Você está na página 1de 13

INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Processamento Analógico de Sinais

Tema Aproximação de Sinais e Funções AT- 10


Ortogonalidade de sinais
• Analogia entre vectores e sinais. 50min
Sumário • Ortogonalidade de vetores e de sinais
• Espaço ortogonal de sinais

Ortogonalidade de sinais
• Avaliação do erro quadrático médio
• Coeficientes ótimos
50min
Série de Legendre
• Definição;

Objectivos Analisar a aproximação de sinais contínuos no tempo

LATHI, B. P. Sistemas de Comunicação. Editora Guanabara Dois;


Bibliografia
OPPENHEIM, A. V.; WILLSKY, A. S.; YOUNG, I. T. Signals and
systems. Editora Prentice-Hall

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 1


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Analogia entre vectores e sinais.


Ortogonalidade de vectores e de sinais

Vectores

Um vector é especificado pela magnitude V e direcção V . Consideremos dois
→ →
vectores V1 e V2 , como mostra a figura 1.0.

Figura 1.0

→ → →
Seja C12 V2 a componente de V1 na direcção de V2 . Geometricamente, a componente
→ →
de um vector V1 na direcção de um vector V2 é obtida traçando-se um perpendicular
→ → →
desde o extremo de V1 até o vector V2 , como na figura 1.0. O vector V1 pode ser

expresso, em termos do vector V2 :

→ → →
V1 = C12 V2 + Ve

→ →
Esta não é a única forma de expressar o vector V1 em termos do vector V2 :

Figura 1.1
→ → → → → →
V1 = C1 V2 + Ve1 V1 = C 2 V2 + Ve2
→ →
Em cada representação, o vector V1 é representado em termos de V2 mais outro vetor

Ve que chamaremos de vetor erro.

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 2


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

→ → →
Se desejarmos aproximar o vector V1 através de um vector na direcção de V2 , então Ve
representará o erro nessa aproximação.

→ → →
A componente de um vector V1 na direcção do vector V2 é dado por C12 V2 , onde C12 é
escolhido de modo que o vetor erro seja mínimo. Pela interpretação física da
componente de um vector na direcção de outro vector, é claro que, quanto maior a
componente de um vector na direcção de outro vector, mais de perto os dois vectores se
assemelham em suas direcções e menor é o vector erro.

→ → →
Se a componente de um vector V1 na direcção do vector V2 é C12 V2 , então a magnitude
de C12 é uma indicação da semelhança dos dois vectores.

Se C12 = 0 , então o vetor não tem nenhuma componente na direcção do outro vector e,
por isso, os dois vectores são perpendiculares entre si. Esses vectores são conhecidos
como vectores ortogonais. Portanto, o produto interno ou produto escalar será definido
por:

→ →
V1 • V2 = V1V2 cos = 0

→ →
Onde  é o ângulo entre os vectores V1 e V2 e como são ambos perpendiculares, então
 = 90 o .

Sinais

O conceito de comparação e ortogonalidade de vectores pode ser estendido aos sinais.


Consideremos dois sinais reais y (t ) e x(t ) , onde queremos aproximar y (t ) em termos
de x(t ) , num certo intervalo de tempo, de t1 até t 2 , isto é, t1  t  t 2 :
y(t )  C  x(t )

E, se considerarmos e(t ) como sinal de erro, então podemos dizer que:

 y (t ) − C  x(t ); t1  t  t 2
e(t ) = 
0; t  t1 v t  t 2

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 3


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Para melhor aproximação precisamos minimizar o valor médio do quadrado do erro 


no intervalo t1  t  t 2 :

t2

 =  e 2 (t )dt
t1
Substituindo teremos:

t2

 =   y(t ) − C  x(t )2 dt


t1
Para encontrar o valor de C que irá minimizar  , devemos fazer:

d
=0
dC

Portanto:

d d  2
t 
  y (t ) − C  x(t ) dt  = 0
dC t1
= 0→
2

dC 

d  2 2 
 
t

( ) ( ) ( ) ( )
dC t1
 y t − 2C  y t  x t + C 2
 x 2
t dt =0


d 2 2 
t t2 t2

  y (t )dt − 2  C  y (t )  x(t )dt +  C  x (t )dt  = 0


2 2

dC  t1 t1 t1 

t t t

y (t )dt − 2 C  y (t )  x(t )dt + C  x (t )dt = 0


d 2 2 d 2 d 2 2 2
dC t1 dC t1 dC t1

t2 t t

t dC y (t )dt − 2t dC C  y(t )  x(t )dt + t dC C  x (t )dt = 0


2 2
d 2 d d 2 2
1 1 1

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 4


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Repare que:
t2

 dC y (t )dt = 0
d 2

t1

t2 2 t

C  y (t )  x(t )dt = −2  y (t )  x(t )dt


d
− 2
t1
dC t1

t2 2 t

C  x (t )dt = +2C   x 2 (t )dt


d 2 2
+
t1
dC t1

Portanto:

d 2 t 2 t

= 0 → −2 y(t )  x(t )dt + 2C   x 2 (t )dt = 0


dC t1 t1

Da que resulta que:


t2

 y(t )  x(t )dt


C=
t1
t2 (1)
 x (t )dt
2

t1

Por analogia com vectores dizemos que y (t ) tem uma componente em x(t ) e que essa
componente tem uma C . Se C se anula, então o sinal y (t ) não contém nenhuma
componente do sinal x(t ) e dizemos que os dois sinais são ortogonais no intervalo
t1  t  t 2 , isto é:

t2

 y(t )  x(t )dt = 0


t1

Para simplificar a equação (1) podemos escrever:

Seja
t2

k =  x 2 (t )dt ;
t1

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 5


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Portanto
t
12
C =  y (t )  x(t )dt
k t1

Exemplo1:

Para o sinal retangular g (t ) mostrado na figura abaixo, aproximar ou encontrar a


componente em termos de x(t ) = sent

Solução:

O sinal g (t ) será aproximado no intervalo 0  t  2

g (t )  C  sent
2
C =  g (t )  x(t )dt
1
k 0

2 2
k =  x (t )dt =  sen2 tdt =  ;
2

0 0

2  2
1  4
C =  g (t )  x(t )dt =  1 sentdt +  (− 1)  sentdt =
1
k 0  0   
Portanto:

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 6


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

g (t ) =
4
 sent

Espaço ortogonal de sinais.


Aproximação de um sinal por um conjunto de sinais ortogonais entre si

Consideremos um conjunto finito de sinais intervenientes na aproximação de um certo


sinal. Para que esse conjunto f1 (t ) , f 2 (t ) , …, f n (t ) seja definido como sendo ortogonal
no intervalo t1 até t 2 é preciso que se verifique a seguinte condição:

0; m  n
t2

 f m (t )  f n (t )dt = 
t1 En ; m = n

Se a energia do sinal fôr igual a unidade E n = 1 para todos os valores de n então o


conjunto de sinais diz-se normalizado ou conjunto ortogonal.

Consideremos a aproximação do sinal g (t ) por um certo conjunto de sinais ortogonais


entre si f1 (t ) , f 2 (t ) , …, f n (t ) ;

n
g (t ) = C1 f1 (t ) + C2 f 2 (t ) + ... + Cn f n (t ) =  Ci f i (t )
i =1

Pode ser demonstrado que a energia do sinal de erro nesta aproximação é mínima se
escolhermos os coeficientes da aproximação pela seguinte equação:

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 7


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

t2

 g (t )  f (t )dtn
1 2
t

g (t )  f n (t )dt
E n t1
Cn = =
t1
t2

 f (t )dt
2
n
t1

t2

E n =  f n (t )dt
2

t1

Exemplo 2:
Consideremos o sinal rectangular do exemplo1. Vamos aproximar o mesmo sinal por um
conjunto de sinais ortogonais entre si: sent , sen2t , sen3t , etc., no intervalo 0;2  .

Solução:
Comecemos por definir:
C1 f1 (t ) = C1 sent
C 2 f 2 (t ) = C 2 sen2t
C 3 f 3 (t ) = C 3 sen3t
...
C n f n (t ) = C n sennt

Portanto:

n
g (t ) = C1sent + C2 sen2t + ... + Cn sennt =  Ci sen(it ) t  0;2 
i =1

Vamos determinar o erro:

t2

 g (t )  f (t )dtn
1 2
t

g (t )  f n (t )dt
E n t1
Cn = =
t1
t2

 f (t )dt
2
n
t1

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 8


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

t2 2
En =  f n (t )dt =  sen2 (nt )dt = 
2

t1 0

 2
1 
t
1 2
( ) ( ) ( ) ( )
E n t1   0 
Cn = g t  f n t dt =  sen nt dt − sen nt dt =

 4
 ; n − impar
C n =   n
0; n − par
Finalmente:

n
g (t ) =  2i − 1 sen(2i − 1)t
4 1
 i =1

sen(3t ) + sen(5t ) + ... + sen(nt )


4 4 4 4
= sent +
 3 5 n 
Aproximação com 1 termo Aproximação com 2 termos

Aproximação com 5 termos:

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 9


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Avaliação do erro quadrático médio

Qual será então o valor do erro quando os valores ótimos dos coeficientes C1 , C2 , …,
C n são escolhidos de acordo com a equação de ortogonalidade?
t2

 g (t )  f (t )dt n
1 2
t

g (t )  f n (t )dt
E n t1
Cn = =
t1
t2

 f (t )dt
2
n
t1

Por definição:

2
1 2 
t n
=   f (t ) −  C r g r (t ) dt
t 2 − t1 t1  r =1 
(equação a)
t 2 n t2 n t2

=
1
 f
2
(t )dt +  C r2  g r2 (t )dt − 2 C r  f (t )g r (t )dt 
t 2 − t1  t1 r =1 t1 r =1 t1 

t2

 g (t )  f (t )dt n
1 2
t

g (t )  f n (t )dt podemos dizer que:


A partir da equação C n = E n t1
=
t1
t2

 f (t )dt
2
n
t1
t2 t2

 g (t ) f (t )dt = C  g (t )dt = C  Er
2
n r r (equação b)
t1 t1
Substituindo a equação “b” na equação “a” obtemos:
1 2 2 
t n n
=   f (t )dt +  C r  E r − 2 C r  E r 
2 2

t 2 − t1  t1 r =1 r =1 
1 2 2 
t n
=   f (t )dt −  C r  E r 
2

t 2 − t1  t1 r =1 
1 2 2 
  f (t )dt − (C1  E1 + C 2  E 2 + ... + C n  E n )
t

= 2 2 2

t 2 − t1  t1 
Portanto:
1 2 2 
( )
t

=   f (t )dt − C1  E1 + C2  E2 + ... + Cn  En 
2 2 2

t 2 − t1  t1 

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 10


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Série de Legendre

Um conjunto dos polinómios de Legendre Pn (t ) , (n = 0,1, 2,...) , formam um


conjunto completo de funções ortogonais entre si em um intervalo − 1  t  1
. Esses polinómios podem ser definidos pela fórmula de Rodrigues:

Pn (t ) = n
1 dn 2
2  n! dt n
t −1
n
( ) (n = 0,1, 2, 3, ...)
A partir da equação de Rodrigues podemos determinar o conjunto dos
polinómios de Legendre como:

n = 0 → P0 (t ) = 0
1 d0 2
(t − 1)n
=1
2  0! dt 0

n = 1 → P1 (t ) =
1 d 2
21  1! dt
(t − 1) =
1
2
2t = t

3 1
n = 2 → P2 (t ) =  t 2 − 
2 2

5 3 
n = 3 → P3 (t ) =  t 2 − t 
2 2 
....
E assim por diante.

Podemos verificar a ortogonalidade destes polinómios, mostrando que:

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 11


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

0; mn

1
P (
−1 m n
t )  P (t )dt =  2
 2m + 1 ; m = n

Podemos expressar uma função f (t ) em termos dos polinómios de


Legendre em um intervalo − 1  t  1 como:

f (t ) = C0 P0 (t ) + C1 P1 (t ) + C 2 P2 (t ) + ... + C r Pr (t )

Onde:
1

 f (t )  P (t )dt
r
2r + 1
1
Cr = −1
1
=  f (t )  Pr (t )dt
2 −1
 r (t )dt
2
P
−1

Exemplo 1
Consideremos a função retangular mostrada na figura abaixo.

Esta função pode ser representada pela série de Legendre:

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 12


INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

g (t ) = C0 P0 (t ) + C1 P1 (t ) + ... + C r Pr (t ) + ...

2r + 1
1
Cr =  g (t )  Pr (t )dt
2 −1

2  0 +1
1
C0 =  g (t )dt = 0
2 −1

2 1 + 1 3 
1 0 1
t  g (t )dt =
3
C1 =
2 −1    tdt −  tdt  = −
2  −1 0

 2
5 3 2 1 5 3 2 1 3 1 
1 0 1
C 2 =   t −   g (t )dt =    t − dt −   t 2 − dt  = 0
2 −1 2 2 2 −1 2 2 0
2 2 

Você já reparou que para todo r par C r = 0 , isto é: C 0 = C 2 = C 4 = ... = 0

7 5 3 3  5 3  
0 1
7
C3 =    t − t dt −   t 3 − t dt  = −
2 −1 2 2  0
2 2   8
Assim por diante serão avaliados os restantes coeficientes C 5 , C7 , …
Portanto, a função aproximada pela série de Legendre será:
75 3 
g (t ) = − t +  t 3 − t  + ...
3
2 82 2 

PAS-2022 Doutor Engº. VbN I31, I32, I33 13

Você também pode gostar