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Diagnóstico e acolhimento psicológico de crianças e adolescentes

com ideaçao suicida

1. Definição de Ideação Suicida

Segundo o livro “Adolescência e Psicopatologia”, o suicidio pode ser definido


como a vontade e/ou desejo consciente de se matar. O termo “tentativa de suicidio”
indica que houve um fracasso.
Na infância e adolescência a intenção de suidicio é considerada um problema de
saúde pública, no Brasil, dados comprovam que é um dos responsáveis pelas taxas
mais altas de mortalidade nessa faixa etária, com incidência em crianças e
adolescentes do gênero masculino. A compreensão do comportamento suicida e do
suicidio dependem das variações epidemiológicas, sociais e culturais.
Como dito anteriormente, o suicidio expressa vontade explícita ou implícita de
morte, há uma intenção que pode ser passiva ou ativa. Pensamentos de morte com
o fator externo como acidentes de carro e doenças graves, indicam passividade. As
ideações de como cometer a própria morte, tem tendência ativa.
O termo “Autolesão não Suicida” (ANS) estabelece qualquer tipo de autolesão
sem a intenção suicida, no entanto, a ideação suicida e a ANS podem estar
associados e interagem entre si na configuração de antecipação e efetivação do
outro.
Quanto aos fatores de risco, as causas podem ser multifatoriais, desde
motivações sociais a fatores biológicos. Alguns motivos podem ser fatores
socioeconômicos, vulnerabilidade social, diferentes tipos de abuso, conflitos
interpessoais, dinâmica familiar, bullying, questões psicológicas e psicopatológicas.
Se faz necessário orientar os jovens de forma correta e responsável sobre o
suicidio, de forma que não os incentive a cometer o ato e nem banalizar a gravidade
do assunto. Cabe aos profissionais de saúde mental, buscar compreender a
fenomenologia suicida, podendo desta forma investigar os riscos e ofertar o
tratamento de forma acolhedora e adequada para cada situação.

2. Definição de automutilação

Segundo Gratz (2001), o ato de automutilar-se apresenta várias avaliações


distintas quanto ao seu caráter. As mais aceitas atualmente concordam com a
seguinte premissa: a automutilação se caracteriza pela destruição ou dano
deliberado aos tecidos corporais com ausência de intenção de morte (Nock, 2009,
apud Emmerich, 2017), com a exceção, porém, de práticas socialmente aceitas,
como o tabagismo ou o ato de tatuar-se e colocar piercings. Assim, deve-se evitar o
uso de termos relacionados ao suicídio para falar da automutilação, uma vez que
um ato não está atrelado ao outro (Emmerich, 2017). Para alguns autores, o
indivíduo que busca o suicídio visa findar todos os seus sentimentos, enquanto que
quem se automutila pretende apenas sentir-se melhor (Giusti, 2013).
Segundo Favazza, no ato de autolesão o sujeito costuma ser capaz de
controlar a extensão do dano causado a si mesmo, obtendo um resultado claro e
previsível. Nesse sentido, o uso de álcool e outras drogas não seria uma autolesão,
visto que não se pode controlar precisamente seus efeitos (apud Emmerich, 2017) –
entretanto, o abuso dessas substâncias pode apresentar um viés de agressão direta
ao próprio corpo, o que, segundo Giusti (2013) poderia caracterizar mais uma forma
de autolesão. Ainda, apesar de não haver intenção suicída nesse ato, há o risco de
suicídio quando o indivíduo não consegue obter o controle da extensão desses
ferimentos (apud Emmerich, 2017).
Ademais, Favazza e Rosenthal (1993) definem o ato de autolesão como uma
síndrome repetitiva quando esta possui as características de um transtorno de
impulso: inabilidade de resistir ao impulso, forte sensação de gratificação ou prazer
e, por vezes, posterior sentimento de culpa (apud Emmerich, 2017).
Foi verificado, ainda, que o início do comportamento autolesivo geralmente
se dá na adolescência, entre os 13 e 14 anos, podendo se manter por até 10 ou 15
anos (Giusti, 2013). Segundo a perspectiva de Winnicott, a presença da
automutilação durante a adolescência ocorre uma vez que esse período apresenta
diversas transformações na vida do indivíduo que podem ser conflituosas. Esse
fator juntamente com falhas no desenvolvimento emocional primitivo do indivíduo
acarreta pode ser o motivo do comportamento destrutivo ser tão frequente nesse
período da vida (apud Emmerich, 2017).

3. Como diagnosticar e fazer o acolhimento psicológico desses jovens.

O diagnostico é feito através de observações com esse adolescentes


tentando entender qual o fator esta levando ele a tentar cometer o suicídio
lembrando que o adolescente esta passando por diversas mudanças físicas
psicológicas questões sociais fazendo com que ele esteja mais fragilizado e
sensível.
O psicólogo deve realizar uma intervenção objetiva procurando entender os
sinais de alertas, se teve algum problema familiar, algum problema na escola, algum
problema se terminou um namoro, ou não conseguir realizar algum tipo de objeto
que queria e se frustrou, tudo isso pode ser um desencadeador de uma instabilidade
emocional.
A primeira conversa é deixar o paciente se expressar para proporcionar o
paciente uma segurança e não julgamento, sem criticismo permitindo compreender
o marco sobre oque desencadeou caso suicídio.
Ao ser realizada a intervenção e acompanhamento a pacientes em crise
suicida, é necessário que o profissional demonstre empatia, disponibilidade afetiva e
temporal, utilizando de técnicas comportamentais como a elaboração de um plano
de segurança, do contrato de não-suicídio, além de recorrer a familiares do paciente
para que este seja protegido. Ademais, destaca-se a importância de haver o
trabalho multidisciplinar, tendo em vista que, pacientes em crise apresentam
elevadas cargas emocionais, podendo ser necessário que ocorra trabalho em
conjunto entre a Psicologia e a Psiquiatria.
Os atendimentos a estes pacientes apresentam dificuldades, tendo em vista
a grande oscilação emocional em que estes encontram-se. Com isso, pode haver
recusa e negação do paciente em nomear familiares ou responsáveis. Nesse
sentido, a quebra do sigilo profissional é justificada e embasada pelo próprio
Conselho Federal de Psicologia, visando a proteção da saúde e do bem estar do
paciente, tendo sido necessário, ocorrer isto neste estudo, para que a paciente se
mantivesse segura.
Para a liberação desse paciente é necessário que um responsável possa
assegurar as medidas de proteção seja ele familiar, amigo ou alguém de sua
confiança se responsabilizando 24 horas por esse paciente.

4. Formas de tratamento

O tratamento principal para crianças e adolescentes com risco de suicídio é a


prevenção e, uma das chaves são os vínculos, sejam eles familiares ou de outras
pessoas, profissionais especializados em saúde comportamental.
Se faz necessário: Avaliação do risco; diagnóstico psiquiátrico e/ou situação
psicológica atual; contrato terapêutico; intervenção na crise; plano terapêutico
estratégico com identificação de fatores de risco e fatores protetivos; atendimento
semanal com suporte ambulatorial e escuta psicoterapêutica; retaguarda para
internação em casos de alto risco; atendimento e, se necessário, internação em
emergências hospitalares – nos casos de tentativa de suicídio; acompanhamento do
serviço social e psicológico do hospital; encaminhamento para o serviço de saúde
mental.
Nos casos em que há alto risco de suicídio (depressão severa, intoxicação ou
psicose, por exemplo), o paciente deve ser internado em uma unidade psiquiátrica o
quanto antes para iniciar o tratamento
Para risco médio, a reavaliação deve ocorrer no prazo de uma semana. Para
o risco baixo, a reavaliação deve ocorrer em um mês.
Qualquer ato suicida, independente de ter sido um gesto ou uma tentativa,
deve ser levado a sério. Toda pessoa com auto lesão séria deve ser avaliada e
tratada para a lesão física.
Referências

DAMIANO, R.F.; LUCIANO, A.C.; CRUZ, I.D.G.D.; AL., E. Compreendendo


o suicídio. [São Paulo]: Editora Manole, 2021. 9786555765847. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555765847/>. Acesso em:
27 Abril 2022

EMMERICH, A. C. A AUTOMUTILAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: UMA


LEITURA PSICANALÍTICA DE ORIENTAÇÃO WINNICOTTIANA. Volta Redonda,
2017. Disponível em: <https://app.uff.br/riuff/handle/1/6464>. Acesso em 27 de abril
de 2022.

GIUST, J. S. Automutilação: características clínicas e comparação com


pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. São Paulo, 2013. Disponível
em:
<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-03102013-113540/pt-br.php>
. Acesso em: 27 de abril de 2022.

MARCELLI, D.; BRACONNIER, A. Adolescência e psicopatologia. [Porto


Alegre - RS]: Grupo A, 2007. 9788536312620. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536312620/>. Acesso em:
27 Abril 2022

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