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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

LE 405 D - FÍSICA EXPERIMENTAL III

RELATÓRIO 1: CIRCUITOS ELÉTRICOS

Responsável: Prof. Marcos Henrique Degani

Integrantes:
Nome: Filippo Tranchesi de Plato R.A: 173571
Nome: Israel Lucas R. de Macedo R.A: 237191
Nome: Julia Clara de Freitas R.A: 175607
Nome: Leandro Gonçalves Agapio da Silva R.A: 177619
Nome: Nicolas Kinoshita Lessa R.A: 242503
Nome: Samuel Vinícius Mello Campos R.A: 244199

Limeira
2022
RESUMO

O estudo consistiu na realização de experimentos com circuitos reais em laboratório, a


fim de se atestar a primeira Lei de Ohm. Esta lei define que, para um condutor à temperatura
constante, a razão entre a tensão e a corrente elétrica é equivalente a uma constante
denominada resistência. Com isso em mente, foram montados 2 circuitos, o primeiro com
resistores em série e o segundo com resistores em paralelo e, com a ajuda de um multímetro,
foram medidos os dados de correntes e tensão para os dois circuitos com diferentes tensões.
Com os dados registrados, foram feitas análises numéricas para o cálculo da resistência
equivalente e dos erros de medição, com o intuito de verificar se os valores encontrados
condizem com os esperados em teoria pela primeira Lei de Ohm.

OBJETIVOS

O objetivo do presente estudo consiste na comparação entre dois circuitos, um real,


experimentado em laboratório, e um teórico, simulado em softwares computacionais,
certificando-se das relações entre resistência, tensão e corrente para verificar a veracidade da
primeira Lei de Ohm, incluindo os erros de medição na análise e comparação dos circuitos.
Para garantir a abrangência do estudo, será analisado tanto circuito com resistências em série
quanto em paralelo.

INTRODUÇÃO

Em um dos campos da Física denominado eletromagnetismo, a abordagem de


fenômenos elétricos que envolvem cargas em movimento se dá, majoritariamente, pelo estudo
de circuitos elétricos. Nesse âmbito, é indispensável a compreensão dos conceitos de corrente
elétrica, diferença de potencial, resistência, entre outros, bem como das Leis de Ohm. A
corrente (I), medida em ampère (A ≡ C/s) no SI, nada mais é do que o fluxo de carga por uma
região do espaço, dependendo assim, da livre movimentação dos elétrons no material.
Existem correntes contínuas, cujo sentido não varia com o tempo, e correntes alternadas, que
apresentam oscilação de sentido. Já o potencial elétrico (V) se trata da energia potencial (U)
por unidade da carga de teste (q0), tendo como unidade o volt (V ≡ J/C). Para um condutor de
seção transversal uniforme por onde passa um campo elétrico (E) também uniforme, a
diferença de potencial (ΔV) é proporcional ao campo e se relaciona com a corrente da seguinte
forma:
Δ𝑉 = 𝑅 · 𝐼 (1)

2
sendo R a resistência do condutor. A resistência por sua vez, é medida em ohm (Ω ≡ V/A) e
pode ser vista como uma constante de proporcionalidade entre a voltagem e a corrente. A Lei
de Ohm afirma que a resistência é constante para uma ampla escala de tensões aplicáveis em
determinados materiais, como os metais (condutores).
Os resistores, frequentemente presentes em circuitos elétricos, são dispositivos para os
quais ocorre a transferência da energia gerada pela fonte, como uma bateria. Eles são capazes
de dividir e limitar correntes e tensões, de forma que, se convenientemente estudados em
diferentes combinações, contribuem para o bom funcionamento dos circuitos. Define-se uma
ligação de resistores em série quando estes elementos são ligados em sequência, levando a
corrente a percorrer um único caminho, como mostra a Figura 1. A resistência equivalente
(REq) para este tipo de associação, obtida pela Lei de Ohm, é dada por:

𝑅𝐸𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + ... + 𝑅𝑁 . (2)

Define-se uma ligação em paralelo quando os resistores entre dois pontos oferecem
possibilidades distintas de caminhos para a corrente percorrer, situação ilustrada na Figura 2.
Neste caso, a diferença de potencial é a mesma para todos os resistores envolvidos na
associação em paralelo. A resistência equivalente para este tipo de associação, obtida pela Lei
de Ohm, é dada por:
1 1 1 1 1
𝑅𝐸𝑞
= 𝑅1
+ 𝑅2
+ 𝑅3
+ ... + 𝑅𝑁
. (3)

Figura 1 - Associação de resistores em série Figura 2 - Associação de resistores em paralelo

Fonte: Toda Matéria. Fonte: Mundo Educação.

Um amperímetro consiste em um instrumento para medição da corrente elétrica, este


quando ideal possui resistência tecnicamente igual a zero, a fim de que, quando conectado a
determinado trecho de um circuito, receba toda a corrente disponível e possa medi-la. Já o
instrumento voltado para medição da diferença de potencial entre dois pontos denomina-se
voltímetro e tem a lógica de funcionamento oposta, um voltímetro ideal deve possuir uma
resistência que tende ao infinito, de modo que não divida a corrente elétrica quando conectado

3
entre dois pontos de um circuito, sendo assim capaz de aferir a diferença de potencial. Existe
também um aparelho denominado multímetro, que nada mais é do que a junção do
amperímetro, voltímetro e outros instrumentos de medição de natureza elétrica, esta
ferramenta é capaz de realizar medições tanto de corrente quanto de diferença de potencial,
além de outras medições.

METODOLOGIA

Em laboratório foram disponibilizados os seguintes materiais e dispositivos para fazer


o experimento: dois multímetros; uma fonte de corrente contínua; três resistores, sendo dois
deles de 1000,0 Ω (um com um erro de 5% e outro de 10%) e outro de 100,0 Ω; e um
protoboard.
Inicialmente, foi realizada a medição das resistências nominais dos resistores
fornecidos com o multímetro e foram registrados os valores encontrados. Em seguida, foi
montado o primeiro circuito no protoboard, colocando os resistores de 100,0 Ω e 1000,0 Ω em
série e ligando-os à fonte. Nessa conjuntura, foram realizadas 10 medições da corrente e da
tensão sobre o resistor, tudo isso através do multímetro nas funcionalidades de amperímetro e
voltímetro, respectivamente. As aferições foram feitas alterando os valores da fonte de 0,0 V a
10,0 V, sendo todos esses valores encontrados nos medidores anotados.
O próximo passo do experimento foi adicionar o outro resistor de 1000,0 Ω no
circuito, sendo colocado em paralelo com o resistor de 1000,0 Ω. As demais características do
circuito e medição foram mantidas. As 10 medições foram feitas e seus valores listados. Esses
valores de corrente e tensão registrados, com suas respectivas escalas de medição e erros,
foram colocados em uma planilha no software Excel. A partir disso, foram executados os
cálculos e gerados os gráficos necessários para o estudo de caso, expostos na seção de
Resultados e Discussões. Nas Figuras 3 e 4 são apresentados os distintos circuitos construídos
em laboratório para melhor análise.

4
Figura 3 - Circuito com 2 resistores Figura 4 - Circuito com 3 resistores

Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Baseado nos circuitos descritos (em série e em paralelo), será analisado seus
respectivos comportamentos conforme a variação da tensão fornecida pela fonte de
alimentação. Inicialmente, encontramos os valores reais da resistência dos resistores, com
seus respectivos erros, os quais foram calculados conforme as instruções do manual do
equipamento. Os dados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Valor nominal, valores reais, escala e erros dos resistores

Fonte: Autoria própria.

Para obtermos as resistências equivalentes de cada circuito, devemos calcular


utilizando as associações de resistores. O circuito 1, mostrado na Figura 3, inclui 2 resistores
em série, um com valor real de 997 ± 9 Ω e outro de 103,1 ± 1,1 Ω, e uma fonte variante de
10V. Com base nisso, calculamos a resistência equivalente do circuito em série através da
Equação (2), resultando em:
𝑅𝐸𝑞1 = (997 ± 9)Ω + (103, 1 ± 1, 1)Ω = (1100 ± 10)Ω . (4)

Enquanto isso, o circuito 2, como visto na Figura 4, consiste em dois resistores em


paralelo com valores reais de 997 ± 9 Ω e 983 ± 9 Ω, à medida que o restante do circuito
permanece inalterado. Dessa forma, efetuamos o cálculo da resistência equivalente por meio
da Equação (3), cujo resultado é:
−1 −1 −1
(𝑅𝐸𝑞, 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜) = (997 ± 9) + (983 ± 9) . (5)

5
−1
⇔ (𝑅𝐸𝑞, 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜) = (0, 001003±0, 000009) + (0, 001017±0, 000009) = (0, 002020±0, 000018)

⇔ 𝑅𝐸𝑞, 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = (495 ± 5)Ω . (6)

Somando-se com o resistor em série:


𝑅𝐸𝑞2 = (495 ± 5)Ω + (103, 1 ± 1, 1)Ω = (598 ± 6)Ω . (7)

Calculadas as resistências equivalentes para os circuitos, os resultados obtidos podem


ser observados na Tabela 2.

Tabela 2 - Valores das resistências equivalentes dos Circuitos em série e em paralelo

Fonte: Autoria própria.

Almejando o objetivo de verificar se os valores teóricos se comportam


adequadamente, construímos os circuitos 1 e 2 e realizamos 10 testes, observando a relação
entre a variação da tensão elétrica e da corrente. Os dados foram obtidos variando a tensão da
fonte de alimentação utilizada nos dois circuitos e as medições registradas da tensão e
corrente anotadas conforme a localização das medições apresentadas nas Figuras 3 e 4. As
informações experimentais averiguadas estão apresentadas nas Tabelas 3 e 4. Ademais, os
erros obtidos foram calculados através das informações no manual do multímetro.

Tabela 3 - Dados experimentais da tensão elétrica (V) e corrente (mA) do circuito em série

Fonte: Autoria própria.

6
Tabela 4 - Dados experimentais da tensão elétrica (V) e corrente (mA) do circuito em paralelo

Fonte: Autoria própria.

Com estes valores, também podemos plotá-los em um gráfico de corrente versus


tensão, obtendo uma reta de fórmula 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, correspondente à Equação (1), onde 𝑎 é
o coeficiente angular, que irá indicar a resistência equivalente do sistema, visto que este se
equivale à Lei de Ohm, já que é obtido da divisão da tensão pela corrente totais. O coeficiente
linear 𝑏, por sua vez, deve se aproximar de 0. Sabendo disso, temos o gráfico do circuito 1 na
Figura 5. O mesmo foi realizado para o circuito em paralelo, obtendo seu respectivo valor
para resistência equivalente do sistema, como pode ser visto na Figura 6.

Figura 5 - Tensão (V) em função da Corrente (mA) do circuito 1 (em série)

Fonte: Autoria própria.

7
Figura 6 - Tensão (V) em função da Corrente (mA) do circuito 2 (em paralelo)

Fonte: Autoria própria.

Com intuito de encontrar o erro padrão do coeficiente angular obtido nos gráficos,
utilizamos a ferramenta de regressão linear do Excel. As Tabelas 5 e 6 apresentam o valor dos
coeficientes e seus respectivos erros padrão.

Tabela 5 - Regressão Linear do Circuito 1 (em Tabela 6 - Regressão Linear do Circuito 2 (em
série) paralelo)

Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria.

Com base na Equação (2), foi possível determinar a resistência equivalente de ambos
os circuitos elétricos pelo método gráfico, isto é, com os dados fornecidos pelo Excel
referentes à regressão linear. Os cálculos para a associação em série estão a seguir:
* 3 Ω
𝑅𝐸𝑞1 = (0, 971 ± 0, 003)𝑘Ω · 10 𝑘Ω
+ (103, 1 ± 1, 1)Ω

⇔ (971 ± 3)Ω + (103, 1 ± 1, 1)Ω = (1074 ± 4) Ω . (8)

Já para a associação de resistores em paralelo, temos:


* 3 Ω
𝑅𝐸𝑞2 = (0, 4887 ± 0, 0008)𝑘Ω · 10 𝑘Ω
+ (103, 1 ± 1, 1)Ω

⇔ (488, 7 ± 0, 8)Ω + (103, 1 ± 1, 1)Ω = (592 ± 2) Ω . (9)

8
CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, tanto para o circuito experimental quanto para o
circuito teórico, foi possível verificar que o resultado da resistência equivalente se deu muito
próximo em ambos circuitos, com uma diferença de 2,4% para o circuito em série e de 1%
para o circuito em paralelo, como mostrado na Tabela 7.

Tabela 7 - Valores das resistências equivalentes reais e experimentais para cada circuito e suas
respectivas diferenças percentuais

Fonte: Autoria própria.

As duas diferenças em questão, mesmo que pequenas, podem ser explicadas, a do


circuito em paralelo pelas margens de erro, visto que o resultado experimental está dentro da
margem de erro da resistência teórica calculada (598 ± 6)Ω, sendo essa margem de erro
fruto da própria incerteza do aparelho, com isso, para o circuito em paralelo, a primeira Lei de
Ohm se fez verdadeira e o circuito experimentado condiz com o circuito teórico esperado.
Para análise do circuito em série, mesmo levando em consideração o limite da margem
de erro, tanto do circuito real (1100 ± 10)Ω quanto no circuito experimental (1074 ± 4)Ω,
obteríamos um circuito real de 1090Ω e um circuito teórico de 1078Ω, o que não é
compatível. Porém, isto não se mostra suficiente para atestar que a primeira Lei de Ohm é
falsa, pois a diferença entre as resistências equivalentes é muito pequena. Com isso, pode-se
buscar explicações para tal diferença, como instabilidade no momento da medição, visto que o
visor do multímetro, principalmente em medições de tensão, apresentava resultados
oscilantes. Isto pode influenciar na plotagem do gráfico, resultando em uma reta com
inclinação diferente da esperada, ocasionando em tal diferença de 2,4% entre as resistências
equivalentes calculadas. Tais oscilações podem ser fruto de pequenas movimentações que a
haste de medição do multímetro causava nos fios e resistores. Outra possível explicação para
tal diferença não estar dentro da margem de erro é que a Lei de Ohm é definida para circuitos
com fios ideais, ou seja, que não transformam energia elétrica em calor, porém o fio utilizado
dissipa calor, o que pode ocasionar em diferenças de medições.

9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SERWAY, R. A.; JEWETT, J. W. Princípios de Física: Eletromagnetismo. Volume 3. 3ª


Ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
[2] SEARS, F. W.; ZEMANSKY, M. W.; YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. Volume
3. 12a Ed. São Paulo: Pearson/Addison-Wesley, 2008-2009.

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