Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Laudo de Inspeção Predial Ajuda Os Síndicos A Planejarem Os Investimentos
Laudo de Inspeção Predial Ajuda Os Síndicos A Planejarem Os Investimentos
Saiba o que
é esta atividade, para que serve e quando realizá-la.
a) anamnese;
b) vistoria sensorial;
c) testes e verificações expeditas (opcionalmente).
PÚBLICA
Fluxograma 1: Processo de Inspeção Predial
Ainda segundo a referida Norma (ABNT NBR 16747, 2020), o objetivo da Inspeção
Predial é apurar as causas de anomalias, manifestações patológicas e falhas de
manutenção mais significativas (ou seja, aquelas que comprometem o desempenho da
edificação), sendo depois classificada sua respectiva importância, assim como a
indicação das ações necessárias para assegurar a conservação da edificação.
Destaca-se nesse aspecto que, devido ao caráter amplo da Inspeção, normalmente não é
possível identificar as causas-raiz ou causas primárias dos problemas identificados, uma
vez que muitas vezes requerem maiores investigações, eventualmente sendo necessários
ensaios e estudos aprofundados.
PÚBLICA
Ressalta-se que a Inspeção Predial conseguirá identificar, além dos problemas notórios,
aqueles de difícil constatação e muitas vezes não identificáveis por leigos ou
profissionais não capacitados.
Apesar de ter sido publicada em 21/05/2020 a ABNT NBR 16747: “Inspeção predial –
Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento” ela apenas vai impor um padrão na
forma de realizar as inspeções e o tipo de parecer / laudo que será entregue. Ela não foi
concebida para instrumento de obrigação na realização da atividade de inspeção predial
nos condomínios e edificações.
Para isso deverá ser elaborada lei específica que trate sobre o tema, que já tramita no
poder legislativo. Enquanto isso, não há legislação federal que exija diretamente a
realização de Inspeção Predial, porém, atualmente existem Estados e Municípios que a
exigem, como por exemplo:
O grande dilema da obrigação legal da atividade de Inspeção Predial é que, quando isso
ocorre, observa-se uma queda na qualidade dos trabalhos realizados, decorrente da
busca pelo menor preço pelos contratantes e respectiva falta de estrutura empresarial ou,
ao menos, falta de ética dos executores.
Segundo a ABNT NBR 16747 (2020), a Inspeção Predial deve ser realizada apenas por
profissionais habilitados pelos conselhos profissionais na área de engenharia e
arquitetura (CREA ou CAU), dentro das respectivas atribuições profissionais
contempladas nas Leis Federais 5194 (de 21/12/1966) e 12378 (de 31/12/2010), e
PÚBLICA
resoluções do CONFEA, sendo recomendável que os profissionais possuam
especialização ou capacitação na área específica e instruções complementares sobre
desempenho das edificações, patologia das edificações, manutenção predial e/ou temas
correlatos. Segundo a ABNT NBR 16747 (2020), a Inspeção pode ser realizada por
equipe multidisciplinar, conforme a complexidade e/ou especifi¬cidade das instalações
existentes na construção.
Segundo a ABNT NBR 5674 (ABNT, 2012), as atividades de inspeção rotineira podem
ser realizadas por: empresa capacitada, empresa especializada ou equipe de manutenção
local, dependendo da complexidade do sistema. Dessa forma, podemos montar o
seguinte Quadro 1 para definição do profissional para realização de cada atividade.
Segundo a ABNT NBR 16747 (2020, p. 10-11), o Parecer ou Laudo de Inspeção Predial
deverá entregar no mínio, os seguintes dados:
PÚBLICA
com unidades privativas, área construída, tipologia dos principais sistemas
construtivos e descrição mais detalhada, quando necessário);
c) data das vistorias que compuseram a inspeção;
d) documentação solicitada e documentação disponibilizada;
e) análise da documentação disponibilizada;
f) descrição completa da metodologia da inspeção predial, acompanhada de
dados, fotos, croquis, normas ou documentos técnicos utilizados, ou o que for
necessário para deixar claros os métodos adotados;
g) lista dos sistemas, elementos, componentes construtivos e equipamentos
inspecionados e não inspecionados;
h) descrição das anomalias e falhas de uso, operação ou manutenção e não
conformidades constatadas nos sistemas construtivos e na documentação
analisada, inclusive nos laudos de inspeção predial anteriores;
i) classificação das irregularidades constatadas;
j) recomendação das ações necessárias para restaurar ou preservar o desempenho
dos sistemas, subsistemas e elementos construtivos da edificação;
k) organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo em conta as
recomendações apresentadas pelo inspetor predial;
l) avaliação da manutenção dos sistemas e equipamentos e das condições de uso
da edificação;
m) conclusões e considerações finais;
n) encerramento, onde deve constar a seguinte nota obrigatória: Este Laudo foi
desenvolvido por solicitação de (nome do contratante) e contempla o parecer
técnico do (s) subscritor (es), elaborado com base nos critérios da ABNT NBR
16747;
o) data do laudo técnico de inspeção predial;
p) assinatura do (s) profissional (ais) responsável (eis), acompanhada do nº no
respectivo conselho de classe;
q) anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de
Responsabilidade Técnica (RRT).
8. Considerações finais
Por fim, apesar de a ABNT NBR 16747 (2020) ter sido publicada, ela não serve como
obrigatoriedade para que os síndicos contratem o serviço de inspeção predial.
Esta norma veio definir um padrão mínimo de qualidade dos trabalhos de Inspeção
Predial, dando diretrizes e métodos para fazê-lo com o mínimo grau de qualidade, assim
como, dados mínimos que deverão estar contidos no laudo.
Desta forma, a estratégia foi primeiramente criar uma padronização das diretrizes de
inspeção pela ABNT para depois exigir a sua realização em âmbito federal, tentando
evitar a queda da qualidade estadas atividades, identificadas nos municípios onde é
obrigatória a sua realização, com a famosa venda de ARTs sem a correspondente
prestação de serviços.
Referências
PÚBLICA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5671: Participação
dos intervenientes em serviços e obras de engenharia e arquitetura. Rio de Janeiro,
1990.
______. NBR 13752: Perícias de engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996.
Não reproduza o conteúdo sem autorização da Fernandes & Grossi. Este site está
protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total
ou parcial é proibida nos termos da Lei.
PÚBLICA
PL 6014/2013
Ainda em
tramitação na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 6014/2013, do ex-senador
Marcelo Crivella, determina a realização periódica de inspeções em edificações
e cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificações (LITE).
O PL
estabelece que o objetivo da inspeção é efetuar o diagnóstico da edificação. As
exceções são barragens e estádios de futebol, por estarem abrangidos por outra
legislação
específica e prédios residenciais de até três pavimentos.
Periodicidade
Ele
prevê que a primeira inspeção se dê transcorridos 10 (dez) anos da emissão do
Habite-se ou Termo de Conclusão, estabelecendo então inspeções regulares e
periódicas de acordo com a tipologia da edificação.
1. a
cada 5 (cinco) anos, para edificações com até 39 (trinta e nove) anos de
construção;
2. a
cada 3 (três) anos, para edificações com 40 (quarenta) a 49 (quarenta e nove)
anos de construção;
3. a
cada 2 (dois) anos, para edificações com 50 (cinquenta) a 59 (cinquenta e nove)
anos de construção; e
4. a
cada ano, para edificações com 60 (sessenta) anos ou mais de construção.
Principais pontos
A
inspeção será por meio de vistoria especializada (ou seja, profissionais da
engenharia e/ou arquitetura com registros no CREA e no CAU), utilizando-se de
Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (Lite) para emitir parecer acerca das
PÚBLICA
condições técnicas de uso e de manutenção, com avaliação do grau de risco à
segurança dos usuários.
Dispõe
que após a emissão do Laudo e apresentação ao órgão responsável pela
fiscalização, caberá ao proprietário ou responsável pela administração da
edificação providenciar as ações corretivas, sob pena de multa pelo
descumprimento.
Interessante
é que o PL faculta que a critério da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros ou do
órgão municipal responsável pela fiscalização, que as obras de construção
inacabadas ou abandonadas, que ofereçam risco à segurança pública também sejam
consideradas como edificações.
Outro
item proposto no PL dispõe que o conteúdo do laudo será livre para os
proprietários e usuários da edificação.
PL
6014/2013 – Projeto de Lei – Determina a realização periódica de inspeções
em edificações e cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (LITE).
Situação atual
Última
ação legislativa:
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)Reabertura
do Prazo para Emendas ao Projeto – Art. 166 do RICD (5 sessões a partir de
04/07/2019)
O projeto
lei pode ser acessado aqui:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=9393FF417
0A74BC9D298C6E16871CC4C.proposicoesWebExterno2?
codteor=1111304&filename=PL+6014/2013
PÚBLICA
Legislações
Estaduais
Tipo:
Autovistoria
Na esfera
estadual, o Rio de Janeiro sai na frente e já possui sua legislação em vigor.
Trata-se da Lei nº 6400, de 05 de março de 2013 – Determina a realização
periódica por Autovistoria, a ser realizada pelos condomínios ou por
proprietários dos prédios residenciais, comerciais e pelo poder público, nos
prédios públicos, incluindo estruturas, fachadas, empenas, marquises, telhados
e obras de contenção de encostas bem como todas as suas instalações e cria
laudo técnico de vistoria predial (ltvp) no estado do rio de janeiro e dá
outras providências.
Esta lei
fixa a obrigatoriedade de autovistoria, a cada dez anos para edificações com
menos de 25 anos de vida útil. E a cada 5 anos para edificações com mais de 25
anos.
Aqui o
legislador especificou claramente que em caso de descumprimento do disposto
nesta Lei, o síndico será pessoalmente responsabilizado solidariamente com o
condomínio, por danos que a falta de reparos ou de manutenção da edificação
venha a causar a moradores ou a terceiros, salvo se o descumprimento se der em
razão de deliberação em Assembleia.
Cidades
com leis já homologadas
PÚBLICA
Balneário
Camboriú
Lei Nº
2805, De 12 De Março De 2008 – “Torna Obrigatória A Realização De
Vistorias Periódicas Nas Edificações Da Cidade E Dá Outras Providências”.
Tipo:
Autovistoria
Nela,
estabelece-se que os proprietários, responsáveis ou gestores das edificações
privadas e públicas existentes no município deverão, às suas expensas, promover
nestas, vistorias periódicas, para detecção de irregularidades na parte física
do imóvel, registradas em um Parecer Técnico, no qual deverão ser
obrigatoriamente anexados o Formulário de Inspeção Técnica e a Ficha Técnica da
Edificação. A periodicidade aqui é variável a depender da idade do imóvel,
sendo que edificações de maior porte possuem periodicidade de três anos.
Bauru
Lei
Municipal 4444/1999 – Torna Obrigatório O Laudo Técnico De Regularidade Das
Edificações No Município Com Mais De Três Andares
Tipo:
Certificado de inspeção predial
Nesta
legislação os responsáveis por edificações privadas ou públicas, a cada três
anos, devem apresentar laudo técnico junto à municipalidade.
PÚBLICA
Fortaleza
Lei Nº
9913, De 16 De Julho De 2012 – Dispõe sobre obrigatoriedade de vistoria
técnica, manutenção preventiva e periódica das edificações e equipamentos
públicos ou privados no âmbito do município de fortaleza, e dá outras
providências.
Tipo:
Certificado de inspeção predial
Jundiaí
Tipo:
Autovistoria
PÚBLICA
Aqui a legislação exige vistoria técnica a qualquer
edificação com área construída superior a 750 m² (setecentos e cinquenta metros
quadrados).
Porto
Alegre
DECRETO Nº
17.720 DE 2 DE ABRIL DE 2012 – Regulamenta o art. 10 da Lei Complementar nº
284, de 27 de outubro de 1992, que dispõe sobre as regras gerais e específicas
a serem obedecidas na manutenção e conservação das edificações
Tipo: Certificado
de inspeção predial
A
legislação de Porto Alegre requer que o proprietário ou usuário a qualquer
título da edificação apresentará à Secretaria Municipal de Obras e Viação
(SMOV) Laudo Técnico de Inspeção Predial (LTIP) elaborado por profissional
habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RS) ou
Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RS) atestando as condições de
segurança das edificações, indicando patologias ou risco de acidentes e
recomendações a serem adotadas, para fins de obtenção do Certificado de
Inspeção Predial (CIP), a ser emitido pelo órgão público competente. As
periodicidades são variáveis a depender do seu uso, se comerciais, publicas ou
residenciais.
Ribeirão
Preto
PÚBLICA
Tipo:
Autovistoria
A lei 1669
exige que o proprietário, locatário, síndico ou ainda o possuidor a qualquer
título, fica obrigado a obter o Laudo Técnico de Certificação de Inspeção
Predial, para verificação das condições de estabilidade, segurança, salubridade
e manutenção, cuja característica do imóvel e sua periodicidade deve obedecer
à parâmetros em função do uso e idade do imóvel.
Salvador
Tipo:
Autovistoria
As edificações
e equipamentos de que trata esta Lei deverão sofrer vistorias técnicas,
registradas em relatórios ou laudos técnicos, de responsabilidade de seus proprietários
ou gestores conforme o caso, e serão realizadas por profissionais habilitados
no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/Ba e na
Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município – SUCOM.
Santos
PÚBLICA
Lei Complementar
Nº 441, De 26 De Dezembro De 2001 – Institui A Autovistoria Das Edificações Não
Unifamiliares E Dos Seus Elementos Que Estejam Sobre Logradouro Público
Tipo:
Autovistoria
Uma peculiaridade desta lei é que, apesar de ser uma autovistoria, no caso de o laudo da
vistoria técnica
concluir pela necessidade de quaisquer intervenções, o profissional ou a
empresa responsável pela sua elaboração deverá apresentar cópia à Prefeitura
Municipal de Santos, mediante protocolo, indicando os prazos para a execução
dos serviços que sejam compatíveis com a segurança da edificação e dos seus
elementos.
São
Vicente
Tipo:
Certificado de inspeção predial
Nesta lei,
o proprietário, locatário, síndico ou,
ainda, o possuidor a qualquer título, fica obrigado a obter o Laudo Técnico de
Certificação de Inspeção Predial, para verificação das condições de
estabilidade, segurança e salubridade, a cada 5 (cinco) anos.
PÚBLICA
inspecao-predial-nas-edificacoes-publicas-e-privadas-do-municipio-e-da-outras-
providencias
Nos temos
ainda as normas técnicas que orientam sobre os trabalhos de inspeção e
manutenção prediais.
Quer saber mais sobre Inspeção Predial Na Pratica? Baixe gratuitamente nosso ebook:
https://mailchi.mp/1fc0a3d648e8/inspecaopredial
PÚBLICA
Acesse nossas publicações!
Edifícios Eficientes:
https://realizarengenharia.com/conhecimento/publicacoes/edificios-eficientes/
Siga a Realizar!
20 de fevereiro de 2021
Neste artigo trato das Inspeções Prediais, que são uma das principais ferramentas da
Engenharia Diagnóstica, abordando as normas específicas e os procedimentos passo a
passo para elaboração do Laudo Técnico de Inspeção Predial.
PÚBLICA
Sumário do artigo
Introdução
Normas técnicas
NBR 16.747
o Definições importantes
Atribuições profissionais
Abrangência
Níveis de inspeção
Etapas da metodologia da inspeção predial
o Levantamento de dados e documentação
o Análise da documentação
o Anamnese
o Vistoria da edificação
Roteiro da vistoria
o Classificação das irregularidades constatadas
o Recomendações técnicas
o Organização das prioridades em patamares de urgência
o Avaliação da manutenção e do uso
Avaliação da manutenção
Avaliação do uso
o Laudo técnico de inspeção predial
Responsabilidades
Conclusão
Principais referências
Introdução
Conforme tratado no artigo anterior as ferramentas de engenharia diagnóstica são a
vistoria, a inspeção, a auditoria, a perícia e a consultoria, hierarquicamente
estruturadas nesta ordem. A vistoria está relacionada à constatação técnica, a inspeção à
análise técnica, a auditoria ao atestamento técnico, a perícia à apuração técnica de
origem e a auditoria consiste em prognóstico e prescrição.
PÚBLICA
A partir destas definições e enquadramento, notamos que a Inspeção Predial não se
limita à mera constatação, mas também não tem o objetivo atestamento ou de
determinação, muito menos de prescrição de qualquer solução.
Neste sentido, podemos definir como escopo da inspeção predial a análise de elementos,
sintomas e condições físicas das anomalias construtivas e falhas de manutenção das
edificações, com base em informações genéricas e na expertise do inspetor, realizada
normalmente através de vistorias.
Normas técnicas
Conforme também foi tratado no artigo anterior a Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT, que é o foro nacional de normalização, disponibiliza à sociedade
textos normativos relacionados à manutenção de imóveis e à engenharia diagnóstica há
muitas décadas.
Todavia permaneceu por muito tempo uma lacuna não preenchida relacionada à análise
técnica e avaliação da qualidade da manutenção e sua aplicação direta na gestão
patrimonial, e a Inspeção Predial é ferramenta que propicia esta avaliação sistêmica da
edificação.
Esta lacuna foi preenchida, em certo sentido, pelas Diretrizes técnicas do Instituto de
Engenharia e pela Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE - Instituto Brasileira
de Avaliações e Perícias e Engenharia, publicada em 2009 e atualizada em 2012, com
base em texto normativo do IBAPE/SP, que tem sido o principal referencial normativo
especificamente relacionado a Inspeções Prediais no Brasil, pelo menos até 2020,
quando foi publicada a NBR 16.747.
NBR 16.747
Finalmente, em 2020, a ABNT publica a NBR 16.747, que fornece diretrizes, conceitos,
terminologia e procedimentos relativos à inspeção predial, estabelecendo métodos e
etapas mínimas para a atividade e se aplica às edificações de qualquer tipologia.
Esta norma trata de Inspeção Predial em um sentido geral, que avalia as condições
globais da edificação com base em uma análise fundamentalmente sensorial (que é a
análise e interpretação dos elementos e patologias da edificação como são percebidos
pelos cinco sentidos: visão, olfato, gustação, tato e audição), e não cobre inspeções
prediais especializadas.
A atividade de inspeção predial estabelecida nesta Norma tem por objetivo constatar o
estado de conservação e funcionamento da edificação, seus sistemas e subsistemas, de
forma a permitir um acompanhamento sistêmico do desempenho ao longo da vida útil,
para que sejam mantidas as condições mínimas necessárias à segurança, habitabilidade e
durabilidade da edificação.
PÚBLICA
Enquanto não havia uma norma da ABNT tratando especificamente sobre Inspeção
Predial era comum fazer referência à NBR 13.752 (Perícia de Engenharia na Construção
Civil) e, para identificar o padrão de qualidade, à NBR 15.575 (Norma de Desempenho)
e NBR 5674 (Manutenção de Edificações).
A NBR 16.747 faz referência a estas normas citadas e inclui também a NBR 16.280
(Reforma em Edificações) e a NBR ISO 5492 (Análise Sensorial), de modo que abrange
as normas já conhecidas.
A ABNT ainda afirma explicitamente que a inspeção predial considerada por esta NBR
16.747 não tem a finalidade de avaliar os requisitos da NBR 15.575, não substitui as
atividades de inspeções periódicas que são parte dos programas de manutenção
conforme estabelecido pela NBR 5674, e que devem estar previstos nos manuais que
são escopo da NBR 14.037.
Definições importantes
Inspeção predial
Vistoria predial
Atribuições profissionais
As inspeções prediais devem ser realizadas apenas por profissionais habilitados,
devidamente registrados nos conselhos profissionais pertinentes, notadamente o CREA -
PÚBLICA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia ou o CAU - Conselho de Arquitetura e
Urbanismo.
Abrangência
De acordo com a NBR 16.747, a abrangência da avaliação de desempenho na inspeção
predial deve considerar, no mínimo o seguinte subconjunto de requisitos dos usuários:
1. segurança
o segurança estrutural
o segurança contra incêndio
o segurança no uso e na operação
2. habitabilidade
o estanqueidade
o saúde, higiene e qualidade do ar
o funcionalidade e acessibilidade
3. sustentabilidade
o durabilidade
o manutenibilidade
Níveis de inspeção
O intuito da determinação de níveis de inspeção é classificar as edificações por
complexidade técnica, consideradas as características técnicas da edificação,
manutenção e operação existentes e a necessidade de formação de equipe
multidisciplinar ou não para execução dos trabalhos.
De acordo com a norma, o nível 3 de inspeção pode ser intitulado como auditoria.
Todavia, de acordo com GOMIDE, FAGUNDES NETO e GULLO (2009), esta
proposição não está correta pois a auditoria possui escopo diferente da inspeção, sendo
mais adequado restringir o nível 3 à adoção dos parâmetros definidos no nível 2,
PÚBLICA
acrescidos das análises físico-químicas e outros eventuais indicadores que envolvam a
segurança, saúde e melhoria nas condições de habitabilidade.
O profissional deve solicitar acesso para consulta aos documentos que devem servir à
análise. A listagem dos documentos solicitados deve ser confrontada com a fornecida e
esta informação deve ser registrada no laudo técnico de inspeção predial.
A NBR 16.747 recomenda que seja solicitada a seguinte lista de documentos, que deve
ser ajustada, reduzida ou complementada pelo profissional em função do tipo e
complexidade da edificação e das exigências legais da localidade.
PÚBLICA
Auto de conclusão (Habite-se);
Alvará de funcionamento (para imóveis não residenciais);
Alvará de instalação de elevadores;
Alvará de funcionamento de elevadores;
Auto de vistoria do Corpo de Bombeiros;
Projetos legais aprovados;
Projeto de segurança contra incêndio aprovado;
Projetos exigidos por concessionárias de serviços públicos, aprovados;
Projetos Executivos;
Regulamento / Regimento Interno;
Licenças ambientais;
Termos de ajustamento de conduta ambiental;
Outorga e licença de poço profundo de captação de água;
Outorga e licença de estação de tratamento de efluentes;
Cadastro das máquinas e equipamentos instalados na edificação;
Atestado de brigada de incêndio (conforme legislação estadual);
Relatório de inspeção anual de elevadores;
Contrato de manutenção de elevadores e outros meios de transporte (verificar
validade);
Contrato de manutenção de grupos geradores (verificar validade);
Contrato de manutenção de sistemas e instrumentos de prevenção e combate a
incêndios (verificar validade);
Certificado de teste dos equipamentos de combate a incêndio;
Livro de ocorrências da central de alarmes;
Certificado de desratização e desinsetização;
Plano de manutenção, operação e controle de ambientes climatizados;
Avaliação de rede de distribuição interna de gás (a cada 5 anos ou legislação local);
Relatórios da realização de serviços de manutenção previstos no manual de uso,
operação e manutenção;
Relatórios das análises físico-químicas e bacteriológicas de potabilidade de água dos
reservatórios e da rede;
Relatórios de limpeza e desinfecção dos reservatórios de água;
Relatórios de limpeza e manutenção dos poços profundos;
Relatório de manutenção da estação de tratamento de efluentes;
Relatório de manutenção e limpeza das caixas de inspeção e gordura;
Relatório de manutenção da estação de tratamento de água;
Relatório do acompanhamento de rotina da manutenção geral;
Relatórios dos acompanhamentos das manutenções dos sistemas específicos, como ar
condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, equipamentos eletromecânicos e
demais componentes;
Relatórios de ensaios de água gelada e de condensação de sistemas de ar
condicionado central;
Relatórios de ensaio de água de reuso (físico-químico e bacteriológicos);
Relatórios de ensaios de controle de efluentes tratados;
Relatórios de testes de estanqueidade de rede de distribuição interna de gás;
Relatórios de ensaios preditivos, como termografia, vibrações mecânicas, etc;
Relatórios de manutenção de outros sistemas instalados;
Atestado do Sistema de Proteção a Descargas Atmosféricas - SPDA;
Relatório de medição ôhmica do aterramento do SPDA.
Análise da documentação
PÚBLICA
Esta análise tem o objetivo de constatar a adequação da edificação e seus componentes,
bem como identificação de deficiências e falhas de manutenção e de uso, entre outras
inconformidades técnicas e legais. A análise técnica mais aprofundada, como análise de
projetos apresentados, não faz parte do escopo da inspeção.
Anamnese
Vistoria da edificação
características construtivas;
idade das instalações e da construção e vida útil prevista;
exposição ambiental da edificação;
agentes e processos de degradação atuantes;
expectativa sobre o comportamento em uso.
A vistoria se limita às porções visíveis dos sistemas e dos elementos que se tem acesso.
Excluem-se da vistoria os sistemas e elementos aos quais não se pode ter acesso, que
não estejam visíveis ou que para isto seja necessário mover itens ou obstáculos, que pela
avaliação do inspetor não exista condições de segurança para acessá-los, entre outras
PÚBLICA
limitações que possam impedir a sua verificação. Todos os componentes e sistemas que
por algum motivo não possam ser verificados, bem como a impossibilidade de vistoria
em alguma unidade autônoma, devem ser mencionados no laudo técnico de inspeção
predial, com a menção aos motivos.
Roteiro da vistoria
1. Estruturas e fundações;
2. Vedações;
3. Revestimentos;
4. Esquadrias;
5. Impermeabilização;
6. Instalações hidráulicas;
7. Instalações elétricas;
8. Instalações de gás;
9. Sistemas eletromecânicos;
10. Coberturas;
11. SPDA;
12. Áreas de lazer;
13. Sistemas de combate a incêndio.
Esta é uma listagem não exaustiva, e artigos posteriores nesta série podem tratar mais
detidamente sobre o roteiro de vistoria predial, além de sistemas, elementos e patologias
específicas. Assine nossa newsletter para ser notificado da publicação de material novo.
PÚBLICA
1. Anomalias: se caracterizam pela perda de desempenho de um elemento, subsistema
ou sistema construtivo e são ainda divididas em:
o endógena ou construtiva: quando a perda de desempenho decorre das etapas
de projeto e/ou execução;
o exógena: quando a perda de desempenho relaciona-se a fatores externos à
edificação, provocados por terceiros;
o funcional: quando a perda de desempenho relaciona-se ao envelhecimento
natural e consequente término de vida útil.
2. Falhas: caracterizam-se pela perda de desempenho de um elemento, subsistema ou
sistema construtivo decorrentes do uso, operação e manutenção.
Uma vez que a inspeção predial é uma avaliação sensorial pode não ser possível
classificar em anomalias e falhas todas as irregularidades constatadas e apontadas no
desenvolvimento do trabalho. Além disso, a determinação da origem das anomalias e
falhas não faz parte do escopo da inspeção e a falta de elementos necessários para tal faz
com que a classificação fique a cargo da subjetividade do inspetor.
Recomenda-se que esta classificação seja feita quando for possível determiná-la, e
quando for impossível o profissional deve incluir nas recomendações a análise mais
aprofundada e específica da irregularidade indeterminada (GOMIDE; FAGUNDES
NETO; GULLO, 2013).
Recomendações técnicas
De acordo com a norma do IBAPE Nacional, sempre que possível devem ser
recomendadas medidas que possam contribuir no âmbito administrativo, da
sustentabilidade e também de responsabilidade social, como medidas para economia
energética e de água, reciclagem e acessibilidade.
PÚBLICA
A NBR 16747 determina que as recomendações técnicas para correção das anomalias,
falhas de uso, operação ou manutenção e/ou não conformidade com a documentação
analisada, devem ser organizadas em patamares de urgência, da seguinte forma:
Estes três patamares de urgência determinados pela norma da ABNT coincidem com a
classificação em níveis de criticidade recomendada pela norma do IBAPE nacional, com
os níveis crítico, médio e mínimo correspondendo aos patamares de prioridade 1,
prioridade 2 e prioridade 3, respectivamente.
Avaliação da manutenção
1. Plano de Manutenção:
o coerência do plano de manutenção em relação ao que foi recomendado pela
construtora e ao que foi especificado por fabricantes de equipamentos e
sistemas inspecionados nos respectivos manuais de uso e manutenção, que
devem ter sido elaborados em conformidade com a NBR 14037.
o constatar a efetiva execução das atividades dispostas no plano de manutenção
quanto aos procedimentos técnicos, periodicidades e demais recomendações
PÚBLICA
de normas, manuais de fabricantes e outros documentos, tudo com a devida
evidência do histórico de manutenção.
o a frequência e adequação de rotinas à idade das instalações, ao uso, exposição
ambiental, entre outros aspectos técnicos que permitam que o profissional
habilitado avalie a eficácia do plano de manutenção executado.
2. Condições de execução das atividades de manutenção:
o Verificar se existem as condições mínimas necessárias de acesso aos
equipamentos sistemas, permitindo a plena realização das atividades
propostas no plano de manutenção;
o Verificar as condições de segurança para o mantenedor e usuários da
edificação, durante a execução da manutenção.
Também deve ser observado o atendimento à NBR 5674 no que diz respeito às
responsabilidades pela manutenção da edificação
Avaliação do uso
Na ausência de projetos, as normas especificam que a análise deve ser feita com base
em parâmetros estabelecidos e/ou recomendados em normas técnicas, instruções
técnicas ou leis específicas que contemplem tais sistemas. A eventual inexistência de
parâmetros que impossibilitem esta análise deve ser mencionada no laudo.
PÚBLICA
o tipo de uso;
o número de edificações (se for um conjunto);
o número de pavimentos;
o número de unidades privativas (quando possuir múltiplas unidades);
o área construída;
o tipologia dos principais sistemas construtivos;
o descrição mais detalhada (se necessário);
3. data das vistorias que compuseram a inspeção;
4. documentação solicitada e documentação disponibilizada;
5. análise da documentação disponibilizada;
6. descrição completa da metodologia da inspeção predial, acompanhada de dados,
fotos, croquis, normas ou documentos técnicos utilizados, ou o que for necessário para
deixar claro os métodos adotados;
7. lista dos sistemas, elementos, componentes construtivos e equipamentos
inspecionados e não inspecionados;
8. descrição das anomalias e falhas de uso, operação ou manutenção e não
conformidades constatadas nos sistemas construtivos e na documentação analisada,
inclusive nos laudos de inspeção predial anteriores;
9. classificação das irregularidades constatadas;
10. recomendação das ações necessárias para restaurar ou preservar o desempenho dos
sistemas, subsistemas e elementos construtivos da edificação;
11. organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo em conta as
recomendações apresentadas pelo inspetor predial;
12. avaliação da manutenção dos sistemas e equipamentos e das condições de uso da
edificação;
13. conclusões e considerações finais;
14. encerramento, onde deve constar a seguinte nota obrigatória: “Este laudo foi
desenvolvido por solicitação de (nome do contratante) e contempla o parecer técnico
do(s) subscritor(es), elaborado com base nos critérios da ABNT NBR 16747”;
15. data do laudo técnico de inspeção predial;
16. assinatura do(s) profissional(is) responsável(is), acompanhada do número do
respectivo conselho de classe (CAU ou CREA);
17. Anotação de Responsabilidade Técnica - ART ou Registro de Responsabilidade Técnica
- RRT.
Responsabilidades
Os profissionais encarregados pela inspeção predial ficam responsáveis pela realização
da mesma segundo o escopo e o nível de inspeção, bem como da observação dos
quesitos técnicos e legais relativos às normas e legislações vigentes. O profissional
responsável pela inspeção fica eximido de qualquer responsabilidade se não forem
implantadas as eventuais medidas corretivas pelos responsáveis das edificações e por
anomalias e falhas inerentes à construção, execução e outros de responsabilidade de
terceiros.
PÚBLICA
Conclusão
Neste artigo tratamos das normas técnicas e dos procedimentos passo a passo para
elaboração da inspeção predial, uma das principais ferramentas da Engenharia
Diagnóstica.
Principais referências
ALVES, Elson Fabiano. Engenharia Diagnóstica: ferramentas, conceitos e
normas. Inteligência Urbana, 2021. Acessado em: 12/02/2021;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674.
Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de gestão de
manutenção. Rio de Janeiro, 2012;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.752.
Perícias de engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.037.
Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das
edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de
Janeiro, 2014;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575-1.
Edificações habitacionais - Desempenho - Parte 1: Requisitos gerais. Rio de
Janeiro, 2013;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16.280.
Reforma em edificações — Sistema de gestão de reformas — Requisitos. Rio de
Janeiro, 2020;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16.747.
Inspeção predial - Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento. Rio de
Janeiro, 2020;
PÚBLICA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 5492.
Análise sensorial — Vocabulário. Rio de Janeiro, 2017;
DEUTSCH, Simone Feilgelson. Perícias de Engenharia: A apuração dos fatos.
São Paulo: Leud, 2019;
GOMIDE, Tito Lívio Ferreira. Engenharia Legal: Novos estudos. São Paulo:
Leud, 2008;
GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; FAGUNDES NETO, Jerônimo Cabral P.;
GULLO, Marco Antônio. Normas Técnicas Para Engenharia Diagnostica em
Edificações. São Paulo: Pini, 2013;
INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS. Norma de
Inspeção Predial Nacional. São Paulo, 2012;
IBAPE. Inspeção Predial: Checkup predial: Guia da boa manutenção. São
Paulo: Leud, 2012;
INSTITUTO DE ENGENHARIA. Diretrizes Técnicas de Engenharia
Diagnóstica em Edificações. São Paulo: Leud, 2016;
MARQUES, José. Perícias em Edificações: Teoria e Prática. São Paulo: Leud,
2015;
PUJADAS, Flávia Zoéga Andreatta. Inspeção Predial: Ferramenta de
Avaliação da Manutenção. Artigo - XIV Congresso Brasileiro de Engenharia de
Avaliações e Perícias. Salvador, 2007.
PÚBLICA