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FELICIDADE E

BEM-ESTAR NA
VIDA PROFISSIONAL
Crenças e mitos
da felicidade
Pablo Bes

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Enumerar as concepções de felicidade que se construíram culturalmente.


>> Definir as diferentes abordagens sobre a felicidade.
>> Identificar os mitos e as origens da felicidade.

Introdução
O ser humano busca compreender o sentido da felicidade desde os primórdios de
sua existência e, de acordo com cada contexto histórico, acaba desenvolvendo em
sua cultura concepções específicas, estabelecendo condições para a felicidade.
Como as culturas exercem um forte caráter pedagógico e se relacionam com os
aspectos econômicos, políticos e sociais existentes em cada período, muitas
vezes são produzidas concepções equivocadas sobre a felicidade, assumidas,
porém, como verdades e possibilidades, subjetivando as pessoas e levando-as a
perseguirem objetivos dúbios. Surgem assim vários mitos que cercam a felicidade,
alguns apontando para o passado, outros para o porvir, ou ainda enfocando no
presente aspectos exteriores às pessoas, como o dinheiro, o trabalho e a popu-
laridade nas redes digitais.
Neste capítulo, você vai conhecer as concepções de felicidade que foram sendo
criadas na cultura humana. Além disso, estudará a origem dessas abordagens e
examinará alguns mitos relacionados ao conceito.
2 Crenças e mitos da felicidade

Concepções de felicidade e cultura


Para entendermos as concepções de felicidade que povoaram o imaginário e
as vidas dos seres humanos ao longo da história, é preciso ter em mente que
nossas concepções, em geral, emergem a partir das questões contextuais de
cada época, o que envolve aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais.
É dessa forma que produzimos as crenças que acabarão se materializando
em nossas práticas diárias, a partir da cultura. Sendo assim, façamos uma
incursão ao conceito contemporâneo de cultura, que passou por modificações
radicais nos últimos séculos, deslocando-se de uma concepção mais classista
ou elitizada, associada ao ser letrado e intelectualizado, para abranger as-
pectos pedagógicos que nos produzem enquanto sujeitos sociais. Conforme
definem Moreira e Candau (2007, documento on-line), considerando o caráter
antropológico, a “[...] cultura identifica-se, assim, com a forma geral de vida
de um dado grupo social, com as representações da realidade e as visões de
mundo adotadas por esse grupo”. Assim, é importante constatarmos que o
que se pensa hoje sobre a felicidade advém dessas representações que foram
sendo criadas sobre o tema, passando a definir modos de viver a partir delas.
Ao analisar a concepção de cultura e sua centralidade na vida contempo-
rânea, Hall (2016, p. 19) acrescenta que ela atualmente “[...] também passou
a ser utilizada para descrever os valores compartilhados de um grupo ou de
uma sociedade”. É justamente por esse prisma que aprenderemos sobre o
conceito de felicidade, procurando mapear quais tendências foram sendo
formuladas para que essa emoção positiva pudesse ser atingida em cada
época histórica. É conveniente lembrarmos ainda que:

[...] a cultura penetra em cada recanto da vida social contemporânea, fazendo


proliferar ambientes secundários, mediando tudo. A cultura está presente nas
vozes e imagens corpóreas que nos interpelam das telas, nos postos de gasolina.
Ela é um elemento-chave no modo como o meio ambiente doméstico é atrelado,
pelo consumo, pelas tendências e modas mundiais (HALL, 1997, documento on-line).

A partir disso, podemos pensar sobre o conceito de felicidade, bem como


nas influências culturais em nossa evidente jornada cotidiana em busca da
felicidade. Afinal, basta assistirmos um canal de televisão, um filme ou série
ou acessarmos uma página qualquer da web para depararmos com situações,
enunciados, imagens e saberes diversos, ou até mesmo “fórmulas mágicas”,
que se associam às crenças sobre felicidade pautadas pelos estímulos da
nossa vida compartilhada em sociedade. Ao considerarmos que cada época
possui saberes específicos produzidos pela sociedade, devemos compreender
ainda que:
Crenças e mitos da felicidade 3

[...] o saber é uma atividade que só pode ser entendida em relação ao contexto
do qual ela deriva sua lógica e a racionalidade que contém. Os saberes, portanto,
devem ser vistos como uma forma dinâmica que emerge continuamente (JOVCHE-
LOVITCH, 2004, documento on-line).

Como veremos, quando associados à felicidade, tais saberes podem in-


vocar interpretações completamente distintas e divergentes. Precisamos
então perceber em quais enunciados maiores tais discursos se encontram
ancorados, entendendo o que pretendem e com quais ideias se aliam, pois,
em muitos casos, podem se revelar equivocados e nos distanciar do que é
de fato ser feliz.
Ao buscar compreender a genealogia do conceito de felicidade, Minois
(2011) retoma a mitologia grega e verifica que, nesse âmbito, a felicidade hu-
mana no início dos tempos era idêntica a dos deuses mitológicos. Ao estudar
as obras de Hesíodo, Torrano (1995), por sua vez, descreve que sua obra Os
trabalhos e os dias descreve os homens da raça de ouro, que existiam sob
perfeitas condições morais e
[...] que viveram sob o reinado de Cronos, quando ele reinava no Céu, e
como Deuses, eles viviam com ânimo, sem tristezas, sem conhecer a fadiga
nem a miséria, nem a velhice vil lhes sobrevinha, mas sempre iguais quanto
aos braços e pernas eles se regozijavam na opulência, distantes de todo mal;
morriam como subjugados pelo sono e tinham todos os bens. (TORRANO,
1995, p. 48).
Assim, podemos perceber que os seres humanos, considerados iguais
aos deuses mitológicos, não experienciavam tristezas, miséria, cansaço ou
velhice, e nem a morte lhes preocupava, sendo que possuíam todos os bens,
vivendo em fartura. Voltaremos a analisar essa concepção quando estudarmos
os mitos sobre a felicidade na seção final deste capítulo.
Na Antiguidade Clássica, quando a filosofia surgiu visando inserir a razão
em contrapartida ao entendimento da mitologia, a felicidade estava muito
mais relacionada às virtudes que o ser humano deveria cultivar ao longo de
sua trajetória. Sendo assim, restringia-se a um grupo seleto de pessoas que
se dedicavam a perseguir e desenvolver tais características. Vejamos o que
comenta Aristóteles (1985, p. 17) em sua obra Ética a Nicômaco:

Se há, então, para as ações que praticamos alguma finalidade que desejamos por
si mesmas, sendo tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos tudo
por causa de algo mais (se fosse assim, o processo prosseguiria até o infinito, de
tal forma que nosso desejo seria vazio e vão), evidentemente tal finalidade deve
ser o bem e o melhor dos bens.
4 Crenças e mitos da felicidade

Aristóteles considera a felicidade como esse bem supremo ao qual o ser


humano almeja acima de todos os demais (bens materiais, prazeres terrenos).
À época, a felicidade era, então, conquistada a partir das ações que o homem
exercia na pólis. Era essa ação política que o tornava virtuoso, praticando as
virtudes morais aristotélicas: justiça, resistência, prudência e temperança.
Já o filósofo Epicuro (341–270 a.C.) viria a associar a felicidade à ausência
de dor e, consequentemente, ao prazer que a vida pode proporcionar ao ser
humano, ficando conhecido pela frase “o prazer é o início e o fim de uma vida
feliz” (EPICURO, 2002, p. 37). Esse prazer, porém, não deve ser entendido como
uma perspectiva puramente hedonista, que propõe, como presenciamos na
contemporaneidade, uma busca fútil e a qualquer preço. Ao comentarem
sobre a acepção de felicidade para Epicuro, os autores Tamura e Laurenti
(2017, documento on-line) acrescentam que “saúde do corpo e tranquilidade
do espírito são indissociáveis na constituição da felicidade na filosofia epi-
curista”. Sendo assim, o ser humano deveria buscar um corpo em harmonia
e um espírito sereno, essenciais para obter prazer e felicidade.
Na Idade Média, sobretudo pela influência das crenças religiosas propostas
pelos ensinamentos da Igreja Católica, o conceito de felicidade perdeu seu
foco no mundo terreno e depositou grande ênfase no mundo vindouro, após
a morte, principalmente ancorado na ideia do pecado original de Adão e Eva
quando no paraíso, no início da criação. Essa ideia pode ser percebida nas
palavras de Santo Agostinho (2011, p. 1017):

Quem é que, de fato, ousaria negar que os primeiros homens no Paraíso tenham
sido felizes antes do pecado [...]? Não é sem motivo que nós hoje chamamos
felizes àqueles que vemos viverem na justiça e na piedade com a esperança da
imortalidade, sem qualquer crime a roer-lhes a consciência, obtendo facilmente
a misericórdia divina para os seus pecados de fragilidade presente. [...] a respeito
do gozo de um bem presente, o primeiro homem era mais feliz no Paraíso do que
qualquer justo na debilidade desta vida mortal.

Assim, de forma geral, o grau de felicidade desfrutável no além túmulo


passa a depender do batismo e de demais ordenanças da Igreja, bem como
da conduta na vida terrena, mediante sacrifícios realizados em prol de forjar
um corpo e uma mente obedientes e voltados a Deus.
Essa foi uma época de teocentrismo, em que Deus era o padrão e a expli-
cação de todas as coisas e a Igreja, por meio do clero, era quem devia decidir
sobre a vida das pessoas. Cabe ressaltar que, com o advento da Reforma
Protestante, seria reforçada a ideia de que o ser humano será julgado por
Deus também por seus pensamentos, palavras e obras. Por isso, deve se
Crenças e mitos da felicidade 5

empenhar ainda mais para conquistar um plano melhor na eternidade. As-


sim, a salvação deixa de ser vista somente a partir da graça concedida pelo
sacrifício expiatório de Jesus Cristo, mas também pelas ações das pessoas
ao longo de suas vidas.
Com a Modernidade, ocorreu o deslocamento do teocentrismo para o
antropocentrismo, quando o ser humano (e sua racionalidade) passou a se
colocar como o centro das explicações mais diversas. No desenvolvimento da
ciência, na expansão dos conglomerados urbanos, no processo de industria-
lização e na ascensão do capitalismo surge o conceito de Homo economicus,
que ressalta os fatores que motivam o ser humano a viver relacionados
estritamente com o dinheiro. A partir daí, a felicidade passa a ser associada
com o poder de compra, o que fará com que a renda seja vista posteriormente
como a própria felicidade na sociedade de consumo que se instaura. Saraiva
(2014, documento on-line) esclarece que “[...] o neoliberalismo norte-americano
estende a noção de Homo economicus e de mercado para além dos domínios
econômicos, fazendo-os recobrir todos os domínios da vida”.

A figura do Homo economicus situa o ser humano diante do pro-


gresso e do desenvolvimento econômico possibilitados pela ciência
e pela técnica. Assim, entende que sua principal motivação em geral é de ordem
pecuniária. Assim, o Homo economicus é aquele capaz de fazer as fábricas e
empresas atingirem seus resultados. Na sociedade contemporânea, o Homo eco-
nomicus passa ser substituído pela metáfora do empresário de si, que, embora
também tenha no consumo a sua máxima, agrega os aspectos da concorrência,
da competição e do endividamento (financeiro e moral) em sua constituição.

No âmbito dessa racionalidade neoliberal, ancorada na economia capita-


lista que se impôs ao longo do século XX de forma hegemônica, a felicidade é
constantemente atrelada aos bens materiais que as pessoas são capazes ou
não de possuir. Percebe-se, então, que a tendência voltada ao ser (formação
moral), ao esperar (pós-morte), se desloca para o tempo presente, em que o
consumo e o prazer imediatos passam a ser propagados no universo midiático
como a fórmula da felicidade.

No âmbito da psicologia positiva, a felicidade é frequentemente


associada ao conceito de bem-estar subjetivo (conceito científico
relacionado à felicidade). Desse modo, o bem-estar subjetivo, pensado como
constructo global, envolve três principais aspectos: satisfação de vida geral,
6 Crenças e mitos da felicidade

afeto positivo e afeto negativo. Sendo assim, é considerado um fenômeno amplo


com diversas influências:
O bem-estar subjetivo é considerado um fenômeno amplo que inclui respostas
emocionais e julgamentos globais sobre a satisfação com a vida [...]. A satisfação
com a vida visa à avaliação de crenças e pensamentos relacionados às suas vidas
de maneira geral (WOYCIEKOSKI, NATIVIDADE, HUTZ, 2014, p. 409).

A partir da enumeração dessas diferentes concepções sobre a felicidade


na história humana, na próxima seção nos voltaremos a algumas categorias
culturais que foram sendo criadas com essa finalidade, percebendo com quais
ideias elas se aliam e quais efeitos produzem na sociedade de cada época.

A felicidade sob diferentes abordagens


Conforme vimos na seção anterior, as ideias que circulam atualmente na
sociedade sobre o tema da felicidade foram sendo construídas, ensinadas
e cultivadas pelas pessoas a partir da cultura de seus grupos sociais. Esses
entendimentos, às vezes tão distintos e contraditórios, foram legitimados
pelos indivíduos de cada época específica, fazendo parte dos ensinamen-
tos, crenças e estilos de vida possíveis e normalizados nesses períodos.
Ainda hoje, dependendo da cultura que nos subjetivou e que fez parte da
formação de nossas identidades, alguns traços se encontram presentes,
uns com maior força, outros nem tanto. Ao criar nossos filhos desde criança,
podemos destacar as virtudes morais de vida honesta e caráter idôneo se
compreendemos que assim terão um futuro melhor após sua morte. Caso
não tenhamos essa crença religiosa ou espiritual, talvez pensemos diferente,
que eles devem ser boas pessoas para fazer bem à sociedade, sentindo-se
realizados. Já aqueles capturados por algumas teorias modernas, como a do
capital humano, podem associar felicidade com produtividade. Se aderimos
ao holismo, podemos entender a felicidade na nossa relação com o cosmos,
e assim por diante. Como podemos perceber, o conceito de felicidade, por ser
subjetivo em suas concepções histórico-culturais, dificulta que cheguemos
a uma conceitualização simples e absoluta. O que podemos fazer, porém, é
mapear quais sentidos foram sendo produzidos ao longo das épocas tendo
como foco a felicidade.
Sendo assim, vamos analisar como essas categorias foram sendo cons-
truídas na cultura humana e identificar suas ideias principais e os efeitos
que acabaram produzindo nas vidas das pessoas. Faremos isso examinando
as seguintes abordagens: ser, porvir, servir, trabalhar, ter, prosperar e exibir.
Crenças e mitos da felicidade 7

A felicidade com ênfase na formação pessoal, na ascensão da racionali-


dade frente à mitologia, examinaremos aqui na categoria do ser. Tal viés foi
apontado por vários filósofos na Antiguidade, para os quais somente alguns
podem chegar a esse bem supremo, conforme entendia Aristóteles. Conforme
comenta Sewaybricker (2012, documento on-line):

[...] a felicidade para Platão tem o objetivo de refletir certo ideal de comportamento
humano, uma felicidade que exija esforço e seja reservada para poucos. O princi-
pal obstáculo para Platão consistia no silenciamento do corpo sem anulá-lo, sem
matá-lo. A chave para a felicidade estava na relação do homem com seu desejo.

Assim, a vida seria um processo de construção, de sacrifício, de dor, de


evolução das virtudes, considerando corpo e alma para alguns, que poderiam
fazer as pessoas levarem uma vida social justa, participativa e virtuosa, e,
portanto, produtora de sabedoria e felicidade.
Com o advento da era cristã, os padrões de vida social se alteraram e
passaram a entender que a felicidade poderia ser conquistada a partir dos
ditames da doutrina e dos exemplos deixados por Jesus Cristo e seus discí-
pulos. Essa ideia de que a felicidade seria possível no mundo vindouro, fruto
das recompensas pelas ações humanas realizadas neste plano, ainda é muito
presente na grande maioria das religiões ocidentais, bem como nas questões
da espiritualidade oriental.
A Igreja medieval propagou a doutrina do pecado original, o que restringe
o acesso à felicidade àqueles que obedecem à sua doutrina ao longo de toda a
vida, vindo a categorizar a felicidade no porvir. Em virtude desse entendimento
da sociedade, a Igreja tornou-se poderosa, acumulou riquezas e invadiu terri-
tórios considerados pagãos em nome de Deus. Revoltados com o procedimento
da Igreja em vários aspectos, principalmente a partir da cobrança indevida de
indulgências, dissidentes promoveram o movimento da Reforma Protestante
em vários países da Europa, sendo a participação de Lutero (1483–1546) uma
das mais conhecidas. Com a Reforma, as ideias que relacionavam essa vida
ao servir ao próximo e a Deus se acentuaram, entendendo que cabe ao ser
humano operar seu retorno a Deus, sem intermediários, para então encontrar
a felicidade plena já na terra a partir de suas obras.
Ao analisar as relações da Reforma Protestante para a emergência do
capitalismo moderno, Weber (2004, p. 106) comenta que “[...] agindo conforme
Deus queria, o homem poderia superar seu status naturalis, erigir uma vida
construída por meio de ações boas e ser feliz tanto em vida quanto no pós-
-vida”. Essa vida em que a felicidade é alcançável se associa obrigatoriamente
com o trabalhar e com o esforço humano em empreender sua própria salvação.
8 Crenças e mitos da felicidade

Em seguida, a sociedade moderna viria a colocar o ser humano como


o centro do projeto civilizatório que empreende, aliando a emergência da
ciência com as ideias de progresso, o que pautou as concepções tanto do
Iluminismo quanto do Positivismo.

Para uma visão antagônica e mais otimista dos frutos colhidos pelo
Iluminismo em termos de felicidade humana, uma boa dica de leitura
é O novo Iluminismo (2018), do psicólogo, linguista e intelectual canadense Steven
Pinker. Apoiada em dados das mais variadas fontes, a obra tenta mostrar que, em
termos gerais e estatísticos, o nível de bem-estar e de felicidade na sociedade
humana só vem aumentando desde a aplicação das ideias provenientes do
Iluminismo e da Modernidade.

Essas ideias enfatizam que somente podemos desenvolver a economia


das nações caso exista um incremento das ações educacionais e um aperfei-
çoamento das pessoas visando prepará-las prioritariamente para o trabalho.
Com o advento da Revolução Industrial, o trabalho, ainda precário e mal
pago, passou a ser muito importante, inclusive compreendido como sinônimo
de felicidade, o que segue valendo para muitos, se considerarmos o termo
realização profissional.
Ao longo do século XX, algumas teorias marcaram mais profundamente
essa relação do ser humano com o trabalho, como a teoria do capital humano,
criada pelo economista norte-americano Theodore Schultz nas décadas
de 1960 e 1970, que promove a educação como um dos fatores cruciais de
desenvolvimento econômico. Na sua obra O valor econômico da educação,
de 1967, o autor defende que:

A instrução tanto pode proporcionar satisfações no presente (prazer imediato com


a companhia dos colegas de colégio) quanto no futuro (capacidade crescente de
saborear os bons livros). Quando os benefícios ocorrem no futuro, a instrução tem
a característica de um investimento. Como um investimento, tanto pode afetar
as futuras despesas como as futuras rendas (SCHULTZ, 1967, p. 23, grifo nosso).

Assim, caberia também aos Estados investir na educação dos cidadãos,


procurando prepará-los para atuar nos cargos a ocupar, isto é, qualificando
a mão-de-obra necessária ao funcionamento do mercado.
Com a globalização da economia, o conceito de capital humano se refor-
çou. Porém, deixou de ser visto como investimento do Estado e passou a ser
compromisso pessoal, fazendo com que, segundo uma lógica de empresaria-
mento, as pessoas tivessem que investir em si próprias para se aperfeiçoarem
Crenças e mitos da felicidade 9

constantemente e adquirirem novas competências. Somente assim podem


se manter empregadas ou conseguir novas colocações, conforme determina
o conceito de empregabilidade. O mundo torna-se cada vez mais desigual e
excludente e os bolsões de pobreza naturalizam-se, compondo a paisagem
das cidades. Muitas vezes, associa-se a própria condição de pobreza com a
falta de esforço pessoal das pessoas. Essas ideias fazem com que a felicidade
seja vista de forma equivocada, ainda que benéfica ao mercado neoliberal,
pois mantém os indivíduos em movimento em busca de aprimoramento, o
que também pode trazer maior renda.
Na verdade, conforme tem sido evidenciado nas mídias contemporâneas,
a renda seria necessária para que possamos usufruir do que a vida tem de
melhor. Assim, o consumismo faz com que as pessoas associem seu poder
aquisitivo com a própria felicidade, e o ter passa a ser confundido com alguns
termos, como a própria qualidade de vida e a realização.
É dentro dessa lógica de consumo que a sociedade entende o prosperar,
voltado à aquisição de bens ao longo da vida. É comum vermos atualmente
as pessoas julgando o sucesso alheio pelo critério dos bens materiais ad-
quiridos, como uma casa grande, um apartamento em condomínio fechado,
um carro esportivo, etc.
Além disso, não basta na pós-modernidade somente possuir tais bens;
é necessário tornar isso público a todos, o que é feito a partir das redes
sociais digitais, e dos mecanismos de publicização da vida privada hoje tão
centrais na vida de boa parte da sociedade. Essa é a categoria do exibir, em
que ser visto é fundamental, em que os views simbolizam a própria felicidade
e os likes atestam que os membros de suas redes gostaram daquilo que foi
postado, produzindo uma sensação de satisfação tão grande que faz com
que a pessoa passe o máximo de tempo nesse círculo vicioso.
É nesse contexto que alguns autores, como Benjamin (1986), têm alertado
sobre a crise de experiência que as pessoas atualmente experimentam. Assim,
o autor critica a overdose de cultura que assola o indivíduo contemporâneo
em seu dia a dia, fazendo com que se confunda entre o que deveria fazer.
Atualmente, essa pobreza de experiência pode ser associada com as relações
via web, onde as conexões virtuais, on-line e impessoais imperam, e nem
sempre sabemos se aqueles com quem interagimos de fato são reais.
Como podemos perceber, as abordagens sobre o que vem a ser a felici-
dade foram alterando seu significado de acordo com as tendências culturais
que propunham novas formas de representação, indo do extremo de uma
condição restrita a poucos e impossível nesta vida a um sentimento de busca
permanente e conquista a partir de aspectos externos. Na próxima seção,
10 Crenças e mitos da felicidade

vamos analisar alguns mitos que tais ideias ajudaram a formular e que na
sociedade contemporânea pós-moderna ainda costumam fazer parte da
discussão sobre a felicidade.

Felicidade: origens e mitos


A busca por uma definição de felicidade e como poderia ser desfrutada vem
desde antes das ciências modernas, pois já na mitologia grega e romana e
com os primeiros filósofos da Antiguidade Clássica percebemos esses temas
em foco. A partir da Idade Média e ao longo da Modernidade, novos saberes
e suas práticas reconfiguraram a forma de viver em sociedade, produzindo
novas representações sobre o conceito, que recentemente recebeu novos
sentidos na sociedade pós-moderna. Essa busca pela felicidade produziu
alguns mitos sobre o tema.
Dentro de uma concepção filosófica, um mito pode ser entendido como
algo que tem força de verdade, pois se construiu a partir das crenças popu-
lares e do entendimento cultural vigente. Tais concepções produziram uma
representação vista como a mais adequada e legitimada àquele contexto
histórico específico.
Porém, os mitos, como veremos, podem trazer ideias distorcidas e interpre-
tações equivocadas sobre algo, subjetivando as pessoas com seus discursos e
fazendo com que alterem a trajetória de suas vidas. É o que percebemos com
os mitos sobre a felicidade que analisaremos a partir de agora. Faremos isso
partindo de quatro grandes mitos (DEBORD, 2003; LAZZARATO, 2014; MINOIS,
2011; SIBILIA, 2016):

1. o mito pagão da Idade do Ouro;


2. o mito judaico do paraíso terrestre;
3. o mito moderno de que apenas o dinheiro traz felicidade;
4. o mito pós-moderno de que ser visto é ser feliz.

Ao mapear as construções culturais sobre o conceito de felicidade ao


longo da existência humana, Minois (2011) retoma os escritos da mitologia
grega e romana e percebe que já incluiam relatos entre a relação inicial dos
seres humanos com os deuses mitológicos, produzindo o que denominou
como o mito pagão da Idade do Ouro. Resumindo as ideias centrais que
compõe esse mito, temos que, no princípio, os seres humanos eram tão
felizes quanto os deuses, sendo classificados como uma raça de ouro. Isso,
porém, fez com que os deuses enciumados fizessem com que os humanos
Crenças e mitos da felicidade 11

decaíssem para raças inferiores, saindo de ouro, prata e bronze, passando


por um raça de heróis e chegando até sua pior condição, a de ferro, que
seria nossa condição atual. Assim, o seres humanos deixaram a felicidade
para trás, pois quando iguais aos deuses viviam uma existência de prazeres
e fartura e inexistência de dores, doenças, sofrimento ou qualquer outro
mal, sendo que nem mesmo a morte os afligia. Com sua passagem para a
raça de ferro, condição em que permanece desde então, ao ser humano é
negada essa felicidade.
Ao referir-se a esse mito proposto por Minois (2011), Maynard (2013, do-
cumento on-line) comenta que:

A partir daí o tom geral é pessimista. Para a mitologia grega, a Idade de Ouro é um
caso encerrado e, em decorrência disso, a felicidade é inacessível aos homens.
Pode-se reencontrá-la no hipotético além, nas Ilhas Bem-Aventuradas reinadas
por Cronos. Nossa única felicidade na terra está ligada à ideia de um retorno da
Idade de Ouro.

Assim, percebemos que esse primeiro mito que analisamos estabelece


a felicidade como inatingível nessa terra, sobretudo pela condição humana
inferior em relação à condição dos deuses da mitologia.
O mito judaico do paraíso terrestre, por sua vez, segundo Minois (2011),
remete ao entendimento promovido pela história bíblica da criação do mundo,
principalmente nos aspectos que enfocam Adão e Eva, que, a princípio, não
conheciam o que seria a felicidade ou a infelicidade, até caírem em pecado
ao comerem o fruto proibido. Com a expulsão do Jardim do Éden, Adão e Eva
tornam-se seres distantes da felicidade possível e passam a conhecer novas
experiências que produzem dor e sofrimento. A felicidade passa, então, a ser
vista como algo relacionado com o passado vivido no paraíso, desperdiçado
em virtude de sua escolha errada e sua desobediência. Segundo Minois (2011,
p. 154), esse mito produziu na sociedade alguns movimentos importantes de
transformação:

Esse quadro do sonho edênico volta a confirmar que a felicidade está excluída deste
mundo, que funciona, no âmbito intelectual e social, sobre princípios totalmente
opostos aos do paraíso. A ordem natural prevista por Deus foi desregulada pelo
pecado; o que torna a felicidade impossível; no entanto, alguns não se conformam,
tão forte é o desejo de uma vida feliz. Não seria possível recriar o paraíso terrestre,
restaurar o quadro e os princípios do Jardim do Éden?

Segundo aponta Minois (2011), fazem parte desse esforço de restauração


do Éden e da inconformidade com a condição humana frente ao pecado
12 Crenças e mitos da felicidade

original de Adão e Eva os milenaristas, os utopistas e os missionários, que


se fizeram presentes no mundo entre os séculos XVI e XVII. Eis as principais
características de cada um desses grupos:

„„ Milenaristas — interpretam as escrituras e, a partir delas, entendem


que o mundo ainda voltará a viver um período semelhante ao Éden,
denominado Milênio, em que as pessoas viverão em harmonia entre
si e com os elementos da natureza, sem dor, sofrimento ou quaisquer
outros males terrenos, inclusive com a presença de Deus na terra. Nesse
período, os crentes serão beneficiados e a igualdade e o espírito de
comunidade prevalecerão ao longo de mil anos.
„„ Utopistas — entendem que cabe ao ser humano construir sua própria
felicidade neste mundo, o que é paradoxal, pois apresenta uma visão
otimista e pessimista na mesma ideia. Caberia ao ser humano viver em
um território totalmente às avessas do que então a sociedade propõe,
sem propriedade privada e sem moeda, com os indivíduos vigiados dia
e noite pelo Estado constituído. Um de seus símbolos é a ilha de Utopia,
imaginada pelo escritor Thomas More, onde a felicidade é possível
quando as pessoas obedecem a regras rígidas e minuciosamente
reguladas em suas vidas.
„„ Missionários — acreditam que as condições do Éden podem ser recria-
das a partir dos esforços de conversão dos pagãos ao cristianismo e sua
ascensão à verdade divina. Esse é o sentimento que viria a impulsionar
o período conhecido como as Grandes Navegações e seus subsequentes
processos de catequização das colônias europeias conquistadas ou
“descobertas”.

Percebemos que ainda hoje os milenaristas, utopistas e missionários fazem


parte de nossa cultura contemporânea, normalmente atrelados a questões
religiosas/espirituais e aos estudos filosóficos futuristas, que propõem
refletirmos sobre o que o ser humano poderá se tornar.
Já na Modernidade, principalmente a partir das deliberações em torno
dos modelos econômicos capitalistas e socialistas, e, com a hegemonia
do capitalismo e sua ascensão e consolidação ao longo do século XIX e XX,
passamos a vivenciar o terceiro de nossos mitos: só o dinheiro traz feli-
cidade. Esse mito surge a partir de várias frentes, endossado por teorias
científicas que procuram estabelecer a natureza humana e o que motiva as
pessoas ao longo dos seus dias, prevalecendo as ideias de ordem econômica
e financeira e sua articulação com as questões laborais. É sob esse prisma
Crenças e mitos da felicidade 13

que o ser humano enxerga no consumo a própria felicidade, fazendo de sua


vida uma busca pelo dinheiro. Esse mito têm sido construído dentro de uma
perspectiva neoliberal nas últimas décadas, operando, segundo Lazzarato
(2014), por meio da crise e do medo para subjetivar as pessoas e produzir seu
endividamento constante, tanto nos aspectos morais quanto nas questões
financeiras associadas ao consumo:

Capital humano (ou o empreendedor de si): a crise não á apenas econômica, social
e política, mas também é, acima de tudo, uma crise do modelo subjetivo neoliberal,
encarnado pelo ‘capital humano’. O projeto de substituir o assalariado fordista
pelo empreendedor de si, transformando o indivíduo em empresa individual, que
gera suas capacidades como recursos econômicos a serem capitalizados sucumbiu
perante a crise dos subprimes (LAZZARATO, 2014, p. 14).

Dessa forma, o assalariado fordista — alusão ao início do século XX, quando


ocorreu o processo de expansão industrial norte-americano, mais especifi-
camente as Indústrias Ford, reconhecidas por implementarem os princípios
da administração científica e endossarem as ideias do Homo economicus que
aprendemos anteriormente — era motivado pelo dinheiro como contrapartida
de seu trabalho, representado pelo salário. Já o empresário de si, subjetivado
pelas teorias do capital humano, está sempre em busca de tornar-se melhor,
mais qualificado, mais competente, para concorrer com os demais, ascen-
dendo profissionalmente e obtendo mais renda, maior qualidade de vida e
mais felicidade. Nesse sentido, Debord (2003, documento on-line) constata a:

[...] evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida
social em busca de acumulação de resultados econômicos conduz a uma busca
generalizada do ter e do parecer, de forma que todo o ter efetivo perde o seu
prestígio imediato e a sua função última.

Desse modo, o ter ocupa posição central na vida humana moderna e


contemporânea, relegando o ser ao segundo plano. É como se o sujeito
admitisse que o dinheiro pode de fato comprar a felicidade, como se ela
seguisse a tendência apontada por Bauman (2001) da modernidade líquida,
transformando-se em mercadoria. Essas ideias são hoje reforçadas pelo en-
tendimento de que estamos passando por uma crise, em que o medo mantém
as pessoas nesse movimento de busca pela manutenção de sua empregabi-
lidade. Porém, sobre a crise, precisamos entender que “[...] o desequilíbrio
perpétuo, a assimetria permanente e as desigualdades constantemente
buscadas são as verdadeiras leis do capital. [...] A crise não é a exceção, mas
a regra do capital” (LAZZARATO, 2014, p. 136).
14 Crenças e mitos da felicidade

Afinal, como existiria competição e concorrência se fôssemos iguais,


como buscaríamos o aprimoramento se as oportunidades fossem iguais e
remunerassem a todos na mesma medida? Por meio desses mecanismos, o
capitalismo produz essa ideia equivocada de que consumindo seremos felizes,
o que deve ser descontruído, uma vez que vemos casos de falta de saúde
mental (estresse, depressão, ansiedade) em toda e qualquer classe social.
Por fim, também por uma revolução do capitalismo contemporâneo,
associada às plataformas digitais ubíquas em nossas vidas, temos o mito
pós-moderno da felicidade segundo o qual ser visto é ser feliz. Isso se refere
diretamente à possibilidade de ser percebido, de obter amplo sucesso nas
redes sociais digitais, como se o real sentido da felicidade estivesse no nú-
meros de views, likes, compartilhamentos e comentários sobre a performance
ou o conteúdo produzido, mesmo na presença de haters — que odeiam o que
foi postado —, pois os dislikes também simbolizam a percepção e a captura
da atenção de alguém nesse processo.
Podemos afirmar que vivemos hoje o ápice da sociedade do espetáculo
proposta por Debord (2003, documento on-line), em que “[...] o espetáculo
não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, media-
tizada por imagens”. Tais imagens nos chegam em profusão pelos inúmeros
canais midiáticos, incluindo nossas próprias selfies, aqui entendidas não
como os fatores subjetivos de que tratam a psicologia, mas como a ação de
autofotografar-se para poder utilizar nossa imagem no mundo digital. As
redes sociais digitais ampliam o entendimento da espetacularização humana,
“[...] pois sua única mensagem é ‘o que aparece é bom, o que é bom aparece’”
(DEBORD, 2003, documento on-line) Essa mensagem, associada à tendência
do individualismo contemporâneo, abre margem para que, num empenho
solitário e narcisista, as pessoas despendam horas de seu tempo no espaço
dispersivo da web.

Narciso é um personagem da mitologia grega que se apaixona pela


sua própria imagem refletida nas águas de um lago. Em várias áreas
das ciências contemporâneas, um narcisista é um indivíduo que apresenta a
propensão a admirar demasiadamente a própria imagem, apresentando um
comportamento egocêntrico. Na mitologia, Narciso não consegue relacionar-se
com a ninfa Eco, em virtude dessa paixão por si próprio, que faz com que morra
afogado tentando se encontrar nas águas do lago. Depois de morto, é então
convertido na flor homônima (BULFINCH, 2009).
Crenças e mitos da felicidade 15

Além de promover mecanismos de captura de atenção dos seus usuários,


as plataformas digitais subjetivam-nos a entenderem os significados da vida
e, com isso, conseguem também empreender suas ações de monetização.
Fica fácil encarar o termo influenciadores digitais sob esse prisma, pois
muitos deles acabam produzindo um estilo de vida e um jeito específico
de ser alguém “conectado”, atualizado com as tendências contemporâneas.
Analisando a centralidade da web na cultura contemporânea, Sibilia (2016,
p. 38) acrescenta:

[...] ‘celebridades da internet’ que, sem fazerem nada em particular, mas aquilo que
todos costumam fazer — exibir sua vida e seu corpo nas redes sociais —, conquis-
tam muitos seguidores e, portanto, despertam o interesse das empresas, que lhes
oferecem dinheiro para postar fotos promovendo seus produtos de modo mais ou
menos velado. Quanto mais honesto pareça esse gesto — ou seja, quanto menos
óbvio seja o fato de que a pessoa está sendo paga para isso —, mais interessante
será para a companhia investidora.

Assim, a web fornece tanto felicidade por propiciar que o espetáculo


ocorra — que as pessoas adquiram a notoriedade que seu ego almeja —
quanto reforça a ideia da aquisição do dinheiro partir dessa mesma lógica.
Isso faz com que muitos se aventurem em se tornarem bloggers, youtubers,
influencers, gamers e todas as demais designações que contemplam aque-
les que se valem da internet e da publicidade alcançada como alavanca
para o progresso financeiro. Percebemos, então, uma aparente fusão des-
ses dois últimos mitos, produzindo a felicidade a partir do dinheiro e da
espetacularização.
Fica claro então que, em sua busca pela felicidade, as pessoas foram
produzindo reflexões, saberes e práticas que se associam com os contextos
econômicos, políticos, sociais e culturais de cada período da história.
Nesse processo, produzem-se mitos que passam a ser considerados nor-
teadores para a ação humana em sociedade. Tais mitos, porém, às vezes
associam a felicidade com o passado, com o além, ou mesmo com fatores
externos, como a financeirização da imagem e de um certo modo de viver
nas redes sociais. São essas ideias que devemos problematizar, pois ao
afastarem a felicidade dos aspectos internos e subjetivos, propõem um
entendimento reducionista e equivocado para ela. Que possamos, então,
refletir sobre o que nos faz feliz, sempre entendendo que o equilíbrio é
fundamental.
16 Crenças e mitos da felicidade

Referências
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Calouste Gulbenkian, 2011. v. 3 (Livro XVI a XXII).
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da Universidade de Brasília, 1985.
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Crenças e mitos da felicidade 17

Leituras recomendadas
BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2009.
PINKER, S. O novo Iluminismo: em defesa da razão, da ciência e do humanismo. Rio de
Janeiro: Companhia das Letras, 2018.
WOYCIEKOSKI, C.; NATIVIDADE, J. C.; HUTZ, C. S. As contribuições da personalidade e
dos eventos de vida para o bem-estar subjetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 30,
n. 4, p. 401-409, 2014.

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