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2006

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Simulado: Direito Constitucional – por Antonio Henrique Lindeberg Baltazar

Simulado Direito Constitucional

Assunto:

SIMULADO DE DIREITO
CONSTITUCIONAL COMENTADO

Autor:

ANTÔNIO HENRIQUE LINDEMBERG BALTAZAR

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Simulado: Direito Constitucional – por Antonio Henrique Lindeberg Baltazar

SIMULADO CONSTITUCIONAL
Questão 01 – Assinale a opção correta:
a) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da
proporcionalidade tem aplicação no nosso sistema constitucional por força do
princípio do devido processo legal.
b) A prisão provisória não se compatibiliza com o princípio constitucional da
presunção de inocência.
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a determinação contida na
lei de crimes hediondos no sentido de que os autores de determinados crimes
cumpram a condenação em regime fechado atenta contra o princípio da
individualização da pena.
d) A condenação criminal proferida com base exclusiva em provas obtidas no
inquérito criminal é plenamente válida.
e) Segundo entendimento dominante na doutrina e na jurisprudência, os direitos
fundamentais não têm aplicação às relações privadas.

a) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da


proporcionalidade tem aplicação no nosso sistema constitucional por força do
princípio do devido processo legal.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Certa


Conforme artigo de Luciano Sampaio Gomes Rolim “ Atualmente, vive o Direito a era dos
princípios, assumindo estes posição hegemônica na pirâmide normativa.Diante desta
constatação, faz-se mister, inicialmente, deixar assente uma noção acerca de tal
categoria jurídica.Princípios, no sentido jurídico, são proposições normativas básicas,
gerais ou setoriais, positivadas ou não, que, revelando os valores fundamentais do
sistema jurídico, orientam e condicionam a aplicação do direito.

Conforme averbou CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (1), em lição lapidar:

"Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele,


dispositivo fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espírito
e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. (...)Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma
qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de
ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais,
contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto
porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas
esforçada."

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De acordo com a lição de PAULO BONAVIDES , é na idade do pós-positivismo que tanto


a doutrina do Direito Natural como a do velho positivismo ortodoxo vêm abaixo, em
decorrência de reação intelectual comandada por RONALD DWORKIN, jurista de
Harvard. Os princípios, então, passam a ser tratados como direito. Dentre os princípios
que iluminam o novo Direito Constitucional, ganha cada vez mais relevo, inclusive na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da proporcionalidade. O princípio
em exame também cumpre a relevante missão de funcionar como critério para solução de
conflitos de direitos fundamentais, através de juízos comparativos de ponderação dos
interesses envolvidos no caso concreto. Esta função é ressaltada por PAULO
BONAVIDES , in verbis:

"Uma das aplicações mais proveitosas contidas potencialmente no princípio da


proporcionalidade é aquela que o faz instrumento de interpretação toda vez que ocorre
antagonismo entre direitos fundamentais e se busca daí solução conciliatória, para a qual
o princípio é indubitavelmente apropriado. As cortes constitucionais européias,
nomeadamente o Tribunal de Justiça da Comunidade Européia, já fizeram uso freqüente
do princípio para diminuir ou eliminar a colisão de tais direitos."

No presente estudo, intentar-se-á fazer uma análise crítica, sobretudo à luz da


jurisprudência do STF, do emprego do princípio da proporcionalidade no primeiro sentido
mencionado, vale dizer, como mecanismo de tutela dos direitos fundamentais contra os
abusos do poder público.

(...) VEDAÇÃO DE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS APENAS NAS ELEIÇÕES


PROPORCIONAIS - PROIBIÇÃO LEGAL QUE NÃO SE REVELA ARBITRÁRIA OU
IRRAZOÁVEL - RESPEITO À CLÁUSULA DO SUBSTANTIVE DUE PROCESS OF LAW
(devido processo legal). - O Estado não pode legislar abusivamente. A atividade legislativa
está necessariamente sujeita à rígida observância de diretriz fundamental, que,
encontrando suporte teórico no princípio da proporcionalidade, veda os excessos
normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público. O princípio da proporcionalidade
- que extrai a sua justificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais,
notadamente daquela que veicula a garantia do substantive due process of law (devido
processo legal) - acha-se vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do Poder Público
no exercício de suas funções, qualificando-se como parâmetro de aferição da própria
constitucionalidade material dos atos estatais. A norma estatal, que não veicula qualquer
conteúdo de irrazoabilidade, presta obséquio ao postulado da proporcionalidade,
ajustando-se à cláusula que consagra, em sua dimensão material, o princípio do
substantive due process of law (CF, art. 5º, LIV). Essa cláusula tutelar, ao inibir os efeitos
prejudiciais decorrentes do abuso de poder legislativo, enfatiza a noção de que a
prerrogativa de legislar outorgada ao Estado constitui atribuição jurídica essencialmente
limitada, ainda que o momento de abstrata instauração normativa possa repousar em juízo
meramente político ou discricionário do legislador"
(grifamos).Votação: por maioria, vencido o Min. Ilmar Galvão. Resultado : indeferida. DJ
DATA-24-11-00 PP-00086; EMENT VOL-02013-10 PP-01974. Julgamento: 07/03/1996 -
Tribunal Pleno.

Relativamente ao conteúdo do princípio da proporcionalidade, a doutrina, de um modo


geral, desdobra-o em três sub-princípios: adequação, necessidade e proporcionalidade
em sentido estrito. Primeiramente, a medida adotada deve ser a mais adequada para a
satisfação do interesse público visado pela norma, sob pena de invalidade. Outrossim, a

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restrição aos direitos fundamentais deve restringir-se ao estritamente necessário ao


atendimento daquele interesse. Segundo CANOTILHO (11):

"O princípio da exigibilidade também conhecido como ‘princípio da necessidade’ ou da


‘menor ingerência possível’, coloca a tônica na idéia de que o cidadão tem direito à menor
desvantagem possível. Assim, exigir-se-ia sempre a prova de que, para a obtenção de
determinados fins, não era possível adotar outro meio menos oneroso parao cidadão"
(grifos do original).

Por último, reclama-se a proporcionalidade entre a restrição imposta e a medida adotada.


Aqui, "meios e fim são colocados em equação mediante um juízo de ponderação, com o
objetivo de se avaliar se o meio utilizado é ou não desproporcionado em relação ao
fim"(12).

Alternativa B: Resposta Errada


Não é este o entendimento da Suprema Corte e do Superior Tribunal de Justiça, que
inclusive já sumulou a matéria, SÚMULA 9: “A exigência de prisão provisória, para apelar,
não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”. Tendo ainda decidido
que “a Constituição Federal, não paira dúvida, tem como regra geral ficar-se em
liberdade, enquanto se aguarda o desenrolar do processo penal. Todo cidadão é inocente
até que seja irremediavelmente condenado (art. 5, LVII).

É que o preso, por sofrer restrição em sua liberdade de locomoção, não deixa de ter o
direito de ampla defesa diminuído. Mas, por outro lado, poder estar em jogo valor que
também deve ser protegido para a apuração da verdade real. Daí a mesma Constituição
(que constitui um sistema lógico-político) permitir a prisão em circunstâncias excepcionais
(art. 5º, LXI E LXVI), exigindo sempre a sua fundamentação, sobretudo por tratar de
exceção (art. 93, IX). Por tal motivo, mesmo o primário e de bons antecedentes pode ser
preso sem nenhum arranhão aos princípios constitucionais”.

Alternativa C: Resposta Errada


O entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado através de vários julgados, é
a constitucionalidade do cumprimento integral em regime fechado dos crimes hediondos e
assemelhados, uma vez que a individualização da pena, conforme previsão constante no
art. 5º, XLVI, é matéria de a ser disciplinada por lei ordinária (“a lei regulará a
individualização da pena e adotará, entre outras...”). Deste modo, decisão do STF em
ação de Habeas Corpus nº 69.603-1 “ À lei ordinária compete fixar os parâmetros dentro
dos quais o julgador poderá efetivar ou a concreção ou a individualização da pena. Se o
legislador ordinário dispôs, no uso da prerrogativa que lhe foi deferida pela norma
constitucional, que nos crimes hediondos o cumprimento da pena será no regime fechado,
significa que não quis ele deixar, em relação aos crimes dessa natureza, qualquer
discricionariedade ao juiz na fixação do regime prisional”.

Alternatica D: Resposta Errada


Importante salientar que o princípio do contraditório não se aplica à fase do inquérito
policial, segundo a majoritária doutrina. Por essa razão é que a condenação não pode ser
proferida com base em provas colhidas durante o inquérito, salvo quando se trata de
prova com valor judicial (por exemplo: provas periciais).

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Tampouco se admite contraditório no interrogatório policial. É bem verdade que o art. 6º


do CPP manda aplicar o art. 185 e ss. do CPP no que diz respeito ao interrogatório.

Interpretação sistemática e lógica nos conduz, entretanto, a não aceitar o contraditório na


fase policial, que é regida pelo princípio inquisitivo. Deste modo, uma condenação
proferida baseada apenas no inquérito policial carece de validade por ofender osprincípios
constitucionais do devido processo legal e do contraditório (art. 5º, LIV e LV).

Alternativa E: Resposta Errada:


Conforme nos relata o Professor Paulo Gustavo Gonet Branco “A segunda turma do
Supremo Tribunal enxergou controvérsia constitucional apta a ensejar o conhecimento e
provimento de recurso extraordinário em causa em que se discutia a legitimidade formal
da expulsão de sócios de uma cooperativa, sem a observância dos preceitos estatutários
relativos à defesa dos excluídos. O relator, Ministro Marco Aurélio, dirigiu toda a
apreciação do caso para o ângulo da garantia constitucional da ampla defesa.
Argumentou que “a exaltação de ânimos não é de molde a afastar a incidência do preceito
constitucional assegurador da plenitude da defesa nos processos em geral”. (…) Incumbia
à Cooperativa, uma vez instaurado o processo, dar aos acusados a oportunidade de
defenderem-se e não excluí-los sumariamente do quadro de associados (…), sem a
abertura de prazo para produção de defesa e feitura de prova”. A decisão tomou como
indiscutível que há normas de direitos fundamentais que incidem diretamente sobre
relações entre pessoas privadas.O precedente afasta a jurisprudência da linha de
entendimento que preconiza a necessidade de uma relação entre Estado e indivíduo, para
que se possam invocar direitos fundamentais. Não adere à posição dos que conferem
decisivo significado ao fato de tais direitos terem sido concebidos, originalmente, como
garantias dos indivíduos contra as expansões dos poderes públicos, inteligência esta
dominante nos Estados Unidos, ainda que com os temperamentos da doutrina do state
action2. Os que acolhem a influência dos direitos fundamentais nas relações privadas
costumam ressaltar que também no âmbito das relações interpessoais, desenvolvidas
sem a presença do Estado, não raro um dos pólos se acha em tal posição de domínio
social, econômico ou político que a suposta liberdade de agir da outra parte não
ultrapassa o plano da mera aparência. As razões que conduziram, historicamente, à
proclamação dos direitos fundamentais podem, então, justificar que eles sejam também
invocados contra particulares.

Questão 02 - Assinale a opção correta:


a) É possível invocar-se direito adquirido contra mudanças de um dado regime ou de
um determinado instituto jurídico.
b) As leis de ordem pública aplicam-se independentemente da proteção do direito
adquirido ou do ato jurídico perfeito.
c) No sistema constitucional brasileiro, veda-se expressamente a aplicação de
qualquer lei com caráter retroativo.
d) A jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal consagra a possibilidade de
se invocar direito adquirido contra a Constituição Federal.
e) Preenchidos os requisitos para a aposentadoria segundo a lei vigente ao tempo da
aposentação, reconhece-se a existência a direito adquirido.

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Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


Conforme nos ensina o Professor Uadi Lammêgo Bulos, “é necessário que se esclareça a
posição do Supremo Tribunal Federal quando, em diversas assentadas, assinalou que
não há direito adquirido a regime jurídico de instituto ou instituição de direito.

Não se trata de decisão política, como se poderia pensar a um primeiro momento, nem,
tampouco, de retaliação à garantia constitucional do direito adquirido (art.5º, XXXVI) ou
desrespeito a instituto insuprimível (art.60, § 4º, IV).

O que subjaz a esse raciocínio é a nítida diferença entre direito adquirido, direito
consumado, expectativa de direito e simples faculdade legal.

Direito adquirido é a conseqüência de fato aquisitivo realizado por inteiro.

Direito consumado é aquele que já produziu todos seus efeitos concretos.

Expectativa de direito é a simples esperança, resultante do fato aquisitivo incompleto.

Meras faculdades legais são poderes concedidos aos indivíduos, dos quais eles não
fazem nenhum uso.

Ora, ao se dizer que inexiste direito adquirido a regime jurídico de instituto de direito não
se está indo de encontro à garantia estampada no art.5º, inc. XXXVI, da Constituição. Isto
porque fatos realizados por inteiro, simples esperanças ou meras possibilidades legais
não se enquadram no citado inc.XXXVI.

Logo, se a lei nova mudar regime jurídico de instituto de direito, alicerçado num direito
consumado, numa expectativa de direito ou numa simples faculdade legal, esta alteração
se aplicará imediatamente. Não há direito adquirido nesses casos”. É este o entendimento
do Supremo Tribunal Federal.

Alternativa B: Resposta Errada


Segundo Clóvis Beviláqua, “leis de ordem pública são aquelas que, em um Estado,
estabelecem os princípios, cuja manutenção se considera indispensável à organização da
vida social, segundo os preceitos do direito (...)” Todavia, em tema de leis de ordem
pública, observa-nos José Afonso da Silva que "não é rara a afirmativa de que não há
direito adquirido em face da lei de ordem pública ou de direito público. A generalização
não é correta nesses termos" (assegura-nos). Mas, traça esta ponderação:

"O que se diz com boa razão é que não corre direito adquirido contra o interesse coletivo
(qual o dos consumidores, seja-nos permitida a ênfase), porque aquele é manifestação de
interesse particular que não pode prevalecer sobre o interesse geral" (Curso de Direito
Constitucional Positivo, 13ª ed., Malheiros, pág. 414).

STF – “O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Adin 493, relatada pelo
Ministro Moreira Alves, firmou o seguinte entendimento : ‘ o disposto no art. 5º, “XXXVI, da

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Constituição Federal, se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer


distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e
lei dispositiva”.

Alternativa C: Resposta Errada


Na própria Constituição Federal encontramos a resposta desta pergunta. No art. 5º, XL,
há a previsão do preceito possibilitador da retroatividade da lei penal mais benéfica ao
réu.

Alternativa D: Resposta Errada


Como assevera o Professor José Afonso da Silva, “Antes da promulgação da Constituição
de 1988 entendia-se que não havia direito adquirido contra norma constitucional, fosse ela
originária ou derivada. Hoje, no entanto, é necessário distinguir entre as normas
constitucionais provenientes da atuação do poder constituinte originário – normas
constitucionais originarias – e as normas constitucionais provenientes de emendas
constitucionais – normas constitucionais derivadas. Quanto às primeiras, dúvida alguma
resta de que não se submetem ao direito anterior e, por isso, não estão sujeitas a
respeitar o direito adquirido. Neste aspecto basta lembrar Pontes de Miranda: ´A
constituição é rasoura que desbasta o direito anterior, para que só subsista o que for
compatível com a nova estrutura e as normas regras jurídica constitucionais´(Cf.
Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n. 1 de 1969, t. VI, São Paulo,
Revista dos Tribunais, 1972, p. 381), mas a Constituição pode ressalvar como fizeram as
Constituições de 1946 e 1967.

Quanto às normas constitucionais derivadas, a questão tomou novo rumo com a


Constituição de 1988, de sorte que se pode dizer que é pacífico, na doutrina hoje, que
emendas à Constituição não podem ofender o direito adquirido Não é sequer necessário
descer a considerações tal como a de saber se no termo “lei” do inc. XXXVI do art. 5º da
Constituição Federal se inclui também as emendas constitucionais, porque os
fundamentos da intocabilidade do direito adquirido por elas se encontra na vedação
constante do art. 60, § 4º, IV”.

Alternativa E: Resposta Correta


A diferença entre direito adquirido e expectativa de direito está na existência, em relação
ao direito adquirido, de fato aquisitivo especifico já configurado por completo, enquanto na
expectativa de direito ainda faltam alguns requisitos a serem preenchidos. Podemos
apontar o exemplo referente à aposentadoria dos servidores públicos; para aqueles que já
completaram os requisitos para a aposentadoria ( 60 ano de idade e 35 anos de
contribuição , se homem, e 55 anos de idade e 30 anos de contribuição, se mulher), e
optam por continuar em atividade, há o direito adquirido à aposentadoria pelas regras
anteriores, quer dizer, lei posterior não poderá alterar a situação jurídica dos mesmos pois
há o direito adquirido. No entanto, para aqueles que ainda não possuem os requisitos
completos para a aposentadoria, há mera expectativa de direito, pois ainda não
concluíram os requisitos necessários para adquirir o direito.

Merece atenção o previsto no art. 3º da emenda constitucional 41/2003, neste artigo


vemos que o legislador constituinte derivado agiu acertadamente ao preservar o direito

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adquirido daqueles que já tinham cumprido todos os requisitos de da aposentadoria na


data da publicação da emenda, vejamos: “É assegurada a concessão, a qualquer tempo,
de aposentadoria aos servidores públicos, bem como pensão aos seus dependentes, que,
até a data de publicação desta Emenda, tenham cumprido todos os requisitos para
obtenção desses benefícios, com base nos critérios da legislação então vigente.”

Questão 03 - Na interpretação das normas constitucionais e infraconstitucionais que


versam sobre direitos fundamentais, o STF tem admitido:
a) A possibilidade de tratados internacionais serem recepcionados, na ordem jurídica
brasileira, com status de lei complementar.
b) Habeas corpus para desentranhamento de prova ilícita em procedimento penal.
c) A garantia do duplo grau de jurisdição, mesmo quando o processo criminal deva
ser julgado originariamente em tribunal.
d) A condução coercitiva do suposto pai biológico para a realização de exame de
DNA, em se tratando de processo de investigação de paternidade.
e) A quebra do sigilo bancário, em se tratando exclusivamente de instrução de

Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal “é na Constituição da República -
e não na controvérsia doutrinária que antagoniza monistas e dualistas - que se deve
buscar a solução normativa para a questão da incorporação dos atos internacionais ao
sistema de direito positivo interno brasileiro. O exame da vigente Constituição Federal
permite constatar que a execução dos tratados internacionais e a sua incorporação à
ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato
subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do
Congresso Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre
tratados, acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República,
que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII), também
dispõe - enquanto Chefe de Estado que é - da competência para promulgá-los mediante
decreto. O iter procedimental de incorporação dos tratados internacionais - superadas as
fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprovação congressional
e da ratificação pelo Chefe de Estado - conclui-se com a expedição, pelo Presidente da
República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são inerentes:
(a) a promulgação do tratado internacional;
(b) a publicação oficial de seu texto; e
(c) a executoriedade do ato internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e
a obrigar no plano do direito positivo interno.

Precedentes. SUBORDINAÇÃO NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS À


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. - No sistema jurídico brasileiro, os tratados ou
convenções internacionais estão hierarquicamente subordinados à autoridade normativa
da Constituição da República. Em conseqüência, nenhum valor jurídico terão os tratados
internacionais, que, incorporados ao sistema de direito positivo interno, transgredirem,
formal ou materialmente, o texto da Carta Política. O exercício do treaty-making power,
pelo Estado brasileiro - não obstante o polêmico art. 46 da Convenção de Viena sobre o

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Direito dos Tratados (ainda em curso de tramitação perante o Congresso Nacional) -, está
sujeito à necessária observância das limitações jurídicas impostas pelo texto
constitucional.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE TRATADOS INTERNACIONAIS NO


SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO. - O Poder Judiciário – fundado na supremacia da
Constituição da República - dispõe de competência, para, quer em sede de fiscalização
abstrata, quer no âmbito do controle difuso, efetuar o exame de constitucionalidade dos
tratados ou convenções internacionais já incorporados ao sistema de direito positivo
interno. Doutrina e Jurisprudência.

PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS


INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. - Os tratados ou convenções
internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no
sistema jurídico brasileiro, nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade
em que se posicionam as leis ordinárias,havendo, em conseqüência, entre estas e os atos
de direito internacional público, mera relação de paridade normativa. Precedentes. No
sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquica
sobre as normas de direito interno.

A eventual precedência dos tratados ou convenções internacionais sobre as regras


infraconstitucionais de direito interno somente se justificará quando a situação de
antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação
alternativa do critério cronológico ("lex posterior derogat priori") ou, quando cabível, do
critério da especialidade.

Precedentes. TRATADO INTERNACIONAL E RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI


COMPLEMENTAR. - O primado da Constituição, no sistema jurídico brasileiro, é oponível
ao princípio pacta sunt servanda, inexistindo, por isso mesmo, no direito positivo nacional,
o problema da concorrência entre tratados internacionais e a Lei Fundamental da
República, cuja suprema autoridade normativa deverá sempre prevalecer sobre os atos
de direito internacional público. Os tratados internacionais celebrados pelo Brasil - ou aos
quais o Brasil venha a aderir - não podem, em conseqüência, versar matéria posta sob
reserva constitucional de lei complementar.

É que, em tal situação, a própria Carta Política subordina o tratamento legislativo de


determinado tema ao exclusivo domínio normativo da lei complementar, que não pode ser
substituída por qualquer outra espécie normativa infraconstitucional, inclusive pelos atos
internacionais já incorporados ao direito positivo interno). (ADI 1480 MC / DF - DISTRITO
FEDERAL

MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a):


Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 04/09/1997)

Alternativa B: Resposta Correta


O entendimento do Supremo Tribunal Federal é pela “Admissibilidade, em tese, do
habeas corpus para impugnar a inserção de provas ilícitas em procedimento penal e
postular o seu desentranhamento: sempre que, da imputação, possa advir condenação a

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pena privativa de liberdade: precedentes do Supremo Tribunal. II. Provas ilícitas: sua
inadmissibilidade no processo (CF, art. 5º, LVI): considerações gerais.
2. Da explícita proscrição da prova ilícita, sem distinções quanto ao crime objeto do
processo (CF, art. 5º, LVI), resulta a prevalência da garantia nela estabelecida sobre o
interesse na busca, a qualquer custo, da verdade real no processo: conseqüente
impertinência de apelar-se ao princípio da proporcionalidade - à luz de teorias
estrangeiras inadequadas à ordem constitucional brasileira - para sobrepor, à vedação
constitucional da admissão da prova ilícita, considerações sobre a gravidade da infração
penal objeto da investigação ou da imputação. III. Gravação clandestina de "conversa
informal" do indiciado com policiais.
3. Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião,
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental
- de constituir, dita "conversa informal", modalidade de "interrogatório" sub- reptício, o qual
- além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial
(C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao
silêncio.
4. O privilégio contra a auto-incriminação - nemo tenetur se detegere -, erigido em
garantia fundamental pela Constituição - além da inconstitucionalidade superveniente da
parte final do art. 186 C.Pr.Pen. - importou compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao
dever de advertir o interrogado do seu direito ao silêncio: a falta da advertência - e da sua
documentação formal - faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou
acusado no interrogatório formal e, com mais razão, em "conversa informal" gravada,
clandestinamente ou não. IV. Escuta gravada da comunicação telefônica com terceiro,
que conteria evidência de quadrilha que integrariam: ilicitude, nas circunstâncias, com
relação a ambos os interlocutores.
5. A hipótese não configura a gravação da conversa telefônica própria por um dos
interlocutores - cujo uso como prova o STF, em dadas circunstâncias, tem julgado lícito -
mas, sim, escuta e gravação por terceiro de comunicação telefônica alheia, ainda que
com a ciência ou mesmo a cooperação de um dos interlocutores: essa última, dada a
intervenção de terceiro, se compreende no âmbito da garantia constitucional do sigilo das
comunicações telefônicas e o seu registro só se admitirá como prova, se realizada
mediante prévia e regular autorização judicial.
6. A prova obtida mediante a escuta gravada por terceiro de conversa telefônica alheia é
patentemente ilícita em relação ao interlocutor insciente da intromissão indevida, não
importando o conteúdo do diálogo assim captado.
7. A ilicitude da escuta e gravação não autorizadas de conversa alheia não aproveita, em
princípio, ao interlocutor que, ciente, haja aquiescido na operação; aproveita-lhe, no
entanto, se, ilegalmente preso na ocasião, o seu aparente assentimento na empreitada
policial, ainda que existente, não seria válido.
8. A extensão ao interlocutor ciente da exclusão processual do registro da escuta
telefônica clandestina - ainda quando livre o seu assentimento nela - em princípio, parece
inevitável, se a participação de ambos os interlocutores no fato probando for incindível ou
mesmo necessária à composição do tipo criminal cogitado, qual, na espécie, o de
quadrilha. V. Prova ilícita e contaminação de provas derivadas (fruits of the poisonous
tree).
9. A imprecisão do pedido genérico de exclusão de provas derivadas daquelas cuja
ilicitude se declara e o estágio do procedimento (ainda em curso o inquérito policial)
levam, no ponto, ao indeferimento do pedido.

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HC 80949 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. SEPÚLVEDA


PERTENCE Julgamento: 30/10/2001 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação: DJ
DATA-14-12-2001

Alternativa C: Resposta Errada


É reiterada a jurisprudência da Suprema Corte sobre a inexistência de garantia ao duplo
grau de jurisdição. Neste sentido, duas decisões daquela Corte:

EMENTA: I. Duplo grau de jurisdição no Direito brasileiro, à luz da Constituição e da


Convenção Americana de Direitos Humanos.
1. Para corresponder à eficácia instrumental que lhe costuma ser atribuída, o duplo grau
de jurisdição há de ser concebido, à moda clássica, com seus dois caracteres específicos:
a possibilidade de um reexame integral da sentença de primeiro grau e que esse reexame
seja confiado à órgão diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem
judiciária.
2. Com esse sentido próprio - sem concessões que o desnaturem - não é possível, sob as
sucessivas Constituições da República, erigir o duplo grau em princípio e garantia
constitucional, tantas são as previsões, na própria Lei Fundamental, do julgamento de
única instância ordinária, já na área cível, já, particularmente, na área penal.
3. A situação não se alterou, com a incorporação ao Direito brasileiro da Convenção
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José), na qual, efetivamente, o art. 8º, 2,
h, consagrou, como garantia, ao menos na esfera processual penal, o duplo grau de
jurisdição, em sua acepção mais própria: o direito de "toda pessoa acusada de delito",
durante o processo, "de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior".
4. Prevalência da Constituição, no Direito brasileiro, sobre quaisquer convenções
internacionais, incluídas as de proteção aos direitos humanos, que impede, no caso, a
pretendida aplicação da norma do Pacto de São José: motivação.

II. A Constituição do Brasil e as convenções internacionais de proteção aos direitos


humanos: prevalência da Constituição que afasta a aplicabilidade das cláusulas
convencionais antinômicas.
1. Quando a questão - no estágio ainda primitivo de centralização e efetividade da ordem
jurídica internacional - é de ser resolvida sob a perspectiva do juiz nacional - que, órgão
do Estado, deriva da Constituição sua própria autoridade jurisdicional - não pode ele
buscar, senão nessa Constituição mesma, o critério da solução de eventuais antinomias
entre normas internas e normas internacionais; o que é bastante a firmar a supremacia
sobre as últimas da Constituição, ainda quando esta eventualmente atribua aos tratados a
prevalência no conflito: mesmo nessa hipótese, a primazia derivará da Constituição e não
de uma apriorística força intrínseca da convenção internacional.
2. Assim como não o afirma em relação às leis, a Constituição não precisou dizer-se
sobreposta aos tratados: a hierarquia está ínsita em preceitos inequívocos seus, como os
que submetem a aprovação e a promulgação das convenções ao processo legislativo
ditado pela Constituição e menos exigente que o das emendas a ela e aquele que, em
conseqüência, explicitamente admite o controle da constitucionalidade dos tratados (CF,
art. 102, III, b).
3. Alinhar-se ao consenso em torno da estatura infraconstitucional, na ordem positiva
brasileira, dos tratados a ela incorporados, não implica assumir compromisso de logo com
o entendimento - majoritário em recente decisão do STF (ADInMC 1.480) - que, mesmo

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em relação às convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais, preserva


a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente às leis ordinárias.
4. Em relação ao ordenamento pátrio, de qualquer sorte, para dar a eficácia pretendida à
cláusula do Pacto de São José, de garantia do duplo grau de jurisdição, não bastaria
sequer lhe conceder o poder de aditar a Constituição, acrescentando-lhe limitação
oponível à lei como é a tendência do relator: mais que isso, seria necessário emprestar à
norma convencional força ab-rogante da Constituição mesma, quando não dinamitadoras
do seu sistema, o que não é de admitir.

III. Competência originária dos Tribunais e duplo grau de jurisdição.


1. Toda vez que a Constituição prescreveu para determinada causa a competência
originária de um Tribunal, de duas uma: ou também previu recurso ordinário de sua
decisão (CF, arts. 102, II, a; 105, II, a e b; 121, § 4º, III, IV e V) ou, não o tendo
estabelecido, é que o proibiu.
2. Em tais hipóteses, o recurso ordinário contra decisões de Tribunal, que ela mesma não
criou, a Constituição não admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei
ordinária seja convenção internacional: é que, afora os casos da Justiça do Trabalho - que
não estão em causa – e da Justiça Militar - na qual o STM não se superpõe a outros
Tribunais -, assim como as do Supremo Tribunal, com relação a todos os demais
Tribunais e Juízos do País, também as competências recursais dos outros Tribunais
Superiores - o STJ e o TSE - estão enumeradas taxativamente na Constituição, e só a
emenda constitucional poderia ampliar.
3 .À falta de órgãos jurisdicionais ad qua, no sistema constitucional, indispensáveis a
viabilizar a aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição aos processos de
competência originária dos Tribunais, segue-se a incompatibilidade com a Constituição da
aplicação no caso da norma internacional de outorga da garantia invocada. RHC 79785 /
RJ - RIO DE JANEIRO RECURSO EM HABEAS CORPUS. Relator(a): Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE. Julgamento: 29/03/2000. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.

EMENTA: ACÓRDÃO QUE, EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA, CONDENOU O


RECORRENTE COM BASE NA PROVA DOS AUTOS. PRETENSÃO DE REEXAME DA
MATÉRIA DE FATO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Questão insuscetível de ser
apreciada ante a impossibilidade de reexaminar-se em sede extraordinária a matéria de
fato, ainda que em processo criminal de competência originária do Tribunal de Justiça,
não sendo o duplo grau de jurisdição uma garantia constitucional (RHC 79.785, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence). Agravo regimental desprovido AI 248761 AgR / RJ - RIO DE
JANEIRO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Julgamento: 11/04/2000 Órgão Julgador: Primeira Turma

Alternativa D: Resposta Errada


Segundo o Supremo Tribunal Federal, ". Discrepa, a mais não poder, de garantias
constitucionais implícitas e explícitas - preservação da dignidade humana, da intimidade,
da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução específica e direta
de obrigação de fazer - provimento judicial que, em ação civil de investigação de
paternidade, implique determinação no sentido de o réu ser conduzido ao laboratório,
"debaixo de vara", para coleta do material indispensável à feitura do exame DNA. A
recusa resolve-se no plano jurídico-instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e
a jurisprudência, no que voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos. HC

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71373 / RS - RIO GRANDE DO SUL HABEAS CORPUS. Relator(a): Min. FRANCISCO


REZEK Rel. Acórdão Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 10/11/1994. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno. Publicação: DJ DATA-22-11-1996.

Alternativa E: Resposta Errada


Conforme pensamento de Carla Dumont Oliveira e Luciana Trindade Fogaça, “discute-se
na doutrina acerca da localização do sigilo bancário no bojo da Constituição Federal. O
Supremo Tribunal Federal tem entendido que o sigilo bancário constitui expressão do
direito da intimidade e privacidade, tendo por fundamento o inciso X do artigo 5º da
Constituição:
"São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação."

É esse o entendimento dos Ministros Carlos Velloso e Celso de Mello.

Também há posições na doutrina e na jurisprudência no sentido de que a previsão do


sigilo bancário estaria no inciso XII do artigo 5º.

Assim pensa o Ministro Marco Aurélio, para quem o sigilo bancário estaria incluído no
conceito de "dados", e em sua opinião tanto os dados como as comunicações telefônicas
estão contidas na ressalva do final do inciso. Todavia, essa posição não é dominante nem
na doutrina nem na jurisprudência”. Deste modo ,entende o Supremo Tribunal Federal
que a quebra do sigilo bancário não se prende apenas às investigações processuais
criminais, podendo esta ocorrer sempre que houver relevante interesse a ser
resguardado.

Questão 04 - Assinale a opção correta.


a) Uma norma constitucional programática, por representar um programa de ação
política, não possui eficácia jurídica.
b) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas
programáticas.
c) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da Constituição não
pode ser considerada inconstitucional.
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas em seu texto.
e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria natureza, será uma
Constituição histórica.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Correta


As constituições quanto a sua finalidade podem ser classificadas em
(a) Constituição sintética (neste tipo de Constituição só há a presença de normas
referentes à organização do Estado e aos direitos fundamentais). Por isso é chamada de
sintética, de síntese, resumo.

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(b) Constituição analítica ou dirigente ou garantista (é o contrario da Constituição


sintética, neste tipo de constituição há a presença de diversas matérias, tais como:
organização do Estado, direitos fundamentais, ordem econômica e social, educação,
cultura. É uma Constituição que normalmente possui conteúdo programático). José
Afonso da Silva define muito bem o que é uma constituição dirigente, “O constituinte fez
opção muito clara por Constituição abrangente. Rejeitou a chamada constituição sintética,
que é constituição negativa, porque construtora apenas de liberdade-negativa ou
liberdade-impedimento, oposta à autoridade, modelo de constituição que, às vezes, se
chama de constituição-garantia (ou constituição-quadro).

A função garantia não só foi preservada como até ampliada na Constituição, não como
mera garantia do existente ou como simples garantia das liberdades negativas ou
liberdades-limites. Assumiu ela a característica de constituição-dirigente, enquanto define
fins e programa de ação futura, menos no sentido socialista do que no que de uma
orientação social democrática, imperfeita, reconheça-se. Por isso, não raro, foi minuciosa
e, no seu compromisso com a garantia das conquistas liberais e com um plano de
evolução política de conteúdo social, nem sempre mantém linha de coerência doutrinária
firme. Abre-se, porém, para transformações futuras, tanto seja cumprida. E aí está o
drama de toda constituição dinâmica: ser cumprida”.

Alternativa B: Resposta Errada


Normas de eficácia limitada quanto aos princípios programáticos são “aquelas normas
constitucionais, através das quais o constituinte, em vez de regular direta e imediatamente
determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos
pelos seus órgãos como programas das respectivas atividades, visando à realização dos
fins sociais do Estado” São normas que dependem de ações metajuridicas para serem
implementados, onde temos como exemplo os arts. 196 e 205 da CR/88.

Pergunta-se então, estas normas não tem nenhuma eficácia jurídica? Não é bem assim,
estas normas realmente precisam de uma legislação posterior para que haja a sua plena
efetividade, mas elas possuem uma efetividade mínima que se manifesta inclusive na
possibilidade de ser impetrado mandado de injunção (art. 5° LXXI) ou ADIN por omissão
(art. 103§ 2°) para que os poderes públicos implementem estas normas possibilitando a
sua eficácia plena. Há também eficácia jurídica no que tange a impossibilidade de a
legislação ordinária ofender os princípios programáticos previstos na Constituição, sendo
que se isto ocorrer poderá ser declarada a inconstitucionalidade desta legislação.

Alternativa C: Resposta Errada


Já tivemos a oportunidade de salientar que as normas constitucionais programáticas
possuem sim uma efetividade, normalmente denominada de efetividade mínina, pois
possibilita ao indivíduo invocar a proteção do Poder judiciário através do mandado de
injunção (art. 5° LXXI) ou ADIN por omissão (art. 103§ 2°), com vistas a regulamentar
aquela norma, e ainda possibilita o controle de constitucionalidade do STF através de
Ação direta de inconstitucionalidade se houver ofensa destes princípios programáticos por
parte do legislador infraconstitucional.

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Alternativa D: Resposta Errada


Quanto a estabilidade a Constituição poderá ser classificada em
(a) Rígida,
(b) semi-rigida ou semi-flexivel,
(c) flexível e
(d) imutável.

Nós já comentamos o conceito de cada uma destas classificações, apenas retomarei aqui
o conceito de constituição rígida, esta constituição é aquela na qual o seu processo de
reforma é mais difícil que o da elaboração das leis ordinárias. É de se observar que não
vemos nenhuma contradição na existência de normas programáticas nas Constituições
rígidas, haja vista que, por exemplo, a Constituição da República Federativa do Brasil de
05 de Outubro de 1988 é uma Constituição rígida (ver art. 60) e possui várias normas
programáticas (ver arts. 21, IX , 208, II).

Alternativa E: Resposta Errada


Para a doutrina constitucionalista o conceito de constituição dogmática é conexo com o de
Constituição escrita, assim como o de constituição histórica é conexo com o de
constituição não-escrita. As Constituições semi-rigidas são aquelas que possuem normas
rígidas e flexíveis, cujo exemplo é a Constituição imperial brasileira.

Ao contrário do afirmado nesta assertiva, as Constituições semi-rigidas normalmente são


constituições dogmáticas e não históricas.

Questão 05 - Assinale a opção correta.


a) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, existem normas de
hierarquia diferenciada na Constituição.
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as disposições
constitucionais transitórias não são modificáveis mediante emenda constitucional.
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as cláusulas pétreas só
protegem os direitos e garantias individuais que integram expressamente o capítulo
relativo aos direitos individuais.
d) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal enfatiza que as disposições
protegidas pelas cláusulas pétreas não podem sofrer qualquer alteração.
e) No quadro da hierarquia das normas, a emenda à Constituição situa-se no mesmo
nível das normas produzidas pelo poder constituinte originário.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


De acordo com a doutrina constitucional e a jurisprudência pátria, é descabida a idéia de
que possa haver hierarquia entre as normas que compõem um mesmo texto
constitucional, pois o texto constitucional é único e deve possuir este atributo justamente
ele é o por ser o fundamento de validade das normas infraconstitucionais. Para o

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Supremo Tribunal Federal não há contradição entre normas constitucionais, o que poderá
haver é um conflito aparente de normas constitucionais que deve ser resolvido quando do
julgamento do caso concreto pelo magistrado. Na ADI nº. 815-DF, cujo relator foi o
Ministro Moreira Alves o STF assentou sua tese da inexistência de normas constitucionais
de hierarquia diferenciada, vejamos: “A tese de que há hierarquia entre normas
constitucionais originarias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em
face de outras é incompatível com o sistema de Constituição rígida. - Na atual Carta
Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição"
(artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdição lhe e atribuída para impedir
que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer
o papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não,
violado os princípios de direito supra positivo que ele próprio havia incluído no texto da
mesma Constituição. - Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas
para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em
face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas
como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição
elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja
observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação as outras que
não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas.”

Alternativa B: Resposta Errada


Ensina José Afonso da Silva, em “Aplicabilidade das Normas constitucionais", 2a. edição
R.T. 1982, página 189 e seguintes: "As normas das disposições transitórias fazem parte
integrante da Constituição. Tendo sido elaboradas e promulgadas pelo constituinte,
revestem-se do mesmo valor jurídico da parte permanente da Constituição. Mas seu
caráter transitório indica que regulam situações individuais e específicas, de sorte que,
uma vez aplicadas e esgotados os interesses regulados, exaurem-se, perdendo a razão
de ser pelo desaparecimento do objeto cogitado, não tendo, pois, mais aplicação no
futuro”. É este também o entendimento do Supremo Tribunal Federal, as normas previstas
no ato das disposições constitucionais transitórias são normas constitucionais e por isso
também sujeitas ao processo de reforma constitucional previsto no art. 60 da Constituição
Republicana. Podemos observar que o processo de reforma das normas previstas nos
Atos das Disposições Constitucionais transitórias é prática constante em nosso
ordenamento, bastando verificar as emendas constitucionais 40/2003, 42/2003 e 43/2003
que alteraram vários dispositivos previstos no ADCT.

Alternativa C: Resposta Errada


Os direitos e garantias individuais estão previstos no capítulo I do Título II da Constituição
Federal. De acordo com a Constituição Federal os direitos e garantias individuais é uma
das cláusulas pétrea, conforme art. 60 § 4º, IV. No entanto, é entendimento pacífico no
Supremo Tribunal Federal que os direitos individuais não estão previstos apenas no art.
5º, estando espalhados pela Constituição. Deste modo, transcrevo voto proferido
respectivamente pelo Ministro Marco Aurelio: “ (...) Refiro-me àqueles previstos no rol, que
não é exaustivo, do art. 5º da Carta, os que estão contidos, sob a nomenclatura direitos
sociais, no art. 7º e , também em outros dispositivos da Lei básica Federal, isto sem
considerar a regra do § 2º, do art. 5º, segundo o qual “os direitos e garantias expressos

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nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados”. Ainda, com a finalidade de consolidar esta afirmação vejamos o voto do
iminente Ministro Celso de Mello, onde houve a afirmação de ser o princípio da
anterioridade tributária (art. 150, III) um direito individual e em conseqüência protegido
pelo toque da imutabilidade, “ admitir que a União, no exercício de sua competência
residual, ainda que por emenda constitucional, pudesse excepcionar a aplicação desta
garantia individual do contribuinte, implica em conceder ao ente tributante poder que o
constituinte expressamente lhe subtraiu ao vedar a deliberação de proposta de emenda à
Constituição tendente à abolir os direitos e garantias individuais constitucionalmente
assegurados”

Alternativa D: Resposta Errada


Esta questão é frequentemente exigida pela ESAF, por isto, não se esqueçam, o que se
veda é a emenda constitucional cuja finalidade seja abolir alguma das previsões
constantes do núcleo constitucional imodificável, ou seja, as cláusulas pétreas. Deste
modo, a alteração destas disposições protegidas pelas clausulas pétreas com o intuito de
ampliar estes direitos é perfeitamente legítima e se coaduna com o nosso ordenamento
jurídico constitucional.

Alternativa E: Resposta Correta


É pensamento majoritário na doutrina e jurisprudência nacional a inexistência de normas
constitucionais com hierarquia diferente. “A tese de que há hierarquia entre normas
constitucionais originarias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em
face de outras é incompatível com o sistema de Constituição rígida”. As emendas à
constituição, desde que tenham obedecido aos limites constitucionais expressos e
implícitos ao poder de reforma, ingressam no ordenamento jurídico com a mesma
hierarquia e eficácia das normas derivadas do Poder Constituinte originário, pois o texto
constitucional é um texto único, não sendo admitidas contradições nem hierarquia entre
suas normas, sendo que, na existência de algum conflito aparente entre as normas
constitucionais , não haverá uma norma superior à outra, o que existirá é a interpretação
da constituição de modo a aplicação da norma mais condizente ao caso concreto.

Questão 06 - Assinale a assertiva correta:


a) Aprovado pelo Congresso Nacional, o projeto de Emenda Constitucional pode ser
vetado pelo Presidente da República.
b) Os Estados-membros não têm qualquer participação ou iniciativa, direta ou indireta,
no processo de Emenda da Constituição Federal.
c) Os direitos individuais consagrados em Tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil faça parte têm hierarquia constitucional e não
podem ser alterados por Emenda Constitucional.
d) Os princípios constitucionais protegidos por cláusula pétrea não podem ser
suprimidos por Emenda Constitucional.
e) A Constituição Federal brasileira pode ser modificada mediante iniciativa popular.

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Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


Ensina Alexandre de Moraes, na deliberação de emendas constitucionais “não existe
participação do Presidente da República na fase constitutiva do processo legislativo de
uma emenda constitucional, uma vez que o titular do poder constituinte derivado
reformador é o Poder Legislativo. Assim, não haverá necessidade de sanção ou veto. A
emenda constitucional aprovada pelas duas Casas do Congresso Nacional seguirá
diretamente, à fase complementar, para promulgação e publicação.”

Alternativa B: Resposta Errada


Os Estados-membros possuem legitimidade ativa para propor projetos de emendas
constitucionais, desde que haja proposta de mais da metade das Assembléias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.

Alternativa C: Resposta Errada


Já comentamos que o Supremo Tribunal Federal não adota o entendimento de que os
tratados internacionais sobre direitos individuais têm hierarquia constitucional. Para o
Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais são normas ordinárias e podem ser
alteradas conforme o procedimento de alteração das leis ordinárias. Recentemente
ingressou no ordenamento constitucional brasileiro, através da emenda constitucional 45
de 08 de dezembro de 2004, uma norma que coaduna com o pensamento do Supremo, a
norma prevista no art. 5 § 3º determina que os tratados internacionais que tratem sobre
direitos humanos só terão status de norma constitucional se forem aprovados pelo
Congresso Nacional pelo mesmo procedimento de incorporação das emendas
constitucionais (§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Alternativa D: Resposta Correta


As matérias protegidas pelas cláusula pétreas, ou núcleo constitucional imodificável,
estão previstas no art. 60 § 4º da Constituição Federal. São limites materiais ao
procedimento de reforma constitucional, impossibilitando a deliberação de projetos de
emenda constitucional cuja finalidade seja abolir quaisquer daquelas matérias.

Alternativa E: Resposta Errada


O ilustre Professor José Afonso da Silva aceita que a Constituição possa ser modificada
mediante iniciativa popular, “(..) a proposta de emenda terá que ser subscrita por, no
mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos em cinco Estados,
com não menos de zero vírgula três por cento dos eleitores de cada um deles. Repita-se
que esse tipo de iniciativa popular pode vir a ser aplicado com base em normas gerais e
princípios fundamentais da Constituição, mas ele não está especificamente estabelecido

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para emendas constitucionais como o está para as leis (art. 61, § 2º). No entanto, apesar
da posição do grande mestre, não é este o entendimento do restante da doutrina e do
Supremo Tribunal Federal, para estes, a emenda constitucional não está sujeita a
iniciativa popular

Questão 07 - Em relação ao Estado brasileiro, julgue os itens abaixo e assinale a


incorreta:
a) A adoção, pelo Brasil, do princípio republicano em lugar do monárquico produz
conseqüências no ordenamento jurídico, tais como a necessidade de meios de
legitimação popular dos titulares dos Poderes Executivo e Legislativo e a
periodicidade das eleições.
b) O princípio que repousa sob a noção de Estado de direito é o da legalidade.
c) O Distrito Federal é dotado de todas as competências reconhecidas aos Estados-
membros.
d) A Constituição Federal admite expressamente a possibilidade de delegação da
competência legislativa federal para os Estados-membros.
e) Em determinados casos, a intervenção federal poderá realizar-se sem a
designação de um interventor.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Correta


Em relação a forma de governo podemos encontrar a forma republicana e a forma
monárquica. A forma de governo é conceito que se refere ao modo como é legitimado o
poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados.

A república se caracteriza pela eleição periódica do detentor do poder, pois a res (coisa) é
pública, e a monarquia pela hereditariedade e vitaliciedade do detentor do poder, ou seja,
pela personificação do poder. Como características fundamentais para a existência de um
governo republicano podemos apontar:

• A legitimação popular (aceitação popular) dos Chefes do Poder Executivo e dos


membros do Poder Legislativo através do voto.
• Eleições periódicas que se traduz na temporariedade dos mandatos eletivos •
Prestação de contas da administração pública (Arts. 30,III, 31, 34, VII,d, 35,II e 70 a
75, todos da CF/88)

Alternativa B: Resposta Correta


Adotando as lições do professor José Afonso da Silva, “Na origem, como é sabido, o
Estado de Direito era um conceito tipicamente liberal; daí falar-se em Estado Liberal de
Direito, cujas características básicas foram:
(a) submissão ao império da lei (principio da legalidade) que era a nota primária de seu
conceito, sendo a lei considerada como ato emanado formalmente do Poder Legislativo,
composto de representantes do povo, mas do povo cidadão;
(b) divisão de poderes, que separe de forma independente e harmônica os poderes
legislativo, Executivo e Judiciário, como técnica que assegure a produção das leis ao

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primeiro e a independência e imparcialidade do ultimo em face das pressões dos


poderosos particulares;
(c) enunciado e garantia dos direitos individuais”. Merece atenção que os direitos surgidos
no Estado de Direito são aqueles que a doutrina denomina de direitos de primeira
geração. No entanto, “o individualismo e o abstencionismo ou neutralismo do Estado
liberal provocaram imensas injustiças, e os movimentos sociais do século passado e
deste, especialmente, desvelando a insuficiência das liberdades burguesas, permitiram
que se tivesse consciência da necessidade de justiça social”. Assim, o Estado
Liberal,”transforma-se em Estado Social de Direito, onde o qualificativo social refere-se a
correção do individualismo clássico liberal pela afirmação dos chamados direitos sociais e
realização dos objetivos de justiça social”.

Alternativa C: Resposta Errada


Conforme estabelecido no art. 32, § 1º, da Constituição Federal, ao Distrito Federal são
atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. No entanto,
não foram todas as competências dos Estados-membros atribuídas ao Distrito Federal.
Nos termos do art. 22, XVII da Constituição Federal, compete a União legislar sobre a
organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e
dos Territórios, bem como a organização administrativa destes.

Alternativa D: Resposta Correta


Antes de responder a esta questão necessário é o estabelecimento da diferença
conceitual entre competência exclusiva e competência privativa. Em relação à
competência exclusiva verifica-se a impossibilidade de delegação, enquanto na
competência privativa esta é possível. Assim, adotando esta técnica diferenciadora o
Constituinte Originário estabeleceu as competências privativas da União no art. 22 da
Constituição Federal, possibilitando a sua delegação, através de Lei complementar, aos
Estados-membros. O mesmo ocorre em relação às competências privativas do Presidente
da República, estabelecidas no art. 84 da Constituição Federal. Entretanto, em alguns
casos o Constituinte originário não foi muito técnico ao utilizar as expressões ora em
comento. Nos artigos 50 e 52 da Constituição Federal, onde há o estabelecimento das
competências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente, apesar
de haver a menção à competência privativa, na verdade trata-se de competência
exclusiva, pois não há possibilidade de delegação das competências ali estabelecidas.

Assim, respondendo a questão, a Constituição Federal, no art. 22, expressamente admitiu


a possibilidade de delegação da competência legislativa federal para os Estados-
membros desde que obedecidos os seguintes requisitos:

• Só via lei complementar


• A União só poderá delegar questões especificas e não toda a matéria
• Respeito ao principio da isonomia, deve delegar aos Estados e não só a um
Estado, pois a CF, no art. 19, veda o estabelecimento de preferências entre os
Estados.

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Por fim, como exemplo temos a Lei complementar 103 que autorizou os Estados e o DF a
legislarem sobre piso salarial, merecendo relevo que, conforme art. 22,I, compete
privativamente a União legislar sobre matérias trabalhistas.

Alternativa E: Resposta Correta


Nos dizeres do professor José Afonso da Silva, “A intervenção Federal efetiva-se por
decreto do Presidente da República, o qual especificará a sua amplitude, prazo e
condições de execução e, se couber, nomeará o interventor (art. 36, § 1º). Há. Pois,
intervenção sem interventor. É que ela pode atingir qualquer órgão do poder estadual. Se
for no Executivo, o que tem sido a regra, a nomeação do interventor será necessária, para
que exerça as funções do Governador. Se for no Legislativo apenas, tornar-se à
desnecessário o interventor, desde que o ato de intervenção atribua as funções
legislativas os Chefe do Executivo estadual(...)”. Assim, fácil é perceber que a nomeação
de interventor só será realizada se efetivamente necessária, bastando paraisto verificar o
art. 37, § 3º, onde há o estabelecimento de que Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art.
35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa,
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar
ao restabelecimento da normalidade, ou seja, se a suspensão do ato impugnado bastar
para sanar a lesividade, não haverá a necessidade de nomeação de interventor.

Questão 08 - Assinale a opção correta.


a) A Constituição estadual pode estabelecer que a representação interventiva, no
plano estadual, deverá ser proposta pelo Procurador-Geral ou Advogado-Geral do
Estado.
b) A Constituição Federal adota um modelo vertical de distribuição de competência
legislativa.
c) A criação de territórios, bem como sua transformação em Estado serão
disciplinadas em lei ordinária federal.
d) Dos municípios do Distrito Federal, Brasília é a capital dessa unidade da
Federação, a qual acumula as competências dos estados-membros e dos
municípios.
e) Considere a seguinte situação hipotética: Dois estados-membros vizinhos
constataram que em suas populações havia o desejo de unirem-se em uma só
unidade da Federação. Em face disso, cada um realizou plebiscito no respectivo
território, sendo aprovada a fusão entre ambos. O resultado dos plebiscitos foi
comunicado ao Congresso Nacional, que o aprovou, por lei complementar, dando
nascimento ao novo estado. Nesse caso, foi constitucionalmente válida a criação
da nova unidade da Federação.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


A Intervenção Federal nos Estados quando houver descumprimento à preservação dos
princípios constitucionais sensíveis (CF, art.34, VII) ou no caso de recusa à execução de

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lei federal (CF, art.34, VI, primeira parte) dependerá de representação do Procurador
Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 36,III da
Constituição Federal. Em relação aos Estados, a Constituição Federal estabelece que
será admitida intervenção dos Estados em seus Municípios ou da União nos Municípios
localizados em Território Federal, quando houver representação interventiva para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover
a execução de lei, ordem ou de decisão judicial, conforme art. 35, IV. No entanto, não há
o estabelecimento da autoridade responsável pela proposição da representação perante o
Tribunal de Justiça. Destarte, apesar da ausência de previsão expressa, entende-se,
doutrinária e jurisprudêncialmente, que, em face do princípio da simetria, esta
representação caberia ao Procurador Geral de Justiça, pois esta é a autoridade, no
âmbito estadual, equivalente ao Procurador Geral da República. Neste sentido é a
doutrina do professor José Afonso da Silva, que assim leciona, “Acrescente-se apenas
que a representação ao Tribunal de Justiça, como peça inicial da ação interventiva no
Município, cabe ao Procurador Geral de Justiça que funcione junto ao Tribunal de Justiça
competente para conhecer da representação ,seja na intervenção promovida por Estado,
seja na promovida pela União em Municípios de Território Federal”. Baseado nesses
ensinamentos é que inadmite-se a iniciativa de representação interventiva por parte do
Advogado-Geral do Estado .

Alternativa B: Resposta Errada


Em nossa Constituição Federal houve a adoção de um modelo misto, quer dizer, houve a
adoção do modelo horizontal, onde cada ente federado autônomo recebe uma
competência específica, sem relação de hierarquia entre eles, como são exemplos os
arts. 21, 22, 25 e 30 da Constituição Federal, mas também mesclou-se o sistema vertical
de repartição de competências, modelo que estabelece que uma mesma matéria possa
ser estabelecida à atuação de diferentes entes políticos, de maneira verticalizada, como é
o caso da competência legislativa concorrente estabelecida no art., 24 da Constituição
Federal. Desta forma, não podemos afirmar que houve a adoção pelo sistema vertical de
repartição de competências, pois houve a preferência pelo sistema misto.

Alternativa C: Resposta Errada


É certo que atualmente não existem mais Territórios Federais em nosso país, pois a
Constituição Federal vigente transformou os antigos Territórios de Amapá e Roraima em
Estados-membros, conforme art. 14 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e
extinguiu o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área incorporada ao
Estado de Pernambuco, conforme art. 15 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias. No entanto, houve a expressa previsão da possibilidade de criação de novos
Territórios Federais, bem como sua ulterior transformação em Estado ou sua reintegração
ao Estado de origem, desde que mediante Lei complementar federal, conforme art. 18, §
2º da Constituição Federal.

Alternativa D: Resposta Errada


É correto que Brasília seja a capital do Distrito Federal, e que esta unidade da Federação
acumule as competências estaduais e Municipais, conforme art. 32, § 1º. No entanto, esta
assertiva torna-se errônea quando estabelece que dos municípios do Distrito Federal,

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Brasília é a capital, pois o Distrito Federal não pode ser dividido em Municípios, conforme
estabelece o art. 32 da Constituição Federal, onde há a vedação expressa da de o Distrito
Federal ser divido em Municípios.

Alternativa E: Resposta Correta


Conforme estabelecido no art. 18, § 3º da Constituição Federal, os requisitos para a
incorporação dos Estados entre si (fusão), desmembramento ou subdivisão para
formarem novos Estados ou se anexarem a outros já existentes, dependerá dos seguintes
requisitos:

• Plebiscito da população interessada, devendo ser entendido como população


diretamente interessada Nas consultas plebiscitárias tanto a do território que se
pretende desmembrar, quanto a do que sofrerá desmembramento; em caso de
fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto a da que
receberá o acréscimo; e a vontade popular se aferirá pelo percentual que se
manifestar em relação ao total da população consultada
• Lei complementar do Congresso Nacional Merece atenção que esta questão foi
apontada como correta, no entanto, ainda falta um requisito para que realmente
houvesse a constitucionalidade da criação deste novo Estado-membro, qual seja:
• Após o plebiscito as Assembléias Legislativas deverão ser consultadas sobre a
viabilidade econômica, social, administrativa e financeira, no entanto esta consulta
não vincula o Congresso Nacional, conforme art. 4º da Lei 9709/98 (CF/88, art. 48,
VI).

Questão 09 – Assinale a opção correta:


a) Somente haverá necessidade de autorização da casa respectiva para processar
parlamentar federal, quando se tratar de crime cometido depois da diplomação.
b) Câmara dos Deputados e o Senado compõem-se de representantes do povo
eleitos pelo sistema proporcional em cada unidade da federação.
c) sofrendo condenação criminal por sentença transitada em julgado, o parlamentar
perderá o mandato se assim o decidir a Casa a que pertence, por voto secreto e
maioria absoluta; porem, em caso de suspensão dos direitos políticos, a perda será
declarada pela mesa da casa respectiva, mesmo de oficio.
d) as imunidades parlamentares são garantidas desde a diplomação dos deputados e
senadores, só se suspendendo em caso de estado de sítio.
e) A imunidade parlamentar somente protege o Deputado ou Senador após a posse.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


Conforme ensinado por Alexandre de Moraes, “A EC nº. 35/01 inovou substancialmente
em relação à possibilidade de responsabilização penal de parlamentares, restringindo a
tradicional imunidade formal em relação ao processo. Não há mais necessidade de

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autorização da respectiva CasaLegislativa (Câmara ou Senado Federal) para que possa


ser iniciado processo criminal em face do Congressista. A imunidade processual
parlamentar refere-se, partir da EC nº. 35/01, à possibilidade da Casa Legislativa
respectiva sustar, a qualquer momento antes da decisão final do Poder Judiciário, o
andamento da ação penal proposta contra parlamentar por crimes praticados após a
diplomação”.

Assim, atualmente não ocorre mais a necessidade de prévia autorização da Casa a qual
esteja o parlamentar vinculado para que possa proceder-se à persecução penal.

Atualmente, o processo penal é iniciado após o recebimento da denuncia pelo Supremo


Tribunal Federal, devendo ser dada ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de
partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
decisão final, sustar o andamento da ação.

Continuando com a lição do citado autor, “ A persecução penal dos parlamentares,


portanto, sofrerá tratamento diferenciado, dependendo do momento da prática do crime,
da seguinte forma: • Crimes praticados antes da diplomação: não haverá incidência de
qualquer imunidade formal em relação ao processo, podendo o parlamentar ser
normalmente processado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, enquanto durar o
mandato.

Crimes praticados após a diplomação: o parlamentar poderá ser processado e julgado


pelo Supremo Tribunal Federal, enquanto durar o mandato, sem necessidade de qualquer
autorização, porém, a pedido de partido político com representação na Casa Legislativa
respectiva, esta poderá sustar o andamento da ação penal pelo voto ostensivo e nominal
da maioria absoluta de seus membros. A suspensão da ação penal persistirá enquanto
durar o mandato, e acarretará, igualmente, a suspensão da prescrição.

Alternativa B: Resposta Errada


Como vimos na questão anterior, os membros da Câmara dos Deputados são eleitos pelo
sistema proporcional. A câmara dos deputados, conforme o art. 45 da CF/88, compõe-se
de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada estado, território e
no Distrito Federal. A Constituição Federal não fixa o número de Deputados Federais por
Estado, este número é estabelecido pela LC 78/93 e é proporcional a população, sendo
que a Constituição determina que sejam feitos ajustes necessários no ano anterior à
eleição para aferir o numero de habitantes de cada Estado. A única norma em relação à
quantidade de Deputados Federais é que cada Estado não terá menos de 8 (oito)
Deputados e mais de 70 (setenta), e os Territórios terão o número fixo de 4(quatro)
deputados. Já os membros do Senado Federal são eleitos pelo sistema majoritário. O
Senado Federal, pela nossa Constituição Federal, compõem-se de representantes dos
Estados Federais e do Distrito Federal, cada um deles elegendo três senadores pelo
sistema majoritário que terão o mandato de 8 (oito) anos, sendo que de quatro em quatro
anos haverá uma renovação dos membros do Senado Federal, alternadamente por um e
dois terços.

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Alternativa C: Resposta Correta


Nos casos de perda e suspensão dos direitos políticos o exercente de mandato político
terá como efeito a perda de seu cargo. Em relação aos parlamentares federais é
necessário observar o procedimento previsto no art. 55 da Constituição Federal.

Assim, conforme estabelecido no art. 55, § 2º, No caso de suspensão ou perda dos
direitos políticos, casos estes previstos no art. 15 da Constituição Federal , a perda do
mandato será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação
de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso
Nacional, assegurada ampla defesa.

Merece relevo que no caso de condenação criminal transitada em julgado, apesar de ser
um dos casos de suspensão dos direitos políticos previstos no art. 15 da Constituição
Federal, a perda do mandato se sujeita à decisão da casa, pelo voto secreto e maioria
absoluta. No entanto, mesmo que não a casa decida não exonerá-lo, nas próximas
eleições, enquanto durar a condenação, este não poderá concorrer. Assim, a perda dos
mandatos dos congressistas em razão de condenação criminal transitada em julgado não
será automática, dependendo de decisão da casa parlamentar a qual pertença o
congressista, salientando que esta decisão é estritamente política e discricionária, não se
atendo à decisão judicial. Merece relevo que esta previsão aplica-se também aos
parlamentares estaduais e distritais por forca do art. 27, § 1º e 32, § 3º da Constituição
Federal. No entanto, em relação aos parlamentares municipais, conforme entendimento
do STF, esta regra não se aplica, pois a Constituição Federal não os excepcionou da
regra do art. 15, III, assim como fez aos Deputados Federais e Estaduais. Deste modo, a
perda do mandato será automática para os chefes do executivo e para os vereadores,
não dependendo de aprovação do parlamento, como acontece com os parlamentares
federais e estaduais.

Por fim, importante decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a observância, em


relação aos parlamentares estaduais, das regras estabelecidas na Constituição Federal
para a perda de mandato em decorrência de condenação criminal transitada em julgado.

Perda de Mandato Parlamentar: Voto Aberto e Modelo Federal O Tribunal, por maioria,
julgou procedentes pedidos formulados em ações diretas ajuizadas pelos Partidos da
Social Liberal – PSL e Democrático Trabalhista – PDT para declarar a
inconstitucionalidade do § 2º do art. 104 da Constituição Estadual do Rio de Janeiro,
alterado pela Emenda Constitucional 17/2001, que estabelece que a perda de mandato de
deputado, em determinadas hipóteses, será decidida pela Assembléia Legislativa, por
voto aberto. Entendeu-se caracterizada a ofensa ao § 1º do art. 27 da CF, que determina
a aplicação, aos deputados estaduais, das regras da Constituição Federal sobre perda de
mandato, bem como ao § 2º do art. 55 da CF, que prescreve que a perda do mandato
parlamentar será decidida por voto secreto nos casos que enuncia.

Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello que, salientando a prevalência da


votação aberta na Constituição Federal, julgavam improcedentes os pleitos, por
considerar que, em respeito ao princípio da publicidade dos atos estatais (CF, art. 37,
caput) — a viabilizar o controle da legitimidade da conduta dos parlamentares —, bem
como ao que dispõe o art. 25, caput, da CF (“Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”), haver-

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se-ia de conferir interpretação restrita ao § 1º do art. 27, no sentido de que a regra nele
contida somente se aplica, no âmbito estadual, no que se refere à definição material, e
não meramente formal, das causas autorizadoras de perda do mandato dos deputados
estaduais, permitindo, dessa forma, ao Estado-membro, no exercício autônomo do seu
poder de auto-governo e auto-organização, definir a modalidade de votação nos
processos de destituição do parlamentar do seu mandato legislativo. Leia o inteiro teor do
voto do relator na seção Transcrições deste Informativo.

ADI 2461/RJ e ADI 3208/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 12.5.2005. (ADI-2461) (ADI3208)

Alternativa D: Resposta Errada


Conforme estabelecido no art. 53, § 8º, As imunidades dos congressistas subsistirão
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 de seus
membros, no caso de atos praticados fora do congresso nacional, ou seja, se o ato for
praticado dentro do congresso nacional a imunidade será absoluta.

Alternativa E: Resposta Errada


Nesta questão trataremos do Estatuto dos congressistas. Este instituto jurídico refere-se
àquelas normas constitucionais, as quais se aplicam aos parlamentares federais, em
relação às suas prerrogativas, direitos, deveres e incompatibilidades, e que encontram
guarida no art. 53 da Constituição Federal. Estas prerrogativas não são estabelecidas em
favor do congressista, mas sim em favor da instituição. É para que haja a manutenção da
independência dos Poderes da República que determinadas prerrogativas são
estabelecidas, para os detentores de alguns cargos, tanto no executivo quanto no
legislativo e no judiciário.

• Imunidade material: Prevista no caput do art. 53 da Constituição Federal, estatui


que os congressistas são invioláveis civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos, desde que tenham relação com a função exercida. É de
se observar que os Deputados Estaduais possuem os mesmos privilégios que os
parlamentares federais, em virtude da norma prevista no art. 27, §1º, norma esta
que determina a aplicação simétrica aos parlamentares estaduais das imunidades
estabelecidas aos parlamentares federais, o mesmo não ocorrendo em relação aos
vereadores. Aos vereadores só lhes foi atribuída a imunidade material, e, desde
que exercida na circunscrição de seu município, conforme art. 29, VIII da
Constituição Federal, ou seja, para eles não houve a adoção da imunidade formal,
conforme reiterada jurisprudência do STF.

EMENTA: - Recurso extraordinário. Imunidade material de vereador. Artigo 29, VIII, da


Constituição. - Esta Corte já firmou o entendimento de que a imunidade concedida aos
vereadores pelo artigo 29, VIII, da Constituição por suas opiniões, palavras e votos diz
respeito a pronunciamentos que estejam diretamente relacionados com o exercício deseu
mandato, ainda que ocorram, dentro ou fora do recinto da Câmara dos Vereadores,
inclusive em entrevistas à imprensa, desde que na circunscrição do Município (assim, HC
74201 e HC 81730). - No caso, há o nexo direto entre a manifestação à imprensa e o
exercício do mandato de vereador a impor o reconhecimento da imunidade constitucional
em causa. Recurso extraordinário conhecido e provido

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• Imunidade formal: Refere-se às normas atinentes à prisão e ao processo penal de


congressistas. Em relação à prisão, a Constituição determina que salvo flagrante
delito de crime inafiançável (ex: crimes hediondos), os Congressistas não poderão
ser presos desde a diplomação até o encerramento do mandato, e se forem presos
em flagrante por crime inafiançável, o auto de prisão em flagrante deverá ser
encaminhado, dentro de 24 horas, à casa respectiva para que esta delibere por
maioria absoluta de seus membros sobre a prisão. Em relação ao processo, hoje
não há necessidade de licença prévia do congresso nacional para que o
parlamentar seja processado, atualmente, se a denuncia for recebida pelo
Supremo Tribunal Federal, o processo de crime cometido após a diplomação terá
seu curso normalmente, podendo a casa respectiva pelo voto da maioria absoluta
de seus membros, sustar o andamento do processo. É importante ficar atento em
relação ao crime cometido antes da diplomação, neste caso a casa a que o
parlamentar pertence não tem a possibilidade de sustar o processo. Se houver a
sustação do processo haverá a suspensão da prescrição, enquanto durar o
mandato.

• Privilégio de foro: Os Congressistas Federais, desde a expedição do diploma,


serão julgados criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal, não importando
se o crime foi cometido antes ou depois da diplomação (art. 53, § 1º e art. 102, I,
b).

• Limitação ao dever de testemunhar: Os parlamentares federais, em principio, tem o


dever de testemunhar sobre questões relevantes a instrução judicial, no entanto a
Constituição limita esta obrigatoriedade determinando que os parlamentares não
serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em
razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações (53, § 5º);

• Isenção do serviço militar: O congressista tem a prerrogativa de não ser obrigado a


prestar o serviço militar, mesmo que o congressista queira incorporar-se às Forças
Armadas, em tempo de guerra, não poderá fazê-lo por sua exclusiva vontade, ou
seja, dependerá de licença da Casa a qual pertença, salvo se renunciar o mandato.

• Imunidades e estado de sítio: As imunidades dos congressistas subsistirão durante


o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 de seus
membros, no caso de atos praticados fora do congresso nacional, ou seja, se o ato
for praticado dentro do congresso nacional a imunidade será absoluta.

Deste modo, após a análise do Estatuto dos Congressistas restou observado que as
imunidades a eles relativas só ocorrerão após a diplomação e não quando da posse,
sendo sabido que aquela antecede a esta.

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Questão 10 – assinale a opção correta.


a) A convocação extraordinária do Congresso Nacional não poderá ser requerida
pelos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
b) Durante a vigência do seu mandato, o Senador ou o Deputado Federal está livre de
qualquer espécie de prisão.
c) Nos crimes comuns, o Deputado Federal e o Senador são processados pelo
Superior Tribunal de Justiça, nos crimes de responsabilidade, pelo Supremo
Tribunal Federal.
d) A proteção resultante da garantia da imunidade em sentido material dos Deputados
Federais e Senadores por suas palavras e opiniões limita-se aos casos em que
expendidas no exercício do mandato ou em razão deste.
e) Iniciado o processo criminal contra o Senador ou o Deputado Federal, o processo
não poderá ser sustado pela Casa Legislativa a que pertence o réu.

Comentários:

Alternativa A: Resposta Errada


A Sessão legislativa pode ser ordinária ou extraordinária. A sessão legislativa ordinária
ocorre no período anual que inicia em 15 de fevereiro e termina em 15 de dezembro, no
entanto, se não houver a aprovação da lei de diretrizes orçamentárias, a qual deverá
ocorrer até o ultimo dia do primeiro semestre do ano, não haverá o termino da sessão
legislativa ordinária, que se estenderá até a votação desta lei (CF, art. 57, § 2º). No
período em que não houver sessão legislativa ordinária, o Congresso Nacional estará em
recesso, quer dizer, não haverá reuniões, salvo convocação para sessão legislativa
extraordinária.

De acordo com a Constituição Federal poderá haver a convocação do Congresso


Nacional para sessão legislativa extraordinária:

1. Pelo Presidente do Senado, em caso de decretação de estado de defesa ou


intervenção federal, de pedido de autorização para decretação de estado de sítio e para
compromisso e posse do Presidente e Vice-Presidente da República.

2. Pelo Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do


Senado ou requerimento da maioria dos membros de ambas as casas, em caso de
urgência ou interesse público relevante (CF, art.57, § 6º).

O Congresso Nacional, na sessão legislativa extraordinária só poderá deliberar sobre a


matéria para a qual foi convocado, vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor
superior ao subsidio mensal. É de se observar que a EC 32/2001 excepcionou o art. 57, §
7º, pois determina que se houver medidas provisórias em vigor na data da convocação
extraordinária, elas serão colocadas imediatamente em pauta (CF, art. 57, § 8º).

Assim, podemos perceber que, conforme estabelecido no art. 57, § 6º da Constituição


Federal, os membros da ambas as casas, através de requerimento da maioria, poderá

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convocar sessão legislativa extraordinária, em caso de urgência ou interesse público


relevante.

Alternativa B: Resposta Errada


Conforme dispõe o art. 53, § 2º da Constituição Federal os Senadores e Deputados
Federais, desde a expedição do diploma, só poderão ser presos em flagrante delito de
crime inafiançável.

Alternativa C: Resposta Errada


Conforme prevê o art. 102, I, b da Constituição Federal, os Congressistas Federais serão
julgados perante o Supremo Tribunal Federal quando cometerem crimes comuns, e,
consoante o art. 52, I, serão julgados pelo Senado Federal nos crimes de
responsabilidade.

Alternativa D: Resposta Correta


Conforme a jurisprudência uníssona do Supremo Tribunal Federal, a imunidade material,
estabelecida no art. 53, caput, da Constituição Federal, só abrange os atos referentes ao
exercício do mandato, ou em razão deste.

Neste sentido, decisão da Suprema Corte, "A garantia constitucional da imunidade


parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) — que representa um instrumento
vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo —
somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial
(locus) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria
Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem
conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham sido
proferidas em razão dela (prática propter officium), eis que a superveniente promulgação
da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da
inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da imunidade material — que constitui garantia
inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo,
qualquer privilégio de ordem pessoal) — não se estende a palavras, nem a manifestações
do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A
cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger
o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre as
declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício
congressional, de outro. Doutrina.

Precedentes. A situação registrada nos presentes autos indica que a data da suposta
prática delituosa ocorreu em momento no qual o ora denunciado ainda não se encontrava
investido na titularidade de mandato legislativo. Conseqüente inaplicabilidade, a ele, da
garantia da imunidade parlamentar material." (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
04/03/05)

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Alternativa E: Resposta Errada


Consoante o art. 53, § 3º da Constituição Federal, recebida a denuncia contra o Senador
ou o Deputado Federal, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa Legislativa
respectiva, que , mediante iniciativa de partido político nela representando e por
deliberação de maioria absoluta de seus membros, poderá sustar o andamento da ação.

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