Você está na página 1de 25

O barulho dos evangélicos.

Entrevista com Ricardo Mariano



share
14 Novembro 2017

 

Para o sociólogo e professor da USP Ricardo Mariano, o radicalismo no


discurso conservador das igrejas evangélicas nunca foi tão evidente. Mariano
é um estudioso do tema desde o início dos anos 90. Suas pesquisas na área de
sociologia da religião abarcam desde a demonização pentecostal dos
cultos afro-brasileiros até a reação dos evangélicos ao Novo Código Civil.
Ele percebe que o discurso moralista está ocupando a mente da população e
entrando na pauta dos debates de maneira decisiva na próxima eleição
presidencial. O evangélico conservador está cada vez mais barulhento.

Mariano escreveu um livro fundamental para se entender religião no país


chamado Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no 
Brasil (Edições Loyola), já na quinta edição, no qual fala especialmente da
Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, e da teologia da
prosperidade, em que a igreja é intermediária de uma barganha entre Deus e
os homens pela bonança terrena e o futuro celestial.

Mariano deu essa entrevista para o blog sobre o avanço parlamentar e a


mobilização política dos pentecostais quando havia acabado de voltar do
encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Ciências Sociais (Anpocs), realizado na última semana de outubro em
Caxambu (MG). O evento contou com a participação de 1200 cientistas
sociais que trataram exaustivamente dos impasses atuais da democracia
brasileira. Foi marcado pela preocupação sobre os destinos do país e a crise na
pesquisa científica, abandonada e sem verbas.

A entrevista é de Vicente Vilardaga, publicada por O Estado de S. Paulo,


13-11-2017.

A religião foi um dos assuntos em pauta. Mariano, que é secretário geral da


Anpocs, apresentou um estudo oportuno sobre a expansão e o ativismo
político dos grupos evangélicos conservadores no país. Esses grupos se opõem
à ampliação dos direitos civis de minorias sexuais e querem impedir todo tipo
de aborto, inclusive em casos de estupro, risco de morte da mãe e fetos
anencéfalos.

Eles têm crescido muito nos últimos tempos numa onda moralista e
cerceadora dos direitos individuais que se alastra por toda sociedade. Embora
não representem a totalidade dos 60 milhões de evangélicos brasileiros, uma
comunidade bastante heterogênea, eles apontam uma tendência geral
conservadora que pode ser verificada na população religiosa e nos seus
representantes parlamentares. “Nos legislativos municipais, estaduais e
federal, a maioria, mas não todos, tende a sustentar projetos de lei de caráter

conservador no plano moral relativos à sexualidade e à família, por exemplo”,
diz Mariano. “Propõem projetos para tratar e reverter a homossexualidade e
pretendem discriminar casais de mesmo sexo.” Assuntos relativos à
moralidade têm sido um ponto de coesão para os evangélicos. A grande
maioria da sua bancada na Câmara, que hoje tem pelo menos 80 deputados,
15% da casa, está de acordo com esses temas.

O que se percebe, segundo ele, é que a radicalização do discurso religioso, em


especial relacionado ao conservadorismo moral, pode dar frutos e resultar
em dividendos eleitorais a curto prazo. O deputado Marco Feliciano, do PSC,
por exemplo, conseguiu visibilidade inédita nos tempos em que comandou a
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e expandiu o
público de seu discurso hiperconservador. Conseguiu deslanchar. Havia sido
eleito com 200 mil votos, em 2010, e saltou para 400 mil, em 2014. “A
cruzada moral é apresentada como trunfo da representação política em defesa
do evangelho e dos evangélicos”, afirma Mariano. A fórmula funciona muito
bem para eleições parlamentares, mas aumenta a rejeição ao político e tira
p ç p j ç p
sua competitividade na disputa por cargos majoritários, decididos em eleições
com segundo turno. Jair Bolsonaro, que já é candidato à presidência e tem
uma agenda de direita vai ter oportunidade de testar esses limites nas
próximas eleições.

“Os evangélicos procuram instrumentalizar seu poder político partidário,


eleitoral e parlamentar para defender seus interesses institucionais e
corporativos, obter recursos públicos para suas obras sociais, isenção do
pagamento de taxas e cargos públicos.”

“Os evangélicos passaram a se incorporar em todos os setores, no futebol e até 


mesmo no tráfico. Boa parte dos traficantes no RJ tem se aproximado de
igrejas pentecostais. Antes havia uma fronteira entre as igrejas e o mundo do
crime e essa fronteira desapareceu. Você vê a molecada no tráfico dando
dízimos ou promovendo shows gospel. E os pastores dão essa abertura porque
querem convertê-los.”

“O crescimento do pentecostalismo no Brasil e na América Latina


transformou o campo religioso brasileiro nas últimas décadas. Hoje são mais
de 60 milhões de evangélicos. Nas periferias das grandes e médias cidades e,
em especial, nas regiões metropolitanas é onde os pentecostais mais crescem.
Criou-se um cinturão evangélico nas periferias, locais onde os sindicatos,
partidos e poderes públicos não chegam”.

“Caberá à população arcar com o custeio do que está deixando de ser pago
pelas igrejas em taxas de limpeza urbana. A dívida total é de 920 milhões, mas
não é só das igrejas evangélicas ”
não é só das igrejas evangélicas.

“A questão da laicidade, praticamente invisível até os anos 90, emergiu com


força à medida que os evangélicos ocuparam a política partidária e eleitoral e
os meios de comunicação de massa.”

“O fato é que o STF bancou o ensino religioso confessional. A meu ver, essa
decisão foi lamentável. Ainda que o ensino religioso seja facultativo, na
prática ele é obrigatório, porque as escolas não oferecem outras opções aos
estudantes.”

“Nos legislativos municipais, estaduais e federal, a maioria, mas não todos,


tendem a sustentar projetos de lei de caráter conservador no plano moral
relativos à sexualidade e à família, por exemplo.” 

“Nos últimos 30 anos, quase triplicaram o tamanho de sua bancada. 15% dos
deputados federais atualmente são evangélicos.”

“No momento, são cerca de 80 deputados federais atuando na Frente


Parlamentar Evangélica. A maior bancada é da Assembleia de Deus,
seguida pela da Igreja Universal e, por fim, a dos batistas. Em geral, são os
parlamentares vinculados à Assembleia de Deus os mais ativos ou os que mais
se destacam na promoção de pautas moralistas conservadoras no Congresso
Nacional.”

“Desde o início da redemocratização, todos os candidatos e partidos de médio


ou de grande porte negociam apoios e alianças com autoridades evangélicas,
b t d t t i já i é l itá l i j
sobretudo pentecostais, já que isso é pouco usual e aceitável nas igrejas
protestantes históricas.”

“A TV aberta contém 20% da programação religiosa. Grande parte dela é


ocupada por evangélicos, sobretudo pela Igreja Universal.”

“Lula é o pré-candidato com maior apoio entre os evangélicos: com 32% de


intenção de voto nesse segmento religioso. Mas esse apoio é inferior ao que
ele obtém no restante do eleitorado, que é de 36%. Entre os católicos, Lula
alcança 40%.”

“Bolsonaro é um aliado antigo de líderes da frente parlamentar evangélica,


como Marco Feliciano, João Campos, entre outros. Ele tem se esforçado
em construir relações e alianças com dirigentes evangélicos na tentativa de 
catapultar a sua eleição a presidente da República. Mas candidaturas de
centro direita podem inviabilizar completamente a candidatura do Bolsonaro,
que é visto também como um sujeito controverso no meio evangélico.”

“Entre os partidos controlados por grupos evangélicos o PRB se destaca pelo


pragmatismo, ou pelo peemedebismo, isto é, opta por fazer parte da base de
apoio aos governos de plantão, seja de que partido for, em troca de cargos. E o
PSC assumiu perfil partidário de extrema direita nos últimos anos.”

“Os evangélicos progressistas são minoritários e pouco visíveis dentro e fora


do parlamento.”

“Deus prospera os seus leais servos, os cristãos, por meio da doação de


dí d f d fé l d
dízimos, de ofertas, que expressam a comprovação de sua fé. Eles podem
auferir prosperidade, felicidade, vitória em seus empreendimentos. E a
prosperidade não é de ordem só material, mas é a prosperidade de um modo
geral na vida.”

“Parte da população tem enorme dificuldade de lidar com as mudanças


comportamentais em fluxo nas últimas décadas, com a emergência de novos
arranjos familiares e das transformações nas relações de gênero, com a
visibilidade pública da união civil de pessoas do mesmo sexo, das novas
formas de afeto inclusive sexuais que escapam aos padrões familiar e sexual
heteronormativos hegemônicos. Muitos vêem tais mudanças como
indecência, falta de vergonha na cara, irrupção de nova Sodoma e
Gomorra, o fim dos tempos.”

Eis a entrevista.

Como foi a última reunião da Anpocs? Quais os temas que



dominaram o encontro?

As atividades acadêmicas que abordaram fenômenos religiosos, como o


ativismo político de grupos evangélicos conservadores, ocuparam importante
espaço no Encontro da ANPOCS, mas não dominaram o encontro, que
contou com a participação de mais de 1.200 pesquisadores. Dada a atual
conjuntura sociopolítica e econômica, o objeto de destaque das reflexões e dos
debates foi a democracia brasileira e seus impasses, a crise política, a
polarização político-ideológica, os conflitos no interior do judiciário e entre
instituições jurídicas e políticas e o cenário eleitoral de 2018.

E a corrupção?
Também foi assunto. Foram objeto de debate a crise da democracia, o
combate à corrupção e os embates políticos e judiciais em torno disso, a
crescente desconfiança da população nas instituições políticas, o quadro de
desemprego, endividamento, de agravamento da desigualdade, da
criminalidade, da precarização do trabalho e da flexibilização dos direitos
trabalhistas. Tal situação deu margem até para manifestações, a partir de
junho de 2013, de grupelhos propondo a volta dos militares ao poder. O
próprio Bolsonaro tem insuflado tal movimento, alardeando que pretende
governar com ministros militares.

O clima não está muito favorável mesmo.

O clima político atual, além de conflituoso, é de muita incerteza, de


insegurança, de intensa preocupação sobre o que vai ocorrer a curto e médio
prazos, seja na eleição presidencial no ano que vem, seja na condução da
política econômica e da dívida pública, seja nas áreas de educação,

saúde, segurança pública, previdência social, etc.

Você acha que a sociedade está guinando para a direita, que essa
minoria está ganhando massa?

Temos um governo federal francamente de direita, impopular, com exíguos


3% de aprovação, apoiado e, ao mesmo tempo, refém de uma maioria
parlamentar de perfil conservador, fisiológico e disposta a reverter parte da
legislação de defesa do meio ambiente, dos territórios indígenas, dos direitos
trabalhistas, dos direitos sociais. No extremo, a bancada ruralista propôs a
redefinição do trabalho escravo no país visando a dificultar sua fiscalização e
punição. Tendo em vista os resultados nas eleições de 2016, pode-se dizer que
parte do eleitorado guinou para a direita, como comprova a baixa
performance dos candidatos do PT. Além disso, movimentos de direita, como
MBL entre outros ampliaram seu ativismo e sua visibilidade nas redes
MBL, entre outros, ampliaram seu ativismo e sua visibilidade nas redes
sociais.

Os políticos evangélicos estão desse lado mais conservador?

Claramente. Mas no que concerne a questões morais, de ordem


comportamental. Nos legislativos municipais, estaduais e federal, a maioria,
mas não todos, tendem a sustentar projetos de lei de caráter conservador no
plano moral relativos à sexualidade e à família, por exemplo. Propõem
projetos para tratar e reverter a homossexualidade. Pretendem discriminar
casais de mesmo sexo por meio do Estatuto da Família. Querem impedir todo
tipo de aborto, inclusive em casos de estupro, risco de morte da mãe e fetos
anencéfalos, através do Estatuto do Nascituro.


São muito pragmáticos de um modo geral.

Eles procuram instrumentalizar seu poder político partidário, eleitoral e


parlamentar para defender seus interesses institucionais e corporativos, obter
recursos públicos para suas obras sociais, isenção do pagamento de taxas,
cargos públicos, etc. Recentemente, tentaram obter perdão de dívidas
previdenciárias para igrejas no Refis. Procuram ocupar o espaço público com
seus símbolos religiosos, construindo praças da bíblia, criando o dia do
evangélico e coisas do gênero, tendo por referência a ação católica de colocar
crucifixos em edificações públicas, como tribunais e escolas e erguer estátuas
de Cristo.

E a atuação partidária?
Entre os partidos controlados por grupos evangélicos o PRB se destaca pelo
pragmatismo, ou pelo peemedebismo, isto é, opta por fazer parte da base de
apoio aos governos de plantão, seja de que partido for, em troca de cargos. O
PRB sustentou os governos petistas de Lula e Dilma e está apoiando o
governo Temer, além dos governos paulistas tucanos. Os parlamentares do
PRB tendem a votar com os demais evangélicos em temas de ordem moral.
Mas eles, inclusive seus deputados que são pastores e bispos, não encabeçam
os projetos de lei de cunho moral, muito menos os mais controversos. Já o
PSC, sobretudo a partir de 2013, quando Marco Feliciano presidiu a
Comissão de Direitos Humanos e Minorias, assumiu publicamente
uma orientação político-ideológica de direita no campo econômico e
superconservadora no plano moral. Pastor Everaldo, presidente do PSC, como
candidato à presidência da República, defendeu o Estado mínimo, a
privatização da Petrobras. O PSC assumiu perfil partidário de extrema direita
nos últimos anos. À medida que assumiu perfil mais extremista, o PSC perdeu
parlamentares entre as eleições de 2010 e 2014. Em geral, são os
parlamentares vinculados à Assembleia de Deus os mais ativos ou os que mais
se destacam na promoção de pautas moralistas conservadoras no Congresso
Nacional. Caso dos deputados Marco Feliciano, João Campos, Sóstenes 
Cavalcanti, Eduardo Bolsonaro, Hidekazu Takayama. No Senado, Magno
Malta, que é batista.

Quem compõe essa grande bancada evangélica?

No momento, são cerca de 80 deputados federais atuando na Frente


Parlamentar Evangélica. A maior bancada é da Assembleia de Deus,
seguida pela da Igreja Universal e, por fim, a dos batistas. Essas três igrejas
dispõem da maior proporção de parlamentares. Em sua maioria, os deputados
evangélicos atuam em partidos pequenos, como PRB, PSC, DEM e em
partidos ainda menores. Eles têm diminuta presença nos grandes partidos,
como PT, PSDB e PMDB. Com poucas exceções, estão imersos no baixo
clero.
E qual é o grau de coesão dos evangélicos?

Eles não formam um bloco coeso, uniforme e homogêneo. Estão divididos em


diversos partidos e igrejas distintos e concorrentes. Apresentam coesão
somente em torno de pautas específicas, sobretudo em questões de ordem
moral, envolvendo a sexualidade, a instituição familiar, os costumes, as
representações artísticas, as relações de gênero, o aborto, a união civil de
pessoas de mesmo sexo, etc. O moralismo de cunho bíblico constitui forte
fator de coesão desse grupo religioso e político.

Mas não existem evangélicos progressistas?

Não são todos que apoiam tal agenda moral ou que sustentam esse 
moralismo na arena pública. Os progressistas são minoritários e pouco
visíveis dentro e fora do parlamento. Eles defendem os direitos humanos,
minorias, a laicidade do Estado e da escola pública, políticas redistributivas.

A Marina Silva está nesse grupo?

Sim. Ela defende intensamente a laicidade do Estado, até como forma de se


defender da acusações de que, se for eleita presidente, ela discriminará outras
religiões e favorecerá os evangélico. Defendeu a laicidade em 2010 e em 2014.
Ela é missionária da Assembleia de Deus. Tem posições próprias em
relação a aborto e união civil de pessoas do mesmo sexo, mas defende que
nessas questões mais controversas o ideal seria a realização de plebiscitos e
não a decisão do Congresso. Ela tenta evitar um confronto direto seja com
defensores da laicidade do Estado, seja com feministas, grupos LGBT ou
defensores de direitos humanos. A saída pela via do plebiscito é uma saída em
que a vontade do povo se realiza independentemente das posições politicas-
religiosas da presidente.

Como funciona a teologia da prosperidade, que impulsiona muitos


pentecostais em sua ascensão social?

Algumas igrejas pentecostais pregam essa teologia. Deus prospera os seus


leais servos, os cristãos, por meio da doação de dízimos, de ofertas, que
expressam a comprovação de sua fé. Eles podem auferir prosperidade,
felicidade, vitória em seus empreendimentos. E a prosperidade não é de
ordem só material, mas é a prosperidade de um modo geral na vida. Essa é
uma crença bastante controversa porque dentro do próprio meio evangélico,
critica-se essa espécie de barganha entre Deus e os homens, em que as igrejas
figuram como intermediários. É muito distinto do protestantismo puritano
dos séculos 16 e 17, que era muito ascético. Eles estavam preocupados
fundamentalmente com a salvação celestial. O foco agora é o inverso. Eles não

abandonaram evidentemente a crença na salvação, mas a ênfase é mais
materialista, voltada para a felicidade terrena.

Que outras pautas promovem a coesão entre os evangélicos?

Outra pauta é a defesa da liberdade religiosa. Lideranças pentecostais vivem


alardeando que a liberdade religiosa deles está sempre ameaçada. Eles se
consideram discriminados e perseguidos preferenciais dos governos petistas,
de grupos feministas e LGBTs, ou daqueles que nomeiam de gayzistas,
esquerdopatas, bolivarianistas, cristofóbicos. A terceira pauta que concorre
para promover sua coesão é a defesa de seus interesses corporativistas. Nas
câmaras municipais, muitos parlamentares evangélicos afora lutam para
flexibilizar as regras e a aplicação do código de edificações e das leis de
silêncio ou ruído em prol de suas igrejas, propõem e negociam projetos para
isentá-las do pagamento de taxas. No Congresso Nacional, desde a
p g g ,
Constituinte, ocupam em grande número a Comissão de Ciência, Tecnologia,
Comunicação e Informática, a fim de defender seus interesses como
concessionários de inúmeras emissoras de rádio e TV.

As igrejas devem hoje mais de 900 milhões de reais em taxas.

As associações religiosas no país gozam de isenção tributária, não pagam


impostos. Contudo, são obrigadas a pagar taxas, como as de limpeza urbana e
as contribuições previdenciárias de seus funcionários. Em muitas cidades,
vereadores evangélicos conseguiram isentar as igrejas do pagamento de taxas
de limpeza urbana, entre outras. Caberá à população arcar com o custeio do
que está deixando de ser pago pelas igrejas. A dívida total é de 920 milhões,
mas não é só das igrejas evangélicas. Como disse, deputados evangélicos
tentaram obter perdão fiscal dessas dívidas.

E as diferenças na base evangélica?

Na Câmara Federal, eles estão divididos em dezenas de partidos e igrejas.


Concorrem entre si, sustentam posições teológicas diferentes, optam por
apoiar distintos candidatos a eleições majoritárias. Apresentam, portanto,
uma série de divisões, clivagens, inclusive em votações. Mesmo no
impeachment, votação que promoveu enorme coesão desses parlamentares,
foram 89%. Onze por cento deles votaram contra o impeachment. O consenso
é praticamente impossível, e não só em matéria política. Edir Macedo, por
exemplo, já deu várias declarações públicas em defesa do aborto.

Outro caso em que se percebe grande união foi na eleição do bispo


Marcelo Crivella no Rio.
No Rio, cerca de 90% dos pentecostais, segundo os órgãos de pesquisa,
votaram em Crivella para prefeito. Ele conquistou grande parte do eleitorado
das regiões mais pobres. Mas venceu muito em função da fragilidade da
candidatura de seu adversário, Marcelo Freixo, do PSOL, vinculado a um
partido muito pequeno, e com uma trajetória política na zona sul carioca, que
sensibiliza só o público de classe média branca universitária que forma uma
base eleitoral muito restrita. Era um candidato com uma pauta mais
vinculada ao legislativo, sem bases populares, sem apelo na periferia do Rio.
Tinha uma boa atuação parlamentar, mas pouco apelo eleitoral. Havia
também um contexto de extrema fragilidade da esquerda no Brasil. Tudo isso
prejudicou a candidatura do Freixo.
Seja como for dá para perceber uma enorme expansão política dos
pentecostais.

O crescimento do pentecostalismo no Brasil e na América Latina 


transformou o campo religioso brasileiro nas últimas décadas. Hoje são mais
de 60 milhões de evangélicos. Essa transformação se acentua e se radicaliza a
partir dos anos 80 e, nos últimos 40 anos, esse processo avança célere. Nas
periferias das grandes e médias cidades e, em especial, nas regiões
metropolitanas é onde os pentecostais mais crescem. Criou-se um cinturão
evangélico nas periferias, locais onde os sindicatos, partidos e poderes
públicos não chegam.

Eles se integraram totalmente na sociedade brasileira.

Uma coisa importante é que os evangélicos, sobretudo pentecostais, eram


vistos, até fim do século 20, como um segmento à parte na sociedade
brasileiro, isolado, sectário, e isso mudou. Eles ganharam enorme visibilidade
pública e deixaram de ser vistos como algo à parte, isolado, sem relação com a
cultura brasileira, que era católica. Eles passaram a se incorporar em todos os
f b l é áf d f
setores, no futebol e até mesmo no tráfico. Boa parte dos traficantes no RJ
têm se aproximado dessa igreja. Antes havia uma fronteira entre as igrejas
pentecostais e o mundo do crime e essa fronteira desapareceu. Você vê a
molecada no tráfico dando dízimos ou promovendo shows gospel. E os
pastores dão essa abertura porque querem convertê-los.

Eles avançam também nos meios de comunicação de massa.

Muito. A TV aberta contém 20% da programação religiosa. Grande parte dela


é ocupada por evangélicos, sobretudo pela Igreja Universal. Eles compram
os horários de programação ou as próprias emissoras. A Igreja
Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares, cunhado do Edir
Macedo, compra programação, mas também dispõe de canal a cabo. A
Renascer dispõe de canal a cabo.


A Universal dispõe de TV aberta – a Record disputa a segunda posição no
mercado com o SBT. Além disso, eles dispõem de uma imensa rede
radiofônica e muitas portais na internet, editoras e bandas gospel. Vendem
milhões de bíblias e livros religiosos e de autoajuda.

Há uma estratégia bem definida de ocupação do espaço político.

Os pentecostais ingressaram na política partidária para valer na Constituinte,


período que coincide com sua ocupação dos meios de comunicação de massa e
com o boom pentecostal. Antes da Constituinte havia apenas dois deputados
pentecostais. Em 1986, eles elegeram 18, um crescimento de 900% na sua
representação parlamentar, 13 deles da Assembleia de Deus. Foram pastores
da Assembleia de Deus que disseminaram o boato persecutório e
conspiratório de que a Igreja Católica pretendia retomar sua posição oficial
junto ao Estado brasileiro a partir da elaboração da nova carta magna. A
partir daí, substituíram o lema “crente não se mete em política” pelo “irmão
vota em irmão”. Na atual legislatura, passaram a dispor de cerca de 80
deputados federais e três senadores, um dos quais se tornou prefeito do Rio
de Janeiro. Então, nos últimos 30 anos, quase triplicaram o tamanho de sua
bancada. 15% dos deputados federais atualmente são evangélicos.

O caso Crivella mostra que, em certas situações, eles podem apoiar


maciçamente um candidato.

Podem, mas, desde 1989 nunca deram apoio maciço, uniforme, a um único
candidato. Naquela eleição, no primeiro turno, eles se dividiram entre os
diferentes candidatos. Só no segundo turno, quando restaram apenas Collor
e Lula, lideranças pentecostais apoiaram em peso a candidatura do caçador
de marajás. Na ocasião, difundiram o boato persecutório de que a eleição de
Lula estabeleceria o comunismo no Brasil, comunismo atípico, pois associado

ao catolicismo de esquerda, mas que iria impor sérios obstáculos à sua
liberdade religiosa. Diziam que os evangélicos seriam perseguidos, seus
pastores iriam para o paredón, seriam presos, torturados, suas igrejas seriam
transformadas em galpões, supermercados. Esse tipo de boato persecutório
foi muito forte durante o segundo turno da eleição presidencial de 1989.

Tanto na Constituinte como na primeira eleição pós ditadura militar,


boatos persecutórios e conspiratórios foram fundamentais na arregimentação
e mobilização política e eleitoral deles. Há pelo menos três décadas são
experts em fazer uso das “fake news” com fins políticos e eleitorais.

Esse sentimento persecutório é característico dos políticos


evangélicos?
Isso tem ocorrido em todas as eleições desde o início da redemocratização.
Candidatos evangélicos a deputados federal, estadual, a vereador, a senador e
mesmo a cargos majoritários, como o Crivella, têm insistido que os
evangélicos são perseguidos, discriminados, e que o principal recurso de que
dispõem para assegurar sua liberdade religiosa e defender a família,
consistem em eleger seus irmãos de fé para protegê-los no parlamento de seus
inimigos esquerdopatas.

O Bolsonaro exerce atração entre os evangélicos. Ele pode


aglutinar essas forças?

Os evangélicos são minoritários no Brasil, têm 32% da população, segundo o


Datafolha. São muitos, mas são minoria. Eles não têm como eleger um
presidente, evangélico ou não, somente com seus votos. E Jair Bolsonaro

não demonstra por enquanto a capacidade de aglutiná-los. Bolsonaro não é
evangélico. É casado com uma evangélica e tem filhos evangélicos, como
Eduardo Bolsonaro, batista, que lidera o Escola sem partido. Ele foi
batizado em Israel, em 2016, pelo pastor Everaldo e divulgou as imagens do
batismo nas redes sociais para tentar ampliar seu eleitorado nesse meio
religioso. Bolsonaro é um aliado antigo de líderes da frente parlamentar
evangélica, como Marco Feliciano, João Campos, entre outros. Ele tem se
esforçado em construir relações e alianças com dirigentes evangélicos na
tentativa de catapultar a sua eleição a presidente da República. No momento,
ele tem apoio eleitoral entre os evangélicos superior ao que dispõe no
conjunto do eleitorado, 21% contra 16%, respectivamente. Da mesma forma,
ele é menos rejeitado pelos evangélicos (27%) que no total do eleitorado
(33%).

O Lula é exatamente o contrário.


Lula é o pré-candidato com maior apoio entre os evangélicos: com 32% de
intenção de voto nesse segmento religioso. Mas esse apoio é inferior ao que
ele obtém no restante do eleitorado, que é de 36%. Entre os católicos, Lula
alcança 40%. Além disso, ele tem maior rejeição entre os evangélicos (46%).
No eleitorado, a rejeição é de 42%. Bolsonaro e Marina Silva, missionária da
Assembleia de Deus, dispõem de maior apoio entre os evangélicos do que no
total do eleitorado.

Você não acredita que Bolsonaro tenha grande futuro?

Candidaturas de centro direita podem inviabilizar completamente a


candidatura do Bolsonaro, que é visto também como um sujeito controverso
no meio evangélico. Líderes denominacionais e parlamentares, como Malafaia
e Feliciano, também são controversos em seu meio religioso. São criticados e
contestados, por várias razões. Bolsonaro mais ainda. Feliciano não 
representa 60 milhões de fiéis, de forma alguma. Nem Malafaia, nem Edir
Macedo. São figuras polêmicas, controversas no meio evangélico, que, como
disse, é plural, muito diversificado internamente. Bolsonaro, porém, pode se
beneficiar desse discurso em torno da restauração da ordem, da moral,
anticorrupção, antipolítica, da formação de um governo forte com suporte
militar para avançar em parte do eleitorado evangélico, sobretudo
pentecostal. Talvez por conta disso, Bolsonaro disponha, nesse momento, da
intenção de apoio de um quinto dos evangélicos.

Tem uma pauta de governo forte para as próximas eleições.

É uma pauta que se aproxima de parte da pauta política dos evangélicos,


sobretudo no que se refere à demanda para que os poderes públicos
assegurem a moralidade cristã no ordenamento jurídico do país. Parte da
população tem enorme dificuldade de lidar com as mudanças
t t i fl últi dé d ê i d
comportamentais em fluxo nas últimas décadas, com a emergência de novos
arranjos familiares e das transformações nas relações de gênero, com a
visibilidade pública da união civil de pessoas do mesmo sexo, das novas
formas de afeto inclusive sexuais que escapam aos padrões familiar e sexual
heteronormativos hegemônicos. Muitos vêem tais mudanças como
indecência, falta de vergonha na cara, irrupção de nova Sodoma e
Gomorra, o fim dos tempos. O discurso hipermoralista de Bolsonaro e de
vários deputados evangélicos joga lenha nessa fogueira e apregoa a
discriminação estatal a minorias sexuais.

Ser hipermoralista é uma vantagem nesse negócio?

A cruzada moral é apresentada como trunfo da representação política em


defesa do evangelho e dos evangélicos. Confere visibilidade e dá retorno
eleitoral, ao menos para candidatos ao legislativo. Feliciano, ao presidir a
Comissão de Direitos Humanos e Minorias, em 2013, foi acusado de 
fundamentalista, intolerante, fanático pela grande imprensa, por inúmeros
oponentes políticos e em manifestações públicas. O que aconteceu? Ele
dobrou sua votação, passando de 200 mil votos em 2010 para 400 mil, em
2014.

Radicalizou e levou.

Mostrar-se radical, radicalizar o conservadorismo moral ou a defesa


corporativista em prol de suas igrejas pode resultar em dividendos eleitorais.
E é isso que muitos deles buscam, a fim de obter maior visibilidade pública,
escapar da obscuridade do baixo clero, sedimentar e estender seu eleitorado.
Radicalizar a defesa de uma pauta extremamente conservadora e controversa
pode torná-los expoentes de determinada causa. Tal estratégia de construção
da identidade política por meio do ativismo radical em defesa de pautas
controversas é que ela, praticamente, inviabiliza a eleição para os cargos
majoritários, sobretudo em eleições decididas em segundo turno, já que tende
a resultar em elevados índices de rejeição.

Como estamos evoluindo na questão da laicidade do Estado?

A questão da laicidade, praticamente invisível até os anos 90, emergiu com


força à medida que os evangélicos ocuparam a política partidária e eleitoral e
os meios de comunicação de massa. Até então, os crucifixos católicos estavam
(e continuaram) presentes em escolas públicas, em casas legislativas, em
tribunais de Justiça. Mas ninguém reclamava de laicidade. Não era
questionada. A ocupação católica do espaço público estava naturalizada, em
função de sua hegemonia religiosa e da incipiente diversidade religiosa. Os
evangélicos passaram a questionar os privilégios católicos. Em seguida,
políticos evangélicos passaram a se envolver em uma série de conflitos e
acirrados debates públicos, provocando a reação de defensores de direitos
humanos, organizações feministas, LGBTs. Associações de ateus passaram a

questionar a presença de símbolos religiosos em edificações públicas e no
espaço público.

O avanço do pluralismo religioso, do pluralismo cultural e da diversificação


das formas de viver e de concepções de bem comum resultou numa série de
conflitos em torno da laicidade do Estado, da escola pública, do ensino
religioso, etc. Os conflitos se intensificaram. Lutam pela definição da
laicidade, pela secularização da política partidária e eleitoral, pelo
restabelecimento, nos moldes do liberalismo político clássico, das fronteiras
entre Estado e igrejas, política e religião, público e privado.

Como costuma ser essa relação entre Estado e igreja?


O Estado brasileiro se tornou laico oficialmente com o advento da República.
Na Constituição de 1934, ocorreram diversos retrocessos. A Igreja Católica,
seu poder religioso e político renovado e a Liga Eleitoral Católica
conseguiram reverter certos aspectos da laicidade estabelecidos em 1889. A
Constituição brasileira de 1988 manteve o Estado laico e a separação
republicana entre religião e Estado. Nossa constituição, desde 1934, prevê
também a colaboração recíproca entre igreja e estado em prol do interesse
coletivo. É a questão, por exemplo, da assistência social. O governo Collor,
com seu projeto econômico neoliberal, passou a apelar para a participação de
setores da sociedade civil na resolução de problemas sociais. Abriu-se mais
espaço para a atuação assistencial das igrejas em parceria com os poderes
públicos. Isso avançou nos governos seguintes até se tornar frequente moeda
de troca eleitoral.

Seja como for, o voto evangélico se tornou fundamental para


ganhar uma eleição.

Desde o início da redemocratização, todos os candidatos e partidos de médio


ou de grande porte negociam apoios e alianças com autoridades evangélicas,
sobretudo pentecostais, já que isso é pouco usual e aceitável nas igrejas
protestantes históricas. Em 2006, a campanha da candidatura Lula
estabeleceu como uma de suas prioridades a conquista do voto evangélico.
Entre outras coisas, Lula prometeu a ampliação das parcerias do governo
federal com as igrejas, como forma de tentar obter apoio e votos desses
religiosos.

A laicidade é um assunto quente?

Quentíssimo. E esquentou mais ainda com todas as controvérsias públicas


ocorridas em torno dos direitos humanos. O debate sobre a criminalização da
homofobia e o aborto tomou de assalto a disputa eleitoral para a presidência
homofobia e o aborto tomou de assalto a disputa eleitoral para a presidência
em 2010. Mesmo ano em que o III Programa Nacional de Direitos
Humanos, lançado pelo governo Lula, enfrentou acirrada oposição católica
e evangélica.

Muitos líderes e políticos evangélicos se opuseram à candidatura da Dilma, o


que a forçou a recuar afirmando que não iria sancionar nenhuma lei que
pudesse prejudicar a liberdade religiosa dos evangélicos. A partir dos conflitos
travados na Comissão de Direitos Humanos e Minorias em 2013,
evangélicos se afastaram do governo Dilma. Não à toa, 89% dos
parlamentares evangélicos votaram a favor do impeachment. Na Câmara dos
Deputados, tais conflitos resultaram em impasses. Nem defensores dos
direitos humanos e nem a bancada cristã conseguiram fazer avançar suas
propostas e seus projetos de lei no ordenamento legal. Representantes de
minorias sexuais decidiram recorrer ao STF.


Por quê?

O STF aprovou, em 2011, a união civil de pessoas de mesmo sexo. Logo em


seguida, aprovou o aborto de anencéfalos. Isso gerou enorme revolta entre
deputados evangélicos, que propuseram projetos de lei prevendo o
impeachment de ministros do STF que usurparem poderes do legislativo e do
executivo e que igrejas de caráter nacional possam propor ao STF Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI). Por outro lado, gerou
expectativas positivas em seus adversários quanto ao maior progressismo do
STF comparado ao conservadorismo do Congresso. Contudo, após a decisão
do STF a favor do ensino religioso confessional, tais expectativas,
provavelmente, retrocederam.

O STF deu uma guinada conservadora?


Por certo, tornou-se mais arriscado recorrer ao STF para defender a laicidade
do Estado. A votação foi apertada, seis ministros de um lado, cinco do outro.
O STF aprovou a disciplina de ensino religioso facultativo, mas na modalidade
confessional, que estava prevista na concordata entre o Estado brasileiro e
Santa Sé. Um dos 20 artigos desse acordo propunha a confessionalização do
ensino religioso. O governo Lula deu de bandeja esse acordo para a Igreja
Católica, que foi aprovado a toque de caixa pelo Congresso Nacional, a
despeito de inúmeras manifestações públicas que o questionaram.

Isso é um erro, um retrocesso?

O fato é que o STF bancou o ensino religioso confessional. A meu ver, essa
decisão foi lamentável. Ainda que o ensino religioso seja facultativo, na
prática ele é obrigatório, porque as escolas não oferecem outras opções aos 
estudantes. Os pais desconhecem que seja uma disciplina facultativa. Os que
conhecem e não querem que seus filhos cursem ensino religioso na
modalidade confessional não dispõem de disciplina alternativa para seus
filhos. Os colégios não oferecem opções. Os alunos são colocados em uma
salinha qualquer ou no pátio. E ficam sob o risco de sofrer bullying, assédio,
discriminação dos colegas e dos próprios professores. Isso pode colocar
muitos alunos em situação difícil. Alunos de minorias religiosas podem vir a
sofrer ainda mais nas mãos de professores incautos, dispostos a utilizar a sala
de aula como escola dominical.

Leia mais
Pentecostalismo no Brasil. Cem anos. Revista IHU On-Line, N° 329
Pentecostalismo: mudança do significado de ter religião. Entrevista especial
com Cecilia Loreto Mariz. Revista IHU On-Line, N° 400
Religião e política. A instrumentalização recíproca. Entrevista especial com
Ricardo Mariano
Igreja Universal completa 40 anos e propõe uma visão de mundo
empreendedora para o país. Entrevista especial com Carlos Gutierrez
I j U i l t i t d d i d í
Igreja Universal estreia no metro quadrado mais caro do país
Literatura de autoajuda, os valores da classe média e o sucesso da Igreja
Universal. Entrevista especial com Eduardo Refkalefsky
Edir Macedo lança 'Netflix gospel' da Igreja Universal do Reino de Deus
Igreja Universal faz 40 anos e realiza sonho de alcançar classe média alta
Por que as religiões afro-brasileiras são principal alvo de intolerância no
Brasil?
Ataques a religiões de matriz africana fazem parte da nova dinâmica do tráfico
no rio
Brasil registra uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas
"Bancada evangélica reflete a sociedade: conservadora, violenta e desigual"
Bancada Evangélica simboliza conservadorismo no País, dizem analistas
Líderes das três principais igrejas neopentecostais travam “armagedom
midiático”. Entrevista especial com Alexandre Dresch Bandeira
A guinada conservadora ameaça os pobres, afirma reitor da PUC Minas
Vídeo mostra pastor Marco Feliciano pedindo senha do cartão de fiel
Ascensão evangélica é positiva, diz Mangabeira
A transição religiosa em ritmo acelerado no Brasil
A grande onda do pentecostalismo no Brasil e as propostas de alguns bispos
para enfrentar a perda de fiéis 
A ascensão do pentecostalismo: da religião à política. Entrevista especial com
Christina Vital
Como se formam os novos pastores no Brasil
Ensino Religioso em Escola Pública. "A decisão é um retrocesso e é
obscurantista", afirma bispo
Fé e política: o avanço dos deputados evangélicos

 Comunicar erro

NOTÍCIAS RELACIONADAS
Discursos de fé: por que escândalos não abalam a reputação de políticos evangélicos?
O encontro entre pastores evangélicos e a política é uma invenção americana – que pegou bem no Brasil. Com
retórica morali[...]

LER MAIS

Tempo de Oração a favor da Democracia e contra o Golpe

LER MAIS

Como enfrentar o fundamentalismo

LER MAIS


'Deus ilumine vocês': Cassação de Cunha expõe diferenças entre deputados evangélicos
Deputados que representam diferentes igrejas evangélicas usaram a mesma Bíblia para defender diferentes
posições em relação [...]

LER MAIS

Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS


CEP 93.022-750
Fone: +55 51 3590-8213
humanitas@unisinos.br
Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados

Você também pode gostar