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QUALIFICAÇÃO

PARA INSPETOR DE
PINTURA INDUSTRIAL
Nível 1

Apostila de Tintas

QUALIFICAÇÃO PARA INSPETOR DE PINTURA INDUSTRIAL Nível 1


1 Módulo Exercícios
Módulo II: Tintas
Índice Página
1. Fundamentos da pintura industrial ..................................................................................................... 003
2. Finalidades da pintura industrial ..................................................................................................... 005
2.1. Anticorrosiva ..................................................................................................... 005
2.2. Cosmética ..................................................................................................... 006
2.3. Segurança ..................................................................................................... 007
2.4. Reflexão e absorção da luz ..................................................................................................... 008
2.5. Impermeabilização ..................................................................................................... 008
2.6. Controle de incrustações ..................................................................................................... 009
2.7. Diminuição da rugosidade ..................................................................................................... 009
2.8. Identificação de falhas em isolamento ........................................................................................ 010
3. Tinta ..................................................................................................... 011
4. Constituintes de uma tinta ..................................................................................................... 011
4.1. Solvente ..................................................................................................... 014
4.2. Resina ..................................................................................................... 014
4.3. Pigmento ..................................................................................................... 016
4.4. Aditivo ..................................................................................................... 020
5. Fabricação de tintas ..................................................................................................... 021
6. Documentação ..................................................................................................... 027
6.1. Certificado de Qualidade da tinta ..................................................................................................... 027
6.2. FISPQ ..................................................................................................... 028
6.3. Boletim Técnico ..................................................................................................... 029
7. Película seca ..................................................................................................... 031
7.1. Impermeabilidade ..................................................................................................... 032
7.2. Flexibilidade ..................................................................................................... 032
7.3. Adesão e Coesão ..................................................................................................... 032
7.4. Resistências ..................................................................................................... 033
8. Tempo de secagem ..................................................................................................... 034
9. Mecanismos de formação de película ..................................................................................................... 036
9.1. Simples evaporação dos solventes ..................................................................................................... 036
9.2. Coalescência ..................................................................................................... 037
9.3. Oxidação ..................................................................................................... 038
9.4. Reação química ..................................................................................................... 041
9.5. Hidrólise ..................................................................................................... 047
9.6. Reação térmica ..................................................................................................... 050
10. Preparação de tintas ..................................................................................................... 051
10.1. Tinta monocomponente ..................................................................................................... 053
10.2. Tinta bicomponente ..................................................................................................... 053
11. Esquema de pintura ..................................................................................................... 064
12. Cálculos matemáticos na pintura ..................................................................................................... 066
12.1. Sólidos por Volume ..................................................................................................... 066
12.2. Rendimento Teórico ..................................................................................................... 067
12.3. Rendimento Prático ..................................................................................................... 068
12.4. Custo de tinta ..................................................................................................... 069
12.5. Volume de tinta ..................................................................................................... 070
12.6. Volume de Diluente ..................................................................................................... 070
12.7. Volume dos componentes ..................................................................................................... 071
12.8. Espessura de Película Úmida ..................................................................................................... 072
12.9. Espessura de Película Seca ..................................................................................................... 073
13. Mecanismos de proteção anticorrosiva ..................................................................................................... 074
13.1. Proteção por barreira ..................................................................................................... 074
13.2. Proteção por passivação ..................................................................................................... 076
13.3. Proteção catódica ..................................................................................................... 077
14. Mecanismos de aderência ..................................................................................................... 078
14.1. Adesão mecânica ..................................................................................................... 078
14.2. Adesão polar ..................................................................................................... 079
14.3. Adesão química ..................................................................................................... 080
15. Outros tipos de revestimentos ..................................................................................................... 081
15.1. Tinta em pó ..................................................................................................... 081
15.2. Fusion Bonded Epoxy – FBE ..................................................................................................... 085
15.3. Poliuretano elastomérico ..................................................................................................... 089
15.4. Poliuréia ..................................................................................................... 095
15.5. Poliuretano Poliaspártico ..................................................................................................... 098
15.6. Revestimento Intumescente ..................................................................................................... 100
Nome do aluno:

Contato:

Folha de Anotações

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1. Fundamentos da pintura
Pintura
Processo ou resultado da aplicação de tinta sobre uma superfície, com o objetivo de conferir propriedades específicas.

A pintura pode ser dividida em três ramos da atividade humana:


• pintura artística;
• pintura arquitetônica;
• pintura industrial.

Pintura artística
A pintura artística utiliza as tintas e as cores com a finalidade de expressar uma arte.

Os artistas realizam a pintura em quadros, painéis, murais etc.

Pintura arquitetônica
A pintura arquitetônica utiliza as tintas e as cores com a finalidade de tornar mais agradável os ambientes.

É usada na construção civil e, também tem a finalidade protetora, mas visa o embelezamento das superfícies revestidas.

Pintura industrial
A pintura industrial tem como principal finalidade a proteção contra a corrosão, causada pela reação do meio com o material
exposto.

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Local da pintura
A pintura industrial pode ser realizada em dois tipos de locais.

Pintura de oficina (fábrica)


Pintura realizada em ambiente controlado e abrigado, favorável para o preparo de superfície, aplicação da tinta e
controle de qualidade.

Pintura de campo
Pintura realizada em ambiente não controlado e desabrigado, não favorável para o preparo de superfície, aplicação
da tinta e controle de qualidade.

Pintura industrial
Processo de proteção anticorrosiva de uma superfície pela aplicação de tintas.

Durabilidade da pintura industrial


O sucesso de uma pintura depende de 3 (três) pontos fundamentais:
• Inspetor de pintura ou Assistente técnico (do contratante);
• Empresa de pintura (da contratada = aplicadora);
• Fabricante da tinta.

A durabilidade do esquema de pintura depende das 4 etapas de uma pintura industrial.

1ª Etapa: sistema de proteção contra a corrosão (projeto + esquema de pintura).


2ª Etapa: preparação da superfície com jatista ou hidrojatista qualificado.
3ª Etapa: fabricação da tinta de qualidade.
4ª Etapa: aplicação da tinta com pintor qualificado.

Se uma das etapas falhar, a pintura falha.

Todas as pinturas vão falhar, mais cedo ou mais tarde, no entanto a vida útil da pintura é diretamente proporcional à
preparação da superfície.

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Causas de aparecimento prematuro de corrosão

2. Finalidades da pintura industrial


Propriedades específicas da pintura industrial

As principais finalidades da pintura industrial, são:


a) proteção do patrimônio contra a corrosão;
b) cosmética (estética);
c) sinalização de segurança;
d) reflexão e absorção da luz solar em tanques;
e) impermeabilização;
f) controle de incrustações biológicas;
g) diminuição da rugosidade superficial;
h) identificação de falhas em isolamento térmico de equipamentos.

2.1. Propriedade anticorrosiva


A pintura possibilita o uso de aço e concreto em ambientes úmidos e corrosivos.

Propriedade anticorrosiva
A pintura é método de proteção anticorrosiva da superfície metálica com melhor relação custo/benefício, pelas facilidades
de aplicação e manutenção.

As tintas industriais protegem os materiais (metálico ou concreto) da corrosão, fornecendo uma barreira entre o substrato
e o meio corrosivo.

Proteção do patrimônio contra a corrosão


O principal objetivo da pintura industrial é a proteção anticorrosiva do patrimônio pela aplicação de tinta.
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2.2. Propriedade cosmética
O objetivo é tornar o ambiente mais agradável.

Em um ambiente agradável as pessoas se sentem bem e produzem mais.

As superfícies bem pintadas FICAM MAIS BONITAS e VENDEM MAIS.

As cores surtem diferentes efeitos sobre as pessoas:


• Efeito de distância;
• Efeito de temperatura;
• Efeito psicológico.

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2.3. Propriedade de sinalização de segurança
As cores padronizadas são utilizadas na indústria para prevenção de acidentes.

• identificação de conteúdo em tubulações.


• sinalização de segurança.
• pintura antiderrapante.

Emprego de cores para identificação de tubulações (ABNT NBR 6493)

Requisitos de cores na identificação de tubulações para a canalização de fluidos, material fragmentado ou condutores
elétricos, com a finalidade de minimizar riscos e evitar acidentes.

Cores para segurança (ABNT NBR 7195)

A Norma ABNT NBR 7195 fixa as cores que devem ser usadas para a prevenção de acidentes, empregadas para identificar
e advertir contra riscos.

A Norma NBR 7195 utiliza o padrão Munsell e RAL (algumas) na especificação das cores.

Exemplos:

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2.4. Propriedade de reflexão e absorção da luz solar em tanques
O uso correto das cores na tinta de acabamento tem a finalidade de maior reflexão ou absorção da luz solar, no controle
da temperatura interna de tanques e esferas.

Interferência da cor da tinta de acabamento branca ou preta.

A cor interfere no aquecimento da superfície:


• mais clara: temperatura mais baixa;
• mais escura: temperatura mais alta.

O brilho interfere na retenção de sujeira

2.5. Propriedade de impermeabilização


A impermeabilização de superfícies porosas (concreto e alvenaria), na construção civil, tem a finalidade de:
• evitar a penetração de contaminantes:
➢ sujidades em geral: água, óleo, poeiras etc.
• evitar a penetração de agentes corrosivos (sais, gás carbônico, água etc.):
➢ proteger o substrato da corrosão;
➢ proteger as armaduras de aço da corrosão.
• identificar e limpar os contaminantes da superfície pintada (higienização):
➢ superfície lisa e clara.

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2.6. Propriedade de controle de incrustações biológicas
As tintas de acabamento anti-incrustantes (“antifouling”) impedem ou diminuem o crescimento de organismos marinhos
que aderem no casco abaixo da linha d’água.

Estas tintas têm a finalidade de:


• evitar o consumo excessivo de combustível;
• aumentar a durabilidade da proteção anticorrosiva.

Rugosidade no casco = aumento do arrasto = custos $

2.7. Propriedade de diminuição da rugosidade superficial


A pintura interna pode ajudar a diminuir a rugosidade superficial, para facilitar o escoamento de fluidos. Ex.: Pintura interna
de tubos.

O escoamento interno em tubulações sofre forte influência das paredes, dissipando energia devido ao atrito. Quanto mais
rugosa, menor a pressão e maior a dissipação de energia.

Essa dissipação de energia provoca um abaixamento da pressão total do fluido ao longo do escoamento que é
denominada de Perda de Carga.

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2.8. Propriedade de identificação de falha em isolamento térmico de equipamento
As tintas indicadoras de temperatura identificam a presença de falhas localizadas no isolamento térmico (refratários) de
equipamentos (fornos, vaso de pressão, tubulações, reatores etc.), pela mudança de cor.

Pintura de um FCC (unidade de craqueamento catalítico) na unidade de Paulínia/SP da Petrobras com tinta Indicadora de
temperatura azul

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3. Tinta
produto líquido, pastoso ou em pó, que, quando aplicado a um substrato, passa pelo processo de secagem e cura,
formando uma película sólida, aderente, impermeável e flexível, apresentando, principalmente, propriedades protetivas,
decorativas e de identificação.

4. Constituintes de uma tinta

Tinta líquida
A tinta líquida é formulada com até 4 (quatro) grupos de matérias primas.

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Veículo
Parte líquida da tinta composta de resinas, solventes e aditivos.

Sólidos por volume


Percentual de sólidos por volume que permanece na película de tinta após sua secagem.

A informação do teor de sólidos por volume em % está no boletim técnico da tinta.

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Sólidos por volume
Percentual de sólidos por volume que permanece na película de tinta após sua secagem.

Quantidade de tinta que fica na superfície após a evaporação do solvente.

Quando uma tinta é aplicada, os constituintes voláteis evaporam ficando na superfície apenas os não voláteis, também
chamados de sólidos por volume.

O teor de sólidos por volume é a relação entre a soma dos volumes da parte não volátil da tinta e o seu volume total de
tinta, expresso em porcentagem (%).

Os fabricantes de tintas informam nos boletins técnicos o teor (%) de sólidos por volume.

Os sólidos por volume resultante conferem a película de tinta espessura e proteção.

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4.1. Solvente
Componente da tinta com a finalidade de solubilizar a resina e ajustar a viscosidade.

Convencionalmente chamamos de solventes aos compostos voláteis adicionados à tinta durante a sua fabricação e de
diluentes ou ”thinners” aos adicionados durante a aplicação.

Função dos solventes nas tintas:


• dissolver a resina: para diminuir a viscosidade das tintas;
• ajustar a viscosidade da tinta durante a aplicação: o diluente afina a tinta adaptando-a ao método de aplicação;
• permitir a aderência da tinta enquanto está líquida: com a diluição a tinta mais fina consegue penetrar em
reentrâncias, porosidades ou asperezas da superfície
• evaporar completamente após a aplicação, ou reagir com a resina para ajudar a formar o polímero: ajudam na
solidificação da tinta e/ou contribuem para a diminuição do seu teor de solventes.

4.2. Resina
Componente aglutinante de uma tinta que é responsável por propriedades como: aderência, resistências
química, mecânica e térmica, impermeabilidade, flexibilidade e coesão.

Natureza química das resinas:

• Resina orgânica: a resina é um polímero à base de Carbono (R-C): resistência a temperatura até 120 °C.
✓ acrílica, vinílica e borracha clorada (60 °C).
✓ alquídica (80 °C).
✓ epóxi e poliuretano (120 °C).

• Resina inorgânica: é um polímero à base de Silício – Oxigênio (SiO = grupo siloxano):


✓ Etil silicato (540 °C).
✓ Silicone (600 °C).

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Os vários tipos de resinas das tintas têm a função de fornecer:

• o mecanismo de secagem e cura;

• as propriedades de película seca:


✓ adesão e coesão;
✓ impermeabilidade;
✓ flexibilidade;
✓ resistências química, mecânica e térmica;
✓ resistência ao intemperismo (exposição externa).

• a compatibilidade entre demãos.

Principais resinas:

Compatibilidade entre tintas


Propriedade da tinta poder ser aplicada sobre a película de outro tipo de tinta ou da própria sem que ocorram defeitos e
sem a perda da integridade do sistema de pintura aplicado.

R = Compatível
NR = Incompatível

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4.3. Pigmento
Componente sólido finamente dividido, presente na tinta, que tem como principais finalidades conferir cor,
opacidade e propriedades anticorrosivas à película

Os pigmentos são insolúveis na resina e no solvente.

Poder de cobertura (poder opacificante)


Característica da película de impedir a visualização do substrato sobre o qual se aplicou a tinta.

Tamanho de partícula primária do pigmento é tão pequena, que precisa de ser medido em µm
(1 micrometro = 1/1000 mm → 1 milésimo do mm ou 1/1000000 m → 1 milionésimo do metro)

Valores típicos para o diâmetro médio das partículas primárias são:


✓ pigmento preto (negro de fumo) 0,01 a 0,08 µm
✓ pigmeto branco (dióxido de titânio) 0,22 a 0,24 µm
✓ pigmento colorido orgânico 0,01 a 1,00 µm
✓ pigmento colorido inorgânico 0,10 a 5,00 µm
✓ cargas (filler ou extender) 1 a 15 µm

Os pigmentos podem ser classificados como ativos ou inertes.

• Pigmentos ativos: promovem cor, proteção contra a corrosão e poder de cobertura as películas.
✓ pigmentos coloridos.
✓ pigmentos anticorrosivos.
✓ pigmentos especiais.

• Pigmentos inertes: não são coloridos, (são incolores ou brancos), não conferem propriedades anticorrosivas além
de barreira e não proporcionam poder de cobertura as películas.
✓ cargas.

Pigmentos coloridos
Os pigmentos coloridos são responsáveis por fornecer cor e opacidade aos revestimentos.

Os pigmentos coloridos podem ser de natureza química inorgânica ou orgânica.

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Pigmentos inorgânicos isentos de metais pesados

Pigmento anticorrosivo
O pigmento anticorrosivo é adicionado a tinta de fundo para proteção contra a corrosão de superfícies ferrosas, pelo
mecanismo de:
• passivação ou inibição anódica;
• proteção catódica.

Pigmentos a base de metais pesados


Os pigmentos à base de metais pesados como chumbo (Pb) e cromo (Cr) formam substâncias químicas perigosas (tóxicas)
para a saúde. Estes pigmentos estão sendo eliminados das fórmulas das tintas.

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A cor de um pigmento é a cor refletida por um objeto iluminado e percebida pelo olho humano.

Os raios de luz do sol, lâmpadas, lanternas, velas etc. são refletidos nos pigmentos.

Cada pigmento colorido absorve as demais cores e reflete a sua cor:


• o pigmento vermelho reflete a luz vermelha;
• o pigmento branco reflete todas as luzes (cores);
• o pigmento preto absorve todas as cores e não reflete nenhuma luz.

Na pintura industrial as empresas padronizam as cores no esquema de pintura.

A padronização das cores tem a finalidade de minimizar o número de cores diferentes.


Os padrões mais utilizados na pintura industrial são:
• Munsell;
• RAL.

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Pigmentos especiais impermeabilizantes
São pigmentos de forma lamelar para aumentar a proteção por barreira nas películas.

A forma lamelar do pigmento promove o “efeito labirinto” como barreira adicional, que aumenta a resistência da película à
penetração do vapor de água (umidade).

Tipos de pigmentos lamelares:


• alumínio;
• óxido de ferro micáceo (MIO);
• mica;
• flocos de vidro.

Pigmentos lamelares
A forma lamelar dos pigmentos aumenta a resistência da película à penetração do vapor de água, o que melhora as
propriedades anticorrosivas por barreira.

É importante compreender que todos os tipos de revestimentos permitem que alguma umidade e oxigênio penetrem
através deles. Esta propriedade é chamada permeabilidade.

Pigmentos inertes / Carga (filler = enchimento)


Pigmento inerte utilizado na formulação de tintas, com finalidade de conferir propriedades técnicas ou econômicas à
película.

A carga não confere cor e poder de cobertura a película de tinta.

Propriedades dos pigmentos inertes:


• fosquear a película;
• aumentar a dureza da película;
• melhorar a resistência a abrasão da película;
• melhorar a facilidade ao lixamento;
• aumentar o teor de sólidos da película;
• baratear o custo final da tinta.

Tipos de pigmentos inertes

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4.4. Aditivo
Substância integrante da composição que confere à tinta, ou a película formada, melhorias nas propriedades específicas
e/ou desejadas.

São sólidos, poliméricos ou líquidos e melhoram as propriedades das tintas.


• há aditivos voláteis como os solventes
• há aditivos poliméricos como as resinas
• há aditivos em pó como os pigmentos
• todos em teores muito baixos

A adição de 0,1% de aditivo pode alterar significativamente o desempenho da tinta.


• até 3% na fabricação da tinta com qualidade.

Os aditivos são adicionados as tintas para melhorar as propriedades das tintas durante:

• a fabricação:
✓ aditivos: dispersantes ou umectantes

• o transporte e armazenamento (melhoram a estabilidade):


✓ aditivos: anti-sedimentante, dispersante, antinata, geração de gases

• a aplicação:
✓ aditivos: umectantes, nivelantes, anti-bolhas, secantes, espessantes

• a aparência da película seca:


✓ aditivos: secantes, fosqueantes, tixotropia, controladores UV

• vida útil da pintura:


✓ aditivos: biocidas, fungicidas, algicidas, plastificantes, anticorrosivos

Tipos de aditivos

Umectantes / Dispersante: Melhoram a dispersão e moagem dos pigmentos.

Secantes: Aceleram a velocidade de secagem das tintas óleo-resinosas que formam a película pelo
mecanismo de oxidação com o oxigênio do ar.

Antinata: Tem a função de evitar a formação de nata ou pele durante o período de estocagem da
tinta.

Plastificante: Conferir flexibilidade adequada às películas das tintas.

Nivelantes: Melhorar o alastramento da tinta durante a aplicação.

Anti-sedimentantes: Evitar a sedimentação dos pigmentos e cargas na estocagem.

Tensoativos: Correção da tensão superficial para melhorar o molhamento da superfície.

Agentes Tixotrópicos: Controladores de reologia. Evitar escorrimento da tinta em superfícies verticais na faixa de
espessura recomendada no seu Boletim Técnico.

Antimofo: Evitar a deterioração da tinta por micro-organismos.

Absorvedores de UV: Melhoram a resistência das películas das tintas à radiação UV.

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5. Fabricação de tintas
O processo de fabricação de tintas é simples e consiste na mistura dos constituintes, dispersão e umectação dos pigmentos
no veículo.

Basta ter a fórmula (receita) com as matérias primas em peso e volume.

Etapas de fabricação
As etapas básicas de fabricação de uma tinta, são:

1ª Etapa: pesagem das matérias primas da fórmula;

2ª Etapa: mistura dos constituintes (pré-dispersão);

3ª Etapa: dispersão dos pigmentos (moagem);

4ª Etapa: completagem (ajustes e controle de qualidade);

5ª Etapa: enlatamento (envase, fechamento e etiquetagem dos produtos);

6ª Etapa: expedição.

Fabricação convencional de tintas

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1ª Etapa: Pesagem das matérias primas da fórmula
Dosagem das matérias primas previstas na formulação em função do tamanho do lote de fabricação em balanças (sólidos)
e medidores de vazão (líquidos).
• resinas
• pigmentos
• cargas
• parte dos solventes
• parte dos aditivos

2ª Etapa: Mistura dos constituintes (Pré-dispersão)


Nesta etapa são adicionadas parte das matérias primas em um tanque cilíndrico, aberto ou fechado, na ordem adequada
da formulação. É feita uma mistura grosseira dos componentes com um disco dispersor de alta velocidade (Cowles),
até uma adequada homogeneização (empastagem).

Cada tanque (tacho) de fabricação equivale a um no de lote sequencial.

• separação dos aglomerados de pigmentos, envolvendo-os de veículo (resina, solvente e aditivos) e


promovendo a umectação.

• redução de tamanho de partícula: aglomerados → agregados.

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O dispersor cowles é um equipamento para dispersar, dissolver, emulsificar e desaglomerar, atuando em misturas dos
tipos sólidos-líquidos e líquidos-líquidos.
3ª Etapa: Dispersão dos pigmentos (moagem)
Moagem: quebra dos aglomerados e agregados de pigmentos.
➢ aglomerados → agregados → partículas primárias.

Aglomerados de pigmentos

• nos aglomerados dos pigmentos ficam retidas pequenas bolhas de ar.

• processo de dispersão e moagem ocorre um “molhamento” e espaçamento entre as partículas de pigmento.

• a adição de aditivos dispersantes / umectantes ajudam na moagem.

Dispersão fina dos pigmentos (redução do tamanho de partícula e remoção do ar), em moinhos de esferas cerâmicas ou
de vidro, pelo atrito entre os pigmentos e as esferas (com diâmetro de 1,4 mm a 2 mm) na moagem (cisalhamento).

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Moinho vertical
O processo de dispersão dos pigmentos consiste em:
➢ bombear a mistura do Cowles, que está no tanque através de uma câmara cilíndrica contendo esferas;
➢ durante a passagem ascendente (para cima) da pré-mistura nos discos giratórios que lançam as esferas
contra a parede do moinho;
➢ estas se chocam e quebram os aglomerados de pigmentos;
➢ as esferas são retidas em uma tela na passagem da tinta.

O disperso cai em um tanque e é reciclado de volta para o tanque de moagem, caso haja necessidade de redispersão.

Moinho horizontal
É mais produtivo, mais eficiente e produz com mais qualidade.

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4ª Etapa: Completagem (ajustes e controle de qualidade)
Em um tanque provido com agitação, são adicionados o restante dos constituintes da formulação:
• adição do restante dos aditivos;
• saldo das resinas;
• acerto da viscosidade com solvente;
• acerto da cor com concentrados de pigmentos, para atender o padrão de cor;
• controle de qualidade para liberação da tinta (Certificado de Análise).

5ª Etapa: Enlatamento (envase, fechamento e rotulagem)


As tintas e diluentes são envasadas em embalagens pré-determinadas (lata, galão, balde ou tambor).
• filtração da tinta.
• o enchimento (automático) é realizado com dosador volumétrico ou balanças.
• os fechamentos das embalagens com as tampas também podem ser automáticos.
• alguns produtos precisam ser enlatados em atmosfera inerte.
• o processo deve garantir a qualidade do produto em cada embalagem.

Os produtos acabados são enviados para a o armazenamento e expedição.

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6ª Etapa: Expedição de tintas e diluentes
Local de armazenamento dos produtos e logística para entrega ao cliente.

Formulação

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A formulação das tintas consiste em definir a escolha e proporção adequada dos seus constituintes, de modo a obtê-la
com as características e as propriedades desejadas, que são úteis em:

• previsão de desempenho (qualidade);

• desenvolvimento de formulações;

• conformidade regulatória (atender a normas);

• engenharia de custos;

• qualidade de fabricação.

A tinta é um material intermediário, pois é a película de tinta seca que, em última análise, fornece ao cliente o nível de
desempenho necessário.

A formulação da tinta deve levar em consideração o desempenho da película seca e a aplicação de tinta úmida. Existem
dois fatores principais a serem considerados uma boa característica de aplicação de uma tinta:

• métodos de aplicação;

• formação da película / nivelamento da tinta.

6. Documentação
6.1. Certificado de qualidade da tinta
As empresas que possuem normas de tintas, como a Petrobras, o certificado de qualidade emitido pelo fabricante da tinta
deve conter os mesmos itens (Tabela 1) da norma da tinta sob a qual foi fabricada.

As normas das tintas apresentam os ensaios em duas fases:


• ensaios na tinta líquida (Tabela 1) – Requisitos do produto pronto para aplicação.
✓ ensaios rápidos de controle de qualidade durante a fabricação da tinta.
• ensaios na tinta sólida (Tabela 2) – Requisitos da película seca.
✓ ensaios demorados de controle de qualidade após a fabricação da tinta:
➢ antes do ensaio tem que pintar os corpos de prova e aguardar a cura.
➢ tempo de ensaios longos.

Por estas razões, no CERTIFICADO DE QUALIDADE DA TINTA de cada LOTE de fabricação são exigidos os ensaios da
TINTA LÍQUIDA.

Para cada lote de fabricação, os resultados no certificado de qualidade emitido pelo fabricante da tinta e recebida pelo
cliente, devem ser verificados se estão em conformidade com a tabela dos requisitos do produto pronto para aplicação,
definidos na norma da tinta da empresa especificada.

Os ensaios de verificação de controle de qualidade, realizados para liberação da tinta fabricada e aprovada pelo
responsável do laboratório do fabricante da tinta, devem ter as seguintes referências no certificado de qualidade:
• nome do cliente;
• número da nota fiscal;
• nome do produto (para cada componente);
• código do produto;
• lote de fabricação;
• data de fabricação;
• data de validade;
• resultados dos ensaios (atendimento à norma).

Notas:
• este documento (certificado de qualidade) deve ser fornecido junto com o produto;
• o Inspetor de Pintura Industrial Nível 2 (ABNT NBR 15218) deve verificar os resultados no certificado de qualidade
de cada tinta recebida pelo cliente, quando previsto na pintura.

Exemplo:
Tabela dos requisitos mínimos e máximos da tinta especificada pronta para aplicação, após a mistura dos componentes
A e B, definidos na norma da tinta do cliente.

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Os resultados dos ensaios no lote da tinta fabricada devem atender aos requisitos da norma da tinta da empresa
especificada.
6.2. Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ
Documento obrigatório para a venda de produtos químicos (tintas e diluentes), que fornece informações necessárias
quanto à segurança, à saúde e ao meio ambiente.

A FISPQ fornece ao usuário as informações essenciais de um produto químico:


• permite aos usuários avaliar os riscos dos produtos e tomar precauções necessárias antes de comprá-lo ou usá-
lo.

Cada tinta, componentes de tintas e diluente possuem sua própria FISPQ e instruções para o uso seguro:
• revise todas as folhas da FISPQ antes de manusear o produto;
• discuta as práticas do trabalho (ventilação), procedimentos de emergência e EPIs a serem utilizados;
• tenha FISPQ atualizada (revisão), disponível e acessível, digital ou papel, no local de trabalho de pintura.

As informações de uma FISPQ são determinadas pela legislação e devem conter 16 itens técnicos:

1) Identificação do produto e da empresa (nome comercial, código, BT);


2) Composição e informações sobre ingredientes (No CAS – Chemical Abstract Service);
3) Identificação dos perigos (ambientais, físicos e químicos);
4) Medidas de primeiros socorros (vias de exposição, orientações primeiros socorros/médico):
5) Medidas de combate a incêndio (ponto de fulgor, limites inferior e superior de explosão e extintores);
6) Medidas de controle para derramamento ou vazamento (fontes de ignição);
7) Manuseio e armazenamento (local, ventilação, manuseio de produto químico, vapores, empilhamento):
8) Controle de exposição e proteção individual (limites de exposição - LT, medidas de controle, EPIs);
9) Propriedades físico-químicas (líquido, cor, odor, ponto de fulgor etc.);
10) Estabilidade e reatividade (armazenamento, temperatura):
11) Informações toxicológicas (irritações, alergias, carcinogenicidade);
28
12) Informações ecológicas (impacto ambiental, vazamentos, tratamento de resíduos);
13) Considerações sobre o tratamento e disposição (coprocessamento, incineração);
14) Informações sobre transporte (códigos e classificação, número de risco);
15) Regulamentações (armazenamento, temperatura);
16) Outras informações.

6.3. Boletim Técnico ou Ficha Técnica


Documento obrigatório para a venda de tinta, diluente e solvente de limpeza, que fornece informações técnicas de como
utilizar corretamente o produto.

Onde guardar?
a) no departamento de compras do cliente
b) no departamento de segurança do cliente
c) no setor de pintura

Revisão
O usuário deve utilizar a versão (revisão) mais atualizada do produto.

29
Folhas de dados
As informações estão separadas em tópicos nas folhas de dados. O fabricante da tinta deve ser consultado para
informações adicionais.

Informações
As informações técnicas e de marketing que fazem parte de um boletim técnico ou ficha técnica, são:

a) NOME DO PRODUTO
Nome comercial constante no rótulo da embalagem e nota fiscal do produto.

b) DESCRIÇÃO DO PRODUTO
❑ Número de componentes
❑ Tinta: fundo, intermediária, acabamento, dupla função, alta temperatura e imersão
❑ Tipo de resina: acrílica, alquídica, epóxi, poliuretano, polisiloxano, etil silicato, silicone
❑ Alta ou baixa espessura de película seca
❑ Alto teor de sólidos por volume e baixo teor compostos orgânicos voláteis - VOC
❑ Secagem rápida
❑ Resistência ao intemperismo (manter o brilho e cor)
❑ Tipo de pigmento anticorrosivo: fosfato de zinco ou zinco metálico
❑ Repintura
❑ Propriedades de retenção em arestas, quinas e cantos vivos

c) USO RECOMENDADO
❑ Características de marketing.
❑ Tipo de estrutura, equipamento ou tubulações.
❑ Resistências:
✓ Imersão: água potável, produtos químicos etc.
✓ Temperatura elevada: até 80 °C, até 120 °C, até 230 °C, até 600 °C;
✓ Abrasão.
❑ Ambientes de exposição e agressividade: solo, imersão e atmosférico
❑ Tipos de indústria:
✓ óleo e gás;
✓ papel e celulose;
✓ Infraestrutura;
✓ tratamento de água e esgoto;
✓ energia, mineração.
❑ Tipo de superfície onde o produto pode ser aplicado.

d) CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO
❑ Cor: todas as cores fabricadas
❑ Brilho: tinta fosca, tinta brilhante, tinta semibrilhante
❑ Sólidos por volume (%)
❑ Rendimento teórico (m²/L) – sem perdas
❑ Rendimento prático: considerar fator de perda
❑ Espessura de película úmida (µm)
❑ Espessura de película seca (µm)
❑ Tempo de secagem: toque, manuseio, completa
❑ Intervalo de repintura
✓ Mínimo (horas)
✓ Máximo (horas, dias)
❑ Ponto de fulgor (°C)
❑ Peso específico (kg/L)
❑ VOC (g/L): Compostos Orgânicos Voláteis – EPA método 24

e) PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIE
❑ É a condição básica para o bom desempenho do produto (quanto mais agressivo o ambiente, melhor tem
que ser o preparo).
❑ A maioria dos Boletins Técnicos citam todo o processo de preparação de superfície necessário:
✓ limpeza com solvente
✓ Métodos de Limpeza:
➢ ferramentas;
➢ jateamento abrasivo;
30
➢ hidrojateamento (grau leve de enferrujamento instantâneo – flash rust).
✓Graus de limpeza:
➢ St 3 da norma ISO 8501-1 (ferramentas);
➢ SSPC-SP 11 da norma SSPC-VIS 3 (ferramentas mecânicas);
➢ Sa 2 1/2 da norma ISO 8501-1 (jateamento abrasivo seco);
➢ WJ 2 da norma SSPC-VIS 4 / NACE VIS 7 (hidrojateamento.
❑ Os Boletins contêm os graus de limpeza necessários para se obter o desempenho esperado do produto.

f) MÉTODOS DE APLICAÇÃO
❑ Relação de mistura em partes por volume: 1A: 1B; 4 A: 1B; 6A: 1B
❑ Mistura dos componentes: preparação da tinta
❑ Diluente recomendado para a tinta: se necessário até % em volume
❑ Vida útil da mistura dos componentes a 25 °C (horas)
❑ Prazo de validade da tinta (meses ou ano)
❑ Métodos de aplicação recomendados:
✓ trincha;
✓ rolo;
✓ pistola convencional
✓ pistola sem ar (air less)
❑ Equipamentos recomendados:
✓ Tipos de equipamentos (tanques de pressão ou pistola sem ar – bomba);
✓ Tipos de bicos (pistola convencional e pistola sem ar);
✓ Pressões na saída do bico (pistola sem ar).
❑ Solventes de limpeza do equipamento utilizado na aplicação.

7. Película seca
Estado da tinta após a secagem.

As resinas, os pigmentos e os aditivos não voláteis constituem a parte sólida de uma tinta, designada por película seca.

A película seca é o resultado da aplicação da tinta após a secagem. Esta deve ser contínua e isenta de falhas.

Propriedades fundamentais de uma película seca:


a) adesão e coesão;
b) flexibilidade;
c) impermeabilidade;
d) resistências.
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7.1. Impermeabilidade
Propriedade de uma película de impedir a passagem de gases, vapores e líquidos.

7.2. Flexibilidade
A flexibilidade é uma propriedade física da película de tinta sujeita a esforços de dilatação (quente) e contração
(frio) devido às variações térmicas do meio ou às condições de trabalho do substrato.

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7.3. Adesão e coesão
A aderência é uma propriedade físico-química que determina o desempenho do revestimento por pintura.

A película deve apresentar as seguintes características:

➢ adesão: propriedade de união entre a película e o substrato ou entre demãos de tinta.

➢ coesão: força que mantém unidos entre si os constituintes de uma película.

7.4. Resistências
Resistência ao intemperismo
Capacidade da película de resistir à ação do intemperismo, como sol (radiações infravermelha e ultravioleta),
umidade, chuva e ventos, com reduzida perda de brilho, de cor e de espessura.

Resistência química
Capacidade da película de resistir ao ataque de agentes químicos existentes no meio.

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Resistência mecânica
Capacidade da película de resistir ao desgaste e ao impacto provocado pela ação mecânica do meio.

Resistência à abrasão
Propriedade de uma película seca de suportar o desgaste provocado pelo atrito entre superfícies.

Resistência ao calor
Capacidade da película de resistir à ação de temperaturas sem amolecer ou mesmo sofrer outros
processos de degradação, como escurecimento, amarelamento, craqueamento ou queima.

8. Tempo de secagem
Determina o tempo que a tinta leva para secar ou se tornar sólida. O resultado é expresso em hora ou minutos para
atingir cada estágio especificado nas normas.

Seca ao toque
Tocar a película levemente com o dedo. O estágio é atingido quando não há transferência de tinta para o dedo.

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Endurecida
Prender a placa de vidro entre o polegar e o dedo indicador, exercendo a máxima pressão. O estágio é atingido quando
não são deixadas marcas na película ou ainda, se estas são removidas com polimento através de pano macio.

Ao manuseio
Manter a placa de vidro em posição horizontal, colocando o polegar sobre a película, de maneira que o braço fique paralelo
a superfície da placa. Exercer a máxima pressão com o braço e ao mesmo tempo girar o dedo no plano da película, de
um ângulo de 90o. O estágio é atingido quando não há nenhuma alteração na superfície.

Completamente endurecida
Pressionar a unha do polegar contra a película, puxando-a sobre a mesma. O estágio é atingido quando não há
transferência de tinta para a unha.

Tempo de secagem para repintura


Uma película é considerada Seca para Repintura quando uma segunda demão ou o acabamento especificado pode ser
aplicado sem o desenvolvimento de quaisquer irregularidades como levantamento ou perda de aderência da primeira
demão, e o tempo de secagem da segunda demão não excede o máximo especificado (se houver) para a primeira demão.

35
9. Mecanismos de formação de película
Processo pelo qual uma película de tinta úmida (líquida), após sua aplicação, se converte numa película seca (sólida) com
as propriedades desejadas.

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O tipo de resina define o mecanismo de formação de película seca.

Mecanismos:
a) simples evaporação dos solventes;
b) coalescência;
c) oxidação;
d) reação química;
e) hidrólise;
f) polimerização térmica;

9.1. Simples evaporação dos solventes


Tintas que formam película de tinta por simples evaporação dos solventes e são chamadas de lacas.

A película formada pode ser redissolvida por solventes apropriados.

Mecanismo de formação de película de tinta:


➢ evaporação dos solventes orgânicos;
➢ formação da película seca e curada.

Tintas monocomponentes:
➢ acrílica;
➢ betuminosa;
➢ borracha clorada;
➢ nitrocelulose;
➢ vinílica.

Aderência entre demãos


Os solventes da demão aplicada dissolvem superficialmente a película anterior.

As tintas deste mecanismo de secagem possuem fraca resistência a solventes.

➢ Período indefinido de repintura. Não necessitam ser lixadas superficialmente após o intervalo máximo de
repintura.
➢ Os solventes da demão aplicada, dissolvem a película de tinta subjacente e, após a secagem, as películas
ficam interligadas (fundidas).

Tinta acrílica
As resinas acrílicas são utilizadas na fabricação de tintas de acabamento à base de solventes orgânicos ou à base de
água (WB – Water Based).
37
A resina acrílica estirenada (contém anel aromático), que é utilizada em tintas de demarcação de tráfego, diminui a
resistência à radiação UV, mas melhora a resistência a água e a resistência química.

Características gerais

Vantagens:
• monocomponente;
• secagem rápida;
• secam a temperaturas acima de 2 °C;
• excelente aderência entre demãos.

Desvantagens:
• baixos sólidos por volume das tintas;
• alto teor de compostos voláteis orgânicos (COV);
• baixa espessura de película seca por demão;
• baixa resistência a solventes (tendência a sangramento);
• amolecem com o calor (tendência de reter partículas);
• não são recomendadas para temperaturas maiores de 60 °C;
• dificuldade de aplicação a rolo.

Tinta betuminosa
As resinas betuminosas são obtidas a partir dos resíduos do processo de destilação do petróleo (piches) ou do carvão
mineral (alcatrão de hulha ou “coal tar”) e são utilizadas em revestimentos de alta espessura.

As resinas betuminosas obtidas a partir do carvão mineral são mais resistentes a agentes químicos do que aquelas do
petróleo.

Os produtos betuminosos aplicados à quente são também conhecidos como “coal tar enamel”.

Características

Vantagens:
• excelente resistência à água e as películas são bastante impermeáveis;
• baixo custo, em relação a outros tipos de resina.

Limitações:
• amolecem sob ação de calor;
• cor preta;
• fraca resistência aos raios ultravioleta;
• toxicidade.

9.2. Coalescência
Tintas à base de água, de um ou dois componentes, que formam película de tinta pela evaporação dos solventes e fusão
entre as partículas dispersas na água.

Mecanismo de formação de película de tinta:


I. partículas emulsionadas dispersas em suspenção;
II. aproximação das partículas com a evaporação da água;
III. contato entre as partículas com a evaporação do solvente coalescedor;
IV. início da fusão entre as partículas com a ação do solvente coalescedor;
V. formação da película seca e curada.

Tintas
• acrílica
• epóxi

9.3. Oxidação
Tintas que formam película de tinta pela reação química entre o oxigênio e a resina modificada com óleo secativo.

38
Mecanismo de formação de película de tinta:
• evaporação dos solventes orgânicos;
• penetração do oxigênio na película;
• reação química do oxigênio na dupla ligação do óleo secativo;
• formação da película seca e curada.

Tintas monocomponentes:
• alquídica (esmalte sintético);
• óleo fenólica;
• éster de epóxi.

Tinta alquídica
RESINA ALQUÍDICA = RESINA POLIÉSTER MODIFICADO COM ÓLEOS VEGETAIS

As resinas alquídicas são obtidas pela reação de um poli álcool com um poliácido com óleos vegetais

As propriedades das tintas alquídicas como tempo de secagem, dureza, cor e impermeabilidade ao vapor de água,
dependem do tipo de óleo vegetal secativo e do seu grau de insaturação (-C=C-).

ESMALTE (acabamento) SINTÉTICO BRILHANTE

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❑ tinta de acabamento alquídica brilhante, utilizada em esquemas de pintura para atmosferas de baixa a média
agressividade:
➢ rural;
➢ urbana;
➢ industrial leve (área seca).
❑ pode ser aplicada sobre tintas de fundo alquídicas ou fundo epoxídicas, respeitando o intervalo entre demãos.
❑ tinta de fácil aplicação.
❑ mecanismo de secagem por oxidação.
❑ boa retenção de cor.

Características gerais

Vantagens:
• monocomponente (fácil preparação);
• fácil aplicação (trincha, rolo e pulverização);
• flexível;
• possuem custo relativo baixo.

Desvantagens:
• baixa espessura de película seca por demão;
• baixo teor sólidos por volume e alto teor de compostos voláteis orgânicos (COV);
• secagem e cura lenta;
• enrugamento com espessura excessiva;
• saponificam em substratos alcalinos;
• alta permeabilidade ao vapor de água;
• baixa resistência ambiente de alta umidade e/ou muito corrosivo;
• baixa resistência química;
• amarelam quando expostas a radiação ultravioleta do sol;
• não são recomendadas para temperaturas maiores de 80 °C.

Tinta de alumínio fenólica

40
Tinta de acabamento na cor alumínio, que atende a norma PETROBRAS, para esquemas de pintura a serem expostos
em diversos tipos de ambientes atmosféricos, exceto em meios ácidos ou alcalinos fortes:

• em relação aos acabamentos alquídicos, em função da resina e pigmento:


✓ melhor resistência à água;
✓ melhor resistência térmica.
• pode ser aplicada sobre tintas de fundo alquídicas ou fundo epoxídicas, respeitando o intervalo entre demãos;
• tinta de fácil aplicação;
• mecanismo de secagem por oxidação;
• o pigmento alumínio é do tipo com folhamento (lamelar);
• tinta fornecida em 2 (dois) componentes:
✓ componente A: resina fenólica modificada com óleos vegetais + aditivos + solventes;
✓ componente B: pasta de alumínio (leafing);
✓ não possui “pot life”, apesar de ser de 2 componentes.

Pigmento metálico: alumínio

• O pó de alumínio é explosivo e de difícil dispersão na resina. Por isso é fornecido na forma de pasta ou em pellets;

• Os alumínios tipo leafing são pigmentos metálicos constituídos de partículas lamelares recobertas com ácido
esteárico.

• Este grupo tem como característica a orientação das partículas do pigmento na faixa superior da película de tinta
aplicada e posicionadas numa forma ideal de “multi-camadas” paralelas ao substrato.

• Com esta orientação, consegue-se um efeito estético único, altamente brilhante e que confere ao sistema aplicado,
além da proteção por barreira, alta cobertura, resistência a corrosão, reflexão de calor, etc. Porém, esta disposição
lamelar pode diminuir a coesão da camada sob tração e causar destacamentos.

9.4. Reação química


41
Tintas que formam películas pela reação química entre as resinas dos componentes da tinta a temperatura ambiente.

Mecanismo de formação de película de tinta:


• evaporação dos solventes orgânicos;
• reação química entre a resina do componente A com a resina do componente B;
• formação da película seca e curada.

Tintas de dois componentes ou três componentes:


• epóxi;
• poliuretano;
• polisiloxano.

Características gerais

Vantagens
• baixa ou alta espessura;
• os sistemas de pintura com estas tintas possuem excelente desempenho.

Desvantagens:
• fornecidas em dois ou mais componentes (preparação da tinta);
• preparação de tinta em pequenos volumes deve ser respeitada a relação de mistura;
• recomendadas para temperaturas secas menores de 120 °C;
• necessidade de respeitar o tempo de indução (tempo mínimo de espera para aplicar a tinta);
• necessidade de respeitar a vida útil da mistura dos componentes (pot-life);
• necessidade de respeitar os intervalos de repintura;
✓ após o intervalo máximo de repintura necessitam de lixamento superficial cruzado.

Tinta epóxi
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As resinas epóxis são obtidas a partir da reação química entre a epicloridrina com o bisfenol A (defenilopropano).

Componente A
O componente base epoxídico têm na sua estrutura molecular a presença do grupo COC (glicidila).

Componente B
O grupo amina ou amida do agente de cura, reage com o grupo epóxi COC da resina epóxi e os dois componentes que
eram líquidos e tinham mobilidade, passam a formar ligações cruzadas, travam a estrutura e se solidificam.

Escolha do agente de cura


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Características gerais das tintas epoxídicas

Vantagens:
• curam por reação química;
• aderência;
• alta resistência mecânica, química e a solventes;
• boa aderência e flexibilidade;
• excelente impermeabilidade;
• grande durabilidade;
• alto Sólidos, Baixo VOC e Zero VOC;
• baixa e alta espessura;
• durável.

Limitações:
• vida útil da mistura limitada (Tinta bicomponente);
• perda de cor e brilho quando expostas ao sol (amarelamento e gizamento);
• a cura depende da temperatura;
• exige boa Preparação da Superfície;
• respeitar o Intervalo de repintura;
• custo médio.

TINTA EPÓXI NOVOLAC (N-2912)


44
As resinas epóxi novolac quando curadas com aminas são mais resistentes que a epóxi convencional e por isso são
indicadas para pintura interna de tanques de produtos químicos, solventes, óleos vegetais e lubrificantes.

Tipo I: com solvente (SV > 75 %)


Tipo II: sem solventes (SV > 95 %)
Tipo III: sem solventes, pigmentada com flocos de vidro ou cargas cerâmicas (SV > 95 %)

As resinas epóxi à base de Novolac apresentam maior número de pontos reativos com o agente de cura (cross-link), maior
impermeabilidade, melhor desempenho mecânico (dureza), químico e térmico.

Pintura de alta resistência para ambientes altamente agressivos.


45
• geralmente espessuras maiores;
• pintura da parte interna:
✓ tanques;
✓ tubulações;
✓ túneis;
✓ equipamentos de processo.

Comparação entre a tinta epóxi novolac e a tinta epóxi convencional:


• maior impermeabilidade;
• maior resistência mecânica (abrasão/impacto);
• melhor resistência a produtos químicos;
• melhor resistência térmica ao calor seco:
✓ epóxi convencional: 120 ºC;
✓ epóxi novolac: 232 ºC intermitente e 218 ºC constante.

Diferenças da família das tintas epóxis.

Revestimentos internos de tanques: Epóxi x Fenólico x Novolac

• Tintas EPÓXIS:
✓ As tintas epóxis não são fenólicas;
✓ As tintas epóxis não são novolacs;
✓ As tintas epóxis são mais flexíveis;
✓ Abertura da malha polimérica maior.

• Tintas EPÓXIS FENÓLICAS:


✓ Todas as tintas fenólicas são epóxis.
✓ As tintas fenólicas não são novolacs;
✓ Abertura da malha polimérica menor.

• Tintas EPÓXI NOVOLACS:


✓ Todas as tintas novolacs são fenólicas;
✓ Todas as tintas novolacs são epóxis;
✓ Abertura da malha polimérica menor que a fenólica.

Tintas poliuretano
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São polímeros obtidos a partir da reação química de condensação de compostos poli hidroxilados (polióis R-OH) com poli
isocianatos (R-NCO).

Reação entre o grupo -NCO (isocianato) e o grupo -OH (hidroxila) = Poliuretano

Características básicas

Vantagens:
• alta impermeabilidade;
• ótima resistência a radiação ultravioleta do sol;
• flexível;
• alta resistência à abrasão;
• recomendadas para ambientes agressivos (C3, C4, C5 e CX da ISO 12944);
• recomendada para ambientes úmidos, salinos, ácidos e vapores de solvente;
• seca e cura adequadamente com temperatura ambiente acima de 5°C;
• tintas dupla função (fundo e acabamento ao mesmo tempo).

Limitações:
• sensível a alta umidade no momento da aplicação;
• alto odor (solventes);
• necessidade de respeitar os intervalos de repintura;
• não recomendado para ambientes alcalinos (pH > 9);
• não são recomendadas para temperaturas secas maiores de 120 °C;
• restrição ambiental onde a legislação proibe a utilização do isocianato;
• custo relativo alto.

9.5. Hidrólise
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Tintas de fundo ou fundo e acabamento, que formam películas pela reação química de hidrólise entre a resina e a umidade
relativa do ar (60% < URA < 85%).

Mecanismo de formação de película de tinta:


• evaporação dos solventes orgânicos (álcool);
• a umidade penetra na película de tinta;
• reação química entre a umidade do ar, a resina etil silicato e o zinco;
• a tinta reage com a superfície do aço;
• formação da película seca e curada.

Tintas de dois componentes


• etil silicato de zinco
• etil silicato de zinco/alumínio.

Muita atenção com o intervalo de repintura sobre a película do etil silicato de zinco, para atingir a cura adequada,
respeitando o tempo e umidade relativa (60 % a 85 %), a fim de evitar a ocorrência de descascamento prematuro da
película, com falha de natureza coesiva.

Tinta etil silicato rica em zinco


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Tinta de fundo para proteção catódica e recomendada quando se deseja elevada resistência à corrosão atmosférica, para
ambientes industriais úmidos e salinos ou no sistema de pintura para alta temperatura.

Proteção catódica
Para obter a proteção é necessário o contato elétrico entre o pigmento/pigmento e pigmento/aço.

Características gerais

Vantagens:
• resina inorgânica (-Si-O-);
• proteção catódica do aço-carbono para ambientes salinos C4, C5 e CX da ISO 12944;
• alta resistência a temperatura (até 540 °C);
• boa resistência a solventes.

Limitações:
• recomendada em ambiente atmosférico salino ou com pH entre 6 e 8;
• requer tratamento da superfície padrão Sa 2 1/2 (mínimo), da norma ISO 8501-1;
• baixa flexibilidade e baixa coesão;
• secagem rápida e tendência de pulverização seca;
• aplicação da tinta só com pistola e com agitação constante;
• espessura limitada entre 50 µm e 90 µm, para evitar trincas na película;
• formação de película porosa: necessidade de tie coat ou mist coat;
• temperatura de superfície máxima de 40 °C;
• a cura depende da umidade (60% ≤ URA < 85%);
• após intervalo de repintura: lavar com água doce e escova macia;
• alto custo inicial.

Formação de película porosa


49
A tinta de fundo inorgânica rica em zinco, tem uma tendência a formar uma película ʺporosaʺ durante o processo de cura.

Na aplicação da tinta intermediária, ocorre a formação de bolhas, crateras, poros (furo de agulha) devido ao ar ocluso na
porosidade da película rica em zinco.

Solução: aplicar uma camada por pulverização de Tie-coat ou Mist-coat.

Tie-coat: tinta epóxi de baixa viscosidade e baixos sólidos, aplicada em baixa espessura (30 µm a
40 µm), para selar a porosidade.

Mist-coat: técnica de aplicação de tinta epóxi intermediária de alta viscosidade, aplicada bem diluída
(30 % a 40 %), em baixa espessura (“névoa”) para selar a porosidade.

Verificação da cura da tinta etil silicato rica em zinco


Para a verificação da cura da tinta inorgânica de zinco, para o complemento do sistema de pintura, é necessária a avaliação
da coesão da película de tinta.

Teste de fricção com solvente (ASTM D 4752).


• a camada formada deve ser resistência ao solvente metil etil cetona (MEK);
• com pano embebido em MEK, esfregar 50 fricções duplas sobre a superfície da película formada;
• uma boa indicação de que a força de coesão da película foi alcançada é resistência 4 após, o que indica uma
cura satisfatória para fins de repintura.

9.6. Reação térmica (calor ±180 °C)


50
Tintas que formam películas pela reação de polimerização da resina por meio de calor em temperaturas elevadas.

Mecanismo de formação de película de tinta:


• evaporação dos solventes orgânicos;
• secagem da película de tinta;
• reação térmica entre a resina e o calor (cura) com a entrada em operação da superfície pintada;
• formação da película curada.

Tintas de um componente:
• acrílica/silicone (cores até 230 °C);
• silicone (preta e alumínio até 540 °C).

Tinta silicone
Tinta de um componente, à base de resina silicone, para resistência ao calor de superfícies entre de 150 °C e 600 °C.

A resistência ao calor é fornecida pela:


• resina (inorgânica Si-O);
• pigmentação (alumínio, grafite = preto ou cerâmico).

A proteção contra a corrosão pode ser significativamente melhorada através da aplicação da tinta de silicone sobre uma
tinta de fundo de zinco inorgânico, como a etil silicato rico em zinco, devido as paradas dos equipamentos.

RESUMO DOS MECANISMOS DE FORMAÇÃO DE PELÍCULA

10. Preparação de tintas


51
Antes da preparação da tinta o inspetor e pintor devem ler os seguintes documentos:

• Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ:


✓ Informações de Segurança, Meio ambiente e Saúde.

• Boletim Técnico ou Ficha Técnica – BT:


✓ Informações de como aplicar corretamente o produto.

Avaliação da tinta antes de sua preparação.

A tinta não deve apresentar:


• gases;
• grumos;
• pele/nata;
• gelatinização;
• sedimentação compacta dos pigmentos.

É normal que as tintas apresentem sedimentação dos pigmentos no fundo da lata.

Caso se tenha formado nata, pele ou espessamento, em lata recentemente aberta, a tinta deve ser rejeitada. A
embalagem, com todo seu conteúdo, deve ser identificada e segregada para destinação adequada.

Homogeneização
Mistura dos constituintes de uma tinta, de forma a torná-la uniforme.

Tipos de misturadores:

• manual (galão):
✓ espátula chata:
▪ plástica;
▪ metálica (inox, alumínio), ou;
▪ madeira.

• mecânico (galão ou balde):


✓ misturador com velocidade adequada.
▪ elétricos blindados;
▪ pneumáticos.

MISTURADORES
A mistura e a homogeneização devem ser feitas por misturador mecânico, admitindo-se a mistura manual para recipientes
com capacidade de até 3,6 L sendo que as tintas pigmentadas com alumínio devem ser misturadas manualmente. No
caso das tintas ricas em zinco, a mistura deve ser sempre mecânica.

52
A operação de mistura e homogeneização de tinta em recipientes abertos deve ser feita em local bem ventilado, distante
de centelhas ou chamas, e sobre uma bandeja, ou recipiente, com tamanho suficiente para conter eventuais respingos ou
derramamentos.

Quando a homogeneização for manual e seja constatada presença de sedimentação, a fração não sedimentada da tinta
deve ser despejada para um recipiente limpo. Em seguida, deve-se dispersar o material do fundo do recipiente por meio
de uma espátula larga adequada, até a homogeneização completa dos componentes.

NOTA: A parte não sedimentada retirada temporariamente deve ser reincorporada à tinta, sob agitação, de modo a obter
uma composição homogênea.

Tintas Ricas em Zinco


O pigmento de zinco é muito pesado e vai para o fundo da embalagem.

Homogeneização de tinta alumínio

53
10.1. Tinta monocomponente
Tinta fornecida em uma única embalagem e pronta para uso.

Etapas da preparação:

❑ homogeneizar;
❑ diluir (se necessário);
❑ o restante pode ser guardado.

As tintas não devem permanecer nos depósitos dos pulverizadores e baldes dos pintores de um dia para o outro. Somente
as tintas de um componente podem ser aproveitadas. Neste caso, as sobras de tinta devem ser recolhidas para um
recipiente, que deve ser fechado, e novamente misturadas e/ou homogeneizadas antes de serem usadas novamente.

10.2. Tinta bicomponente


Tinta fornecida em duas embalagens (resina e agente de cura), cuja mistura obrigatória resulta em reação de polimerização
e cura de película.

Os componentes só devem ser misturados momentos antes do uso.

54
Componente base (componente A)
Componente pigmentado.

Agente de cura (endurecedor, componente B)


Substância, também chamada de endurecedor, que promove a cura da película de tinta por meio de reações químicas.

Catalisador
É um termo bastante usado para se referir ao agente de cura, mas para os Químicos é uma substância que induz, altera
ou acelera uma reação química. No nosso caso, o agente de cura é um reagente.

Etapas de preparação das tintas bicomponentes

1ª homogeneizar o componente A

2ª homogeneizar o componente B

3ª misturar os componentes (A + B)
❑ respeitar a relação de mistura (rótulo ou Boletim Técnico)
❑ transferir o conteúdo da menor embalagem para a maior

4ª homogeneizar a mistura (A + B)
❑ tempo de vida útil da mistura (ver no boletim técnico)
❑ tempo de indução (início da reação: 10 minutos)

5ª filtrar a tinta

6ª transferir a tinta preparada para um recipiente metálico (cilíndrico)

7ª diluir a mistura se necessário (ver Boletim Técnico)


❑ homogeneizar a mistura diluída

8ª Limpar os materiais com solvente de limpeza


❑ antes do término da vida útil da mistura da tinta

9ª Descartar as embalagens

55
Homogeneizar cada componente separadamente
Os componentes devem ser homogeneizados separadamente antes de se fazer a mistura.

❑ A preparação das tintas deve ser realizada:


• em locais abrigados e bem ventilados;
• distantes de faíscas ou chamas;
• com batedores limpos para evitar a contaminação da tinta.
➢ espátula ou batedor pneumático.

❑ A homogeneização deve ser feita na embalagem original do produto.

❑ O componente deve estar completamente agitado para garantir que todos as partículas sólidas (pigmentos)
estejam em suspensão (dispersas) e homogêneas.

Misturar e Homogeneizar os componentes

Mistura dos componentes

❑ Deve ser realizada momentos antes da aplicação;

❑ Adicionar todo componente B ao componente A com agitação.

Homogeneizar a mistura dos componentes

❑ Após a mistura, não devem ser observados veios ou faixas de cores diferentes e a aparência deve ser uniforme.

❑ Toda tinta deve ser homogeneizada antes e durante a aplicação, a fim de manter o pigmento em suspensão.

❑ A tinta deve ser aplicada dentro do tempo da vida útil da mistura.

56
Nas tintas de dois ou mais componentes de cura química, devem ser respeitados o tempo de indução, quando aplicável e
o tempo de vida útil da mistura (“pot life”), conforme indicado no boletim técnico do fabricante da tinta.

Tempo de indução
Tempo de espera necessário (10 a 15 minutos), após a mistura dos componentes de determinados tipos de tintas, para
início da reação química entre as resinas dos componentes (A + B), antes da aplicação da tinta.

Cura e formação de película adequada, quando se respeita a reação dos componentes na embalagem.

Tempo de vida útil da mistura (“pot life”)


Tempo máximo, após a mistura e homogeneização dos seus componentes, no qual a tinta ainda apresenta condições
adequadas de aplicação e sem perda de suas propriedades.

Não devem ser usadas as tintas de dois ou mais componentes cujo tempo de vida útil tenha sido ultrapassado, mesmo
que aparentemente, elas tenham condições de serem aplicadas.

❑ nunca prepare mais tinta do que pode ser usada. Não usou ... Perdeu!!!
❑ consultar o tempo de vida útil da mistura informada no Boletim Técnico.

O que pode afetar no tempo de Vida Útil da Mistura?


• Temperatura ambiente:
✓ A vida útil da mistura é reduzida quando a temperatura aumenta e vice-versa.
• Tipo do agente de cura:
✓ Reação rápida entre os componentes.
• Volume de tinta:
✓ Embalagem maior (balde 18 L) irá gerar mais calor, tornando a vida útil da mistura mais curta.

Após o tempo de Vida Útil da Mistura:


• não use;
• não diluir;
• deixar curar na lata;
• descartar de acordo com a legislação local.

57
Não devem ser usadas as tintas de dois ou mais componentes cujo tempo de vida útil (pot life) tenha sido ultrapassado,
mesmo que aparentemente, elas tenham condições de serem aplicadas.

Diluição
As tintas a serem pulverizadas podem requerer diluição quando não for possível, por meio de ajuste ou regulagem do
equipamento de pulverização e de pressão de ar, obter aplicação satisfatória.

Deve ser utilizado apenas o diluente especificado pelo fabricante da tinta, não sendo permitido ultrapassar o percentual
máximo de diluição definido no boletim técnico do produto, em função do método de aplicação a ser utilizado.

As tintas em geral são fornecidas mais grossas (alta viscosidade) e devem ser diluídas (afinadas) no momento do uso. Em
algumas tintas epóxi tixotrópicas, a viscosidade é denominada consistência.

Diluente (thinner, afinador, redutor)


Líquido volátil usado para ajustar a viscosidade de uma tinta, com o objetivo de facilitar sua aplicação.

O boletim técnico e rótulo da tinta informam o diluente que deve ser usado.

Efetuar a diluição em percentual por volume de tinta:


• diluir se necessário;
• não exceda o limites de VOC estabelecidos pelas regulamentações;
• utilizar o diluente recomendado no rótulo ou Boletim Técnico;
• utilizar copo graduado de polipropileno ou régua.

Diluição excessiva:
• Escorrimento em superfícies verticais;
• retenção de solventes na película seca;
• retardar a cura;
• redução da espessura.

Diluição menor que a recomendada:


• dificuldade de aplicação;
• casca de laranja (só na aplicação com pistola).

O uso de diluente não recomendado pelo fabricante, acarreta:


❑ Incompatibilidade:
✓ o solvente não mistura com os solventes ou resinas da tinta.
❑ Falta de poder de solvência:
✓ coagulação;
✓ dificuldade de alastramento.
❑ Excesso de poder de solvência:
✓ sedimentação rápida do pigmento no fundo da lata;
✓ escorrimento em superfícies verticais.
❑ Solventes pesados:
✓ demora para secar;
✓ escorrimento em superfícies verticais;
✓ a película apresenta pegajosidade.
❑ Solventes leves:
✓ secagem muito rápida;
✓ bolhas, crateras, porosidade;
✓ casca de laranja;
✓ excesso de empoamento (dry-spray);
✓ falta de brilho.

58
VOLUME DE DILUENTE
O volume de diluente estimado é calculado com base no volume de tinta e a porcentagem de diluição, em função do
método de aplicação.

Fórmula

Onde:
VD: Volume de diluente (litros);
VT: Volume de tinta (litros);
Dil.: Porcentagem de diluição (%).

Exercício:
Diluir 200 ml de uma tinta bicomponente com 25 % de diluente.

Exercício:
Diluir a tinta em 20 %.

59
Filtrar a tinta
Todas as tintas devem ser passadas por peneira antes da aplicação, para eliminar partículas grosseiras como grumos,
peles etc., para evitar que estes sobressaiam na película seca.

Após a mistura e homogeneização a tinta deve ser passada por peneira nº 80 a nº 100, salvo nos casos em que o
equipamento de aplicação possua peneira adequada que separe apenas os contaminantes sem separar o pigmento.

Solvente de limpeza
Líquido volátil utilizado após a aplicação da tinta, para limpeza dos materiais de preparação e aplicação.

As limpezas dos materiais devem ser realizadas antes do término da vida útil da mistura.

Intervalo de repintura
Período em que uma demão subsequente, pode ser aplicada sem falha de pintura e com perfeita adesão.

Siga as recomendações do fabricante no Boletim Técnico da tinta.

A temperatura da superfície interfere no intervalo de repintura.

Defeitos de película:
• aplicar a demão antes do intervalo mínimo de repintura pode levar à retenção de solventes, escorrimentos etc.;
• aplicar a demão após o intervalo máximo de repintura pode resultar na falta de aderência entre demãos.

Intervalo de repintura (exemplo: boletim técnico)


Os intervalos mínimos e máximos, recomendados no esquema de pintura ou no boletim técnico da tinta, devem ser
obedecidos para evitar falhas de película.

60
Aplicação após intervalo máximo de repintura
Promover rugosidade superficial para facilitar a aderência mecânica da próxima demão de tinta.

Descarte de embalagens
Limpeza das embalagens
O resíduo de tinta e diluente sujo deve ser retirado da embalagem (máximo possível) e colocado em um tambor fechado
e identificado.

a) utilizar os EPIs adequados para esta limpeza.


b) transferir a tinta preparada para um recipiente de aplicação.
c) adicionar o diluente da tinta na embalagem original vazia e suja de tinta.
d) limpar o resíduo com o diluente da tinta e com o auxílio de um pincel.
e) transferir este caldo sujo para diluição da tinta no recipiente de aplicação.
f) completar a limpeza da embalagem original suja com um pouco de solvente de limpeza.
g) descartar este resíduo de solvente sujo em um tambor com tampa. Este solvente pode ser reutilizado.
h) descartar a embalagem original. Esta deve ser inutilizada com furos no fundo, cortes, amassamento ou prensagem,
evitando seu uso para outras finalidades.

Todos os recipientes vazios devem ir para o lixo apropriado (caçambas) e depois recolhidos por empresas especializadas
e devidamente licenciadas pelos órgãos competentes que terão a corresponsabilidade de dar um destino adequado aos
resíduos (geralmente incineração e reciclagem das embalagens).

61
Preparação de pequenas quantidades de tintas bicomponente
Relação/proporção de mistura
Normalmente a relação de mistura da tinta é expressa em partes por volume.

A relação de mistura de reação entre as resinas dos componentes (A + B) indicada no rótulo ou boletim técnico deve ser
respeitada, para a película de tinta aplicada não perder as suas propriedades (secagem e desempenho).

A importância de manter a proporção de mistura (A+B).

Proporção de mistura respeitada:

O químico calcula a quantidade de componente A que deve reagir com o componente B. A proporção deve ser mantida
durante a preparação da tinta para que ela tenha o desempenho projetado.

Proporção de mistura não respeitada:

Neste caso a tinta não deve ser utilizada. Resultado: perda de da tinta ou aplicação.

.
Preparação de tintas de dois componentes: relação de mistura (A + B)

62
Cálculo do volume de tinta e diluente
Os copos de Becker graduados de polipropileno são utilizados para medição de volume de líquidos na pintura industrial.
Sua graduação pode ser variada.

No Brasil, o galão de tinta é uma unidade de medida em volume de líquidos equivalente a 3,6 litros.

Exemplo:
Preparar 500 ml de uma tinta de 2 componentes com relação de mistura 4A: 1B com copos de polipropileno graduado.

Exemplo:
Preparar uma tinta de 2 componentes com relação de mistura 4A: 1B com régua graduada.

63
Relação/proporção de mistura
Relação de mistura da tinta expressa em massa (Exemplo: tinta etil silicato de zinco).

64
11. Esquema de pintura
Detalhamento do preparo da superfície, sistema de pintura, cores, espessura seca e métodos de aplicação.

Legenda
R: Rolo
PC: Pistola Convencional
PSA: Pistola Sem Ar

65
Preparação de superfície
Conjunto de operações que objetivam a remoção de contaminantes da superfície, bem como promover a aderência da
pintura.

a) limpar impurezas entre a superfície e a tinta:


• imperfeições da superfície
• sais solúveis
• óleos
• poeiras
• água e outros.

b) remover oxidação ou camada de tinta sem adesão:


• obter o grau de tratamento especificado.

c) promover rugosidade:
• aderência da tinta.

Sistema de Pintura
Define os tipos de tintas aplicadas em uma ou mais demãos em função da avaliação da agressividade do meio
ambiente, em uma sequência específica para alcançar o resultado desejado.

Tinta de fundo: Tinta com propriedades anticorrosivas, adequada para aplicação direta sobre o substrato e como
base para as demãos subsequentes.

Tinta intermediária: Tinta aplicada entre a tinta de fundo e a de acabamento.

Tinta de acabamento: Tinta aplicada sobre a tinta de fundo ou a intermediária, de modo a conferir ao esquema de pintura
propriedades de cor e resistência ao meio corrosivo.

Aplicação de tinta
São 3 (três) os métodos de aplicação mais utilizados na pintura industrial:
• trincha (T);
• rolo (R);
• pistola de pulverização (P):
✓ pistola convencional (PC);
✓ pistola sem ar comprimido (PSA).

66
12. Cálculos matemáticos na pintura

12.1. Determinação da correção dos sólidos por volume


A diluição altera os sólidos por volume.

Fórmula
SV corrigido = SV x 100 / (100 + % Dil.)
Onde,

SV corrigido: Sólidos por Volume corrigido, em %.


SV: Sólidos por Volume da tinta, informado no boletim técnico do fabricante, em %.
% Dil.: Diluição medida em copo de propileno graduado ou régua graduada, em %.

Exemplo:
Qual os sólidos por volume corrigido de uma tinta com sólidos por volume igual a 88% e 20% de diluição?

67
12.2. Determinação do Rendimento Teórico
Relação entre a área pintada e o volume de tinta utilizado, para uma determinada espessura de película seca, sem perdas.

Fórmula
RT = SV x 10 / EPS

Onde,

RT: Rendimento Teórico, em m²/L


SV: Sólidos por Volume da tinta, informado no boletim técnico do fabricante, em %.
10: Acerto de casa para valor final, em m²/L
EPS: Espessura de Película Seca, por demão especificada, em µm

Exemplo:

68
12.3. Determinação do Rendimento Prático
Valor estimado, levando em conta todas as perdas durante a aplicação, calculado com base no Rendimento Teórico da
tinta e Fator de Aproveitamento (FA) ou Fator de Perda (FP). É uma propriedade útil para o cálculo do volume de tinta a
ser adquirido para uma determinada obra.

Fórmulas
RP = RT x FA
FA = 1 - (Perda / 100)
Onde,

RP: Rendimento Prático da tinta, em m²/L.


RT: Rendimento Teórico da tinta, em m²/L.
FA ou FP: Fator de Aproveitamento na aplicação, valor de 0 a 1.
Perda: Perda de tinta na aplicação, em %.

O Fator de Aproveitamento (FA) é definido em função do método de aplicação, considerando todas as perdas durante
a aplicação: local, método de aplicação, rugosidade do substrato, complexidade geométrica do substrato, habilidade do
pintor.

Exemplo:

Qual o rendimento teórico (RT) para a tinta abaixo?

Qual o rendimento prático (RP) considerando-se uma perda de 20 %?

69
12.4. Determinação do custo da tinta
O custo de uma tinta é preço da tinta por litro dividido pelo rendimento prático em metros quadrados por litro.

Fórmula
CT = Preço / RP
Onde,

CT: Custo da tinta por demão, em R$/m².


Preço: Preço da tinta, em R$/L.
RP: Rendimento Prático da tinta, em m²/L.

Exemplo:
Avaliação comparativa do custo da tinta entre os fornecedores:
Devemos utilizar os seguintes parâmetros (informações):
• o preço por litro (R$/L) com todos os impostos e frete;
• os sólidos por volume (%) informado no boletim técnico da tinta;
• adotar os mesmos valores na comparação entre fabricantes, para:
✓ espessura de película seca por demão, em (µm) recomendada para a aplicação (100 µm);
✓ perda estimada de tinta (30 % = FA de 0,70);
✓ área a ser pintada.

Na avaliação comparativa inicial, o fornecedor A tinha o melhor preço por litro. O fornecedor C que tinha o preço
inicial por litro mais caro, tem o melhor custo por metro quadrado aplicado.

70
12.5. Determinação do volume de tinta
O Volume de Tinta estimado é calculado com base na área a ser pintada e no Rendimento Prático da demão.

Fórmula
VT = A / RP
Onde,

VT: Volume de tinta, em L (litros).


A: Área a ser pintada, em m² (metros quadrados).
RP: Rendimento Prático da tinta, em m²/L (metros quadrados por litro).

Exemplo:
Quantos galões de uma tinta, são necessários para pintar uma área de 3.024 m² (A) com pistola convencional? Sólidos
por volume de 60 % (SV), para uma demão de 50 µm (EPS) de espessura de película seca e perda estimada na aplicação
de 30 % (P).

12.6. Determinação do volume de Diluente


O volume de diluente estimado é calculado com base no volume de tinta e a porcentagem de diluição, em função do
método de aplicação.

Fórmula
VT = VT x % Dil. / 100
Onde,

VD: Volume de diluente, em L (litros).


VT: Volume de tintas, em L (litros).
% Dil.: Porcentagem de diluição, em %.

Exemplo:
Determinar o volume de diluente necessário para diluir 360 litros de uma tinta aplicada com 15 % de diluição.

VT = 360 x 15 / 100

VT = 5400 / 100

VT = 54 litros de diluente

71
12.7. Determinação do volume dos componentes
Para a determinação da quantidade em massa ou volume de uma tinta de dois ou mais componentes, na preparação de
pequenas quantidades de tinta, é necessário conhecer a proporção de mistura indicada pelo fabricante no rótulo da tinta
ou no boletim técnico, para a preparação da tinta em pequenos volumes.

Fórmulas
VA = A x VT / (A + B)
VB = B x VT / (A + B)
Onde,

VA: Volume do Componente A utilizado na mistura, em L (litros).


VB: Volume de tintas, em L (litros).
A: valor de A na proporção de mistura.
B: valor de B na proporção de mistura.
VT: Volume de Tinta desejado, para preparação de pequena quantidade de tinta, em L (litros)

Exemplo 1:
Preparar 1 litro de uma tinta bicomponente, recebida em galão, com proporção de mistura de 3 partes de A para 1 parte
de B por volume. Quais serão as quantidades de cada um dos componentes?

Dados:
A=3
B=1
A+B=4
VT = 1 litro = 1.000 ml
VA ?
VB ?

Volume do Componente A → VA = A x VT / (A + B) → VA = 3 x 1000 / 4 → VA = 750 ml do componente A


Volume do Componente B → VB = B x VT / (A + B) → VB = 1 x 1000 / 4 → VB = 250 ml do componente B
Volume de Tinta preparado → VT = VA + VB → VT = 750 + 250 → VT = 1.000 ml = 1 litro

Exemplo 2:
Preparar 1 litro de uma tinta bicomponente, recebida em galão, com proporção de mistura de 4 partes de A para 1 parte
de B por volume. Quais serão as quantidades de cada um dos componentes?

Dados:
A=4
B=1
A+B=5
VT = 1 litro = 1.000 ml
VA ?
VB ?

Volume do Componente A → VA = A x VT / (A + B) → VA = 4 x 1000 / 5 → VA = 800 ml do componente A


Volume do Componente B → VB = B x VT / (A + B) → VB = 1 x 1000 / 5 → VB = 200 ml do componente B
Volume de Tinta preparado → VT = VA + VB → VT = 800 + 200 → VT = 1.000 ml = 1 litro

72
12.8. Determinação da Espessura de Película Úmida – EPU
A EPU é obtida pelo resultado da fórmula abaixo.

Fórmula
EPU = EPS x (100 + % DIL) / SV
Onde,

EPU: Espessura de Película Úmida, em µm (micrometros).


EPS: Espessura de Película Seca, em µm (micrometros).
% DIL: Porcentagem de Diluição - %.
SV: Sólidos por Volume da tinta, informado no Boletim Técnico, em %.

Exemplo 1:
Qual a espessura de película úmida de uma tinta com 80 % de sólidos por volume e espessura de película seca
especificada de 160 micrometros? A tinta será aplicada com pistola convencional com uma diluição de 10%.

Dados:
EPS = 160 µm
% DIL = 10 %
SV = 80 %

Espessura de Película Úmida → EPU = EPS x (100 + % DIL) / SV → EPU = 160 x (100 + 10) / 80 → EPU = 220 µm

Exemplo 2:
Qual a espessura de película úmida de uma tinta com 100 % de sólidos por volume e espessura de película seca
especificada de 450 micrometros? A tinta será aplicada com pistola sem ar sem diluição.

Dados:
EPS = 450 µm
% DIL = 0 %
SV = 100 %

Espessura de Película Úmida → EPU = EPS x (100 + % DIL) / SV → EPU = 450 x (100 + 0) / 100 → EPU = 450 µm

73
12.9. Determinação da Espessura de Película Seca – EPS
Com a evaporação dos solventes a EPS será menor que a Espessura de Película Úmida – EPU.

A EPS é obtida pelo resultado da fórmula abaixo.

Fórmula
EPS = EPU x SV / (100 + % DIL)
Onde,

EPS: Espessura de Película Seca por demão, em µm (micrometros).


EPU: Espessura de Película Úmida medida, em µm (micrometros).
SV: Sólidos por Volume da tinta, informado no Boletim Técnico, em %.
% DIL: Porcentagem de Diluição - %.

Exemplo 1:
Qual será a espessura de película seca de uma tinta com 80 % de sólidos por volume e espessura de película úmida
medida de 220 micrometros? A tinta será aplicada com pistola convencional com uma diluição de 10%.

Dados:
EPU = 220 µm
% DIL = 10 %
SV = 80 %

Espessura de Película Seca → EPS = EPU x SV / (100 + % DIL) → EPS = 220 x 80 / (100 + 10) → EPS = 160 µm

Exemplo 2:
Qual será a espessura de película seca de uma tinta com 100 % de sólidos por volume e espessura de película úmida
medida de 450 micrometros? A tinta será aplicada com pistola sem ar sem diluição.

Dados:
EPU = 450 µm
% DIL = 0 %
SV = 100 %

Espessura de Película Seca → EPS = EPU x SV / (100 + % DIL) → EPS = 450 x 100 / (100 + 0) → EPS = 450 µm

74
13. Mecanismos de proteção anticorrosiva
O tipo do pigmento na película de tinta define o mecanismo de proteção anticorrosiva.

Existem três mecanismos de proteção anticorrosiva de película de tinta:


• proteção por barreira;
• proteção por passivação ou inibição anódica;
• proteção catódica.

13.1. Proteção por barreira


Ação da resina e pigmento para dificultar a permeabilidade dos agentes corrosivos.

A película de tinta vai isolar a superfície metálica do meio corrosivo.

Todos os tipos de películas permitem que alguma umidade e oxigênio penetrem através delas (permeabilidade),
umas mais outras menos.

O revestimento vai isolar o substrato metálico do meio corrosivo.

• Todas as tintas protegem por barreira, dificultando a penetração do meio pela camada de tinta.

• A eficiência da proteção anticorrosiva por barreira depende:


✓ do tipo de resina;
✓ da espessura de película seca;
✓ da forma do pigmento.

A forma dos pigmentos é uma característica importante e pode influenciar nas propriedades de proteção da película
de tinta.

75
Tipo de resina
Permeabilidade da resina
Todos os tipos de películas (tintas) permitem que alguma umidade e oxigênio penetrem através delas
(permeabilidade).

Espessura de Película Seca


Quanto maior for a barreira (espessura) entre o meio e o substrato, maior será o tempo de início da corrosão.

Forma do pigmento
Ação da resina e do pigmento na proteção por barreira.

76
Tintas com pigmentação anticorrosiva na tinta de fundo dificultam a penetração da ferrugem nas regiões com poros,
fissuras ou danos

13.2. Proteção por passivação ou inibição anódica


Pigmentos anticorrosivos da tinta de fundo levemente solúvel em água, formam uma camada inibidora de corrosão
na superfície do aço (na região anódica).

Pigmentos anticorrosivos na tinta de fundo:


• fosfato de zinco (Zn3(PO4 )2 .2H2O) de cor branca
• cromato de zinco (4ZnO.4CrO3.K2O.3H2O) de cor amarela
• zarcão (Pb3O4) de cor laranja

Estas tintas de fundo com pigmento anticorrosivo são plicadas sobre aço carbono jateado ao metal quase branco, grau
Sa 2 1/2 da norma ISO 8501-1, para ambientes industriais.

77
13.3. Proteção catódica
Tintas de fundo com alto teor de zinco na película seca, para permitir um bom contato elétrico entre as partículas de
Zinco (Zn-Zn) e o substrato de aço (Zn-Fe), aplicadas sobre superfície jateada ao metal quase branco.

Existem dois tipos de tintas (resinas) ricas em zinco:


• etil silicato, que cura por hidrólise;
• epóxi poliamida, que cura por reação química.

Tintas ricas em zinco (TRZ):


• proteção do aço jateado ao metal quase branco da ISO 8501-1nas regiões de falhas em atmosfera salina;
• quanto maior o teor de zinco na película melhor será a proteção;
• método de aplicação por pulverização.

As tintas de fundo rica em zinco são recomendadas para ambientes salino e ambiente industrial com pH entre 6 e 8 (para
evitar o rápido consumo).

Abaixo, alguns requerimentos de Normas quanto ao teor de zinco, em peso, na película seca.

78
14. Mecanismos de aderência da película com o metal
A preparação de superfície adequada é fundamental para a aderência das tintas ao substrato.

O desempenho do revestimento é, portanto, diretamente relacionado à preparação da superfície.

Existem 3 (três) mecanismos de aderência da tinta de fundo com a superfície metálica:


• aderência mecânica;
• aderência polar;
• aderência química.

14.1. Adesão mecânica


A aderência mecânica é baseada na limpeza dos contaminantes e da promoção de rugosidade na superfície.
• remoção dos contaminantes: área de contato direto tinta/metal.
• a rugosidade da superfície produz arrasto por atrito.
• a rugosidade da superfície aumenta a área de contato.

A rugosidade é tridimensional.

Por isso a área de contato da tinta com a superfície é muito aumentada.

79
14.2. Adesão polar
A aderência polar ocorre pela atração entre cargas opostas dos grupos polares da resina da tinta de fundo (pontes de
hidrogênio) com os grupos polares da superfície metálica (ligação polar tinta → metal).

Tintas aderem por este mecanismo:


• acrílica;
• alquídica;
• epoxídica;
• poliuretânica.

Este tipo de aderência é mais eficiente em combinação com o mecanismo de aderência mecânica.

80
14.3. Adesão química
A aderência ocorre com a reação química entre a tinta de fundo e a superfície metálica (ligação química tinta → metal).

Na adesão química ocorre as três ligações (mecânica + polar + química).

81
15. Conhecimentos básicos de outros tipos de revestimentos

15.1. Tinta em pó
Um produto composto de componentes 100% sólidos sendo sua resina base um polímero interagindo com pigmentos e
aditivos com propriedades específicas constituído através de uma mistura homogênea, apresentando-se sob forma de
grãos e que exercerá sua função de acabamento e proteção através de sua polimerização e reatividade por aquecimento
de sua composição.

A tinta em pó cura em estufa em temperaturas entre 160 e 190 ºC

Processo de fabricação

82
TIPOS QUÍMICOS DOS REVESTIMENTOS EM PÓ
Poliéster: Resina 100% poliéster. Aplicado a manufaturados instalados em ambientes externos expostos ao
intemperismo e a ação dos raios ultravioleta do sol.

Usos: Telhas metálicas, rodas para automóveis, antenas parabólicas, caixilhos de alumínio, painéis
elétricos, etc.

Epóxi: Resina 100% epóxi.


Indicado para manufaturados que requerem alta resistência química e mecânica

Usos: Tubulações corrugadas de esgoto, cavidade de forno micro-ondas, cesto da lavadora de louça,
etc.

Híbrido: Resinas Epóxi / Poliéster


Indicado para manufaturados abrigados em ambientes internos.

Usos: Eletrodomésticos, móveis de aço, luminárias residenciais, componentes automotivos, etc.

Pré tratamento do metal – Preparação de superfície


Limpeza Mecânica: normalmente empregados para materiais fundidos.
✓ Jato de granalha de aço

Limpeza química: utilizado em metais em geral onde ainda não há princípio de corrosão.
✓ Desengraxantes alcalinos e solventes clorados

Tratamento químico: camadas de conversão.


✓ Linha de banhos para o tratamento da superfície do metal:

Metais Ferrosos: Fosfatização – Fosfato de ferro/zinco/tricatiônico


Metais Não Ferrosos: Cromatização

Conceito Eletrostático
Pistola eletrostática – Efeito “CORONA”
Consiste no carregamento das partículas de pó através de linhas de campo elétrico promovidas por um gerador de alta
tensão e descarregadas por meio de um eletrodo na extremidade da pistola de aplicação.

83
Equipamento de pintura

Desenho esquemático do funcionamento de uma pistola eletrostática para tinta em pó

Cabine de aplicação e sistema de recuperação de pó.

84
Vantagens das tintas em pó:
• Processo ecológico – Não utiliza-se de solventes nem emite poluentes à atmosfera;
• Alto aproveitamento de aplicação (aproximadamente 95%);
• Produto já vem pronto para o uso;
• Baixo risco de incêndio, reduz o custo do seguro.

Desvantagens das tintas em pó:


• Dificuldade de aplicação em materiais não metálicos, como madeiras e plástico;
• Repintura no campo (só é possível com tinta líquida);
• Acerto de cor diretamente em linha de pintura;
• Tamanho das peças (não podem ser muito grandes).

Exemplos de pintura a pó

Esquemas de pintura para superfícies de aço galvanizado — Proteção anticorrosiva — Requisitos NBR 16733

6.3 Esquemas de pintura com tintas em pó

8. Especificação do esquema de pintura


Para especificar o revestimento a ser utilizado, deve ser consultada a Tabela 2.

Enquadrar a estrutura metálica e/ou o equipamento a ser revestido em uma das situações previstas, verificando qual o
esquema de pintura recomendado.

Tabela 2 – Especificação dos esquemas de pintura (resumida)

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15.2. Fusion Bonded Epoxy – FBE (Tinta epóxi termicamente curado)
O FBE geralmente se refere a uma única camada de revestimento epóxi em pó termicamente curado como material
formador de película. Este tipo de revestimento é termofixo, fabricado com resina epóxi sólida, agente de cura e vários
aditivos através de mistura e moagem, para pintura de tubos de aço e uma ampla gama de ligações de tubulação.

O revestimento FBE tem sido usado como padrão nas indústrias para proteção contra corrosão. Os revestimentos FBE
têm boas características de manuseio; são flexíveis e resistentes à pressão do solo. São usados em projetos de
dutos que têm requisitos normais e não têm condições adversas.

Características dos tubos revestidos com FBE – Fusion Bonded Epoxy:


• resistente à corrosão e a produtos químicos;
• possui alta resistência ao descolamento catódico;
• aumenta a vida útil dos tubos de aço;
• tem alta força de adesão e adere firmemente à superfície do tubo de aço macio.

TIPOS DE APLICAÇÃO
• Linha Branca:
Eletrodomésticos como geladeira, fogão, micro-ondas e freezers, destinados as residenciais;
• Linha moveleira:
Produtos destinados a: móveis e decorações, com puxadores, perfis, montantes, trilhos, travessas, cabideiros;
• Linha automotiva;
• Bombas, válvulas, acessórios;
• Dutos Interno e Externo etc.

NORMAS
ISO 21809-2: Petroleum and natural gas industries - External coatings for buried or submerged pipelines used in pipeline
transportation systems - Part 2: Single layer fusion-bonded epoxy coatings.

ISO 21809-6: Petroleum and natural gas industries - External coatings for buried or submerged pipelines used in pipeline
transportation systems - Part 6: Multilayer fusion-bonded coatings.

NBR 15221-3: Tubos de aço - Revestimento anticorrosivo externo Parte 3: Epóxi em pó termicamente curado.

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O FBE (Fusion Bonded Epoxy) é um revestimento Epóxi em pó amplamente utilizado para proteger tubos de aço usado
na construção de tubulações de aço resistentes a corrosão e em uma grande variedade de conexões de tubulação, válvulas
etc.

FBE são revestimentos de polímeros termoendurecíveis (thermoset). O nome fusion-bonded epoxy deve-se ao fato de que
as ligações cruzadas (cross-link) e também o método de aplicação, são diferentes do que ocorre com uma tinta epóxi em
pó convencional.

Os componentes de resina e endurecedor no estoque (condições normais de armazenamento do pó seco) do FBE


permanecem sem reação. Em temperaturas típicas de aplicação de revestimento, geralmente na faixa de 180 a 250 °C, o
pó derrete e se transforma em forma líquida.

O filme de FBE aplicado sobre a superfície aquecida é liquidificado, molha e flui na superfície de aço e logo se torna um
revestimento sólido por ligação cruzada química, auxiliada pelo calor. Esse processo é conhecido como "ligação de fusão“
(Fusion bonded). A reação de ligação química que ocorre neste caso é irreversível. Uma vez que a cura ocorre, o
revestimento não pode ser devolvido à sua forma original por qualquer meio. A aplicação de mais aquecimento não
"derreterá" o revestimento.

Exemplo de aplicação de FBE

Os tubos são primeiramente limpos e aquecidos. Em seguida, o epóxi em pó é aplicado à superfície da tubulação por
pistolas eletrostáticas, formando uma camada uniforme que cura logo após a aplicação.

A espessura típica para este sistema varia de 350 a 450 μm; pode ser usado para tubulações com uma temperatura de
operação de até 90º C.

Tubo de aço com revestimento externo - FBE


Para condições mais severas de temperatura e onde a maior resistência mecânica é necessária, devem ser aplicados
a outros sistemas conhecidos como "dupla camada". A espessura e o tipo de sistema devem ser selecionados em
conformidade com os requisitos do projeto.

A planta de revestimento externo do FBE é equipada para revestir tubos com diâmetro nominal variando de 2" a 48" e
comprimentos que variam de 8m a 14m.

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Tubos de aço com revestimento FBE são produzidos de acordo com o padrão AWWA C213.

O revestimento FBE é adequado para o transporte de água potável, bem como para a transferência de óleo e gás.

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15.3. Poliuretano elastomérico
É um material com 100% de sólidos por volume (sem solvente) que forma uma película extremamente elástica, resistente,
monolítica (sem emendas) e impermeável. Devido a esses fatores, ele encapsula todo o substrato, impermeabilizando-o
e formando uma barreira química, evitando oxidação de tanques e “ataques” químicos de uma variedade enorme de
produtos químicos.

Pode ser aplicado em:


• Tubulações internas ou externas;
• Tanques de equalização;
• Decantadores/clarificadores;
• Tanques, bacias e pisos de contenção secundários;
• Estações de tratamento de água e efluentes;
• Tanques de armazenagem de água potável;
• Digestores aeróbicos e anaeróbicos;
• Tanques de produtos químicos agressivos;
• Indústria Alimentícia;
• Indústria Química;
• Indústria Naval;
• Indústria de Papel e Celulose.

Revestimento elastomérico, bicomponente de cura rápida, e deve ser aplicado por airless dupla alimentação com
aquecimento, devido a vida útil ser muito curta.

Bombas airless:
• Elétrica;
• Pneumática.

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Poliuretano elastomérico

Poliuréia

Comparação entre os revestimentos

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POLIBRID 705E

Revestimento elastomérico híbrido de poliuretano sem solvente.


• Com base em polimeros hidroxilados/aminicos curado com isocianato aromático.
• Zero VOC.
• Alta espessura de filme em uma única demão.
• Cura rápida / cura em baixa temperatura (15ºC).
• Flexível, elástico, resistente a rachaduras
• Resistente a produtos químicos.
• Adequado para substratos de aço e concreto.
• Aplicado por airless plural component.
• Mais de 35 anos de histórico em todo o mundo.

Informações técnicas

Recomendado para:

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Preparação de superfície.

Esquema de pintura.

Esquema de pintura com manta geotêxtil.

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Manta geotêxtil

Características
• Elimina a formação de furos devido a gaseificação para fora.
• Melhora a tolerância à umidade.
• Melhora a resistência ao rasgo.

Vantagens
• Elimina a necessidade de primer.
• Elimina a degradação do revestimento devido à infiltração de água.
• Liga fissuras e juntas de expansão.

Controle de qualidade

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Aprovações

Casos de sucesso

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15.4. Poliuréia
Uma Poliuréia pode ser definida como um produto da reação de um componente à base de isocianato alifático ou
aromático, com uma amina alifática ou aromática.

Revestimentos de alta espessura (0,5 a 6 mm) e sem solventes, para pisos e revestimentos de indústrias de alimentos,
farmacêuticas e de bebidas.

PREPARAÇÃO DO AÇO:
• Superfícies de aço devem estar livres de ferrugem, sais, sujeira e qualquer outro contaminante;
• A superfície metálica deve ser jateada ao metal quase branco com perfil de rugosidade de aproximadamente 100
µm para se obter a melhor desempenho.

PREPARAÇÃO DO CONCRETO:
• O concreto deve curar por no mínimo 28 dias;
• A hidratação do concreto continua mesmo depois dos 28 dias, por isso é melhor esperar o tempo mais longo que
se possa;
• Devemos sempre que possível testar o valor de umidade para assegurar que o concreto esteja em condições de
cura total, garantindo assim uma perfeita adesão do sistema a ser aplicado;
• Todo material estranho a superfície de concreto, como a graxa, pó, oleosidade etc., deve ser removido por
jateamento com areia, jateamento com granalha de aço, limpeza mecânica ou por meio de substância química
adequada.

VANTAGENS E BENEFÍCIOS DA POLIURÉIA:


• Excelente flexibilidade: utilizado em juntas de dilatação de pontes;
• Excelente aderência sobre metal e concreto;
• Impermeável, não deixa emendas e alcança altas espessuras.

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MERCADOS
• Proteção contra corrosão de tubulações de aço.
• Pintura de pontes de concreto e de aço.
• Em projetos de Arquitetura.
• Na proteção de tanques de aço contra produtos químicos, corrosão e intemperismo natural.
• Em aplicações diversas na indústria de tratamento de água e esgoto.
• Revestimento de aquários marinhos.
• Em projetos de parques temáticos e de decoração.
• Devido a sua excelente resistência a abrasão é utilizado como revestimento protetivo na indústria de carrocerias
de caminhões e de vagões de trens.
• Na aplicação de telhados para ajudar a reduzir o consumo de energia com aquecimento e resfriamento de prédios,
shopping centers etc.

Poliuréia: reação química dos componentes

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Casos de sucesso

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15.5. Poliuretano Poliaspártico
As tintas bicomponentes poliaspárticas secam pela evaporação dos solventes, se presentes (70 a 100% de sólidos),
e curam pela reação química entre éster Poliaspártico (diamina alifática secundária) com isocianato alifático, de
baixo teor de voláteis orgânicos – VOC, altos sólidos – HS e de cura rápida (fast-cure).

O poliuretano Poliaspártico é baseado na reação de éster Poliaspártico com isocianato alifático

• O nome poliaspártico foi adotado entre formuladores na indústria devido à necessidade de diferenciá-lo de
Poliuréia e poliuretanos. Porém, tintas poliaspárticas são muito diferentes em propriedades de aplicação e de
desempenho das Poliuréia convencionais.

➢ Poliuretanos (acrílico hidroxilado + isocianato alifático): tintas de acabamento com espessuras,


entre 40 e 120 µm em exposição ao intemperismo.

➢ Poliuréias (diaminas primárias, aromáticas ou alifáticas + isocianato alifático ou aromático):


revestimentos com alta espessuras entre, 0,5 e 6 mm.

➢ Poliaspárticos (diamina alifática secundária + isocianato alifático): tintas de fundo/acabamento


de alta espessuras, entre 150 e 250 µm em exposição ao intemperismo.

• O poliaspártico é uma tinta Dupla Função e pode ser aplicada em apenas uma demão diretamente sobre o
aço carbono (DTM). Tem resistência ao intemperismo com excelente retenção de cor e brilho e não amarelam
com o tempo.

• A aplicação pode ser feita com equipamentos de pintura convencionais simplificando os serviços que ficam
menos sujeitos a erros e com menos investimento em equipamentos.
➢ Vida útil da mistura até 2 (duas) horas.

• Os poliaspárticos são tintas anticorrosivas de alto desempenho, amigas do meio ambiente, mais seguras e
com vantagens para a saúde dos pintores.

• É relevante também a cura a baixa temperatura e a resistência à abrasão e a corrosão deste revestimento.

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REVESTIMENTO POLIASPÁRTICO: N-2913C
Revestimento Poliaspártico
Revestimento de demão única, primer/acabamento, “low VOC”, semibrilhante de base poliuretano poliaspártico de alto
desempenho, deve ser aplicado por pistola sem ar ou trincha, com espessura mínima de película seca em superfícies
verticais de 200 μm e horizontais de 300 μm.

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15.6. Revestimento Intumescente
Revestimento que reage com o calor, intumescendo de forma controlada até várias vezes sua espessura original,
produzindo um isolamento carbonáceo (carbonaceous char) que age como uma camada isolante para proteger o substrato
metálico.

Revestimento que aumenta de volume, ou melhor, incha sob ação do calor em um incêndio e se torna uma camada térmica
(como se fosse uma espuma) que tem a capacidade de isolar o calor por algum tempo, permitindo que se possa iniciar o
combate ao incêndio, empreender a fuga do local e principalmente salvar vidas.

Os revestimentos intumescentes expandem aproximadamente de 5 a 15 vezes

“Intumescer”: Inchar, crescer, avolumar-se. Quando submetido ao calor, intumesce formando um revestimento isolante.
Esta camada isolante mantém a temperatura do substrato abaixo da temperatura crítica.

O aço carbono sob ação do calor enfraquece e perde a capacidade de sustentar a estrutura, podendo desabar (colapso).

Siglas
PPCI: Proteção Passiva Contra Incêndio
PFP: Proteção Passiva Contra Fogo

Tipos de proteção (ABNT NBR 14432)


Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações.

Proteção Ativa
É ativada manual ou automaticamente em resposta aos estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das
instalações prediais de proteção contra incêndio.

Proteção Passiva (proteção da estrutura por revestimento ou barreira)


Conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da edificação
e que reage passivamente ao desenvolvimento do incêndio, não estabelecendo condições propícias ao seu crescimento
e propagação, garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos usuários e a aproximação e o ingresso no edifício
para o desenvolvimento das ações de combate.

101
Por que proteger contra o fogo?

Proteção individual / pessoal


• permitir evasão / fuga de pessoal de forma segura.
• proporcionar abrigo seguro por um período pré-determinado.

Proteção do patrimônio
• proteger a estrutura ou unidade.
• evitar propagação em escala do acidente, pela brigada de incêndio.
• conter / separar o fogo de outras áreas.

Finalidades da proteção passiva contra o fogo – PFP:


• preservação de vidas;
• proteção da estrutura de prédios e instalações;
• prevenção de falhas estruturais;
• manutenção de rotas de fuga.

102
Tipos de fogo
Os tipos de fogo são classificados em 2 grupos função da fonte de combustão.
• Celulósico.
• Hidrocarbônico.

Fogo celulósico
Proveniente da queima de madeira, papel, papelão, tecido, plástico etc. Pode atingir temperaturas entre 500°C a 700°C
em até 20 minutos.

Fogo hidrocarbônico
Proveniente da queima de combustíveis orgânicos: gasolina, diesel, álcool, querosene de aviação, petróleo, gás etc.
Pode atingir temperaturas acima de 1000 °C em até 10 minutos.

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Poça (pool fire):
Fogo de queima de hidrocarbonetos com um momento inicial baixo ou nulo.

Jato de Fogo (jet fire)


Fogo tipo “maçarico” é uma chama com difusão “turbulenta” resultante da combustão de algum combustível liberado de
maneira contínua com um momento significativo em uma ou várias direções.

Explosão de vaso com gás (bleve)


Fogo pela explosão de vapor em expansão de um líquido em ebulição. É a liberação explosiva de vapor expandido e
superaquecido seguido de falha estrutural do vaso de pressão que contém um gás sob pressão em estado líquido como
propano ou GLP (gás liquefeito do petróleo).

Poça (reservatório de combustíveis) Jato de fogo Explosão de vaso com gás

Revestimento intumescente

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Esquema de pintura
O esquema de pintura com revestimento intumescente deve ser homologado pelo Fabricante do PFP para garantir o seu
desempenho na situação de incêndio.

Definição de Temperatura Crítica (TC)


“É a temperatura que causa o colapso da estrutura”

Determinada por normas e regulamentações, baseadas em análises estruturais.

Para elementos estruturais – Aço-carbono (perfis I, H, tubular)


• Offshore: TC = 400 ºC (jato de fogo)
• Onshore: TC = 500 ºC a 550 ºC

O aquecimento enfraquece o Aço


Gráfico de Redução da Resistência X Temperatura obtido de Dados da BS 5950-8:1990

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Isolando o aço, aumentamos o tempo para apagar o incêndio ou para minimizar os seus efeitos.

Fogo celulósico
Especificação: Informações básicas necessárias – Fator de Forma = HP/A

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AGRADECIMENTO
A Associação Brasileira de Corrosão - ABRACO
agradece aos seus instrutores pelo apoio na elaboração deste material.

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