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TN Sto 238 376 33897
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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
avançadas de produção”
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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
1. Introdução
O mercado da construção civil tornou-se cada vez mais competitivo, em um cenário de queda
de 3,6% do PIB nacional e 5,1% nas atividades relacionadas à construção civil (CBIC, 2017),
as empresas do ramo, com o intuito de garantir sua sobrevivência, buscam formas de
aprimorar sua gestão, seja ela orçamentária ou construtiva.
A não utilização de métodos científicos pode implicar em estimativas de custos acima do real,
o que implica consequentemente em uma possível perda de concorrência e, no caso inverso,
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quando o custo se encontra abaixo do real, o retorno pode não ocorrer da forma esperada na
análise de viabilidade (LIMA, 2000; CHENG, 2014). Nesse sentido, a fase de orçamentação
ou custeio constitui um fator de grande relevância para o sistema de gestão de custos e pode
gerar grandes impactos.
Diante deste contexto, este trabalho possui como objetivo uma análise das causas dos desvios
de custos de empreendimentos, de modo a gerar diretrizes de gestão que possam minimizar a
ocorrência das alterações levantadas. Este objetivo contribui para os propósitos da Gestão de
Risco que visa reduzir ao mínimo possível os impactos dos riscos para a organização,
avaliando as incertezas de modo a permitir melhores tomadas de decisão.
Para atingir o objetivo proposto, foi realizado um estudo de caso em uma obra de tipologia
comercial, de caráter privado. Esta pesquisa contribui dentro do limite da identificação das
causas raiz do risco relacionado ao desvio de custos de empreendimentos.
2. Síntese da revisão
O orçamento envolve ações de identificação, descrição, quantificação e análise de valor dos
itens que deverão compor o preço de venda de uma obra, fundamentando a realização do
negócio e servindo de parâmetro básico para o estudo de viabilidade e negociações de preços
com fornecedores e clientes (MATTOS, 2006; KERN, 2005).
Quando esse orçamento apresenta um maior grau de precisão como, por exemplo, a utilização
de um levantamento completo de quantitativos dos serviços constantes no projeto,
composições unitárias de serviços e realização de uma pesquisa externa de preços dos
insumos, esse orçamento pode ser denominado como orçamento analítico, detalhado ou
convencional. Neste orçamento detalhado ainda devem ser apresentados os custos dos
serviços diretos e os indiretos e devem ser definidos também os impostos e lucro esperado
pelo construtor (DIAS, 2011).
O orçamento ainda pode ser visto com múltiplos objetivos, envolvendo um sistema de
autorização ou forma de liberação de recursos, um instrumento de motivação dos gestores
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Ainda que o sistema de gestão de custos tenha como atribuições fundamentais estimar custos
para produtos e serviços, além de disponibilizar aos gestores informações que possam servir
de base para tomada de decisões, é recorrente a ocorrência de falhas nesse processo de gestão
de custo aplicada na construção. Cabe ressaltar que as falhas podem gerar desvios no
orçamento considerando valores estimados acima ou abaixo dos valores praticados na
execução, entretanto ambos os casos indicam ineficiência durante a orçamentação (AHIAGA-
DAGBUI; SMITH, 2014).
Apesar de ser o principal sistema de informação quantitativa de uma empresa, muitas vezes
inexiste o vínculo entre os indicadores gerados na gestão do custo com as metas estabelecidas
para o negócio. Sendo assim, acrescenta-se que para a melhoria do processo de tomada de
decisão é necessário ter o controle de todo o progresso executivo do empreendimento, além
dos efeitos dos desvios ocorridos com suas respectivas causas (KERN, 2005).
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Após uma busca nas bases de dados Scopus, Sience Direct, Engeneering Vilage e Web of
Knowledge, a partir das strings principais cost overrun e construction industry, foram
selecionados 52 artigos aderentes ao tema. Um filtro foi realizado para direcionar as pesquisas
com foco nos desvios de custo de obras por contrato, público ou privado, além de
relacionadas ao escopo da construção civil. Este filtro permitiu a compilação do grupo de
causas relacionado na Tabela 1.
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Tabela 1 – Síntese das causas dos desvios de custos em empreendimentos a partir da literatura
Fonte: Autores
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3. Método de pesquisa
Optou-se pelo estudo de caso de cunho descritivo (YIN, 2015) por permitir uma expressiva
quantidade de informações e uma análise em profundidade, necessárias ao atingimento do
objetivo proposto na pesquisa.
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A obra escolhida foi administrada por uma empresa construtora que permitiu a realização da
pesquisa, sediada no estado de Goiás, que atua no mercado da construção há mais de 20 anos,
tendo como foco obras voltadas para segmentos industriais, logísticos, comerciais,
minerações, infraestrutura e residencial, sendo este último em menor proporção.
Neste formulário são descritos os serviços que sofrem alteração no custo em relação ao
orçamento inicial, informando ainda o valor solicitado como adição no orçamento e o motivo
que gerou esta necessidade de modificação. Com o formulário preenchido, o mesmo é
encaminhado para aprovação e consequente liberação do valor solicitado para utilização.
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Fonte: Autores
Os dados foram coletados e avaliados a partir do formulário padrão denominado “Solicitação
de Alteração no Planejamento” preenchidos ao longo de toda a execução do empreendimento.
Este formulário é representado na Figura 2.
Figura 2 – Formulário de solicitação de alteração no planejamento
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Fonte: Autores
Os registros de solicitação de alteração no planejamento foram analisados individualmente,
com o intuito de identificar a quantidade de modificações ocorridas por frentes de serviço. O
impacto gerado por cada um desses desvios no orçamento final da obra foi avaliado, buscando
quantificar a recorrência e impacto no custo final do empreendimento.
Foi avaliado por serviço se as alterações ocorridas correspondiam a desvios positivos, quando
o valor executado ultrapassa o valor orçado, e desvios negativos, quando o valor orçado está
acima do valor executado, e ainda, identificou-se o impacto financeiro, ou seja, verificou-se
em termos percentuais o que o desvio gerado por cada serviço corresponde em relação ao
desvio global de toda a obra.
De forma complementar à análise dos registros, foram realizadas entrevistas não estruturadas
com gestores da área de orçamentos da empresa, com o intuito de entender os procedimentos
realizados. Posterior à avaliação dos desvios ocorridos em cada serviço, constatou-se que
vários são os problemas que ocasionam desvio no custo previsto inicialmente, sendo possível
então criar grupos de forma a categorizar os desvios.
Para a criação desta categorização das causas dos desvios de custos, utilizou-se o
embasamento bibliográfico retirado da etapa de revisão, incluindo fatores apontados na
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Tabela 2 – Síntese das causas dos desvios de custos em empreendimentos a partir da literatura
Fonte: Autores
Posteriormente avaliou-se cada causa com o intuito de identificar fatores que influenciaram
sua ocorrência. Foram propostas diretrizes visando a minimização das ocorrências
encontradas. Esta etapa final da análise dos fatores que causaram os desvios e proposições de
melhorias foram também abordadas nas entrevistas não estruturadas com os gestores da área
de orçamentos empresa para maior precisão da análise.
4. Resultados e discussões
O Gráfico de Pareto apresentado na Figura 3 representa o percentual dos desvios negativos
ocorridos por serviços da obra.
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Os desvios negativos demonstram que o valor orçado está acima do valor executado, ou seja,
houve uma economia frente à realização destes serviços. O serviço referente à execução de
estruturas de concreto apresentou a maior economia ocorrida. De acordo com os formulários
preenchidos, o orçamento apresentou valores referentes a serviços e tarefas que no instante da
execução não foram realizados, ou por terem sido aplicadas ações mais simplificadas ou ainda
por não haver a necessidade de cumprir as descrições previstas nos levantamentos feitos no
orçamento.
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Os desvios positivos ocorridos são avaliados como desvantagens financeiras geradas ao longo
do processo, já que representam alterações orçamentárias que tornaram os serviços
executados mais caros que o previsto na fase de orçamentação. A execução de dry wall e a
pintura externa e interna geraram desvios que somados correspondem a 63,3% do desvio
global, o que pode ser explicado principalmente devido a definições de valores unitários, na
fase de elaboração do orçamento, abaixo dos valores de fato contratados e, ainda, a
quantidades levantadas na fase de orçamentação inferiores às executadas no projeto.
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Fonte: Autores
Dessa forma percebe-se que o serviço de limpeza teve um desvio, aproximadamente, nove
vezes maior em termos de porcentagem do orçamento inicial do que o serviço de dry wall, no
entanto, analisando financeiramente, o serviço de dry wall foi onze vezes maior que o de
limpeza. Verifica-se, então, que a porcentagem referente ao orçamento inicial não é
diretamente proporcional ao impacto financeiro na obra.
Posterior à avaliação dos desvios ocorridos em cada serviço, pode-se analisar cada categoria
de causa previamente definida.
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Entre as causas levantadas, é possível destacar que o preço unitário realizado acima do preço
orçado foi o fator mais recorrente, ou seja, corresponde ao item de maior número de
alterações no orçamento realizado. Unidades consideradas em composição divergente do
encontrado no mercado foi o fator com o menor índice de repetição e recorrência.
O gráfico apresentado na Figura 6 ilustra o tratamento dos dados referente à recorrência das
causas dos desvios e seu impacto financeiro em relação ao orçamento previsto.
Figura 6 – Recorrência e impacto financeiro das causas que geraram desvios no orçamento inicial
Fonte: Autores
Pode-se observar que o preço unitário realizado acima do orçado também é o que causou
maior impacto no custo.
Diante das causas de desvio de custo em relação ao orçamento inicial levantadas, foi possível
avaliar pontualmente cada uma delas, analisando seus fatores determinantes:
Preço unitário realizado divergente ao que foi orçado: muitas vezes a empresa utiliza
preços históricos ou ainda arbitra preços “por sentimento”. Ressalta-se também que o
método utilizado para escolha do preço é o do “menor preço”, ou seja, muitas vezes ao
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Considerando os desvios de custo positivos e negativos ocorridos, pode-se concluir que houve
ao final do projeto um desvio de custo positivo de aproximadamente 3% em relação ao
orçamento total do empreendimento. Sendo assim, a partir dos dados expostos, é possível
sugerir algumas ações e diretrizes que auxiliem na gestão do orçamento e custo durante a
execução de um projeto.
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A falta de retroalimentação da área de orçamento pela área de produção é um fator que gera
grande impacto, pois apesar da empresa estudada utilizar um sistema operacional que permite
gerenciar custos, não há garantia que as apropriações desse custo estão sendo realizadas de
maneira correta, o que gera descrédito das informações apresentadas. Sendo assim, com o
maior envolvimento da produção no orçamento, tornando com que seu bom desempenho não
dependa apenas do orçamentista, geraria um maior comprometimento e permitiria que a partir
de apropriações corretas fosse gerado um banco de dados de composições de custos próprio
da empresa para grande parte dos serviços.
Outra ação considerada é o orçamentista visitar as obras com o intuito de obter conhecimento
em campo mais detalhado dos métodos executivos, o que possibilitaria também a troca de
informações quanto ao desempenho do orçamento realizado, produtividades e percentuais de
perda reais dos insumos.
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Sempre que ocorrerem alterações entre custo estimado e custo real deve ser realizada uma
análise crítica com o intuito de identificar causas como composições inadequadas, alterações
de projeto, erros de estimativas de duração, complexidade não prevista, que devem ser
repassadas para conhecimento dos responsáveis pela orçamentação, buscando a regularização
de possíveis erros de orçamentos futuros.
5. Conclusões
Por se tratar de um estudo de caso, não é prudente que seja feita uma análise genérica para
todas as empresas do ramo da construção civil, visto que cada uma delas apresentam
realidades que se diferem em vários aspectos e as estratégias de elaboração de orçamento e
planejamento não condizem a um fator necessariamente global.
Através do estudo realizado constatou-se que existem diversos fatores que influenciam na
ocorrência de desvios no orçamento, em qualquer tipo de serviço orçado, podendo este desvio
gerar vantagens ou desvantagens frente ao ocorrido. No entanto, destaca-se que no caso
avaliado os desvios positivos, geradores de prejuízos financeiros à empresa, são mais
frequentes e ainda são altamente impactantes em relação ao custo estimado, já que tornaram o
valor executado maior que o projetado.
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Pode-se dizer ainda que, para uma empresa garantir sua sobrevivência no mercado de forma
eficiente, de modo a manter sua atratividade quanto ao custo sem prejudicar o seu produto
final, é necessário não apenas a elaboração de um orçamento mais preciso, mas também que
haja uma boa gestão de custos durante a execução da obra, permitindo além de uma avaliação
contínua daquilo que foi planejado, uma forma de alimentar orçamentos futuros.
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