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Sentença - 0720153-54 2022 8 07 0007-1696862426310-2070847
Sentença - 0720153-54 2022 8 07 0007-1696862426310-2070847
09/10/2023
Número: 0720153-54.2022.8.07.0007
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 3ª Vara Cível de Taguatinga
Última distribuição : 18/10/2022
Valor da causa: R$ 4.537,16
Assuntos: Despesas Condominiais
Nível de Sigilo: 0 (Público)
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
CONDOMINIO TAGUA LIFE CENTER (REQUERENTE)
DELZIO JOAO DE OLIVEIRA JUNIOR (ADVOGADO)
TOLEDO INVESTIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA.
(REQUERIDO)
MARIZA BREGANO (REPRESENTANTE LEGAL)
DOUGLAS WILLIAM CAMPOS DOS SANTOS (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
173659178 29/09/2023 Sentença Sentença
17:01
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
3VARCIVTAG
3ª Vara Cível de Taguatinga
SENTENÇA
Trata-se de ação ajuizada por CONDOMINIO TAGUA LIFE CENTER em desfavor de TOLEDO
INVESTIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA, partes qualificadas nos autos.
A autora alega, em suma, que o Requerido é proprietário do imóvel referente a Unidade 0004, do
Bloco B, integrante do Condomínio autor e que está inadimplente com o pagamento das quotas
condominiais referentes aos meses de janeiro de 2022 a setembro de 2022, acumulando uma dívida
total que perfaz a soma de R$ 4.537,16 (quatro mil quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito
centavos. Tece considerações sobre o direito aplicável e requer a procedência do pedido, com a
condenação do Reu ao pagamento imediato das quantias devidas, no valor de R$ 4.537,16 (quatro mil
quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos), acrescidas de juros, correção monetária e já
com honorários advocatícios de 20%.
O réu ofertou defesa, modalidade contestação no ID. 158382172, alegando preliminarmente, a sua
ilegitimidade passiva, já que a unidade objeto da cobrança, foi vendida no dia 16 de fevereiro de 2011
para as adquirentes MARA TEREZA BIMBATO e CRISTINA BIANCA BIMBATO SILVA, que
firmaram cessão de direitos com os novos e atuais proprietários, Luiz Fernando Mouta Moreira e
Karine de Santes Bastos Moreira, estando esses na posse do bem. No mérito, aduz que a ocupação da
unidade pelo promitente comprador implica que tal pessoa passe a ser o titular do uso e fruição dos
benefícios gerados pelo condomínio, sendo ela, pois, a única interessada, responsável, pela quitação
das despesas atinentes à espécie. Defende que a responsabilidade pelo pagamento das obrigações
condominiais geradas por imóvel objeto de promessa de compra e venda é da promitente vendedora
até a entrega e imissão do adquirente na posse direta da unidade imobiliária, já tendo ocorrido a
entrega da unidade objeto da cobrança. Requer, por fim, o julgamento pela improcedência dos
pedidos.
Réplica, ID 161411770, reiterando os argumentos da inicial e afirmando que não há nos autos nenhum
documento que comprove a efetiva entrega do imóvel aos compradores e muito menos documento que
comprove a ciência inequívoca do Condomínio acerca da referida alienação, já que no Cartório de
Registro de Imóveis a unidade está registrada como sendo de propriedade da Requerida.
É o relatório. DECIDO.
Trata-se de hipótese de julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de
Processo Civil. A questão é eminentemente de direito e em relação aos fatos a serem apreciados, os
documentos acostados aos autos são suficientes para o deslinde da causa.
A requerida alega ser parte ilegítima para compor o polo passivo da demanda ao argumento que a
unidade, objeto da lide, foi vendida no dia 16 de fevereiro de 2011 para as adquirentes MARA
TEREZA BIMBATO e CRISTINA BIANCA BIMBATO SILVA e que posteriormente foi objeto de
Cessão de Direitos para LUIZ FERNANDO MOUTA MOREIRA e KARINE DE SANTES BASTOS
MOREIRA, por meio de Escritura Pública de alienação fiduciária. Diz ainda que a cláusula 13.3 do
contrato de compra e venda da unidade transmite todos os deveres e obrigações para o comprador da
unidade, independe da entrega das chaves e traz no bojo da manifestação arestos jurisprudências para
defender o seu alegado direito.
Contrariamente, o que se extrai da documentação e exposição apresentada pela Requerida, é que não
há nenhum elemento nos autos que afaste a sua responsabilidade pelo pagamento das quotas
condominiais devidas pela unidade em questão.
Isto porque, embora conste nos autos instrumento particular de promessa de compra e venda (id.
158382174), a Requerida não comprova a ciência inequívoca do Condomínio acerca da referida
alienação, conforme estipula entendimento jurisprudencial do STJ, bem como o fato de que a unidade
está registrada como sendo de propriedade da Requerida no Cartório de Registro de Imóveis,
conforme documento de ID. 140075022.
Ademais, importante ressaltar que o comprador só é responsável pelo pagamento das quotas
condominiais com a entrega das chaves pela vendedora, de forma que a cláusula contratual invocada
pela Ré não possui qualquer validade jurídica e não há nos autos nenhum documento que comprove a
entrega das chaves da unidade ao promitente comprador.
Outrossim, considerando que o contrato apresentado pela Requerida não foi levado a registro, para
assim, dar conhecimento a terceiros, eximindo-se da obrigação pelo pagamento das taxas
condominiais, entende-se que a ré é, ainda, a responsável pela dívida condominial em tela.
Neste sentido:
Desta forma, impõe-se a procedência dos pedidos iniciais e a condenação da requerida ao pagamento
do débito reclamado, em prejuízo de eventual ação regressiva em desfavor do promitente
comprador/ocupante do imóvel.
DISPOSITIVO
Diante do exposto, julgo procedente o pedido formulado pela parte autora, para condenar a parte ré ao
pagamento de R$ 4.537,16 (quatro mil quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e oito centavos), a
ser atualizado pelo INPC e acrescido de juros de 1% ao mês a contar da data de vencimento de cada
parcela.
Por conseguinte, julgo extinto o processo, com apreciação do mérito, com amparo no artigo 487,
inciso I, do Código de Processo Civil.