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NOME DO ALUNO: MARCOS PAULO DE SOUZA SANTOS

NÚMERO USP: 13824174


GRUPO: BIANCA

Inicialmente vale conceituar o que é o cargo público: regido pelo artigo 37 da


CF/88, sendo então um conjunto de atribuições e responsabilidades atribuídos a um
servidor, criado por lei, em número certo e denominação própria. os cargos públicos são
de vital importância ao funcionamento da administração publica, por isso em sua maior
parte são preenchidos por servidores concursados (ainda que hajam também os cargos
em comissão) e, devido à alta importância, são contemplados com estabilidade e
salários elevados, principalmente nos cargos de maior responsabilidade. Tais bônus são
acompanhados do ônus de garantir o bom andamento da máquina pública naquilo que
lhe cabe e o respeito as normas legais do cargo, como a não acumulação de dois cargos
públicos remunerados no mesmo horário, proibição constante no art. 37 inciso XVI da
CF, salvo as exceções previstas também na constituição.

Apesar do debate se seria possível ou não exercer um cargo remunerado e outro


desprovido de proventos, quando se trata de cargo na administração pública e cargo
eletivo existe a permissão constitucional no art. 38 para que o servidor da administração
publica direta se afaste do cargo para exercer, assim, o mandato eletivo, ficando com os
vencimentos do seu cargo suspensos até o retorno e o tempo não será contado para
promoção por merecimento, ainda que conte para demais fins legais, como a
aposentadoria. Assim sendo, um professor da Universidade Federal do Paraná, por
exemplo, pode exercer um cargo eletivo, enquanto seu cargo de professor sofre esta
espécie de “congelamento”, podendo ele retornar após o fim do mandato. Tal
situação, no entanto, não se aplica ao poder judiciário, devido ao constante nos incisos I
e III do parágrafo único do art. 95 da CF/88, que vedam juízes de se dedicar a atividade
politico partidárias e exercer outro cargo ou função, salvo um a de magistério. Esta
previsão visa “assegurar a plena isenção e independência à atuação do magistrado”,
como dito pelo Min. Gilmar Mendes ao negar pedido de uma associação de juízes para
que magistrados pudessem se candidatar a funções políticas sem deixar o cargo. Esta
negativa é oriunda da Ação originária 2.236, onde a União Nacional dos Juízes Federais
do Brasil pediu o entendimento do art. 23 da Convenção Americana de Direitos
Humanos, que permite o exercício de ambos os cargos, mas o ministro salientou que a
convenção tem caráter infraconstitucional, não podendo então se sobressair ao previsto
na Constituição Brasileira.

Portanto, no caso do Juiz de Direito que trabalha na cidade de Passárgada e


deseja se candidatar ao cargo eletivo de governador, a conclusão é de que,
enquanto juiz, é vedada esta possibilidade. Para que ele possa então estar legalmente
disponível exercer cargo, é necessário a exoneração de sua função como juiz, visto
que o mero afastamento não retirará o status de juiz, conforme visto no art. 37
inciso XVI. Ao pedir exoneração do cargo, no entanto, ele poderá, dentro do prazo de
até 6 meses de sua saída, estar disponível a assumir o cargo, conforme a LC 64/90, art.
1º, II, a, 8. Este prazo é o chamado desincompatibilização eleitoral, regra criada para
impedir que o servidor utilize de seu posto anterior em beneficio próprio. Em
sessão em 2020, no CNJ, o então presidente do STF Min. Dias Toffoli defendeu,
inclusive, aumentar este prazo para 8 anos. Nas palavras do excelentíssimo Ministro,
“Assim se evitaria de utilização da magistratura e do poder imparcial do juiz para fazer
demagogia, aparecer para a opinião pública e depois se fazer candidato”. Cabe ainda
ressaltar que esta exoneração é definitiva, como pode ser visto no site do TSE, o que
demonstra que o juiz não poderá retomar essas funções após a exoneração a pedido, que
é irreversível. Contudo, não existe vedação prevista a participação em novos concursos,
sendo aberta então esta possibilidade de ingressar novamente na administração pública
como servidor.

Por fim, tanto caso eleito o juiz (caso não houvessem impossibilidades) como
caso eleita qualquer outra pessoa, seria vedada a nomeação da mãe para um cargo
em comissão. Os chamados cargos em comissões são cargos distribuídos a pessoas de
confiança de quem faz as nomeações a ele, tem caráter temporário e não necessitam de
concurso (art. 37 inciso II da CF/88) e a Sumula Vinculante 13, do STF, editada em
2008, veda o chamado nepotismo, proibindo “A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas”.

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