Marques Martins,
Leonardo de Bona Becker.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Civil, 2011.
Referências Bibliográficas: p. 106-107.
1. Argila Mole
2. Amolgamento
3. Índice de compressão
4. Curva de compressão edométrica
I. Martins et al., Ian Schumann Marques. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Civil. III. Título.

iii
AGRADECIMENTOS

Aos Professores Leonardo Becker e Ana Paula Fonseca, pela orientação ao


longo de praticamente todo o curso, pela importância e dedicação dadas às atividades de
iniciação científica, graças às quais optei pela ênfase em Mecânica dos Solos, e pelas
oportunidades que tive durante este período.

Ao Professor Ian Schumann, pela disposição e interesse em orientar este


trabalho.

Ao Vitor Aguiar e a todos da Mecasolo Engenharia, pela excelente recepção e


atenção que tive na Mecasolo Engenharia durante o período de estágio.

Aos Professores Fernando Danziger e Marcos Barreto, pela disposição em


avaliar este trabalho.

Ao Maurício Andrade, pela disponibilização de seus dados de ensaio.

Aos colegas de turma, todos os professores, funcionários e aqueles que mantém


a UFRJ.

E à família.

iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE


COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES

Fernando da Silva Oliveira

Setembro/2011

Orientadores: Ian Schumann Marques Martins


Leonardo de Bona Becker

Curso: Engenharia Civil

Este trabalho apresenta uma avaliação da aplicabilidade às argilas moles de


Santos/SP e do Sarapuí/RJ do método proposto por Schmertmann (1955) para
estimativa da curva de compressão edométrica de uma argila no estado indeformado a
partir da curva obtida do ensaio edométrico realizado na mesma argila com algum grau
de amolgamento.
Para estas argilas também são avaliadas as propostas de Almeida et al. (2008) e
de Martins et al. (2009) para estimativa do índice de compressão da argila no estado
“indeformado” (Cc) a partir do teor de umidade (w), e a proposta de Atkinson e Bransby
(1978) para estimativa do índice de compressão da argila remoldada (Cc,remold) a partir
de seu índice de plasticidade (IP).

Palavras-chave: argila mole, amolgamento, índice de compressão, parâmetros


de compressibilidade, curva de compressão edométrica.

v
Abstract of Undergraduate Project presented to Escola Politécnica/ UFRJ as a partial
fulfillment of the requeriments for the degree of Civil Engineer.

EVALUATION OF PROPOSALS TO ESTIMATE COMPRESSIBILITY


PARAMETERS OF SOFT CLAYS

Fernando da Silva Oliveira

September/2011

Advisors: Ian Schumann Marques Martins


Leonardo de Bona Becker

Course: Civil Engineering

This work presents the applicability evaluation to Santos/SP and Sarapuí/RJ soft
clays of the method proposed by Schmertmann (1955) to estimate the “undisturbed”
oedometric compression curve by means of oedometric compression tests carried out in
disturbed samples.
To the same clays also are evaluated the proposals of Almeida et al. (2008) and
of Martins et al. (2009) to estimation of the compression index in the “undisturbed”
state (Cc) by means of the water content (w), and the proposal of Atkinson and Bransby
(1978) to estimate the compression index of the remolded clay (Cc,remold) by means of its
the plastic index (PI).

Keywords: soft clay, sample disturbing, compression index, compressibility


parameters, oedometric compression curve.

vi
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 1

1.2 Objetivos ............................................................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 4

2.1 Compressibilidade dos solos ................................................................................. 4

2.2 Compressão unidimensional ................................................................................. 4

2.2.1 Considerações iniciais ................................................................................... 4

2.2.2 Ensaio de compressão edométrica ................................................................ 5

2.3 Amolgamento ........................................................................................................ 7

2.3.1 Considreações iniciais ................................................................................... 7

2.3.2 Causas do amolgamento ................................................................................ 8

2.3.3 Efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica .................... 11

2.4 O método de Schmertmann (1955) para estimativa da curva de compressão


edométrica “indeformada” a partir de ensaios realizados em amostras amolgadas .. 12

2.4.1 Considerações iniciais ................................................................................. 12

2.4.2 Desenvolvimento do método ....................................................................... 13

2.4.2.1 Comportamento básico de uma argila sob compressão ....................... 13

2.4.2.2 Efeitos da perturbação da amostra em suas características de


compressibilidae e padrões observados ........................................................... 15

2.4.3 Procedimento para estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”


............................................................................................................................... 20

vii
2.4.4 Observações sobre o método ....................................................................... 23
2.5 Estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada (Cc,remold) a partir
de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G) ................ 24
2.6 Propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade
natural (w) de argilas moles indeformadas ............................................................... 30

3 ENSAIOS ESTUDADOS ......................................................................................... 33


3.1 Considerações iniciais ......................................................................................... 33
3.2 Ensaios realizados com a argila de Santos/SP .................................................... 34
3.2.1 Extração das amostras ................................................................................. 34
3.2.2 Ensaios de caracterização ............................................................................ 38
3.2.3 Ensaios de compressão edométrica ............................................................. 43
3.3 Ensaios realizados com a argila do Sarapuí/RJ ................................................... 51
3.3.1 Extração das amostras ................................................................................. 51
3.3.2 Parâmetros de caracterização ...................................................................... 52
3.3.3 Ensaios de compressão edométrica ............................................................. 53

4 RESULTADOS ......................................................................................................... 60
4.1 Avaliação da qualidade dos corpos de prova e efeitos do amolgamento
.................................................................................................................................... 60
4.2 Verificação do método de estimativa da curva de compressibilidade
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955)
.................................................................................................................................... 66
4.2.1 Considerações iniciais ................................................................................. 66
4.2.2 Argila de Santos .......................................................................................... 66
4.2.3 Argila do Sarapuí ........................................................................................ 83
4.2.4 Conclusões sobre a avaliação do método de Schmertmann (1955) ............ 94
4.3 Avaliação da estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada
(Cc,remold) a partir de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos
(G) ............................................................................................................................. 96
4.4 Verificação das propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o
teor de umidade natural (w) de argilas moles ......................................................... 101

viii
5 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 105

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 106

ix
1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais


Em diferentes situações o engenheiro civil se depara com a necessidade de
prever os recalques sofridos pelo terreno onde suas obras serão implantadas, seja por
razões funcionais, de segurança estrutural, ou apenas estéticas.
A previsão ou estimativa das deformações que o solo sofre ao ser carregado ou
descarregado é um dos principais objetos de estudo da Mecânica dos Solos.
Uma teoria que abrangesse o caso geral de deformação do solo sob um estado
geral de tensões seria muito complexa. Entretanto, existem casos particulares em que as
deformações dos solos podem ser previstas ou estimadas com relativa facilidade. Um
destes casos é o que ocorre quando o solo está submetido a um estado de tensões
geostáticas e o carregamento imposto faz com que haja deformações apenas na direção
vertical. Nestes casos tem-se uma compressão unidimensional ou compressão
edométrica.
Cada solo apresenta uma curva de compressão edométrica própria. Tais curvas,
em geral, dão a relação entre o índice de vazios (e) e a tensão vertical efetiva (σ’v)
plotada em escala logarítimica. As curvas de compressão edométrica podem ser
caracterizadas por 3 parâmetros: o índice de recompressão Cr, o índice de compressão
Cc e a tensão de pré-adensamento σ’vm, conforme esquematizado na figura 1.1.

σ'vm
Cr
1
índice de vazios, e

Cc

tensão vertical efetiva, σ' v (log)

Figura 1.1 Representação esquemática dos parâmetros de compressibilidade que


definem a curva de compressão edométrica.

1
Os parâmetros de compressibilidade são obtidos através da extração de amostras
indeformadas no campo e realização de ensaios de compressão edométrica em
laboratório.
Entende-se por amostra indeformada aquela que preserva ao máximo a estrutura
que o solo apresenta em campo, de tal forma que a inevitável alteração sofrida por sua
estrutura durante a amostragem seja pequena a ponto de não modificar suas
propriedades mecânicas.
O amolgamento do solo pode ser entendido como a alteração de sua estrutura, ou
seja, da forma como seus grãos se dispõem e interagem entre si. No caso de ensaios de
compressão edométrica, o amolgamento da amostra altera drasticamente a curva de
compressão e, consequentemente, os valores dos parâmetros de compressibilidade
encontrados.
A consequência prática mais evidente do amolgamento de amostras utilizadas
em ensaios de compressão edométrica é a previsão errada de recalques, pois os mesmos
serão calculados com base em parâmetros de compressibilidade errados.
A obtenção de amostras indeformadas de solos é uma tarefa que exige uma série
de cuidados. Infelizmente, são poucos os casos em que as recomendações para evitar o
amolgamento das amostras de solos, desde a sua amostragem até a moldagem do corpo
de prova, são seguidas adequadamente, resultando em parâmetros de compressibilidade
não representativos do comportamento que o material apresenta em campo.
Diante desta realidade, Schmertmann (1955) sugeriu um método de estimativa
da curva de compressão edométrica “indeformada” a partir da curva de compressão
edométrica obtida em ensaios realizados em amostras amolgadas. Desta maneira
poderiam ser obtidos parâmetros de compressibilidade mais próximos dos reais.
Atkinson e Bransby (1978), baseados nos resultados de Skempton e Northey
(1953), apresentaram uma proposta de correlação entre o índice de compressão do solo
remoldado (chamado neste trabalho de Cc,remold para diferenciar do Cc do solo
indeformado) a partir de seu índice de plasticidade (IP). Desta forma, ficaria
estabelecido um limite inferior para o valor do índice de compressão do solo, pois
quanto mais amolgada a amostra se encontra menor é o indice de compressão obtido, e
o máximo amolgamento que a amostra pode sofrer é quando a mesma é remoldada. Um
limite como este apresenta importância prática no sentido de possibilitar, junto a alguns
outros critérios, avaliar o grau de perturbação de uma amostra pela análise de seu índice
de compressão.

2
Existem tentativas de se realizar uma estimativa da compressibilidade de um
solo com base em propriedades mais simples de serem determinadas. Uma destas
propostas é a de relacionar o índice de compressão (Cc) de argilas moles com seu teor
de umidade (w), como as apresentadas por Almeida et al. (2008) e por Martins et al.
(2009). Correlações deste tipo podem ser úteis em estimativas preliminares de recalques
por adensamento ou então para balizar os resultados obtidos em ensaios de compressão
edométrica.
Este trabalho apresenta verificações das propostas apresentadas acima através da
aplicação das mesmas a algumas argilas moles brasileiras e da comparação dos valores
estimados com os valores obtidos de ensaios realizados em amostras de boa qualidade
destes solos.
Os dados experimentais utilizados neste trabalho são relativos a ensaios de
compressão edométrica e de caracterização realizados por Aguiar (2008) e por Andrade
(2009) em argilas moles de Santos/SP, e por Coutinho (1976) na argila mole do
Sarapuí/RJ.

1.2 Objetivos
Tendo como objeto de estudo as argilas moles de Santos/SP e do Sarapuí/RJ,
este trabalho tem os seguintes objetivos:
a) Verificar a aplicabilidade do método de estimativa da curva de compressão
edométrica “indeformada” proposto por Schmertmann (1955) a amostras com algum
grau de amolgamento ou a amostras totalmente remoldadas das argilas estudadas.

b) Verificar a validade da correlação entre o índice de plasticidade (IP) e o índice de


compressão (Cc) encontrada em Atkinson e Bransby (1978) obtida com base nos
resultados de Skempton e Northey (1953).

c) Verificar se existe alguma relação entre a sensibilidade do Cc da amostra ao


Cc
amolgamento, quantificada pela razão , e o índice de plasticidade (IP).
Cc ,remold

d) Verificar as propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de


umidade natural (w) apresentadas por Almeida et al. (2008) e por Martins et al. (2009).

3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Compressibilidade dos solos


O solo pode ser visualizado como um esqueleto sólido formado por grãos entre
os quais existem vazios que podem estar ocupados por água ou ar. A deformação
volumétrica sofrida pelo solo quando se altera seu estado de tensões efetivas é devida às
deformações dos grãos individualmente e às variações do volume de vazios. Em
Mecânica dos Solos admite-se que os grãos do solo são incompressíveis e que, portanto,
a deformação volumétrica do solo se deve exclusivamente à variação de seu volume de
vazios. No caso de argilas moles sedimentares em geral, os vazios se encontram
totalmente preenchidos por água (solo saturado). Como a água também é considerada
incompressível, as deformações volumétricas num solo saturado só podem ocorrer pela
saída ou entrada de água em seus vazios.
Ao processo de deformação volumétrica dos solos saturados ao longo do tempo
pela saída de água de seus vazios provocada por um excesso de poropressão dá-se o
nome geral de adensamento.
Quando um solo saturado é submetido a uma variação em seu estado de tensões
totais, a água recebe parte desta variação e a manifesta por meio de um aumento ou
excesso de poropressão. Esse excesso de poropressão faz com que a água flua para fora
dos vazios do solo fazendo também com que o excesso de poropressão se dissipe no
tempo até que seja atingido um estado de tensões efetivas estável (onde o excesso de
poropressão seja nulo).
De uma forma genérica, a compressibilidade de um solo é definida pela relação
existente entre a variação da deformação volumétrica e a correspondente variação do
estado de tensões efetivas.

2.2 Compressão unidimensional

2.2.1 Considerações iniciais


A compressão unidimensional ou edométrica é um caso particular de
deformação dos solos em que as deformações horizontais são nulas, existindo apenas as
deformações verticais. Nestes casos os planos horizontais e verticais são planos

4
principais, e à relação entre as tensões efetivas horizontal e (σ’h) e vertical (σ’v) dá-se o
nome de coeficiente de empuxo no repouso (K0).

σ 'h
K0 = (2.1)
σ 'v

Na compressão edométrica a compressibilidade de um solo pode ser


quantificada pelo coeficiente de compressibilidade volumétrica (mv) definido por

Δε v
mv = (2.2)
Δσ 'v

onde:
Δεv é a variação da deformação volumétrica sofrida pelo solo,
Δσ’v é a variação da tensão vertical efetiva do solo.

Outros parâmetros utilizados para quantificar a compressibilidade volumétrica


de um solo em termos de índice de vazios serão vistos mais adiante.
Uma situação prática onde o mecanismo de deformação pode ser aproximado ao
de compressão edométrica é o caso das compressões sofridas pela região central do
terreno de fundação de um extenso aterro de espessura uniforme.

2.2.2 Ensaio de compressão edométrica


O ensaio de compressão edométrica consiste no carregamento e
acompanhamento das deformações verticais sofridas por um cilindro de solo confinado
lateralmente por um anel métalico que impede deformações laterais e drenagem radial.
O corpos de prova apresentam diâmetros variando entre 5cm e 12cm e altura de
cerca de um terço do diâmetro. No topo e na base do corpo de prova são dispostas
pedras porosas para permitir a drenagem. Como o corpo de prova é envolvido
lateralmente pelo anel metálico, a drenagem é exclusivamente vertical.
O corpo de prova de solo é disposto na célula de adensamento e o carregamento
é aplicado através de uma prensa. O carregamento é aplicado em estágios. Para cada

5
incremento de carga são acompanhadas as variações de altura do corpo de prova ao
longo do tempo. Quando as deformações praticamente cessam aplica-se o incremento de
carga seguinte, em geral, o dobro da carga anterior. Ao final do ensaio de compressão o
solo é descarregado, também em estágios, registrando-se as correspondentes
deformações de estabilização.
Os resultados do ensaio de compressão edométrica são representados por:

a) curvas “deformação volumétrica x tempo” correspondentes a cada incremento


de carga.

b) uma curva “deformação volumétrica x tensão vertical efetiva”, relacionando


as deformações finais de cada estágio com a tensão vertical efetiva de cada incremento
de carga. Esta plotagem recebe o nome de curva de compressão edométrica e também é
comum ser expressa pela relação “índice de vazios x tensão vertical efetiva”.

Na figura 2.1 é apresentado o formato típico da curva de compressão de um


ensaio edométrico.

Tensão vertical efetiva ( σv ) (kPa)


´
1 10 100 σ´vm 1000
2,70

e0
2,50 1
Cr

2,30
Trecho de recompressão
Índice de vazios (e)

1
2,10

Trecho de compressão virgem Cc


1,90

1,70
Trecho de expansão

1,50
Ce
1
1,30

Figura 2.1 Típica curva de compressão edométrica ou unidimensional de um solo com


a representação gráfica de seus parâmetros de compressibilidade.

6
Quando as tensões verticais efetivas são plotadas em escala logarítimica,
distinguem-se três trechos de comportamento distintos do solo: o trecho de
recompressão, o trecho de compressão virgem e o trecho de expansão.
O trecho de recompressão é caracterizado pelo comportamento menos
compressível do solo, indicado pela pequena inclinação da curva de compressão.
Quando a tensão vertical efetiva atinge o valor da tensão de pré-adensamento (σ’vm), há
um aumento abrupto da compressibilidade do solo, dando-se início ao trecho de
compressão virgem. O trecho de expansão é aquele correspondente à fase de
descarregamento do ensaio edométrico.
O comportamento do solo sob condição edométrica é representado por estes
trechos da curva de compressão unidimensional que, por sua vez, são definidos pelos
seus parâmetros de compressibilidade, a saber: tensão de pré-adensamento (σ’vm), índice
de recompressão (Cr), índice de compressão (Cc) e índice de expansão (Ce).
A tensão de pré-adensamento (σ’vm) é o máximo valor de tensão vertical efetiva
a que o solo esteve submetido durante a sua história. Dentre os diferentes métodos
existentes para sua determinação, os mais utlizados no Brasil são o método de
Casagrande (1936) e o método de Pacheco Silva (1970). Na figura 2.1 é representado
graficamente o método de Pacheco Silva para determinação de σ’vm.
Os índices de recompressão (Cr), compressão (Cc) e expansão (Ce) são as
inclinações da curva de compressão nos trechos correspondentes, dados pela razão
− Δe
. Na figura 2.1 os parâmetros Cr, Cc e Ce estão representados graficamente.
Δ log σ 'v

2.3 Amolgamento

2.3.1 Considerações iniciais


O amolgamento de um solo é a destruição parcial ou total de sua estrutura
original, ou seja, é a alteração da disposição e da interação que os grãos do solo
mantinham entre si em seu estado natural.

7
2.3.2 Causas do amolgamento
Os procedimentos de amostragem, transporte, armazenamento e moldagem de
corpos de prova inevitavelmente alteram o estado de tensões a que o solo estava
submetido em campo. Muitas vezes estes procedimentos, quando realizados de forma
inadequada, sujeitam a amostra a deformações de tal ordem que alteram a estrutura do
solo, alterando as suas propriedades, notadamente a sua compressibilidade e a sua
resistência não-drenada.
As operações mais críticas quanto ao amolgamento das amostras são as de
extração no campo e de transporte, em geral pelo desconhecimento dos efeitos
prejudiciais que o amolgamento traz à amostra e pelo não cumprimento da norma
brasileira que regulamenta estes procedimentos (NBR-9820/97 – Coleta de amostras
indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem).
No caso de argilas moles saturadas o amolgamento se dá de forma não-drenada,
ou seja, sem variação de volume, significando que a destruição da estrutura do solo
ocorre devido apenas às deformações cisalhantes. O solo amostrado sofre distorções nas
seguintes ocasiões:

a) Distorção por extensão devida ao alívio de tensão vertical total pela abertura
do furo para amostragem (figura 2.2).

Figura 2.2 Distorção da amostra por alívio da tensão vertical total (Martins (2011) a
partir de Ladd e DeGroot (2003)).

8
Uma forma de minimizar este efeito é realizar todo o procedimento de execução
do furo e amostragem com o mesmo cheio de lama bentonítica, mantendo o tubo de
revestimento acima do nível do terreno e com o nível de lama o mais alto possível
(figura 2.3).

Figura 2.3 Procedimento para minimizar a distorção da amostra por alívio da tensão
vertical total (Martins (2011) a partir de Ladd e DeGroot (2003)).

b) Distorção dos elementos do solo amostrado junto à parede interna do


amostrador durante sua cravação (figura 2.4).

Figura 2.4 Distorção da amostra junto às paredes do amostrador durante a cravação


(Martins (2011) baseado em Ladd e DeGroot (2003)).

9
Este efeito é minimizado utilizando um amostrador com diâmetro do bico
ligeiramente inferior ao do corpo. Quanto maior o diâmetro do amostrador e mais fina a
sua parede menor é a perturbação da amostra, devendo-se lembrar que a região central
da amostra é a menos afetada pelo amolgamento.

c) Distorção dos elementos do solo junto à parede interna do amostrador durante


a extração da amostra (figura 2.5).

Figura 2.5 Distorção da amostra junto à parede do amostrador durante a extração


Martins (2011).

Para evitar mais esta perturbação, Ladd e DeGroot (2003) recomendam cortar o
tubo amostrador em segmentos e com um fio de aço, introduzido com o auxílio de uma
agulha, destacar a amostra do segmento de tubo já cortado.

Aguiar (2008) apresenta detalhadamente as especificações técnicas para coleta


de amostras indeformadas e o procedimento de moldagem dos corpos de prova seguidos
para realização dos ensaios de adensamento de seu trabalho, cujos resultados indicaram
tratar-se de corpos de prova de boa qualidade.

10
2.3.3 Efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica
O amolgamento da amostra afeta os resultados do ensaio de compressão
edométrica. A figura 2.6 apresenta as curvas de compressão edométrica obtidas de
ensaios realizados por Coutinho (1976) com amostras de argila do Sarapuí com
diferentes graus de perturbação.

Figura 2.6 Efeitos do amolgamento da amostra nas curvas de compressão edométrica


(Coutinho, 1976).

Comparando-se as curvas da figura anterior pode-se observar os seguintes


efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica listados por Martins e
Lacerda (1994):

a) Para a mesma tensão vertical efetiva (σ’v) o índice de vazios (e) é tão menor
quanto pior for a qualidade da amostra.

b) A transição entre os trechos de recompressão e de compressão virgem na


curva “e x σ’v(log)” se torna menos acentuada dificultando a determinação da tensão de
pré-adensamento (σ’vm).

11
c) Redução do valor estimado da tensão de pré-adensamento.

d) Aumento da compressibilidade na região de recompressão.

e) Diminuição da compressibilidade no trecho de compressão virgem.

f) Eliminação da concavidade da curva “e x σ’v(log)” no trecho virgem


resultando em uma linha aproximadamente reta.

2.4 O método de Schmertmann (1955) para estimativa da curva de compressão


edométrica “indeformada” a partir de ensaios realizados em amostras amolgadas

2.4.1 Considerações iniciais


Schmertmann (1955) propõe um procedimento para estimativa da curva de
compressibilidade “indeformada” de um solo a partir de ensaios de compressão
edométrica em laboratório realizados em amostras com algum grau de perturbação
(amolgamento).
O desenvolvimento deste procedimento seguiu o seguinte roteiro:

1. Exame do comportamento básico de uma argila sob compressão.


2. Observação da maneira como este comportamento é alterado pela perturbação
da amostra.
3. Investigação do padrão destas alterações.
4. O uso destes padrões como base para estimativa, por extrapolação, da
condição completamente não-perturbada (indeformada).

Vale ressaltar de início que os diagramas “e x σ’v(log)” apresentados no trabalho


de Schmertmann foram calculados ajustando todas as compressões por incremento de
carga para um único intervalo de tempo padrão de laboratório, sendo este tempo aquele
em que todos os incrementos estivessem em compressão secundária.

12
2.4.2 Desenvolvimento do método

2.4.2.1 Comportamento básico de uma argila sob compressão


Inicialmente são apresentados resultados típicos de ensaios de compressão
edométrica em amostras indeformadas cujas curvas de compressibilidade são mostradas
nas figuras 2.7a e 2.7b a seguir.

(a)

13
(b)
Figura 2.7 Resultados típicos de ensaios de compressão edométrica em laboratório
(Schmertmann, 1955).

Nas figura 2.7a e 2.7b observa-se que as curvas de compressibilidade podem ser
representadas por três trechos característicos, que são representados de forma
esquemática na figura 2.8:

a) Por uma linha de índice de vazios aproximadamente constante durante o


intervalo de carregamento no qual a expansão do corpo de prova foi impedida, ou seja,
até o ponto correspondente à tensão geostática (σ’v0) e ao índice de vazios de campo
(e0), que aqui convencionou-se chamar de ponto E.

b) Depois por uma curva de recompressão nítida, começando no ponto E e indo


até o ponto P de pré-adensamento (σ’vm, evm).

c) Finalmente, começando no ponto P, tem-se a curva de compressão virgem,


que distingue-se por sua inclinação bem superior à dos demais trechos.

14
σ'vm, evm
σ'v0, e0
1
E Cr
P

índice de vazios, e

1
Cc

1
Ce

tensão vertical efetiva, σ' v (log)

Figura 2.8 Representação esquemática dos trechos característicos da curva de


compressão edométrica com a nomenclatura utilizada por Schmertmann (1955).

Ainda nas figuras 2.7a e 2.7b, observa-se que as curvas de recompressão são
aproximadamente paralelas às curvas de descompressão.
Assumindo esta hipótese, conhecendo-se apenas o trecho de descompressão da
curva de compressibilidade de uma amostra indeformada, poderia-se estimar a
inclinação de seu trecho de recompressão (Cr) considerando-o igual ao índice de
descompressão (Ce).
Como será exposto no item seguinte, as curvas de descompressão não parecem
ser alteradas significativamente pela perturbação da amostra, ou seja, o Ce da amostra
indeformada é aproximadamente igual ao Ce da amostra amolgada. Desta forma, seria
possível estimar o Cr da amostra indeformada a partir Ce da amostra amolgada.

2.4.2.2 Efeitos da perturbação da amostra em suas caracteríticas de


compressibilidade e padrões observados
Para o desenvolvimento deste assunto são apresentadas as curvas de compressão
edométrica de ensaios realizados em amostras com diferentes graus de perturbação.
Estes resultados são mostrados na figura 2.9.

15
Figura 2.9 Comparação entre curvas de compressibilidade obtidas de ensaios realizados com amostras “indeformadas” e com diferentes graus de
amolgamento (Schmertmann, 1955).

16
Além dos efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica citados
no item 2.3.3, os padrões dos resultados apresentados na figura 2.9 permitiram a
Schmertmann realizar algumas observações adicionais. Nos itens a, b e c a seguir, são
apresentadas estas observações e a maneira como estes padrões podem ajudar na
estimativa da curva de compressibilidade “indeformada”.

a) Curva de descompressão
Pode-se observar nos ensaios da figura 2.9 que a inclinação da curva de
descompressão não é alterada significativamente pela perturbação da amostra.
Esta observação em conjunto do padrão exposto no item anterior (paralelismo
entre os trechos de recompressão e de descompressão ao final do ensaio edométrico de
uma amostra indeformada), possibilita estimar o Cr da amostra indeformada assumindo
que o mesmo é igual ao Ce da amostra amolgada.
Desta forma, estimando-se também o índice de vazios e a tensão vertical efetiva
de campo (ponto E), pode-se estimar a posição do trecho de recompressão
“indeformado”, conforme apresentado na figura 2.10.
σ'v0, e0

E 1
Cr

trecho de recompressão
índice de vazios, e

"indeformado" estimado

trecho de
descompressão
"amolgado"

1
Ce,amolg

tensão vertical efetiva, σ' v (log)

Figura 2.10 Estimativa do trecho de recompressão “indeformado”.

17
b) Ponto de interseção das retas iniciais de compressão virgem
O termo “reta inicial de compressão virgem” é definido no artigo como a linha
reta desenhada passando pelos dois pontos de ensaio que se situam no princípio do
trecho de compressão virgem do diagrama “e x σ’v(log)”. Observou-se que a extensão
das retas iniciais de compressão virgem de ensaios de compressão edométrica em
amostras com variados graus de perturbação interceptam-se em uma estreita faixa de
valores de índice de vazios.
Com base nos dados de ensaio apresentados na figura 2.9 e em outros similares,
Schmertmann propõe que, para a maioria das argilas, uma boa estimativa do ponto de
interseção das retas iniciais de compressão virgem seria no valor de índice de vazios de
42% de e0. Convencionou-se chamar este ponto de i.
Desta maneira ficaria estabelecido um ponto característico comum às curvas de
compressão edométrica “amolgada” e “indeformada”. Ou seja, com o resultado de um
ensaio edométrico de uma amostra amolgada e seu índice de vazios inicial (que não
deve diferir significativamente do da amostra indeformada), é possível determinar o
ponto i pelo qual a reta inicial de compressão virgem “indeformada” deve passar,
conforme esquematizado na figura 2.11.
σ'v0, e0

possíveis pontos de
pré-adensamento, P

e0
E trecho de recompressão
"indeformado" estimado
índice de vazios, e

reta inicial de possíveis retas iniciais


compressão virgem de compressão virgem
"amolgada" "indeformadas"

0,42e0 i

tensão vertical efetiva, σ' v (log)

Figura 2.11 Ponto de interseção das retas iniciais de compressão virgem.

18
Na figura 2.11 observa-se que, caso fosse possível conhecer a tensão de pré-
adensamento da amostra ideformada, assumindo as outras duas hipóteses apresentadas
até agora (Ce,amolg = Cr e existência do ponto i), seria possível estimar a parte superior do
trecho de compressão virgem “indeformado”.
A determinação da tensão de pré-adensamento é um dos pontos críticos para
utilização do método proposto por Schmertmann. Infelizmente, como já foi comentado
no item relativo aos efeitos do amolgamento na curva edométrica, a determinação da
tensão de pré-adensamento fica bastante prejudicada pela perturbação da amostra. A
aplicação do método gráfico de Casagrande torna-se difícil e, geralmente, leva à
determinação de tensões de pré-adensamento inferiores à real.
Diante disso Schmertmann propõe um método de estimativa da tensão de pré-
adensamento a partir de um ensaio edométrico em amostra amolgada utilizando o
chamado “padrão de redução do índice de vazios” por ele observado, que é apresentado
a seguir.

c) Padrão de redução do índice de vazios


Para cada conjunto de ensaios de compressão edométrica comparativos de um
mesmo solo apresentados na figura 2.9 foi plotado um “padrão de redução do índice de
vazios”. Este termo é utilizado para descrever a curva que exibe a diferença entre o
índice vazios da amostra indeformada em relação ao índice de vazios da amostra
amolgada para os diferentes valores de tensão vertical efetiva. Os padrões de redução do
índice de vazios começam com um pequeno valor a baixas tensões até atingir um valor
máximo na tensão de pré-adensameto ou próximo à ela, e depois decrescem ao longo do
trecho de compressão virgem, apresentando um formato simétrico em relação à tensão
de pré-adensamento.
Schmertmann sugere que os padrões de redução do índice de vazios podem ser
utilizados na determinação de σ’vm através da escolha de vários valores de tensão de
pré-adensamento possíveis, construindo o diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”
estimado para cada valor arbitrado. A tensão de pré-adensamento seria o maior valor
arbitrado que fornecesse um padrão de redução do índice de vazios simétrico em relação
ao mesmo.

19
Estas foram as evidências utilizadas por Schmertman para justificar o método
por ele proposto para estimar a curva edométrica “indeformada” a partir da curva
“amolgada”.
No item a seguir todo esse desenvolvimento é resumido num procedimento para
aplicação do método.

2.4.3 Procedimento para estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”


O procedimento para a estimativa da curva de compressão edométrica
“indeformada” deve ser acompanhado pela figura 2.12.

Figura 2.12 Estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” (Schmertmann,


1955).

20
1. Plota-se o ponto E, que representa a tensão vertical efetiva e o índice de
vazios existentes no campo na posição de amostragem. A tensão vertical efetiva é
geralmente a tensão geostática calculada. Se a expansão da amostra for impedida
durante o armazenamento, o índice de vazios de campo é igual ao índice de vazios
saturado inicial (e0) do corpo de prova do ensaio de compressão edométrica.

2. Como o ponto E representa as condições iniciais de compressão em campo,


uma perfeita transferência de tensões do campo para o amostrador, e do amostrador para
o equipamento de compressão edométrica deve resultar em um início de ensaio com
uma linha de e0 constante até o ponto E.

3. Depois se arbitra um valor para σ’vm. No valor de tensão de pré-adensamento


escolhido traça-se uma linha de tensão constante, x–x.

4. A reta que liga os pontos incial e final da curva de recompressão é desenhada


paralelamente à curva de descompressão “amolgada”, começando no ponto E e
prosseguindo até interceptar a linha x–x no ponto de pré-adensamento P.

5. A reta inicial de compressão virgem “amolgada” é prolongada até atingir o


valor de índice de vazios igual a 42% de e0, no ponto i. Em seguida traça-se a linha i–P;
esta linha representa a posição e a inclinação do trecho superior da curva de compressão
virgem “indeformada” estimada.

6. Estima-se uma curva de recompressão correspondente à linha de


recompressão E–P. Esta curva provavelmente se une à reta de compressão virgem
inicial “indeformada” estimada de tal forma que a construção gráfica no ponto de menor
raio de curvatura irá recair no ponto de pré-adensamento P.

Observação: Neste trabalho a etapa 6 não foi seguida pois, frente às incertezas
do método, julgou-se não haver acurácia o suficente que exigisse a precisão de suavizar
a curva no ponto de pré-adensamento. Os três trechos foram aproximados por
segmentos de reta.

21
A linha tracejada grossa na figura 2.12 representa a construção do diagrama
“e x σ’v(log)” “indeformado” para determinada tensão de pré-adensamento arbitrada.

7. Constrói-se o “padrão de redução do índice de vazios” correspondente à


tensão de pré-adensamento arbitrada.

O procedimento é repetido da etapa 3 à 7 para diferentes valores de σ’vm. O


diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” estimado é o correspondente ao maior valor de
σ’vm arbitrado que conduz na etapa 7 a um padrão de redução de índice de vazios
simétrico em relação à tensão de pré-adensamento.

Na figura 2.13 é apresentado um exemplo da aplicação deste procedimento.

Figura 2.13 Exemplo de aplicação do procedimento de estimativa do diagrama


“e x σ’v(log)” “indeformado” (Schmertmann, 1955).

22
2.4.4 Observações sobre o método
O método de estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” proposto por
Schmertmann está baseado em uma série de hipóteses que foram formuladas a partir da
experiência de trabalho do autor. Estas hipóteses são listadas abaixo:

1. O índice de descompressão não é afetado pela perturbação da amostra


(Ce = Ce,amolg),
2. O índice de recompressão é igual ao índice de descompressão obtido do
descarregamento ao final do ensaio de compressão edométrica (Cr = Ce),

3. As retas que ligam os dois primeiros pontos de ensaio do trecho de

compressão virgem (reta inicial de compressão virgem) de amostras de uma mesma

argila com qualquer grau de perturbação se interceptam num índice de vazios igual 42%

de e0.

4. Curvas de compressibilidade de amostras com variados graus de perturbação

apresentam um “padrão de redução do índice de vazios” aproximadamente simétrico em

relação à tensão de pré-adensamento da amostra indeformada.

Após a discussão do artigo realizada por Crisp (1955), Schmertmann propõe

mudanças que substituem o item 2 anterior, pelos seguintes:


2a. Para um ciclo de descarregamento e recarregamento C r = 1,15 × Ce ,
2b. Para determinado solo o índice de descompressão a diferentes índices de
C e ,1 ee , 2 + 1
vazios no início da descompressão obedece à relação log = 2,5 × log
Ce, 2 ee ,1 + 1

Caso todas as hipóteses listadas acima sejam válidas para determinado solo ao
qual se deseja aplicar o método, o mesmo levará a resultados corretos. Caso haja
discordância entre os resultados estimados e os verdadeiros, esta diferença se deve ao
não atendimento a uma ou mais, em maior ou menor grau, das hipóteses expostas acima
assumidas por Schmertmann.

23
2.5 Estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada (Ccremold) a partir
de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G)
Atkinson e Bransby (1978) propõem uma forma de estimar o índice de
compressão de uma argila remoldada (Cc,remold) a partir de seus valores de índice de
plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G). Esta proposta é baseada em dados
experimentais apresentados por Skempton e Northey (1953).
Na intepretação de Atkinson e Bransby (1978), os ensaios para determinação dos
limites de Atterberg consistem basicamente em se ajustar o teor de umidade, e
consequentemente o índice de vazios, a um valor no qual o solo remoldado apresente
uma resistência ao cisalhamento não-drenada (su) fixa, definda pelas condições
específicas de cada ensaio.
No caso do ensaio de determinação do limite de liquidez (LL), o valor fixo de
resistência não drenada (su,LL) seria aquele correspondente à ruptura de um pequeno
talude de solo remoldado por uma superfície como a AB (figura 2.14) quando a concha
é deixada cair 25 vezes de 1cm de altura sobre uma base de borracha.

Figura 2.14 Interpretação do ensaio determinação do limite de liquidez (LL) por


Atkinson e Bransby (1978).

No ensaio de determinação do limite de plasticidade (LP), o valor fixo de


resistência não-drenada (su,LP) seria aquele correpondente à ruptura do solo por tração,
devido às poropressões negativas desenvolvidas pela água em seus vazios, resultando na
formação de fissuras na superfície do cilindro de solo ensaiado.
De acordo com esta interpretação, qualquer solo remoldado com um teor de
umidade igual ao seu limite de liquidez (LL) deveria apresentar a mesma resistência

24
não-drenada su,LL. Analogamente, qualquer solo remoldado com teor de umidade igual
ao LP deveria apresentar a mesma resistência não-drenada su,LP.
Skempton e Northey (1953) apresentam os resultados de um estudo no qual
algumas argilas remoldadas com diferentes teores de umidade foram ensaiadas para
determinação de sua resistência ao cisalhamento não-drenada. Na figura 2.15 é
reproduzido o resultado destes experimentos, onde é plotada a resistência não drenada
(su) da argila remoldada contra o índice de liquidez (IL) correspondente. O índice de
liquidez é definido pela expressão

w − LP w − LP
IL = = (2.3)
LL − LP IP

onde:
w = teor de umidade,
LP = limite de plasticidade,
LL = limite de liquidez,
IP = índice de plasticidade.

Desta forma, uma argila com teor de umidade igual ao seu limite de liquidez
(LL) tem valor de IL igual a 1, enquanto se a mesma estiver em uma umidade igual ao
seu índice de plasticidade (IP), possuirá IL igual a 0.

25
Figura 2.15 Relação entre índice de liquidez (IL) e resistência ao cisalhamento não-
drenada (su) de argilas remoldadas (Skempton e Northey, 1953).

Na figura 2.15 observa-se que, tanto no limite de liquidez quanto no limite de


plasticidade, as argilas apresentam valores de resistência não-drenada semelhantes.
Além disso, a argila remoldada com teor de umidade igual ao seu limite de liquidez tem
uma resistência não drenada (su,LL) cerca de cem vezes inferior à que a mesma apresenta
quando encontra-se com a umidade igual ao seu limite de plasticidade (su,LP). Esta
observação leva à expressão aproximada

su , LP = 100 ⋅ su , LL (2.4)

26
Assumindo que a argila encontra-se saturada, o teor de umidade (w) que a
amostra apresenta está relacionado diretamente ao seu índice de vazios (e) pela
expressão

e =G⋅w (2.5)

onde G é a densidade dos grãos do solo.

Com isso, no gráfico apresentado na figura 2.15, ao invés de se ter o índice de


liquidez (IL) no eixo das ordenadas, poderia se utilizar o índice de vazios
correspondente, que é dado pela expressão abaixo, obtida substituindo o w da equação

2.3 pela razão e dada pela equação 2.5


G

e = G ⋅ LP + G ⋅ IP ⋅ IL (2.6)

Como para uma mesma argila os termos (G . LP) e (G . IP) são constantes,
reescreve-se

e = cte1 + cte2 ⋅ IL (2.7)

Portanto, como o índice de vazios (e) e o índice de liquidez (IL) guardam entre si
uma relação linear (equação 2.7), cada curva “su (log) x IL” referente a uma argila,
como apresentado na figura 2.15, mantém o mesmo formato que a respectiva curva
“su (log) x e”, desde que se utilize a escala adequada. Na figura 2.16, são apresentadas
as curvas “su (log) x e” referentes às curvas “su (log) x IL” apresentadas por Skempton e
Northey (1953) na figura 2.15, assumindo-se uma densidade dos grãos (G) igual a 2,60
para as 4 amostras.

27
3,5 Shellhaven

3,0 London

su,LL=0,1
su,LL=0,1
2,5 eLL=2,52
índice de vazios (e)

eLL=2,08
2,0
eLL=1,89

su,LL=0,2
1,5

su,LP=12,5
Horten Gosport

su,LP=17,4
1,0
eLP=0,84
eLL=0,78
eLP=0,65
su,LL=0,2

0,5
eLP=0,42

su,LP=18,6
0,0
,01 ,02 ,05 ,1 ,2 ,5 1 2 5 10 20 50 100

resistência ao cisalhamento não-drenada, su (lb/pol²)

Figura 2.16 Representação dos resultados da figura 2.15 em termos de “su (log) x e”
admitindo G = 2,60.

su
Sabe-se também que, para uma mesma argila, a razão
σ 'v é aproximadamente
constante, podendo-se realizar o seguinte desenvolvimento

su
= cte ∴ σ ' v = cte × su ∴
σ 'v

log σ ' v = log cte + log su ∴

log σ ' v = cte + log s u

Desta maneira, se no gráfico da figura 2.16 forem plotados os valores de tensão


vertical efetiva (σ’v) correspondentes aos valores da resistência não-drenada (su) obtidos
para os diferentes valores de índice de vazios (e=G.w), serão obtidas curvas paralelas às

28
apresentadas, conforme o esquema da figura 2.17, onde uma curva “su (log) x e”
hipotética foi aproximada por uma reta (linha tracejada) e a curva “σ’v (log) x e”
correspondente é representada por uma reta paralela (linha contínua).

v u

su,LL su,LP

log su,LP -
log su,LL= 2

Curva de compressibilidade
"remoldada" estimada

eLL=G.w LL Limite de Liquidez


índice de vazios (e)

G.(w LL-w LP)


= Cc,remold = G.IP
G.IP
2

Aproximação da
curva "su x e"

eLP=G.w LP Limite de Plasticidade

Figura 2.17 Estimativa da curva de compressibilidade “remoldada” e do respectivo


índice de compressão (Cc,remold).

A curva “σ’v (log) x e” obtida pode ser encarada como uma estimativa da curva
de compressibilidade oriunda de um ensaio de compressão edométrica realizado com
um corpo de prova de argila remoldada. Desta forma, pode-se estimar o índice de
compressão da argila remoldada (Cc,remold) pela inclinação da curva obtida, que é dada
pela expressão

Δe G × IP G × IP
C c ,remold = = = (2.8)
Δ log σ ' v log su , LP − log s u , LL ⎛ su , LP ⎞
log⎜⎜ ⎟

⎝ s u , LL ⎠

29
Lançando-se mão da razão aproximada entre os valores de resistência não
drenada da argila no limite de plasticidade (su,LP) e no limite de liquidez (su,LL) igual a
100 (equação 2.4) e substituindo na equação 2.8, obtém-se

G × IP
Cc ,remold = (2.9)
2

Com a equação 2.9 é possível estimar o Cc,remold de uma argila a partir de seus
valores de densidade dos grãos (G) e índice de plasticidade (IP), que são dois
parâmetros obtidos de ensaios de caracterização largamente efetuados.
Como foi visto no item 2.3.3 deste trabalho, quanto maior o grau de
amolgamento da amostra, menor o índice de compressão (Cc) obtido. Uma amostra de
argila remoldada encontra-se no estado mais amolgado que a mesma pode atingir. Desta
forma, o Cc,remold é um limite inferior para o índice de compressão da argila, possuindo
importância prática no sentido de auxiliar na avaliação da qualidade da amostra e no
balizamento dos resultados obtidos.

2.6 Propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade


natural (w) de argilas moles indeformadas
A seguir são apresentadas duas propostas de correlação entre o índice de
compressão (Cc) de uma argila mole e o seu teor de umidade natural (w).
Na figura 2.18 é reproduzida a plotagem “Cc x w” apresentada por
Almeida et al. (2008) correspondente a sete argilas da cidade do Rio de Janeiro e
adjacências.

30
Figura 2.18 Correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade (w) de
argilas moles da cidade do Rio Janeiro e adjacências (Almeida et al., 2008).

A correlação linear encontrada por Almeida et al. (2008) a partir dos dados
apresentados na figura 2.18 foi

Cc = 1,3 ⋅ w (2.10)

Martins et al. (2009) na discussão do artigo de Almeida et al. (2008) deduzem a


equação 2.11 reproduzida abaixo, na qual Cc e w podem ser relacionados.

⊄c
Cc ≅ (1 + G ⋅ w − C r ⋅ log OCR ) (2.11)
0,434
onde:
⊄ c = inclinação do trecho virgem da curva de compressibilidade plotada em temos de

“(1+e) (log) x σ’v (log)” e


σ 'vm
OCR = razão de pré-adensamento = .
σ 'v

31
Das sete argilas apresentadas por Almeida et al. (2008), as de Juturnaíba,
Sarapuí e Uruguaiana tiveram o valor de ⊄ c determinado pelos autores da discussão.

Para estas argilas foram encontrados os seguintes valores médios: ⊄ c =0,21, G ≅ 2,57,

Cc
Cr ≅ e OCR ≅ 1,7 .
8
A substituição destes valores médios na equação 2.11 leva a

Cc = 0,48 + 1,23 ⋅ w (2.12)

que é similar à equação 2.10 apresentada por Almeida et al. (2008).

Na figura 2.19 as duas propostas de correlação são apresentadas no gráfico “Cc x w”.

Almeida et al. (2008)


7
Martins et al. (2008)

6
índice de conpressão, Cc

4
Cc = 0,48 + 1,23.w
Cc = 1,3.w
3

0
0 100 200 300 400 500
teor de umidade natural da amostra, w (%)

Figura 2.19 Comparação entre as propostas de correlação entre Cc e w apresentadas por


Almeida et al.(2008) e Martins et al.(2009).

Pelas próprias equações das duas propostas, observa-se que a diferença relativa
entre as elas é mais acentuada para teores de umidade baixos, diminuindo com o
aumento da umidade.

32
3 ENSAIOS ESTUDADOS

3.1 Considerações iniciais


Neste trabalho foram estudados os ensaios de compressão edométrica realizados
com amostras das argilas de Santos/SP e do Sarapuí/RJ. Estes ensaios foram escolhidos
porque os mesmos apresentaram boa qualidade (os corpos de prova sofreram pouco
amolgamento) além de terem sido realizados ensaios de compressão edométrica com
corpos de prova remoldados (completamente amolgado) destas mesmas amostras.
Estas duas características destes conjuntos de ensaios permitiram a avaliação das
três propostas apresentadas no item 1.2 deste trabalho.
Os ensaios de compressão edométrica e os ensaios de caracterização realizados
com a argila de Santos/SP e estudados neste trabalho foram executados por Aguiar
(2008) e por Andrade (2009), enquanto os ensaios realizados com a argila do
Sarapuí/RJ foram executados por Coutinho (1976).

33
3.2 Ensaios realizados com a argila de Santos/SP

3.2.1 Extração das amostras


As amostras indeformadas utilizadas nos trabalhos de Aguiar (2008) e de
Andrade (2009) foram extraídas do mesmo furo de amostragem na área do aterro piloto
do Novo Terminal Portuário da Embraport. Este terminal localiza-se nas proximidades
da Ilha Barnabé, no canal do Porto de Santos, no litoral do estado de São Paulo.
Na figura 3.1 é apresentada a localização do aterro piloto no canal do Porto de
Santos.

Figura 3.1 Vista aérea da região de onde foram retiradas as amostras indeformadas
(Aguiar, 2008).

34
Na figura 3.2 é apresentada a localização das amostras indeformadas no furo de
amostragem projetadas sobre o perfil do subsolo obtido de uma sondagem a percussão
executada junto ao furo de amostragem.

SPM203
0.87
N
VÃO DA BALSA 0.45
0 21.60
22 2/32
1
LÂMINA D'ÁGUA ARGILA ARENOSA (AREIA FINA), CINZA, MUITO MOLE
1.92
23 2/35
2 24.00
ARGILA MUITO SILTOSA, COM AREIA FINA, 24 2
CINZA ESCURO, MUITO MOLE 0/153
3
3.50 AREIA FINA, MUITO ARGILOSA, CINZA ESCURO, FOFA
6
25 2/35
4
SRA204(12) 23,45 a 24,05m 12 26.00
5 ARGILA SILTOSA, COM AREIA FINA,
26 2
AREIA FINA, MUITO SILTOSA, CINZA, POUCO COMPACTA 5 CINZA ESCURO, MUITO MOLE 27.00
3
27 2/27
FOFA 6

6.83 3
28 2/28
MOLE

SRA203(1) 5,10 a 5,70m 1


7

0/49
29 2/31
SRA203(2) 6,00 a 6,60m 2 8
ARGILA MUITO ARENOSA (AREIA FINA), MOLE
1/17
30 3/28
ARGILA SILTOSA, CINZA ESCURO, MUITO MOLE
COM AREIA FINA, SRA203(3) 7,00 a 7,60m 3 9

CINZA, MUITO MOLE 1/20


31 2
SRA203(4) 8,00 a 8,60m 4 10

2
32 2
SRA203(5) 9,00 a 9,60m 5 11

MOLE
33 4
12.00

SRA203(6) 10,00 a 10,60m 6 12 2 33.65


34 3/32
SRA203(7) 11,00 a 11,60m 7 13 2
35 3/27
SRA203(8) 12,00 a 12,60m 8 14 2/31
36 3/32
ARGILA POUCO SILTOSA, CINZA 15 2
ESCURO, MUITO MOLE ARGILA POUCO SILTOSA, CINZA ESCURO, MOLE 37 4
SRA203(9) 14,00 a 14,60m 9 16 3
4
MOLE

38

17 4
39 6

10
MÉDIA
SRA203(10) 16,00 a 16,60m 18 2/28
RIJA 40 18
19 2/25 40.55
41 17
AREIA MÉDIA, POUCO ARGILOSA, CINZA,
SRA203(11) 18,00 a 18,60m 11 20 2/29 MEDIANAMENTE COMPACTA 42 20/2
21 2/31 MUITO COMPACTA
21.60 43
43.22
Impenetrável à lavagem

Figura 3.2 Localização das amostras indeformadas extraídas no boletim de sondagem a


percussão executada junto ao furo de amostragem (Aguiar, 2008).

As amostras foram extraídas seguindo as recomendações da norma


ABNT NBR-9820/1997 - “Coleta de amostras indeformadas de solos de baixa
consistência em furos de sondagens”, além de exigências complementares descritas no
trabalho de Aguiar (2008).
Nas figuras 3.3a e 3.3b são apresentadas as localizações de cada corpo de prova
de ensaio edométrico no respectivo tubo amostrador.

35
SRA 203(1) SRA 203(2)

Prof. = 5,100m Prof. = 6,000m

CP2C e CP2D Prof. = 6,400m


Prof. = 5,550m
CP1A, CP1B Prof. = 6,475m
CP2A e CP2B
CP1C e CP1D
Prof. = 5,650m Prof. = 6,550m
Prof. = 5,700m Prof. = 6,600m
Material Material
descartado e = 5cm descartado e = 5cm

SRA 203(3) SRA 203(4)

Prof. = 7,000m Prof. = 8,000m

CP3G
Prof. = 7,100m
CP3E Prof. = 7,130m
CP3F Prof. = 7,160m
CP3H Prof. = 7,190m CP4G
Prof. = 8,200m
Prof. = 7,245m CP4E Prof. = 8,240m
CP3A e CP3C
CP4F Prof. = 8,280m
Prof. = 7,320m CP4H Prof. = 8,320m
CP3B e CP3D
Prof. = 7,395m CP4A e CP4C Prof. = 8,380m

Prof. = 8,455m
CP4B e CP4D
Prof. = 8,530m

Prof. = 7,600m Prof. = 8,600m


Material Material
descartado e = 20,5cm descartado e = 7cm

SRA 203(5) SRA 203(6)

Prof. = 9,000m Prof. = 10,000m

CP6G
CP5G CP6E
Prof. = 9,170m
CP5E Prof. = 9,200m CP6F
Prof. = 10,220m
CP5F Prof. = 9,240m Prof. = 10,250m
CP5H Prof. = 9,280m Material Prof. = 10,280m
descartado e = 5cm Prof. = 10,310m
CP5A Prof. = 9,335m
CPH Prof. = 10,360m
CP5B e CP5C Prof. = 9,385m
Prof. = 10,425m
Prof. = 9,450m CP6B,CP6C e CP6D
CP5D
CP6A Prof. = 10,500m
Prof. = 9,525m
Prof. = 10,550m
Prof. = 9,600m Prof. = 10,600m
Material Material
descartado e = 7,5cm descartado e = 5cm

Figura 3.3a Posição dos corpos de prova nos tubos amostradores – amostras
SRA-203(1) a SRA-203(6) (Andrade, 2009).

36
SRA 203(7) SRA 203(8)

Prof. = 11,000m Prof. = 12,000m

CP7G
Material Prof. = 11,140m
CP8E
descartado e = 4cm Prof. = 11,180m
CP8C
CP7E Prof. = 11,220m
CP8D Prof. = 12,240m
CP7F Prof. = 11,260m Prof. = 12,270m
CP8F
CP7H Prof. = 11,300m Prof. = 12,300m
CP7B Material Prof. = 12,330m
Prof. = 11,360m descartado e = 4cm Prof. = 12,360m
CP7A Prof. = 11,390m CP8B Prof. = 12,400m
Prof. = 11,420m
CP7C e CP7D Prof. = 12,450m
CP8A
Prof. = 11,490m Prof. = 12,500m

Prof. = 11,600m Prof. = 12,600m


Material Material
descartado e = 11cm descartado e = 10cm

SRA 203(9) SRA 203(10)

Prof. = 14,000m Prof. = 16,000m

CP10E
CP10C
CP9E Material
CP9C descartado e = 3cm
Prof. = 14,290m Prof. = 16,290m
CP9D Prof. = 14,320m CP10D Prof. = 16,325m
CP9F Prof. = 14,350m CP10F Prof. = 16,360m
Prof. = 14,380m Prof. = 16,390m
CP9A Prof. = 14,400m Prof. = 16,420m
CP9B Prof. = 14,450m CP10B Prof. = 16,450m
Prof. = 14,500m CP10A Prof. = 16,500m
Prof. = 16,550m
Prof. = 14,600m Prof. = 16,600m
Material Material
descartado e = 10cm descartado e = 5cm

SRA 203(11) SRA 203(12)

Prof. = 18,000m Prof. = 23,450m

CP12A Prof. = 23,850m


CP11A Prof. = 18,450m CP12B Prof. = 23,900m
CP11B Prof. = 18,500m Prof. = 23,950m
Prof. = 18,550m
Prof. = 18,600m Prof. = 24,050m
Material Material
descartado e = 5cm descartado e = 10cm

Figura 3.3b Posição dos corpos de prova nos tubos amostradores – amostras
SRA-203(7) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).

37
3.2.2 Ensaios de caracterização
Os ensaios de caracterização foram realizados seguindo as respectivas normas da
ABNT com o solo restante da moldagem dos corpos de prova dos ensaios de
compressão edométrica.
Nas tabelas 3.1a a 3.1c, reproduzidas do trabalho de Andrade (2009), são
apresentados os valores dos parâmetros de caracterização dos corpos de prova dos
ensaios de compressão edométrica.
Na figura 3.4, também reproduzida de Andrade (2009), são apresentados os
perfis destes parâmetros de caracterização.

38
Tabela 3.1a Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(01) a SRA-203(04) (Andrade, 2009).
Peso Limites de
Índice Granulometria
Grau especí- Atterberg Teor de
Profundidade Densi- de
Corpo de Umidade, de satu- fico % matéria
Amostra do corpo de dade dos vazios % %
prova w (%) ração, S natural, LL LP IP de orgâ-
prova (m) grãos, G inicial, de de
(%) γ (%) (%) (%) argi- nica (%)
e0 areia silte
(kN/m³) la
CP1A* 5,55 - 5,65 48,5 99 1,30 17,1
CP1B* 5,55 - 5,65 50,8 99 1,35 16,9
SRA-203(1) 2,64 51 21 31 42 38 20 2,4
CP1C* 5,55 - 5,65 51,3 99 1,37 16,8
CP1D* 5,55 - 5,65 51,3 94 1,44 16,3
CP2A* 6,48 - 6,55 39,2 93 1,11 17,5
CP2B* 6,48 - 6,55 40,0 95 1,11 17,5
SRA-203(2) 2,65 34 13 21 69 19 12 0,7
CP2C* 6,40 - 6,48 36,3 90 1,07 17,4
CP2D* 6,40 - 6,48 36,6 97 1,00 18,1
CP3A* 7,25 - 7,32 57,1 97 1,55 16,3
CP3B* 7,32 - 7,40 65,1 100 1,69 16,2
2,64 71 26 45 44 25 31
CP3C* 7,25 - 7,32 59,5 100 1,52 16,7
CP3D* 7,32 - 7,40 66,5 96 1,83 15,6
SRA-203(3) 2,8
CP3E 7,13 - 7,16 54,6 97 1,49 16,5
CP3F 7,16 - 7,19 54,8 98 1,47 16,6
2,63 60 15 45 50 23 27
CP3G 7,10 - 7,13 53,9 100 1,42 16,8
CP3H 7,19 - 7,25 51,4 95 1,44 16,5
CP4A* 8,38 - 8,46 85,8 100 2,24 14,9
CP4B* 8,46 - 8,53 87,7 100 2,26 15,0
2,60 104 35 69 13 34 53
CP4C* 8,38 - 8,46 83,3 100 2,17 15,0
CP4D* 8,46 - 8,53 86,6 97 2,31 14,6
SRA-203(4) 5,5
CP4E 8,24 - 8,28 85,5 99 2,25 14,9
CP4F 8,28 - 8,32 83,1 100 2,17 15,0
2,60 108 38 70 16 37 47
CP4G 8,20 - 8,24 82,6 100 2,12 15,3
CP4H 8,32 - 8,38 86,2 100 2,19 15,2
* Os ensaios neste corpo de prova foram realizados por Aguiar (2008).

39
Tabela 3.1b Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(05) a SRA-203(07) (Andrade, 2009).
Peso Limites de
Índice Granulometria
Grau especí- Atterberg Teor de
Profundidade Densi- de
Corpo de Umidade, de satu- fico % matéria
Amostra do corpo de dade dos vazios % %
prova w (%) ração, S natural, LL LP IP de orgâ-
prova (m) grãos, G inicial, de de
(%) γ (%) (%) (%) argi- nica (%)
e0 areia silte
(kN/m³) la
CP5A* 9,34 - 9,39 77,7 100 1,97 15,7
CP5B* 9,39 - 9,45 78,6 100 2,02 15,5
2,62 110 33 77 15 36 49
CP5C* 9,39 - 9,45 80,2 98 2,14 15,0
CP5D* 9,45 - 9,53 - - - -
SRA-203(5) 4,0
CP5E 9,20 - 9,24 82,8 97 2,26 14,9
CP5F 9,24 - 9,28 82,2 100 2,18 15,2
2,65 113 32 81 18 33 49
CP5G 9,17 - 9,20 84,9 100 2,25 15,1
CP5H 9,28 - 9,34 81,0 100 2,14 15,3
CP6A* 10,50 - 10,55 100,1 100 2,53 14,3
CP6B* 10,43 - 10,50 101,5 100 2,57 14,3
2,53
CP6C* 10,43 - 10,50 105,9 100 2,60 14,5
CP6D* 10,43 - 10,50 100,7 99 2,58 14,2
SRA-203(6) 128 46 82 3 38 59 5,7
CP6E 10,25 - 10,28 95,6 100 2,43 14,5
CP6F 10,28 - 10,31 97,9 100 2,40 14,7
2,53
CP6G 10,22 - 10,25 93,0 100 2,34 14,7
CP6H 10,36 - 10,43 98,0 100 2,41 14,7
CP7A 11,39 - 11,42 90,6 98 2,35 14,5
CP7B 11,36 - 11,39 95,8 100 2,43 14,5
2,55 117 37 80 8 39 53
CP7C 11,42 - 11,49 84,1 97 2,21 14,6
CP7D 11,42 - 11,49 84,2 98 2,18 14,8
SRA-203(7) 5,7
CP7E 11,22 - 11,26 100,0 100 2,53 14,4
CP7F 11,26 - 11,30 95,7 100 2,42 14,6
2,55 119 39 80 2 40 58
CP7G 11,14 - 11,18 96,5 100 2,41 14,6
CP7H 11,30 - 11,36 99,6 100 2,49 14,6
* Os ensaios neste corpo de prova foram realizados por Aguiar (2008).

40
Tabela 3.1c Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(08) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).
Peso Limites de
Índice Granulometria
Grau especí- Atterberg Teor de
Profundidade Densi- de
Corpo de Umidade, de satu- fico % matéria
Amostra do corpo de dade dos vazios % %
prova w (%) ração, S natural, LL LP IP de orgâ-
prova (m) grãos, G inicial, de de
(%) γ (%) (%) (%) argi- nica (%)
e0 areia silte
(kN/m³) la
CP8A 12,45 - 12,50 83,5 97 2,22 14,8
2,62
CP8B 12,40 - 12,45 84,1 102 2,14 15,2
CP8C 12,27 - 12,30 79,5 96 2,18 14,8
SRA-203(8) 103 32 71 18 38 44 5,8
CP8D 12,30 - 12,33 82,7 99 2,19 15,0
2,59
CP8E 12,24 - 12,27 81,2 99 2,15 15,1
CP8F 12,33 - 12,36 83,4 100 2,19 15,1
CP9A 14,40 - 14,45 74,4 100 1,90 15,5
2,58
CP9B 14,45 - 14,50 77,2 100 1,93 15,6
CP9C 14,32 - 14,35 76,8 97 2,09 15,1
SRA-203(9) 109 35 74 15 35 50 4,8
CP9D 14,35 - 14,38 75,5 100 1,98 15,5
2,63
CP9E 14,29 - 14,32 75,8 100 1,99 15,5
CP9F 14,38 - 14,40 74,9 100 1,96 15,6
CP10A 16,50 - 16,55 70,4 98 1,87 15,5
2,60
CP10B 16,45 - 16,50 74,7 100 1,93 15,5
CP10C 16,33 - 16,36 79,8 99 2,13 15,2
SRA-203(10) 96 29 67 21 34 45 5,0
CP10D 16,39 - 16,42 75,1 100 1,98 15,5
2,64
CP10E 16,29 - 16,33 74,6 100 1,97 15,5
CP10F 16,42 - 16,45 72,7 100 1,91 15,7
CP11A 18,45 - 18,50 36,4 98 0,98 18,1
SRA-203(11) 2,63 36 14 22 74 11 15 1,4
CP11B 18,50 - 18,55 36,7 100 0,96 18,4
CP12A 23,85 - 23,90 27,2 99 0,73 19,6
SRA-203(12) 2,66 32 12 20 78 10 12 1,7
CP12B 23,90 - 23,95 26,0 99 0,70 19,7

41
0.87 m (cota) SPM-203
N
0
VÃO DA BALSA 0.45

1
LÂMINA D'ÁGUA
PERFIS DOS PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO
1.92
0
2
ARGILA MUITO SILTOSA, COM
AREIA FINA, CINZA ESCURO, 0/153
MUITO MOLE 3
3.50 UMIDADE NATURAL (W),
6 LIMITE DE LIQUIDEZ (LL),
PESO ESPECÍFICO
LIMITE DE PLASTICIDADE (LP) TEOR DE MATÉRIA
4
GRANULOMETRIA
E ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) DENSIDADE DOS NATURAL ( γ) ÍNDICE DE VAZIOS GRAU DE SATURAÇÃO (S) ORGÂNICA
AREIA FINA, MUITO SILTOSA, 5 (%) (%) GRÃOS (G ) (kN/m³) INICIAL (e0 ) (%) (%)
CINZA, POUCO COMPACTA 5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 2,4 2,6 2,8 14 15 16 17 18 19 20 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 2,8 90 92 94 96 98 100 102 0 1 2 3 4 5 6
3
6
6.83 3
5 5 5 5 5 5 5 5
SRA203(1) 7
5,10 a 5,70m
1
0/49
SRA203(2)
6,00 a 6,60m 2 8
Profundidade (m)

1/17
ARGILA SILTOSA, SRA203(3)
COM AREIA FINA, 7,00 a 7,60m
3 9

CINZA, MUITO MOLE 1/20


SRA203(4)
8,00 a 8,60m 4 10

2
SRA203(5)
9,00 a 9,60m
5 11

10 12.00 10 10 10 10 10 10 10
SRA203(6)
10,0 a 10,60m 6 12 2

SRA203(7)
11,0 a 11,60m 7 13 2

SRA203(8)
ARGILA POUCO
12,0 a 12,60m 8 14 2/31
SILTOSA,
CINZA ESCURO,
MUITO MOLE 15 2
AREIA ARGILA LP IP W LL
SRA203(9)
14,0 a 14,60m 9 16 3

15 15 15 15 15 15 15 15
17 4 SILTE

SRA203(10)
16,0 a 16,60m 10 18 2/28

19 2/25

SRA203(11)
18,0 a 18,60m 11 20 2/29

21 2/31
21.60
20 20 20 20 20 20 20 20
22 2/32
ARGILA ARENOSA (AREIA
FINA), CINZA, MUITO MOLE
23 2/35
24.00
LL { Presente trabalho
(Aguiar, 2008)
24 2
LP { Presente trabalho
(Aguiar, 2008)
AREIA FINA, MUITO Areia
{ Presente trabalho
(Aguiar, 2008)
ARGILOSA, CINZA
ESCURO, FOFA SRA203(12)
25 2/35 IP { Presente trabalho

26.00 23,45 a 24,05m 12 Silte


{ Presente trabalho
(Aguiar, 2008)
(Aguiar, 2008)
Presente trabalho Presente trabalho Presente trabalho
26 2 W { Presente trabalho
(Aguiar, 2008) (Aguiar, 2008) (Aguiar, 2008) (Aguiar, 2008)
ARGILA SILTOSA, COM AREIA FINA,
CINZA ESCURO, MUITO MOLE 27.00
Argila { Presente trabalho
(Aguiar, 2008)
Presente trabalho
25 25 25 25 25 25 25 25
Presente trabalho
(Aguiar, 2008)

Figura 3.4 Perfis dos parâmetros de caracterização do solo (Andrade, 2009).

42
3.2.3 Ensaios de compressão edométrica
Os corpos de prova de ensaio possuíam diâmetro de aproximadamente 7cm,
altura de 2cm e a drenagem era permitida no topo e na base.
Os critérios de carregamento de cada ensaio variaram conforme as
peculiaridades dos estudos de Aguiar (2008) e Andrade (2009), mas no geral foram
utilizados os seguintes critérios:
- foi utilizado o procedimento padrão de dobrar a carga aplicada a cada incremento,
sendo realizados adicionalmente alguns incrementos de carga intermediários com o
objetivo de melhor definir a tensão de pré-adensamento e o início do trecho de
compressão virgem,
- a duração de cada estágio de carga foi de 24h ou baseada na velocidade de deformação
específica ( ε& ) do corpo de prova dada pela expressão

ΔH
ε& = H (3.1)
Δt

onde,
ΔH = variação da altura do corpo de prova entre duas leituras consecutivas do
extensômetro (leituras i-1 e i),
H = altura do corpo de prova correspondente à leitura i-1,
Δt = intervalo de tempo entre as leituras i-1 e i.

Por este critério um novo incremento de carga era aplicado quando no


incremento corrente o corpo de prova atingia a velocidade de deformação específica ( ε& )
igual a 10-6 s-1. De acordo com Aguiar (2008), pela experiência do Grupo de Reologia
da COPPE em trabalhos anteriores com a argila de Santos, este valor de deformação
específica corresponde à primeira potência inteira de 10 após o “fim” do adensamento
primário, calculado tanto pelo Método de Taylor quanto pelo Método de Casagrande,
para corpos de prova cuja distância de drenagem é menor ou igual a 1cm.
Para cada uma das amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) foram realizados 7
ensaios com corpos de prova indeformados e 1 ensaio com o corpo de prova totalmente
remoldado.

43
Para as demais amostras foram realizados apenas ensaios com corpos de prova
indeformados.
Neste trabalho foram utilizados resultados dos ensaios de compressão
edométrica realizados com todos as amostras, exceto a SRA-203(2) e a SRA-203(12).
Para verificação do método de estimativa da curva de compressão
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann só puderam ser
utilizados os ensaios realizados com as amostras SRA-203(3) a SRA-203(7), uma vez
que estas foram as únicas amostras para as quais foram realizados ensaios com corpos
de prova amolgados.
Da mesma forma, a verificação da proposta de estimativa do Cc do corpo de
prova amolgado (Cc,remold) a partir de seu índice de plasticidade (IP) depende da
realização de ensaios em corpos de prova amolgados, portanto, também foram
utilizados apenas os ensaios realizados com as amostras SRA-203(3) a SRA-203(7).
Já a verificação das correlações entre a umidade natural e o Cc do corpo de prova
indeformado puderam ser realizadas com as amostras SRA-203(1) e SRA-203(3) a
SRA-203(11).
Da figura 3.5 à figura 3.9 é apresentado para cada uma das amostras SRA-203(3)
à SRA-203(7) o conjunto das curvas de compressiblidade obtidas em ensaios
edométricos realizados com corpos de prova delas extraídos. As curvas de
compressibilidade são apresentadas em termos de índice de vazios, sendo plotados os
pontos correspondentes à velocidade de deformação específica ( ε& ) igual a 10-6 s-1 para
cada incremento de carga.
Nas tabelas 3.2a a 3.2c são apresentados os parâmetros de compressibilidade
obtidos para todos os ensaios de compressão edométrica com a argila de Santos/SP
realizados e utilizados neste trabalho.

44
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
1,80

1,70

1,60

1,50

1,40
Índice de vazios (e)

1,30 ensaio 3A

ensaio 3B
1,20
ensaio 3C
1,10
ensaio 3D (corpo de
prova remoldado)
1,00 ensaio 3E

ensaio 3F
0,90
ensaio 3G
0,80
ensaio 3H

0,70

Figura 3.5 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a

amostra SRA-203(3), para velocidade de deformação específica ( ε ) igual a 10-6 s-1.

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000
2,40

2,30

2,20

2,10

2,00

1,90
Índice de vazios (e)

1,80
ensaio 4A
1,70
ensaio 4B
1,60
ensaio 4C
1,50
ensaio 4D (corpo de
1,40 prova remoldado)
ensaio 4E
1,30
ensaio 4F
1,20
ensaio 4G
1,10
ensaio 4H
1,00

0,90

Figura 3.6 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a

amostra SRA-203(4), para velocidade de deformação específica ( ε ) igual a 10-6 s-1.

45
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
2,30

2,20

2,10

2,00

1,90

1,80
Índice de vazios (e)

1,70
ensaio 5A
1,60
ensaio 5B
1,50
ensaio 5C
1,40
ensaio 5D (corpo de
prova remoldado)
1,30 ensaio 5E

1,20 ensaio 5F

1,10 ensaio 5G

1,00 ensaio 5H

0,90

Figura 3.7 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a

amostra SRA-203(5), para velocidade de deformação específica ( ε ) igual a 10-6 s-1.

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000
2,60

2,50

2,40

2,30

2,20

2,10

2,00
Índice de vazios (e)

1,90
ensaio 6A
1,80
ensaio 6B
1,70
ensaio 6C
1,60
ensaio 6D (corpo de
1,50 prova remoldado)
ensaio 6E
1,40
ensaio 6F
1,30
ensaio 6G
1,20

1,10 ensaio 6H

1,00

Figura 3.8 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a

amostra SRA-203(6), para velocidade de deformação específica ( ε ) igual a 10-6 s-1.

46
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
2,70

2,60

2,50

2,40

2,30

2,20

2,10
Índice de vazios (e)

2,00

1,90
ensaio 7A
1,80
ensaio 7B
1,70
ensaio 7C
1,60

1,50 ensaio 7D (corpo de


prova remoldado)
1,40 ensaio 7E
1,30
ensaio 7F
1,20
ensaio 7G
1,10
ensaio 7H
1,00

0,90

Figura 3.9 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a

amostra SRA-203(7), para velocidade de deformação específica ( ε ) igual a 10-6 s-1.

47
Tabela 3.2a Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(1) a SRA-203(4) (Andrade, 2009).
Profundidade Corpo Profundidade do σ’vm Cc/
Amostra Ensaio e0 Cc Cr Ce
da amostra (m) de prova corpo de prova (m) (kPa) (1+e0)
1A CP1A 5,55 - 5,65 1,30 100 0,48 0,21 0,08 0,02
SRA-203(1) 5,10 - 5,70 1B CP1B 5,55 - 5,65 1,35 100 0,46 0,20 0,09 0,02
1C CP1C 5,55 - 5,65 1,37 92 0,51 0,22 0,09 0,02
1D CP1D 5,55 - 5,65 1,44 90 0,57 0,23 0,10 0,02
2A CP2A 6,48 - 6,55 1,11 - - - - -
SRA-203(2) 6,00 - 6,60 2B CP2B 6,48 - 6,55 1,11 - - - - -
2C CP2C 6,40 - 6,48 1,07 - - - - -
2D* CP2D 6,40 - 6,48 1,00 - - - - -
3A CP3A 7,25 - 7,32 1,55 105 0,80 0,31 0,10 0,06
3B CP3B 7,32 - 7,40 1,69 100 0,86 0,32 0,10 0,06
3C CP3C 7,25 - 7,32 1,52 120 0,66 0,26 0,11 0,05
SRA-203(3) 7,00 - 7,60 3D* CP3D 7,32 - 7,40 1,83 35 0,67 0,23 - 0,06
3E CP3E 7,13 - 7,16 1,49 110 0,78 0,31 0,12 -
3F CP3F 7,16 - 7,19 1,47 119 0,72 0,29 0,15 -
3G CP3G 7,10 - 7,13 1,42 120 0,77 0,32 0,11 -
3H CP3H 7,19 - 7,25 1,44 105 0,69 0,28 0,16 -
4A CP4A 8,38 - 8,46 2,24 170 1,91 0,59 0,14 0,15
4B CP4B 8,46 - 8,53 2,26 165 1,73 0,53 0,19 0,15
4C CP4C 8,38 - 8,46 2,17 170 1,89 0,60 0,19 0,13
SRA-203(4) 8,00 – 8,60 4D* CP4D 8,46 - 8,53 2,31 70 0,90 0,27 0,47 0,15
4E CP4E 8,24 - 8,28 2,25 139 1,72 0,53 0,16 -
4F CP4F 8,28 - 8,32 2,17 140 1,69 0,53 0,16 -
4G CP4G 8,20 - 8,24 2,12 132 1,69 0,54 0,19 -
4H CP4H 8,32 - 8,38 2,19 152 1,86 0,58 0,12 -
* Ensaio realizado com corpo de prova remoldado.

48
Tabela 3.2b Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(5) a SRA-203(7) (Andrade, 2009).
Profundidade Corpo Profundidade do σ’vm Cc/
Amostra Ensaio e0 Cc Cr Ce
da amostra (m) de prova corpo de prova (m) (kPa) (1+e0)
5A CP5A 9,34 - 9,39 1,97 170 1,56 0,53 0,17 0,10
5B CP5B 9,39 - 9,45 2,02 165 1,53 0,51 0,20 0,11
5C CP5C 9,39 - 9,45 2,14 155 1,42 0,45 0,18 0,11
SRA-203(5) 9,00 - 9,60 5D* CP5D 9,45 - 9,53 - 65 0,66 - 0,50 0,11
5E CP5E 9,20 - 9,24 2,26 149 1,64 0,50 0,17 -
5F CP5F 9,24 - 9,28 2,18 156 1,56 0,49 0,17 -
5G CP5G 9,17 - 9,20 2,25 108 1,28 0,39 0,41 -
5H CP5H 9,28 - 9,34 2,14 145 1,44 0,46 0,14 -
6A CP6A 10,50 - 10,55 2,53 175 2,22 0,63 0,15 0,16
6B CP6B 10,43 - 10,50 2,57 175 2,18 0,61 0,20 0,14
6C CP6C 10,43 - 10,50 2,60 180 2,37 0,66 0,21 0,17
SRA-203(6) 10,00 - 10,60 6D* CP6D 10,43 - 10,50 2,58 80 1,17 0,33 - 0,10
6E CP6E 10,25 - 10,28 2,43 185 2,23 0,65 0,21 -
6F CP6F 10,28 - 10,31 2,40 181 2,35 0,69 0,19 -
6G CP6G 10,22 - 10,25 2,34 176 1,93 0,58 0,22 -
6H CP6H 10,36 - 10,43 2,41 182 2,44 0,72 0,16 -
7A CP7A 11,39 - 11,42 2,35 160 2,06 0,58 0,23 0,11
7B CP7B 11,36 - 11,39 2,43 150 1,96 0,54 0,30 0,12
7C CP7C 11,42 - 11,49 2,21 155 1,73 0,51 0,27 0,12
SRA-203(7) 11,00 - 11,60 7D* CP7D 11,42 - 11,49 2,18 55 0,95 0,28 0,45 0,13
7E CP7E 11,22 - 11,26 2,53 151 2,29 0,65 0,22 -
7F CP7F 11,26 - 11,30 2,42 155 2,24 0,65 0,25 -
7G CP7G 11,14 - 11,18 2,41 153 2,27 0,67 0,21 -
7H CP7H 11,30 - 11,36 2,49 148 2,39 0,68 0,22 -
* Ensaio realizado com corpo de prova remoldado.

49
Tabela 3.2c Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(8) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).
Profundidade Corpo Profundidade do σ’vm Cc/
Amostra Ensaio e0 Cc Cr Ce
da amostra (m) de prova corpo de prova (m) (kPa) (1+e0)
8A CP8A 12,45 - 12,50 2,22 145 1,67 0,52 0,22 0,12
8B CP8B 12,40 - 12,45 2,14 130 1,54 0,49 0,24 0,11
SRA-203(8) 12,00 - 12,60 8C CP8C 12,27 - 12,30 2,18 157 1,76 0,55 0,22 -
8D CP8D 12,30 - 12,33 2,19 147 1,76 0,55 0,23 -
8E CP8E 12,24 - 12,27 2,15 173 1,82 0,58 0,18 -
8F CP8F 12,33 - 12,36 2,19 148 1,85 0,58 0,24 -
9A CP9A 14,40 - 14,45 1,90 200 1,41 0,49 0,24 0,12
9B CP9B 14,45 - 14,50 1,93 200 1,46 0,50 0,16 0,12
SRA-203(9) 14,00 - 14,60 9C CP9C 14,32 - 14,35 2,09 184 1,46 0,47 0,13 -
9D CP9D 14,35 - 14,38 1,98 200 1,50 0,50 0,18 -
9E CP9E 14,29 - 14,32 1,99 184 1,63 0,55 0,15 -
9F CP9F 14,38 - 14,40 1,96 174 1,41 0,48 0,20 -
10A CP10A 16,50 - 16,55 1,87 200 1,80 0,63 0,17 0,13
10B CP10B 16,45 - 16,50 1,93 190 1,86 0,63 0,33 0,12
SRA-203(10) 16,00 - 16,60 10C CP10C 16,33 - 16,36 2,13 179 1,87 0,60 0,21 -
10D CP10D 16,39 - 16,42 1,98 174 1,61 0,54 0,26 -
10E CP10E 16,29 - 16,33 1,97 184 1,60 0,54 0,16 -
10F CP10F 16,42 - 16,45 1,91 174 1,70 0,58 0,16 -
SRA-203(11) 18,00 - 18,60 11A CP11A 18,45 - 18,50 0,98 150 0,30 0,15 0,09 0,02
11B CP11B 18,50 - 18,55 0,96 160 0,31 0,16 0,07 0,02
SRA-203(12) 23,45 - 24,05 12A CP12A 23,85 - 23,90 0,73 - - - - -
12B CP12B 23,90 - 23,95 0,70 - - - - -

50
3.3 Ensaios realizados com a argila do Sarapuí/RJ

3.3.1 Extração das amostras


As amostras foram extraídas de uma região da Baixada Fluminense onde seriam
construídos aterros experimentais pelo IPR. O local se situa no município de Duque de
Caxias/RJ, do lado esquerdo da rodovia BR-040/RJ (sentido Rio-Belo Horizonte) no
km 7,5, ao lado do Rio Sarapuí.
Na figura 3.10 é apresentado um croquis com a locação dos aterros
experimentais bem como dos furos de amostragem.

Figura 3.10 Croquis de locação dos aterros experimentais e dos furos de amostragem
(Coutinho, 1976).

De acordo com Coutinho (1976) as amostras indeformadas foram extraídas de


um depósito com espessura média de 12m de argila mole cinza, com matéria orgânica e
eventuais conchas e raízes. O mesmo provavelmente tem origem na deposição flúvio-
marinha e apresenta-se bastante uniforme (sem veios de areia ou silte).
Na figura 3.11 é apresentado o croquis do perfil de sondagem do depósito com a
localização da região de extração de amostras indeformadas.

51
Figura 3.11 Croquis do perfil do depósito e localização da região de extração de
amostras (Coutinho, 1976).

Foram extraídas amostras de 3 profundidades, a saber: 5,5m a 6,0m, 6,5m a


7,0m e 7,5m a 8,0m.
Em seu trabalho Coutinho (1976) descreve os procedimentos de amostragem
utilizados bem como os cuidados tomados para evitar a perturbação das amostras.

3.3.2 Parâmetros de caracterização


Coutinho (1976) apresenta os seguintes dados de caracterização da argila
estudada:

- seus limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP) estão em torno de 145% e


55%, respectivamente, resultando num índice de plasticidade (IP) de aproximadamente
90%.

- a umidade natural é próxima ao limite de liquidez (a umidade natural dos


corpos de prova analisados é apresentada na tabela 4.12 do presente trabalho).

52
- 100% do solo passa na peneira nº 200 (diâmetro=0,074mm) e possui de 60% a
70% em massa de fração argila (diâmetro menor que 0,002mm).

- densidade real dos grãos (G) de 2,51, baseado em resultados de Ortigão (1975)
e de Coutinho (1976).

3.3.3 Ensaios de compressão edométrica


Os corpos de prova do ensaio de compressão edométrica possuíam diâmetros de
50,5mm e 100,9mm, e alturas de 20mm e 30mm, respectivamente. A drenagem era
permitida no topo e na base dos corpos de prova.
Na maioria dos ensaios foi utilizado o procedimento padrão de dobrar a carga
vertical a cada incremento, sendo que também foram dados incrementos intermediários
com o objetivo de melhor definir a tensão de pré-adensamento.
A duração de cada estágio de carga foi de 24h ou 48h, procurando-se definir na
curva “deformação x tempo (log)” o trecho retilíneo inicial de compressão secundária.
Para as amostras retiradas das profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m
foram realizados os seguintes ensaios de compressão edométrica:

- 4 ensaios com corpos de prova “indeformados” de boa qualidade.

- 2 ensaios com corpos de prova “indeformados” de má qualidade, ou seja, com


algum grau de amolgamento, extraídos da parte superior do tubo amostrador.

- 2 ensaios com corpos de prova remoldados (completamente amolgados).

Para a amostra extraída da profundidade de 7,5m a 8,0m foram realizados 3


ensaios de compressão edométrica com corpos de prova “indeformados” de boa
qualidade.
Na tabela 3.3 é apresentado um resumo dos ensaios de compressão edométrica
realizados.

53
Tabela 3.3 Resumo dos ensaios de compressão edométrica realizados (Coutinho, 1976).
Estado dos corpos Profundidade
Ensaio
de prova da amostra
AV2-10
AV3-5
5,5m a 6,0m
AV11-5
AV12-10
AV5-10
“Indeformados” de
AV8-5
boa qualidade 6,5m a 7,0m
AV9-5
AV10-10
AV17-5
7,5m a 8,0m AV18-5
AV19-5
AV1-5
“Indeformados” de 5,5m a 6,0m
AV4-10
má qualidade
AV6-10
(amolgados) 6,5m a 7,0m
AV7-5
AV14-5
Remoldados 5,5m a 6,0m
AV16-5
(completamente
AV13-5
amolgados) 6,5m a 7,0m
AV15-5

Neste trabalho foram utilizados os resultados de todos os ensaios de compressão


edométrica apresentados na tabela 3.3.
Para verificação do método de estimativa da curva de compressão
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955) só
puderam ser utilizados os ensaios realizados com as amostras extraídas das
profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m, uma vez que para estas amostras
foram realizados ensaios tanto em corpos de prova amolgados quanto em corpos de
prova indeformados.
Da mesma forma, a verificação da proposta de estimativa do Cc do corpo de
prova amolgado a partir de seu índice de plasticidade (IP) depende da realização de
ensaios em corpos de prova amolgados, portanto, também foram utilizados apenas os
ensaios realizados com as amostras extraídas das profundidades de 5,5m a 6,0m e de
6,5m a 7,0m.
Já a verificação das correlações entre a umidade natural e o Cc do corpo de prova
indeformado pôde ser realizada com as amostras das três profundidades.

54
Nas figuras 3.12 e 3.13 são apresentados para as amostras extraídas das
profundidades de 5,5 a 6,0m e de 6,5 a 7,0m, respectivamente, o conjunto das curvas de
compressiblidade obtidas em ensaios edométricos realizados com os corpos de prova
delas extraídos. As curvas de compressibilidade são apresentadas em termos de índice
de vazios, sendo plotados os pontos correspondentes ao fim do adensamento primário
determinado pelo método de Casagrande para cada incremento de carga.

55
Figura 3.12 Curvas de compressibilidade “e x σ’v (log)” dos ensaios realizados com a
amostra extraída da profundidade de 5,5 a 6,0m, para o fim do adensamento primário
determinado pelo método de Casagrande (Coutinho, 1976).

56
Figura 3.13 Curvas de compressibilidade “e x σ’v (log)” dos ensaios realizados com a
amostra extraída da profundidade de 6,5m a 7,0m, para o fim do adensamento primário
determinado pelo método de Casagrande (Coutinho, 1976).

57
Na tabela 3.4 são apresentados os parâmetros de compressibilidade obtidos para
todos os ensaios de compressão edométrica realizados com a argila do Sarapuí e
utilizados neste trabalho.
Para se ter um critério único neste trabalho no cálculo dos parâmetros de
compressibilidade, os índices de compressão (Cc) tiveram que ser recalculados a partir
das curvas de compressibilidade apresentadas nas figuras 3.12 e 3.13 utilizando o
critério apresentado na revisão bibliográfica deste trabalho (item 2.2.2), no qual o Cc é
calculado como a inclinação do trecho de compressão virgem logo em sua parte inicial.
Pelo mesmo motivo os índices de recompressão (Cr) e descompressão (Ce)
também foram recalculados.
Portanto, os valores de Cc, Cr e Ce da tabela 3.4 são diferentes daqueles
apresentados por Coutinho (1976), que calculou estes parâmetros para incrementos
fixos de tensões.
As tensões de pré-adensamento (σ’vm) também foram recalculadas pelo método
de Pacheco Silva.

58
Tabela 3.4 Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com a
argila do Sarapuí/RJ.
Profun-
Estado dos Cc/
didade da σ’vm*
corpos de Ensaio e0 Cc* (1+e0) Cr* Ce*
amostra (kPa)
prova *
(m)
AV2-10 3,71 28 2,36 0,50 0,23 0,28
“Indeformados” AV3-5 3,66 29 2,50 0,54 0,17 0,25
de boa qualidade AV11-5 3,38 37 2,36 0,54 0,15 0,29
AV12-10 3,67 28 2,36 0,51 0,23 0,31
5,5 a 6,0
“Indeformados” AV1-5 3,66 12 1,49 0,32 - 0,22
de má qualidade
(amolgados) AV4-10 3,58 12 1,33 0,29 0,45 0,24
Remoldados AV14-5 3,55 7 1,07 0,24 0,61 0,27
(completamente
amolgados) AV16-5 3,57 8 1,16 0,25 0,63 0,26
AV5-10 3,54 32 2,26 0,50 0,12 0,25
“Indeformados” AV8-5 3,22 40 2,40 0,57 0,10 0,22
de boa qualidade AV9-5 3,30 38 2,40 0,56 0,12 0,22
AV10-10 3,43 33 2,40 0,54 0,09 0,25
6,5 a 7,0
“Indeformados” AV6-10 3,51 8 1,17 0,26 0,68 0,21
de má qualidade
(amolgados) AV7-5 3,27 9 1,15 0,27 0,47 0,21
Remoldados AV13-5 3,20 7 0,96 0,23 0,53 0,23
(completamente
amolgados) AV15-5 3,20 8 1,07 0,25 0,47 0,33
AV17-5 3,34 35 2,39 0,55 0,16 0,27
“Indeformados”
7,5 a 8,0 de boa qualidade
AV18-5 3,27 41 2,75 0,64 0,14 0,27
AV19-5 3,29 40 2,47 0,58 0,09 0,27
* Valores recalculados de acordo com os critérios definidos no item 2.2.2 e representados
graficamente na figura 2.1 deste trabalho.

59
4 RESULTADOS

4.1 Avaliação da qualidade dos corpos de prova e efeitos do amolgamento


Os conjuntos de ensaios de compressão edométrica apresentados no capítulo 3
foram utilizados neste trabalho devido à boa qualidade dos corpos de prova obtidos,
permitindo assim a verificação das propostas de estimativa de parâmetros de
compressibilidade e da curva de compressão edométrica.
Para avaliação da qualidade dos corpos de prova foi utilizada a proposta de
classificação de Coutinho (2007) apresentada a seguir.
Inicialmente calcula-se a razão

Δe e0 − e(σ 'v 0 )
= (4.1)
e0 e0

onde:
e0 = índice de vazios inicial do corpo de prova,
e (σ’v0) = índice de vazios correspondente à tensão vertical efetiva de campo estimada
(obtido na curva de compressão edométrica).

Com o valor de Δe obtido verifica-se em qual das classificações de qualidade


e0
o corpo de prova se enquadra, de acordo com a tabela 4.1.

Tabela 4.1 Classificação da qualidade do corpo de prova (Coutinho, 2007).


Δe
e0
OCR Muito boa
Boa a Muito
a Pobre
Regular pobre
Excelente
1,0 - 2,5 < 0,05 0,05 - 0,08 0,08 - 0,14 > 0,14

Nas tabelas 4.2 e 4.3 são apresentadas as classificações de qualidade recebidas


pelos corpos de prova das argilas de Santos e do Sarapuí.

60
Tabela 4.2a Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Santos.
Estado
do σ’v0 e Δe Qualidade do corpo de
Amostra Ensaio e0
corpo de (kPa) (σ’v0) e0 prova (Coutinho, 2007)
prova
1A 1,30 1,25 0,037 Muito boa a Excelente
1B 1,35 1,30 0,038 Muito boa a Excelente
SRA-203(1) 40
1C 1,37 1,31 0,048 Muito boa a Excelente
1D 1,44 1,37 0,050 Muito boa a Excelente
3A 1,55 1,46 0,058 Boa a Regular
3B 1,69 1,63 0,036 Muito boa a Excelente
3C 1,52 1,46 0,039 Muito boa a Excelente
SRA-203(3) 3E 54 1,49 1,39 0,067 Boa a Regular
3F 1,47 1,39 0,054 Boa a Regular
3G 1,42 1,33 0,063 Boa a Regular
3H 1,44 1,34 0,069 Boa a Regular
4A 2,24 2,18 0,027 Muito boa a Excelente
4B 2,26 2,15 0,049 Muito boa a Excelente
4C 2,17 2,08 0,041 Muito boa a Excelente
SRA-203(4) 4E 61 2,25 2,17 0,036 Muito boa a Excelente
4F 2,17 2,07 0,046 Muito boa a Excelente
4G 2,12 2,01 0,052 Boa a Regular
“Indeformados”

4H 2,19 2,11 0,037 Muito boa a Excelente


5A 1,97 1,88 0,046 Muito boa a Excelente
5B 2,02 1,92 0,050 Muito boa a Excelente
5C 2,14 1,99 0,070 Boa a Regular
SRA-203(5) 5E 66 2,26 2,14 0,053 Boa a Regular
5F 2,18 2,08 0,046 Muito boa a Excelente
5G 2,25 2,05 0,089 Pobre
5H 2,14 2,03 0,051 Boa a Regular
6A 2,53 2,44 0,036 Muito boa a Excelente
6B 2,57 2,42 0,058 Boa a Regular
6C 2,60 2,48 0,046 Muito boa a Excelente
SRA-203(6) 6E 71 2,43 2,29 0,058 Boa a Regular
6F 2,40 2,29 0,046 Muito boa a Excelente
6G 2,34 2,20 0,060 Boa a Regular
6H 2,41 2,32 0,037 Muito boa a Excelente
7A 2,55 2,39 0,063 Boa a Regular
7B 2,63 2,46 0,065 Boa a Regular
7C 2,39 2,23 0,067 Boa a Regular
SRA-203(7) 7E 75 2,53 2,38 0,059 Boa a Regular
7F 2,42 2,29 0,054 Boa a Regular
7G 2,41 2,28 0,054 Boa a Regular
7H 2,49 2,35 0,056 Boa a Regular

61
Tabela 4.2b Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Santos.
Estado
do σ’v0 e Δe Qualidade do corpo de
Amostra Ensaio e0
corpo de (kPa) (σ’v0) e0 prova (Coutinho, 2007)
prova
8A -* -* -* -*
8B -* -* -* -*
8C 2,18 2,07 0,050 Muito boa a Excelente
SRA-203(8) 80
8D 2,19 2,07 0,055 Boa a Regular
8E 2,15 2,00 0,070 Boa a Regular
8F 2,19 2,06 0,059 Boa a Regular
9A -* -* -* -*
9B -* -* -* -*
“Indeformados”

9C 2,09 1,96 0,062 Boa a Regular


SRA-203(9) 91
9D 1,98 1,87 0,056 Boa a Regular
9E 1,99 1,87 0,060 Boa a Regular
9F 1,96 1,86 0,051 Boa a Regular
10A -* -* -* -*
10B -* -* -* -*
10C 2,13 2,02 0,052 Boa a Regular
SRA-203(10) 102
10D 1,98 1,82 0,081 Pobre
10E 1,97 1,84 0,066 Boa a Regular
10F 1,91 1,72 0,099 Pobre
11A -* -* -* -*
SRA-203(11) -*
11B -* -* -* -*
SRA-203(3) 3D 54 1,83 1,50 0,180 Muito pobre
Remoldados

SRA-203(4) 4D 61 - - - -
SRA-203(5) 5D 66 2,13 1,86 0,127 Pobre
SRA-203(6) 6D 71 2,58 2,24 0,132 Pobre
SRA-203(7) 7D 75 2,39 1,94 0,188 Muito pobre
* De acordo com Andrade (2009), para avaliação da qualidade dos corpos de prova
“foram utilizados apenas os ensaios de adensamento convencionais cujos estágios
tiveram duração de 24h. Isto foi feito, porque nos critérios de avaliação é levado em
conta o valor do OCR, parâmetro este que é determinado pela tensão de
sobreadensamento, que por sua vez é influenciada pela duração do estágio de
carregamento.”.

62
Tabela 4.3 Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Sarapuí.
Estado Profun-
dos didade
σ’v0 e Δe Qualidade do corpo de
corpos da Ensaio e0
de amostra (kPa) (σ’v0) e0 prova (Coutinho, 2007)
prova (m)
AV2-10 3,71 3,46 0,068 Boa a Regular
AV3-5 3,66 3,49 0,048 Muito boa a Excelente
“Indeformados” de boa qualidade

5,5 a 6,0 22
AV11-5 3,38 3,23 0,044 Muito boa a Excelente
AV12-10 3,67 3,46 0,057 Boa a Regular
AV5-10 3,54 3,35 0,053 Boa a Regular
AV8-5 3,22 3,10 0,039 Muito boa a Excelente
6,5 a 7,0 25
AV9-5 3,30 3,15 0,046 Muito boa a Excelente
AV10-10 3,43 3,27 0,047 Muito boa a Excelente
AV17-5 3,34 3,16 0,053 Boa a Regular
7,5 a 8,0 AV18-5 28 3,27 3,15 0,037 Muito boa a Excelente
AV19-5 3,29 3,15 0,043 Muito boa a Excelente
AV1-5 3,66 2,91 0,205 Muito pobre
mados” de má

5,5 a 6,0 22
qualidade
“Indefor-

AV4-10 3,58 2,95 0,174 Muito pobre


AV6-10 3,51 2,70 0,230 Muito pobre
6,5 a 7,0 25
AV7-5 3,27 2,52 0,227 Muito pobre
AV14-5 3,55 2,51 0,292 Muito pobre
Remoldados

5,5 a 6,0 22
amolgados)
(completa-

AV16-5 3,57 2,56 0,282 Muito pobre


mente

AV13-5 3,20 2,16 0,327 Muito pobre


6,5 a 7,0 25
AV15-15 3,20 2,16 0,286 Muito pobre

Observa-se que dos corpos de prova considerados a princípio como


“indeformados” de boa qualidade:

- 43% são de qualidade “Muito boa a Excelente”,


- 52% são de qualidade “Boa a Regular” e
- 5% são de qualidade “Pobre”.

Desta forma, nas verificações realizadas neste trabalho, foram considerados


como ensaios de referência (indeformados) apenas aqueles cujos corpos de prova foram
classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente”.

63
Como era de se esperar, os demais corpos de prova (remoldados e
“indeformados” de má qualidade”) foram classificados como de qualidade “Pobre” a
“Muito pobre”.
Os efeitos da má qualidade dos corpos de prova nas curvas de compressão
edométrica podem ser observados claramente nas figuras 3.5 a 3.9, 3.12 e 3.13. Nas
tabelas 4.4 e 4.5 pode-se avaliar quantitativamente os efeitos do amolgamento nos
parâmetros de compressibilidade obtidos.

Tabela 4.4 Valores médios dos parâmetros de compressibilidade obtidos com corpos de
prova indeformados e remoldados da argila de Santos.
Cc Cr Ce σ’vm (kPa)
Amostra
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
SRA-203(3) 0,75 0,67 0,12 - 0,05 0,06 111 35
SRA-203(4) 1,78 0,90 0,16 0,47 0,14 0,15 153 70
SRA-203(5) 1,53 0,66 0,17 0,50 0,11 0,11 157 65
SRA-203(6) 2,27 1,17 0,19 - 0,16 0,10 179 80
SRA-203(7) 2,13 0,95 0,24 0,45 0,12 0,13 153 55
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a
classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.2).

(2) Ensaios com corpos de prova remoldados (totalmente amolgados).

Tabela 4.5 Valores médios dos parâmetros de compressibilidade obtidos com corpos de
prova “indeformados” de boa qualidade, “indeformados” de má qualidade e remoldados
da argila do Sarapuí.
Profun- Cc Cr Ce σ’vm (kPa)
didade da
amostra (1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3)
(m)
5,5 a 6,0 2,40 1,41 1,12 0,20 0,45 0,62 0,28 0,23 0,26 31 12 7
6,5 a 7,0 2,37 1,16 1,02 0,11 0,57 0,50 0,23 0,21 0,28 36 9 7
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a
classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3).

(2) Ensaios com corpos de prova “indeformados” de má qualidade.

(3) Ensaios com corpos de prova remoldados (totalmente amolgados).

64
A seguir são verificados os efeitos do amolgamento na curva de
compressibilidade enumerados por Martins e Lacerda (1994).

a) Para a mesma tensão vertical efetiva (σ’v) o índice de vazios (e) é tão menor
quanto pior for a qualidade da amostra.
Para argila do Sarapuí foi observado exatamente este efeito.
Para a argila de Santos este efeito foi mais observado no trecho de compressão
virgem das curvas edométricas. No trecho de recompressão boa parte dos corpos de
prova indeformados apresentaram índice de vazios inferiores aos dos corpos de prova
remoldados.

b) A transição entre os trechos de recompressão e de compressão virgem na


curva e x σ’v(log) se torna menos acentuada dificultando a determinação da tensão de
pré-adensamento (σ’vm).
Este efeito é observado nas curvas de compressão edométrica de todas as
amostras.

c) Redução do valor estimado da tensão de pré-adensamento.


A análise dos valores médios de σ’vm estimados apresentados nas tabelas 4.4 e
4.5 permite observar claramente este efeito.

d) Aumento da compressibilidade na região de recompressão.


A análise dos valores médios de Cr apresentados nas tabelas 4.4 e 4.5 e das
curvas de compressibilidade permitem observar este efeito para a grande maioria das
amostras.

e) Diminuição da compressibilidade no trecho de compressão virgem.


A análise dos valores médios de Cc apresentados nas tabelas 4.4 e 4.5 e das
curvas de compressibilidade permitem observar este efeito para todas as amostras.

f) Eliminação da concavidade da curva ‘e x σ’v(log)’ no trecho virgem


resultando em uma linha aproximadamente reta.

65
Para os ensaios edométricos com a argila do Sarapuí esta observação aplica-se
perfeitamente.
Para os ensaios realizados com a argila de Santos também é observada uma
grande redução da concavidade do trecho de compressão virgem das amostras
remoldadas, entretanto, os mesmos ainda apresentam uma leve concavidade.

4.2 Verificação do método de estimativa da curva de compressibilidade


“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955)

4.2.1 Considerações iniciais


A verificação do método de Schmertmann (1955) iniciou-se com os ensaios
realizados com a argila de Santos. No item 4.2.2, a seguir, é descrito o procedimento
seguido, as dificuldades encontradas e as soluções utilizadas para tentar contorná-las.
Posteriormente, no item 4.2.3, é apresentada a verificação do método para a argila do
Sarapuí, já com as modificações oriundas da tentativa de aplicação do método à argila
de Santos.

4.2.2 Argila de Santos


A estratégia imaginada inicialmente para verificação da proposta de
Schmertmann (1955) consistia na aplicação do procedimento descrito na revisão
bibliográfica (item 2.4.3) para estimativa da curva de compressibilidade “indeformada”
a partir das curvas obtidas dos ensaios realizados com os corpos de prova totalmente
remoldados. As curvas de compressibilidade estimadas obtidas para cada amostra
seriam comparadas com aquelas resultantes dos ensaios realizados com os corpos de
prova indeformados desta mesma amostra, cujos resultados indicaram tratar-se de
corpos de prova de qualidade “Regular” a “Excelente”, segundo a classificação de
Coutinho (2007) (ver tabela 4.2).
Entretanto, nas primeiras tentativas de aplicação do método surgiram
dificuldades na etapa de definição da tensão de pré-adensamento através da observação
do “padrão de redução do índice de vazios”, conforme definido no item 2.4.2.2 (figura
2.9).

66
Recapitulando o procedimento, devem ser arbitrados diferentes valores de tensão
de pré-adensamento, cada qual dando origem a uma curva de compressibilidade
estimada, cujas diferenças de ordenadas (índice de vazios) em relação à curva
“amolgada” ao longo do eixo das tensões verticais efetivas fornecem o “padrão de
redução de e”. A tensão de pré-adensamento seria o maior valor arbitrado que
fornecesse um padrão de redução de índice de vazios simétrico em relação à mesma.
Na figura 4.1 é apresentada como exemplo a tentativa de estimativa da curva
“indeformada” da amostra SRA-203(5). Foram arbitrados três valores de tensão de pré-
adensamento, a saber: 80, 110 e 150kPa, para os quais foram construídas as curvas
estimadas e os padrões de redução de e.

tensão vertical efetiva (σ'v)


1 10 100 1000
2,00

E(σ'v0=55kPa)
1,80

1,60
curva
"amolgada"
índice de vazios (e)

(ensaio 3D)

1,40

1,20
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,00

0,80
i

0,60

Figura 4.1 Tentativa inicial de estimativa da curva de compressibilidade “indeformada”


da amostra SRA-203(5).

Como pode ser observado na figura 4.1, a dificuldade reside na determinação do


“padrão de redução do índice de vazios” simétrico dentre os diferentes valores de σ’vm
arbitrados, uma vez que:

1) na maioria dos casos não foi possível obter uma padrão simétrico para
nenhum valor de σ’vm.

67
2) a determinação do padrão mais simétrico também foi dificultada pelo fato de
num mesmo “padrão de redução do e”, dependendo da faixa de tensões abrangida em
torno da tensão de pré-adensamento arbitrada, ter-se um trecho mais simétrico que
outro, e não se saber qual destes trechos deveria ser considerado: se apenas numa faixa
de tensões mais estreita em torno da tensão de pré-adensamento arbitrada, ou para faixas
de tensões maiores, encarando a curva de uma maneira mais global.

3) a simetria do “padrão de redução de e” não se mostrou sensível a uma faixa


relativamente ampla dos valores de σ’vm arbitrados, o que conduz a uma dificuldade na
seleção de um padrão mais simétrico apenas de forma visual.

Para contornar a terceira dificuldade supracitada, resolveu-se criar uma maneira


de quantificar a simetria do “padrão de redução do índice de vazios”. Isso foi feito
seguindo o procedimento descrito a seguir e ilustrado nas figuras 4.2 a 4.4.

PADRÃO DE REDUÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS


tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
0,70

0,60

0,50

Δemáx
0,40
Δe

0,30

0,20 log
σ'v,média,i log
σ'v,maior,i Δe i
σ'v,menor,i σ'v,média,i

0,10

0,00
σ'v,menor,i σ'v,média σ'v,maior,i

Figura 4.2 Representação gráfica das variáveis utilizadas na quantificação da simetria


do “padrão de redução do índice de vazios”.

68
a) Determinou-se a tensão do suposto eixo de simetria, σ’v,média. Este valor foi
considerado igual à σ’vm arbitrada.

b) Para diferentes valores de redução de índice de vazios (Δei) obtiveram-se os


dois valores de tensão vertical efetiva correspondentes: σ’v,menor,i e σ’v,maior,i.

c) Para cada valor de redução de índice de vazios (Δei) calculou-se a razão

σ 'v ,maior ,i
log
log σ 'v ,maior ,i − log σ 'v ,média ,i σ 'v ,média,i
Ri = = (4.1)
log σ 'v ,média,i − log σ 'v ,menor ,i σ'
log v ,média,i
σ 'v ,menor ,i

A razão Ri reflete a simetria do “padrão de redução do índice vazios”: quanto


mais os valores de Ri se aproximam de 1, mais simétrico é o padrão.

d) A simetria do “padrão de redução do índice de vazios” como um todo é


avaliada pela plotagem dos valores de Ri para os diferentes valores de Δei (representados
Δei
pela expressão: 1 − ), que neste trabalho convecionou-se chamar de “curva de
Δemáx
simetria”, conforme é apresentado na figura 4.3.

69
PADRÃO DE REDUÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
0,70

0,60 CURVA DE SIMETRIA

0,50

R
Δemáx

Ri

1
0
0
0,40
e

0,30

1- Δe
Δemáx
0,20 log
σ'v,média,i log
σ'v,maior,i Δei
σ'v,menor,i σ'v,média,i

simetria perfeita
padrão de
observado
simetria
0,10

0,00

1
Figura 4.3 Obtenção da “curva de simetria” a partir do “padrão de redução do índice de vazios” para um dado valor arbitrado de σ’vm.

70
Na figura 4.4 é apresentado um exemplo de “curva de simetria”, onde pode-se
visualizar que um “padrão de redução do índice de vazios” perfeitamente simétrico teria
como “curva de simetria” uma linha horizontal de ordenada R=1.

CURVA DE SIMETRIA

simetria perfeita
1

padrão de
R simetria
observado

0
0 1
1- Δe
máx

Figura 4.4 Exemplo esquemático de “curva de simetria” para um dado valor arbitrado
de σ’vm.

Desta forma, a “curva de simetria” permite avaliar de uma maneira mais precisa
a simetria do “padrão de redução do índice de vazios” do que uma avaliação apenas
visual do mesmo.
Nas figuras 4.5, 4.7, 4.9, 4.11 e 4.13 são apresentados para cada uma das
amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) as curvas de compressibilidade estimadas para
valores arbitados de tensão de pré-adensamento, bem como os respectivos “padrões de
redução de índice de vazios”.
Nas figuras 4.6, 4.8, 4.10, 4.12 e 4.14 são apresentados para cada uma das
amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) as “curvas de simetria” correspondentes aos
“padrões de redução do índice de vazios” apresentados nas figuras mencionadas no
parágrafo anterior, além de “curvas de simetria” para valores de σ’vm intermediários.

71
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
2,00

E(σ'v0=55kPa)
1,80

1,60
curva
"amolgada"
índice de vazios (e)

(ensaio 3D)

1,40

1,20
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,00

0,80
i

0,60
Figura 4.5 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra SRA-203(3) para valores arbitrados de σ’vm.

1,0

0,9

0,8 σ'vm=60kPa

0,7

σ'vm=80kPa
R

0,6

σ'vm=100kPa
σ'vm = 111kPa σ'vm=110kPa
0,5 Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de σ'vm=120kPa
acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
0,4 σ'vm=150kPa

0,3
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.6 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(3) para valores arbitrados de
σ’vm.

72
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
2,60

2,40
E(σ'v0=62kPa)

2,20

curva
2,00 "amolgada"
(ensaio 4D)
índice de vazios (e)

1,80

1,60
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,40

1,20

1,00
i
0,80
Figura 4.7 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra SRA-203(4) para valores arbitrados de σ’vm.

1,0

0,9

0,8

0,7
R

0,6

σ'vm=100kPa
0,5

σ'vm = 153kPa
Valor médio obtido dos ensaios de σ'vm=140kPa
0,4 qualidade "regular " a "excelente" σ'vm=150kPa
de acordo com a classificação de σ'vm=160kPa
Coutinho (2007).
σ'vm=180kPa

0,3 σ'vm=210kPa
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.8 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(4) para valores arbitrados de
σ’vm.

73
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
2,20
E(σ'v0=67kPa)

2,00

curva
"amolgada"
1,80 (ensaio 5D)
índice de vazios (e)

1,60

1,40
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,20

1,00

i
0,80
Figura 4.9 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra SRA-203(5) para valores arbitrados de σ’vm.

1,0

0,9

0,8

0,7
R

0,6

σ'vm = 157kPa σ'vm=120kPa


0,5 Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de
acordo com a classificação de
Coutinho (2007). σ'vm=150kPa
σ'vm=160kPa
0,4 σ'vm=170kPa
σ'vm=190kPa
σ'vm=210kPa
0,3
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.10 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(5) para valores arbitrados de
σ’vm.

74
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
2,80

E(σ'v0=72kPa)
2,60

2,40

curva
2,20 "amolgada"
(ensaio 6D)
índice de vazios (e)

2,00

1,80

PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
1,60

1,40

1,20

1,00 i

0,80
Figura 4.11 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra SRA-203(6) para valores arbitrados de σ’vm.

1,0

0,9

0,8

0,7
R

0,6

0,5
σ'vm = 179kPa σ'vm=120kPa
Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de
0,4 σ'vm=150kPa
acordo com a classificação de
Coutinho (2007). σ'vm=170kPa
σ'vm=180kPa
σ'vm=190kPa
0,3 σ'vm=210kPa

0,2
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.12 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(6) para valores arbitrados de
σ’vm.

75
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
2,60

2,40 E(σ'v0=76kPa)

2,20

2,00 curva
"amolgada"
índice de vazios (e)

(ensaio 7D)

1,80

1,60
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,40

1,20

1,00
i
0,80
Figura 4.13 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra SRA-203(7) para valores arbitrados de σ’vm.

1,0

0,9

0,8

0,7
R

0,6

σ'vm=110kPa
σ'vm = 153kPa
0,5 Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de
acordo com a classificação de σ'vm=140kPa
Coutinho (2007). σ'vm=150kPa
σ'vm=160kPa
0,4
σ'vm=180kPa

σ'vm=210kPa
0,3
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.14 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(7) para valores arbitrados de
σ’vm.

76
Analisando as “curvas de simetria” apresentadas observa-se que, apesar do grau
de simetria do “padrão de redução do índice de vazios” poder ser visualizado de forma
mais fácil, persiste a dificuldade apresentada anteriormente relativa à determinação do
padrão mais simétrico, pois dependendo da faixa de tensões avaliada o valor de tensão
de pré-adensamento correspondente ao padrão mais simétrico pode variar bastante.
Com isso, abandonou-se a estratégia inicial que consistia em aplicar o método de
Schmertmann às curvas de compressibilidade “amolgadas” e comparar a curva estimada
com as “indeformadas”, pois falta um critério para determinar o “padrão de redução do
índice de vazios” mais simétrico e, consequentemente, a tensão de pré-adensamento.
A partir daí o que se procurou fazer foi tentar criar justamente este critério
através da análise das “curvas de simetria” apresentadas e do conhecimento do valor
médio de tensão de pré-adensamento de cada amostra obtido dos ensaios com corpos de
prova indeformados. No cálculo do valor médio de σ’vm foram considerados apenas os
ensaios de qualidade “Regular” a “Execelente” de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
A análise das “curvas de simetria” em conjunto das tensões de pré-adensamento
obtidos nos ensaios realizados com a argila de Santos e apresentados nas figuras 4.6,
4.8, 4.10, 4.12 e 4.14 permitiram observar o seguinte padrão de comportamento:

1) Para valores arbitrados de tensão de pré-adensamento baixos em relação ao


valor real as “curvas de simetria” apresentam-se parcialmente ou totalmente ascendentes
(o valor de R aumenta com o aumento de “1-Δe/Δemáx”). Por exemplo, para cada uma
das amostras, o valor mais baixo de σ’vm arbitrado apresentou uma “curva de simetria”
com este comportamento.

2) Aumentando-se o valor arbitrado de tensão de pré-adensamento as “curvas de


simetria” vão diminuindo sua declividade e passam a apresentar alguns trechos
descendentes (o valor de R diminui com o aumento de “1-Δe/Δemáx”).

3) Continuando o aumento da tensão de pré-adensamento arbitrada atinge-se um


valor a partir do qual as “curvas de simetria” apresentam-se totalmente descendentes e
valores arbitrados de σ’vm maiores que este geram “curvas de simetria”
aproximadamente paralelas e com valores de R cada vez menores.

77
4) Observa-se que a “curva de simetria” correspondente ao valor da tensão de
pré-adensamento real é a primeiro que, no processo de aumento dos valores arbitrados
de σ’vm, apresenta-se totalmente descendente, ou seja, sem nenhum trecho ascendente
ou horizontal, salvo pequenas oscilações entre pontos próximos da curva.

A análise das “curvas de simetria” apresentadas mostra que, para o caso


estudado, este foi um critério que apresentou boa repetibilidade. Entretanto, é
importante ressaltar que este resultado foi obtido a partir de corpos de prova totalmente
remoldados e oriundos de amostras da argila de Santos, não sendo necessariamente o
comportamento que será apresentado por amostras parcialmente perturbadas e/ou de
origens distintas, como poderá ser observado em seguida para os ensaios realizados com
a argila do Sarapuí.
Nas figuras 4.15 a 4.19 a seguir são apresentados num mesmo gráfico para cada
amostra:

a) as curvas de compressibilidade dos ensaios de qualidade “Regular” a


“Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007),

b) a curva de compressibilidade do corpo de prova remoldado e

c) a curva estimada pelo método de Schmertmann a partir do conhecimento do


valor da tensão de pré-adensamento real.

78
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
1,90

1,80

1,70

1,60

1,50
Índice de vazios (e)

1,40

1,30 ensaio 3A

ensaio 3B
1,20
ensaio 3C

1,10 ensaio 3D (corpo de


prova remoldado)
ensaio 3E
1,00
ensaio 3F

0,90 ensaio 3G
σ'vm = 111kPa
ensaio 3H Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de
0,80 acordo com a classificação de
curva estimada
Coutinho (2007).
0,70

Figura 4.15 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(3).

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000
2,40

2,30

2,20

2,10

2,00

1,90
Índice de vazios (e)

1,80
ensaio 4A
1,70
ensaio 4B
1,60 ensaio 4C

1,50 ensaio 4D (corpo de


prova remoldado)
ensaio 4E
1,40
ensaio 4F
1,30
ensaio 4G
σ'vm = 153kPa
1,20 Valor médio obtido dos ensaios de
ensaio 4H
qualidade "regular" a "excelente" de
1,10 curva estimada acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
1,00

0,90

Figura 4.16 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(4).

79
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
2,30

2,20

2,10

2,00

1,90

1,80
Índice de vazios (e)

1,70
ensaio 5A
1,60
ensaio 5B

1,50
ensaio 5C

1,40 ensaio 5D (corpo de


prova remoldado)
1,30 ensaio 5E

1,20 ensaio 5F

1,10 σ'vm = 157kPa


ensaio 5H
Valor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de
1,00 curva estimada acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
0,90

Figura 4.17 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(5).

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000
2,80

2,60

2,40

2,20
Índice de vazios (e)

2,00 ensaio 6A

ensaio 6B
1,80
ensaio 6C

ensaio 6D (corpo de
1,60 prova remoldado)
ensaio 6E

ensaio 6F
1,40
ensaio 6G
σ'vm = 179kPa
ensaio 6H Valor médio obtido dos ensaios de
1,20 qualidade "regular" a "excelente" de
curva estimada acordo com a classificação de
Coutinho (2007).

1,00

Figura 4.18 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(6).

80
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
2,70

2,50

2,30

2,10
Índice de vazios (e)

1,90 ensaio 7A

ensaio 7B
1,70
ensaio 7C

ensaio 7D (corpo de
1,50 prova remoldado)
ensaio 7E

ensaio 7F
1,30
ensaio 7G
σ'vm = 153kPa
ensaio 7H Valor médio obtido dos ensaios de
1,10 qualidade "regular" a "excelente" de
curva estimada acordo com a classificação de
Coutinho (2007).

0,90

Figura 4.19 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(7).

Ao realizar as comparações das curvas de compressibilidade “estimadas” com as


curvas “indeformadas” apresentadas nas figuras 4.15 a 4.19, deve-se ter em mente que
mais importante que a coincidência das curvas no espaço “σ’v x e”, é que as mesmas
sejam tais que para um mesmo incremento de tensão vertical efetiva obtenha-se uma
variação de índice de vazios semelhante, visto que no cálculo de recalques o que
importa são variações e não valores absolutos. Também se deve lembrar que na curva
estimada o trecho de compressão virgem é o que Schmertmann (1955) chamou de “reta
inicial de compressão virgem”, que tem a inclinação correspondente às tensões logo
superiores à de pré-adensamento.
Isso significa que, para fins práticos, a comparação dos resultados pode ser
realizada em termos de valores de σ’vm, Cr, Cc e Ce. No caso deste trabalho, em que a
curva de compressibilidade foi estimada já com base no valor conhecido de σ’vm, o
mesmo não entra na comparação, conforme é realizado na tabela 4.6 para todas as
amostras.

81
Tabela 4.6 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas
“indeformadas” com os da curva estimada com σ’vm conhecida.
Cc Cr Ce
Amostra Diferença Diferença Diferença
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
percentual percentual percentual
SRA-203(3) 0,75 1,25 +66% 0,12 0,06 -54% 0,05 0,06 +3%
SRA-203(4) 1,78 1,81 +1% 0,16 0,15 -7% 0,14 0,15 +8%
SRA-203(5) 1,53 1,62 +6% 0,17 0,11 -37% 0,11 0,11 0%
SRA-203(6) 2,27 2,37 +4% 0,19 0,10 -47% 0,16 0,10 -35%
SRA-203(7) 2,13 1,80 -16% 0,24 0,13 -45% 0,12 0,13 +14%
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a
classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.2).

(2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva “amolgada” pelo
método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-adensamento das amostras
indeformadas.

A análise dos dados da tabela 4.6, que podem ser visualizados nas figuras 4.15 a
4.19 já apresentadas, permite as seguintes conclusões:

1) A hipótese assumida por Schmertmann (1955) de que o índice de


descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela perturbação da mesma é
confirmada, uma vez que, para quatro das cinco amostras, os valores de Ce (obtidos dos
ensaios com corpos de prova indeformados) e Ce,amolg (obtidos dos ensaios com corpos
de prova remoldados) são praticamente iguais, e para a amostra SRA-203(6) a diferença
entre eles é de 35%.

2) A hipótese de que o índice de recompressão (Cr) e o índice de descompressão


(Ce) da amostra indeformada são praticamente iguais não se adequou tão bem aos
ensaios realizados. Para todas as amostras o Cr obtido foi superior ao Ce, sendo que em
duas amostras o Cr chega a ser o dobro do Ce. Mas é importante ressaltar que neste
trabalho o Ce foi obtido a partir de um trecho de descompressão relativamente curto
(descarregamento de 800 a 200kPa) enquanto nos ensaios apresentados por
Schmertmann este trecho é mais longo, o que certamente é uma das causas da diferença
encontrada.
Entretanto, deve-se ter em mente que devido ao Cr ter um valor pequeno em
relação ao Cc ( Cc ≅ 10Cr ), pela ordem de grandeza dos erros encontrados nos valores

82
estimados de Cr, os mesmos tem pequena influência na aplicação do método de
Schmertmann (1955) e na própria prática da engenharia.

3) Com exceção da amostra SRA-203(3), o índice de compressão (Cc) das


amostras indeformadas apresentou uma boa concordância com os valores de Cc das
curvas estimadas (lembrando que a curva foi estimada com o valor de tensão de pré-
adensamento conhecido).

Pode-se concluir, para os ensaios apresentados, que o grande empecilho à


utilização do método proposto por Schmertmann (1955) consiste na determinação da
tensão de pré-adensamento a partir da curva “amolgada”, visto que, uma vez
determinado este valor, as curvas estimadas concordaram bem com as curvas
“indeformadas”.

4.2.3 Argila do Sarapuí


No caso da argila do Sarapuí se dispõe de duas amostras (extraídas das
profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m) para as quais foram realizados, além
dos ensaios edométricos com corpos de prova indeformados, dois ensaios com corpos
de prova remoldados (completamente amolgados) e outros dois ensaios com corpos de
prova “indeformados” de má qualidade (amolgados).
Com isso, para cada amostra, poderia-se aplicar o metódo de Schmertmann
(1955) aos dois ensaios com corpos de prova remoldados e aos dois ensaios com corpos
de prova de má qualidade. Entretanto, como pode ser observado nas figuras 3.12 e 3.13,
as curvas de compressibilidade dos seguintes pares de ensaios apresentam-se
razoalvemente semelhantes entre si: AV14-5 e AV16-5, AV13-5 e AV15-5, AV4-10 e
AV1-5, AV7-5 e AV6-10. Portanto, a aplicação do método de Schmertmann (1955) às
duas curvas de cada par seria desnecessária, não trazendo informações adicionais. Por
isso optou-se por aplicar o método apenas ao primeiro ensaio de cada um dos pares
apresentados acima.
Primeiramente são apresentados os resultados das estimativas da curva
indeformada a partir dos ensaios com corpos de prova remoldados, a saber: ensaio
AV14-5 para a amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m e ensaio AV13-5 para a amostra
da profundidade de 6,5 a 7,0m.

83
Nas figuras 4.20 e 4.22, para cada uma das duas amostras são apresentadas as
curvas de compressibilidade estimadas para valores arbitados de tensão de pré-
adensamento, bem como os respectivos “padrões de redução de índice de vazios”.
Nas figuras 4.21 e 4.23 são apresentados para cada uma das duas amostras as
“curvas de simetria” correspondentes aos “padrões de redução do índice de vazios”
apresentados nas figuras mencionadas no parágrafo anterior, além de “curvas de
simetria” para valores de σ’vm intermediários.

84
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
3,80

3,60 E(σ'v0=22kPa)

3,40

3,20

3,00

2,80
índice de vazios (e)

curva
2,60 "amolgada"
(ensaio AV14-5)
2,40

2,20

2,00

1,80 PADRÃO DE REDUÇÃO DE e

1,60

1,40 i
1,20

1,00

0,80
Figura 4.20 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados
de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV14-5).

1,0

0,9
σ'vm = 31kPa
Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
0,8

0,7
σ'vm=22kPa
R

0,6

σ'vm=30kPa
0,5
σ'vm=35kPa

0,4
σ'vm=40kPa

σ'vm=50kPa
0,3
σ'vm=60kPa

0,2
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.21 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para
valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente
remoldado AV14-5).

85
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
3,40
E(σ'v0=25kPa)
3,20

3,00

2,80

2,60
índice de vazios (e)

2,40
curva
"amolgada"
2,20 (ensaio AV13-5)

2,00

1,80
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
1,60

1,40
i
1,20

1,00

0,80
Figura 4.22 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para valores arbitrados
de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV13-5).

1,0

0,9
σ'vm = 36kPa
Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
0,8

0,7
R

0,6

σ'vm=25kPa
0,5
σ'vm=30kPa

0,4 σ'vm=35kPa
σ'vm=40kPa

0,3 σ'vm=50kPa

σ'vm=60kPa
0,2
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.23 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para
valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente
remoldado AV13-5).

86
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
3,80
E(σ'v0=22kPa)
3,60

3,40

3,20
curva
"amolgada"
3,00 (ensaio AV4-10)
índice de vazios (e)

2,80

2,60

2,40
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
2,20

2,00

1,80

1,60

1,40 i

1,20
Figura 4.24 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados
de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV4-10).

1,6

σ'vm = 31kPa
Valor médio obtido dos ensaios com
1,4 corpos de prova indeformados

1,2

σ'vm=25kPa

1,0
σ'vm=30kPa
R

σ'vm=35kPa
0,8
σ'vm=40kPa

0,6 σ'vm=50kPa

σ'vm=60kPa

0,4

0,2
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.25 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para
valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má
qualidade AV4-10).

87
tensão vertical efetiva (σ'v)
1 10 100 1000
3,40
E(σ'v0=25kPa)
3,20

3,00

2,80
curva
"amolgada"
2,60 (ensaio AV7-5)
índice de vazios (e)

2,40

2,20

2,00
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
1,80

1,60

1,40
i
1,20

1,00

0,80
Figura 4.26 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução
do índice de vazios” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para valores arbitrados
de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV7-5).

1,6

σ'vm = 36kPa
Valor médio obtido dos ensaios com
1,4 corpos de prova indeformados

1,2

σ'vm=25kPa
1,0

σ'vm=30kPa
R

0,8 σ'vm=35kPa

σ'vm=40kPa

0,6
σ'vm=50kPa

σ'vm=60kPa
0,4

0,2
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
1 − Δe/Δemáx
Figura 4.27 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para
diferentes valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova
“indeformado” de má qualidade AV7-5).

88
A análise das “curvas de simetria” obtidas a partir dos corpos de prova
completamente remoldados (AV14-5 e AV13-5) e dos corpos de prova “indeformados”
de má qualidade (AV4-10 e AV7-5) em conjunto dos valores das tensões de pré-
adensamento obtidas nos ensaios “indeformados” realizados com a argila de Sarapuí
permitem as seguintes observações:

1) Tanto para os corpos de prova totalmente remoldados quanto para os


“indeformados” de má qualidade as “curvas de simetria” não apresentaram o padrão de
comportamento observado para a argila de Santos ao se variar os valores arbitrados de
tensão de pré-adensamento.

2) Tanto para os corpos de prova totalmente remoldados quanto para os


“indeformados” de má qualidade não foi distinguido nenhum comportamento
característico das “curvas de simetria” para valores arbitrados de σ’vm próximos ao valor
real.
Apesar de no ensaio de má qualidade AV7-5 a “curva de simetria” para o valor
arbitrado de σ’vm próximo ao real (36kPa) ter apresentado valores de R próximos de 1
(simetria), para o ensaio AV4-10 a “curva de simetria” com valores de R próximos a 1
corresponde ao valor arbitrado de 40kPa para σ’vm, enquanto o valor real (média dos
ensaios “indeformados”) é de 31kPa.

3) Para as estimativas a partir dos corpos de prova “indeformados” de má


qualidade obtiveram-se “curvas de simetria” com valores de R maiores (chegando a
serem superiores a 1) e com menor variação que no caso dos corpos de prova totalmente
remoldados.

Esta análise mostra que para a argila do Sarapuí não foi possível propor um
critério de avaliação das “curvas de simetria” para estimativa da tensão de pré-
adensamento.
Talvez, para os ensaios “indeformados” de má qualidade, uma estimativa
razoável da tensão de pré-adensamento possa ser o valor arbitrado que no padrão de
simetria fornece valores de R próximos a 1, visto que este critério levou ao valor de σ’vm
correto para o ensaio AV7-5, e para o ensaio AV4-10 obteve-se um valor estimado de

89
σ’vm que, frente às incertezas envolvidas, não apresenta uma diferença tão grande em
relação ao valor real.
Nas figuras 4.28 a 4.31 a seguir são apresentados num mesmo gráfico para cada
um dos ensaios analisados:

a) as curvas de compressibilidade de ensaios com corpos de prova


“indeformados”,

b) a curva do corpo de prova a partir da qual foi realizada a estimativa e

c) a curva estimada pelo método de Schmertmann (1955) a partir do


conhecimento do valor da tensão de pré-adensamento real.

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000

3,70

3,50 σ'vm = 31kPa


Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
3,30

3,10

2,90

2,70
Índice de vazios (e)

2,50
ensaio AV3-5
2,30
ensaio AV11-5
2,10

ensaio AV14-5
1,90
(remoldado)

1,70 curva estimada

1,50

1,30

1,10

0,90

Figura 4.28 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada a partir do ensaio “remoldado” (AV14-5), para a amostra de
5,5m a 6,0m de profundidade.

90
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000

3,70

3,50 σ'vm = 31kPa


Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
3,30

3,10

2,90

2,70
Índice de vazios (e)

2,50
ensaio AV3-5
2,30
ensaio AV11-5
2,10

ensaio AV4-10
1,90
(má qualidade)

1,70 curva estimada

1,50

1,30

1,10

0,90

Figura 4.29 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “de má


qualidade” e estimada a partir do ensaio “de má qualidade” (AV4-10), para a amostra de
5,5m a 6,0m de profundidade.

Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)


1 10 100 1000
3,60

3,40
σ'vm = 36kPa
3,20 Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.

3,00

2,80

2,60
Índice de vazios (e)

2,40

2,20 ensaio AV8-5

2,00 ensaio AV9-5

1,80 ensaio AV10-10

ensaio AV13-5
1,60 (remoldado)
curva estimada
1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

Figura 4.30 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”,


“amolgada” e estimada a partir do ensaio “remoldado” (AV13-5), para a amostra de
6,5m a 7,0m de profundidade.

91
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
1 10 100 1000
3,60

3,40
σ'vm = 36kPa
3,20 Valor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.

3,00

2,80

2,60
Índice de vazios (e)

2,40

2,20 ensaio AV8-5

2,00 ensaio AV9-5

1,80 ensaio AV10-10

ensaio AV7-5 (má


1,60 qualidade)
curva estimada
1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

Figura 4.31 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “de má


qualidade” e estimada a partir do ensaio “de má qualidade” (AV7-5), para a amostra de
6,5m a 7,0m de profundidade.

Tabela 4.7 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas


“indeformadas” com os da curva estimada a partir do ensaio com corpo de prova
remoldado.
Profun- Cc Cr Ce
didade da
Diferença Diferença Diferença
amostra (1) (2) (1) (2) (1) (2)
percentual percentual percentual
(m)
5,5 a 6,0 2,40 2,56 +7% 0,20 0,26 +33% 0,28 0,26 -7%
6,5 a 7,0 2,37 2,70 +14% 0,11 0,28 +160% 0,23 0,28 +22%
7,5 a 8,0 2,54 - - 0,13 - - 0,27 - -
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a
classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3).

(2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva do ensaio com corpo
de prova remoldado pelo método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-
adensamento das amostras indeformadas.

92
Tabela 4.8 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas
“indeformadas” com os da curva estimada a partir do ensaio com corpo de prova de má
qualidade.
Profun- Cc Cr Ce
didade da
Diferença Diferença Diferença
amostra (1) (2) (1) (2) (1) (2)
percentual percentual percentual
(m)
5,5 a 6,0 2,40 2,13 -11% 0,20 0,23 +18% 0,28 0,23 -18%
6,5 a 7,0 2,37 2,13 -10% 0,11 0,21 +95% 0,23 0,21 -9%
7,5 a 8,0 2,54 - - 0,13 - - 0,27 - -
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a
classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3).

(2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva do ensaio com corpo
de prova de má qualidade pelo método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-
adensamento das amostras indeformadas.

A análise dos dados das tabelas 4.7 e 4.8, que podem ser visualizados nas figuras
4.28 a 4.31 já apresentadas, permite as seguintes conclusões:

1) Assim como para a argila de Santos, a hipótese assumida por Schmertmann


(1955) de que o índice de descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela
perturbação da mesma é confirmada, uma vez que, tanto para os ensaios “remoldados”
quanto para os de “má qualidade”, os valores de Ce (dos corpos de prova indeformados)
e Ce,amolg (dos corpos de prova amolgados) são praticamente os mesmos.

2) Assim como para a argila de Santos, a hipótese de que os índices de


recompressão (Cr) e descompressão (Ce) da amostra indeformada são praticamente
iguais não se adequou tão bem aos ensaios realizados. Mas diferentemente da argila de
Santos, para todas as três amostras do Sarapuí o Ce obtido foi superior ao Cr, sendo que
em duas amostras o Ce chega a ser o dobro do Cr.

3) O índice de compressão (Cc) das amostras indeformadas apresentaram uma


diferença em relação aos valores de Cc das curvas estimadas inferior a 15%, sendo que
os valores de Cc estimados a partir da amostra remoldada foram superiores aos da

93
amostra indeformada, e os estimados a partir da amostra de má qualidade foram
inferiores a estes últimos.

Na figura 4.32, a seguir, é apresentada uma comparação entre os valores


estimados de Cc (conhecido o valor de σ’vm) e os valores obtidos dos respectivos ensaios
“indeformados”, tanto para a argila do Sarapuí quanto para a de Santos.

3,00
Argila de Santos
Argila do Sarapuí (amostras "remoldadas")
Argila do Sarapuí (amostras de má qualidade)

2,50

2,00
Cc estimado

1,50

1,00

0,50

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Cc "indeformado"

Figura 4.32 Comparação entre os valores de Cc “indeformados” e estimados (conhecido


o valor de σ’vm).

4.2.4 Conclusões sobre a avaliação do método de Schmertmann (1955)


A análise das tentativas de estimativa das curvas de compressibilidade
“indeformadas” a partir das “amolgadas” para as argilas de Santos e do Sarapuí
utilizando o método proposto por Schmertmann (1955) permitem as seguintes
conclusões gerais:

1) Encontrou-se dificuldade em estimar a tensão de pré-adensamento pela


análise da simetria do “padrão de redução do índice de vazios” devido à dificuldade de

94
avaliação da simetria de tal gráfico apenas de forma visual, o que impediu de se
continuar com a estratégia imaginada inicialmente de estimar as curvas de
compressibilidade a partir de ensaios amolgados e de compará-las com as curvas
“indeformadas”.

2) Criou-se a “curva de simetria” para tentar contornar a dificuldade exposta


acima de avaliação da simetria do “padrão de redução de índice de vazios”, e as mesmas
foram construídas a partir do conhecimento de σ’vm (obtidos dos ensaios com os corpos
de prova indeformados) para tentar observar algum padrão, de forma que se pudesse
estabelecer um critério para estimar σ’vm pela análise da “curva de simetria”.

3) Para a argila de Santos conseguiu-se estabelecer um critério do tipo


supracitado com boa repetibilidade.

4) Para a argila do Sarapuí o critério obtido para a argila de Santos não se


aplicou.

5) Para as estimativas a partir das amostras “indeformadas” de má qualidade do


Sarapuí, uma “curva de simetria” com valores de R próximos a 1 levou a valores
razoavelmente próximos de σ’vm.

6) A hipótese assumida por Schmertmann (1955) de que o índice de


descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela perturbação da mesma foi
confirmada tanto para a argila de Santos quanto para a de Sarapuí.

7) Para fins práticos, a hipótese de que os índices de recompressão (Cr) e


descompressão (Ce) da amostra indeformada são praticamente iguais aplicou-se
razoavelmente bem tanto para a argila de Santos quanto para a de Sarapuí.

8) As curvas estimadas a partir do valor conhecido de σ’vm apresentaram valores


de Cc próximos aos das amostras indeformadas, conforme pode ser visto na figura 4.32
e nas tabelas 4.6, 4.7 e 4.8. Então, uma vez estimado um valor de σ’vm próximo ao real,
a curva de compressão edométrica estimada apresenta bons resultados. Portanto, a

95
estimativa da tensão de pré-adensamento foi a principal dificuldade encontrada para
aplicação do método de Schmertmann (1955).

4.3 Avaliação da estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada


(Cc, remold) a partir de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos
grãos (G)
A proposta de Atikson & Bransby (1978) de estimativa do Cc de uma amostra
remoldada (Cc,remold) a partir de seu índice de plasticidade (IP) e da densidade de seus
grãos (G) é avalida neste trabalho para as argilas de Santos e do Sarapuí.
O valor de Cc,remold de cada amostra é estimado a partir de seu IP e de G pela
equação 2.9, reproduzida abaixo, e o resultado é comparado com o Cc obtido do ensaio
de compressão edométrica realizado com o corpo de prova remoldado da mesma
amostra.

G ⋅ IP
Cc , remold =
2

Para a argila de Santos foram realizados ensaios edométricos com corpos de


prova remoldados apenas das amostras SRA-203(3) a SRA-203(7). Para a argila do
Sarapuí estes ensaios foram realizados apenas com as amostras das profundidades de
5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m.
A tabela 4.9 e o gráfico da figura 4.33 resumem os resultados encontrados.

96
Tabela 4.9 Comparação entre os valores do Cc,remold estimados pela proposta de Atikson
& Bransby (1978) e obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados.
Cc,remold
Ensaio Obtido do
Origem Esti- Dife-
IP com corpo ensaio com
da Amostra G de prova mado a rença
(%) corpo de
amostra remoldado prova
partir de percen-
IP e de G tual
remoldado
45 2,64 0,59 -11%
SRA-203(3) 3D 0,67
45 2,63 0,59 -12%
69 2,60 0,90 0%
SRA-203(4) 4D 0,90
70 2,60 0,91 +1%
Santos
77 2,62 1,01 +53%
SRA-203(5) 5D 0,66
81 2,65 1,07 +63%
SRA-203(6) 82 2,53 6D 1,17 1,04 -11%
SRA-203(7) 80 2,55 7D 0,95 1,02 +7%
prof. 5,5m a AV14-5 1,07 +6%
6,0m AV16-5 1,16 -3%
Sarapuí 90 2,51 1,13
prof. 6,5m a AV13-5 0,96 +18%
7,0m AV15-5 1,07 +6%

1,20

1,00

0,80
IP.G / 2

0,60

SANTOS
0,40
SARAPUÍ

0,20

0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Cc,remold

Figura 4.33 Comparação entre os valores do Cc,remold estimados pela proposta de


Atikson & Bransby (1978) e obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados.

97
Pode-se observar que os valores de Cc,remold estimados pela proposta de Atikson
& Bransby apresentaram uma notável concordância com os valores obtidos dos ensaios
de compressão edométrica com corpos de prova remoldados. Embora o número de
amostras avalidas seja pequeno, os resultados encontrados chamam a atenção.
Uma estimativa do Cc,remold de uma amostra a partir de seu IP e de G, parâmetros
obtidos de ensaios amplamente realizados, seria útil na avaliação da qualidade de
amostras de argila mole, uma vez que quanto mais amolgada for a amostra, mais o seu
Cc se aproximará do Cc,remold. Com este intuito foi realizada uma verificação da relação
entre a sensibilidade do índice de compressão (Cc) ao amolgamento da amostra e seu
índice de plasticidade (IP). A sensibilidade do índice de compressão ao amolgamento é
quantificada pela razão entre o Cc da amostra indeformada e o Cc da amostra remoldada
(Cc,remold), ou seja, quanto maior for esta razão mais o índice de compressão da amostra
é influenciado pelo seu amolgamento.
Espera-se que o índice de compressão da amostra remoldada (Cc,remold) seja o
menor valor de Cc que a amostra pode apresentar, pois este é o estado mais perturbado
(amolgado) em que a mesma pode se encontrar. Desta forma, espera-se que o valor
mínimo da razão Cc/Cc,remold seja igual a 1.
Na tabela 4.10 são apresentados os valores e na figura 4.34 é apresentada a
plotagem “IP x Cc/Cc,remold” para os ensaios de compressão edométrica realizados com
as argilas de Santos e do Sarapuí, sendo que foram utilizados apenas os valores de Cc
obtidos em ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” de acordo
a classificação de Coutinho (2007) (ver tabelas 4.2 e 4.3).

98
Tabela 4.10 Relação entre a sensibilidade do Cc da argila ao amolgamento e seu IP.
Ensaios com corpos de Ensaios com corpos de
Origem prova indeformados prova remoldados Cc
IP
da Amostra
(%) Corpo de Cc ,remold
amostra Ensaio Cc prova
Cc,remold
3A 0,80 1,19
45 3B 0,86 1,28
3C 0,66 0,99
SRA-203(3) 3E 0,78 3D 0,67 1,16
3F 0,72 1,07
45
3G 0,77 1,15
3H 0,69 1,03
4A 1,91 2,12
69 4B 1,73 1,92
4C 1,89 2,10
SRA-203(4) 4E 1,72 4D 0,90 1,91
4F 1,69 1,88
70
4G 1,69 1,88
4H 1,86 2,07
5A 1,56 2,36
77 5B 1,53 2,32
5C 1,42 2,15
Santos SRA-203(5) 5D 0,66
5F 1,56 2,36
81 5G 1,28 1,94
5H 1,44 2,18
6A 2,22 1,90
6B 2,18 1,86
6C 2,37 2,03
SRA-203(6) 82 6E 2,23 6D 1,17 1,91
6F 2,35 2,01
6G 1,93 1,65
6H 2,44 2,09
7A 2,06 2,17
80 7B 1,96 2,06
7C 1,73 1,82
SRA-203(7) 7E 2,29 7D 0,95 2,41
80 7F 2,24 2,36
7G 2,27 2,39
7H 2,39 2,52
AV14-5 1,07 2,21
AV2-10 2,36
AV16-5 1,16 2,03
AV14-5 1,07 2,34
AV3-5 2,50
prof. 5,5m a AV16-5 1,16 2,16
6,0m AV14-5 1,07 2,21
AV11-5 2,36
AV16-5 1,16 2,03
AV14-5 1,07 2,21
AV12-10 2,36
AV16-5 1,16 2,03
Sarapuí 90
AV13-5 0,96 2,35
AV5-10 2,26
AV15-5 1,07 2,11
AV13-5 0,96 2,50
AV8-5 2,40
prof. 6,5m a AV15-5 1,07 2,24
7,0m AV13-5 0,96 2,50
AV9-5 2,40
AV15-5 1,07 2,24
AV13-5 0,96 2,50
AV10-10 2,40
AV15-5 1,07 2,24

99
3,00
SANTOS
SARAPUÍ

2,50

2,00
Cc / Cc,remold

1,50

Limite inferior para razão Cc/Cc,remold


1,00

0,50

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
IP (%)
Figura 4.34 Relação entre a sensibilidade do índice de compressão (Cc) ao
amolgamento da amostra e seu índice de plasticidade (IP).

No gráfico da figura 4.34 observa-se uma clara tendência de aumento da razão


Cc/Cc,remold da amostra com o aumento de seu índice de plasticidade (IP).
Este resultado pode ser interpretado pela relação existente entre a estruturação de
uma argila e seus valores de IP e Cc.
O índice de plasticidade (IP) é influenciado pelo nível de estruturação da argila.
Quanto mais estruturada é uma argila, mais ampla é a faixa de teores de umidade para a
qual a mesma tem capacidade de se encontrar em estado plástico, ou seja, maior é o seu
índice de plasticidade (IP).
Uma argila mais estruturada tende a apresentar maior compressibilidade,
resultando num maior valor de Cc.
Quando a amostra é remoldada ela perde a sua estrutura. Portanto, esta perda é
tão mais acentuada quanto maior for a estruturação que a amostra apresenta quando
indeformada e, consequentemente, quanto maior for o seu IP.

100
4.4 Verificação das propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o
teor de umidade natural (w) de argilas moles
Nas tabela 4.11 e 4.12 são apresentados os valores e no gráfico da figura 4.35 é
apresentada a plotagem “Cc vs. w” para os ensaios de compressão edométrica realizados
tanto com amostras “indeformadas” quanto com amostras remoldadas das argilas de
Santos e do Sarapuí.
No mesmo gráfico são apresentadas as retas que representam as correlações
propostas por Almeida et al. (2008) e Martins et al. (2009).

Tabela 4.11a Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da
argila de Santos.
Qualidade do
Ensaio Cc w (%)
corpo de prova
1A 0,48 48,5
1B 0,46 50,8
1C 0,51 51,3
1D 0,57 51,3
3A 0,80 57,1
3B 0,86 65,1
3C 0,66 59,5
3E 0,78 54,6
3F 0,72 54,8
3G 0,77 53,9
3H 0,69 51,4
4A 1,91 85,8
4B 1,73 87,7
4C 1,89 83,3
“Indeformados” 4E 1,72 85,5
de qualidade
4F 1,69 83,1
“Excelente” a
4G 1,69 82,6
“Regular”
4H 1,86 86,2
5A 1,56 77,7
5B 1,53 78,6
5C 1,42 80,2
5E 1,64 82,8
5F 1,56 82,2
5H 1,44 81,0
6A 2,22 100,1
6B 2,18 101,5
6C 2,37 105,9
6E 2,23 95,6
6F 2,35 97,9
6G 1,93 93,0
6H 2,44 98,0

101
Tabela 4.11b Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da
argila de Santos.
Qualidade do
Ensaio Cc w (%)
corpo de prova
7A 2,06 90,6
7B 1,96 95,8
7C 1,73 84,1
7E 2,29 100,0
7F 2,24 95,7
7G 2,27 96,5
7H 2,39 99,6
8A 1,67 83,5
8B 1,54 84,1
“Indeformados” 8C 1,76 79,5
de qualidade 8D 1,76 82,7
“Excelente” a 8E 1,82 81,2
“Regular” 8F 1,85 83,4
9A 1,41 74,4
9B 1,46 77,2
9C 1,46 76,8
9D 1,50 75,5
9E 1,63 75,8
9F 1,41 74,9
10A 1,80 70,4
10B 1,86 74,7
10C 1,87 79,8
10E 1,60 74,6
“Indeformados” 5G 1,28 84,9
10D 1,61 75,1
de qualidade 10F 1,70 72,7
“Pobre” 11A 0,30 36,4
11B 0,31 36,7
Remoldados 3D 0,67 66,5
4D 0,90 86,6
(completamente 5D 0,66 79,4*
amolgados) 6D 1,17 100,7
7D 0,95 84,2
* Tomada como a média das umidades dos corpos de prova dos ensaios 5B e 5C.

102
Tabela 4.12 Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da
argila de Sarapuí.
Qualidade do
Ensaio Cc w (%)
corpo de prova
AV2-10 2,36 149,3
AV3-5 2,50 148,4
AV11-5 2,36 138,5
AV12-10 2,36 148,9
“Indeformados” AV5-10 2,26 137,0
de boa AV8-5 2,40 129,2
qualidade AV9-5 2,40 131,5
AV10-10 2,40 137,4
AV17-5 2,39 131,6
AV18-5 2,75 132,1
AV19-5 2,47 131,0
“Indeformados” AV1-5 1,49 149,6
de má AV4-10 1,33 144,5
qualidade AV6-10 1,17 143,7
(amolgados) AV7-5 1,15 133,7
AV14-5 1,07 142,8
Remoldados
AV16-5 1,16 144,7
(completamente
AV13-5 0,96 133,5
amolgados)
AV15-5 1,07 134,6

SANTOS - Amostras indeformadas


3.0 SANTOS - Amostras de má qualidade
SANTOS - Amostras remoldadas
SARAPUÍ - Amostras indeformadas
SARAPUÍ - Amostras de má qualidade
2.5 SARAPUÍ - Amostras remoldadas
Almeida et al. (2008)
Martins et al. (2008)
Índice de compressão, Cc

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
0 50 100 150 200
Teor de umidade natural , w (%)
Figura 4.35 Gráfico “Cc x w” para as argilas de Santos e do Sarapuí, e propostas de
Almeida et al. (2008) e Martins et al. (2009).

103
Vale ressaltar que as duas propostas apresentadas no item 2.6 da revisão
bibliográfica e na figura 4.35 são para estimativa do Cc da amostra indeformada. Os
resultados dos ensaios edométricos realizados com amostras remoldadas e
“indeformadas” de má qualidade foram apresentados apenas com o intuito de mostrar a
influência que o amolgamento das amostras poderia acarretar nesta correlação.
A análise dos resultados apresentados permite as seguintes conclusões:

1) Pelas próprias equações das duas propostas, observa-se que a diferença


relativa entre as duas é mais acentuada para teores de umidade baixos, diminuindo com
o aumento da umidade. Para a faixa de valores de umidade analisada neste trabalho
(entre 35% e 150%) essa diferença varia de 100% a 20% entre os valores de Cc
estimados pelas duas equações.

2) Para as amostras com menor teor de umidade (menor que 70%),


correspondente às amostras mais arenosas, a proposta de Almeida et al. (2008) se
adapta melhor aos resultados.

3) Para as amostras com teor de umidade superior a 70% a proposta de Martins


et al. (2009) se adapta melhor aos resultados, sendo que a grande maioria dos valores de
Cc obtidos experimentalmente são superiores aos valores estimados

4) Os resultados dos ensaios realizados com amostras remoldadas e


“indeformadas” de má qualidade da argila de Santos se aproximaram mais da correlação
proposta por Almeita et al. (2008).

104
5 CONCLUSÕES

1) Encontrou-se dificuldade na aplicação do método de Schmertmann (1955) na


etapa de estimativa da tensão de pré-adensamento da amostra. Quando o método foi
aplicado com a tensão de pré-adensamento conhecida, os demais parâmetros de
compressibilidade obtidos pelo mesmo se ajustaram bem aos obtidos em ensaios com
corpos de prova indeformados. Portanto, o entrave à aplicação do método residiu na
estimativa da tensão de pré-adensamento a partir do ensaio “amolgado”.
Para estimativa de σ’vm pela avaliação da simetria do “padrão de redução do
índice de vazios”, foi proposta a utilização da “curva de simetria”. Para as amostras
remoldadas da argila de Santos a “curva de simetria” apresentou um comportamento
característico para valores arbitrados de σ’vm próximos ao real. Para as amostras de má-
qualidade da argila do Sarapuí observou-se outro comportamento da “curva de
simetria”, diferente daquele observado nas amostras remoldadas da argila de Santos. Já
para as amostras remoldadas da argila do Sarapuí não se observou corportamento
característico algum.

2) A aplicação da proposta de Atkinson & Bransby (1978) para estimativa do


índice de compressão da amostra remoldada (Cc,remold) a partir de seu índice de
plasticidade (IP) e da densidade dos grãos (G), resultou em valores próximos aos
obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados das amostras analisadas.

Cc
3) A correlação obtida entre a razão e o IP das amostras analisadas
Cc ,remold

mostrou uma clara tendência de aumento da sensibilidade do Cc ao amolgamento com o


aumento do índice de plasticidade da amostra.

4) Na estimativa do Cc a partir do teor de umidade natural (w) das amostras, a


correlação proposta por Almeida et al. (2008) se adaptou melhor às amostras mais
arenosas (com teor de umidade inferior a 70%), enquanto a correlação proposta por
Martins et al. (2009) se adaptou melhor às amostras mais argilosas (com teor de
umidade superior a 70%). Para as amostras mais argilosas, a maioria dos valores de Cc
encontrados foram, em geral, superiores aos que seriam obtidos pela correlação de
Martins et al.
105
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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