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Baltazar Artigo Cientifico Antropologia Educaçao e Comunicaçao em Saude. BALTAZAR
Baltazar Artigo Cientifico Antropologia Educaçao e Comunicaçao em Saude. BALTAZAR
comunidade
RESUMO:
Educação em saúde pressupõe uma comunicação dialógica e o incentivo à autonomia dos indivíduos, respeitando os saberes
locais e fomentando práticas alternativas de saúde e apoio social. A Comunicação e Educação em Saúde são estratégias que
vão muito além da prevenção, sendo fundamentais para promoção da saúde de indivíduos e comunidades, capazes de gerar
mudança de atitude, pois as pessoas uma vez bem informadas, possuem maiores chances de adotar um comportamento
saudável. A metodologia usada foi qualitativa, numa pesquisa realizada através de busca em artigos e documentos escritos,
explorados em revisão bibliográfica. Resultados: Entender que comunicar tem o sentido de “partilhar”, “pôr-se em comum”,
sendo prática relacional e contextual entre os sujeitos. As mensagens e estratégias de educação em saúde devem levar em
conta as referências da população para interpretá-las. Assim sendo, no campo da saúde, a comunicação e educação devem
abordar questões salutares de interesse público, que visem garantir à sociedade informações relevantes, além de garantir
espaços de interlocução entre os sujeitos e acesso à polifonia social. As consequências da má comunicação entre
profissionais de saúde, doentes e familiares incluem confusão ao nível da medicação e acompanhamento do doente, que,
culminará em readmissões desnecessárias e até mesmo litígios preveníveis.
1. INTRODUÇÃO.
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Mestrando do Curso de Saúde Publica na Universidade Católica de Moçambique. 1º Ano. T- C; FCSP - Quelimane.
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Docente do Módulo de Antropologia e Sociologia em Saúde da Faculdade de Ciências Sócias e Políticas - UCM; Rua:
Maria de Lurdes Mutola, nº 310. E-mail: fcsp@ucm.ac.mz. Quelimane, Agosto. de 2023.
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Educar é formar, reflectir sobre o que informa nossas escolhas, ideias, visões de mundo, valores, atitudes. A
educação e comunicação em saúde precisam ser contextualizadas num mundo em aceleradas e profundas mudanças
(Ana M. F.O, 2009 p. 14).
No Brasil, as práticas de comunicação e educação em saúde são tratadas de forma amalgamada – estão associadas à
saúde pública desde as primeiras políticas públicas da área, entre 1900 e 1920. À época, as concepções de
educação sanitária eram fortemente alicerçadas no higienismo – ideologia liberal centrada nas responsabilidades
individuais e formas de intervenção e prescrição de normas para prevenir doenças específicas (Dias, Ferreira, 2015;
Araújo, Cardoso, 2007).
A internet e as diversas plataformas e mídias sociais têm-se apresentado como um desafio para os métodos
de pesquisa, contexto que tem aumentado o interesse de pesquisadores de várias áreas do conhecimento em
investigar e compreender as interações mediadas por tecnologias. Para a área da educação na saúde, esse
movimento vai ao encontro da valorização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no
desenvolvimento de iniciativas pedagógicas de saúde criativas, inovadoras e ousadas, que vêm
fortalecendo a interface entre comunicação, ciência e sociedade. Nesse conjunto, inserem-se as ações de
Educação Permanente em Saúde (EPS), que têm como objetivo qualificar o processo de trabalho em saúde
para a melhoria do acesso, da qualidade e da humanização da atenção à saúde.
De modo semelhante, a educação não significa “transferir”, “depositar algo em alguém”, “persuadir”, mas sim
proporcionar uma ação transformadora sobre a realidade, entendendo as situações plurais dos sujeitos em suas
relações com o mundo (Freire, 2015).
Dai que, para o sucesso dos programas de saúde na comunidade, por exemplo, nas campanhas de vacinação,
circuncisão masculina, promoção de doadores de sangue, é necessário que haja um bom diálogo entre os
provedores de saúde e a liderança comunitária.
2. Problema de pesquisa
Os processos de informação e comunicação em saúde tem importância critica e estratégica porque podem
influenciar na avaliação que os utentes fazem da qualidade dos cuidados de saúde, a adaptação psicológica a
doença e os comportamentos de adesão medicamentosa, daí que surge a seguinte questão: Até que ponto a
comunicação e educação podem influenciar nos programas de saúde na comunidade?
3. Metodologia
A presente pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa. Segundo Rother (2007), os artigos de revisão
narrativa são grandes publicações adequadas para discutir e descrever desenvolvimento ou até mesmo estado da
arte sobre um assunto qualquer, mediante o ponto de vista teórico ou conceitual. São constituídos de análise em
literatura científica na interpretação e também no ponto de vista crítico do autor. A pesquisa foi realizada através de
busca em artigos e documentos do Ministério da Saúde (MS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), bem como demais literaturas relevantes a pesquisa. Para a busca de
artigos foram utilizadas as fontes bibliográficas, Scientific Electronic Library (SciELO) e Google acadêmico, por
meio das palavras chave, comunicação, educação e saúde, buscando artigos nos idiomas português e inglês
publicados nos últimos dez anos, assim como trabalhos publicados anteriormente importantes para a pesquisa. Os
documentos foram selecionados com base na leitura do título e do resumo, excluindo-se aqueles que não estavam
diretamente relacionados ao tema da pesquisa.
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4. REVISÃO DA LITERATURA.
Medidas de comunicação e educação em saúde têm sido uma inquietação constante na saúde pública há vários
séculos. Historicamente, as propostas educativas vêm se organizando de diferentes formas, de acordo com o
contexto sociopolítico de cada época e sociedade, desde as posturas coercitivas da polícia médica alemã, no século
XVIII, até as propostas mais contemporâneas de diálogo horizontalizado entre profissionais de saúde e a população
(Dias, Ferreira, 2015).
As práticas de comunicação e educação em saúde – tratadas de forma amalgamada – estão associadas à saúde
pública desde as primeiras políticas públicas da área, entre 1900 e 1920. À época, as concepções de educação
sanitária eram fortemente alicerçadas no higienismo – ideologia liberal centrada nas responsabilidades individuais
e formas de intervenção e prescrição de normas para prevenir doenças específicas (Dias, Ferreira, 2015; Araújo,
Cardoso,2007).
Contemporaneamente, os campos da comunicação e educação em saúde operam como interlocutores de
conhecimentos e práticas, sendo um dos eixos de sustentação do modelo de promoção da saúde do Sistema Único
de Saúde (SUS). Nessa perspectiva, conforme nos ensinam Araújo e Cardoso (2007), não se pode desvincular a
comunicação e a educação de um projeto ético da sociedade que considere a comunicação como um processo
contextual e relacional de produção de sentidos sociais e campo de disputas de poder simbólico, que, por sua vez,
determina o poder de “[…] fazer ver e fazer crer, de confirmar ou transformar a visão de mundo” (Bourdieu, 2002,
p. 14).
De modo semelhante, a educação não significa “transferir”, “depositar algo em alguém”, “persuadir”, mas sim
proporcionar uma ação transformadora sobre a realidade, entendendo as situações plurais dos sujeitos em suas
relações com o mundo (Freire, 2015). A este propósito, Valla (1999) nos ensina que a educação em saúde
pressupõe uma comunicação dialógica e o incentivo à autonomia dos indivíduos, respeitando os saberes locais e
fomentando práticas alternativas de saúde e o apoio social.
Num estudo realizado com base em dados de 3000 hospitais diferentes, ao longo de seis anos, foi determinado que
a comunicação entre profissionais de saúde era o fator mais preponderante no que diz respeito à redução das
readmissões (Senot, C., Chandrasekaran, A., Ward, P. T., Tucker, A. L., & Moffatt-Bruce, S. D., 2015).
Um outro estudo, realizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, os obstáculos à qualidade da
comunicação incluem a falta de formação e treino do profissional de saúde no que diz respeito a esta temática.
Neste sentido, as competências comunicacionais deverão ser entendidas como parte integrante da sua formação, tal
como acontece com outras competências de ordem técnica e clínica (Santos, M.C., Grilo, A., Andrade, G.,
Guimarães, T., Gomes A., 2010).
Não se pode deixar de mencionar a influência dos mídias sobre o actual panorama da comunicação em saúde.
Graças à evolução a nível social e tecnológico que temos vindo a observar na História recente, a maioria da
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população dispõe de meios que lhe permitem aceder a uma quantidade incalculável de informação. Contudo,
apesar de haver informação em abundância, isso não significa que a maioria dos cidadãos saiba, necessariamente,
assimilar e utilizar esses dados.
No entanto, também será necessário ter em conta que, mais importante do que simplesmente passar informação, é
saber passá-la eficazmente e de forma a que a maioria da população a entenda.
Temos ainda de ter em conta o potencial para a divulgação de informação incorreta ou até mesmo
enganosa, sendo vários os exemplos deste tipo de situação. Seja desinformação relativa à relação entre a
vacinação e o surgimento de autismo ou relacionada com possíveis métodos de desinfeção e proteção
contra infeções virais, por exemplo, as consequências deste fenómeno podem ser gravosas. Não só podem
ter efeitos negativos ao nível do bem-estar e saúde da população, como podem levar à deterioração da sua
confiança no governo, nas autoridades e nas instituições de saúde.
Paralelamente, vale destacar a relevância dos meios de comunicação de massa e das novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC) como insumos de Comunicação e Educação em Saúde, seja nos programas de
promoção e prevenção, na veiculação de campanhas governamentais e na vigilância epidemiológica, seja na
criação de pautas e proposição de debates públicos a respeito das políticas e problemas de saúde e do SUS ( Buss,
1999; Vasconcellos-SILVA et al., 2010; CAVACA et al., 2016).
É importante ressaltar, contudo, que a qualidade da informação midiatizada, a forma e o momento em que ela
circula são definidores de seus impactos no cotidiano. De um lado, os veículos de massa podem promover
esclarecimentos e mobilização popular a favor de um desfecho potencialmente favorável do evento; por outro, ao
contrário, pode gerar mais confusão e provocar alarmismo reativo (França Abreu, Siqueira, 2004; Malinverni,
Cuenca, Brigagão, 2012).
A internet e as diversas plataformas e mídias sociais têm-se apresentado como um desafio para os métodos de
pesquisa, contexto que tem aumentado o interesse de pesquisadores de várias áreas do conhecimento em investigar
e compreender as interações mediadas por tecnologias. Para a área da educação na saúde, esse movimento vai ao
encontro da valorização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no desenvolvimento de iniciativas
pedagógicas de saúde criativas, inovadoras e ousadas, que vêm fortalecendo a interface entre comunicação, ciência
e sociedade.
Na relação entre ensino e sistema de saúde, surge a arquitetura da gestão colegiada interfederativa para produzir e
executar as atividades educacionais e assistenciais. Assim, a implantação, monitoramento e avaliação da Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) implica um trabalho articulado entre o sistema de saúde, as
instituições formadoras, os gestores e o controle social. (Tânia, 2019 pp. 11)
Estudos como o de (Paulino e Ladaga, 2019) exemplificam os diversos usos do WhatsApp Messenger em cenários
de aprendizagem e trabalho em saúde, no sentido de cumprir diretrizes curriculares da área, bem como de atender a
necessidades de comunicação institucional e, principalmente, de facilitar a formação de redes de contato e
comunicação rápida entre seus membros.
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No âmbito internacional, investigações também já reconhecem a utilidade das mídias sociais como ferramentas
para a promoção de projetos de pesquisa, fornecimento e disseminação de informações de saúde e facilitação da
educação de estudantes e profissionais, a exemplo do Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
Nessa esteira, várias organizações internacionais e centros de pesquisa para a promoção de programas de ensino
têm estimulado a adoção do espaço virtual e dos dispositivos móveis como recursos pedagógicos. Três importantes
diretrizes podem ser apontadas nesse sentido.
A primeira, as 'Diretrizes de Política para a Aprendizagem Móvel', divulgada pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco em 2014), expõe os motivos para o incentivo do uso das tecnologias
móveis isoladamente ou em combinação com outras TIC, a fim de permitir a aprendizagem em qualquer hora e em
qualquer lugar. Nesse processo, a Unesco visa auxiliar os gestores de políticas públicas na compreensão da ideia de
aprendizagem em tecnologia móvel e seus benefícios em direção à meta de educação para todos.
A terceira diretriz se refere à implementação da Agenda Digital 2018 para a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP). O documento apresenta princípios, objetivos, estratégias e medidas consensualmente
identificadas para promover e apoiar esses países a darem respostas aos desafios da transformação digital e para
sua edificação em economias digitais, alinhadas para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) constantes na Agenda 2030 das Nações Unidas.
Diante dos exemplos de agenda apontados, faz-se necessária a reflexão crítica sobre o uso e a apropriação cotidiana
das ferramentas conectadas à internet e sobre a forma com que podem apontar, viabilizar e/ou impactar práticas de
educação e formação em saúde. Segundo Moran, aprender activamente significa desenvolver competências
cognitivas e socio emocionais por meio de estratégias de ensino individuais e compartilhadas em grupo.
A comunicação por meio de redes de contatos não é novidade, tampouco uma tendência trazida pelo avanço da
tecnologia. O termo 'rede social' é antigo, e seu estudo sistematizado remonta ao início do século XX a partir do
surgimento dos trabalhos baseados na sociometria, que buscavam descrever e analisar a estrutura interpessoal
presente nos pequenos grupos, como escolas, igrejas e clubes.
Uma das características fundamentais dessa definição de redes é a sua abertura, possibilitando relacionamentos
horizontais e não hierárquicos entre os participantes, não sendo necessário, nesse sentido, estar conectado à internet
para fazer parte de uma. Na visão da psicologia social, as redes são constituídas de pessoas, pois somente estas são
capazes de conectar e criar vínculos entre si; as redes seriam, então, a linguagem dos vínculos, que podem ser
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classificados de maneira ascendente em relação ao nível, às ações e aos valores envolvidos: reconhecimento e
aceitação que o outro existe; conhecimento sobre o outro; colaboração recíproca esporádica; cooperação e
compartilhamento solidário de atividades e recursos; e associação de confiança mediante acordo de partilha de
objetivos e projetos.
Da psicologia, toma-se por influência Stanley Milgram que, a partir de uma pesquisa publicada em 1967,
evidenciou que estamos, em média, a seis graus de separação de qualquer outra pessoa no mundo. Nas décadas
posteriores, o sociólogo Mark Granovetter, por sua vez, debateu o grau de coesão social entre grupos. Para ele, os
chamados 'laços fracos' são cruciais para a circulação de informações e inovações, porque permitem ampliar a
conexão com grupos que estão além do mesmo círculo social.
Por esse pequeno apanhado de autores e estudos, vemos que o tema 'redes sociais' precede em muito o tema da
internet e das mídias sociais. No entanto, se nos detivermos ao papel destas últimas no cenário acadêmico e
científico e nas relações com os estudos de mídia, uma boa referência tem sido a historiografia proposta por
Scolari. O autor define quatro momentos importantes nos quais se incluem os estudos sobre a comunicação de
massa, internet e o universo virtual/digital. Primeiro, no período dos founding fathers (1960-1984), surgem os
primeiros estudos sobre comunicação em rede, idealização de protótipos e especulações sobre realidade virtual. A
Teoria da Informação, a Teoria dos Sistemas e a Comunicação eram as ciências de base nesse período. Em um
segundo momento (1984-1993), definido como origins, os estudos se dedicam a pensar interfaces para usuários, a
interação humano-computador, a Comunicação Mediada por Computador (CMC), os hipertextos e a vivência da
realidade virtual. Em um terceiro momento, período das cybercultures (1993-2000), a visão se volta à questão
da cybercultura popular (cyberespaços, ingo highways, cyborgs etc.)
Lévy, destaca a relação da cibercultura com a aprendizagem, argumentando que os sistemas educativos se
encontram hoje submetidos a novas restrições no que diz respeito a quantidade, diversidade e velocidade de
evolução dos saberes. Nesse sentido, a demanda de formação não apenas carece de um enorme crescimento
quantitativo, mas também de uma mudança qualitativa no sentido de encontrar soluções que utilizem técnicas
capazes de ampliar o esforço pedagógico de professores e formadores.
Na oportunidade, o autor argumenta a favor das tecnologias como oportunidades de otimização da educação, a
partir do modelo de aprendizagem virtual e EaD.
Assim, um novo papel social é atribuído às TIC: elas deixam de ser meras ferramentas de EPS e passam a ser algo
mais amplo: recurso para a gestão da educação e do trabalho em saúde. Para isso, precisa-se aprender sobre os usos
correntes das plataformas e das mídias digitais. Isso significa investigar e explorar o que já se usa, entendendo
melhor como os diversos atores interagem com elas e em que cenários seus usos podem ser otimizados, de acordo
com os recursos de cada mídia e plataforma e sua cultura de uso, que é local e contextual sempre.
Pesquisa sobre o WhatsApp identificou que os profissionais de saúde o utilizam para disseminação de informações
de saúde, troca de informações e tomada de decisão clínica entre os profissionais, apoio social a pacientes durante
tratamento, disseminação de orientações de saúde, e aprendizado. Usos semelhantes foram verificados para outras
mídias, como blogs, Twitter e Facebook.
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Cada um desses usos implica parcelas de estratégias forjadas para aproveitar os recursos dessas tecnologias para
fins profissionais, mas, certamente, a efetividade desse uso nos cenários descritos envolve, sobretudo, a
apropriação geral delas pela população como parte do seu cotidiano comunicacional de vida. Se todos já usam os
aplicativos e redes sociais para falar com seus familiares e amigos, é natural que se estenda seu uso para a
comunicação profissional.
A propositura apresentada, que se assenta na perspectiva dos estudos desenvolvidos por meio de métodos digitais
de pesquisa, longe de situar um conflito com os desenhos de pesquisa e de monitoramento tradicionais, vem
adicionar ao rol de recursos já disponíveis possibilidades mais adequadas para explicar as especificidades dos
objetos e dados constituídos na contemporaneidade.
5. CONCLUSÃO:
É importante entender que comunicar tem o sentido de “partilhar”, “pôr-se em comum”, sendo prática
essencialmente relacional e contextual entre os sujeitos (Araújo; Cardoso, 2007). Tanto nos processos de cuidado
quanto nos educativos, os profissionais de saúde estão em comunicação: estabelecem contato com a população,
visando o levantamento e solução de algum problema.
Assim sendo, no campo da saúde, a comunicação e educação devem abordar questões salutares de interesse
público, que visem garantir à sociedade informações relevantes, além de garantir espaços de interlocução entre os
sujeitos e acesso à polifonia social. Uma comunicação eficaz é a chave para o bom funcionamento de qualquer
atividade humana, pelo que não é de estranhar que o mesmo se aplique à área da saúde.
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A comunicação em saúde pressupõe a aplicação de estratégias para informar indivíduos, comunidades ou
instituições e influenciar as suas decisões, de forma a promover a saúde através da adoção de comportamentos
informados.
Os métodos digitais trazem, ainda, o potencial de identificar as representações sociais da saúde subjacentes aos
conteúdos das postagens e aos objetos digitais, juntando análise de conteúdo visual e textual.
Por um lado, uma comunicação consciente e efetiva entre profissionais de saúde (entre e intra equipa) potencia a
sinergia entre os mesmos. Por outro, há necessidade de uma comunicação descentrada do profissional de saúde e
centrada no doente, respeitando-o como um elemento ativo no seu processo de saúde, doença e tratamento.
As consequências de uma má comunicação entre profissionais de saúde, doentes e familiares incluem confusão ao
nível da medicação e acompanhamento do doente, que, potencialmente, culminará em readmissões desnecessárias
e até mesmo litígios passíveis de ser prevenidos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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