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PRODUÇÃO MECÂNICA

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FRESAGEM

As peças a serem usinadas podem ter as mais variadas formas. Este poderia ser
um fator de complicação do processo de usinagem. Porém, graças à máquina
fresadora e às suas ferramentas e dispositivos especiais, é possível usinar
praticamente qualquer peça e superfícies de todos os tipos e formatos. A
operação de usinagem feita por meio da máquina fresadora é chamada de
fresagem.

Fresagem é o processo de usinagem com retirada de cavacos que permite


modificar as superfícies das peças. Para tanto, emprega-se uma ferramenta
multicortante (fresa) que gira enquanto a peça se desloca segundo uma trajetória
qualquer.

Método de ação da fresa

A fresa é uma ferramenta que possui vários dentes cortantes e que retira os
cavacos por meio de movimentos circulares.

Para cortar o material, os dentes da fresa têm a forma de uma cunha.

Os ângulos da fresa dependem do material e da peça a usinar.

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Para materiais não ferrosos de baixa dureza, tais como alumínio, bronze,
plásticos, etc., utilizamos fresa tipo W, por ter uma abertura de ângulo de cunha
menor (β = 57º), é menos resistente.

γ = saída = 25º
β = cunha = 57º
α = folga = 8º

Nos materiais de dureza média, como, por exemplo, aço até 700 N/mm² usamos
fresa tipo N (β = 73º) que é mais resistente que a fresa tipo W.
Tipo N

γ = saída = 10º
β = cunha = 73º
α = folga = 7º
Para materiais duros, quebradiços e aços com mais de 700 N/mm² usamos fresa
tipo H (β = 81º), que é mais resistentes que as fresas tipo W e N.

γ = saída = 5º
β = cunha = 81º
α = folga = 4º
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Ainda quanto às fresas tipo W, N e H, você deve estar se perguntando por que
uma tem mais dentes que outra. A resposta tem a ver com a dureza do material a
ser usinado.

Suponha que você deve usinar uma peça de aço. Por ser mais duro que outros
materiais, menor volume dele será cortado por dente da fresa. Portanto, menos
cavaco será produzido por dente e menos espaço para a saída será necessário.

Já maior volume por dente pode ser retirado de materiais mais macios, como o
alumínio. Neste caso, mais espaço será necessário para a saída de cavaco.

Um dos problemas em fresar materiais macios com fresa com muitos dentes é
que o cavaco fica preso entre os dentes e estes não são refrigerados
adequadamente. Isto acarreta o desgaste dos dentes e pode ainda gerar um mau
acabamento da peça.

De acordo com o método de ação da fresa, podemos ter uma fresagem tangencial
ou frontal, com movimentos discordantes ou concordantes.

Fresagem tangencial

Nesse tipo de fresagem, o eixo da fresa é paralelo à superfície que está sendo
usinada. O cavaco formado tem a forma de vírgula. A fresagem tangencial exige
um grande esforço da máquina e da fresa. No acabamento superficial não se
consegue baixa rugosidade.

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Fresagem frontal

Na fresagem frontal o eixo da fresa é perpendicular à superfície a ser usinada.

O cavaco possui uma espessura regular e a máquina é pouco exigida, porque a


força é distribuída em vários dentes em processo contínuo.

O acabamento superficial é melhor do que o conseguido com a fresagem


tangencial, e o volume de cavaco retirado por tempo, bem maior.

Movimento discordante

O avanço da peça é contrário ao sentido de rotação da fresa. Pode ser aplicado


em qualquer tipo de máquina. Em virtude da maior espessura do cavaco na saída
do dente, e das vibrações conseqüentes, não se consegue bom acabamento. O
volume de cavaco retirado por tempo é pequeno.

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Movimento concordante

O avanço da peça tem o mesmo sentido da rotação da fresa.

O corte do material é mais acentuado no início, o que oferece um melhor


acabamento do que o conseguido como o movimento discordante.

Com relação às forças de corte, a resultante tende a fixar a peça à mesa; daí o
seu emprego em peças de rigidez de fixação deficiente e difíceis de prender,
como no caso de chapas de pouca espessura.

É muito utilizado na abertura de rasgos de chavetas, cortes profundos e longos


em relação à largura da peça. Pode ser utilizado sem restrições nas máquinas de
acionamento hidráulico.

Existem restrições quando em máquinas de acionamento da mesa por fuso, visto


que a força tangencial de corte tende a puxar a peça no sentido da folga,
conforma a figura. Este problema pode acarretar danos à peça, à máquina e à
fresa.

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Tipos de fresas e aplicações

Existem muitos tipos de fresa e sua classificação pode ser feita através de vários
critérios.

Apresentaremos os tipos mais comuns de suas aplicações segundo norma DIN.

Fresas de perfil constante

São empregadas na usinagem de engrenagens, roscas e na execução de


trabalhos especiais de rasgos e canais com perfis diversos.

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Fresas planas

Utilizamos na fresagem de superfícies planas, rasgos e canais. Quanto ao corte,


temos dentes retos ou helicoidais.

Dependendo do tipo, atuam frontal ou tangencialmente.

Devemos efetuar a montagem de fresas helicoidais, que executam cortes


tangenciais, de forma que a força axial resultante esteja direcionada ao corpo da
máquina.

Fresas angulares

Utilizadas para fresagem de ranhuras em ângulos ou formação de perfis


prismáticos.

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Fresas para rasgos

Empregadas na execução de rasgos de chavetas, ranhuras retas ou em perfil T, e


em mesas de máquinas.

Fresa lima

Muito utilizadas em ferramentaria na confecção de moldes e matrizes que


necessitam cantos, rasgos e arestas com bom acabamento.

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Fresas de dentes postiços

Estas fresas, também chamadas de cabeçote fresador, possuem ferramentas


postiças de aço rápido ou pastilhas de metal duro que trabalham mediante um
tipo de fixação. As ferramentas postiças de aço rápido podem ser retiradas para a
afiação ou, ainda no caso de metal duro, podem ser reversíveis, pois já são
afiadas em todas as suas arestas de corte.

Após a montagem dessas ferramentas, devemos verificar a altura das arestas de


corte se quisermos obter um bom acabamento.

Nos cabeçotes com pastilhas reversíveis mais modernas, a fixação das pastilhas
é feita apenas pela ação de uma mola, auxiliada pela ação da resultante das
forças de corte.

Fresas para desbaste

Estas são fresas utilizadas para o desbaste de grande quantidade de material de


uma peça. Em outras palavras servem para a usinagem pesada.

Esta propriedade de desbastar grande quantidade de material é devida ao


seccionamento dos dentes, conforme figuras a seguir.

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A vida da fresa

Como toda ferramenta, a fresa também está submetida a desgaste. Esse


desgaste não é provocado somente pelo tempo efetivo de trabalho, mas também
pela qualidade de afiação, condições de trabalho e funcionamento dos órgãos das
máquinas.

A vida da fresa depende:

- Do material da peça e da ferramenta;

- Da afiação correta;

- Da seleção correta dos elementos de corte, Vc, avanço, profundidade de corte


e rpm;

- Da rigidez da peça e da máquina;

- Da montagem correta;

- Do uso correto de refrigeração.

Como evitar vibrações nas fresas:

- Centrar a fresa no seu eixo de giro;

- Montar a fresa próxima ao mancal e ao corpo da fresadora;

- Fazer a relação correta dos elementos de corte;

- Montar um volante solidário à árvore da fresadora;

- Utilizar fresas de passo dos dentes fresados ou alternar os dentes;

- Descentrar a fresa em relação à peça.

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Tipos de fresadoras

Fresadora universal

É assim chamada por sua grande versatilidade de operações. Seus movimentos


se processam em vários eixos e sentidos, e podem ser acoplados a ela vários
equipamentos e dispositivos.

Sua mesa pode ser posicionada até 45º, tanto à direita como à esquerda,
permitindo a fresagem de superfície s helicoidais.

Fresadora horizontal

É uma fresadora pouco versátil; sua árvore trabalha na horizontal e a mesa move-
se vertical e longitudinalmente. Alguns modelos são parecidos com a fresadora
universal, mas não inclinam a mesa e não recebem cabeçote vertical.

Normalmente é utilizada em peças de grandes dimensões, possui grande rigidez


e presta-se para execução de trabalhos pesados.

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Quando nas produções em série surgem peças de grande comprimento que


requerem fresagem, utilizam-se os modelos da figura, conforme as operações
necessárias.

Fresadora vertical

Esse tipo de fresadora, pouco versátil, presta-se a execução de trabalhos em


peças de grande altura. Trabalha normalmente com fresas frontais, executando
trabalhos de usinagem em vários ângulos, visto que seu cabeçote posse assumir
posicionamentos angulares.

Elementos de fixação e montagem

Existem muitos elementos de fixação de formas conhecidas. Na figuras a seguir


temos:

- Garras ou chapas de aperto e o conjunto de parafusos e porcas.

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- Fixação com garra e calço de altura regulável

- Fixação com garra de altura auto-ajustável

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- Montagem com garra e parafuso, com calço de altura escalonados.

- Montagem combinada onde, além de um sistema de fixação combinado, há


um regulador de altura que possibilita a fixação especial da peça.

- Fixação por intermédio de cunha de aperto.

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- Fixação através de morsa. A peça R tem a finalidade de afastar a peça a ser


usinada impedindo que a ferramenta entre em contato direto com o mordente
da morsa.

- Fixação em morsa utilizando os calços R para apoio da peça, possibilitando a


regulagem da altura desejada de corte. Os calços R devem ser temperados e
retificados.

- Montagem de uma peça numa morsa angular orientável, o que possibilita


excelentes recursos nesse tipo de fresagem.

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- Montagem para fresagem de superfície. É feita por meio de garras, calços,


parafusos. Existem protetores da peça na região de aperto.

Observação:

Nas pequenas e médias produções os lotes de peças nem sempre viabilizam a


construção de dispositivos; porém, podemos executar montagens combinadas
com igual função. Na figura a seguir vemos a fixação por meio de morsa e um
sistema traseiro de referência de medida fixa por garras

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Aparelho divisor

Quando se usinam peças cujas seções tem a forma de polígonos regulares, como
quadrados, hexágonos, etc., ou executam-se sulcos regularmente espaçados
como nas engrenagens, utilizam-se divisores universais.

Os divisores universais podem executar um grande número de divisões diretas ou


indiretas em função da relação, onde N é o número de divisões desejado e 40 é a
relação entre o pinhão e a coroa, ou seja, para 40 voltas no pinhão, a peça dá
uma volta completa. E n é o número de voltas necessárias.

Com este aparelho conseguimos divisões angulares muito precisas.

Acompanha os aparelhos divisores universais um jogo de três discos, os quais


possuem várias divisões através de carreiras de furos que permitem determinar
as frações de voltas.

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Questionário

1- Quais os ângulos (α, β, γ) para fresar alumínio, aço até 700N/mm² e aços com
mais de 700N/mm²?

2- Descreva os tipos de fresagem (tangencial, frontal) e as fresagens


discordantes e concordantes.

3- Classifique os tipos de fresas e suas aplicações.

4- Qual a velocidade de corte e avanço para fresar alumínio, com fresa de aço
rápido, cilíndrica para desbaste?

5- Qual é a fórmula para calcular a rpm na operação de fresar?

6- De quais fatores depende a vida útil da fresa e como evitar vibrações?

7- Dê exemplos de fixação e montagem das peças ao fresar.

8- Qual é a fórmula para executar divisões diretas e indiretas no divisor


universal?

9- Para 28 divisões, quantas voltas devem ser dadas e quantos furos contados
para um divisor cuja constante N é igual a 40?

10- Cite os tipos básicos de fresadoras e comente as características de cada uma.

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