Você está na página 1de 6

Ficha de Leitura nº3

Política Financeira do Estado


Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante seja capazes de perceber como ocorre o processo
politico financeiro do estado.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Objectivos
 Diferenciar a Politicas de Redistribuição com a Política de estabilização do Estado;
 Explicar as implicações em casos de não aplicação das políticas Financeira.
 Definir a Politica Finanças de Estabilização

Política de Redistribuição
Os rendimentos são criados na produção dos bens e distribuídos, a titulo de salários, rendas, juros
e lucros, aos que nela participam ou para ela contribuem. Mas pode suceder que os titulares dos
rendimentos distribuídos os cedam voluntária ou coercivamente a outrem sem qualquer
contrapartida ou sem contrapartida igual. Nessa altura temos redistribuição. A redistribuição dos
rendimentos é uma distribuição de rendimentos que foram distribuídos, é portanto, uma
distribuição a outro
título que o de elemento de produção, dai que se tenha que efectuar mediante a transferência dos
que auferem os rendimentos, que são elementos da produção, para os beneficiários, que não são
elementos da produção.
As finanças públicas constituem o principal processo de redistribuição, e de redistribuição
coactiva. O Estado exige aos contribuintes parcelas dos seus rendimentos correntes (impostos
sobre o rendimento) e parcelas dos seus rendimentos entesourados ou investidos (imposto sobre
o património), e depois, com os impostos, concede subsídios e produz bens públicos e bens semi-
públicos, que fornece gratuitamente ou a preço inferior ao custo aos que sentem as respectivas
necessidades. Os rendimentos dos contribuintes são, assim, transferidos para os destinatários dos
subsídios e os utentes dos bens públicos e semipúblicos.
A verdadeira redistribuição apenas existe quando o que quem quer perde como contribuinte é
mais ou é menos do que o que ganha como beneficiário das transferências efectuadas pelo
Estado.
O Estado redistribui quando fornece o serviço do exército, não é para redistribuir que ele produz,
é para satisfazer a necessidade de defesa do território. A redistribuição aparece aqui como efeito
e não como o fim da acção do Estado. Quando o Estado concede subsídios a famílias carecidas,

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)
já o faz para redistribuir, para satisfazer a necessidade, que sentem alguns ou porventura muitos
cidadãos, de que parte dos rendimentos dos contribuintes seja transferida para os pobres.
A redistribuição que se tem preconizado e geralmente se tem feito é no sentido de transferir
rendimentos de quem possui mais para quem possui menos; no sentido, portanto, de favorecer
indivíduos de rendimentos
inferiores aos dos que contribuem para ela. Normalmente o Estado onera, com os impostos de
taxa progressiva (é o que acontece no IRPS, quem mais ganha mais contribui), os grandes
rendimentos e as grandes fortunas, e redistribui a titulares de pequenos rendimentos. A
redistribuição dá-se pois, dos que se encontram acima da zona dos rendimentos médios para os
que se encontram abaixo dela, isto é, dá-se dos ricos para os pobres.
Tem-se defendido essa redistribuição, com os seguintes argumentos:
a) a injustiça dos largos desníveis de rendimentos, pois resultam sobretudo, não do esforço ou do
mérito, mas do caso;
b) o carácter desumano da carência de bens essenciais, pois nega a dignidade das pessoas;
c) o inconveniente das situações de pobreza, pois podem ter consequências sociais nocivas,
podem gerar desordens, revoltas, alta criminalidade;
d) a incorrecção das diferenças de ponto de partida, pois ofendem as regras duma competição
leal.
A redistribuição tem em fim reduzir as desigualdades de rendimentos, e o Estado consegue
através de:
- Atribuição de subsídios, ou seja, dádivas monetárias;
- Fornecimento de bens públicos, portanto, gratuitos aos que sentem correspondentes
necessidades colectivas;
- Fornecimento de bens semi-públicos, também gratuitos ou a preços inferiores aos custos, por
ele próprio produzidos ou por empresas privadas a que outorga subvenções. Assim sucede
quando o Estado
auxilia pobres com donativos, lhes previne de doenças com saneamento do ambiente e
fornecimento de água potável, lhe proporciona internamento grátis nos hospitais e lhes facilita
habitações a preço reduzido ou subvenciona, para que lhes facilitem, empresas de construção
Politica de Estabilização
a) O ideal do pleno emprego
A política de estabilização tem em vista preservar o país do forte desemprego e da variação
considerável do nível dos preços.
Conceitos a aprofundar: desemprego e inflação.

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)
Sabemos que o valor do rendimento de uma nação é essencialmente, o valor dos bens de
produção e de consumo finalizados nessa nação durante um certo período. Esses bens são bens
produzidos e, para os produzir, utilizou-se força de trabalho, bens capitais, ou simplesmente
capital e natureza. O aumento do rendimento nacional importa um aumento da quantidade de
bens produzidos, e este importa um aumento da quantidade de elementos produtivos utilizados,
portanto, para o aumento da produção exige o aumento de factores produtivos empregues nos
campos, na oficina e nas fábricas, isto é, depende do emprego e de outros factores produtivos.
Por isso, a situação ideal de qualquer país é a do plano emprego, a da plena ocupação das suas
forças de trabalho. Na verdade, se há pleno emprego, é máxima a produção que se pode obter
com a técnica existente; e o máximo de produção traduz-se no máximo de rendimento nacional.
Existindo braços sem emprego e terras e máquinas desaproveitadas, perde-se o rendimento que,
com aqueles braços, se tiraria destas terras e máquinas. Acresce-se que maior parte dos
trabalhadores têm património diminuto, o que não sucede com os capitalistas e proprietários; dai
que os trabalhadores vivam habitualmente do rendimento do seu trabalho, pelo que não ter
emprego significa para eles não dispor de meios de subsistência. Geralmente, os trabalhadores
são os mais gravosamente atingidos pela falta de emprego dos seus braços do que são os
capitalistas e proprietários pela falta de utilização das suas máquinas e terras.
b) Desemprego friccional, sazonal, estrutural e cíclico, Não é desemprego, quando se pode
trabalhar e não se quer (caso do filho de uma família rica e ocioso), não há desemprego quando
se quer trabalhar e não se pode (caso invalido). Se uma pessoa pode e quer trabalhar, mas quer
trabalhar em condições mais vantajosas do que as outras que se encontram empregadas, temos
que concluir que essa pessoa está desempregada porque quer. Portanto, só há desemprego
quando se pode e quer trabalhar, mas não se encontra ocupação ao salário corrente, também
conhecido por desemprego involuntário (Keynes).
Existem, quatro tipos de desemprego, a saber:
1) Desemprego friccional;
2) Desemprego sazonal;
3) Desemprego estrutural e,
4) Desemprego cíclico.

1) Desemprego friccional
Há desemprego que resulta da chegada ao mercado de novos trabalhadores, sobretudo por
alcançarem o mínimo de idade, por concluírem uma certa formação e, por mudança de ocupação
dos trabalhadores existentes. A mudança pode levar algum tempo: ou porque os recém formados
não encontram de imediato ocupação, ou se encontram ocupação é, em outros sítios, para onde
têm de se deslocar.

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)
O tempo que a obtenção ou a mudança de emprego exige é como atrito cuja a resistência há que
vencer para se conseguir ocupação, é o chamado desemprego de fricção ou desemprego
friccional.
2) Desemprego sazonal
É o tipo de desemprego que se verifica periodicamente, em certos meses do ano. É o desemprego
próprio de determinada estação de determinada sazão. Encontra-se na agricultura; os lavradores
precisam de muitos no Outono, durante as colheitas; precisam de poucos no Inverno; dai que em
todos os Invernos surja desemprego nas regiões rurais.
3) Desemprego Estrutural
É o tipo de desemprego que é provocado por alterações na estrutura da economia do país. Se as
indústrias introduzem novas técnicas, dispensam braços (desemprego tecnológico); se a sua
produção se concentra nas empresas mais eficientes, dispensam braços; se a sua produção
declina em consequência da redução duradoura da procura, ainda dispensam braços. Em
qualquer dos casos o desemprego resulta de se ter modificado a estrutura da economia.
4) Desemprego cíclico
É o tipo de desemprego que se verifica em seguida ao período de prosperidade: é o desemprego
cíclico. De todos, é este o mais grave, pois pode afectar enormes massas de trabalhadores –
milhões e, até dezenas de milhões, como sucedeu nos anos 30 e, actualmente com a crise
financeira internacional.
Os ciclos económicos
1) A actual configuração dos ciclos
2) A prosperidade e a depressão – forças orgânicas e acidentais que podem inverter os
movimentos de expansão e contracção.
A economia capitalista é uma economia que conhece fases alternadas de prosperidade e
depressão. Começa aumentar o emprego e, consequentemente, a produção e o rendimento
nacional; mas que esse aumenta não se mantém indefinidamente: em certa altura pára e, depois
principia a diminuir o emprego e, consequentemente, a produção e o rendimento nacional. Por
sua vez, também esta diminuição não prossegue indefinidamente: em altura posterior também ela
pára, e recomeça a aumentar o emprego, e a produção, e o rendimento nacional.
Temos, pois, uma fase de prosperidade, a que se segue uma fase de depressão; depois desta, nova
fase de prosperidade, a que volta a seguirse uma fase de depressão: e assim sucessivamente. São
os ciclos económicos. Uma fase de prosperidade mais uma fase de depressão constituem um
ciclo (depois da tempestade, vem a bonança).
Factores que contribuíram para eliminação de profundas depressões:
 Grande aumento da percentagem de despesas rígidas, incompressíveis, isto é despesas
que não se podem deixar de fazer;

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)
 A resistência dos sindicatos à baixa generalizada dos salários e a acção dos
estabilizadores automáticos;
 A intervenção do Estado, isto é, as medidas financeiras e monetárias por ele tomadas para
combater a depressão.
Na fase de depressão, diminui o rendimento nacional e por conseguinte, o consumo. E a diminuir
tantos que muitas das empresas produtoras de bens de consumo não precisam, para produzirem o
que o mercado lhes requer, de substituir os capitais usados, bastando-lhes utilizar os que ainda o
não estão. O investimento tende para 0 (zero). Todavia, nem as empresas nem os consumidores
podem adiar indefinidamente a substituição de capitais fixos e dos bens de consumo duradouros.
Lá chega a altura em que já não é possível a bom número de empresas assegurarem a produção
com os capitais que ainda não estão inutilizados, nem a muitos dos consumidores deixarem de
substituir parte dos seus bens duradouros.
Vai, pois, aumentar o investimento: não só porque renasce a procura de capitais de substituição,
como porque, aumentando o consumo, surge a procura de capitais novos. Entra-se, desta sorte,
na fase de prosperidade:
O aumento do investimento provoca um aumento acelerado do investimento. E pode ser assim
porque a economia dispõe, ao sair da depressão, dos elementos produtivos necessários para que
desenvolva o efeito-propulsão. Dispõe, na verdade, de excesso de fundos nos bancos.
Assiste-se, pois, ao processo cumulativo: mais investimentos, muito mais consumo, muito mais
investimento... Este processo, não é susceptível de prosseguir indefinidamente pois, a expansão
acaba por ser limitada pelo pleno emprego. Quando todos os que possam e queiram trabalhar
tiverem encontrado ocupação, é claro que a produção total só poderá crescer duradouramente,
através do aumento do número de braços, consequentemente ao aumento da população, ou
através da introdução de novos processos técnicos e métodos de trabalho nas empresas, que
permitem produzir mais com os braços disponíveis.
Sucede que, nem sempre as fases de prosperidade atingem o pleno emprego, isto devido o
seguintes factores:
- Os investimentos excessivos feitos nos primeiros estádios de prosperidade. Sucede
frequentemente que algumas empresas cheias do optimismo que o retorno da prosperidade lhes
dá, e tentando apetrecharse para conquistarem os aumentos previstos de procura, instalam
equipamentos que vêm, depois, a mostrar-se exagerados. Dai que pode resultar a quebra do
investimento;
- a diminuição da eficiência marginal, em virtude de os preços dos elementos produtivos
passarem, a certa altura, a subir mais que proporcionalmente aos preços dos produtos e serviços.
Os custos passam assim a subir a ritmo crescente, mas os preços podem passar a subir a ritmo
decrescente, pois, os lucros das empresas, diminuir consequentemente a eficiência do capital e,
com isso, o investimento;
- o esgotamento da capacidade financiadora dos bancos. São os bancos que financiam em boa
medida o desenvolvimento das empresas. Mas os bancos só podem conceder crédito dentro do

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)
limite, talvez os bancos esgotem a sua capacidade de conceder créditos, deixando financiar o
desenvolvimento das empresas produtoras de bens consumo. Se tal acontecer, estas empresas
cessam de expandir-se; deixa , por conseguinte, de aumentar o consumo, e o investimento
decresce. Entramos de novo na depressão.
Exercícios
1. Porquê afirmamos que “ A redistribuição tem em fim reduzir as desigualdades de rendimentos
na sociedade”?
2. De ponto de vista de Keynes, Portanto, só há desemprego quando se pode e quer trabalhar,
mas não se encontra ocupação ao salário corrente, também conhecido por desemprego
involuntário. Cita outros tipos de desempregos que conheceu durante a leitura.
3. “Uma fase de prosperidade mais uma fase de depressão constituem um ciclo económico” -
Sustenta esta afirmação a partir do teu conhecimento sobre a a matéria e indique os factores que
contribuíram para eliminação de profundas depressões.

Finanças Públicas | Politica Financeira do Estado | Texto de Apoio | Cremildo Manhique (MA)

Você também pode gostar