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São Paulo
2014
3
Sumário
INTRODUÇÃO....................................................................... 9
Capítulo 1 – ALGO SOBRE O ESTADO................................ 25
1.1 Introdução....................................................................... 25
1.2 Origem ........................................................................... 27
1.3 Evolução histórica do Estado.......................................... 30
1.3.1 Idade Antiga...................................................... 30
1.3.2 Idade Média....................................................... 35
1.3.3 Idade Moderna................................................... 37
Capítulo 2 – Direito Orçamentário............................ 55
2.1 Direito orçamentário. Conceito....................................... 55
2.2 Conceito de orçamento.................................................... 59
2.2.1 Características................................................... 62
2.3 Aspectos do orçamento................................................... 64
2.3.1 Caráter político do orçamento............................ 65
2.3.1.1 Os limites do político.......................... 68
2.3.1.2 Como se processa a aprovação do orça-
mento no Brasil................................... 69
2.3.1.3 Não aprovação do orçamento.............. 71
2.3.1.3.1 Pequeno histórico................ 72
2.3.1.3.2 Não aprovação tempestiva do
orçamento............................ 73
2.3.1.3.3 Rejeição do projeto de lei or-
çamentária........................... 75
2.3.1.3.4 Direito comparado............... 77
2.3.2 Aspecto econômico do orçamento..................... 80
2.4 Evolução histórica do orçamento.................................... 83
Capítulo 3 – NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁ-
RIA.................................................................................. 93
3.1 Natureza Jurídica do Orçamento..................................... 93
4 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
7.1.1
Estados Unidos da América............................... 234
7.1.2
Os orçamentos com base em programas............ 235
Orçamento por objeto (line item budgeting)...... 237
7.1.3
7.1.4
Orçamento cíclico.............................................. 237
7.1.5
Orçamento funcional......................................... 239
O PPBS – (Planning, Programming, Budgeting
7.1.6
System) – Sistema de planejamento e programação
orçamentária ..................................................... 243
7.1.7 Orçamento “base zero”...................................... 243
7.1.8 Orçamento-programa......................................... 245
7.2 A performance................................................................. 249
7.2.1 A busca por melhor desempenho....................... 251
7.2.2 Uma nova governança financeira pública.......... 254
7.2.2.1 Características da “nova governança”. 255
7.2.2.2 O modelo do governo da empresa....... 256
7.2.3 A Escola do Public Choice................................. 258
7.3 O orçamento e desempenho............................................. 260
7.3.1 Orçamento de resultados (outro nome para “de
desempenho”)................................................... 262
7.3.2 O “novo” orçamento de desempenho................. 266
7.3.2.1 Ainda o “novo” performance budget... 268
7.3.3 A performance e os recursos humanos............... 270
7.3.4 O que esperar com a adoção do orçamento de
resultado?.......................................................... 271
7.4 Conclusão........................................................................ 273
Capítulo 8 – ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMEN-
TO............................................................................... 275
8.1 Introdução ...................................................................... 275
8.2 Intervenção do Estado na Economia................................ 277
8.2.1 Os economistas e a intervenção......................... 279
8.2.2 A intervenção do Estado e o Estado Social de
Direito............................................................... 284
8.2.3 A intervenção e o equilíbrio orçamentário......... 286
Sumário 7
INTRODUÇÃO
1
José Souto Maior Borges, Um ensaio interdisciplinar em direito tributá-
rio. Superação da dogmática, p. 106.
10 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
2
José Souto Maior Borges, Um ensaio interdisciplinar em direito tributá-
rio. Superação da dogmática, p. 107.
3
Michel Bouvier, Les ambiguïtés fatales du droit public financier, p. 2.
4
Idem, ibidem, p. 2.
5
Idem, em tradução livre. No original “[…] et il est même contre-productif
de les cantonner, comme ce fut le cas autrefois, à leurs aspects juridiques,
ou comme c’est le cas aujourd’hui, à leurs implications économiques ou
gestionnaires alors qu’il s’agit d’un camp foncièrement interdisciplinai-
re” (os grifos constam do original).
INTRODUÇÃO 11
6
Estevão Horvath, O direito tributário no contexto da atividade financeira
do Estado, p. 63 e ss.
7
Introducción al estudio del derecho financiero, p. 70. Prossegue o ilustre
profesor: “exacción o recaudación y distribución o gasto son momentos,
fines inescindiblemente conexos e inseparables de la actividad financie-
ra, cualquiera que sea el tipo de Estado que se tome en consideración”.
8
Idem, ibidem, p. 72.
12 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
9
Introducción al estudio del derecho financiero, p. 70, grifou-se.
10
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 6, grifos nossos.
11
Idem, ibidem.
12
Héctor Belisario VIllegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tribu-
tario, p. 37.
INTRODUÇÃO 13
13
Benvenuto Griziotti, na sua Introdução ao clássico Política, Derecho y
Ciencia de la Hacienda, p. V.
14
Direito Tributário, linguagem e método, p. 196.
15
Idem, ibidem, p. 197.
16
Idem.
17
Carlos Palao Taboada, La enseñanza del derecho en la universidad: pre-
sente y futuro, p. 135.
14 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
19
Basarab Nicolescu, Um novo tipo de conhecimento: transdisciplinarida-
de, p. 10-11.
20
Idem, p. 10.
16 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
21
Basarab Nicolescu, Um novo tipo de conhecimento: transdisciplinarida-
de, p. 11.
22
Idem, ibidem.
23
Idem, p. 10-11.
24
Idem, p. 11.
25
Transdisciplinaridade e cognição, p. 99.
INTRODUÇÃO 17
administrativo, p. 3.
INTRODUÇÃO 19
Idem, ibidem.
29
20 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
30
Nesse sentido manifesta-se também M. Bouvier, Les ambiguïtés fatales
du droit public financier, p. 1.
31
Cf. Idem, ibidem, p. 2.
32
Idem, p. 2.
INTRODUÇÃO 21
33
Álvaro Rodríguez Bereijo, Orçamento I, p. 21, com apoio em Lassale e
Rudolf Goldscheid,
34
Alfredo Augusto Becker, Teoría Geral do Direito Tributário, p. 212, gri-
fos no original.
35
Horacio G Corti, Ley de Presupuesto y derechos fundamentales: los fun-
damentos jurídicos de un nuevo paradigma jurídico-financiero, p. 654.
O texto original diz: “La finalidad de la actividad financiera pública (o
de La Hacienda Pública, de las finanzas públicas, de la renta pública,
del derecho financiero o, en fin, del conjunto sistemático de las técnicas
22 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
Capítulo 1
ALGO SOBRE O ESTADO
1.1 Introdução
Tendo em vista que entendemos que orçamento – assim
como as finanças públicas – é um instituto intrinsecamente li-
gado ao Estado, que ele será pensado de acordo com o modelo
de Estado, é imperioso passar, ainda que a voo de pássaro, pela
evolução desse ente criado pelo povo e que o acompanha perma-
nentemente (pelo menos até os dias de hoje).
Os fins da atividade financeira variam de acordo com o
papel desempenhado pelo Estado no seio da sociedade. Em
longa evolução, marcada por avanços e retrocessos, é possível
verificar, mormente após o surgimento da figura do Estado tal
qual conhecida nos dias atuais, fruto do período denominado
Estado Moderno, diversificados perfis em sua atuação. De mero
observador dos eventos sociais, em atitude predominantemente
abstencionista, no Estado Liberal, a uma atuação ativa, bastante
intervencionista, no Estado Social, com certo recuo no final do
século passado, certo é que, por ser um ente em permanente
construção, a depender dos valores pregados em dado período,
está longe o final de sua história.
A variabilidade de sua atuação, a depender de seu perfil, foi
corretamente sintetizada por Fonrouge, quando diz:
26 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
1.2 Origem
O termo “Estado”, na acepção ora utilizada, ligada à so-
ciedade política dotada de situação estável de convivência, tem
sua origem na conhecida obra de Maquiavel, O Príncipe, datada
de 1513.41 Não obstante, conforme clássica doutrina a respeito
do tema, sua origem precede e muito àquele cognome, sendo
comum a afirmação de que ainda no período do Estado Antigo
já havia um esboço de algumas características elementares do
Estado.
Não é difícil de aceitar esta conjectura, pois o elemento
associativo é um traço marcante do ser humano, trazendo-lhe
inúmeros benefícios, apresentando vantagens em relação ao
39
Hans Kelsen, Teoría general del Estado, p. 6.
40
Dalmo Dallari, Elementos de teoria geral do Estado, p. 119.
41
Paulo Bonavides, Ciência política, p. 66.
28 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
42
Conforme discorre Dallari (Elementos de teoria geral do Estado, p. 22),
citando Aristóteles, “só os indivíduos de natureza vil ou superior pro-
curam viver isolados”; tratando, também, como exceção, tem-se Santo
Tomás de Aquino.
43
Dalmo Dallari, Elementos de teoria geral do Estado, p. 30.
44
Idem, p. 60.
ALGO SOBRE O ESTADO 29
45
Sahid Maluf, Teoria geral do Estado, p. 69.
46
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 50.
47
Idem, p. 49.
30 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
49
Rodrigo Arnoni Scalquette, História do direito: perspectivas histórico-
-constitucionais da relação entre Estado e religião, p. 6-16.
50
Sahid Maluf, Teoria geral do Estado, p. 111.
51
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 52.
52
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 11.
32 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
53
Charles Adams, For good and evil: the impact of taxes on the course of
civilization, p. 1-2.
54
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 30.
ALGO SOBRE O ESTADO 33
55
Sahid Maluf, Teoria geral do Estado, p. 119.
56
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 10.
57
Regis Fernandes de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 73-74.
34 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
58
Diogo Leite de Campos, A jurisdicização dos impostos: garantias de ter-
ceira geração, p. 87-88.
59
Héctor Belisario Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tribu-
tario, p. 24-25.
ALGO SOBRE O ESTADO 35
sucedido por outro que exercerá igual poder”.61 Ainda que pu-
dessem os “poderes” existentes nesse Estado – imperador, rei,
papa etc. – editar leis, segundo a doutrina da época, tais leis não
podiam contradizer o direito natural.62
É de Catarino a observação de que
[...] o poder financeiro neste período radicava num modelo
cujo exercício era repartido pelos diversos agentes sociais
– o rei, a igreja e os nobres – sendo que todos eles cobravam
impostos que tinham tanto natureza pessoal como real, isto é,
tomavam em consideração quer o sujeito em si mesmo, numa
base comutativa (imposto por cabeça) como em função das
propriedades ou transações realizadas.
Aqui, prossegue o autor, tinha o Estado
[...] uma feição patrimonial, sendo deste que deveriam ser
retirados os meios financeiros para o sustento das despesas pú-
blicas. Logo assim, o imposto tinha uma natureza excecional,
o que explica a relutância com que os povos o aceitavam e os
cuidados no seu lançamento. À medida, porém, que o modelo
social medieval avançava no tempo, as receitas fiscais torna-
ram-se cada vez mais normais, complementando com carácter
de permanência, e não de excecionalidade, os recursos postos
à disposição do Rei.63
O período medieval, em vigor o regime feudal, foi respon-
sável, na Inglaterra, em 1215, pela conhecida Magna Carta, es-
crita pelo Rei João Sem Terra (King John Lackland), documento
que, dadas as pressões dos barões feudais, principais integrantes
do Conselho Comum (Common Council), buscou limitar o po-
der de tributar do rei.
61
Rodrigo Arnoni Scalquette, História do direito: perspectivas histórico-
-constitucionais da relação entre Estado e religião, p. 47.
62
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Estado de Direito e Constituição, p. 8.
63
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 36-38.
ALGO SOBRE O ESTADO 37
64
Arizio de Viana aponta ser a Magna Carta, enquanto Aliomar Baleeiro
vai mais longe no tempo, indicando a Cúria Régia na Penísula Ibérica e,
bem assim, os Estados Reais na França, respectivamente nos séculos XI
e XII.
65
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário, p. 3.
38 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
66
Dalmo Dallari, Elementos de teoria geral do Estado, p. 78.
67
Ivo Dantas (Teoria do Estado contemporâneo, p. 75), após criticar a de-
nominação “Estado Moderno”, por ser contraditória, uma vez que Esta-
do, como forma de organização política, é produto da Idade Moderna,
aponta que o Estado Moderno distingue-se dos seus antecedentes pelos
seguintes elementos: monárquico-absoluto e soberano; laico; nacional e
burocrático.
68
Marcello Caetano, Manual de ciência política e direito constitucional,
p. 122. Esclarece, ainda, o autor, que o Estado Moderno “teve por base
o desenvolvimento da economia mercantil e a libertação das socieda-
des civis do domínio temporal da Igreja e assentou na concentração do
poder nas mãos do príncipe e no despertar da consciência nacional, que
permitiu encontrar um fundamento e um fim despersonalizados para o
poder”.
ALGO SOBRE O ESTADO 39
69
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 80-81.
70
Diogo Freitas do Amaral, Curso de direito administrativo, p. 67.
71
Maria João Estorninho, A fuga para o direito privado: contributo para
o estudo da atividade de direito privado da Administração Pública, p.
24-25.
40 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
72
Como resenha da ideia desse pensador, veja-se: Alberto Dalla Via, Edu-
ardo Graña, Nicolas Sisinni e Marcela Basterra, Manual de teoría del
Estado y del gobierno, p. 238: “Desde el comienzo de sus obras, no deja
de criticar la separácion de poderes y sostiene vigorosamente el princi-
pio de la soberania absoluta e ilimitada pues, en su criterio, el soberano
(amo) no tiene ningún limite exterior a su poder: es omnipotente. No pa-
rece importarle a Hobbes las desviaciones que podría traer aparejado este
absolutismo. Según su critério el único capaz de castigar al soberano, en
caso de haber sido injusto o tirano, será Dios”.
73
São dos mesmos autores a seguinte síntese: “Algunos autores afirman
que Locke es el padre del constitucionalismo moderno. Siendo un fervo-
roso defensor del poder limitado, partiendo de la base de que la soberanía
no es del príncipe sino del Pueblo, aparece en el lado opuesto al absolu-
tismo de Hobbes. Para Locke, en efecto, el hombre es un ser razonable y
la libertad es inseparable de la felicidad” (Idem, p. 242).
74
Seus principais legados, conforme os autores acima citados, são: “Prin-
cipios fundamentales como el gobierno de la ley, la inviolabilidad de
ALGO SOBRE O ESTADO 41
77
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 38-39.
78
George Marmelstein, Curso de direitos fundamentais, p. 43.
79
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 87.
80
J. J. Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição, p. 109.
81
Na definição de Ricardo Lobo Torres, a tal período corresponderia o Es-
tado Fiscal, que, nesse primeiro momento, foi tido como Estado Fiscal
Minimalista.
ALGO SOBRE O ESTADO 43
82
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 87.
83
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Estado de Direito e Constituição, p. 3.
84
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 112-
113.
44 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
86
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 43.
87
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, p. 19.
88
João Bosco Leopoldino da Fonseca (Direito econômico, p. 190), em aná-
lise da atuação do Estado no domínio econômico no contexto liberal,
aduz que “adota o constitucionalismo do século XIX o princípio segundo
o qual o Estado não deve intervir na atividade econômica, sob pena de
romper o equilíbrio a que ela, natural e necessariamente, tende”.
89
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 44-45.
Disso resulta, acrescenta o autor, (i) um sistema de finanças públicas
neutro; (ii) uma atividade económica pública mínima ou inexistente; e
(iii) um sistema financeiro público simples.
46 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
90
É de Paulo Bonavides a seguinte passagem, que bem ilustra a socieda-
de liberal (Do Estado Liberal ao Estado Social, p. 61): “Mas, como a
igualdade a que se arrima o liberalismo é apenas formal, e encobre, na
realidade, sob seu manto de abstração, um mundo de desigualdade de
fato – econômicas, sociais, políticas e pessoais –, termina ‘a apregoada
liberdade, como Bismarck já notara, numa real liberdade de oprimir os
fracos, restando a estes, afinal de contas, tão somente a liberdade de mor-
rer de fome”.
91
Carlos Ayres Brito, Teoria da Constituição, p. 81-82.
92
Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do partido comunista.
93
Daniel Sarmento, A ponderação de interesses na Constituição Federal,
p. 63.
ALGO SOBRE O ESTADO 47
94
Na classificação de Ricardo Lobo Torres, este seria o segundo momento
do dito Estado Fiscal, denominado Estado Social Fiscal.
95
Pérez Luño considera que uma das maiores mutações operativas, que
comportam o Estado Social, consiste em atribuir aos poderes públicos a
consecução da procura existencial. Assim, responsabiliza a Administra-
ção da tarefa de proporcionar à generalidade dos cidadãos as prestações
necessárias e os serviços públicos adequados para o pleno desenvolvi-
mento de suas personalidades (Los derechos fundamentales, p. 193).
96
Luís Díez-Picazo, Los principios generales del derecho en el pensamien-
to de F. Castro. Anuario de Derecho Civil, t. XXXVI, fasc. 3, out.-dez.
1983.
48 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
97
Daniel Sarmento, A ponderação de interesses na Constituição Federal,
p. 63.
98
Maria João Estorninho, A fuga para o direito privado: contributo para o
estudo da atividade de direito privado da Administração Pública, p. 36.
99
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 92.
100
Antônio L. de Sousa Franco, Finanças públicas e direito financeiro, p.
64.
ALGO SOBRE O ESTADO 49
102
Paulo Bonavides, Do Estado Liberal ao Estado Social, p. 184.
103
Idem, ibidem, p. 186.
104
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, p. 22.
ALGO SOBRE O ESTADO 51
105
Antônio L. de Sousa Franco, Finanças públicas e direito financeiro, p.
70-71.
106
Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, p. 100.
52 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
107
Ivo Dantas, Teoria do Estado contemporâneo, p. 203.
108
Héctor Belisario Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tribu-
tario, p. 28-29.
109
Deve-se destacar que José Avelã Nunes entende que o neoliberalismo
não sobreviveu nos países em desenvolvimento pelos seguintes motivos:
“por ignorar a estrutura socieconômica de cada sociedade, por não en-
quadrar o subdesenvolvimento numa perspectiva histórica, como produ-
to (ou subproduto) da própria história do desenvolvimento do capitalis-
mo mundial (que integra o Terceiro Mundo), por não considerar quadro
ALGO SOBRE O ESTADO 53
112
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 118.
Grifos no original.
113
Michel Bouvier, Crise des finances publiques et refondation de l’État, p.
4.
55
Capítulo 2
Direito Orçamentário
114
Miguel Ángel Martínez Lago e Leonardo García de la Mora, Lecciones
de Derecho Financiero y Tributario, p. 59.
Direito Orçamentário 57
115
Miguel Ángel Martínez Lago e Leonardo García de la Mora, Lecciones
de Derecho Financiero y Tributario, p. 60.
116
Fernando Sainz de Bujanda, Sistema de Derecho Financiero I, Introduc-
ción, v. 2, p. 411.
117
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 8.
118
Idem, ibidem, p. 19.
119
Ricardo Lobo Torres, Curso de direito financeiro e tributário, p. 171.
58 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
120
Idem, ibidem. Prossegue o professor: “O Estado Orçamentário surge
com o próprio Estado Moderno. Já na época da derrocada do feudalis-
mo e na fase do Estado Patrimonial e Absolutista aparece a necessidade
lançar tributos e efetuar gastos, primeiro na Inglaterra (Magna Carta de
1215) e logo na França, Espanha e Portugal. Com o advento do libera-
lismo e das grandes revoluções é que se constitui plenamente o Estado
Orçamentário, pelo aumento das receitas e despesas públicas e pela cons-
titucionalização do orçamento na França, nos Estados Unidos e no Brasil
(art. 172 da Constituição de 1824)”.
Direito Orçamentário 59
121
Álvaro Rodríguez Bereijo, Introducción al estudio del derecho financie-
ro, p. 103.
122
Idem, ibidem.
123
Idem.
124
Conforme Jesse Burkhead, Orçamento público, p. 3, que invoca Henry
Carter Adams.
60 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
125
Jesse Burkhead, Orçamento público, p. 3.
126
Segundo TrotabaS e Cotteret, a palavra budget deriva do francês antigo
bouge, bougette, pequena bolsa e esta palavra veio à França por inter-
médio da Inglaterra, onde ela tomou o seu sentido financeiro, evocando
a bolsa do Rei e o tesouro real que ela continha (Louis Trotabas e Jean-
-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité publique, p. 16).
127
Benvenuto Griziotti, Política, Derechio y Ciencia de la Hacienda, p. 426.
Direito Orçamentário 61
128
Régis Fernandes de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 347, grifou-
-se.
129
René Storm, Le Budget, apud Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho Fi-
nanciero, vol. I, p. 111, que também refere às definições de Laufenburger
e Trotabas (p. 112).
130
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho Financiero, vol. I, p. 131.
131
Lecciones de Derecho Financiero y Tributario, p 60.
62 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
2.2.1 Características
A tecnicidade é da natureza da matéria orçamentária. Esta
é a primeira razão, a nosso ver, por que o tema “orçamento” não
atrai o interesse dos juristas e, que dirá, do leigo.
Trata-se de assunto normalmente destinado aos especia-
listas que lidam com o orçamento no dia-a-dia e que afasta –
compreensivelmente – os não iniciados. É como se fosse um
ser estranho, de outro universo, hermético e, por causa disso
mesmo, assusta a quem dele pretende, num primeiro momento,
se aproximar. É da natureza humana o medo do desconhecido.
132
J. Martín Queralt, C. Lozano Serrano, J. M. Tejerizo López e G. Casado
Ollero, Curso de Derecho Financiero y Tributario, p. 14.
133
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 7.
134
Idem, ibidem, p. 7-8.
Direito Orçamentário 63
135
Guillaume Chaffardon e Jean-François Joye, La LOLF a dix ans : un
rendez-vous (dejà) manqué ?, p. 314.
136
Michel Bouvier et alii. Finances Publiques, p. 26.
137
RFFP n. 73 – 2001.
64 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
138
César de Moraes Sabbag, Breves considerações sobre deficiências estru-
turais do sistema orçamentário brasileiro. Propostas para incrementar a
legitimidade e a eficiência do modelo, p. 454.
139
Idem, ibidem, p. 458.
Direito Orçamentário 65
140
KAHN, Aman e HILDRETH, W. Bartley (coord.) – Budget theory in the
public sector.
141
Aman Khan e W. Bartley Hildreth, Budget theory in the public sector, p. X.
66 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
142
Cf. Fernando Pérez Royo, Derecho Financiero y Tributario. Parte Gene-
ral, p. 463. Frisa o professor que, do ponto de vista político, o orçamento
é o principal instrumento de controle da ação de governo. Diz: “En este
sentido, podemos decir que el concepto mismo de la institución va unido
al nacimiento y desarrollo de las formas democráticas de gobierno, al
Estado constitucional, el cual, en todas sus formas, incluidas las más
imperfectas o embrionarias, incluye da prerrogativa del legislativo de
aprobar el presupuesto”.
143
Idem, ibidem.
144
Conforme The Legal Framework for Budget Systems – an international
comparison, especialmente p. 223.
Direito Orçamentário 67
145
Sobre este ponto, veja-se The Legal Framework for Budget Systems, cit.
p. 48-49.
146
Héctor Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tributario, p.
126.
147
Idem, ibidem.
148
César de Moraes Sabbag, Breves considerações sobre deficiências estru-
turais do sistema orçamentário brasileiro. Propostas para incrementar a
legitimidade e a eficiência do modelo, p. 455.
149
Idem, ibidem.
68 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
150
Alain Lambert e Philippe Marii, En finir avec le mensonge budgétaire.
Enquête sur la transparence très relative des comptes de l’État, p. 143-
144.
151
Idem, ibidem.
152
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 395.
153
Idem, ibidem.
Direito Orçamentário 69
154
Breves considerações sobre deficiências estruturais do sistema orçamen-
tário brasileiro. Propostas para incrementar a legitimidade e a eficiência
do modelo, p. 454.
Direito Orçamentário 71
156
Regis de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 380.
157
Cf. Regis de Oliveira, op. cit., p. 381, que se refere a acórdão constante
da RDA 112/263.
Direito Orçamentário 73
158
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 747.
159
Op. cit., p. 382.
160
Acórdão relatado pelo Min. Nelson Jobim (Ação Originária n. 547/AL,
j. 24.5.99).
74 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
161
Regis de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 382.
162
Idem, ibidem, p. 382.
163
Idem, p. 382-383, grifou-se.
Direito Orçamentário 75
164
Kiyoshi Harada, Direito financeiro e tributário, p. 66. Prossegue o au-
tor, dizendo que “infelizmente, essa prática vem induzindo a leniência
das Casas Legislativas que antes não deixavam de devolver a proposta
orçamentária devidamente aprovada até o encerramento da sessão legis-
lativa”.
165
James Giacomoni, Orçamento público, p. 276.
166
Idem, ibidem.
167
Idem, p. 277.
76 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
168
“Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do
orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Con-
gresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art.
165, § 9.º”.
169
“Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente
sobre: [...];
II – plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, opera-
ções de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;”.
Direito Orçamentário 77
170
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 748.
171
Curso de direito financeiro, p. 384.
172
Finanças públicas e direito financeiro, p. 326.
78 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
173
Orçamento-programa no Brasil, p. 302.
174
Germán Orón Moratal, El presupuesto estatal ante el Derecho comuni-
tario: en especial, la bifurcación del principio de legalidad financiera al
significado jurídico del estado de ingresos, p. 932.
175
Idem, ibidem.
Direito Orçamentário 81
X.
82 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
177
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional Financeiro
e Tributário, vol. V: o Orçamento na Constituição, p. 46.
178
Idem, ibidem.
179
Idem.
Direito Orçamentário 83
181
Magna Carta, Cláusula (12) :”No `scutage’ or `aid’ may be levied in
our kingdom without its general consent, unless it is for the ransom of
our person, to make our eldest son a knight, and (once) to marry our el-
dest daughter. For these purposes ouly a reasonable `aid’ may be levied.
`Aids’ from the city of London are to be treated similarly”.
182
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 16-17.
Direito Orçamentário 85
183
Benvenuto Griziotti, Política, Derecho y Ciencia de la Hacienda, p. 426.
184
Conforme Sentença do Tribunal Constitucional espanhol (STC 3/2003,
Fundamento Jurídico n. 3).
185
Idem, ibidem.
186
Cf. Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabi-
lité publique, p. 17.
86 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
187
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 17.
188
Idem, ibidem.
189
Idem. Este documento, logo no item I, dispõe:
“[...] that from thenceforth no person should be compelled to make any
loans to the king against his will, because such loans were against reason
and the franchise of the land; and by other laws of this realm it is provi-
ded, that none should be charged by any charge or imposition called a be-
nevolence, nor by such like charge; by which statutes before mentioned,
and other the good laws and statutes of this realm, your subjects have
inherited this freedom, that they should not be compelled to contribute to
any tax, tallage, aid, or other like charge not set by common consent, in
parliament” (grifos nossos).
Direito Orçamentário 87
190
Cf. Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabi-
lité publique, p. 17-18.
191
Idem, ibidem, p. 18.
192
Idem.
88 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
193
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 19.
194
Na parte final da Resolução 4 dessa Declaração lê-se: “we cheerfully
consent to the operation of such acts of the British Parliament, as are
bona fide, restrained to the regulation of our external commerce, for the
purpose of securing the commercial advantages of the whole empire to
the mother-country, and the commercial benefits of its respective mem-
bers; excluding every idea of taxation, internal or external, for raising a
revenue on the subjects in America, without their consente”.(grifamos).
195
V., por exemplo, Saturnina Moreno González: Constitución y Leyes de
“Acompañamiento” Presupuestario, Navarra: Editorial Aranzadi, p. 26,
que cita F. Neumark como partilhante desse entendimento; João Ricardo
Catarino: Finanças Públicas e Direito Financeiro, p. 234.
196
Sistema ..., cit., p. 413.
Direito Orçamentário 89
197
Louis Trotabas e Jean-Marie Cotteret, Droit budgétaire et comptabilité
publique, p. 17, grifos no original.
198
Finanças públicas..., cit., p. 234.
199
Idem, ibidem, p. 234-235.
200
Cf. Charlie Tyer e Jennifer Willand. Public Budgeting in America. A
Twentieth Century Retrospective, sem indicação de página.
90 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
201
Charlie Tyer e Jennifer Willand. Public Budgeting in America. A Twen-
tieth Century Retrospective, sem indicação de página.
202
James Giacomoni, Orçamento público, p. 33.
203
Idem, ibidem, p. 34.
Direito Orçamentário 91
204
Cf. James Giacomoni, Orçamento público, p. 41.
205
Idem, ibidem, p. 43.
206
Idem, p. 44.
93
Capítulo 3
NATUREZA JURÍDICA DA LEI
ORÇAMENTÁRIA
208
Sobre o contexto histórico em que surgiu esta teoria e a participação da
construção de Laband, remetemos o leitor ao excelente artigo de Álvaro
Rodríguez Bereijo – Orçamento, publicado em três partes na Revista de
Direito Público, n. 94 (p. 18-43), 95 (p. 04-18) e 96 (p. 5-41), respectiva-
mente.
209
Dualista, pois Laband divide a Lei de Orçamento em duas partes distin-
tas: o orçamento propriamente dito e a lei que o aprova.
210
Cf. Álvaro Rodríguez Bereijo, Orçamento II, p. 6.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 95
211
J.J. Ferreiro Lapatza, Curso de derecho financiero español, p. 748.
212
Álvaro Rodríguez Bereijo, Orçamento I, p. 18.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 97
214
Álvaro Rodríguez Bereijo, Orçamento I, p. 19.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 99
215
Paul Laband, Il diritto del bilancio, p. 9.
216
Idem, ibidem, p. 9-10.
217
Idem, p. 10.
100 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
lei qualquer coisa que não seja lei baseada no seu conteúdo e
que não pode ser lei só pelo fato de que ele a chama de lei.218
Em outro ponto da obra aqui analisada, Laband afirma que
uma regra pode ser entendida como uma lei somente quando te-
nha “um conteúdo jurídico, quando ela tenha alguma referência
com relação à esfera jurídica dos particulares ou a comunidade
estatal”.219
Tratando agora do orçamento, o autor em exame aponta
que o conteúdo exclusivamente financeiro do orçamento não
constitui obstáculo, em si mesmo, para tomá-lo como uma lei no
sentido material. Assim, somente será lei material se as normas
financeiras dispostas no orçamento tenham o caráter de regra
jurídica.220
Ocorre que, como regra, o orçamento não contém nor-
mas jurídicas e, portanto, não é uma lei no sentido material da
palavra. O orçamento é uma conta, não sobre as despesas já
efetuadas e receitas já recebidas, mas sobre entradas e despesas
esperadas para o futuro; é, por assim dizer, uma estimativa. Aduz
que uma conta “não contém regras, ao menos regras jurídicas,
mas fatos”, e afirma que o orçamento, como regra, não embasa
um dever jurídico no confronto de entradas ou despesas, mas
pressupõe esses deveres jurídicos e se limita a colocar juntos os
respectivos resultados financeiros.221
Em suma, Laband afirma que “tudo depende do conteúdo”.
Segundo ele,
218
Idem, p. 13 (grifou-se).
219
Paul Laband, Il diritto del bilancio, p. 23. No original (italiano): “Una
regola può essere descrita come una legge solo quando essa abbia un con-
tenuto giuridico, quando essa riguardi in una qualche relazione la sfera
giuridica dei singoli o della comunità satale”.
220
Idem, ibidem, p. 23.
221
Idem, p. 24.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 101
222
Paul Laband, Il diritto del bilancio, p. 25. No original: “La fissazione
del preventivo delle spese e delle entrate non è una legge nel senso ma-
teriale della parola, bensì un atto amministrativo, nonostante che questo
preventivo venga concordato tra corona e rappresentanza del popolo e
venga pubblicato nella gazzetta delle leggi sototo la denominazione di
‘legge’; d’altra parte, la determinazione di una regola effettiva di diritto
non perde il significato e la forza di legge per il solo fatto che essa trovi
realizzazione in occasione della fissazione del bilancio e come uno acto
con ciò”.
223
Ricardo Lobo Torres, Curso de direito financeiro e tributário, p. 177.
102 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
224
Francisco Campos, Orçamento – Natureza jurídica, p. 335.
225
León Duguit, Traité de Droit Constitucionnel, t. IV, p. 435.
226
Idem, ibidem, t. I, p. 175.
227
Idem, ibidem. No original: “La loi et un document pour le juriste, rien
de plus, c’est-à-dire un élément dans la recherche qu’il doit faire de la
norme juridique s’imposant à un moment dans un groupe donné et des
meilleurs procédés techniques pour la mettre en œuvre”.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 103
228
Gaston Jèze, como averba Regis de Oliveira, “criador da distinção en-
tre situações gerais e impessoais (ato-regra), atos que geram situações
individuais e concretas (ato-subjetivo) e, por fim, situações que, para que
produzam efeitos, necessitam de situação intermediária (ato-condição),
identifica o orçamento com a terceira espécie” (Regis Fernandes de Oli-
veira, Curso de direito financeiro, p. 349).
229
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 29.
104 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
230
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 29-30.
231
Idem, ibidem, p. 30.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 105
232
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 30.
233
Idem, p. 30.
106 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
234
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 30.
235
Idem, ibidem, p. 30.
236
Idem, p. 31.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 107
237
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 31. Grifos no original.
238
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 32.
239
Idem, ibidem, p. 32.
108 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
240
Gaston Jèze, Cours de Science des Finances et de Législation Financière
Française, 5. ed., p. 32.
241
Sobre este aspecto, veja-se o capítulo relativo aos princípios orçamentá-
rios.
242
Héctor Belisario Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tribu-
tario, p. 127.
243
Art. 165, § 8.º: “A lei orçamentária anual não conterá dispositivo es-
tranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contra-
tação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei”.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 109
244
Héctor Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tributario, p.
127.
245
Idem, ibidem, p. 128, grifou-se.
246
Idem, p. 127.
247
Idem, p. 127.
248
Idem, p. 127.
249
Idem, p. 127.
110 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
250
Fernando Sainz de Bujanda, Sistema de derecho financiero I, Introducción,
v. 2, p. 415.
251
Sentenças (STC) 126/87, de 16 de julio, 61/1997, de 20 de marzo y
174/1998, de 23 de julio, entre outras.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 111
252
STC 63/1986, de 21 de maio, Fundamento Jurídico n. 5, grifos no origi-
nal.
253
Miguel Ángel Martínez Lago e Leonardo García de la Mora, Lecciones
de derecho financiero y tributario, p. 165. Grifos no original.
254
Idem, ibidem, p. 165.
112 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
255
Alberto Deodato, Manual de ciência das finanças, p. 272.
256
Carvalho de Mendonça apud Alberto Deodato, Manual de ciência das
finanças, p. 272.
257
Ricardo Lobo Torres, Curso de direito financeiro e tributário, p. 174.
258
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional, financeiro e tri-
butário, p. 76.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 113
259
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional, financeiro e tri-
butário, p. 76.
260
José Afonso da Silva, Orçamento-Programa no Brasil, p. 275.
261
Celso Bastos e Ives Gandra da Silva Martins, Comentários à Constitui-
ção do Brasil, p. 199.
262
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 418.
114 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
263
Regis de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 349.
264
José Juan Ferreiro Lapatza, Curso de derecho financiero español, p. 749.
265
Idem, ibidem, p. 749.
266
Álvaro Rodriguez Bereijo, El presupuesto del Estado, p. 163.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 115
267
J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, Constituição da República Portu-
guesa anotada, p. 1116.
268
Idem, ibidem, p. 1120.
269
Alfredo Augusto Becker, Teoria geral do direito tributário, p. 212-213
(grifos no original).
116 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
no original).
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 117
sidade de lei para cuidar de uma matéria, esta matéria passa a ser
o conteúdo de uma lei, não importando qual seja ele.
Podemos, para justificar esse entendimento, estabelecer
um paralelo entre o que se denomina Constituição material e
Constituição formal. Nesse ponto, acudimos à doutrina de José
Afonso da Silva. Ensina o mestre:
A constituição material é concebida em sentido amplo e em
sentido estrito. No primeiro, identifica-se com a organização
total do Estado, com regime político. No segundo, designa as
normas constitucionais, escritas ou costumeiras, inseridas ou
não num documento escrito, que regulam e estrutura do Estado,
a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. Neste
caso, a constituição só se refere à matéria essencialmente
constitucional; as demais, mesmo que integrem a constituição
escrita, não seriam constitucionais
A constituição formal é o peculiar modo de existir do Estado,
reduzido, sob forma escrita, a um documento solenemente es-
tabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por
processos e formalidades especiais nela própria estabelecidas.271
Paulo Bonavides, após referir-se à Constituição material no
mesmo sentido, averba, quanto à “formal”, que as Constituições
não raro inserem matéria de “aparência” constitucional. Diz o
autor:
Assim se designa exclusivamente por haver sido introduzida
na Constituição, enxertada no seu corpo normativo e não
porque se refira aos elementos básicos ou institucionais da
organização política.
Entra essa matéria pois a gozar da garantia e do valor superior
que lhe confere o texto constitucional. De certo tal não acon-
teceria se ela houvesse siso deferida à legislação ordinária.272
271
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 40-41.
Grifou-se.
272
Paulo Bonavides, Curso de direito constitucional, p. 81. Grifou-se.
118 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
[...]
XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei
de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição.”
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 119
275
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
[...]
§ 8.º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à pre-
visão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição
a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da
lei.”
276
“Art. 35. [...]
§ 2.º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art.
165, § 9.º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:
I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro
exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será enca-
minhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legisla-
tiva;
II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito
meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido
para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III – o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro
meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para
sanção até o encerramento da sessão legislativa.”
277
“Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da Repúbli-
ca, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1.º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Depu-
tados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem
a legislação sobre:
[...]
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.”
120 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
278
“Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da Repú-
blica que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
[...]
VI – a lei orçamentária.”
279
“Art. 167. São vedados:
I – o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária
anual;
II – a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suple-
mentares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Le-
gislativo por maioria absoluta;
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, res-
salvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se re-
ferem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2.º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no
art. 165, § 8.º, bem como o disposto no § 4.º deste artigo;
V – a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;
VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de
uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem
prévia autorização legislativa;
VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII – a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos
dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou
cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos menciona-
dos no art. 165, § 5.º;
IX – a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização
legislativa;
NATUREZA JURÍDICA DA LEI ORÇAMENTÁRIA 121
Capítulo 4
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
4.1 Introdução
Sem a intenção de aqui discorrer sobre as diversas teorias
que pretendem explicar os princípios jurídicos e as suas diferen-
ças no tocante às regras, focaremos na noção de que princípio
é um mandamento nuclear de um sistema, é o seu alicerce. É o
ponto de partida da interpretação jurídica (no caso do Direito)
e também o seu ponto de chegada, como costumamos dizer.283
Em outra obra averbamos: “[...] toda interpretação deve ter como ponto
283
286
Héctor Belisario Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tribu-
tario, p. 128. No original: “[los principios] tienen como objeto primor-
dial un manejo ordenado de las finanzas del Estado”.
287
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 410.
128 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.1 Legalidade
A legalidade, evidentemente, não é um princípio típico do
orçamento, sendo parte do ordenamento jurídico como um todo,
e muito especialmente no espectro do Direito Público.
No Direito Financeiro – aqui também abarcando a sua fatia
tributária – é fácil perceber a sua importância. Vem ele carregado
de imensa carga valorativa, sendo um dos cânones da represen-
tatividade. A história da legalidade caminha com a do orçamen-
to e a dos próprios Parlamentos.
Quando se decidiu que não se poderiam mais cobrar tribu-
tos sem que o povo fosse ouvido, deu-se o primeiro passo para
que o povo precisasse consentir em ser tributado e, logo em
seguida, quisesse saber também para onde seriam destinados os
recursos arrecadados com aquela cobrança.
A reunião do povo (o que em cada época representava o que
se denomina “povo”) em assembleia para consentir o tributo e o
destino da arrecadação acabou por sedimentar a ideia da existên-
cia e atuação permanentes dessas reuniões, culminando naquilo
que hoje se chama de Parlamento.
De toda sorte, como dissemos, o princípio da legalidade
não é peculiar ao orçamento, mas é absoluto pressuposto para a
existência deste.
Para o Direito Financeiro – e, mais fortemente ainda, para o
orçamento – não há como deixar de lado a legalidade, porquanto
nenhum gasto pode ser realizado sem que a lei o autorize.
A Constituição da República traz o princípio da legalidade
geral no art. 5.º, II, quando diz que “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”,
expressando-o diversas outras vezes. Para a tributação, por
exemplo, o art. 150, I, reza que: “Sem prejuízo de outras garan-
130 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.2 Unidade
O princípio orçamentário da unidade guarda muita proxi-
midade com o da universalidade, razão por que o expressamos
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 131
289
Conforme o art. 165, § 5.º, “A lei orçamentária anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór-
gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público”.
290
Héctor Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tributario, p.
129.
132 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.3 Universalidade
Como mencionamos anteriormente, os princípios da unida-
de e da universalidade, em matéria orçamentária, se entrelaçam,
sendo, por vezes, difícil de estabelecer-lhes a precisa frontei-
ra.292 Definimo-lo como aquele que diz que “todas as receitas e
todas as despesas devem estar contidas num único documento”,
com ênfase na primeira parte do enunciado, procurando expres-
sar que nenhuma receita e nenhuma despesa devem ficar fora da
peça orçamentária.
A importância disso, já se percebe, está, novamente, em
propiciar um exame global das finanças públicas, permitindo ao
291
Martínez Lago e García de La Mora, Lecciones de derecho financiero y
tributario, p. 199. Esclarecem essa unidade: “los cobros y los pagos de-
ben centralizarse en una única caja, lo que proporciona flexibilidad para
sus flujos y previene contra las irregularidades a que fácilmente pudieran
dar lugar las cajas múltiples o especiales, expresarse en un valor o mone-
da uniforme y obedecer a un plan contable normalizado”.
292
Michel Bouvier também observa que “unidade e universalidade orçamen-
tárias são, por vezes, difíceis de distinguir. O risco de confusão é escusável,
porquanto ambas exigem que todas as despesas e todas as receitas do Es-
tado figurem num mesmo orçamento” (Michel Bouvier, Marie-Christine
Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finances publiques, p. 283).
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 133
293
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 257.
294
Veja-se, por exemplo, Héctor Villegas, Curso de finanzas, derecho finan-
ciero y tributario, p. 129.
295
Cf. James Giacomoni, Orçamento público, p. 70 e ss. Fonrouge identifi-
ca o princípio de universalidade com o de produto bruto, que “exige que
134 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.4 Anualidade
O princípio da anualidade orçamentária implica, simples-
mente, que a lei do orçamento deve ser renovada a cada ano,
todos os anos. É este, com efeito, o significado primeiro desse
postulado. Ele possui, no entanto, outras implicações, que dele
decorrem naturalmente, v.g., a de que, em princípio, as entradas
e saídas de recursos dos cofres públicos devem dar-se no exercí-
cio (anual) em que elas ocorrem.
Historicamente, o princípio da anualidade tem uma justifica-
ção política, no sentido de que as exigências do regime represen-
tativo “impuseram uma periodicidade suficientemente breve para
298
CF: “Art. 158. Pertencem aos Municípios:
[...]
IV – vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do
Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios,
mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes crité-
rios:
I – três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas opera-
ções relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços,
realizadas em seus territórios;
II – até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso
dos Territórios, lei federal”.
299
James Giacomoni, Orçamento público, p. 72.
136 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
300
“Conforme Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre
Lassale, Finances publiques, p. 292. Prosseguem os autores: “La règle du
consentement périodique, qui s’est d’abord appliquée aux impôts, devait
permettre au Parlement de surveiller de façon stricte la gestion gouver-
nementale”.
301
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 254.
302
Regis Fernandes de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 42 (grifos
nossos).
303
Regis Fernandes de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 42.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 137
304
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 742.
Arremata o eminente professor: “Significa isso que o princípio da anu-
alidade sobrevive e revive no sistema, com caráter dinâmico-operativo,
porquanto o plano plurianual constitui regra sobre a realização das des-
pesas de capital e das relativas aos programas de duração continuada,
mas não é operativo por si, e si por meio do orçamento anual”.
305
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário: o orçamento na constituição, v. 5, p. 269.
138 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
306
O próprio Supremo Tribunal Federal assim agiu ao editar o verbete 615
da sua Súmula, com a seguinte redação: “O princípio constitucional da
anualidade (§ 29 do art. 153 da Constituição Federal [correspondente
hoje ao art. 150, III, b] não se aplica à revogação de isenção do ICM”.
307
Cf. José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 133.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 139
308
Rezam esses artigos:
CF, art. 165, § 9.º “Cabe à lei complementar:
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração
e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e
da lei orçamentária anual”.
Lei 4.320/1964, art. 34. “O exercício financeiro coincidirá com o ano
civil.”
309
James Giacomoni, Orçamento público, p. 74.
310
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 157.
140 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
311
Sobre esse ponto, ao leitor eventualmente interessado, remetemos ao
nosso estudo As contribuições na Constituição brasileira: ainda sobre a
relevância da destinação do produto da sua arrecadação, p. 122-129.
312
“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições so-
ciais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das catego-
rias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6.º, relativamente às contribuições
a que alude o dispositivo.”
313
“Art. 148. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição.”
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 141
314
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, presta-
dos ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.”
315
Para Giacomoni, a vedação da vinculação de impostos a órgão, fundo ou
despesa “atende ao postulado básico do direito tributário que concebe
os impostos como a fonte de recursos que viabiliza o funcionamento do
Estado, principalmente de suas funções básicas” (Orçamento público, p.
75).
316
Regis Fernandes de Oliveira, Curso de direito financeiro, p. 366.
142 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
317
“Art. 167. São vedados: VII – a concessão ou utilização de créditos ilimi-
tados.”
318
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces publiques, p. 285-286.
319
Idem, ibidem, p. 286. No original: “[...] soit parce qu’elle dissimule, aux
yeux du contribuable, l’interêt du prélèvement auquel il est assujetti”.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 143
4.3.6 Exclusividade
Esse postulado traz a ideia de que a lei orçamentária, dadas
a sua especificidade e as suas peculiaridades, somente pode
conter matéria relacionada à estimativa de receita e à fixação de
despesa.
Em que pese constituir noção até mesmo óbvia e carregada
de bom senso, não foi desde sempre adotada.
Se a lei orçamentária é a lei mais importante do Estado,
segundo pensamos e sempre defendemos, se ela contém no seu
bojo os destinos do Estado em tudo o que se reporta às suas
finanças, não tem sentido lógico valer-se dela para cuidar de
outros assuntos que não digam respeito a este tema.
Ocorreu, em outros tempos – e ocorre, ainda, em ordena-
mentos jurídicos que não o impedem –, a inclusão, no projeto de
320
Cf. Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale,
Finances publiques, p. 286.
321
Miguel Ángel Martínez Lago e Leonardo García de La Mora, Lecciones
de derecho financiero y tributario, p. 200 (grifos no original).
144 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.7 Especialidade
Esse princípio, também denominado princípio de especi-
ficação ou de discriminação, indica que as receitas e despesas
devem figurar no orçamento discriminadamente, ou seja, deve-
-se poder identificar, no orçamento, claramente, de onde vêm e
exatamente para onde vão os recursos.
Conforme ensina José Afonso da Silva, esse princípio,
como os demais princípios clássicos do orçamento, resultou de
323
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 155.
324
Idem, ibidem, p. 155-156.
325
J. R. Caldas Furtado, Elementos de direito financeiro, p. 93.
326
James Giacomoni, Orçamento público, p. 77.
327
Cf. OECD, The Legal Framework for Budget Systems – an international
comparison, p. 222.
146 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
328
V. Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 37.
329
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 37.
330
Cf. João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p.
260-261.
331
Miguel Ángel Martínez Lago e Leonardo García de La Mora, Lecciones
de derecho financiero y tributario, p. 201.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 147
332
Conforme Germán Orón Moratal, El presupuesto estatal ante el Derecho
comunitario: en especial, la bifurcación del principio de legalidad finan-
ciera al significado jurídico del estado de ingresos, p. 937.
333
Ricardo Lobo Torres, Curso de direito financeiro e tributário, p. 121.
148 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
334
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 740.
335
James Giacomoni, Orçamento público, p. 83.
336
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 36.
337
Idem, ibidem, p. 36.
338
Cf. J. R. Caldas Furtado, Elementos de direito financeiro, p. 92.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 149
339
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 154. Com
base em um trabalho editado pelo Governo de Minas Gerais, o autor
complementa: “Enfim, a elaboração do orçamento há de fundamentar-se
num diagnóstico básico que dê exata dimensão (tanto quanto possível) a
situação existente e indique a solução dos problemas identificados, em
base realística, determinando os recursos necessários sem otimismo, sem
superestimar os recursos nem subavaliar os gastos necessários para
atingir os objetivos fixados” (grifou-se).
340
No original: “Les comptes des administrations publiques sont réguliers
et sincères. Ils donnent une image fidèle du résultat de leur gestion, de
leur patrimoine et de leur situation financière”.
341
Art. 27: “Les comptes de l’Etat doivent être réguliers, sincères et donner
une image fidèle de son patrimoine et de sa situation financière”.
150 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
342
Art. 32: “Les lois de finances présentent de façon sincère l’ensemble des
ressources et des charges de l’Etat. Leur sincérité s’apprécie compte tenu
des informations disponibles et des prévisions qui peuvent raisonnable-
ment en découler”.
343
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces publiques, p. 303.
344
Michel Bouvier, La sincérité budgétaire et comptable : un principe para-
doxal?, p. 170.
345
Idem, ibidem, p. 171.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 151
4.3.10 Transparência
O tema relativo à transparência poderia ser versado em
capítulo à parte, dado que ele se espraia por todo o Direito Públi-
co. No entanto, e paradoxalmente, por isso mesmo, decidimos
encaixá-lo dentre os princípios orçamentários para reforçar a
ideia de que suas raízes devem estar fincadas para servirem de
base a todo o processo orçamentário.
Transparência é uma palavra que admite o significado (fi-
gurado, segundo o Dicionário Aulete) de “Qualidade de quem
348
Ricardo Lobo Torres, O princípio da transparência no direito financeiro,
p. 1.
349
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 275.
350
Ricardo Lobo Torres, O princípio da transparência no direito financeiro,
p. 7.
351
Idem, ibidem, p. 8.
352
Idem, p. 8.
154 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
353
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 43.
354
Idem, ibidem, p. 43.
156 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.3.11 Equilíbrio
Provavelmente o leitor que chegou até este ponto deste ca-
pítulo deva ter estranhado que não se fez menção ao “princípio
do equilíbrio orçamentário”. Isto, na verdade, foi propositado,
tendo em vista que, segundo pensamos, o equilíbrio não é um
princípio no sentido em que o são os demais aqui referidos.
Pensamos ser o equilíbrio orçamentário um “desejo” a ser
realizado, mas que, do ponto de vista de funcionar como prin-
cípio, consiste mais propriamente em uma “inspiração” de que
deve estar tomado o legislador (lato sensu) ao elaborar o orça-
mento.
4.3.12 Eficiência
Pode-se incluir a eficiência como princípio do orçamento,
em primeiro lugar, pelo simples fato de que ela é um princípio
aplicável a toda a Administração Pública, na conformidade do
que dispõe o art. 37, caput, da Constituição da República.
Em segundo lugar, considerando-se que esse preceito indi-
ca que o Administrador Público deve gerir o destino do dinheiro
público da melhor maneira possível, a fim de obter o melhor re-
sultado com o menor gasto, a eficiência tem visceral relação com
o orçamento, muito especialmente com o chamado orçamento
de resultado.
Por essas razões, o tema será tratado em separado.
Perguntar-se-á o porquê de o equilíbrio não ser por nós con-
siderado um princípio e a eficiência, sim. A resposta é simples: a
eficiência deve estar presente em todo tipo de orçamento e a sua
busca deve iluminar toda e qualquer fase da orçamentação e da
sua execução. Mesmo um orçamento “desequilibrado” deve ser
administrado com eficiência.
4.3.13 Razoabilidade
Embora enxerguemos a razoabilidade como um importante
ingrediente para auxiliar a interpretação jurídica e, portanto,
seria de uso corrente no tocante ao orçamento também, faremos
uma breve referência a ela, nos termos sugeridos por Ricardo
Lobo Torres, acatando o alcance que esse professor atribui à
razoabilidade.
Ricardo Lobo Torres entende que a razoabilidade projeta-se
no campo orçamentário, exercendo diferentes funções:
[...] serve de princípio de interpretação dos dispositivos da lei
de meios; influi na elaboração do orçamento, ao governar as
158 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
4.4 Conclusão
Aos princípios clássicos orçamentários, como se pode per-
ceber, foram acrescidos outros em decorrência da evolução do
próprio orçamento, da experimentação de novas técnicas e como
reflexo das mudanças na sociedade e no próprio Estado.
Pretende-se que sejam eles levados em consideração nos
vários momentos do processo orçamentário, diante da ideia de
que, assim, a orçamentação como um todo seria beneficiada.
Capítulo 5
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO
361
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 400.
362
Idem, ibidem, p. 400.
363
Idem, p. 400.
364
Idem, p. 402.
365
Idem, p. 402 (grifado no original).
162 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
366
James M. Buchanan e Richard E. Wagner, Democracy in deficit. The
political legacy of Lord Keynes, The Collected Works of James M. Bu-
chanan, v. 8.
367
Idem, ibidem, p. 13.
368
Idem, p. 13.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 163
369
James M. Buchanan e Richard E. Wagner, Democracy in deficit. The
political legacy of Lord Keynes, p. 14-15.
370
Idem, ibidem, p. 15. No original: “It was only during some such extraor-
dinary event as a war or a major depression that debt finance seemed to
be justified”.
371
Idem, p. 15-16.
164 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
372
James M. Buchanan e Richard E. Wagner, Democracy in deficit. The
political legacy of Lord Keynes, p. 32.
373
Idem, ibidem, p. 32. “As a sacrosanct principle, budget balance had to be
uprooted.”
374
Idem, p. 33.
375
Idem, p. 75. Isso, não obstante, refere-se a Graham Hutton, que afirma
que “o que deu errado não foi o esquema de Keynes. Foi o seu otimismo
com relação à política, aos políticos, aos empresários e aos sindicalistas
[...] Keynes teria sido o primeiro a denunciar este comportamento como
sendo a ruína da democracia”.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 165
376
James M. Buchanan e Richard E. Wagner, Democracy in deficit. The
political legacy of Lord Keynes, p. 152. No original: “The nexus between
governmental outlays and the willingness of members of the public to
undergo the costs of these outlays was jettisoned. Taxes were to be levied
only for the purpose of preventing inflation”.
377
Idem, ibidem, p. 184.
378
Idem, p. 185. No original: “The restoration of the balanced-budget rule
will serve only to allow for a somewhat more conscious and careful wei-
ghting of benefits and costs. The rule will have the effect of bringing the
real costs of public outlays to the awareness of decision makers [...]”.
166 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
379
Cf. Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orça-
mento e finanças públicas, p. 395.
380
Miguel Ángel Martínez Lago, La reforma del régimen jurídico de la es-
tabilidad presupuestaria y el Tratado de Coordinación y Gobernanza en
la Unión Económica y Monetaria, p. 106.
381
Idem, ibidem, p. 106.
382
Idem, p. 106.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 167
383
Nessa contenda, travada no bojo do “Assunto C-27/04”, Comissão das
Comunidades Europeias vs. Conselho da União Europeia, referido Tri-
bunal decidiu, de forma salomônica, ao declarar a inadmissibilidade do
recurso da Comissão, dado que o seu objeto consistia em pedir a anula-
ção da não adoção pelo Conselho dos instrumentos formais contidos nas
Recomendações da Comissão e, simultaneamente, anular as Conclusões
do Conselho, de novembro de 2003, adotadas com relação à França e à
Alemanha, respectivamente, porquanto supunham uma decisão de sus-
pender o procedimento por déficit excessivo e uma decisão pela qual
se modificavam as Recomendações adotadas anteriormente pelo próprio
Conselho (Miguel Ángel Martínez Lago, La reforma del régimen jurídi-
co de la estabilidad presupuestaria y el Tratado de Coordinación y Go-
bernanza en la Unión Económica y Monetaria, p. 107).
384
Idem, ibidem, p. 107.
385
Cf. Josu de Miguel Bárcena, El gobierno de la economía en la Constitu-
ción Europea. Crisis e indeterminación institucional, apud Miguel Ángel
Miguel Ángel Martínez Lago, La reforma del régimen jurídico de la es-
tabilidad presupuestaria y el Tratado de Coordinación y Gobernanza en
la Unión Económica y Monetaria, p. 110.
168 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
386
Conforme Germán Orón Moratal, El presupuesto estatal ante el derecho
comunitario: en especial, la bifurcación del principio de legalidad finan-
ciera al significado jurídico del estado de ingresos, p. 934-935.
387
Idem, ibidem, p. 935.
170 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
388
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presu-
puestaria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 25.
Disponível em: <http://revistasonline.inap.es/index.php?journal=CDP
&page=article&op=view&path%5B%5D=597&path%5B%5D=652>.
Acesso em: 23 set. 2013 (grifou-se).
389
“Artículo 135.1.Todas las Administraciones Públicas adecuarán sus actu-
aciones al principio de estabilidad presupuestaria.”
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 171
390
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presu-
puestaria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 25.
Disponível em: <http://revistasonline.inap.es/index.php?journal=CDP
&page=article&op=view&path%5B%5D=597&path%5B%5D=652>.
Acesso em: 23 set. 2013.
391
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 273.
172 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
393
Exposição de Motivos que precede o texto do novo art.135 da Constitui-
ção espanhola.
O atual dispositivo tem a seguinte redação:
“1. Todas las Administraciones Públicas adecuarán sus actuaciones al
principio de estabilidad presupuestaria.
2. El Estado y las Comunidades Autónomas no podrán incurrir en un
déficit estructural que supere los márgenes establecidos, en su caso, por
la Unión Europea para sus Estados Miembros.
Una ley orgánica fijará el déficit estructural máximo permitido al Estado
y a las Comunidades Autónomas, en relación con su producto interior
bruto. Las Entidades Locales deberán presentar equilibrio presupuesta-
rio.
3. El Estado y las Comunidades Autónomas habrán de estar autorizados
por ley para emitir deuda pública o contraer crédito.
Los créditos para satisfacer los intereses y el capital de la deuda pública
de las Administraciones se entenderán siempre incluidos en el estado de
gastos de sus presupuestos y su pago gozará de prioridad absoluta. Estos
créditos no podrán ser objeto de enmienda o modificación, mientras se
ajusten a las condiciones de la ley de emisión.
El volumen de deuda pública del conjunto de las Administraciones Públi-
cas en relación con el producto interior bruto del Estado no podrá superar
el valor de referencia establecido en el Tratado de Funcionamiento de la
Unión Europea.
4. Los límites de déficit estructural y de volumen de deuda pública sólo
podrán superarse en caso de catástrofes naturales, recesión económica
o situaciones de emergencia extraordinaria que escapen al control del
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 175
396
Conforme Germán Orón Moratal, El control del equilibrio presupuesta-
rio en los distintos niveles de gobierno, p. 187.
397
Fazemos essa observação como a do autor, pois, segundo cremos, o equi-
líbrio orçamentário está alojado no denominado princípio da estabilida-
de.
398
Germán Orón Moratal, El control del equilibrio presupuestario en los
distintos niveles de gobierno, p. 189-190.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 177
399
Álvaro Rodríguez Bereijo, La reforma constitucional del artículo 135 CE
y la crisis financiera del Estado, p. 7.
400
A seguir, transcrevemos a parte do art. 109 da Constituição alemã (em
versão para o castelhano) que aqui interessa ressaltar:
“Artículo 109
[Gestión presupuestaria de la Federación y de los Länder]
(1) La Federación y los Länder son autónomos y recíprocamente inde-
pendientes por lo que respecta a su gestión presupuestaria.
(2) La Federación y los Länder deberán tener en cuenta en su gestión
presupuestaria las exigencias del equilibrio global de la economía.
178 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
(3) Por ley federal, que requiere la aprobación del Bundesrat, podrán fi-
jarse principios comunes para la Federación y los Länder, en lo que atañe
al Derecho presupuestario, a una economía presupuestaria que tenga em
cuenta las exigencias coyunturales y a una planificación financiera de
vários años. [...]”.
401
Cf. OECD The Legal Framework for Budget Systems – an international
comparison, p. 222. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/budge-
ting/43487903.pdf> . Acesso em: 6 out. 2013.
402
OECD The Legal Framework for Budget Systems – an international
comparison, p. 222. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/budge-
ting/43487903.pdf> . Acesso em: 6 out. 2013.
403
São eles: Advocacia-Geral da União, Casa Civil, Controladoria geral da
União, Gabinete de Segurança Institucional daPresidência da República
e Banco Central do Brasil).
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 179
256).
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 183
407
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presu-
puestaria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 25.
Disponível em: <http://revistasonline.inap.es/index.php?journal=CDP
&page=article&op=view&path%5B%5D=597&path%5B%5D=652>.
Acesso em: 23 set. 2013.
408
“Art. 135, 1.Todas las Administraciones Públicas adecuarán sus actua-
ciones al principio de estabilidad presupuestaria.”
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 185
409
Violeta Ruiz Almendral, La reforma constitucional a la luz de la estabi-
lidad presupuestaria, p. 91-92, ISSN: 1138-2848. Disponível em <http://
revistasonline.inap.es/index.php?journal=CDP&page=article&op=vie
wFile&path%5B%5D=9974&path%5B%5D=10283>. Acesso em: 30
out. 2013, p. 92.
410
Idem, ibidem, p. 92.
186 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
411
Sem contar que a Lei 4.320/1964, ao cuidar da execução orçamentária,
também se refere ao equilíbrio, mas com outras consequências. É o teor
do art. 48, no capítulo relativo à “Programação da Despesa”:
“Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos
seguintes objetivos:
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a
receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo
eventuais insuficiências de tesouraria”.
412
Weder de Oliveira, na mesma linha, afirma que “o equilíbrio entre re-
ceitas e despesas pode também ser referenciado como equilíbrio orça-
mentário, equilíbrio fiscal ou controle fiscal” (Curso de responsabilidade
fiscal: direito, orçamento e finanças públicas, p. 385).
413
Idem, ibidem, p. 385.
414
Dispõem esses artigos:
“Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes
orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apre-
ciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.
[...]
§ 3.º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos
que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
I – sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes
de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre [...]”.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 187
418
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 386.
419
Exemplos trazidos pelo autor citado, p. 386.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 189
420
“Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I – finanças públicas.”
421
“Art. 165. [...]
[...]
§ 9.º Cabe à lei complementar:
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração
e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e
da lei orçamentária anual;
II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administra-
ção direta e indireta, bem como condições para a instituição e funciona-
mento de fundos.”
190 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
[...]
V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municí-
pios;
VI – fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para
o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios;
VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de cré-
dito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Po-
der Público federal;
[...]
IX – estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 193
Não nos parece, contudo, que o art. 4.º da LRF teria o condão
de inibir a elaboração de orçamento na forma anteriormente
ilustrada.
424
Da Programação da Despesa
“Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com
base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de
cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autori-
zada a utilizar.
Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos
seguintes objetivos:
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de recur-
sos necessários e suficientes a melhor execução do seu programa anual
de trabalho;
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre
a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo
eventuais insuficiências de tesouraria.
Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito do disposto
no artigo anterior, levará em conta os créditos adicionais e as operações
extra-orçamentárias.
194 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
426
Lei 4.320/1964: “Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as re-
ceitas e despesas previstas em confronto com as realizadas”.
427
J. R. Caldas Furtado, Elementos de direito financeiro, p. 89.
428
Para a Lei 4.329/1964, superávit financeiro é “a diferença positiva entre
o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos
dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vin-
culadas” (art. 43, § 2.º).
196 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
429
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 392 (sem grifos no original).
430
Idem, ibidem, p. 396.
198 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
433
Weder de Oliveira, Curso de Responsabilidade Fiscal: Direito, Orça-
mento e Finanças Públicas, p. 843-844.
434
Idem, ibidem, p. 844.
202 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
436
Vincent Glad, La règle d’or, une publicité mensongère, sem indicação de
página.
437
Michel Bouvier, La “règle d’or” des finances publiques a-t-elle un
avenir ?, p. 135.
438
Idem, ibidem.
EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO 205
439
Carine Soulay. La règle d’or des finances publiques en France et en Ale-
magne: convergence au delà des différences, p. 188.
440
Dispõe este artigo (versão espanhola):
“Artículo 110. 1. Todos los ingresos y gastos de la Federación deberán
consignarse en los Presupuestos, si bien en el caso de empresas fede-
rales (Bundesbetriebe) y de patrimonios especiales (Sondervermogen)
será suficiente que figuren las entradas o las entregas. Los Presupuestos
deberán estar equilibrados en gastos e ingresos”.
441
“Artículo 115. 1. La asunción de empréstitos, así como la prestación
de fianzas (Burgscharten), garantías u otras seguridades susceptibles de
originar gastos en ejercicios económicos venideros, requerirán, según
su importe, una habilitación determinada o determinable mediante ley
federal. Los ingresos procedentes de créditos no podrán sobrepasar el
importe de los gastos consignados para inversiones en los Presupuestos,
y solo procederán excepciones a esta regla cuando sea para evitar una
perturbación del equilibrio económico general. Se regularan por ley fe-
deral los pormenores de aplicación”.
206 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
Capítulo 6
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO
442
O jornal Folha de S. Paulo, em matéria de capa da edição de 14.05.2013,
traz a notícia de que a Ministra das Relações Institucionais reconhece
negociação para liberar a execução de emendas.
443
A ementa atual dessa Proposta de Emenda Constitucional é: “Altera os
arts. 165 e 166 da Constituição Federal e acrescenta os arts. 35-A e 35-B
ao ADCT, tornando obrigatória a execução da programação orçamentá-
ria que especifica”.
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO 209
444
Câmara dos Deputados, Consultoria de Orçamento e Fiscalização Finan-
ceira, PEC 565/2006 – Orçamento Impositivo, Nota Técnica n. 10/2013,
p. 5.
445
A Lei 10.524, de 25.07.2002, que “dispõe sobre as diretrizes para a ela-
boração da lei orçamentária de 2003”, em seu art. 22 reza: A execução
da lei orçamentária e seus créditos adicionais obedecerá os princípios
constitucionais da impessoalidade e moralidade na Administração Pú-
blica, não podendo ser utilizada com o objetivo de influir, direta ou in-
diretamente, na apreciação de proposições legislativas em tramitação no
Congresso Nacional”.
446
Nota Técnica n. 10/2013, p. 5.
447
Idem, ibidem, p. 5.
210 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
448
Nota Técnica n. 10/2013, p. 5.
449
Idem, ibidem, p. 6.
450
Altera os arts. 165 e 166 da Constituição Federal e acrescenta os arts.
35-A e 35-B ao ADCT, tornando obrigatória a execução da programação
orçamentária que especifica. Disponível em: <http://www.senado.gov.
br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=114143>. Acesso em:
20 out. 2013.
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO 211
456
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário: o orçamento na Constituição, v. 5, p. 61 (grifou-se).
457
Kiyoshi Harada, Orçamento impositivo. Exame da PEC n. 565/06, p. 8.
458
Idem, ibidem, p. 8.
459
Idem, p. 8.
216 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
tario, p. 128.
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO 217
419.
218 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
465
Marcos Nóbrega, Lei de Responsabilidade Fiscal e leis orçamentárias,
p. 99.
466
Héctor Villegas, Curso de finanzas, derecho financiero y tributario, p.
127.
467
César de Moraes Sabbag, Breves considerações sobre deficiências estru-
turais do sistema orçamentário brasileiro. Propostas para incrementar
a legitimidade e a eficiência do modelo, p. 460.
468
Idem, ibidem, p. 127. Segundo o autor, “não se trata de engessamento ou
imposição pura e simples: o novo regime admitiria certa flexibilidade,
com definição de margens de segurança ou e liberdade na execução dos
créditos. Dez ou vinte por cento dos valores, para mais ou para menos,
com prévia autorização legislativa, não seriam patamares ruins”.
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO 223
469
É o que dizem Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabi-
lidad presupuestaria y su eventual proyección en el estado de las autono-
mías, p. 20.
470
Juan José Bayona de Perogordo e María Teresa Soler Roch, Compendio
de derecho financiero, p. 174.
471
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 406.
224 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
472
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 406-407.
473
Idem, ibidem, p. 414.
O ORÇAMENTO IMPOSITIVO 225
Ainda que isso seja mais visível quando se trata da Lei Orçamentária
476
Capítulo 7
A preocupação com
a performanCe
477
O “incrementalismo” caracteriza-se por alterações marginais na aloca-
ção dos recursos orçamentários disponíveis de um ano para outro, com
forte propensão à manutenção do status quo (conforme Armando Cunha
e Fernando Rezende, Orçamento e desenvolvimento, p. 69), ou seja, no
qual a tomada de decisões propicia ajustes marginais, baseados nas dota-
ções dos exercícios anteriores.
478
Lance Leloup, Budget Theory for a New Century, p. 13.
479
Aaron Wildavsky, The politics of budgetary process, apud James Giaco-
moni, Orçamento público, p. 169.
A preocupação com a performanCe 235
482
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 1-2.
483
Idem, ibidem, p. 3.
484
Idem, p. 4, com apoio em Lerner.
A preocupação com a performanCe 237
485
Charlie Tyer e Jennifer Willand, Public Budgeting in America. A Twen-
tieth Century Retrospective, sem indicação de página.
486
James Giacomoni, Orçamento público, p. 160.
487
Aliomar Baleeiro, Uma introdução à ciência das finanças, p. 405.
488
O ciclo econômico consistiria de quatro fases: 1) a fase ascendente, de
prosperidade ou expansão; 2) a descendente, denominada depressão ou
contração; 3) a crise, ou passagem da prosperidade para a depressão; e
238 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
492
Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 9-10.
493
Idem, ibidem, p. 10.
494
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, v. 1, p. 164.
495
Idem, ibidem, p. 164-165.
240 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
496
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, p. 165.
497
Ainda que, conforme se viu, esse sistema já era empregado na Holanda e
por algumas cidades e entidades públicas dos Estados Unidos (Carlos M.
Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, v. 1, p. 165).
498
Carlos M. Giuliani Fonrouge, Derecho financiero, v. 1, p. 165. Veja-se,
também, José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 18-19.
499
Jesse Burkhead, Orçamento público, p. 175, grifou-se. (Adaptou-se o
texto citado à ortografia atual.)
A preocupação com a performanCe 241
500
Jesse Burkhead, Orçamento público, p. 182-183 (grifou-se).
501
Em trabalho do Bureau do Orçamento americano, citado por Burkhead
(Orçamento público, p. 187).
502
Pedro Luiz Cavalcante, Orçamento por desempenho: uma análise com-
parativa do modelo de avaliação dos programas governamentais no Bra-
sil e nos Estados Unidos, p. 3.
503
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 14.
242 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
506
Brochier-Trabatoni, Economie Financière, apud José Afonso da Silva,
Orçamento-programa no Brasil, p. 14-16.
507
Cf. David Novick, apud James Giacomoni, Orçamento público, p. 164.
508
Charlie Tyer e Jennifer Willand, Public Budgeting in America. A Twen-
tieth Century Retrospective, com apoio em Miler, sem indicação de pági-
na.
509
Idem, ibidem, sem indicação de página. No original: “Planning was to
be used to determine goals and programs to help achieve them. Pro-
gramming would assist in administering efforts to efficiently accomplish
goals. Budgeting would come up with financial estimates of resources
needed by agencies to execute the plans”.
244 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
510
Luís Faria, Orçamento estratégico, p. 25. Lembra o autor que Portugal
encontra-se ainda na fase de transição ao orçamento por resultados, e
que, por ora, utiliza o orçamento por objeto (line up budgeting), aqui
mencionado em item anterior.
511
Charlie Tyer e Jennifer Willand, Public Budgeting in America. A Twen-
tieth Century Retrospective.
512
Idem, ibidem.
513
Idem. No original: “some butterflies were caught, no elephants stopped”.
A preocupação com a performanCe 245
7.1.8 Orçamento-programa
Talvez se possa dizer que o orçamento-programa – ou,
como preferimos chamar, orçamento por programas514 – seja o
tipo de orçamento que retrata a moderna visão que se pode apon-
tar como vigente, com aperfeiçoamentos, nos tempos atuais. É
enxergar o orçamento pelo prisma dinâmico.
Ele já parte da ideia de planejamento, para a qual o orça-
mento deve conter as respectivas dotações visando à realização
de programas, e não simplesmente a atribuição de determinado
volume de recursos para itens isolados do todo. A título exem-
plificativo, em um “orçamento-programa” a preocupação deve
ser com atribuir o montante de recursos necessários para obter a
meta de alfabetizar “n” milhões de adultos, e, para tanto, serão
computados recursos para a construção de salas de estudo, car-
teiras, pagamento de salários de professores etc.
Ele vem no bojo do “orçamento estrutural”, no qual existe a
integração do orçamento público com o econômico, garantindo
a necessária coordenação entre a política fiscal e a política eco-
nômica.
A partir do momento em que se percebeu a necessidade de
tornar dinâmico o orçamento, no sentido de fazê-lo interagir com
a economia é que se começou a falar, por exemplo, em finanças
funcionais, que, como vimos, são aquelas que se orientam no
sentido de influir sobre a conjuntura econômica e se preocupam
em conseguir o equilíbrio da economia como um todo.
Nos Estados Unidos, a preocupação com uma gestão públi-
ca mais eficiente vem de longa data. A Comissão Taft, criada em
1910, adotando o nome do então presidente, William Howard
José Afonso da Silva procede a uma distinção entre “orçamento por pro-
514
515
Michel Bouvier, Crise des finances publiques et refondation de l’État, p.
5.
516
Idem, ibidem.
517
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 31.
518
Cf. Idem, ibidem, p. 33.
A preocupação com a performanCe 247
519
Oswaldo Maldonado Sanches, Dicionário de orçamento, planejamento e
área afins, p. 174.
520
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 378.
248 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
7.2 A performance
Falar de orçamento “de performance” implica, sempre,
tratar, ainda que de forma implícita, do papel do Estado na so-
ciedade, da intervenção maior ou menor que ele deve realizar.
Encaminhando-se para a tentativa de obter o melhor nível
de eficiência, pois os recursos, em geral, são insuficientes para a
sua atuação em todas as frentes, a primeira providência que aco-
de à mente dos economistas é repensar o Estado de Bem-Estar.
Essa é uma questão que, de fato, precisa ser pensada e repensada
523
James Giacomoni, Orçamento público, p. 162, que extraiu o trecho de
um trabalho do Bureau de Orçamento americano.
524
Cf. Idem, ibidem, p. 173.
A preocupação com a performanCe 251
525
Transcrito por James Giacomoni, Orçamento público, p. 174.
526
Idem, ibidem, p. 174-175.
527
Daniel Canépa, La mise en œuvre de la LOLF. Point de vue sur la nou-
velle gestion de l’État, p. 221.
528
Idem, ibidem, p. 222.
252 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
529
Daniel Canépa, La mise en œuvre de la LOLF. Point de vue sur la nou-
velle gestion de l’État, p. 222-223.
530
Lembre-se que a França é um Estado unitário, dividido em regiões.
531
Daniel Canépa, La mise en œuvre de la LOLF. Point de vue sur la nou-
velle gestion de l’État, p. 223.
532
Idem, ibidem, p. 225. No original: “En matière de ressources humaines,
la LOLF introduit une logique de performance dans la gestion: le facteur
A preocupação com a performanCe 253
535
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 453.
536
Idem, ibidem, p. 454, grifos no original. No texto francês: “C’est une
nouvelle évolution de la culture financière publique vers un rapproche-
ment avec la culture financière de l’entreprise qui se poursuit aujourd’hui
au sein des administrations de l’État”.
537
Michel Bouvier, Crise des finances publiques et refondation de l’État, p.
5.
538
Idem, ibidem, p. 5.
A preocupação com a performanCe 255
539
Cf. Michel Bouvier, Crise des finances publiques et refondation de l’État,
p. 5.
540
Idem, ibidem, p. 5.
541
Idem, p. 5. O principal incentivador dessa concepção foi Robert Mac
Namara que, antes de ser Secretário de Estado da Defesa de Kennedy, era
Diretor-Geral das fábricas Ford. Já nos referimos ao PPBS acima.
256 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
542
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 455.
543
Idem, ibidem, p. 455-456.
A preocupação com a performanCe 257
544
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 456.
545
Idem, p. 457.
546
Idem, p. 457.
258 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
547
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 458-459.
548
Idem, ibidem, p. 463.
549
Cf. Idem, p. 201.
A preocupação com a performanCe 259
550
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 201-202.
551
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Fi-
nances Publiques, p. 202. No original: “[…] une approche strictement
économique projetant ses concepts et ses modèles sur les institutions et
comportements politiques avec comme postulat de base une assimilation
du politique à un marché conçu à l’image de marché économique”.
552
Idem, ibidem, p. 202.
553
Idem, p. 203.
260 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
554
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces Publiques, p. 203.
555
Idem, p. 203.
556
Apud Marc Robinson e Jim Brumby, Does Performance Budgeting
Work? An Analytical Review of the Empirical Literature, p. 5. Em tradu-
ção livre: “tipo de orçamento que relaciona fundos alocados a resultados
mensuráveis”.
A preocupação com a performanCe 261
557
Marc Robinson e Jim Brumby, Does Performance Budgeting Work? An
Analytical Review of the Empirical Literature, p. 5. No original: “per-
formance budgeting refers to procedures or mechanisms intended to
strengthen links between the funds provided to public sector entities and
their outcomes and/or outputs through the use of formal performance
information in resource allocation decision-making”. Os autores, por
outro lado, lamentam a falta de uniformização dos conceitos, razão pela
qual indicam como serão usados “output” e “outcome”, conforme segue:
“outputs in this paper refer to goods or services provided to external par-
ties (particularly to the public) by agencies, whereas outcomes refer to
the desired changes induced in persons, social structures or the physical
environment by those outputs and other factors”.
558
Idem, ibidem, p. 12.
559
Idem, p. 8-9.
262 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
560
Marc Robinson e Jim Brumby, Does Performance Budgeting Work? An
Analytical Review of the Empirical Literature, p. 10.
561
Marc Robinson e Jim Brumby, Does Performance Budgeting Work? An
Analytical Review of the Empirical Literature, p. 12.
562
Idem, ibidem, p. 15-16.
A preocupação com a performanCe 263
566
James Giacomoni, Orçamento público, p. 193.
567
Idem, ibidem, p. 194.
568
Idem, p. 197.
A preocupação com a performanCe 267
571
James Giacomoni, Orçamento público, p. 202-203.
572
Marcos Nóbrega, Orçamento, eficiência e performance budget, p. 203.
573
Nazaré da Costa Cabral, Orçamentação pública e programação: tendên-
cias internacionais e implicações sobre o caso português, p. 642.
A preocupação com a performanCe 269
574
Nazaré da Costa Cabral, Orçamentação pública e programação: tendên-
cias internacionais e implicações sobre o caso português, p. 643.
575
Idem, ibidem, p. 645, com base em Jack Diamond.
576
Idem, p. 646.
270 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
578
Yves Chevalier, LOLF et fonction publique: GRH, performance et ma-
nagement, p. 99, em tradução livre. No original: “la performance de la
gestion des ressources humaines (GRH) est incontestablement un enjeu
majeur, sinon le principal enjeu, de la réforme de l’État dans les années à
venir”.
579
Idem, ibidem, p. 100.
272 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
580
Reconhecendo a dificuldade de traduzir o termo para o português, para
nós accountability será tida como “responsabilização” pura e simples e
“responsabilização pela gestão de recursos”.
581
Luís Faria, Orçamento estratégico, p. 4-5.
582
Idem, ibidem, p. 5.
583
Idem, p. 6.
584
Idem, p. 8.
A preocupação com a performanCe 273
7.4 Conclusão
Se pudéssemos resumir o que está no bojo deste capítulo – e
é o que se pretende realçar –, diríamos que a evolução do orça-
mento em termos de sua eficiência demonstra que, desde que ele
585
Luís Faria, Orçamento estratégico, p. 10.
586
Idem, ibidem, p. 10.
587
Idem, p. 10-11.
274 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
Capítulo 8
ORÇAMENTO PÚBLICO E
PLANEJAMENTO
8.1 Introdução
O esquema engendrado pela Constituição Federal de 1988
adotou, como uma das ideias norteadoras do sistema financeiro-
-econômico, a do planejamento.
Com efeito, é o planejamento que constitui o ponto de par-
tida de qualquer intenção de equilíbrio de contas, sejam públicas
ou privadas.
Infelizmente, não integra o rol de características do povo
brasileiro, em geral, planejar. É fácil observar no dia a dia como
as pessoas não atribuem grande importância – sempre genera-
lizando aqui – ao planejamento. Essa cultura – ou a falta dela
– se reflete no âmbito público, consoante se pode perceber no
acompanhamento do andamento da atividade do Estado corri-
queiramente.
No campo privado, a falta de planejamento é assunto que
diz respeito unicamente à própria pessoa que não planeja e
que irá (ou não) sofrer as eventuais consequências desse não
276 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
588
José Marcos Domingues, Tributação, orçamento e políticas públicas, p.
188.
589
João Ricardo Catarino, Finanças públicas e direito financeiro, p. 233.
590
Conforme Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad
presupuestaria y su eventual proyección en el estado de las autonomías,
p. 10, nota de rodapé n. 2.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 279
591
Walter Block, William Kordsmeir e Joseph Horton, The failure of public
finance, p. 43.
592
Conforme Musgrave, The Theory of Public Finance; Richard Atkinson e
Stiglitz, Lectures on Public Economics, ambos apud Block et al., citados
na nota anterior, p. 43-45.
593
Musgrave, op. cit.
594
Walter Block et al., The failure of public finance, p. 45.
280 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
595
, A.L. Auld e F.C. Miller, Principles of Public Finance: a Canadian Text,
apud Walter Block et al., The failure of public finance, p. 46-47.
596
Walter Block et al., The failure of public finance, p. 59.
597
Idem, ibidem, p. 59.
598
Apud Idem, p. 60.
599
Richard Musgrave, Peggy Musgrave e Richard M. Bird, apud Walter
Block et al., The failure of public finance, p. 60-61.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 281
600
Walter Block et al., The failure of public finance, p. 61.
601
“Social discount rate (SDR) is a measure used to help guide choices
about the value of diverting funds to social projects” (literalmente “taxa
de desconto social”). É a medida usada para auxiliar nas escolhas que
culminarão no montante de recursos a serem destinados a projetos so-
ciais (tradução livre).
602
Na obra citada, apud Walter Block et al., The failure of public finance, p. 62.
282 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
603
Walter Block et al., The failure of public finance, p. 62.
604
Idem, ibidem, p. 63.
605
Idem, ibidem, p. 64. Para esses autores, o desemprego, por exemplo, não
é intrínseco à ordem capitalista. Ao contrário, ele [o desemprego] é tra-
zido por meio de toda sorte de intervenções imprudentes e insensatas do
Governo, tais como a legislação do salário mínimo; o suporte legal para
que os sindicatos possam aumentar salários acima dos níveis de produ-
tividade; tributação excessiva etc. Chegam a afirmar que a Depressão
de 1929, atribuída ao livre e desimpedido mercado, teria sobrevindo em
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 283
609
Pablo Lucas Verdú, Estado de derecho y justicia constitucional.
Aspectos históricos, ideológicos y normativo-institucionales de su
interrelación, p. 8.
610
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presupues-
taria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 12.
286 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
611
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presupues-
taria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 14.
612
Idem, ibidem, p. 15.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 287
613
Luis Aguiar de Luque e Gema Rosado Iglesias, La estabilidad presupues-
taria y su eventual proyección en el estado de las autonomías, p. 16.
614
Idem, ibidem, p. 16.
615
Fernando Sainz de Bujanda, Hacienda y derecho, v. 1, p. 78-79.
616
Idem, ibidem, p. 79.
288 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
8.3 O planejamento
O planejamento estatal traz consigo a noção de intervenção
do Estado no domínio econômico visando a assegurar, dentro da
máxima eficácia ínsita aos ditames constitucionais, os direitos e
garantias individuais, bem como os objetivos do Estado brasilei-
ro proclamados pela Constituição. Em outras palavras, ele é uma
forma de intervenção.
O planejamento é noção ínsita ao orçamento nos dias
atuais. Aquele decorre deste último e é, podemos dizer, a sua
materialização.
Já tivemos oportunidade de afirmar que “o orçamento mo-
derno, sob qualquer de suas feições, constitui-se no plano de
governo juridicizado”. 617
José Afonso da Silva destaca que
[...] um orçamento, na concepção moderna e segundo o direito
brasileiro atual, não passa do equivalente financeiro do plano de
ação governamental. Nunca pode ser independente do plano.
Mostra de onde vêm os recursos para financiá-los e quanto
deve ser gasto para atingir os objetivos traçados.618
Também para Guilherme Bueno de Camargo o orçamento
configura um verdadeiro programa de governo, haja vista evi-
denciar o planejamento governamental e a definição das priori-
dades da gestão pública.619
Gonzalo Martner pontua que o planejamento é, nos dias de
hoje, o pressuposto básico que informa a elaboração e a execu-
ção dos orçamentos modernos.620
617
Estevão Horvath, Orçamento público e planejamento, p. 131.
618
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 72.
619
Guilherme Bueno de Camargo, Governança republicana e orçamento: as
finanças públicas a serviço da sociedade, p. 774.
620
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 8.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 289
621
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 809.
622
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 8.
623
Idem, ibidem, p. 8.
290 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
624
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 8.
625
Eros Roberto Grau, A ordem econômica na Constituição de 1988, p. 150.
626
Gonzalo Martner, Planificación y presupuesto por programas, p. 9.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 291
rias:
“§ 2.º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art.
165, § 9.º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:
I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro
exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será enca-
minhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legisla-
tiva”.
296 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
632
José Maurício Conti, Planejamento municipal precisa ser levado a sério.
Prossegue o autor: “[...] ou, de outro lado, também os que serão encer-
rados, descontinuados e desincentivados. É lá que se verificarão se as
promessas de campanha efetivamente serão contempladas, e, portanto,
aumentando as expectativas de que venham a ser cumpridas, e onde se
espera encontrar a previsão de quais serão os investimentos públicos e
políticas econômicas e sociais”.
633
Idem, ibidem.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 297
636
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 20.
637
José Afonso da Silva, Orçamento-programa no Brasil, p. 20, com apoio
em Alajverdián e outros (Instituto de Finanças de Moscou).
638
Idem, ibidem, p. 20-21.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 299
639
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário: o orçamento na Constituição, v. 5, p. 61-62.
640
Idem, ibidem, p. 62, e nota de rodapé n. 47, na mesma página.
641
Idem, p. 62.
300 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
comparison, p. 224.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 301
p. 75.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 303
646
J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa Reis, A Lei 4.320 comentada,
p. 75-76.
647
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário: o orçamento na Constituição, v. 5, p. 66.
304 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
650
Prossegue esse artigo:
“§ 1.º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de
Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores cor-
rentes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e
primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem
e para os dois seguintes.
§ 2.º O Anexo conterá, ainda:
I – avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
II – demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodolo-
gia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as
com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistên-
cia delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
III – evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exer-
cícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a
alienação de ativos;
308 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
651
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 404.
Dispõem esses artigos da Lei 4.320/1964:
“Da Programação da Despesa
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com
base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de
cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autori-
zada a utilizar.
Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos
seguintes objetivos:
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de recur-
sos necessários e suficientes a melhor execução do seu programa anual
de trabalho;
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre
a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo
eventuais insuficiências de tesouraria.
310 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
653
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 604.
654
Idem, ibidem, p. 645.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 313
656
Sobre o princípio mencionado, remetemos o leitor ao capítulo próprio
relativo aos princípios orçamentários.
657
Cf. James Giacomoni, Orçamento público, p. 231.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 315
658
Pela sua importância, transcreve-se a seguir o art. 5.º da LRF até onde ele
interessa para os efeitos aqui pretendidos:
“Art. 5.º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compa-
tível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com
as normas desta Lei Complementar:
I – conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programa-
ção dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento
de que trata o § 1.º do art. 4.º;
II – será acompanhado do documento a que se refere o § 6.o do art. 165
da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de
receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
III – conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montan-
te, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na
lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
a) (Vetado.);
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais
imprevistos.
§ 1.º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contra-
tual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.
§ 2.º O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei
orçamentária e nas de crédito adicional.
§ 3.º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinan-
ciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de
diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
§ 4.º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade
imprecisa ou com dotação ilimitada.
§ 5.º A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com
duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no
plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto
no § 1.o do art. 167 da Constituição.
§ 6.º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamen-
tária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais,
custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência
aos servidores, e a investimentos”.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 317
660
Weder de Oliveira, Curso de responsabilidade fiscal: direito, orçamento
e finanças públicas, p. 1041.
661
Idem, ibidem, p. 965.
ORÇAMENTO PÚBLICO E PLANEJAMENTO 319
para seu custeio” (art. 17, § 1.º). Além disso, tais atos deverão
ser acompanhados de comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no
Anexo de Metas Fiscais, conforme exigência do § 2.º do art. 17.
Não se entrará em maiores detalhes sobre o tema menciona-
do, por não se tratar de comentar a Lei de Responsabilidade Fis-
cal; o intuito aqui é meramente mostrar a preocupação do legis-
lador constitucional e infraconstitucional com o planejamento.
Capítulo 9
Eficiência e Legitimidade
9.1 Eficiência
Pensamos que a eficiência está no bojo do planejamento,
até porque este deve ser efetuado para atingir-se aquela e produ-
zir seus reflexos no orçamento, razão pela qual teceremos aqui
algumas considerações sobre este princípio.
O princípio da eficiência foi inserido no texto da Constitui-
ção da República por intermédio da Emenda Constitucional n.
19/98, com o que o art. 37, caput passou a ter a seguinte redação:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: [...].
Após esta inclusão, a doutrina passou dedicar-se ao estudo
do princípio em tela mais acentuadamente. Entretanto, a primei-
ra indagação que se deve fazer é a de se este princípio teria de vir
expresso ou se ele já existia, mesmo antes de passar a constar do
texto da Constituição.
Para aqueles que preferem sempre encontrar um dispositivo
expresso na legislação para só então aceitar a sua existência no
mundo jurídico – não admitindo com muita facilidade o que não
está escrito –, já o Decreto-Lei n. 200/67 referia-se à eficiência
324 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
662
“Art. 26. No que se refere à Administração Indireta, a supervisão minis-
terial visará a assegurar, essencialmente:
[...] III – A eficiência administrativa”.
663
“Art. 100. Instaurar-se-á processo administrativo para a demissão ou dis-
pensa de servidor efetivo ou estável, comprovadamente ineficiente no de-
sempenho dos encargos que lhe competem ou desidioso no cumprimento
de seus deveres”.
664
Antônio Carlos Cintra do Amaral, O princípio da eficiência no direito
administrativo, p. 3.
Eficiência e Legitimidade 325
administrativo, p. 4.
Eficiência e Legitimidade 327
por Chiavenato, diz que ser eficiente é “jogar futebol com arte”
e ser eficaz é “ganhar a partida”.666
Paulo Modesto, por sua vez, traz do direito comparado al-
gumas expressões com as quais se costuma aludir à eficiência,
tais como “exigência de boa administração (ou bom andamento
da administração)”, “princípio da eficácia”, “princípio da racio-
nalização administrativa”, “princípio da não burocratização”,
“economicidade” etc.667
Este autor, corroborando o que dissemos um pouco atrás,
entende que, mesmo antes da alteração efetuada com relação ao
art. 37 da C.F., a Constituição nunca permitiu a ineficiência (isto
é, o princípio da eficiência já estava nas entrelinhas da Lei das
Leis). Ou, nas suas palavras:
Nunca houve autorização constitucional para uma adminis-
tração pública ineficiente. A boa gestão da coisa pública é
obrigação inerente a qualquer exercício da função adminis-
trativa e deve ser buscada nos limites estabelecidos pela lei.
A função administrativa é sempre atividade finalista [...] O
exercício regular da função administrativa, numa democracia
representativa, repele não apenas o capricho e o arbítrio, mas
também a negligência e a ineficiência, pois ambos violam os
interesses tutelados na lei.668
Este mesmo autor chega a entender a eficiência como “um
requisito da validade jurídica da atuação administrativa”.669
Valendo-se das lições de Hely Lopes Meirelles, diz que o prin-
666
Antônio Carlos Cintra do Amaral, O princípio da eficiência no direito
administrativo, p. 4.
667
Paulo Modesto, Notas para um debate sobre o princípio da eficiência, p. 3.
668
Idem, ibidem, p. 7, grifou-se.
669
Idem, p. 9-10. São as suas palavras:”[...] a necessidade de otimização ou
obtenção da excelência no desempenho da atividade continua a ser um
valor fundamental e um requisito da validade jurídica da atuação admi-
nistrativa”.
328 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
670
Paulo Modesto, Notas para um debate sobre o princípio da eficiência, p. 9.
671
Idem, ibidem, p. 10.
672
Tratado de direito constitucional financeiro e tributário, v. 5: O orça-
mento na Constituição, p. 307.
673
Idem, ibidem.
Eficiência e Legitimidade 329
675
Curso de direito administrativo, p. 125.
676
Idem, ibidem, p. 125.
677
Conforme registrado no site do Tesouro Nacional: https://www.tesouro.
fazenda.gov.br/pt/aprenda-com-o-tesouro/sistema-de-informacoes-de-
-custos.
Eficiência e Legitimidade 331
9.2 Legitimidade
Tema conexo também, a nosso ver, com o da performance
orçamentária, num certo sentido, é o referente à legitimidade.
Delimitemos o alcance da nossa preocupação.
A Constituição da República, no caput o art. 70, inclui a
legitimidade como parte do controle externo a ser exercido sobre
as contas públicas. É o seu teor:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da admi-
nistração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de recei-
tas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Sempre pensamos que, uma vez que o Poder Legislativo,
com o auxílio do Tribunal de Contas (at. 71, caput), pode fis-
calizar os entes públicos quanto à legitimidade, poderá julgar
irregulares as contas pelo fato de elas serem ilegítimas.
Ocorre que a aparente simplicidade dessa conclusão im-
plica passar por complexos questionamentos, começando pelo
próprio significado da palavra “legitimidade” nesse contexto.
É praxe, nos estudos introdutórios de Direito, fazer-se o
comparativo entre o “legal” e o “legítimo”.
Elías Díaz declara que “legitimar es justificar, tratar de
justificar [...].678 A princípio, nem tudo o que é legal é legítimo
e vice-versa. O Dicionário Houaiss traz como um dos sentidos
da palavra legítimo: “que é conforme ao direito positivo, que
679
Maria Helena Diniz, Dicionário jurídico, verbete “legitimidade”.
680
Elías Díaz, De la maldad estatal y la soberanía popular, p. 22, grifou-se.
681
Hans Kelsen, Teoria pura do direito, p. 290.
Eficiência e Legitimidade 333
682
Jürgen Habermas, ¿Cómo es posible la legitimidad por vía de legalidad?,
p. 37.
683
Idem, ibidem, p. 29.
684
Idem.
334 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
689
Álvaro Rodríguez Bereijo, La reforma constitucional del artículo 135 CE
y la crisis financeira del Estado, p. 15.
690
A Constituição Brasileira dispõe no seu art. 1.º: “A República Federativa
do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito [...]”.
Eficiência e Legitimidade 337
9.3 Conclusão
Assim, a legitimidade no gasto público tem estreita relação
com aquilo que foi incorporado pelo Estado brasileiro como
prioridades a serem atendidas. Dada a invariável escassez de
recursos, estes somente podem ser destinados a fins legítimos,
no sentido aqui apontado.
A aparente contradição entre eficiência, desempenho e le-
gitimidade fica, no nosso sentir, somente na aparência. Vejamos.
A legitimidade funciona como um filtro na hora da elabora-
ção do orçamento. Com base nela deverá ser decidido o destino
do dinheiro público e, exatamente por ter de ser levada em conta
a eficiência, a fim de propiciar que o maior número de priorida-
des seja atendido, deve-se cobrar os resultados durante e após a
execução do orçamento.
Percebe-se, pois, que são elementos interdependentes e
complementares.
339
Capítulo 10
O orçamento e o STF –
o Controle Jurisdicional
das Leis Orçamentárias
10.1 Introdução
O presente tópico versa sobre a possibilidade de as leis
orçamentárias terem o seu controle constitucional submetido ao
crivo do Poder Judiciário.
O tema em questão, embora aparentemente simples, é mo-
tivo de uma discussão que perdura no Brasil há décadas, e ainda
nos dias atuais é objeto de estudo e questionamentos os mais
diversos, por abranger vários institutos do Direito Constitucio-
nal que colidem, obrigando os operadores do direito a buscar
mecanismos jurídicos e interpretações conforme o Texto Cons-
titucional, valendo-se especialmente dos caminhos trilhados por
340 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
693
Todavia, essa regra é excepcionada pela previsão do art. 52, inciso X,
da Constituição Federal que permite ao Senado da República suspender
a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão normativa do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, o caso con-
creto levado a apreciação do STF poderá ter efeito erga omnes, após a
suspensão do Senado Federal acerca do cumprimento da norma.
694
Cumpre observar que o STF já entendeu que, mesmo no controle difuso,
poder-se-á dar efeito ex nunc a uma decisão. O caso concreto foi o jul-
gamento do RE 197.917, em que o STF reduziu o número de vereadores
do Município de Mira Estrela de 11 para 9 e determinou que a aludida
decisão só atingisse a próxima legislatura (cf. íntegra do voto em inf. STF
341, Rel. Min. Maurício Corrêa).
O orçamento e o STF – o Controle Jurisdicional das Leis Orçamentárias 343
695
José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 47, na
esteira de Enrique A. Aftalión, Fernando García Olano e José Vilanova.
696
Conforme art. 32, IV, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,
o controle será realizado pela Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (Res. da CD 20, de 204 – DCD, Suplemento, 18.03.2004, p.
344 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
698
O direito público subjetivo de participar de um processo legislativo
hígido é exclusivo aos membros do Poder Legislativo. Esse é o enten-
dimento em que se consolidou a jurisprudência do STF, no sentido de
negar a legitimidade ad causam a terceiros, que não parlamentar, ainda
que invoquem a sua potencial condição de destinatário da norma, sob
pena de indevida transformação em controle preventivo de constitu-
cionalidade em abstrato, inexistente em nosso sistema constitucional
(RTJ 136/25-26, Rel. Min. Celso de Mello, RTJ 139/783, Rel. Min.
Octávio Gallotti, e MS 21.642/DF – MS 21.747/DF – MS 23.087/SP –
MS 23.328/DF) (Pedro Lenza, Direito constitucional esquematizado,
p. 164).
699
O controle de constitucionalidade no Brasil, determinado pelo pró-
prio Texto Constitucional, é o jurisdicional, baseado no modelo norte-
-americano, e, segundo as lições de José Afonso da Silva, tal controle
é “a faculdade que as Constituições outorgam ao Poder Judiciário de
declarar a inconstitucionalidade de lei e de outros atos do Poder Públi-
co que contrariem, formal ou materialmente, preceitos ou princípios
constitucionais” (José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional
positivo, p. 49).
700
É o caso de lei delegada que viole os limites fixados pelo Congresso, no
momento que autorizou o Presidente legislar.
346 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
701
Lucia Valle Figueiredo, Processo administrativo e controle de constitu-
cionalidade pelos Tribunais administrativos. Mesa de debates G: (apre-
sentado no XII Congresso Brasileiro de Direito Tributário, p. 151-161
(grifos no original).
702
Estevão Horvath e Pedro Satiro, Apreciação de inconstitucionalidade por
órgão julgador administrativo fiscal, p. 99.
O orçamento e o STF – o Controle Jurisdicional das Leis Orçamentárias 347
O espírito das leis, que trata da Teoria dos Três Poderes. Buscou
a essência, a natureza de cada tipo de poder estabelecido nas
sociedades e comparou as relações que as leis da época tinham
com a natureza em si.
Ele desenvolve uma ideia que dá o parâmetro do cons-
titucionalismo, ou seja, do conjunto de leis contidas em uma
Constituição. É o tipo de regência mais comum em quase todos
os tipos de governos de hoje e que busca de maneira democrática
designar as autoridades competentes em cada âmbito da socie-
dade, a fim de evitar o autoritarismo, a arbitrariedade e a violên-
cia, comuns na maioria das monarquias absolutistas da época.
A partir dessa concepção de constitucionalismo, Mon-
tesquieu começa a traçar um pensamento de modo a dividir
os poderes dentro de um governo. Inspirado pela Constituição
inglesa da época – em que pese o fato de que esta não possuía
essa divisão clara em sua estruturação –, Montesquieu separou
de maneira cuidadosa e detalhada, para os moldes de sua época,
os três poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário. Em rigor,
trata-se de Poder (um), subdividido em três.
A ideia central da teoria dos três poderes é a de que um
Poder, em suas atribuições típicas, equilibraria a autonomia e in-
terviria quando necessário no outro, propondo uma harmonia e
uma maior organização na esfera governamental de um Estado.
Trata-se de um regime em que o poder é limitado e equili-
brado pelo poder, ou seja, na célebre frase cunhada pelo próprio
Montesquieu, “só o poder freia o poder”, o que ele chama de
“sistema de freios e contrapesos”. Nenhum dos três poderes tem
autonomia absoluta sobre a sociedade, nem sobre os outros tipos
de poderes, mas sim um, com o outro, deveria reger o Estado de
maneira a exercer uma igualdade social e governamental.
Um dos objetivos de Montesquieu era evitar que governos
absolutistas voltassem ao poder. Para isso, em sua obra, escreve
sobre a necessidade de se estabelecerem a autonomia e os limi-
tes de cada poder.
350 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
TCU, p. 39.
352 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
708
Luís S. Cabral de Moncada, A reserva de lei no actual direito público
alemão, p. 105.
709
José Joaquim Gomes Canotilho, A Lei do Orçamento, p. 577.
710
Idem, ibidem, p. 578.
711
Idem, p. 578.
356 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
713
Plenário, j. 05.02.2009, Rel. Min. Cezar Peluso, DJE 07.08.2009. No
mesmo sentido: ADIn 2.333/MC, Plenário, j. 11.11.2004, Rel. Min. Mar-
co Aurélio, DJ 06.05.2005.
714
ADIn 2.925-8/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 04.03.2005, p. 112.
360 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
10.8 Conclusão
Seja como for, é inegável uma clara alteração no posicio-
namento da Corte Excelsa sobre o tema. Cada vez mais, o STF
vem emprestando à Carta caráter determinante em relação à
realidade do gerenciamento do orçamento público no Brasil, a
fim de conformar esses atos até então incontroláveis, ao quanto
dispõe o Texto Magno.
Portanto, diante da nova concepção [pelo STF] das leis
orçamentárias, o seu controle jurisdicional é algo juridicamente
possível e recomendável, pois, em que pese haver alguns óbices
relativos à discricionariedade do administrador e à potencial
violação ao princípio da separação dos poderes, o fato é que, ao
julgar um caso concreto, deve o Supremo relativizar preceitos e
sopesar princípios para interpretar a melhor forma de aplicar a
Constituição Federal às leis do orçamento.
Por último, quer-se frisar que, em rigor, a questão de fundo
é a mesma que ocorre em inúmeros outros setores que não do
Direito Financeiro. Com receio de “invadir” a competência de
outro Poder, o Judiciário relutou por muito tempo em permitir
examinar o denominado “mérito” do ato administrativo; ocorre
que muitas vezes a inconstitucionalidade está exatamente no
mérito daquele ato. Foi somente com o passar do tempo que os
juízes – alguns, pelo menos – admitiram, em certas circunstân-
cias ao menos, aferir se o ato não viola a Constituição.
O mesmo se passa com a lei orçamentária. Pelo fato de que
por meio dela se repartem os recursos arrecadados entre as dota-
ções escolhidas pela manifestação conjunta – pelo menos em tese
– dos Poderes Executivo e Legislativo, o Judiciário teme apreciar
essa lei imaginando-se acusado de invadir a esfera de outro Poder.
Sucede, então, o mesmo que ocorreu com o ato administrativo: se
uma eventual inconstitucionalidade está no bojo da lei orçamentá-
370 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
Capítulo 11
Inovações e tendências
De uma certa forma, foi o que ocorreu no Brasil com a edição a deno-
719
720
Allen Schick, Does budgeting have a future?, p. 11.
721
Idem, ibidem. O autor refere que a Austrália liderou este caminho nos
anos 1980 mediante a expansão de estimativas futuras na direção de ob-
jetivos plurianuais, que rapidamente ganharam força e passaram a servir
de base para a solicitação de recursos dos Departamentos de despesa e
para a elaboração do orçamento anual. “No modelo australiano, o MTEF
não foi transplantado (grafted onto) ao processo orçamentário pré-exis-
tente; ele se tornou o próprio processo orçamentário [...]”.
722
O §1.º reza: “A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada”.
723
V. notas de rodapé anteriores.
Inovações e tendências 373
724
Allen Schick, Does budgeting have a future?, p. 12.
725
Idem, ibidem, grifou-se.
726
Idem, p. 12-13.
727
Idem, p. 13. Para Schick, tanto a contabilidade quanto o orçamento sob
o regime de caixa produzem um relatório deturpado sobre o que seriam
as verdadeiras ações do governo em matéria financeira. Exemplifica com
o fato de que pagamentos ou recebimentos podem ser deslocados para o
374 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
731
João Ricardo Catarino, Finanças Públicas e Direito Financeiro, p.233.
732
Idem, ibidem.
733
Idem.
734
Idem, p. 234.
376 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
pelo fato de, com isso, ter sido aberto um canal de negociações
[com o Congresso], mais que algo como uma proposta defi-
nitiva.735 Leloup adverte que, com sérias restrições devidas ao
déficit, o orçamento [ou a “orçamentação”, como preferimos]
tornou-se o foco central no processo de governar.736
Mostrando a face marcadamente política do orçamento,
constata-se que, naquele país, o orçamento deixou de ser fecha-
do e orientado desde dentro, passando a ser, ao revés, mais públi-
co e plebiscitário, “com partidos políticos lutando por vantagens
e suporte nas pesquisas públicas de opinião.737
Conforme professa Leloup, “as mudanças na composição
do orçamento, a sua sensibilidade à economia, e a longa expe-
riência com déficits mudaram o orçamento para sempre”.738
Não se pode perder de vista que, enquanto em outros países
as escolhas orçamentárias podem ser feitas, geralmente, com
grande liberdade, no Brasil a nossa Lei Maior já dá as linhas
mestras para que delas se extraia o destino do dinheiro público.
Tome-se como exemplo o percentual obrigatório para a manu-
tenção e desenvolvimento do ensino739 e todos os direitos funda-
mentais e sociais que ela quer ver atendidos.
Ao final do seu texto, Leloup enumera alguns pontos que,
no seu entendimento, devem ser objeto de atenção na época
atual e para o futuro, não sem antes afirmar que “ninguém pode
735
Conforme Lance T. Leloup, Budget Theory for a New Century, p.1.
736
Idem, ibidem, p.1, em tradução livre. No original: “With severe cons-
traints because of deficits, budgeting became the central government pro-
cess”.
737
Lance T. Leloup, Budget Theory for a New Century, p.1.
738
idem, ibidem, p. 15.
739
Dispõe o art. 212 da CR: “Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e
cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreen-
dida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino”.
Inovações e tendências 377
740
Lance T. Leloup, Budget Theory for a New Century, p. 19.
741
Idem, ibidem, p. 20.
742
Charlie Tyer e Jennifer Willand, Public Budgeting in America. A Twen-
tieth Century Retrospective, sem indicação de página.
378 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
743
De la estabilidad a la prudencia presupuestaria. El reforzamiento de la
disciplina presupuestaria en las normas comunitarias (six pack), p. 35.
744
Conforme Antonio López Díaz, op. cit., p. 35.
Inovações e tendências 379
747
Carlos Alberto Longo, O Processo Orçamentário: Tendências e Perspec-
tivas, p. 251.
748
Idem, ibidem, p. 252.
382 O ORÇAMENTO NO SÉCULO XXI: TENDÊNCIAS E EXPECTATIVAS
750
Curso de direito financeiro, p. 392.
751
Ricardo Lobo Torres, Tratado de direito constitucional financeiro e tri-
butário: o orçamento na Constituição, v. 5, p. 99-101.
752
Idem, ibidem, p. 101.
753
Idem, p. 101.
754
Adilson Dallari, Orçamento impositivo, p. 322.
755
Idem, ibidem.
Inovações e tendências 385
CONCLUSÃO
758
Michel Bouvier, Culture de la performance, l’équité et espace financier
public durable. Editorial, na Revue Française de Finances Publiques n.
99.
759
Este ponto foi ressaltado com maestria por Michel Bouvier et al., que
o resumiu com muita felicidade, dizendo que há um vai e vem entre as
diferentes concepções de finanças: uma que tem um pé no intervencio-
nismo clássico, enquanto que outra, ao contrário, não tem no pensamento
senão a eficácia da gestão e se volta sem hesitação à generalização do
modelo do mercado (modèle marchand), sem contar uma terceira, difícil
de definir, que se procura, se tateia, tentando conciliar ao mesmo tempo
solidariedade social, obrigação de resultado e tradição democrática. (cf.
Michel Bouvier, Marie-Christine Esclassan e Jean Pierre Lassale, Finan-
ces publiques, p. 35).
CONCLUSÃO 397
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