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Rui Bandeira. 1717 Ou 1721. Por Enquanto, Ainda 1717
Rui Bandeira. 1717 Ou 1721. Por Enquanto, Ainda 1717
Na edição n.º 2176 do JB News, o Irmão Kennyo Ismail retoma o tema, sob o
título O embuste da fundação da Grande Loja Unida de Inglaterra, repetindo a
informação de Cris Hodapp e afirmando que sempre duvidara do acerto da
data de 1717, por falta de “um documento com registro público da época, ou
mesmo uma notícia reproduzida em um dos jornais londrinos”.
Não quero com isto dizer que a descoberta da ata relatada por Prescott e
Sommers não venha a conduzir a uma revisão da data até agora aceite como
sendo a da fundação da Primeira Grande Loja. A História faz-se em função de
documentos e não se pode nem deve ignorar um novo documento descoberto.
Temos primeiro que ler essa comunicação, para podermos verificar se o que os
seus autores declaram é efetivamente aquilo que o relato, em segunda mão,
afirma. Mas, mais, os historiadores terão que verificar e analisar o documento
descoberto, designadamente para se assegurar da sua autenticidade. E,
concluindo-se que o documento é autêntico, os historiadores terão ainda de se
assegurar da sua veracidade. Isto é, nesta questão estamos ainda no início do
que pode ser um longo caminho e de ponto de chegada ainda incerto.
Será a dita ata autêntica ou forjada? Para já, desconfio do facto de estar na
parte de trás de um dos livros de atas da Loja Antiguidade, n.º 2… Um
documento na parte de trás de um livro de atas faz desconfiar que tenha sido
elaborado depois dos que estão registados nas folhas do livro… Depois, é de
desconfiar que num livro de atas com perto de 300 anos só agora alguém
descobrisse tão importante documento…
Há ainda dados que têm de ser considerados e analisados, para se poder com
alguma segurança concluir, se for caso disso, da autenticidade do documento.
Por exemplo, William Preston foi o Venerável Mestre da Loja Antiguidade, n.º 2,
que a conduziu na secessão desta, ou de parte dos membros desta Loja, da
Grande Loja dos Modernos (a Primeira Grande Loja), em 1779, integrando
a Grand Lodge of All England at York, secessão esta que durou até 1790,
tendo então cessado com a reunificação da Loja Antiguidade, n.º 2, sob a égide
da Grande Loja dos Modernos. A causa desta secessão foi a expulsão de
Preston, acusado de ter liderado uma procissão maçónica não autorizada pela
Grande Loja. Na ocasião, Preston invocou a senioridade da Loja Antiguidade,
uma das quatro Lojas fundadoras da Primeira Grande Loja, enquanto
sucessora da Loja que reunia em The Goose and the Giridon, Em face do
documento agora surgido, se autêntico, o normal seria que Preston invocasse,
não a senioridade da Loja Antiguidade enquanto sucessora da Loja que reunia
em The Goose and the Giridon, mas sim essa senioridade em nome próprio,
em 1721…
Até pode ser que a data da fundação da Grande Loja tenha de ser revista e
que a lista dos seus Grão-Mestres tenha de ser amputada de três elementos
(incluindo Desaguliers). Mas, para já, o que sabemos, na minha opinião, ainda
não permite essa conclusão. Ainda há que ler, que estudar o documento, que
analisar, enfim, que fazer o trabalho que os historiadores fazem, antes de se
chegar a uma conclusão definitiva. Que pode alterar a data até agora aceite ou
manter essa data como a correta…
Aguardemos com paciência, que também deve ser uma virtude cultivada pelos
maçons!