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FÍSICA GERAL

E EXPERIMENTAL I

ENSINO A
DISTÂNCIA
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do
Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276

Pauli, Muriel de.


P327f Física geral e experimental I/EAD/ [Caderno pedagógico].
Muriel de Pauli. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019.
62p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-85-5456-071-3
ISBNe:978-85-5456-091-1

1. Física Geral. 2. Física Experimental. 3. Física – Ensino a


Distância. I. Faculdade Avantis. II. Título.

CDD 21ª ed.


530 – Física.
PLANO DE ESTUDO

EMENTA
Grandezas físicas, erros, desvios e incertezas. Análise dimensional. Teoria de medida;
Cinemática. Vetores; Dinâmica – leis de Newton, Forças. Energia – Trabalho; Conservação
de energia mecânica. Momento linear e conservação de momento linear; Momento
angular.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

• Calcular as incertezas e desvios inerentes ao processo de medidas experimentais.


• Analisar e descrever os conceitos físicos relacionados ao movimento de uma
partícula.
• Resolver problemas utilizando a formulação matemática.
• Descrever as forças atuantes sobre um objeto e relacioná-las com o movimento do
mesmo.
• Compreender as leis de conservação de energia mecânica, momento linear e
momento angular.

O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO

Caro acadêmico(a),
Talvez nesse momento esteja passando por sua cabeça a seguinte pergunta: “Por que
preciso aprender Física?” Bom, essa é uma pergunta bastante frequente que fazíamos,
mesmo sem querer, na escola quanto ao conteúdo trabalhado em distintas disciplinas
como Matemática, Química, História, Geografia entre outras. Mesmo com uma resposta
coerente e entusiasmada por parte do professor, na maioria das vezes não ficávamos
satisfeitos. No entanto, com o passar dos anos nos dávamos conta da importância daqueles
conceitos aprendidos a muitos anos atrás e relutávamos em dizer que o professor estava
correto ao dizer da importância daquele estudo.
Na minha opinião, todo esse conflito pode ser resolvido através da observação e do
questionamento. Não precisamos escutar de ninguém que algo é importante ou justificar
a necessidade daquele aprendizado. Nós devemos “olhar” para o Mundo de um ângulo
diferente, tentando compreender os fenômenos e o funcionamento das coisas.
E para compreender os fenômenos físicos, propor soluções, projetar inovações e
ainda colocar tudo isso em prática se faz necessário que tenhamos PENSAMENTO
CRÍTICO! No entanto, vale destacar que mais do que seres pensantes devemos ser
seres atuantes; deste modo é necessário agregar conhecimento científico aos nossos
questionamentos afim de solucionar nossas dúvidas e instigar ainda mais nossa
curiosidade pela descrição dos fenômenos naturais e pelo avanço tecnológico.
Assim, a disciplina de Física Geral e Experimental I tem como objetivo descrever o
movimento dos corpos, entender como agem as forças sobre os objetos, compreender
as leis de conservação e acima de tudo auxiliar no desenvolvimento do seu pensamento
crítico!
PROFESSOR

APRESENTAÇÃO DA AUTORA
Meu nome é Muriel de Pauli, sou formada
em Licenciatura em Física pela Universidade do
Estado de Santa Catarina (UDESC). Posteriormente
fiz mestrado na Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) sendo as pesquisas
científicas realizadas no Laboratório Nacional de
Luz Síncroton (LNLS-Campinas). Doutorado em
Física pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) com estágio de doutorado sanduíche no
Instituto Max Planck em Stuttgart, Alemanha.
Cursei pós doutorado pelo período de dois anos na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente sou professora dos cursos de
engenharias Civil, Elétrica e Mecânicas presenciais do Centro Universitário Avantis.
Se quiser saber um pouco mais sobre minha carreira e também os trabalhos científicos
que tenho desenvolvido pode acessar meu currículo disponível em http://lattes.cnpq.
br/4295133366379344. Gostaria de me colocar à disposição para qualquer dúvida referente
ao material ou também para discutir sobre o maravilhoso mundo da Física. Pode entrar
em contato através do email muriel.pauli@avantis.edu.br ou ainda através das redes
sociais. Desejo a você um excelente aprendizado!
SUMÁRIO

UNIDADE 1 - MEDIDAS FÍSICAS E CINEMÁTICA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11


INTRODUÇÃO À UNIDADE.........................................................................................................................................12
1 MEDIDAS FÍSICAS E CINEMÁTICA...................................................................................................................12
1.1 GRANDEZAS FÍSICAS........................................................................................................................................................13
1.1.1 Comprimento..............................................................................................................................................................13
1.1.2 Massa...............................................................................................................................................................................14
1.1.3 Tempo..............................................................................................................................................................................16
1.2 TEORIA DE MEDIDAS.........................................................................................................................................................17
1.2.1 Algarismos significativos e incerteza.....................................................................................................17
1.2.2 Operações e regras de arredondamento.........................................................................................20
1.3 ERROS E DESVIOS..............................................................................................................................................................21
1.4 CINEMÁTICA...........................................................................................................................................................................25
1.4.1 Posição e Deslocamento................................................................................................................................25
1.4.2 Velocidade Média................................................................................................................................................26
1.4.3 Velocidade instantânea..................................................................................................................................28
1.4.4 Aceleração média................................................................................................................................................29
1.4.5 Aceleração instantânea .................................................................................................................................31
1.4.6 Movimento em queda livre..........................................................................................................................33
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO........................................................................................................................................ 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................37
EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................ 39
UNIDADE 2 - DINÂMICA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
INTRODUÇÃO À UNIDADE........................................................................................................................................42
2 DINÂMICA ....................................................................................................................................................................42
2.1 VETORES...................................................................................................................................................................................42
2.1.1 Vetores unitários....................................................................................................................................................44
2.1.2 Soma e subtração de vetores....................................................................................................................45
2.1.3 Decomposição de vetores............................................................................................................................46
2.2 MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIMENSÕES...............................................................................................50
2.2.1 Vetor posição..........................................................................................................................................................50
2.2.2 Velocidade................................................................................................................................................................52
2.2.3 Aceleração...............................................................................................................................................................53
2.3 FORÇA.......................................................................................................................................................................................56
2.2.1 Leis de Newton......................................................................................................................................................56
2.3 APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON..................................................................................................................61
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................ 68
EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................70

UNIDADE 3 - ENERGIA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
INTRODUÇÃO À UNIDADE........................................................................................................................................72
3 ENERGIA ...............................................................................................................................72
3.1 TIPOS DE ENERGIA............................................................................................................................................................ 72
3.1.1 Energia cinética...................................................................................................................................................... 72
3.1.2 Energia potencial gravitacional.................................................................................................................74
3.1.3 Energia potencial elástica..............................................................................................................................74
3.2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA........................................................................................................77
3.3 TRABALHO.............................................................................................................................................................................83
3.4 POTÊNCIA............................................................................................................................................................................... 87
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................................... 89
EXERCÍCIO FINAL .......................................................................................................................................................90
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................. 91

UNIDADE 4 - MOMENTO LINEAR E MOMENTO ANGULAR.. . . . 93


INTRODUÇÃO À UNIDADE....................................................................................................................................... 94
4 MOMENTO LINEAR E MOMENTO ANGULAR ........................................................................................... 95
4.1 MOMENTO LINEAR............................................................................................................................................................95
4.2 IMPULSO.................................................................................................................................................................................98
4.3 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR.........................................................................................................103
4.3.1 Colisões.....................................................................................................................................................................104
4.4 MOMENTO ANGULAR...................................................................................................................................................109
4.4.1 Torque.............................................................................................................................................................................111
4.5 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR.................................................................................................... 114
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................ 117
EXERCÍCIO FINAL........................................................................................................................................................ 117
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................119
1
unidade

MEDIDAS FÍSICAS E
CINEMÁTICA
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Bem-vindo à primeira unidade da disciplina de Física Geral e Experimental 1.
Inicialmente vamos discutir quais são as grandezas físicas utilizadas para descrever o
movimento e quais suas unidades. Você já ouviu falar em algarismos significativos? Pois
é, aqui veremos qual é sua relação com a precisão das medidas físicas realizadas. Quem
nunca ficou em dúvida sobre qual a unidade certa de uma grandeza física? Com certeza,
essa não é uma tarefa fácil, porém, vamos ver que as unidades são de extrema importância
para o entendimento das grandezas.
Além disso, discutiremos os conceitos físicos de velocidade e aceleração que estão
presentes em nossos cotidianos. Aqui, aprenderemos como relacionamos essas grandezas
físicas para descrever o movimento dos corpos. Quer saber como calcular a velocidade
de um objeto? Determinar a aceleração de um automóvel? Então vamos nessa!

Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados:


• Determinar a relação entre a quantidade de algarismos significativos e a precisão
das medidas;
• Analisar a dimensão das grandezas físicas relacionadas ao movimento;
• Entender o que é o sistema internacional de unidades e quais são as unidades
padrão de massa, comprimento e tempo;
• Determinar a velocidade média e instantânea de um objeto;
• Compreender o que é aceleração e quais as grandezas físicas são utilizadas no
cálculo;
• Distinguir e caracterizar um movimento de acordo com a velocidade e aceleração.

1 MEDIDAS FÍSICAS E CINEMÁTICA


As medidas físicas são de extrema importância na descrição e entendimento dos
fenômenos físicos. Desse modo, se faz necessário que saibamos determinar os erros e
desvios inerentes ao processo de medida bem como as grandezas físicas que são utilizadas
para descrever o movimento.

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E EXPERIMENTAL I
1.1 GRANDEZAS FÍSICAS
As grandezas expressam quantitativamente os fenômenos físicos. Vamos discutir
três grandezas físicas nesse módulo: Comprimento, Massa e Tempo. Com apenas essas
três grandezas fundamentais seremos capazes de descrever todas as grandezas que
estudaremos nesta disciplina.

1.1.1 Comprimento
O comprimento é a grandeza física que representa a distância entre dois pontos.
Utilizamos essa grandeza quando queremos medir um objeto, ou ainda, o comprimento
de uma rede de distribuição de energia elétrica, a largura de um terreno ou as dimensões
de uma peça. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de comprimento é o
metro cuja abreviação é m.

PARA REFLETIR:
Atualmente, o metro é definido com base na velocidade da luz no vácuo, que é
uma constante. Dessa forma, o metro é a distância que a luz percorre no intervalo
de tempo de 1/299.792.458 de segundo.

Embora o metro seja a unidade adotada pelo SI, várias outras unidades são utilizadas
para expressar comprimento como quilômetro, centímetro e milímetro. Dessa forma, é
muito importante que saibamos realizar a conversão entre as unidades. Por exemplo,
você sabe determinar quantos metros corresponde 375 mm? Para fazer a conversão de
unidades podemos utilizar uma tabela com os múltiplos e submúltiplos da unidade
metro, conforme representado na figura 01, perceba que para ir uma casa a direita
deve-se multiplicar por 10 enquanto que para passar para uma casa da esquerda deve-
se dividir por 10. No nosso exemplo queremos passar milímetros para metros, nesse
caso precisamos pular de casa três vezes: (1) de milímetro para centímetro para fazer a
transformação de unidade é necessário realizar a divisão por 10, assim, teremos 375 ÷ 10
= 37,5 cm; (2) de centímetro para decímetro novamente é necessário dividir por 10, logo
37,5 ÷ 10 = 3, 75 dm e (3) de decímetro para metro teremos 3,75 ÷ 10 = 0,375 m. Dessa
forma, encontramos que 375 mm equivale a 0,375 m.

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E EXPERIMENTAL I
Figura 01: Conversão de unidades de comprimento.
Fonte: Autora, 2019.

O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


O Sistema Internacional de Unidades (SI) é formado por sete grandezas físicas fundamentais
a partir das quais todas as outras grandezas físicas são expressas. No quadro a seguir são
descritas quais são essas grandezas físicas e as unidades no SI.

Unidades
Grandeza
Nome Símbolo
Comprimento Metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Temperatura Kelvin K
Quantidade de matéria Mol mol
Intensidade de corrente elétrica ampère A
Intensidade luminosa candela Cd
Quadro 1: Grandezas físicas fundamentais do SI
Fonte: Autora, 2019.

1.1.2 Massa
A massa é uma grandeza que define a quantidade de matéria. O quilograma,
representado por kg, é a unidade de massa adotada no SI. Entretanto, em nosso dia a
dia estamos familiarizados com outras unidades que descrevem essa grandeza como,
por exemplo, tonelada, gramas e miligramas. Da mesma forma que discutido no item
anterior é necessário que saibamos realizar a conversão entre as unidades. Um método

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para fazer a conversão é utilizar regra de três. Por exemplo: queremos converter 28,9 g em
kg como de vemos proceder? Para utilizar a regra de três fazemos uma tabela conforme
a representada abaixo; em uma coluna colocamos as informações de quilogramas e na
outra a de gramas. Já sabemos de nosso dia a dia que 1 kg equivalem a 1000 g, assim
representamos essa informação na primeira linha. Posteriormente, colocamos a
informação de 28,9 g que conhecemos na coluna de Gramas e “x” que é a informação que
não sabemos na coluna de Quilogramas.

Depois de montada a regra de três fazemos a multiplicação cruzada conforme


representado pelas setas vermelhas assim temos que:
1 · 28,9 = X · 1000
28,9 = 1000 X
X = 28,9/1000
X = 0,0289 kg
Assim, encontramos que 28,9 g corresponde a 0,0289 kg.

A relação entre as unidades é descrita pela utilização de prefixos que representam


múltiplos ou submúltiplos das unidades. No quadro 2 são apresentados os prefixos mais
utilizados. Observe o prefixo quilo, utilizado no nosso exemplo; o fator de 103 refere-se a
10·10·10=1000 unidades, no nosso caso 1000 unidades de gramas correspondem a 1 kg.

Sugestão: Faça a análise usando os prefixos na conversão das unidades de


comprimento que acabamos de ver no tópico anterior, observe o significado dos
prefixos nas palavras quilômetro, centímetro e milímetro.

Quadro 2: Prefixo das unidades


Fonte: Autora, 2019.

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1.1.3 Tempo
O tempo é uma grandeza física de grande importância na descrição dos fenômenos. O
padrão de tempo pode ser definido a partir de qualquer fenômeno repetitivo como, por
exemplo, uma hora, um dia, um mês, um ano. No SI, a unidade definida para descrever
essa grandeza é o segundo que possui abreviação s.

PARA REFLETIR:
Você sabe como é definido o intervalo de tempo de um segundo?
Para padronizar o tempo de um segundo, os cientistas desenvolveram os relógios
atômicos que possuem excelente estabilidade. Atualmente, um segundo é definido como tempo
correspondente a 9.192.631.770 oscilações da luz emitida por um átomo de césio 133.

Sendo o segundo a unidade fundamental de tempo necessitamos fazer as conversões


entre as outras unidades que conhecemos. Uma excelente dica é utilizar a regra de três
que acabamos de discutir no tópico anterior. Lembre-se das relações entre as unidades; 1
minuto = 60 segundos e 1 hora = 60 minutos. E qual o fator de conversão entre segundos
e hora? Lembre-se que cada hora possui 60 minutos e que cada minuto possui 60
segundos, logo 1 hora = 60 · 60 = 3600 segundos.

FÓRUM DE DISCUSSÃO
A conversão das unidades é de grande importância e será muito
utilizada durante todo o curso. Dessa forma, antes de prosseguirmos com
o conteúdo vamos praticar um pouco. Resolva os exercícios de fixação propostos abaixo.
Depois, poste suas respostas no fórum de discussão da disciplina, compare e discuta as
conversões de unidade com seus colegas e com seu tutor.

1. Faça as conversões apresentadas abaixo:


a) 2 km em m
b) 1,5 m em mm
c) 0,8 m em mm
e) 27,9 mm em cm

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2. Converta as seguintes medidas de tempo em segundos:
a) 1 h 10 min
b) 12 min
c) 4,8 min
d) 2,4 h

3. Converta as unidades de massa:


a) 2,3 kg em g
b) 34,7 g em kg
c) 99,2 kg em g
d) 2,1 ton em kg

1.2 TEORIA DE MEDIDAS


Para determinarmos o valor de uma grandeza se faz necessário a realização de
medidas. A medição é realizada utilizando instrumentos como por exemplo, para
medir um comprimento utilizamos a régua, para fazer medida de tempo utilizamos um
cronômetro e para medir massa utilizamos a balança.
Todo processo de medida assim como os instrumentos utilizados possuem limites de
precisão e erros inerentes. Vamos neste tópico discutir como determinamos as incertezas
e erros das medidas.

1.2.1 Algarismos significativos e incerteza


Algarismo significativo é o número de algarismos que compõem o valor de uma
grandeza. Por exemplo, a medida 2,19 m possui 3 algarismos significativos; já 0,032 s
possui 2 algarismos significativos e 2,480 kg possui 4 algarismos significativos. Observe
nos exemplos que não consideramos os “zeros” a esquerda dos números; no entanto,
“zeros” a direita são algarismos significativos.
A quantidade de algarismos significativos está relacionada a incerteza do instrumento.
Assim, dependendo do instrumento utilizado obtemos uma quantidade de algarismos.
Vamos entender melhor analisando o problema abaixo.
Para medir a largura de uma moeda foi utilizada uma régua com divisão em centímetros,
conforme ilustrado na figura 02. Como pode ser observado na figura, podemos afirmar

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com certeza que a moeda possui largura maior que 1 cm e menor que 2 cm, mas como
devemos representar esse valor? Observe que podemos escrever essa medida como 1,8
cm; sendo que o número é composto pelo número 1 que temos certeza e mais o número
8 que é chamado de algarismo duvidoso pois foi necessário fazer a estimativa do mesmo.
Dessa forma, com a utilização de uma régua centimetrada é possível obter uma medida
com 2 algarismos significativos.

Incerteza do instrumento: Consideramos a incerteza do instrumento como a metade


da menor divisão. Neste caso, como as divisões são de 1 cm, a incerteza é de 0,5 cm e
assim apresentamos a medida da seguinte maneira (1,8 ± 0,5) cm.

Figura 02: Medida da largura de uma moeda utilizando uma régua centimetrada.
Fonte: Autora, 2019.

Fazendo a mesma medida, dessa vez utilizando uma régua milimetrada, percebemos
que a medida será diferente. Observe que podemos obter com certeza que a moeda
possui largura entre 1,7 e 1,8 cm. Considerando a figura 03, a medida pode ser escrita
como 1,78 cm. Dessa forma, obtemos uma medida com 3 algarismos significativos. E
como escrevemos a incerteza para a régua milimetrada? Nessa régua, a menor divisão é
de 1 mm = 0,1 cm, e como devemos considerar a metade da menor divisão como incerteza
teremos 0,05 cm. Dessa forma a grandeza é escrita como (1,78 ± 0,05) cm.

Figura 03: Medida da largura de uma moeda utilizando uma régua milimetrada.
Fonte: Autora, 2019.

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
PARA REFLETIR:
Conseguiu notar a diferença nas medidas? Qual das duas réguas você
acredita fornecer maior precisão?

Se após a realização das medidas se faz necessário converter as unidades precisamos


tomar cuidado com a quantidade de algarismos significativos. Lembre-se que a
quantidade de algarismos significativos era relacionada com a incerteza da medida e não
pode ser alterado. Vamos aos exemplos para entendermos melhor!

Exemplo 1: Na primeira medida com a régua centimetrada obtemos 1,8 cm. Se


fizermos a conversão para metros teremos 0,018 m. Observe que tínhamos 2 algarismos
significativos e após a conversão mantivemos a mesma quantidade. No entanto, se agora
convertermos o número para milímetros teremos 18,0 mm. Observe que nesse caso
teremos 3 algarismos significativos, ou seja, alteramos a incerteza da medida, logo está
ERRADO! Como então podemos escrever? Isso mesmo devemos escrever apenas 18 mm,
que assim mantemos a mesma quantidade de número significativos.

Exemplo 2: Uma medida de comprimento foi realizada e obteve-se o número 3,7


m. Qual das alternativas abaixo representa a forma correta de fazer a conversão para
centímetros?
a. 3,7 cm
b. 370 cm
c. 3,7 x 102 cm
d. 0,37 cm

Se você escolheu letra (c) você acertou! Como precisamos manter a quantidade de
algarismos significativos em muitos casos precisamos fazer uso de potência de 10. Perceba
que 3,7 m = 370 cm, então a letra (b) também estaria correta, no entanto, a quantidade
de algarismos significativos de 3,7 m é 2 enquanto que de 370 cm é 3, então, como foi
alterado a quantidade de algarismos significativos essas alternativa tona-se errada.

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FÍSICA GERAL
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1.2.2 Operações e regras de arredondamento

Vamos começar discutindo como deve ser feito a análise da quantidade de algarismos
significativos em operações de adição e subtração. Observe o exemplo abaixo de adição
1,4 m + 2,78 m + 78,409 m. Inicialmente, realiza-se a operação como já estamos habituados
alinhando todos os números, vírgula embaixo de vírgula. E obtemos como resultado
82,589 m;

,
Porém, precisamos considerar a regra dos algarismos significativos.

Regra de algarismos significativos para adição e subtração: Deve-se manter a


mesma quantidade de casas decimais que o número com menos casas.

Dessa forma, observamos que o número com menor quantidade de casa decimais é o
1,4 com apenas 1. Logo, o resultado também deve ter apenas 1 casa decimal. Assim, após
fazermos o arredondamento obtemos que o resultado final dessa operação será 82,6 m.
Observe que foi necessário fazer o arredondamento que segue as seguintes regras: se
o próximo número for menor que 5 mantem o mesmo número; se o próximo número foi
maior que 5 deve-se aumentar um número.

Exemplos:
1,476 = 1,48
7,62 = 7,6

No caso de o número seguinte ser 5 devemos utilizar a regra: se o número anterior ao


5 for par, mantemos o mesmo número. No entanto, se o número anterior ao 5 for ímpar
aumentamos uma unidade. Observe que dessa forma, o número sempre terminará com
um número par. Vamos observar os exemplos para ficar mais claro essa regra.

Exemplos:
2,75 = 2,8
8,525 = 8,52
35,485 = 35,48

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Quando a operação matemática for de multiplicação ou divisão a regra de algarismos
significativos é diferente.

Regra de algarismos significativos para multiplicação e divisão: Devemos manter


a mesma quantidade de algarismo do número com menor número de algarismos
significativos.

Para entendermos essa regra analisaremos um exemplo. Devemos realizar a


multiplicação entre os números 6,49 m e 92,62m. Fazendo a multiplicação obtemos
como resultado 601,1038 m2. Observe que o número 6,49 tem 3 algarismos significativos
enquanto que o número 92,62 possui 4 algarismos. Logo, o resultado final, seguindo a
regra descrita acima, deve ter 3 algarismos significativos. Assim,
601,1038 m2 = 601 m2.

1.3 ERROS E DESVIOS

As medidas possuem erros que podem ser classificados como aleatórios ou


sistemáticos. Os erros aleatórios estão relacionados a avaliação do indivíduo que faz
a medida ou a falta de cuidado na realização da mesma; já os erros sistemáticos estão
relacionados a defeitos do instrumento, por exemplo, um relógio descalibrado.
Uma forma de minimizar os erros aleatórios é a realização de um grande número de
medidas da mesma grandeza e utilizando o mesmo instrumento. Dessa forma, pode-
se obter o cálculo da média dos “n” números de medidas realizadas. Representamos o
cálculo da média de uma grandeza da seguinte maneira:

(1.1),

ou seja, para obtermos a média de uma grandeza devemos somar todas as medidas
realizadas e dividir pela quantidade de medidas.
No entanto, a teoria de erros prevê que não é possível obter o valor exato fazendo
um número finito de medidas. Dessa forma, é possível calcular qual a diferença entre
todos os valores medidos em torno da média. Esse procedimento chama-se cálculo de
dispersão e obtemos utilizando a determinação do desvio padrão ou também chamado
de desvio quadrático médio, representando na eq. (1.2).

21
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(1.2)

Para que fique mais claro como deve ser realizada a medida do desvio padrão vamos
analisar um exemplo.

Exemplo 3: Alguns alunos de engenharia realizaram uma medida de tempo no


laboratório de Física. As medidas realizadas estão no quadro abaixo. Determine qual a
média e qual o desvio padrão da medida realizada.

Medidas Tempo
Medida 1 1,12 s
Medida 2 1,13 s
Medida 3 1,10 s
Medida 4 1,09 s
Medida 5 1,14 s
Medida 6 1,10 s
Medida 7 1,13 s
Medida 8 1,08 s
Medida 9 1,14 s
Medida 10 1,06 s

Utilizando a eq. (1.1), vamos calcular a média.

Lembrando da regra de algarismos significativos da adição, o resultado deve ter


apenas duas casas decimas logo a média é 1,11 s. Agora vamos calcular o desvio padrão,
para simplificar a análise vamos iniciar calculando as diferenças (xi-m) e inserir as
informações na coluna 3 da tabela abaixo. Na coluna 4 apresentamos os resultados dos
valores obtidos na coluna 3 elevados ao quadrado.

Medidas Tempo (xi-m) (xi-m)2


Medida 1 1,12 s (1,12-1,11)=0,01 0,0001

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Medida 2 1,13 s (1,13-1,11)=0,02 0,0004
Medida 3 1,10 s (1,10-1,11)=-0,01 0,0001
Medida 4 1,09 s (1,09-1,11)=-0,02 0,0004
Medida 5 1,14 s (1,14-1,11)=0,03 0,0009
Medida 6 1,10 s (1,10-1,11)=-0,01 0,0001
Medida 7 1,13 s (1,13-1,11)=0,02 0,0004
Medida 8 1,08 s (1,08-1,11)=-0,03 0,0009
Medida 9 1,14 s (1,14-1,11)=0,03 0,0009
Medida 10 1,06 s (1,06-1,11)=-0,05 0,0025

0,0067
Soma

Agora, somando todos os valores da coluna 4 obtivemos 0,0067 e substituindo na eq.


1.2 temos:

=0,027284

O erro deve seguir a mesma quantidade de algarismo significativos da medida, ou


seja, apresentar duas casas decimas, assim σ = 0,03 s. Para apresentarmos o resultado
da medida realizada podemos escrever (média ± erro); então teremos nesse exemplo
(1,11 ± 0,03) s.

A realização da média das medidas e do cálculo de desvio padrão consideram o erro


aleatório das medidas. Além disso, também devemos considerar o erro do instrumento.
Desse modo, o erro total pode ser determinado do seguinte modo:

(1.3)

Existem dois tipos de instrumentos: analógico e digital. Para os instrumentos


analógicos, ou seja, que possuem graduações baseadas nas quais são realizadas as medidas,
a incerteza é a metade da menor divisão, conforme já havíamos discutido anteriormente.
Porém, se o instrumento for digital é necessário consultar as especificações técnicas do
equipamento para obter essa informação.

Até esse ponto da disciplina já vimos muitas informações sobre a realização


das medidas, a importância dos algarismos significativos e também as regras de

23
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
arredondamento. Assim, antes de iniciarmos o conteúdo sobre movimento, vamos fazer
alguns exercícios para fixar os conceitos que vimos até agora.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Os alunos de engenharia civil devem determinar qual o perímetro de uma sala. Ao
realizarem as medidas de cada lado da sala obtiveram os seguintes valores: 2,80 m; 2,5 m;
1,78 m e 3,45 m. Qual é a forma correta de representar as medidas realizadas?
a. 10,6 m
b. 10,53 m
c. 10,5 m
d. 10,50 m
e. 10,4 m

2. O proprietário de um imóvel deseja trocar o piso da cozinha. Ao contratar a empresa


para realizar o serviço foi-lhe informado que para realizar o orçamento era necessário
determinar a área da cozinha. Dessa forma, o proprietário fez as medidas de comprimento:
3,42 m e de largura: 4,250 m. Qual a área da cozinha?
a. 14,535 m
b. 14,53 m
c. 14,54 m
d. 14,5 m
e. 14 m

3. Para a fabricação de uma peça, os alunos de engenharia mecânica fizeram as


medidas de um parafuso e obtiveram os seguintes resultados:
1,24 cm; 1,28 cm; 1,22 cm; 1,26 cm e 1,20 cm. Qual a média dos valores medidos?
a. 1,22 cm
b. 1,30 cm
c. 1,28 cm
d. 1,26 cm
e. 1,24 cm

Considerando a questão anterior, qual o desvio padrão que os alunos devem informar
relativo a medida realizada?
a. 0,0316 cm
b. 0,031 cm

24
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
c. 0,032 cm
d. 0,03 cm
e. 0,0 cm

SAIBA MAIS
Quer saber mais sobre a forma correta de representar as grandezas física?
Leia o artigo “Descrição padrão das grandezas físicas” dos autores Anderson P. de
Oliveira, Rodnei de P. Oliveira e Julio C. C. Junior. O texto de leitura complementar encontra-se no
portal acadêmico. Baixe o seu e ótima leitura”

1.4 CINEMÁTICA
Caro acadêmico, nesse tópico vamos tratar da cinemática que é uma área da Física
que estuda o movimento dos corpos sem se importar com as causas. Lembre-se que
no tópico 1.1 estudamos as grandezas físicas e suas unidades correspondentes, agora
vamos compreender como essas grandezas são utilizadas para descrever o movimento.
Iniciaremos trabalhando com o movimento em apenas uma direção, ou seja, movimento
retilíneo. A seguir vamos definir algumas grandezas importantes na descrição do
movimento como posição e deslocamento, velocidade e aceleração.

1.4.1 Posição e Deslocamento


Imagine que estamos caminhando em cima de uma régua posicionada ao longo do
eixo x, conforme pode ser observado na figura 04. Assim, podemos determinar a posição
em que o indivíduo se encontra em um instante, por exemplo, sobre a posição x = 3 m
ou ainda sobre a posição x = 9 m em um instante posterior. No entanto, se queremos
determinar qual o deslocamento realizado pelo indivíduo devemos considerar os pontos
inicial e final do movimento. Dessa forma, se o movimento iniciou na posição x1 = 3 m e
terminou na posição x2 = 9 m, escrevemos o deslocamento como:

Δx = x2 – x1 (1.4)

25
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
sendo o símbolo Δ uma letra grega chamada delta, o qual é utilizado para representar
a variação de alguma grandeza, neste caso, Δx representa a variação da posição. Em
nosso exemplo, o deslocamento será dado por Δx = 9 – 3 = 6 m. Observe que assim como
posição, o deslocamento também possui unidade de comprimento.

Figura 04: Posição ao longo do eixo x dada em metros.


Fonte: Autora, 2019.

PARA REFLETIR:
Qual a diferença entre deslocamento e distância percorrida? Você acredita
que são palavras sinônimas?

Devemos tomar um certo cuidado quando estamos descrevendo um movimento.


Por exemplo, considere que uma pessoa inicia o movimento da posição x = 0 m e vai
até a posição x = 8 m e em seguida até a posição final x = 5 m. Para determinarmos o
deslocamento consideramos apenas as posições inicial e final, dessa forma, Δx = 5 – 0 =
5 m. Mas qual a distância percorrida pela pessoa? Isso mesmo! A pessoa percorreu 11 m,
considerando que no primeiro trecho a distância foi de 8 m e em seguida mais 3 metros
para retornar à posição final.

1.4.2 Velocidade Média


O conceito de velocidade já faz parte do nosso cotidiano, estamos acostumados a
falar dessa grandeza ou ainda observar placas que apresentam limite de velocidade. No
entanto, você sabe como é definida a grandeza velocidade?
Nas placas citadas, a velocidade é representada pelo valor e por uma unidade de
medida, como por exemplo, 80km/h. Analisando a unidade de medida podemos observar
que a velocidade vai depender do deslocamento e do tempo que estão respectivamente
medidos em quilômetros e em horas.
Portanto definimos a velocidade média sendo:

26
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(1.5)

A unidade de velocidade no sistema SI é m/s, isso pode ser verificado através da análise
da eq. (1.5), deslocamento possui unidade de m a qual é dividida pelo tempo que possui
unidade s. No entanto, é bastante comum nos depararmos com a unidade de km/h que
também representa a grandeza velocidade. Assim, para fazer a conversão de km/h para
m/s deve-se dividir pelo fator 3,6 e de m/s para km/h devemos multiplicar pelo fator 3,6.

SAIBA MAIS:
Você pode estar se perguntando qual a razão de utilizarmos o número “mágico”
3,6 nas conversões de km/h para m/s. Ele é encontrado ao fazermos a conversão
das grandezas de comprimento (km para m) e de tempo (h para s).

Exemplo 4: Uma pessoa andando de patinete demora 12 minutos para percorrer um


trecho de 3,2 km. Qual a velocidade média desse movimento?
Dados do problema:
Δt= 12 min
Δx = 3,2 km

Inicialmente devemos observar que precisamos fazer a conversão das unidades. Uma
opção é converter 12 min para horas. Utilizando regra de três descrita anteriormente
obtemos que 12 min = 0,2 h (na dúvida dessa conversão reveja o tópico 1.1.3). Agora
substituindo na eq. (1.5) encontramos que:

O exercício também poderia ser resolvido convertendo 3,2 km = 3200 m e 12 min =


720 s, assim obteríamos vmed = 4,4 m/s.

Exemplo 5: Um indivíduo está utilizando o serviço de táxi para ir da sua residência


até o trabalho. O tempo do deslocamento foi de 20,0 min e a velocidade média do táxi

27
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
foi de 65,4 km/h. Determine qual o valor total da conta considerando que o valor pago ao
motorista de Uber é de R$ 2,15 por quilômetro rodado.
Dados do problema:
Δt= 20,0 min
vmed = 65,4 km/h
Valor por km = R$ 2,15.

Primeiro, analisamos as unidades e verificamos que precisamos fazer a conversão. O


tempo de deslocamento 20,0 min = 0,333 h. Agora, substituindo na eq. (1.5) encontramos
qual o deslocamento:

Sendo R$ 2,15; o valor do quilômetro rodado, o total da será dado por:

O valor total da conta será de R$ 46,40.

1.4.3 Velocidade instantânea

A velocidade em um certo instante é obtida diminuindo o intervalo de tempo Δt para


um valor muito próximo de zero, ou seja, para um valor limite. E como você já estudou na
disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, nesse caso, utilizamos o cálculo de derivada.
Assim,

(1.6),

A derivada da função posição em relação ao tempo fornece a informação de velocidade


instantânea. Para que esse conceito fique mais claro e também para relembrarmos o
conceito de derivada vamos analisar o exemplo 6.

Exemplo 6: Um objeto tem a posição em função do tempo dada por x (t) = 2 t2 – t + 5,


sendo que x é dado em metros e t em segundos. Determine (a) qual a posição do objeto
para o instante t = 1 s; (b) qual a velocidade do objeto para o instante t=1 s.

28
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a. Vamos iniciar determinando a posição do objeto para t = 1 s, para fazer isso devemos
simplesmente fazer a substituição na função acima.
x (1) = 2 (1)2 – 1 + 5 = 2 – 1 + 5 = 6 m

b. Agora, para determinar a velocidade devemos calcular a derivada da função posição

sendo v (t) = 4 t – 1, agora fazemos a substituição para t = 1s.


v (1) = 4 (1) – 1 = 3 m/s

1.4.4 Aceleração média


Agora vamos discutir sobre o conceito de aceleração média. A aceleração está
relacionada com a variação de velocidade, ou seja, para que ocorra um aumento ou
diminuição da velocidade é necessário a existência da aceleração. Assim, podemos definir
aceleração média conforme expresso pela eq. (1.7). A unidade de aceleração no SI é o m/s2.

(1.7)

Para compreendermos melhor como utilizamos essa equação na prática vamos


analisar o exemplo a seguir.

Exemplo 7: Uma montadora está realizando o lançamento de um carro novo no


mercado. Conforme a propaganda apresentada pela empresa, o carro é capaz de atingir
110 km/h em 2,50 s. Determine qual é a aceleração média desse carro.
Dados do problema:
v1 = 0 km/h – considerando que o carro esteja inicialmente parado.
v2 = 110 km/h
Δt= 2,50 s

Agora que já definimos todas as informações do problema podemos resolvê-lo. No


entanto, observe que primeiro necessitamos fazer a conversão de unidades, podemos
escrever que 110 km/h = 30,5 m/s (caso você sinta dificuldade nesta conversão revise o
tópico 1.4.2) e assim temos:

29
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Exemplo 8: Para estudar o movimento de um carro, um engenheiro mecânico
construiu um gráfico de velocidade em função do tempo conforme ilustrado na figura
05. (a) Determine a aceleração entre os instante 0 e 20 s. (b) Determine o deslocamento
do corpo entre os instantes 0 e 50s.

Figura 05: Gráfico de velocidade em função do tempo.


Fonte: Autora, 2019.

(a) Devemos lembrar que a aceleração pode ser determinada a partir da eq. (1.7). E
analisando o gráfico podemos obter a velocidade inicial v1=0 e final v2 = 25 m/s, e o
tempo inicial t1= 0 e final t2 = 20 s. Assim,

(b) Podemos resolver essa questão a partir de uma análise gráfica. Em todo gráfico de
velocidade por tempo, a área abaixo da curva representa a distância percorrida! Para
fazer o cálculo da área dividimos a área total em figuras geométricas conhecidas, neste
caso teremos dois triângulos e um retângulo, conforme pode ser visto na figura ao lado.

Vamos então calcular a área de cada um lembrando que a área de um triângulo é dada

por , onde b é a base e h a altura.

Figura 06: Gráfico de velocidade em função do tempo.


Fonte: Autora, 2019.

30
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Triângulo 1:
Agora calculamos o retângulo lembrando que a área do retângulo é ;
Retângulo 2:
E a área do triângulo 3,

Triângulo 3:

O deslocamento de 0 até 50 s é dado pela área total que é a soma das três áreas
. Logo, encontramos que o deslocamento é de 1050
m. Observe que poderíamos ter calculado o deslocamento até tempos intermediários
apenas determinando a área abaixo da curva até o instante desejado.
Observe na figura 05, que a velocidade aumenta até 20 s, mantem-se constante entre
20 e 40 s e novamente aumenta até 50s.

1.4.5 Aceleração instantânea


Para determinarmos a aceleração instantânea seguimos o mesmo procedimento
realizado anteriormente. A aceleração instantânea será obtida a partir da derivada da
função velocidade em relação ao tempo ou ainda a partir da derivada segunda da posição
em relação ao tempo, conforme descrito na eq. (1.8).

(1.8)

No exemplo 9 vamos determinar a função aceleração utilizando a equação descrita


acima.

Exemplo 9: Uma partícula possui função posição dada por x (t) = 3 t2 + 2 t, sendo x em
metros e t em segundo. Determine qual a aceleração dessa partícula para o instante t=0 s.
Inicialmente verificamos que precisamos determinar a aceleração da partícula e a
informação que temos é a de posição. Assim, derivando uma vez a posição iremos obter a
velocidade e derivando novamente obteremos a aceleração

, observe que não precisamos fazer a substituição do tempo


pois, a aceleração encontrada não tem dependência temporal, ou seja, a aceleração é
constante.

31
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
No exemplo 09, vimos que a aceleração era constante, esse é um caso particular de
movimento chamado de movimento uniformemente variado. Temos muitos exemplos
de movimentos com aceleração constante como o movimento que ocorre sob a ação da
aceleração da gravidade que é constante e possui valor g = 9,8 m/s2.
Para movimentos com aceleração constante podemos expressar algumas equações com
o intuito de determinar as características do movimento. Primeiro iremos demonstrar a
equação horária da velocidade. Aqui é importante que você observe que as equações são
obtidas a partir das definições que já estudamos anteriormente, vamos começar com a
eq. (1.7). Se a aceleração é constante, então a aceleração média é igual a aceleração além
disso vamos considerar que t1=0 s logo,

,
agora vamos fazer uma troca dos nomes das variáveis v2=v; v1=vo e t2=t.

e reescrevendo essa equação temos

(1.9),

sendo que v é a velocidade para um determinado tempo t, vo a velocidade inicial e a


aceleração.

Além disso, podemos escrever a equação horária da posição que será dada por:

(1.10)

onde x é a posição para um determinado tempo t, xo a posição inicial, vo a velocidade


inicial e a aceleração.
Observe que se a aceleração for igual a zero, a eq. (1.10) se reduz a seguinte equação
, que representa o movimento uniforme. As características do movimento
uniforme é que a aceleração é nula e assim a velocidade constante. Se você observar a eq.
(1.9), também pode ver que para o caso onde a=0, teremos que v=vo, ou seja, a velocidade
permanecerá com o mesmo valor durante todo o movimento.
A partir das eqs. (1.9) e (1.10), é possível obter uma equação que não tem dependência
do tempo. Para fazer a dedução pode-se isolar o tempo na eq. (1.9) e substituir na eq.
(1.10) e assim obtemos

32
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(1.11).

A eq. (1.11) é útil quando não temos informação sobre o tempo ou não precisamos
determinar o seu valor. As três equações discutidas são aplicadas apenas para
movimentos que possuem aceleração constante. Em seguida, falaremos em mais detalhes
do movimento em queda livre.

CHAT
Para compreender melhor como é possível obter a equação (1.11) a partir das
equações (1.9) e (1.10) proponho a realização de um chat. Faça a discussão com
os seus colegas através do fórum da disciplina sobre quais devem ser os passos para realizar
essa dedução e obter a equação (1.11)!

1.4.6 Movimento em queda livre


Embora tenhamos realizado toda a discussão utilizando como eixo de referência
a direção x, o movimento descrito pode ser generalizado para qualquer direção.
Trataremos agora, do movimento em queda livre, que é um movimento vertical e para
isso utilizaremos a direção y como base.
Como já discutido anteriormente, o movimento em queda livre é um movimento com
aceleração constante, dessa forma, para descrever esse movimento utilizamos as equações
descritas acima. Para melhor ilustrar esse movimento vamos resolver o exemplo 10.

Exemplo 10: Um aluno com o intuito de analisar o movimento vertical, atirou uma
caneta para cima com velocidade inicial de 54,0 km/h. Determine o que se pede:
a. Quanto tempo a caneta leva para atingir a altura máxima?
Dados do problema:
vo = 54,0 km/h = 16,0 m/s
a = g = - 9,8 m/s2
t=?

Inicialmente, precisamos determinar qual das eqs. (1.9), (1.10) ou (1.11) utilizaremos
nesse problema. Percebam que precisamos determinar o tempo, logo a eq. (1.11) não será

33
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
útil nesse caso. Além disso, a eq. (1.10) necessita de informações de posições que não
temos do problema. Logo utilizaremos a eq. (1.9). Também precisamos entender pelo
problema que na altura máxima a velocidade do movimento é nula, assim v=0. Agora
substituindo na equação temos:

b. Qual é a altura máxima atingida?


Para resolver essa questão podemos utilizar tanto a eq. (1.10) como a eq. (1.11), visto
que já sabemos quanto tempo demora para atingir a altura máxima. Optando pela eq.
(1.11) temos:

c. Quanto tempo leva para a bola atingir um ponto 7,0 m acima do ponto inicial?
Nesta questão precisamos saber informações de tempo e de posição. Assim, vamos
utilizar a eq. (1.10). Vamos considerar a posição inicial xo=0 e x=7,0 m.

Para resolvermos essa equação do segundo grau precisamos utilizar a fórmula de


Bhaskara e assim obtemos t1= 0,52 s e t2 = 2,74 s. Obtemos dois tempos, isso porque o
primeiro tempo refere-se a passagem da caneta pelo ponto na subida enquanto o segundo
tempo refere-se a passagem na descida.

FÓRMULA DE BHASKARA
É utilizada na resolução de equações de segundo grau com o objetivo de encontrar as raízes.
A fórmula é expressa como:

34
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Aprendemos muitos conceitos importantes neste módulo. Para ajudar a fixar todas
essas informações é muito importante a resolução de exercícios. Então vamos lá! Lápis,
borracha e calculadora em mãos!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

5. A posição de uma partícula que se move ao longo do eixo x é dada em metros por
x(t)= 2 + t2 + 2t3, onde t está em segundos. Calcule a velocidade para o instante t = 2 s.
a. 30 m/s
b. 36 m/s
c. 10 m/s
d. 16 m/s
e. 28 m/s

6. Da questão anterior, qual a aceleração da partícula para o tempo de 0s?


a. 1 m/s2
b. 2 m/s2
c. 6 m/s2
d. 8 m/s2
e. 10 m/s2

7. Considerando o movimento de queda livre de um objeto. Qual dos gráficos abaixo


representa a velocidade do objeto em função do tempo?

a.

b.

c.

d.

35
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
e.

8. Um corpo é arremessado para cima com velocidade de 50 m/s. Determine o tempo


necessário para atingir a altura máxima.
a. t = 4,0 s
b. t = 3,5 s
c. t = 2,6 s
d. t = 5,1 s
e. t = 2,2 s

9. Um móvel é atirado verticalmente para cima a partir do solo, com velocidade de


72,0 km/h. Determine a altura máxima atingida.
a. 20,4 m
b. 22,5 m
c. 25,6 m
d. 32,9 m
e. 33,7 m

10. Um arqueiro dispara uma flecha com velocidade horizontal de 180 km/h. Em
quanto tempo a flecha atingirá o alvo situado a 720 m?
a. t = 7,33 s
b. t = 9,24 s
c. t = 4,00 s
d. t = 16,2 s
e. t = 14,4 s

11. Um homem caminha 20 m com velocidade de 2 m/s e em seguida corre 60 m com


velocidade de 4 m/s. Qual é a velocidade média de todo o percurso?
a. v = 2,0 m/s
b. v = 3,2 m/s
c. v = 3,6 m/s
d. v = 4,0 m/s
e. v = 4,3 m/s

36
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
12. Uma esfera de massa igual a 8,0 kg é solta do alto de um prédio, cuja altura é 40 m.
Calcule a velocidade dessa esfera quando ela atinge o chão.
a. 14 m/s
b. 20 m/s
c. 28 m/s
d. 32 m/s
e. 76 m/s

SUGESTÃO DE LIVRO:
Gosta de futebol ou tem interesse em saber
aplicações do seu estudo em diferentes áreas?
Então, uma excelente dica é o livro “Física do
Futebol – mecânica” dos autores Emico Okuno e Marcos
Duarte. Com esse livro é possível descobrir a aplicação de
conceitos físicos que estudamos nesta unidade bem como
conceitos que serão discutimos nas próximas unidades
desse livro. As explicações são detalhadas em gráficos e
exercícios resolvidos. Descubra o maravilhoso mundo da
Física! Ótima leitura!

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro acadêmico (a), chegamos ao final da primeira unidade desta disciplina. Ao longo
dessa unidade vimos as grandezas físicas de massa, comprimento e tempo; também
estudamos a teoria de medidas que inclui a tomada de dados bem como a análise das
incertezas, desvios e erros. Agora você já sabe o que é um algarismo significativo e
como devemos proceder quanto ao arredondamento das medidas físicas. Outro tópico
de grande importância que discutimos nesta unidade foi as definições de posição,
deslocamento, velocidade e aceleração. Após estudar essa unidade você é capaz de
distinguir movimento uniforme e uniformemente variado, bem como aplicar as equações
na resolução de problemas físicos.
Ao longo dessa unidade discutimos muitos conceitos novos o que tornou seu estudo
muito intenso, não é mesmo? Mas tenho certeza que também bastante recompensador.

37
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Chegar ao final dessa unidade e refletir sobre tudo de novo que você aprendeu é muito
gratificante. Na próxima unidade vamos discutir o que são grandezas escalares e vetoriais
e compreender como devemos realizar a análise das forças que atuam sobre um corpo.
Antes de concluir gostaria de deixar uma mensagem que serve de motivação para
mim e espero que também seja para você: “Eu não disse que seria fácil. Apenas disse que
valeria a pena.” (Dom Bosco)
Até logo! Nos vemos na próxima unidade!

EXERCÍCIO FINAL

Antes de finalizarmos essa unidade vamos testar sua compreensão do conteúdo


abordado. Resolva com atenção as questões de compreensão.

E1 – [ANÁLISE] A teoria das medidas engloba o estudo das características das medidas
físicas e do tratamento dos dados. Com relação a essa teoria avalie as afirmativas abaixo.
I. A quantidade de algarismos significativos identifica a precisão do instrumento de
medidas.
II. Quando dois valores que identificam grandezas físicas são somados devemos
considerar para o resultado a quantidade de algarismos do número com menor
quantidade de significativos.
III. A média de medidas deve ser realizada somando todos os valores e dividindo pelo
número de medidas.
IV. Na multiplicação mantemos o maior número de algarismos significativos possíveis.

Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas corretas.


a. I, II e III
b. I, II e IV
c. II, III
d. III, IV
e. I, III

E2 – [COMPREENSÃO] A aceleração instantânea de um corpo é uma informação


de grande importância na determinação das características do movimento. Acerca da
aceleração instantânea avalie qual alternativa não apresenta informação correta.
a. A aceleração instantânea é obtida a partir da derivada da função velocidade em
relação ao tempo.

38
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
b. Se a velocidade é constante, a aceleração instantânea é nula.
c. A aceleração é obtida a partir da derivada segunda da função posição em relação
ao tempo.
d. Se a aceleração é constante o objeto encontra-se em repouso.
e. Um objeto em queda livre possui aceleração constante.

E3 – [SÍNTESE] A cinemática é o ramo da Física que estuda o movimento dos corpos


sem se preocupar com as causas. As grandezas que possuem relevância nessa descrição
são o deslocamento, a velocidade e a aceleração. Qual das afirmativas abaixo define a
grandeza velocidade?
a. Variação de posição em função da aceleração
b. Variação da aceleração em função do tempo
c. Variação de posição em função do tempo
d. Variação de velocidade em função da posição
e. Variação da aceleração em função da posição.

REFERÊNCIAS

HALLIDAY, David; WALKER, Jearl; RESNICK, Robert. Fundamentos de Física. Vol. 1 –


Mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

LUIZ, Adir Moysés. Física 1 - Mecânica: Teoria e problemas resolvidos. São Paulo:
Livraria da Física, 2006.

NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica 1: Mecânica. 5ª ed.: São Paulo:


Blucher, 2013.

OKUNO, Emico; DUARTE, Marcos. Física do Futebol – mecânica. São Paulo: Ed. Oficina
de Textos, 2011.

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR, John W. Princípios de Física. Vol. 1 – Mecânica
Clássica. São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2009.

TREFIL, James; HAZEN, Robert M.; Física Viva. Vol. 1 – Uma Introdução à Física
Conceitual. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

YOUNG, Hugh D. Física: Mecânica. Edição: 12. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2008.

39
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
40
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
2
unidade

DINÂMICA

41
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
INTRODUÇÃO À UNIDADE

Olá caro aluno(a)!


Vamos começar a segunda unidade da disciplina de Física Geral e Experimental II.
Espero que você esteja gostando da disciplina e sinta-se bastante motivado a continuar
seus estudos pois, nessa unidade discutiremos um conceito muito importante que é o
conceito de Força. Vamos começar nosso estudo discutindo o que são grandezas vetoriais
e as características dos vetores. Posteriormente, estudaremos as Leis de Newton e suas
aplicações na resolução de problemas. Respire fundo e vamos continuar!
Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados:
- Entender o conceito de grandeza vetorial.
- Representar vetores bidimensionais e tridimensionais.
- Avaliar a dinâmica dos corpos.
- Utilizar os conceitos de física na resolução de problemas que envolvam forças.

2 DINÂMICA

Você sabe o que é Dinâmica? Para responder a esta pergunta devemos considerar que
na unidade 1 estudamos o movimento dos corpos sem nos importarmos com as causas do
mesmo, área essa chamada cinemática. No entanto, agora, na unidade 2 vamos discutir
as causas (ações) que modificam o movimento dos corpos, e essa área de estudo da
Física chama-se dinâmica. Assim, estudaremos a relação entre as forças e o movimento
dos corpos.
A força é uma grandeza vetorial, desse modo iniciaremos nossos estudos diferenciando
as grandezas escalares das grandezas vetoriais e nos aprofundaremos nas características
dos vetores.

2.1 VETORES
Você já ouviu falar em grandezas vetoriais? O que isso significa? As respostas para
essas duas perguntas podem ser respondidas avaliando que as grandezas físicas podem
ser classificadas de duas maneiras:
• Grandezas escalares: consiste apenas em um valor numérico (módulo) associado

42
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a uma unidade. Exemplo: temperatura, energia, tempo, massa.
• Grandezas vetoriais: são grandezas físicas que além do valor numérico possuem
uma orientação e um sentido, dessa forma são representadas por vetores. Exemplo:
força, velocidade, aceleração.

Mas então temos um novo questionamento que precisamos responder.

O que são vetores?

Vetores são segmentos de retas orientadas que são completamente definidas pelo
seu módulo, direção e sentido! Para fazermos a representação de um vetor utilizamos
uma seta.

Um pouco confuso? Vamos entender cada uma dessas características. Primeiro,


módulo significa o valor numérico da grandeza, por exemplo, sendo que a velocidade
é dada por v = 2 m/s, o módulo é 2. Se tivermos aceleração de a = -9,8 m/s2, o módulo
dessa grandeza é 9,8. Repare que toda grandeza física possui módulo, assim as grandezas
escalares são representadas apenas por seus módulos. O tamanho da seta determina o
módulo do vetor, observe na figura 01 (a), o vetor possui módulo menor que o vetor.
Direção é dada pela reta imaginária a qual o vetor pertence, repare na figura 01 (b), os
dois vetores tem direções diferentes; ainda podemos dizer que os vetores da figura 01 (a)
estão na direção horizontal enquanto os vetores da figura 01 (c) estão na direção vertical.
Cada direção pode possuir dois sentidos que são dados pela ponta da seta, conforme
representado pelo vetor , na figura 01 (c).

Figura 01: (a) Vetores com módulos diferentes; (b) Vetores com direções distintas e (c) vetores com
sentidos diferentes. Fonte: Autora, 2019.

Como você já deve ter percebido representamos uma grandeza vetorial utilizando uma
pequena flecha sobre a letra que representa a grandeza da seguinte forma, ; outra forma
de fazer a representação de vetores, bastante utilizada em livros, é colocar a grandeza

43
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
em negrito, como por exemplo a. Assim, fique bastante atento a essas duas formas de
representação das grandezas vetoriais.
Agora que já sabemos o que são vetores, vamos estudar um tipo especifico que são os
vetores unitários.

2.1.1 Vetores unitários


Vetores unitários são vetores cujo módulo é 1. Utilizamos esses vetores para indicar
a orientação. Para ficar mais claro a necessidade dos vetores unitários, analise os vetores
representados na figura 02. Analisando o vetor , observe que ele aponta na direção
vertical, ou seja, ao longo da direção y enquanto que o vetor possui direção ao longo do
eixo x. Já o vetor , por estar inclinado, possui componentes que apontam na direção x e
também na direção y.

Figura 02: Vetores com diferentes direções.


Fonte: Autora, 2019.

Assim, vemos a necessidade de indicar a orientação dos vetores. Para fazer isso
utilizamos a seguinte descrição: os eixos x, y e z do plano cartesiano são representados
respectivamente pelos vetores unitários , e . Perceba que neste caso não usamos a
flecha sobre o vetor, mas sim o símbolo ^ para diferenciar os vetores unitários dos demais.
Vamos analisar dois exemplos para compreendermos como os vetores unitários são
utilizados. Na figura 03, o vetor A possui duas unidades na direção x e 3 unidades na
direção y. Dessa forma representamos o vetor da seguinte maneira: . Já o
vetor B é representado por , pois possui 1 unidade na direção x e 2 unidades na

44
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
direção negativa do eixo y.

Figura 03: Vetores A e B com componentes ao longo das direções x e y.


Fonte: Autora, 2019.

2.1.2 Soma e subtração de vetores


Podemos fazer a soma ou subtração de vetores, no entanto, devemos seguir a seguinte
regra: a soma ou subtração deve ser realizada para cada direção separada, ou seja, em caso
de adição você deve somar a componente na direção x de um vetor com a componente
na direção x do outro vetor, da mesma forma com as outras direções. Para entendermos
como deve ser realizada as operações de soma e subtração de vetores vamos analisar o
exemplo 01.

Exemplo 01: Sendo os vetores A e B.

Calcule a soma de A+B.


A soma entre os dois vetores é dada por:

Subtração A — B

Subtração B — A

45
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
2.1.3 Decomposição de vetores

Como vimos anteriormente, alguns vetores podem possuir componentes em duas ou


três direções (se estiver com dificuldade de lembrar retome a discussão sobre a figura
03). Assim, é necessário que saibamos determinar qual o valor de cada componente, esse
procedimento chama-se decomposição de vetores. Vamos analisar o vetor C representado
na Figura 04. O vetor C está inclinado por um ângulo θ em relação ao eixo x. Perceba que
se analisarmos as componentes Cx e Cy desse vetor temos um triângulo retângulo, e dessa
forma, podemos utilizar as relações trigonométricas para fazer a decomposição do vetor.
Nesse exemplo, o módulo (tamanho) do vetor é a hipotenusa do triângulo enquanto que
a componente Cx é o cateto adjacente e Cy o cateto oposto.

Figura 04: Decomposição de vetores


Fonte: Autora, 2019.

Assim, para escrevermos a componente Cx utilizamos a seguinte relação com o cosseno


do ângulo:

E para escrever a componente na direção Cy utilizamos a relação trigonométrica de


seno do ângulo.

46
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Assim vemos que o módulo de um vetor sempre é dado pela hipotenusa do triângulo
formado por suas componentes. Logo, se soubermos as componentes de um vetor
podemos determinar o valor do módulo aplicando um teorema já conhecido por você,
que é o Teorema de Pitágoras. Você lembra desse teorema lá das aulas de matemática do
ensino básico? Se não lembra não tem problema, vamos relembrar!
O Teorema de Pitágoras determina a relação entre os lados de um triângulo retângulo
da seguinte forma: o quadrado da hipotenusa deve ser igual à soma dos catetos ao
quadrado. Considerando o triângulo ilustrado na Figura 05 podemos escrever que:
h2 = a2 + b2

Figura 05: Triângulo retângulo.


Fonte: Autora, 2019.

Vamos analisar os exemplos 02 e 03 abaixo para compreender melhor como é feita a


decomposição de um vetor.

47
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Exemplo 02: O vetor força F representado na imagem ao
lado possui módulo F = 15,0 N e está inclinado por um ângulo
de 40º em relação ao eixo x. Determine quais as componentes
horizontais e verticais desse vetor.
Precisamos determinar quanto vale as componentes Fx e Fy
desse vetor. Vamos iniciar com a componente Fx que é o cateto
adjacente do triângulo formado, observe que temos informação
da hipotenusa (H), e precisamos do valor do cateto adjacente
(A), assim precisamos utilizar a relação de cosseno (CAH)
Figura 06: Decomposição do
vetor força.
Fonte: Autora, 2019.
E agora vamos determinar a componente vertical, Fy.
Novamente temos informação da hipotenusa (H) e agora precisamos do valor do cateto
oposto (O), assim utilizamos seno (SOH).

Já conhecemos as duas componentes do vetor força, podemos escrever que

Exemplo 03: Ao estudar a velocidade de uma pessoa, um aluno concluiu que a


mesma poderia ser descrita vetorialmente da seguinte forma: . Faça
a representação do vetor velocidade e calcule qual o módulo da velocidade que a pessoa
está caminhando.

O problema nos informou qual o vetor


velocidade, sendo assim fazemos a representação
do vetor. Agora, precisamos determinar qual o
módulo. Sendo o módulo da velocidade a
hipotenusa do triângulo formado teremos que:

Figura 07: Vetor velocidade. A velocidade da pessoa é descrita pelo módulo


Fonte: Autora, 2019. da velocidade que é 2,9 m/s, na direção e sentido
representado no desenho.

48
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Agora é sua vez de praticar resolvendo os exercícios de fixação!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Sendo os vetores A = 2i − 2 j + 3k e B = i + j + k . Determine a soma

a.
b.
c.
d.
e.

2. Sendo os vetores A = 2i − 2 j + 3k e B = i + j + k . Determine

a.
b.
c.
d.
e.

3. Sendo o vetor deslocamento D escrito como . Determine qual


o módulo.

a. 4,1 m
b. 4,6 m
c. 4,9 m
d. 5,3 m
e. 6,1 m

4. O vetor força possui módulo igual a 23 N e está inclinado 25º em relação ao eixo y.
Determine qual o valor da componente na direção horizontal.

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a. 21,6 N
b. 16,9 N
c. 12,4 N
d. 11,2 N
e. 9,7 N

2.2 MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIMENSÕES

Na unidade 1 estudamos o movimento retilíneo, ou seja, movimento em apenas uma


dimensão. Neste tópico, vamos generalizar nosso estudo para o movimento em duas e
três dimensões. Para descrever o movimento utilizaremos a representação dos vetores
unitários que indicam as direções das grandezas. Vamos começar nossa análise pelo
vetor deslocamento, posteriormente estudaremos o vetor velocidade e a aceleração.

CHAT:
Vamos iniciar o estudo do movimento em duas e três dimensões. Mas você
já parou para pensar quais situações temos esse tipo de movimento? Pense em
exemplos desse movimento e discuta com seus colegas nos fóruns de atividade.

2.2.1 Vetor posição

Para localizar um objeto no espaço utilizamos o vetor posição , que pode ser
representado da seguinte forma:

(2.1)

Sendo x, y e z as componentes que fornecem a localização. Vale ressaltar que se o


movimento for apenas em duas dimensões uma das componentes é zero.
O deslocamento é a variação de posição, assim podemos determinar o deslocamento
do objeto através da diferença entre os dois vetores posição, a posição inicial e

50
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a posição final.
(2.2)

(2.3)

Vamos analisar com atenção o exemplo 04 abaixo para compreendermos melhor


como é calculado o vetor deslocamento.

Exemplo 04: Inicialmente, um carro encontra-se em uma posição dada por


. Algum tempo depois, o carro encontra-se na posição
. Qual foi o deslocamento do carro?

Perceba que na representação dos vetores posição, a letra m indica a unidade metro.
Vamos iniciar calculando qual o vetor deslocamento

Agora que já temos o vetor deslocamento, vamos calcular o módulo do vetor para
saber qual a distância total percorrida.

A posição de um corpo pode ter dependência temporal da seguinte maneira:

(2.4)

Isso significa que a posição varia em função do tempo. Através do exemplo 05 vamos
discutir como é calculado o vetor posição para um instante específico.

Exemplo 05: O movimento de um veleiro está sendo monitorado remotamente. A


posição do veleiro é representada por , onde
t é dado em segundos e a posição em metros. Calcule qual o vetor posição do veleiro 3
min depois do início do movimento.

Para determinarmos a posição precisamos substituir o tempo indicado no vetor


posição, sendo t = 3min = 180 s.

51
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Dessa forma, é possível determinar a posição exata do veleiro para o tempo solicitado.

2.2.2 Velocidade
Vimos no tópico anterior como determinar o deslocamento de um corpo em três
dimensões. Agora vamos calcular a velocidade média desse corpo. Conforme discutido
na unidade 1, para determinar a velocidade média utilizamos a relação entre o
deslocamento e o tempo,

(2.5).

No entanto, quando falamos da velocidade de um objeto estamos nos referindo


a velocidade em um certo instante especifico chamada de velocidade instantânea
obtida através do cálculo da derivada do vetor posição (se não estiver lembrando dessa
informação retorne à unidade 1 no tópico 1.4.3).

(2.6)

Assim, podemos escrever (2.6) como

(2.7)

(2.8)
Ou seja,

(2.9)

A relação descrita em (2.9) apresenta como deve ser representado o vetor velocidade
para o movimento tridimensional. Vamos analisar a aplicação dessa relação na solução
do problema proposto no Exemplo 06.

Exemplo 06: Considerando o movimento descrito no exemplo 05, determine qual a

52
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
velocidade do veleiro 5 minutos após iniciar o movimento.

Do exemplo 5 sabemos que o vetor posição do veleiro é dado por

Agora, vamos calcular a velocidade instantânea. Precisamos calcular a cada


componente do vetor, sendo

Assim, o vetor velocidade é escrito como

E para sabermos a velocidade 3 minutos após o movimento substituímos o t = 5 min


= 300 s.

Logo, temos o vetor velocidade para 5 minutos após o início do movimento.

2.2.3 Aceleração

Assim como descrito para a velocidade, podemos determinar a aceleração de um


corpo. A aceleração média é dada pela variação de velocidade no tempo para cada uma
das componentes, dessa forma, escrevemos o vetor aceleração média como

(2.10)

E o vetor aceleração instantânea é descrito pela derivada do vetor velocidade em


relação ao tempo,

(2.11)

53
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
E utilizando (2.9) podemos escrever que:

(2.12)

(2.13)
E finalmente que,

(2.14)

Exemplo 07: Considerando ainda a resolução dos exemplos 05 e 06, determine qual a
aceleração do veleiro 5 min após o início do movimento.

Conforme obtido no exemplo 06, o vetor velocidade em função do tempo é dado por

como precisamos calcular a aceleração temos que calcular a derivada novamente de


cada uma das componentes

E então, escrevemos o vetor aceleração

Observe que o vetor aceleração não possui dependência do tempo, ou seja, a aceleração
é constante.

Vimos nesse tópico como descrevemos o movimento em três dimensões. No próximo


tópico vamos concentrar nossa atenção no estudo das causas do movimento, ou seja,
na ação que está relacionada com o movimento. Antes de seguirmos com o conteúdo, é
importante que você coloque em prática o que aprendeu até agora; resolva os exercícios
de fixação!

54
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
5. A posição de uma partícula que se move ao longo do eixo x é dada em metros por
x(t)= 2 + t2 + 2 t3, onde t está em segundos. Calcule a velocidade para o instante t = 2 s.

a. 30 m/s
b. 36 m/s
c. 10 m/s
d. 16 m/s
e. 28 m/s

6. Da questão anterior, qual a aceleração da partícula para o tempo de 0s?

a. 1 m/s2
b. 2 m/s2
c. 6 m/s2
d. 8 m/s2
e. 10 m/s2

7. Um objeto possui posição em função do tempo dado por:


x(t) = t2 – 3 t +1
y(t) = -3 t2 + 2 t +3
z(t) = 3 t3 + t +2

Considerando o início do movimento, t=0, qual o vetor velocidade que descreve o


movimento?
a. v = i + 3 j + 2 k
b. v = - 3 i + 2 j + k
c. v = i - 3 j + 3 k
d. v = 3 i + 3 j + 2 k
e. v = 2 i - 3 j + 3 k

8. Ainda com relação a questão anterior, qual o vetor aceleração que descreve o
movimento para t=0?

a. a =2 i - 6 j + 9 k
b. a = 3 i - 3 j + 9 k

55
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
c. a = 2 i - 6 j
d. a = 2 i - 6 j + 18 k
e. a = 3 i - 2 j + 3 k

2.3 FORÇA
Força é uma ação capaz de causar alterações no movimento de um corpo. Por
exemplo, se uma força for realizada sobre um corpo em repouso este pode entrar em
movimento. Ou ainda, podemos pensar que um corpo em movimento pode ser parado
quando da realização de uma força.
Vamos começar esse tópico discutindo as leis de Newton que regem a análise do
movimento; posteriormente, vamos estudar as características de algumas forças e
finalizaremos a unidade discutindo a aplicação das leis de Newton através da resolução
de problemas. Respire fundo e FORÇA total!

2.2.1 Leis de Newton


Isaac Newton formulou três princípios conhecidos como as leis de Newton. Vamos
discutir em detalhes cada um deles.
A primeira lei de Newton, conhecida como Lei da Inércia, define que se a somatória
de todas as forças que atuam sobre um corpo for igual a zero, esse corpo tende a
permanecer em movimento uniforme caso ele esteja em movimento ou em repouso se
ele estiver parado. Deste modo, não existe variação da velocidade.

(2.15)

Vale destacar que a força é uma grandeza vetorial, dessa forma, a soma das forças
deve ser realizada seguindo os critérios de soma de vetores (conforme já discutimos no
tópico 2.1.2). A soma de todas as forças que atuam em um corpo é chamada de força
resultante .
Já sabemos que se uma força for exercida sobre um corpo existirá alteração de
movimento, ou seja, irá ocorrer uma variação de velocidade. Assim, a segunda lei
determina a relação entre a força e a aceleração do corpo que possui massa. A equação
abaixo proposta por Newton é de grande importância e descreve a relação entre as forças
que atuam em um corpo e a aceleração adquirida pelo corpo devido às forças atuantes.

56
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(2.16)

Observe que a aceleração também é uma grande vetorial e sua direção e sentido são
iguais a da força resultante.

PARA REFLETIR:
A unidade de força é denominada Newton, com abreviação N e é uma
homenagem ao cientista que descreveu o movimento clássico dos corpos. Mas
o que significa a unidade N? Podemos fazer a análise dimensional de (2.16) para descobrirmos
qual o significado dessa unidade, perceba que massa tem unidade de kg e aceleração de m/s2,
assim a unidade de força representa:

(2.17)

A terceira lei é conhecida como Lei da Ação e reação. Essa lei aborda a interação
entre corpos, descrevendo que para uma ação (força) exercida por um corpo existirá uma
reação. As forças de ação e reação possuem mesmo módulo, mesma direção, porém
sentido contrário. Observe o exemplo ilustrado na Figura 08, uma pessoa faz uma força
(ação) através do dedo em uma parede, por sua vez, a parede faz uma força (reação) sobre
o dedo; ambas possuem mesmo módulo e direção, porém atuam em sentidos opostos.

Figura 08: Terceira lei de Newton – Ação e reação


Fonte: Autora, 2019.

57
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
SUGESTÃO DE LIVRO:
Quer saber mais sobre a vida pessoal e profissional
de Isaac Newton? O livro “A vida de Isaac Newton” do
autor Richard S. Westfall descreve vários trabalhos desse cientista que
teve grande contribuição para a Física assim como para outras áreas do
conhecimento. Ótima leitura!

Agora que já discutimos as três de Newton, vamos avaliar algumas características de


forças de grande relevância em nosso cotidiano que são a força peso, força normal, a
força de atrito e força elástica. Fique atento à descrição de cada força!

FORÇA PESO
A força peso é a força devido a interação da força gravitacional da terra com um corpo de
massa m, ela aponta na direção e no sentido do centro da terra, e seu módulo é dado por:
(2.18)

Nas proximidades da superfície da terra o módulo da aceleração gravitacional g vale


9,81m/s² e podemos considerar sua direção vertical e o sentido apontando para baixo,
desse modo a força peso também apresentará a mesma direção e sentido.

FORÇA NORMAL
A força normal existe quando um corpo está em contato com uma superfície. Por
exemplo, um quadro em uma parede ou um objeto sobre uma mesa. A força normal é uma
força de reação à força que o objeto executa sobre a superfície. Sua principal característica
é que a força normal é sempre perpendicular à superfície, ou seja, forma um ângulo
de 90º com a superfície de contato. Vale destacar que a força normal não possui uma
equação fixa para o cálculo, assim sua determinação vai depender das características
de cada problema. Na Figura 09, é ilustrado a força peso P e a força normal N para um
exemplo de um objeto sobre uma mesa. Observe que nesse caso, para o objeto estático
sobre a mesa e inexistência de outras forças podemos observar que o módulo da força

58
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
normal é igual a força peso N = P, N = m·g.

Figura 09: Representação da força normal e da força peso de um corpo posicionado sobre uma mesa.
Fonte: Autora, 2019.

FORÇA DE ATRITO
A força de atrito pode ser definida como a força de contato que causa resistência
ao movimento. A origem da força de atrito deve-se à interação entre os átomos da
superfície e do corpo que estão em contato. A força de atrito é sempre paralela à
superfície de contato e por ser uma força de resistência atua sempre no sentido
oposto ao movimento.
Dessa forma, para calcular a força de atrito, , utilizamos o coeficiente de atrito
µ que é uma característica da interação entre os corpos e a força normal N, conforme
estabelecido na equação (2.19).
(2.19)

O coeficiente de atrito é um número adimensional, ou seja, não possui unidade. O


valor do coeficiente µ varia de 0 a 1.
Podemos classificar o atrito em atrito estático e atrito cinético. No primeiro, o corpo
encontra-se parado devido a existência da força de atrito que impede o movimento, nesse
caso utilizamos o coeficiente de atrito estático µe na eq. (2.19). O atrito cinético é a força
de resistência ao movimento do corpo e assim, para determinar o módulo dessa força
utilizamos o coeficiente de atrito cinético µc (também chamado de dinâmico).

PARA REFLETIR:
Porque são utilizados coeficiente de atrito diferentes quando o corpo está
parado e quando está em movimento?

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
A diferença entre os coeficientes de atrito estático e cinético deve-se ao fato de que
para iniciar um movimento é necessário executar uma força maior do que para manter o
movimento. O coeficiente de atrito estático é maior que o coeficiente de atrito cinético µe > µc.

SAIBA MAIS
Quer entender melhor sobre a força de atrito? Leia o artigo “A força de atrito
estático não é conservativa” dos autores Dêivid Rodrigo da Silva e Paulo Peixoto
publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física, volume 40 no ano de 2018.

FORÇA ELÁSTICA
Corpos com capacidade de deformação como, por exemplo, molas e elásticos quando
sujeitos a uma força de ação apresentam reação denominada força elástica. A força
elástica possui dependência da deformação sofrida pelo corpo, que denominamos de “x”
e da característica da mola descrita pela constante da mola “k”. A equação que descreve
a força elástica é também conhecida como lei de Hooke.

(2.20)

FÓRUM DE DISCUSSÃO:
Qual o significado da constante elástica k e do sinal negativo da equação
2.20? Formule sua hipótese e discuta com seus colegas e com o tutor através do
fórum de discussão.

FÍSICA NA PRÁTICA – ATIVIDADE EXPERIMENTAL


Vamos discutir Física na prática através da realização de um experimento de
determinação da constante elástica da mola. O roteiro experimental encontra-se
no portal de aprendizagem; antes da aula faça a leitura do mesmo. Nos vemos no laboratório!

60
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
2.3 APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON

No tópico anterior discutimos quais são as leis de Newton, agora vamos aplicar essas
leis na resolução de problemas. Abaixo você encontrará alguns exemplos de exercícios
resolvidos, é importante para seu entendimento que você observe o método de resolução
apresentado e identifique o passo a passo: 1. Leitura atenta das informações fornecidas
pelo problema; 2. Representação do diagrama de corpo livre, que é fazer o desenho de
todas as forças que atuam no corpo; 3. Resolução do problema – somatório de forças.
Depois, tente resolver os exercícios sem olhar a resolução; essa metodologia é importante
para você fixar as etapas da resolução.

Exemplo 08: Um guindaste está sendo


utilizado para auxiliar na movimentação de
um grande transformador com massa de
750 kg. A ideia dos operadores é suspender
o transformador parcialmente (parte do
transformador se encontra em contato com
o solo) e depois realizar o movimento
horizontal até a posição desejada. Sabendo
que uma força vertical de 800 N está sendo
realizada pelos cabos do guindaste qual será
a força mínima necessária para movimentar Figura 10: Guindaste elevando um transformador.
o transformador horizontalmente? O Fonte: Autora, 2019.
coeficiente de atrito estático é 0,55.

Após a leitura do problema vamos iniciar com a representação do diagrama de


corpo livre que ilustra todas as forças que atuam sobre o transformador. Inicialmente
analisamos que o corpo possui força peso P, além disso, por estar em contato com o solo
possui força normal N. A força exercida pelos cabos do guindaste chamamos de força de
tração T, e Fat é a força de atrito que impede o movimento na direção horizontal.

61
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Figura 11: Diagrama de corpo livre das forças atuando no transformador.
Fonte: Autora, 2019.

Observe que temos forças atuando nas direções x e y. Como o transformador necessita
ser movimentado na direção x e a Fat é a única força nessa direção é necessário que a força
horizontal exercida sobre o transformador seja maior ou igual a força de atrito, ou seja,
precisamos determinar a força de atrito para resolver o problema. De (2.19) sabemos que
; assim precisamos inicialmente determinar o valor da força normal N. A força
peso é descrita por (2.18), P = m·g = 750·9,8= 7350 N.
Vamos aplicar (2.16) na direção y.

Como não teremos movimento na direção vertical, a aceleração ay=0.

Agora que encontramos a força normal, podemos calcular a força de atrito:

Assim, a força horizontal necessária para inicial o movimento deve ser F ≥ 3602 N.

Exemplo 09: Uma caixa com massa de 12,0 kg


está sobre uma rampa que possui inclinação de 30º.
Determine qual é a aceleração da caixa ao descer sobre
a rampa. O coeficiente de atrito cinético é 0,4.
Figura 12: Caixa sobre um plano
inclinado.

62
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Para resolvermos esse problema
vamos inicialmente representar o
diagrama de corpo livre. Para isso
fazemos a representação de todas as
forças que atuam sobre a massa: força
peso P, força normal N e força de atrito
Fat. Observe que as forças normal e de
atrito estão inclinadas em relação aos
Figura 13: Diagrama de corpo livre das forças atuando eixos x e y, assim para simplificar a
sobre a caixa. resolução inclinamos os eixos de modo
Fonte: Autora, 2019.
que o eixo x esteja na direção do
movimento. Agora, é necessário
decompor o vetor força peso. Podemos escrever que:

Para sabermos a aceleração é necessário somar todas as forças que atuam no corpo,
pois . O corpo está sob a ação de forças nas direções x e y, assim temos que
fazer o cálculo de cada direção separado. Vamos iniciar com a direção vertical:
Direção y:

Na direção y não existe variação de velocidade logo, a aceleração é nula

Direção x:

Sendo que a força de atrito é descrita pela eq. (2.19) podemos escrever que

Isolando a aceleração temos

Assim encontramos que a aceleração de descida da caixa será de 0,15 m/s2.

63
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Figura 14: Alpinista preso à sua mochila.
Fonte: Autora, 2019.

Exemplo 10: Um alpinista estava escalando uma montanha quando caiu próximo de
um desfiladeiro, sua mochila com massa de 26 kg ficou presa pela corda conforme mostra
a imagem. Sabendo que a massa do alpinista é de 78 kg e que o coeficiente de atrito com
o solo de areia é de 0,7; determine qual a aceleração de queda da mochila.

Vamos iniciar representando o diagrama de corpo livre do alpinista e da mochila. O


alpinista possui força peso P, força normal N, força de atrito Fat e tração T. Já a mochila
possui força peso P e a força de tração T.

Figura 15: Diagrama de corpo livre das forças agindo sobre o alpinista e sobre a mochila.
Fonte: Autora, 2019.

Nesse problema, a mochila será responsável pela aceleração do sistema. E observe que
a informação que conecta ambos corpos é a força de tração T. Assim, vamos iniciar a
resolução encontrando o valor da força de tração que deve ser igual a força peso, logo

64
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(a)

Repare que a força de tração descrita em (a) será responsável pelo movimento do
sistema para a direita. Agora vamos aplicar essa informação na análise do sistema como
um todo. Duas forças verticais atuam sobre o alpinista, então vamos fazer a análise na
direção y. De (2.16) temos que

onde ma é a massa do alpinista. Como não existe movimento do alpinista na direção


vertical, ay=0.

(b)

Agora analisamos o movimento do sistema na direção x. Perceba que todo o sistema


será acelerado nessa direção, então a massa do sistema será (ma+ mm).

Como , substituindo na expressão

Substituindo a expressão (b)

(c)

E agora substituindo a expressão (a) em (c).

Isolando a aceleração temos que

Encontramos que a aceleração do sistema será de -2,7 m/s2, ou seja, a mochila


juntamente com o alpinista está descendo. Para se salvar o alpinista deve cortar a corda o

65
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
mais breve possível senão cairá no desfiladeiro.

SUGESTÃO DE LIVRO:
Quer saber mais sobre a biografia
e os trabalhos de Isaac Newton? Leia o
capítulo 1 do livro intitulado “Gigantes da Física – Uma
história moderna através de oito biografias” do autor
Richard Brennan. Além desse grande cientista, o livro
destaca a biografia de outros importantes cientistas
como Albert Einstein, Planck, Bohr, Rutherford,
Heisenberg entre outros.

Agora é sua vez de solucionar os exercícios utilizando os conceitos que discutimos


nessa unidade!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
9. Dois blocos estão ligados por um fio que passa por uma polia. A massa do bloco A é
15 kg e o coeficiente de atrito cinético entre A e a rampa é 0,30. O ângulo θ da rampa é 40º.
Qual deve ser a massa do bloco B para que o bloco A deslize para baixo ao longo da rampa
com velocidade constante?

Figura 15: Massas A e B conectadas por um cabo.


Fonte: Autora, 2019.

66
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a. 22 kg
b. 11 kg
c. 9,8 kg
d. 3,5 kg
e. 6,2 kg

10. O coeficiente de atrito estático entre um cubo e a parede vertical, mostrados na


figura, é 0,30. O bloco pesa 80 N. Qual o menor valor da força F para que o bloco permaneça
em repouso?

a. 684,5 N
b. 445,1 N
c. 342,3 N
d. 266,6 N Figura 16: Cubo em repouso sobre uma parede.
e. 123,8 N Fonte: Autora, 2019.

11. Uma moto com massa de 200 kg partindo do repouso, atinge 40 m/s em 20 s.
Supõem-se que o movimento seja uniformemente variado. Calcule a intensidade da força
resultante exercida sobre a moto.

a. 400 N
b. 322 N
c. 300 N
d. 280 N
e. 200 N

12. Com o intuito de puxar um caixote um rapaz amarrou uma corda através da qual
realiza a força. O caixote é cúbico com dimensões laterais de 1 m e possui massa de 12,5
kg. Inicialmente o caixote está parado assim, o coeficiente de atrito estático é de 0,6 e o
cinético é de 0,5. Segurando na corda, o rapaz faz uma força equivalente a 79 N. Sabendo
que o ponto onde amarrou a corda é o centro do caixote e que o rapaz está situado a uma
distância de 80 cm do caixote qual é a aceleração horizontal do caixote?

67
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a. 1,9 m/s²
b. 2,4 m/s²
c. 1,0 m/s²
d. 9,8 m/s²
e. 12 m/s²
Figura 17: Rapaz puxando um caixote com o auxílio de uma corda.
Fonte: Autora, 2019.

Antes de finalizarmos essa unidade vamos testar sua compreensão do conteúdo


abordado. Resolva com atenção as questões de compreensão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro aluno, chegamos ao final da unidade 2. Discutimos ao longo dessa unidade
a diferença entre grandezas escalares e vetoriais, e fizemos o estudo em detalhes
das características dos vetores. Estudamos o movimento em duas e três dimensões
determinando os vetores deslocamento, velocidade e aceleração. Além disso, abordamos
cuidadosamente o conceito de força através do estudo das leis de Newton. Vimos as
características das forças peso, força elástica, força normal e força de atrito. E de modo
a compreender a atuação das forças em um corpo estudamos a aplicação das leis de
Newton em diferentes problemas.
Sei que essa unidade exigiu de você bastante estudo e dedicação; realmente o conteúdo
que trabalhamos nesse módulo não é simples de ser analisado. Porém, embora complexo,
são conceitos de extrema importância na sua carreira acadêmica. Dessa forma, é muito
importante que você participe dos fóruns de dúvidas, discuta o conteúdo com seus colegas
e participe dos encontros interagindo com seu tutor. Como dica final sugiro a resolução
da maior quantidade de exercícios que você conseguir, os livros citados na referência são
ótimas fontes de exercícios para você praticar! Nos vemos na próxima unidade!

EXERCÍCIO FINAL
E1 – [SÍNTESE] As grandezas vetoriais apresentam as características de módulo,
direção e sentido. Analise as afirmativas abaixo acerca das grandezas vetoriais.
I. A força é uma grandeza escalar já que a única informação importante é saber a
intensidade da mesma.
II. A velocidade é uma grandeza vetorial, sua direção é determinada pelo vetor

68
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
deslocamento.
III. A massa é uma grandeza vetorial, logo, analisar o sentido de aplicação da mesma
é de grande importância.
IV. Se apenas uma força é aplicada sobre um objeto, a aceleração terá mesma direção
e sentido.

Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas.


a. I e IV
b. II e IV
c. II, III E IV
d. I, II E III
e. I, II e IV

E2 – [COMPREENSÃO] As leis de Newton foram propostas pelo físico e matemático


Isaac Newton. Com relação as três leis propostas avalie a afirmativa correta.
a. A terceira lei de Newton é conhecida como lei da Ação e Reação que define que
se uma força atuar sobre um corpo, esta será precedida de uma reação de mesmo
módulo, mesma direção e mesmo sentido.
b. A lei da Inércia só é válida para objetos em repouso.
c. A relação entre a força e a aceleração do corpo é descrita pela lei da Inércia.
d. A segunda lei determina que a aceleração é diretamente proporcional a força
exercida sobre um corpo.
e. A força peso de um objeto em queda livre é um exemplo da lei da Inércia.

E3 – [AVALIAÇÃO] Com relação as forças que atuam sobre um objeto avalie se as


afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F).
I. ( ) A força normal é sempre perpendicular à superfície de contato.
II. ( ) O módulo da força peso é obtido através da multiplicação da massa pela
aceleração da gravidade.
III. ( ) A força de atrito é sempre paralela à superfície no sentido do movimento.
IV. ( ) A força elástica por ser uma força restauradora possui sentido oposto ao
movimento.

Qual alternativa fornece as avaliações corretas?


a. V, V, F, V
b. V, V, V, V
c. V, F, F, V

69
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
d. F, V, V, V
e. V, V, V, F

REFERÊNCIAS

BRENNAN, Richard. Gigantes da Física – Uma história moderna através de oito


biografias. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1998.

HALLIDAY, David; WALKER, Jearl; RESNICK, Robert. Fundamentos de Física. Vol. 1 –


Mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

LUIZ, Adir Moysés. Física 1 - Mecânica: Teoria e problemas resolvidos. São Paulo:
Livraria da Física, 2006.

NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica 1: Mecânica. 5ª ed.: São Paulo:


Blucher, 2013.

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR, John W. Princípios de Física. Vol. 1 – Mecânica
Clássica. São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2009.

TREFIL, James; HAZEN, Robert M.; Física Viva. Vol. 1 – Uma Introdução à Física
Conceitual. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

WESTFAAL, Richard S. A vida de Isaac Newton. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1995.

YOUNG, Hugh D. Física: Mecânica. Edição: 12. ed. São Paulo: Pearson Makron Books,
2008.

70
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
3
unidade
ENERGIA

71
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Bem-vindo a mais uma unidade da nossa disciplina de Física 1. Sei que a unidade
anterior foi um pouco complexa devido a análise vetorial, então nesse sentido, tenho uma
ótima notícia: Nessa unidade vamos estudar sobre energia que é uma grandeza escalar!
Vamos iniciar a unidade discutindo os três tipos de energia relacionados ao movimento
que são a energia cinética, energia potencial gravitacional e energia potencial elástica.
Posteriormente, vamos estudar um importante conceito que é a conservação de energia
mecânica dos sistemas, utilizada na resolução de uma série de problemas físicos. Além
disso, estudaremos os conceitos de trabalho e potência assim como a aplicação desses na
resolução de exercícios.
Ao final dessa unidade você será capaz de:
• Compreender os tipos de energia relacionados ao movimento.
• Quantificar a energia de um corpo.
• Avaliar um problema físico e aplicar o princípio da conservação de energia.

E então, preparado? Vamos nessa pois essa unidade vai ser pura ENERGIA!

3 ENERGIA
Para começar vamos refletir sobre a seguinte pergunta: O que é energia? Energia é
um conceito difícil de ser definido já que se trata de um conceito bastante amplo, porém
podemos dizer que é a capacidade que um corpo tem de realizar trabalho. Podemos
pensar em diferentes exemplos de energia como a energia solar, hidrelétrica, eólica,
nuclear, termoelétrica, dos alimentos entre outras tantas.

3.1 TIPOS DE ENERGIA


Nessa unidade vamos focar no estudo das energias relacionadas ao movimento que
são três: cinética, potencial gravitacional e potencial elástica.

3.1.1 Energia cinética


Vamos começar discutindo sobre um tipo de energia que é a energia cinética,

72
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
representada pela letra K. Essa energia está relacionada com a velocidade de um corpo, ou
seja, quanto maior a velocidade maior a energia cinética desse corpo. Para determinarmos
matematicamente o valor da energia cinética associada a um corpo de massa m com
velocidade v utilizamos a expressão:

(3.1)

Conforme já foi abordado, a energia é uma grandeza escalar, isso quer dizer que tem
apenas módulo. A unidade de energia é o Joule, abreviado por J.
Vamos discutir um exemplo de determinação da energia cinética.

Exemplo 01: Um carro que possui massa de 1200 kg está se deslocando com velocidade
de 45,0 km/h. Determine:
a. A energia cinética associada ao carro.
Vamos utilizar a equação (3.1) para calcular a energia cinética, porém, observe que
a velocidade tem como unidade km/h então primeiro precisamos fazer a conversão de
unidade para m/s (se não estiver lembrando o procedimento consulte a unidade 1).
1. Assim, 45 km/h = 12,5 m/s.

b. Se a velocidade do carro dobrar, qual a energia cinética?


Agora vamos analisar a situação em que o carro tem a velocidade duplicada, assim
v=25,0 m/s; calculando a energia cinética

Observe que a energia cinética aumentou 4 vezes quando da duplicação da velocidade.


Se fizemos uma análise da equação (3.1) perceberemos que se vf=2vi, ou seja, se a
velocidade final for 2 vezes a velocidade inicial teremos a energia cinética quadruplicada.

Dessa forma, se a velocidade for triplicada a energia cinética aumenta 9 vezes.

73
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
3.1.2 Energia potencial gravitacional
A energia potencial gravitacional depende da posição vertical do corpo em relação a
uma posição de referência. A posição vertical y, nada mais é do que a altura que o corpo
com massa m se encontra. Assim escrevemos a energia potencial gravitacional como

(3.2)

Já sabemos que a unidade de energia é Joule, mas você sabe o significado dessa
unidade? Para descobrirmos vamos fazer a análise dimensional da equação (2.2). Observe
que a unidade de energia é J, já a unidade de massa é kg; aceleração da gravidade é m/s2 e
posição m, assim

Logo, identificamos que 1 J = 1 kg·m2/s2. Bem mais fácil a utilização da unidade de J


concorda?

SAIBA MAIS
A unidade Joule foi dada em homenagem ao
cientista inglês James Prescott Joule que desenvolveu
importantes trabalhos com relação a energia mecânica e térmica.
No portal de aprendizagem é disponibilizado um artigo contendo
informações sobre a biografia e os trabalhos desse cientista
fabuloso. Ótima leitura!

3.1.3 Energia potencial elástica


Como o próprio nome diz, essa energia é determinada quando da existência de corpos
com capacidade de deformação como elásticos e molas. Observe a representação da figura

74
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
18, incialmente uma mola encontra-se na posição de equilíbrio (sem deformação), nessa
situação não existe energia elástica. Porém, se a mola for distendida ou comprimida por
uma distância x teremos a ocorrência de energia elástica relacionada, ou seja, energia
armazenada na mola.

Figura 18 Ilustração da elongação sofrida por uma mola. Na primeira imagem a mola se encontra em
equilíbrio, na segunda imagem sobre uma distensão enquanto que na última imagem a mola sofreu
compressão.
Fonte: Autora, 2019.

A equação que relaciona as grandezas que definem a energia potencial elástica é:

(3.3)

sendo k a constante elástica da mola e x a deformação sofrida. Observe que como


a grandeza x encontra-se ao quadrado a energia do sistema sempre será positiva. Na
unidade anterior trabalhamos com a força elástica também conhecida como Lei de Hooke
(verifique a equação 2.20), dessa forma, tome cuidado para não confundir os conceitos
de força e energia!

Exemplo 02: Ao comprimir uma mola foi armazenado energia de 102 J. Sabendo que
a da mola é 41,5 N/m, determine qual a elongação que a mola foi submetida.

Ao ler o problema constatamos que se trata da energia potencial elástica, dessa forma,
vamos utilizar a equação (3.3). Observe que o problema fornece informação da energia, Ue=
102 J e que k=41,5 N/m, assim vamos fazer a substituição para encontrar a elongação x.

75
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Agora vamos isolar x

Determinamos que para que a mola possua energia armazenada de 102 J é necessária
elongação de 2,21 m.

CHAT
Qual a razão de chamarmos as energias gravitacional e elástica de energias
potenciais? Formule sua hipótese e discuta com seus colegas no fórum de interação.

Agora é sua vez de praticar! Aplique os conceitos estudados até aqui na resolução dos
exercícios de fixação. Em caso de dúvida converse com seus colegas e com seu tutor.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Para subir até o 15º andar uma pessoa faz uso do elevador. Considerando que cada
andar tem em média 3,0 metros de altura qual a energia armazenada por uma pessoa de
80,0 kg posicionada no chão desse andar? Considere como nível de referência o solo.

a. 28,4 kJ
b. 33,0 kJ
c. 41,2 kJ
d. 47,4 kJ
e. 50,8 kJ

76
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
2. Considerando os dados do problema anterior. Qual a energia potencial gravitacional
que a pessoa possui no 15º andar considerando como posição de referência o chão do 7º
andar?

a. 6,1 kJ
b. 8,6 kJ
c. 12,3 kJ
d. 18,8 kJ
e. 24,9 kJ

3. A constante de uma mola de massa desprezível é dada por k = 14 N/m. Qual deve
ser a distância da compressão dessa mola para que ela armazene uma energia potencial
igual a 4,10 J?

a. 0,23 m
b. 0,54 m
c. 0,76 m
d. 0,85 m
e. 0,96 m

4. Um brinquedo foi projetado para disparar a partir da elongação de uma mola.


Sabendo que a mola foi distendida 7,2 cm e que a constante elástica da mola é 31,2 N/m
determine a energia elástica.

a. 0,081 J
b. 0,096 J
c. 0,180 J
d. 0,275 J
e. 0,324 J

3.2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

Vamos agora entender um conceito de grande importância na análise do movimento


que é a conservação de energia mecânica, mas antes de tudo vamos discutir o que é
energia mecânica.

77
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
A energia mecânica, Emec, é a soma das energias cinética, potencial gravitacional e
elástica de um sistema. Dessa forma, podemos dizer que a energia mecânica é a energia
total que um sistema possui em um dado instante.

(3.4)

A lei de conservação da energia mecânica define que em um sistema no qual apenas


forças conservativas atuam, a energia mecânica deve ser constante. Para compreendermos
esse conceito vamos analisar a seguinte situação: para uma pessoa pular de Bungee jump
é necessário subir até uma certa altura; na situação anterior ao salto podemos dizer
que a pessoa possui energia potencial gravitacional. Ao saltar, a pessoa vai ganhando
velocidade, ou seja, aumentando a sua energia cinética em contrapartida sua energia
potencial gravitacional diminui devido à queda. Quando o elástico estica teremos
energia elástica no sistema junto com as energias cinética e gravitacional. Como podemos
perceber existe uma conversão de energia em cada etapa do salto, no entanto, a soma das
energias em cada etapa deve ser constante se existir conservação de energia mecânica.

Figura 19: Salto de bungee jump.


Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/extre-
me-sportsman-jumps-on-rope-great-649452289?src=hMNCgKgtLCdBxSQdZhlavA-1-0&studio=1. Acesso
em 10/05/19.

Nesse caso, considerando duas etapas do salto podemos escrever que

(3.5)

E então,

78
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(3.6)

Para entender como a equação (3.6) é aplicada na resolução de problemas vamos


discutir o exemplo abaixo.

Exemplo 03: Um engenheiro está projetando uma montanha russa que será a nova
atração de um parque de diversões. Conforme sua pesquisa, após o carrinho descer
de uma queda não pode passar da velocidade de 22,0 m/s pois do contrário poderá se
desprender da estrutura. Considerando as leis da conservação de energia, qual deve ser
a altura máxima de queda?

Vamos iniciar analisando a equação (3.6); precisamos considerar um ponto de análise


como ponto inicial e um segundo ponto como final. Nesse exemplo vamos considerar
o momento de início da queda como ponto inicial e após a queda completa o ponto
final. No ponto inicial, o carrinho encontra-se a uma certa altura, logo possui energia
potencial gravitacional (vamos considerar como referência y=0 o ponto mais baixo da
queda), no entanto, instantes antes da queda a velocidade do mesmo é zero, logo não tem
energia cinética e também não possui energia elástica. Já no instante final, o carrinho
possui velocidade então terá energia cinética, mas não terá energia gravitacional já que
consideramos y=0 o ponto mais baixo da queda e não temos energia elástica. Então
teremos a equação (3.6)

Observe que temos o termo de massa dos dois lados da igualdade, então podemos
cortar e isolar a altura h.

Dessa forma, encontramos que a altura máxima deve ser de 24,7 m para que a
velocidade não seja ultrapassada.

Exemplo 04: Uma caixa com massa de 800 g está em repouso sobre um plano inclinado
de 30º sem atrito. A massa está presa por uma mola, conforme representado na figura. Após
ser solta a caixa desliza sobre o plano inclinado. Sabendo que a constante elástica da mola é
23,8 N/m qual será a velocidade da caixa após percorrer uma distância de 5,9 cm?

79
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Figura 20: Caixa presa por uma mola sobre um plano inclinado.
Fonte: Autora, 2019.

Inicialmente a caixa encontra-se em repouso, dessa forma, não possui energia


cinética. Além disso, na posição inicial a mola não se encontra distendida logo não possui
energia. Para determinarmos a energia potencial gravitacional, precisamos primeiro
escolher a posição de referência; nesse caso, vamos determinar y=0, na posição final do
deslocamento da caixa, conforme ilustrado.

Observe que na posição final, teremos energia cinética já que a caixa está em
movimento e também energia elástica pois a mola estará distendida. Assim analisando a
equação (3.6) teremos

Figura 21: Análise da altura de referência.


Fonte: Autora, 2019.

Precisamos determinar uma relação entre a altura h e o deslocamento x. Perceba que o


deslocamento x nada mais é do que a hipotenusa de um triângulo enquanto h é o cateto

80
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
oposto ao ângulo de inclinação de 30º. Então escrevemos que

Então, fazendo a substituição na expressão acima, teremos

agora, fazemos as substituições,

Resolvendo, encontramos que

é a velocidade da caixa após percorrer uma distância de 5,9 cm sobre o plano inclinado.

Agora é sua vez de colocar em prática os conceitos discutidos até aqui. Resolva os
exercícios de fixação sobre a conservação de energia mecânica!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
5. Um corpo de 2 kg é empurrado contra uma mola de constante elástica 500 N/m
causando uma compressão de 20 cm. Ele é liberado e a mola o projeta ao longo de uma
superfície lisa e horizontal que termina numa rampa inclinada. Determine a altura
máxima atingida pelo corpo na rampa.

a. 0,13 m
b. 0,27 m
c. 0,45 m
d. 0,51 m
e. 1,23 m

6. Um martelo com massa de 1,5 kg caiu do alto de um prédio de 35 m. determine qual


a velocidade do martelo no instante que chega ao chão. Despreze a resistência do ar.

a. 12,4 m/s
b. 19,1 m/s
c. 26,2 m/s

81
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
d. 34,5 m/s
e. 36,2 m/s

7. Um engenheiro está planejando um sistema de gatilho e para isso fará uso uma
peça de 200g conectada em uma mola. Ao analisar o sistema desenvolvido observou que
necessita comprimir a mola por 3,6 cm. Sabendo que a constante elástica é de 18,9 N/m,
qual a velocidade adquirida pela peça utilizada como gatilho?

a. 0,12 m/s
b. 0,83 m/s
c. 1,3 m/s
d. 1,8 m/s
e. 2,2 m/s

8. Uma bolinha com massa de 400 g foi posicionada sobre uma mola conforme
ilustrado. Para que a bola atinja uma altura de 20 cm qual deve ser a compressão da mola?
A constante elástica da mola é 22,5 N/m.

a. 0,51 m
b. 0,44 m
c. 0,38 m
d. 0,31 m
e. 0,26 m

Figura 22: Bola sobre uma mola.


Fonte: Autora, 2019.

9. Um carrinho de montanha russa possui massa de 140 kg. Em um certo instante, o


carrinho se encontra a uma altura de 38,5 m em relação ao solo com velocidade de 17,9
m/s. Qual a energia mecânica do sistema?

a. 34,1 KJ
b. 75,2 KJ
c. 90,7 KJ
d. 98,1 KJ
e. 112 KJ

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
10. Uma caixa com massa de 1,2 kg se encontra em repouso presa por uma mola
conforme ilustrado na imagem. A constante elástica da mola é 27,9 N/m. Qual deve ser a
distância x sobre o plano inclinado que a caixa deve percorrer até parar?

a. 0,88 m
b. 0,71 m
c. 0,56 m
d. 0,42 m
e. 0,33 m

Figura 23: Caixa presa por uma mola sobre um plano inclinado.
Fonte: Autora, 2019.

PARA REFLETIR
Em quais situações a lei da conservação de energia mecânica NÃO pode ser
utilizada?

Nesta unidade já discutimos os conceitos de energia relacionada ao movimento


e também da conservação de energia mecânica. Vamos agora analisar o conceito de
trabalho!

3.3 TRABALHO

Todos temos conhecimento do conceito de trabalho na vida cotidiana, no entanto,


temos que entender o que significa trabalho na análise do movimento.

Trabalho pode ser definido como a energia transferida para um objeto através de
uma força que age sobre ele.

Para entendermos essa definição vamos considerar a seguinte análise, para colocar um

83
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
objeto em movimento, ou seja, para que o mesmo tenha sua energia cinética aumentada
é necessário que uma força seja aplicada sobre ele. Assim, através da força exercida sobre
o objeto existe a transferência de energia.
Para identificarmos o trabalho utilizamos W (work em inglês), alguns livros também
costumam utilizar o símbolo. A determinação do valor do trabalho realizado por uma
força constante F e que causa um deslocamento d é dado por:

(3.7)

onde é o ângulo formado entre a força e o deslocamento (lembre-se que força e


deslocamento são grandezas vetoriais), observe na figura 24.

Figura 24: Trabalho sendo executado sobre um corpo através da força F que causa um deslocamento d.
Fonte: Autora, 2019.

A unidade de trabalho é exatamente a mesma que a de energia, já que esse se define


como uma energia transferida.

Analisando a representação da figura 24, podemos compreender que a componente


vertical da força não executa trabalho. Assim, a componente da força responsável pelo
deslocamento é a componente horizontal, Fx. Dizemos que o trabalho é positivo quando
a força possui a componente vetorial na mesma direção do deslocamento e o trabalho
será negativo quando a força for contrária ao deslocamento.
Observe a aplicação da equação (3.7) na resolução do exemplo 05.

Exemplo 05: Considerando a figura 24, determine o trabalho realizado pela caixa
sabendo que uma força de 40 N foi responsável por deslocar a caixa por 2,5 m.
Utilizando a equação (3.7)

84
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Assim, encontramos que o trabalho realizado sobre a caixa foi de 76,6 J.

Quando o trabalho é realizado por uma força variável não é possível utilizar a
equação (3.7) já que para cada posição a força é distinta. Neste caso, precisamos utilizar a
ferramenta de integração. Assim, o trabalho realizado por uma força variável na direção
x será dado por

(3.8)

onde xi e xf são respectivamente, a posição inicial e a posição final.


Outra forma de determinar o trabalho é por análise gráfica. Para compreender esse
método vamos analisar o gráfico ilustrado na figura 25, repare que é um gráfico de força
em função do deslocamento. Inicialmente vemos que a força é nula e aumenta até 200
N ao longo de um percurso de 5 metros. Posteriormente, a força permanece constante
até 10 m, seguida de uma redução de força ao longo do deslocamento até 25 m. A análise
realizada pode ser utilizada para entender todo o gráfico. Como você já observou o
gráfico tem as informações de força e deslocamento necessária para calcular o trabalho
realizado.
Assim, o trabalho pode ser determinado a partir do cálculo da área sobre a curva
de um gráfico de força em função do deslocamento.

Figura 25: Gráfico da força em função do deslocamento.


Fonte: http://www.fisicaexe.com.br/fisica0/mecanica/energia/exeenergia.html. Acesso em 13/05/19.

Vamos no exemplo 06 fazer a determinação do trabalho apresentado pelo gráfico da


figura 25.

85
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Exemplo 06: Dado o gráfico da figura 25, determine o trabalho total submetido ao
corpo.

Conforme já discutido vamos calcular a área embaixo da curva, para fazer isso
dividimos o gráfico em 5 áreas distintas. Vamos calcular cada uma das áreas separadamente
e depois somar todas. Observe que as regiões possuem formato de um triângulo ou

retângulo, assim para calcularmos a área do triângulo utilizamos, , onde b é a base

e h a altura do triângulo e para calcular a área do retângulo . Então,

Figura 26: Gráfico da força em função do deslocamento.


Fonte: Modificado de http://www.fisicaexe.com.br/fisica0/mecani-
ca/energia/exeenergia.html. Acesso em 13/05/19.

Repare que de 25 a 40 m nenhuma força é aplicada sobre o corpo, logo o trabalho é


nulo. As regiões 4 e 5 estão abaixo do eixo x. Isso significa que o trabalho será negativo.

O trabalho total é a soma de todas as áreas, assim


W = 500 + 1000 + 1500 – 500 – 1500 = 1000 J.
Encontramos que o trabalho total realizado sobre o corpo é de 1000 J.

86
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
3.4 POTÊNCIA
Agora que já entendemos o conceito de trabalho vamos discutir o conceito de
potência. Você já ouviu falar em potência? Em qual situação do seu dia a dia? Quem sabe
na potência do chuveiro? Ou na potência de um carro?
A potência é definida como a taxa de variação do trabalho em relação ao tempo.
Podemos representar essa definição através da equação abaixo:

(3.9),

sendo W o trabalho total e Δt a variação temporal. Para sabermos qual a unidade


de potência podemos analisar a equação (3.9); sendo a unidade de trabalho o Joule e
a unidade de tempo o segundo, potência tem como unidade no SI J/s. Essa unidade
também é conhecida como Watt e representada por W (cuide para não confundir com
W de trabalho).
Para determinar a potência em um instante especifico é necessário reduzir o intervalo
de tempo para próximo a zero, assim podemos escrever a potência instantânea como

(3.10).

Dessa forma, se conhecermos o trabalho realizado por uma força em função do tempo
é possível determinar a potência instantânea através do cálculo da derivada com trabalho
em relação ao tempo, conforme descrito na equação (3.10)

EXERCÍCIO DE PESQUISA
Você sabe qual a razão da unidade de potência receber o nome de Watt? Qual
a relação dessa escolha com as máquinas a vapor? Faça uma pesquisa em livros,
artigos e sites científicos e responda as questões acima. Em sala, discuta com
seus colegas e com seu tutor suas respostas.

87
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
11. Determine qual o trabalho realizado para deslocar horizontalmente uma massa de
30 kg por uma distância de 3,7 m. A força aplicada é de 47,5 N e o ângulo entre a força e o
deslocamento vale 39º.

a. 136 N
b. 112 N
c. 186 N
d. 129 N
e. 108 N
Figura 27: Força sobre uma massa.
Fonte: Autora, 2019.

12. No gráfico 25 é apresentado informações da força aplicada em um corpo em


função do deslocamento. Determine qual o trabalho realizado para deslocar esse corpo
da posição de 10 m até 60 m.

a. 500 J
b. 1000 J
c. 1500 J
d. - 1000 J
e. - 500 J

13. Uma mola é utilizada para fazer o deslocamento de um corpo por uma distância
de 90 cm. Qual o trabalho total realizado sendo que a constante da mola é 33,7 N/m e a
compressão realizada na mola foi de 9,5 cm?

a. 0,02 J
b. 0,08 J
c. 0,14 J
d. 0,25 J
e. 0,32 J

14. Determine qual a potência do movimento descrito na questão 3 considerando que


foi necessário 8,0 s para completar o deslocamento.

88
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
a. (A) 0,04 W
b. (B) 0,02 W
c. (C) 0,06 W
d. (D) 0,08 W
e. (E) 0,10 W

15. Qual a potência de um carro com massa de 1200 kg capaz de atingir a velocidade
de 110 km/h em apenas 15 s?

a. 8,10 KW
b. 14,9 KW
c. 25,8 KW
d. 37,8 KW
e. 42,9 KW

Antes de finalizarmos essa unidade vamos testar sua compreensão do conteúdo


abordado. Resolva com atenção as questões de compreensão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim de mais uma unidade da nossa disciplina. Espero que você tenha
gostado dos conceitos aprendidos nesta etapa! Agora você já sabe quais são as energias
que descrevem o movimento e que a energia mecânica é a energia total de um sistema.
Além disso, entendemos os conceitos de trabalho e potência que serão muito importantes
na sua vida como engenheiro. O conceito de conservação de energia mecânica é de
grande utilidade na resolução de exercícios e pode ser utilizado sempre que o atrito for
desconsiderado.
Cada etapa concluída é mais um passo dado em direção ao nosso objetivo! Assim, caro
aluno, é importante que você se mantenha firme e com muita ENERGIA nessa caminhada.
Nos vemos na próxima unidade!

89
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
EXERCÍCIO FINAL

E1 – [AVALIAÇÃO] A energia mecânica é a energia total do sistema que corresponde a


energia cinética e também às energias potenciais. Acerca dos tipos de energia assinale a
alternativa correta.

a. A energia potencial elástica depende da massa do corpo.


b. A energia cinética varia linearmente com a velocidade do corpo.
c. A energia potencial gravitacional não depende da massa do corpo.
d. A energia elástica depende linearmente da constante elástica.
e. Quanto maior a velocidade de um corpo maior sua energia potencial.

E2 – [SÍNTESE] Acerca da conservação de energia mecânica em um sistema avalie as


alternativas abaixo.

I. A soma das energias cinética e potencial em um instante do momento deve ser


igual a soma das energias em outro instante.
II. Ao largar um objeto de certa altura temos a transformação de energia potencial
gravitacional em energia cinética.
III. A conservação de energia mecânica do sistema não pode ser considerada quando
existe atrito.
IV. Ao atirar uma pedra utilizando um estilingue temos um exemplo de transformação
de energia elástica em energia cinética.

Qual das alternativas abaixo apresenta as afirmativas corretas.

a. I, II e IV
b. I, III e IV
c. II, III e IV
d. I, II e III
e. !, II, III e IV

E3 – [SÍNTESE] A respeito do conceito de potência analise as afirmativas abaixo.


Escreva V para verdadeiro e F para falso.

I. ( ) A definição de potência relaciona o trabalho relacionado por tempo.

90
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
II. ( ) A unidade de trabalho é N/s.
III. ( ) O trabalho realizado depende da força atuante e do deslocamento do corpo.

Assinale a alternativa abaixo que apresenta a sequência correta.

a. V, F, V
b. V, V, V
c. F, V, F
d. F, F, V
e. V, V, F

REFERÊNCIAS

HALLIDAY, David; WALKER, Jearl; RESNICK, Robert. Fundamentos de Física. Vol. 1 –


Mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

LUIZ, Adir Moysés. Física 1 - Mecânica: Teoria e problemas resolvidos. São Paulo:
Livraria da Física, 2006.

NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica 1: Mecânica. Edição: 5ªed. ed.: São
Paulo: Blucher, 2013.

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR, John W. Princípios de Física. Vol. 1 – Mecânica
Clássica. São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC.

TREFIL, James; HAZEN, Robert M.; Física Viva. Vol. 1 – Uma Introdução à Física
Conceitual. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

YOUNG, Hugh D. Física: Mecânica. Edição: 12.ed. São Paulo: Pearson Makron Books,
2008.

91
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
92
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
4
unidade
MOMENTO LINEAR E
MOMENTO ANGULAR

93
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
INTRODUÇÃO À UNIDADE

Olá aluno!

Chegamos a última unidade da disciplina de Física Geral e Experimental 1. Não foi uma
caminhada fácil até chegar a essa unidade mas acredito que foi bastante recompensadora
analisando tudo que você aprendeu. Agora, quero novamente que você embarque comigo
nessa jornada de entendimento das aplicações dos conceitos físicos em várias situações
do nosso cotidiano e também de aplicações que você será responsável por projetar e
executar.
Nesta unidade vamos estudar os conceitos de momento linear e momento angular.
Para você sentir o gostinho do que se trata esse conteúdo vamos ser capazes de
determinar qual a quantidade de movimento que um objeto possui, esse conceito tem
grande aplicação no estudo de colisões como em uma partida de sinuca, por exemplo.
Além disso, vamos discutir os conceitos relacionados ao momento angular, que por sua
vez, trata do entendimento da rotação de um corpo. Na área de engenharia Mecânica
poderíamos citar como exemplo o torque que o motor transmite ao eixo para que o carro
se movimente, já na Engenharia Civil podemos citar o estudo de uma viga engastada ou
ainda na área da Engenharia Elétrica na determinação das características de rotação de
um motor de indução.
Ao final desta unidade você será capaz de:
• Avaliar a quantidade de movimento de um corpo.
• Compreender os problemas físicos de colisão.
• Determinar as características da conservação do momento linear.
• Compreender as características do momento angular.
• Determinar as grandezas físicas relacionadas a rotação dos corpos.

Excelente estudo!

94
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
4 MOMENTO LINEAR E MOMENTO ANGULAR

Vamos dividir o estudo dessa unidade em dois, primeiro estudaremos os conceitos


relacionados ao momento linear e colisões, posteriormente serão discutidos os conceitos
de momento angular.

4.1 MOMENTO LINEAR


O momento linear também chamado de quantidade de movimento é uma grandeza
vetorial que está diretamente relacionada com a velocidade (v) e a massa (m) do corpo
analisado. A equação que determina o momento linear é a seguinte:

(4.1)

Analisando a equação acima podemos perceber que o momento linear possui mesma
direção e sentido da velocidade. Além disso, ainda podemos verificar que a unidade, no
SI, de quantidade de movimento é kg·m/s.
Ao analisarmos a quantidade de movimento de alguns corpos, observamos que
seu volume ou forma não alteram o valor da quantidade de movimento, desse modo,
podemos considerar estes corpos como partículas puntiformes.
Em sistemas constituídos por mais de uma partícula, determinamos o momento linear
pela soma vetorial dos momentos lineares individuais tais como

(4.2),

observe que os números subscritos identificam cada partícula, e assim

(4.3).

Já no caso de analisarmos um corpo rígido, quer dizer, um corpo com volume (que não
é descrito apenas como uma partícula) consideramos a velocidade do centro de massa
do corpo. Você deve estar se perguntando, o que é centro de massa? Pois bem, o centro
de massa é o ponto imaginário no qual podemos considerar que a massa do objeto.
Por exemplo, se você quiser equilibrar uma régua utilizando apenas um dedo. Nesse caso,
você sabe que terá que posicionar o dedo exatamente no ponto central da régua (tanto na

95
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
largura como no comprimento), esse ponto em que é possível equilibrar o peso do objeto
é chamado de centro de massa.
Assim podemos escrever que o momento linear de um corpo rígido de massa (M) é

(4.4)

PARA REFLETIR
Como seria possível determinar o centro
de massa de um objeto não homogêneo?
Por exemplo, suponha que tenha sido Figura 28: Régua não homogênea.
Fonte: Autora, 2019
retirada uma área circular da régua.

Se quisermos determinar qual a taxa de variação com o tempo do momento linear


podemos calcular a derivada da equação (4.4). Para fazermos essa análise, vamos
considerar que a massa do corpo é constante, assim podemos escrever que

(4.5)

E como sabemos que a derivada da velocidade em relação ao tempo é a aceleração (se


não estiver lembrando dessa informação retome o conteúdo trabalhado na unidade 1)
escrevemos a equação (4.5) da seguinte forma

(4.6)

Observe que a equação (4.6) depende da multiplicação da massa pela aceleração


do corpo, e exatamente essa é a definição da segunda Lei de Newton. Assim, podemos
escrever a segunda Lei de Newton em termos da quantidade de movimento como

(4.7).

Através da análise da equação (4.7) podemos compreender que para que exista variação
na quantidade de movimento de um objeto é necessário a existência de uma força, por
exemplo, para um objeto entrar em movimento. Também podemos analisar essa equação

96
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
por outro ângulo, a variação da quantidade de movimento gera uma força, fato observado
quando ocorre uma colisão.
Vamos, no exemplo 01, compreender como deve ser feito a análise das componentes
do vetor quantidade de movimento.

Exemplo 01: Um projétil com massa de 10 g foi disparado em direção ao alvo. A


velocidade é de 15 m/s e forma um ângulo de 50º com a vertical conforme ilustrado na
figura 29. Determine o vetor quantidade de movimento.

Figura 29: Direção e sentido da velocidade.


Fonte: Autora, 2019

Observe que o vetor velocidade tem componentes na direção horizontal (x) e vertical
(y), assim, o vetor quantidade de movimento também terá. Vamos iniciar determinando
a componente horizontal utilizando a equação (4.4), então escrevemos que

e vx é obtido a partir da decomposição do vetor velocidade. Observando a figura 29,


concluímos que podemos escrever , assim substituindo na equação acima
teremos

c
Vamos substituir os dados fornecidos pelo problema, repare que a massa deve ser
convertida para unidade de kg.

Agora determinamos a componente vertical, Py, que pode ser escrita como

97
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
E para concluir a resolução do exercício escrevemos o vetor quantidade de movimento
.

SUGESTÃO DE LIVRO
Você sabia que Newton escreveu a segunda
lei originalmente utilizando a definição de
quantidade de movimento? Em seu livro denominado Principia
– Princípios matemáticos de Filosofia Natural, escrito em 1687,
Newton descreveu a base de toda Mecânica. Ficou interessado?
Atualmente é possível encontrar esse livro publicado por várias
editoras. Encontre o seu e ótima leitura!

4.2 IMPULSO
Você já deve ter utilizado o termo impulso no seu dia a dia, não é mesmo? Por exemplo
quando estava prestes a pular sobre um obstáculo. No entanto, precisamos saber qual a
definição física dessa grandeza importante na descrição do movimento e como ela está
relacionada com o que acabamos de estudar que é a quantidade movimento de um corpo.
Para entender essa relação vamos fazer a seguinte análise. Sabemos que a quantidade
de movimento de um corpo depende da força conforme descrito pela equação (4.7). Desse
modo podemos escrever que

(4.8).

Para obter a variação total do momento linear provocada pela força fazemos a
integração em ambos os lados da equação (4.8).

(4.9)

Ao integrar o lado direito da equação (4.9) obtemos que é a quantidade de


movimento em um instante final menos a quantidade de movimento no instante inicial.
E essa grandeza que determina a variação da quantidade de movimento de um corpo

98
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
chamamos de impulso.
Para identificar o impulso vamos utilizar a letra I, e então reescrevemos a equação (4.9)

(4.10).

Observe que o impulso depende da força e também da duração do contato com o


corpo. Assim, quanto maior a força e maior o tempo de contato, maior será o impulso.
Repare que a relação entre as grandezas é linear, isso significa que se a força for duplicada
o impulso será também duplicado ou ainda, se o tempo for reduzido pela metade, o
impulso também será reduzido pela metade. Os limites da integração são o tempo inicial
ti e final tf. Essa grandeza possui grande aplicabilidade na análise de colisões (vamos
discutir em mais detalhes no próximo tópico). Com o intuito de melhorar o entendimento
dessa grandeza vamos analisar uma situação. Ao jogar sinuca, o jogador se utiliza do
taco para imprimir força à bola e colocá-la em movimento. A variação da quantidade de
movimento da bola vai depender da intensidade da força que for utilizada e também da
duração do contato do taco com a bola.
Em algumas situações, para variar a quantidade de movimento de um corpo, a força
utilizada pode ser constante durante o intervalo de tempo inicial e final; como ilustrado
pela figura 03 (a). Repare que como o impulso é calculado pela multiplicação da força e o
tempo temos que a área sob a curva no gráfico de força em função do tempo é exatamente
o impulso. Desse modo, sendo a força constante o impulso será dado por I = F·Δt.
Em situações onde a força não é constante durante o tempo de contato, fato ilustrado
na figura 30 (b), o impulso também será a área sob a curva que representa a força em
função do tempo, F(t). Nesse caso, é necessário conhecer a função F(t) e proceder com a
integração utilizando a equação (4.10).

Figura 30: A área sob a curva representa o impulso devido a (a) uma força constante e (b) força variável
durante o tempo de contato.
Fonte: Autora, 2019.

99
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
No exemplo 02 vamos discutir um problema de determinação do impulso
bidimensional ocasionado por uma bola de tênis batendo na parede.

Exemplo 02: Um tenista está treinando para um campeonato e para isso arremessa
a bolinha com massa de 60 g contra uma parede rugosa. Antes da colisão com a parede,
a bola possui velocidade de 45 m/s e sua direção forma um ângulo de 37º com a parede.
Após a colisão com a parede, a velocidade da bola é de 32 m/s e possui direção que forma
20º com a direção horizontal. Determine qual é o impulso que a bolinha está submetida
durante a colisão.

Figura 31: Antes e depois da colisão de uma bola de tênis com a parede.
Fonte: Autora, 2019

Sabemos pela equação (4.10) que o impulso pode ser calculado conhecendo a força
em função do tempo de contato, no entanto, repare que nesse exemplo não temos essa
informação. Assim, precisamos lembrar que o impulso é a variação do momento linear, e
dessa forma, escrevemos que

E como sabemos que

Repare que a velocidade da bola possui componentes na horizontal e também na


vertical, dessa forma, vamos analisar em cada componente separadamente. Inicialmente
fazemos a determinação da componente horizontal do impulso

Analisando as componentes da velocidade na direção horizontal concluímos que


a velocidade final será vf = 32·cos 20º e a velocidade inicial será vi = 45·cos 37º, assim

100
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
substituindo na equação acima teremos

Agora vamos calcular a componente vertical

Decompondo a velocidade na direção vertical encontramos que vf = -32·sen 20º


(repare que o sinal é negativo pois está direcionada no sentido contrário ao do eixo y) e a
velocidade inicial vi = 45·sen 37º.

Assim, o vetor impulso pode ser escrito como

E o módulo do impulso será

Logo, o impulso a que a bola é submetida é de 2,30 kg·m/s.

Conseguiu compreender a resolução do exemplo 02? Se tiver ficado em dúvida na


decomposição dos vetores ou na determinação do módulo do impulso retome a discussão
sobre vetores que fizemos na unidade 2 ou discuta o conteúdo com seu tutor.
Agora é sua vez de resolver os exercícios de fixação! Lápis e calculadora em mãos! Em
caso de dúvida retome o conteúdo que já trabalhamos até o momento ou ainda acesse o
fórum de discussão.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. A velocidade de uma partícula pode ser descrita pelo vetor . Sabendo


que a massa da partícula é de 35 g, determine qual sua quantidade de movimento.

a. 5,4 kg·m/s
b. 8,2 kg·m/s
c. 14,1 kg·m/s

101
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
d. 19,0 kg·m/s
e. 23,9 kg·m/s

2. Uma pessoa realizou uma força constante de 11,5 N sobre uma caixa com o intuito
de empurrá-la. Sendo que a pessoa aplicou a força durante o tempo de 3,8 s qual foi o
impulso a qual a caixa foi submetida?

a. 39,4 kg·m/s
b. 43,7 kg·m/s
c. 49,1 kg·m/s
d. 55,0 kg·m/s
e. 62,6 kg·m/s

3. Em uma empresa de cerâmica, um equipamento realiza força sobre cada peça de


modo a verificar a existência de imperfeições ou trincas que comprometam o material.
A máquina está calibrada para ficar em contato com a peça por 1,3 s e a força variável
aplicada pode ser descrita como F(t)= 1,3.t - t². Determine qual o impulso que a peça de
cerâmica é submetida.

a. 0,37 kg·m/s
b. 0,55 kg·m/s
c. 0,80 kg·m/s
d. 0,93 kg·m/s
e. 1,31 kg·m/s

4. Um jogador de sinuca utiliza as bordas da mesa para direcionar a


bola até a caçapa. Sabendo que a velocidade da bola antes de bater na
borda era de 28 m/s e formava um ângulo de 42º com a vertical e que
após a colisão a velocidade era de 19 m/s com mesmo ângulo, calcule o
impulso horizontal (perpendicular à borda da mesa) devido a colisão
entre a bola e a mesa de sinuca. A massa de uma bola de sinuca é 85 g.

a. 1,26 kg·m/s
b. 1,01 kg·m/s
c. 0,84 kg·m/s
d. 0,66 kg·m/s Figura 32: Colisão de uma bola
e. 0,48 kg·m/s de sinuca na borda da mesa.
Fonte: Autora, 2019

102
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
5. Ainda sobre o problema anterior, qual o módulo do impulso total a que a bola é
submetida durante a colisão com a mesa?

a. 1,9 kg·m/s
b. 2,8 kg·m/s
c. 3,3 kg·m/s
d. 5,2 kg·m/s
e. 8,3 kg·m/s

4.3 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR

Caro aluno, você lembra que na unidade anterior estudamos a conservação de energia
mecânica? Pois bem, dentro da Física algumas grandezas se conservam, como é o caso da
energia mecânica, que você já estudou e agora vamos discutir a conservação do momento
linear.
A conservação da quantidade de movimento de um sistema determina que se
um sistema não estiver submetido a forças externas o momento linear total deve
ser constante. Podemos então escrever que o momento linear inicial deve ser igual ao
momento final,

(4.11)

Observe que a equação (4.11) se trata de uma igualdade entre os momentos do sistema
e não se esqueça que essa grandeza é vetorial, assim, em nossa análise teremos que levar
isso em conta.
Para compreender melhor a lei de conservação do momento vamos analisar um
problema que envolve o funcionamento de um foguete durante o lançamento.

Exemplo 03: Para realizar o lançamento vertical de um foguete para o espaço é


necessário a realização de alguns procedimentos. Inicialmente um foguete de massa M é
acelerado através de uma grande explosão e adquire velocidade de 400 m/s.
Após o foguete estar a certa altitude o corpo do foguete (90%) é desconectado e apenas
a ponta que equivale a 10% da massa do foguete mantém o movimento com velocidade
de 900 m/s. Determine qual a velocidade do corpo do foguete após ocorrer a separação.

103
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Vamos resolver o problema proposto aplicando a equação (4.11), no entanto, observe
que no instante inicial temos o foguete inteiro e no instante final temos dois corpos
distintos (corpo e a ponta do foguete) então precisamos considerar uma quantidade de
movimento para cada corpo. Repare que o problema trata o movimento do foguete na
direção vertical, assim a velocidade tem componente apenas em y.

Observe que a massa do corpo do foguete equivale a 90%, logo podemos escrever
como 0,9 M. E a ponta escrevemos como 0,1 M. Assim, substituindo os valores informados
pelo problema

Podemos cortar as massas na equação acima, resultando em

E isolando a velocidade final do corpo do foguete temos

A velocidade do corpo do foguete após ser desacoplado será de 344 m/s.


No próximo tópico vamos discutir as características das colisões, pare por um instante
e reflita sobre exemplos em seu cotidiano que envolvam a colisão entre dois ou mais
objetos. Sempre as colisões são iguais? Por exemplo em um jogo de sinuca, sempre as
bolinhas batem do mesmo modo? Se você soltar uma bola de uma certa altura, depois de
rebater no chão a bola vai atingir a mesma altura inicial? Quais grandezas você acredita
que estão envolvidas na análise das colisões?
São várias perguntas que ao final do tópico seguinte você deve ser capaz de responder.

4.3.1 Colisões

Vamos iniciar o estudo das colisões e para isso vamos compreender sua definição:
Uma colisão é considerada a interação entre dois ou mais corpos que podem resultar

104
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
na modificação do movimento.
Uma informação muito importante que você deve guardar é que sempre em uma
colisão existe a conservação da quantidade de movimento, conforme estudamos no
tópico anterior. No entanto, podemos distinguir as colisões em três tipos: colisão elástica,
colisão inelástica e colisão perfeitamente inelástica. A seguir discutiremos em detalhes
as caraterísticas de cada tipo de colisão.

Colisão elástica – A característica desse tipo de colisão é que além de ter conservação
do momento, também apresenta conservação da energia cinética total do sistema.
Sistemas que conservam a energia cinética são mais raros de serem encontrados já
que normalmente na interação entre os corpos ocorre perda de energia que pode ser
devido ao atrito ou ao som produzido. Porém, muitas situações podem ser analisadas
como sistemas aproximadamente elásticos. Um exemplo é quando, em um jogo de bilhar,
a bola lançada atinge em cheio outra bola que estava inicialmente parada. Nessa situação
a bola lançada transfere toda energia cinética para a outra bola que sairá com velocidade
igual à da bola lançada, enquanto a mesma ficará parada.
Vamos compreender a conservação de momento e energia cinética através da análise
da situação representada na figura 33. Nessa representação, temos duas bolas com
massas m1 e m2 que possuem movimento em apenas uma dimensão. Antes da colisão a
bola 2 está parada, ou seja, sua velocidade é zero enquanto que a bola 1 possui velocidade
horizontal v1 na direção da bola 2. Após a colisão, as duas massas se movem ao longo da
direção horizontal.

Figura 33 Colisão elástica com um dos corpos inicialmente em repouso.


Fonte: Autora, 2019.

Em uma colisão a quantidade de movimento se conserva, assim, para esse sistema


com duas massas escrevemos que

105
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
(4.12)

Observe que estamos utilizando o índice i para o instante inicial e f para o instante
final. Como a bola 2 se encontra inicialmente em repouso a equação (4.12) se torna

(4.13)

Além disso, em uma colisão elástica a energia cinética do sistema se conserva, então
escrevemos que

(4.14)

Colisão inelástica - Nas colisões que ocorrem no dia a dia, como em uma raquete com
a bolinha, ou em um acidente entre carros, a energia cinética do sistema não se conserva.
Nessas situações parte da energia do sistema é dissipada através da produção de ruído
(energia sonora), atrito (energia térmica) ou deformação dos corpos.
No entanto, vale ressaltar que embora não exista conservação da energia cinética,
existe a conservação do momento linear, assim, para analisar esse tipo de colisão entre
dois corpos utilizamos a equação (4.12).

Colisão perfeitamente inelástica – Caso em que após a colisão os corpos permanecem


juntos. Observe a figura 34, antes da colisão a massa 1 possui velocidade na direção
de m2, que por sua vez encontra-se parada. Após a colisão as duas massas passam a se
movimentar juntas com velocidade v. Essa é a situação que ocorre maior perda de energia
do sistema. Como um exemplo poderíamos pensar em um carrinho de mercado sendo
arremessado contra outro que se encontra parado. Quando da colisão, um dos carrinhos
acopla no outro e ambos passam a se mover juntos.

Figura 34: Colisão perfeitamente inelástica. Após a colisão os corpos ficam unidos.
Fonte: Autora, 2019.

106
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
FÍSICA NA PRÁTICA
Quer compreender melhor como determinamos se uma colisão é elástica
ou inelástica? Pois vamos aprender isso na prática! O roteiro experimental já se
encontra no portal de aprendizagem – ROTEIRO 4 – imprima o seu e faça a leitura antes da aula!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
6. Em um supermercado, o funcionário foi encarregado de recolher os carrinhos do
estacionamento. Ao ver um carrinho parado arremessou outro carrinho em sua direção
com velocidade de 10 m/s. Após a colisão um carrinho encaixou no outro e os dois
passaram a ter movimento juntos. Determine qual a velocidade dos carrinhos após a
colisão sabendo que a massa de cada carrinho é de 12 kg.

a. 2,5 m/s
b. 5,0 m/s
c. 7,5 m/s
d. 10 m/s
e. 12,5 m/s

7. No exercício anterior, qual a perda de energia cinética do sistema.

a. 100 J
b. 150 J
c. 200 J
d. 250 J
e. 300 J

8. Uma bola de tênis com massa m1=70 g e velocidade de 5,0 m/s é arremessada contra
uma bola de bilhar de m2=200 g que possui velocidade de 3,5 m/s na direção contrária.
Após a colisão, a bola de bilhar possui velocidade de 1 m/s no sentido oposto ao do inicial.
Determine qual o módulo da velocidade da bola de tênis.

107
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Figura 35 Colisão entre duas bolas de tênis.
Fonte: Autora, 2019.

a. 7,4 m/s
b. 8,9 m/s
c. 9,6 m/s
d. 10,7 m/s
e. 11,3 m/s

9. Uma bola de boliche de 8,5 kg é arremessada com velocidade de 17,0 m/s contra um
pino com massa de 200 g que se encontra em repouso. Após a colisão o pino entra em
movimento com velocidade de 33,2 m/s. Com relação a essa colisão avalie as afirmativas
abaixo.

I. Se a velocidade da bola for de 12,5 m/s a colisão é considerada elástica.


II. Se a velocidade for 16,2 m/s a colisão é considerada elástica.
III. Independente da velocidade da bola, a colisão é perfeitamente inelástica.
IV. Se a bola parar após a colisão, temos uma colisão inelástica.

Assinale a alternativa que contempla as afirmativas verdadeiras.


a. I e III
b. I e IV
c. II e IV
d. III e IV
e. II e III

108
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
4.4 MOMENTO ANGULAR

Até esse momento tratamos apenas do movimento de translação de um ou mais corpos.


A partir de agora, vamos focar nossa atenção no estudo do movimento de rotação que um
corpo pode executar. A grandeza física associada a rotação dos corpos é chamada de
momento angular ou quantidade de movimento angular.
Definimos o momento angular como o produto vetorial entre o vetor posição ,
que identifica a distância que a partícula se encontra do ponto do eixo de rotação, e o
momento linear , que estudamos no tópico anterior.

(4.15)

Analisando a equação acima podemos identificar que a unidade do momento angular,


no SI, é kg·m2/s, que equivale a J·s. Como o vetor quantidade de movimento é descrito
pela massa e pela velocidade podemos escrevemos a equação (4.15) como

(4.16)

Vamos analisar a figura 36 para entender cada uma das grandezas que descrevem o
momento angular. Repare que a partícula de massa m descreve uma rotação em torno do
ponto O. O vetor determina a posição da partícula em relação a origem O enquanto que
o vetor velocidade determina a direção e sentido da velocidade do corpo. Para determinar
a direção e sentido do vetor momento angular utilizamos a regra da mão direita. Nesta
regra você deve direcionar a ponta dos dedos na direção do vetor posição e rotacionar a
mão em direção ao vetor velocidade. A direção que aponta seu polegar será a direção do
vetor momento angular.

Figura 36: Definição de momento angular de um corpo com massa m rotacionando em torno do ponto O.
Fonte: Autora, 2019.

109
FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
PARA REFLETIR
Qual é a direção e sentido do vetor momento angular se a partícula da figura
36 estivesse rotacionando no outro sentido horário?

Pela definição de produto vetorial, podemos determinar o módulo do momento


angular através do ângulo formado entre os vetores posição e velocidade, assim
podemos escrever que

(4.17)

Tome cuidado que a equação (4.17) fornece apenas a informação do módulo do


momento angular e não a direção e sentido obtido pela equação (4.16). No exemplo 04
vamos discutir como realizar o cálculo do momento angular

Exemplo 04: Um carro possui pneu aro 15, o que significa que o aro possui 15 polegadas
de diâmetro. Uma pedra com massa de 20 g ficou grudada na extremidade do pneu,
conforme ilustrado na figura 10. Sabendo que a velocidade de rotação do pneu é 30 m/s,
determine qual o momento angular da pedra. Dados: 1”=2,5 cm.

Figura 37: Pedra presa a um pneu.


Fonte: Modificado de https://www.shutterstock.com. Acesso em 16/05/19.

Observe a imagem representa a rotação da pedra grudada no pneu. O vetor posição


conecta o eixo central até a extremidade onde a pedra está grudada. Assim verificamos
que o ângulo entre a velocidade e o vetor posição é de 90º. A distância entre o eixo central

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e a extremidade do pneu é de 15 x 2,5 cm= 37,5 cm = 0,375 m. Agora vamos substituir essas
informações na equação (4.17)

Assim, determinamos que o momento angular a qual a pedra está submetida é de


0,0075 J·s. Fazendo uso da regra da mão direita é possível determinarmos que o momento
angular aponta ao longo do eixo central para fora.

Quando estudamos corpos rígidos, ou seja, corpos que possuem diferentes


distribuições de massa precisamos fazer considerações para determinar o momento
angular desse corpo. Dessa forma, introduzimos ao nosso cálculo uma grandeza física
denominado momento de inércia, I, que determina a distribuição de massa de um
corpo ao redor de um eixo fixo de rotação. A relação entre o momento de inércia e o
momento angular é

(4.18)

Onde ω é a velocidade angular de rotação do corpo. A velocidade angular pode


ser descrita como ω = v · r, ou seja, a multiplicação entre a velocidade de rotação e a
distância do eixo em torno do qual ocorre a rotação. Tome cuidado para não confundir
as grandezas de momento de inércia e impulso, lembre-se que o impulso está apenas
relacionado com a variação da quantidade de movimento linear e nada tem a ver com a
variação do momento angular.

4.4.1 Torque
Agora que já discutimos o que é momento angular vamos trabalhar com outra grandeza
física de grande relevância que é o torque. Talvez essa palavra não seja estranha para
você, possivelmente você já escutou ela sendo utilizada para descrever um movimento
de rotação ou giro de um objeto. Mas vamos entender o que significa torque fisicamente
falando.
Torque é a variação do momento angular, é determinado como a relação entre a
posição do objeto em relação ao eixo de rotação e a força aplicada.
Desse modo podemos escrever que o torque pode ser obtido a partir da derivada em
relação ao tempo da equação (4.16). Utilizamos a letra grega (tau) para representar o

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FÍSICA GERAL
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torque que também é uma grandeza vetorial.

(4.19)

Observe que o torque possui mesma direção e sentido que o momento angular. Assim
para sua determinação continua sendo útil a regra da mão direita. Mas você deve estar se
perguntando o que o torque tem a ver com a força? Lembre-se que pela segunda Lei de
Newton F=m·a, e ao realizar a derivada representada na equação (4.19) determinamos a
variação da velocidade em função do tempo, ou seja, a aceleração (não iremos fazer essa
demonstração nesse livro mas se você tiver interesse pode consultar um dos livros da
referência!). Assim, escrevemos que o torque é

(4.20)

A unidade de torque, no Si, é N·m já que temos a multiplicação da força e da distância


que o objeto se encontra do eixo de rotação. No exemplo 05 abaixo vamos discutir o
cálculo do torque em uma viga engastada.

Exemplo 05: Uma viga engastada é representada na figura 38. A viga tem 2,3 m de
comprimento.

Figura 38: Viga engastada


Fonte: Autora, 2019.
a) Determine qual o torque exercido pela força F que possui módulo de 200 N em
relação ao ponto O e qual o sentido da rotação.

Figura 39: Forças sobre uma viga engastada.


Fonte: Autora, 2019.

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
Para resolver esse exercício vamos utilizar a equação (4.20). Observe que a força é
vertical e o vetor posição é horizontal, conforme representamos no esquema na figura
39; assim o ângulo entre os dois vetores é de 90º. Vale ressaltar que o vetor posição vai
ser sempre o vetor que conecta o ponto de análise (eixo de rotação) ao ponto onde a
força está sendo aplicada. Aplicando a propriedade do produto vetorial, escrevemos a
equação (4.20) como

Determinamos que o torque em torno do ponto O devido a força aplicada é de 460 N·m.
Utilizando a regra da mão direita (apontando os dedos ao longo do vetor posição, girando
em relação à força) vemos que o sentido de rotação da viga será o sentido horário.

b) Se a força F for executada horizontalmente na viga, qual será o torque produzido em


relação ao ponto O?

Figura 40: Forças sobre uma viga engastada.


Fonte: Autora, 2019.

Agora analisando a situação onde a força é realizada horizontalmente percebemos


que o ângulo formado entre o vetor posição e a força é de 180º. Para calcular o torque
procedemos igual ao realizado na letra (a)

e como o sen180º=0, o torque realizada será nulo. Observe que poderíamos já imaginar
essa situação já que a força que está sendo executada não será capaz de rotacionar a viga.

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FÍSICA GERAL
E EXPERIMENTAL I
FORUM DE DISCUSSÃO
Em quais situações do seu cotidiano é possível observar a rotação de um
objeto devido a uma força aplicada? Após refletir sobre essa pergunta cite três
situações práticas que envolvem a rotação de um objeto, escreva sua resposta no fórum de
discussão. Avalie as respostas de seus colegas se foram as mesmas situações que você pensou
ou situações distintas.

4.5 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR

Acabamos de estudar o que é momento angular e essa grandeza também faz parte
das grandezas físicas que apresentam conservação. Já discutimos a lei de conservação
da energia mecânica na unidade 3 e a conservação da quantidade de movimento nesta
unidade.
A lei de conservação determina que o momento angular é constante quando
nenhum torque externo age sobre o sistema. Podemos representar a conservação do
momento angular escrevendo que o momento angular no instante inicial deve ser igual
ao momento angular em um instante final,

(4.21).

Para corpos rígidos, podemos utilizar a equação (4.18) e reescrever a equação acima
para a conservação do momento angular em termos do momento de inércia e da
velocidade angular como

(4.22).

A conservação do momento angular é o motivo de ser muito mais fácil se equilibrar


numa bicicleta em movimento do que nela parada, pois em movimento as rodas da
bicicleta apresentam momento angular.

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SUGESTÃO DE VÍDEO
Quer conhecer aplicações da
conservação do momento angular em
nosso cotidiano, assista ao vídeo do Dr. Luis Neri disponível
no seguinte endereço: https://www.youtube.com/
watch?v=msOjpAmNpZQ

LEITURA COMPLEMENTAR
Para melhorar seu entendimento do conteúdo que tal ler um artigo científico
que discute a lei de conservação do momento angular? Então vamos lá, minha
sugestão é a leitura do artigo “Forças internas e a conservação do momento angular” do autor
André Herkenhoff Gomes publicado na Revista Brasileira de Física no volume 40 em 2018. Você
encontra o artigo disponível no portal da aprendizagem. Ótima leitura!

Agora é sua vez de aplicar todo o conhecimento adquirido na resolução de exercícios!


Faça a leitura e interpretação das questões com cuidado, se necessário retome o conteúdo.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
10. Um engenheiro civil é responsável por fazer o projeto de uma viga engastada.
Sabendo que uma força de 920 N atua sobre a viga conforme ilustrado na figura, determine
qual o torque realizado em torno do ponto O. Desconsidere o peso da viga.

a. 340 N·m
b. 396 N·m
c. 429 N·m
d. 481 N·m
e. 537 N·m

Figura 41: Forças sobre uma viga engastada.


Fonte: Autora, 2019.

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11. Uma bailarina está executando um movimento de giro. Com os braços abertos, o
momento de inércia é de 20 kg·m2 a velocidade angular é de 15 rad/s. Ao fechar os braços,
o momento de inércia passa a ser 12 kg·m2. Qual será a velocidade angular da bailarina
com os braços fechados?

a. 10 rad/s
b. 15 rad/s
c. 20 rad/s
d. 25 rad/s
e. 30 rad/s

12. Uma criança amarrou uma pedra com massa de 18 g na extremidade de um fio
com 27 cm de comprimento. Segurando pela outra extremidade, o menino faz com que
pedra execute um movimento de rotação em torno de sua mão com velocidade de 26 m/s.
Calcule qual é o momento angular da pedra em relação a sua mão.

0,13 J·s
0,21 J·s
0,29 J·s
0,45 J·s
0,87 J·s

13. Uma força de 50 N é executada em uma alavanca conforme ilustrado na figura.


Sabendo que a distância entre o ponto O e o ponto onde a força é aplicada é de 42 cm,
determine qual o torque realizado sobre a alavanca. Dica: Faça a análise do ângulo com
cuidado!

a. 20,7 N·m
b. 28,4 N·m
c. 34,9 N·m
d. 41,0 N·m
e. 43,6 N·m

Figura 42: Força sobre uma alavanca.


Fonte: Autora, 2019.

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FÍSICA GERAL
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Parabéns! Você concluiu os estudos de mais uma disciplina, isso significa mais uma
etapa concluída em sua trajetória acadêmica! Foram muitos dias de estudo intensos
para compreender os fenômenos físicos discutidos aqui, sei que não foi tarefa fácil. No
entanto, avalie a grande gama de aplicações práticas que agora você é capaz de descrever
qualitativamente e quantitativamente. Muitas vezes ficamos tão focados em saber resolver
os exercícios e ir bem na prova que não nos damos conta da evolução que tivemos, de
como agora olhamos para o mundo de outro modo. E é exatamente isso que quero deixar
como aprendizado desse livro, que você olhe para o mundo de outro ângulo, questionando
o funcionamento e tentando compreender a razão de tal fenômeno. Sua profissão não
pede apenas que você seja capaz de resolver problemas, mas sim, que você seja capaz
de projetar seu próprio problema! Não esqueça que você tem grande importância no
avanço científico e tecnológico do nosso país, suas ideias e seu aprendizado irão fazer
a diferença! Obrigada por fazer parte desse mundo, um mundo de pessoas com sede de
conhecimento e capazes de construir uma argumentação lógica e científica!

EXERCÍCIO FINAL

E1 – [ANÁLISE] O momento linear de um corpo é uma grandeza que determina a


quantidade de movimento. Analise as alternativas abaixo e assinale a alternativa correta.

a. O centro de massa de um corpo é uma grandeza absoluta, não depende da forma


e das dimensões do mesmo.
b. A quantidade de movimento é uma grandeza escalar.
c. Se a velocidade de um corpo duplica, a quantidade de movimento é quadruplicada.
d. Dependendo do tipo de colisão não existe a conservação do momento linear.
e. A quantidade de movimento é uma grandeza escala, possui mesma direção e
sentido da velocidade.

E2 – [AVALIAÇÃO] O impulso é uma grandeza física que depende da força e do tempo


de interação com o corpo. Avalie as afirmativas abaixo e assinale V quando a alternativa
for verdadeira e F para falsa.

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I. ( ) O impulso é uma grandeza escalar, quanto maior a força maior o impulso.
II. ( ) Em um gráfico de força em função do tempo, a área sob a curva é correspondente
ao impulso.
III. ( ) Quanto menor for o tempo de contanto maior é o impulso.
IV. ( ) A direção e o sentido do impulso é dado pelo vetor força.

a. F, V, V, F
b. F, V, F, V
c. V, V, F, V
d. V, F, F, V
e. F, V, V, V

E3 – [AVALIAÇÃO] Acerca da conservação do momento angular avalie as afirmativas


abaixo.

I. Momento angular é a quantidade de movimento relacionado a rotação de um


corpo.
II. Torque é uma grandeza vetorial que depende da força e da distância que a mesma
atua a partir da posição de análise.
III. Se uma força agir sobre um corpo sempre existirá um torque, independente da
direção da força.
IV. A velocidade angular depende da velocidade linear e da distância que o corpo se
encontra a partir da posição de análise.

Assinale qual alternativa apresenta as afirmativas corretas.

a. I, II, III
b. I, III, IV
c. II, IV
d. III, IV
e. I, II, IV

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REFERÊNCIAS

HALLIDAY, David; WALKER, Jearl; RESNICK, Robert. Fundamentos de Física. Vol. 1 –


Mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

LUIZ, Adir Moysés. Física 1 - Mecânica: Teoria e problemas resolvidos. São Paulo:
Livraria da Física, 2006.

NEWTON, Isaac. Principia – Princípios matemáticos da Filosofia Natural. 2ª ed. São


Paulo: Edusp, 2018.

NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica 1: Mecânica. Edição: 5ªed. ed.: São
Paulo: Blucher, 2013.

SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR, John W. Princípios de Física. Vol. 1 – Mecânica
Clássica. São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC.

TREFIL, James; HAZEN, Robert M.; Física Viva. Vol. 1 – Uma Introdução à Física
Conceitual. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

YOUNG, Hugh D. Física: Mecânica. Edição: 12.ed. São Paulo: Pearson Makron Books,
2008.

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uniavan.edu.br
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