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CURSO

FORMANDO OBREIROS
APROVADOS
2Tm. 2. 15

Da Teoria à Prática
SUMÁRIO

MÓDULO 1 - O OBREIRO..............................................................................................................05

1. O-OBREIRO....................................................................................................................05
2. O PRIMEIRO CORPO DE OBREIRO NEOTESTAMENTÁRIO..............................................08
3. AS QUALIFICAÇÕES DOS OBREIROS APROVADOS..........................................................10
A) A BOA REPUTAÇÃO....................................................................................................11
B) CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO......................................................................................13
C) CHEIOS DE SABEDORIA...............................................................................................15
D) OUTROS REQUISITOS.................................................................................................16
4. O CARÁTER CRISTÃO DO CORPO DE OBREIRO...............................................................23
5. EXEMPLOS DE COMPORTAMENTOS A SEREM EVITADOS..............................................24
6. A APROVAÇÃO DOS CHAMADOS...................................................................................25
7. DIRETRIZES PARA A APROVAÇÃO..................................................................................26
8. AS ESPOSAS DOS OBREIROS..........................................................................................27
9. OBREIROS COMO ESPOSOS..........................................................................................28
10. OS OBREIROS COMO PAIS............................................................................................29
11. OS OBREIROS COMO FILHOS........................................................................................31
12. SERVINDO BEM COMO OBREIROS...............................................................................33

MODULO 2 - O OBREIRO E SUA MISSÃO....................................................................................35

1. A MISSÃO DO OBREIRO DA IGREJA PENTECOSTAL......................................................35


2. O PRINCÍPIO DA MISSÃO DO OBREIRO........................................................................37
3. VOCAÇÃO E CHAMADA...............................................................................................38
4. O CHAMADO PARA SER OBREIRO...............................................................................39
5. A ORIGEM DA MISSÃO DO OBREIRO...........................................................................41
6. EDIFICANDO EM AMOR...............................................................................................42
7. CUIDANDO DOS NECESSITADOS..................................................................................43
8. DA TEORIA À PRÁTICA.................................................................................................45
9. OBJETIVOS DA MISSÃO DO OBREIRO..........................................................................46
10. MUDANÇAS HISTÓRICAS.............................................................................................47
11. A MISSÃO DO OBREIRO NO SÉCULO XXI.....................................................................49
12. DISCIPULADO PARA DISCIPULAR................................................................................50
13. SERVINDO PARA TRANSFORMAR VIDAS....................................................................54

MODULO 3 - O OBREIRO COMO LÍDER......................................................................................56

1. ASPECTOS DA LIDERANÇA DO OBREIRO......................................................................56


2. O OBREIRO NA CONDIÇÃO DE ADMINISTRADOR.......................................................57
3. O SUCESSO NO DESEMPENHO DA LIDERANÇA OBREIRO...........................................59
4. ADMINISTRANDO COM PROPÓSITOS.........................................................................61
5. AS BASES DA AUTORIDADE DO LÍDER.........................................................................62
a) AUTORIDADE BASEADA EM DEUS...............................................................62
b) AUTORIDADE BASEADA EM TÍTULOS..........................................................64
c) O OBREIRO CONQUISTA SUA AUTORIDADE................................................65

MODULO 4 - O SERVIÇO DO OBREIRO.......................................................................................68

1. AS MUITAS FACES DO TRABALHO DO OBREIRO..........................................................68


2. ARMADILHAS DO “EVANGELHO SOCIAL”....................................................................69
3. A AÇÃO SOCIAL COMO MEIO DE EVANGELIZAÇÃO.....................................................71
4. SERVINDO COM EMPATIA...........................................................................................72
5. ATENDENDO AS NECESSIDADES DA COMUNIDADE....................................................73
6. ESTRATÉGIAS DE APROXIMAÇÃO................................................................................74
7. ATUANDO NAS DIVERSAS FRENTES.............................................................................75
8. COMPREENDENDO A ESTRUTURA DO TRABALHO DE AÇÃO SOCIAL...........................78
9. AVALIANDO AS MOTIVAÇÕES......................................................................................80
10. CONTEMPORANEIDADE DAS AÇÕES COMUNITÁRIAS..................................................81
11. ATENUANDO AS DESIGUALDADES SOCIAIS..................................................................82

MODULO 5 - AS ORDENANÇAS DA IGREJA CRISTÃ.....................................................................84

1. O OBREIRO E AS ORDENANÇAS DA IGREJA CRISTÃ.......................................................84


2. O BATISMO....................................................................................................................86
3. ASPECTOS DO OBREIRO NO BATISMO...........................................................................88
1. BATISMOS EM LUGARES FECHADOS......................................................................88
2. BATISMOS EM LUGARES ABERTOS.........................................................................89
5. A CEIA.............................................................................................................................90
6. DOUTRINAS SOBRE A CEIA DO SENHOR.........................................................................91
7. O OBREIRO NO CERIMONIAL DA CEIA...........................................................................92
8. SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE DA CEIA.................................................................96
9. CUIDADOS POSTERIORES...............................................................................................98

MODULO 6 - ÉTICA DO OBREIRO...................................................................................................102

1. A ÉTICA CRISTÃ................................................................................................................102
2. PRINCÍPIOS BASILARES DA ÉTICA DO OBREIRO...............................................................105
3. CONDUTA PESSOAL DO OBREIRO....................................................................................106
4. ÉTICA DO OBREIRO PARA COM A IGREJA (INSTITUIÇÃO JURÍDICA).................................108
5. CONDUTA DO OBREIRO EM RELAÇÃO AO ESTATUTO CONGREGACIONAL......................109
6. A HIERÁRQUICA ECLESIÁSTICA........................................................................................110
7. A DIVERSIDADE MINISTERIAL...........................................................................................111
8. A VISÃO DO
REINO...............................................................................................................................112
9. DICAS PRÁTICAS................................................................................................................115
10. DIRETRIZES ÉTICO/COMPORTAMENTAIS.........................................................................117
11. A ÉTICA DO OBREIRO PARA A IGREJA (MEMBROS)..........................................................118

MODULO 7 - ATUAÇÃO DO OBREIRO EM CULTOS E EVENTOS......................................................122

1. O OBREIRO EM CULTOS E EVENTOS.................................................................................122


2. FUNÇÕES LITÚRGICAS......................................................................................................124
3. MINISTRAÇÃO DOS DÍZIMOS E OFERTAS.........................................................................125
4. A POSTURA DO OBREIRO NA MINISTRAÇÃO DAS OFERTAS.............................................126
5. ASSEMBLÉIAS E REUNIÕES SOLENES................................................................................128

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................................131
INTRODUÇÃO
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho
diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema. Gálatas 1:8

A intenção desse curso não é trazer outro fundamento que não seja exclusivamente Cristo
porque não existe outro modelo base primordial a ser seguido.

Um obreiro aprovado tem que ter como base o maior obreiro que já existiu e existe Cristo.
Jesus é nosso maior modelo de servir.

Hoje vimos muitos obreiros que esqueceram a essência do ministério de obreiro que é
servir sem esperar recompensas de homens, obreiros que querem ser servidos usando
seus títulos para se engrandecerem ao invés de usa-lo para se tornar o menor de todos e
assim ser o maior no reino de Cristo.

Formando obreiros aprovados trás a luz da bíblia a importância do "melhor servir do que
ser servido" quando o obreiro entende essa essência que Cristo nos ensina na prática e
teoria o servir fica suave e com amor.

Formando obreiros é um convite para voltamos à essência do servir como Cristo, o que
desejamos é que juntos possamos desenvolver esse obreiro segundo a bíblia.

Nelson Ramon Cardoso


Robson A.J

4
MÓDULO 1

1
O OBREIRO

A figura do obreiro sempre esteve presente desde os primeiros passos da igreja e


isto sem dúvida atesta a importância de seu trabalho na organização eclesiástica.
O primeiro corpo de obreiros foi instituído pelos apóstolos em um período em que a
maioria das civilizações passava de alguma maneira por certa influência da civilização
grega. No entanto, contrariando alguns conceitos gregos e seguindo os passos de Jesus,
homens cheios do Espírito Santo foram designados para os serviços considerados menos
dignos pelos gregos.

De etimologia grega, a palavra εργατην "ERGATÍS/ ERGATIN" (TRABALHADOR/OBREIRO)


no hebraico ‫“ עֲ בֹודָ ה‬AVODAH” (SERVIÇO/TRABALHO/ADORAÇÃO) logo todo obreiro é um
servo ou seja um diácono que no grego antigo διάκονος, "ministro", "servo", "ajudante",
deste verbo se originavam outros verbos designando o conceito de “servir”:

Douleuo: escravo;

Therapeo: serviço voluntário;

Latreuo: serviço religioso ou culto;

Hypereteo: remar – ajudar;

Diakoneo: serviço prestado a outrem como dedicação pessoal, ato de amor.


Para os gregos, enquanto governar era visto como um ato importante, servir era
considerado desprezível. Platão considerava servir como um “apanágio dos aduladores7”.

Contudo, a bíblia nos revela desde o antigo testamento, uma visão totalmente oposta, aos
costumes gregos trazendo o serviço ao próximo em mais alta estima conforme veremos a
seguir:

5
Pois nunca deixará de haver pobres na terra. Por isso, eu ordeno a vocês que,
livremente, abram a mão para o seu compatriota, para o necessitado, para o pobre
que vive na terra de vocês. Deuteronômio 15:11;

Será que não é este o jejum que escolhi: que vocês quebrem as correntes da
injustiça, desfaçam as ataduras da servidão, deixem livres os oprimidos e acabem
com todo tipo de servidão?

Será que não é também que vocês repartam o seu pão com os famintos, recolham em
casa os pobres desabrigados, vistam os que encontrarem nus e não voltem as costas
ao seu semelhante?" Isaías 58:6,7

Os ensinamentos seguem pelo novo testamento, analisando o serviço ao próximo como


um ato de amor identificando-o com vários exemplos deixados por Jesus:

Mas vocês não são assim; pelo contrário, o maior entre vocês seja como o menor; e
aquele que dirige seja como o que serve. Lucas 22:26,

Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos. Marcos 10:45

Em Atos 6:2 vemos surgir um descontentamento entre viúvas helenistas. Estas


viam-se preteridas em relação aos demais por ocasião da distribuição da ceia, e tal
fato preocupou profundamente aos apóstolos.
A discriminação durante a distribuição da ceia não poderia existir dentro de um grupo
recém formado por seguidores de Jesus, e profundos conhecedores da bíblia. Por outro
lado, a tarefa do ensino doutrinário era tão grande que lhes tomava completamente o
tempo, a tal ponto deste desajuste haver surgido. Isto demandou uma deliberação
entre eles e os 12 que consideraram ser necessário convocar am a comunidade dos
discípulos para comunicarem uma decisão que haviam tomado, a fim de solucionar o
impasse:

Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: — Não é correto


que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Atos 6:2

Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: — Não é correto


que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Atos 6:2.

O obreiro deve servir em amor.

6
Façam tudo sem murmurações nem discussões, para que sejam irrepreensíveis e
puros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta,
na qual vocês brilham como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida.
Assim, no Dia de Cristo, poderei me gloriar de que não corri em vão, nem me
esforcei inutilmente. Filipenses 2:14-16

Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para as
pessoas, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o
Senhor, que vocês estão servindo. Colossenses 3:23,24

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2
O PRIMEIRO CORPO DE OBREIRO NEOTESTAMENTÁRIO

A igreja apostólica apresentava dois grupos distintos de cristãos conforme vemos no livro
de Atos dos Apóstolos: um grupo de fala aramaica, ligados ao Templo e a Jerusalém, e um
grupo de fala grega os helenistas.

As tensões que surgiram entre estes dois grupos em razão de supostas falhas na
administração da igreja, principalmente na distribuição de alimentos, foram solucionadas
de maneira orientada por Deus. Este fato é facilmente confirmado pelo resultado que
apresentou:

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, houve murmuração dos


helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição diária.

Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: — Não é correto


que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Por isso, irmãos,
escolham entre vocês sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, para os encarregarmos desse serviço. Quanto a nós, nos consagraremos à
oração e ao ministério da palavra. Atos 6:1-4

O parecer agradou a todos. Então elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do


Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia.

Apresentaram estes homens aos apóstolos, que, orando, lhes impuseram as mãos.
Atos 6:5,6

A instituição e a preservação da qualidade do corpo de obreiro têm um fundamento


simples: a igreja que não apresentar um correto funcionamento do servir (diácono) em
conjunto com os demais ministérios dificilmente apresentará um crescimento sustentável.

A preocupação com o crescimento da igreja passa pela preocupação com a qualidade do


corpo de obreiro e os apóstolos sabiam disto.

Assim que tais problemas chegaram aos apóstolos, estes decidiram separar pessoas
qualificadas para ficarem responsáveis por outros departamentos que, ao lado da
ministração e ensino da palavra, exigiam uma atenção especial da igreja para que sua

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missão fosse desempenhada dentro dos padrões estabelecidos por Jesus, atendendo a
todos em todos os aspectos. Estava assim instituído o primeiro corpo diaconal da igreja,
com características que de fato somente poderiam ser encontradas em verdadeiros
cristãos, cheios do Espírito Santo.

Pouca coisa se sabe a respeito destes homens designados para tão honrosa função, no
entanto um detalhe chama a atenção para lealdade destes aos ensinamentos de Cristo.

Segundo R. N. Champlin, o nome “Estevão”, bem como suas associações, leva a crer que
ele era um helenista. Judeus helenistas eram pessoas que embora fossem judeus de
nascimento, foram criados dentro da cultura grega, a tal ponto de terem o grego como
seu idioma pátrio (CHAMPLIN, 1995).

De igual modo também eram os demais, como é o caso de “Timão”, cujo nome é também
conhecidamente de origem grega, significando precioso, honroso.

Estes homens faziam parte daquela congregação já algum tempo, e por isto gozavam de
certa confiança por parte dos seguidores dos apóstolos, bem como de reputação e bom
nome diante da sociedade.

Isto fez com que eles estivessem qualificados para assumirem o ministério que acabara de
ser criado pelos apóstolos.

Sua função doravante, embora não esteja totalmente explícita no texto, seria suprir
completamente as necessidades que viessem a surgir dentro da obra, a fim de que os
apóstolos pudessem continuar se dedicando com exclusividade a oração e ao ministério
da palavra conforme vemos no texto:

Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. Atos 6:4

O projeto de trabalho de Deus, portanto, colocava os apóstolos no ministério da palavra,


do ensino e da oração (At. 6:4), e os diáconos na beneficência, assistência e ação social.
(At 6:1-3).

Estes dois trabalhando em franca harmonia proveriam o enorme crescimento da igreja.

9
3
AS QUALIFICAÇÕES DOS OBREIROS APROVADOS
Em Atos 6:3-4, estão explícitas algumas características que os obreiros (diáconos/servos)
deveriam possuir:

→ Boa Reputação;

→ Cheios do Espírito Santo;

→ Cheios de Sabedoria.

As qualificações dos obreiros foram preconizadas pelos apóstolos para que estes
pudessem se certificar de que as pessoas escolhidas estariam aptas a desenvolver um
relacionamento de amor para com a igreja, expressando este amor no socorro aos
necessitados e no auxílio aos santos.

Em 1Tm 3:8-13 encontramos mais detalhadamente as qualificações para aqueles que


desejam ingressar no ministério de obreiros (diaconal/servos).

Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só


palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos,

conservando o mistério da fé com a consciência limpa.

Também estes devem ser primeiramente experimentados; e, caso se mostrem


irrepreensíveis, que exerçam o diaconato.

Do mesmo modo, quanto a mulheres, é necessário que elas sejam respeitáveis, não
maldizentes, moderadas e fiéis em tudo.

O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem os seus filhos e a própria
casa.

Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançarão para si mesmos uma posição
de honra e muita ousadia na fé em Cristo Jesus. 1 Timóteo 3:8-13

Estes itens listados por Paulo a Timóteo abrangem toda a vivência do “edital do obreiro
aprovado”. Por esta razão podemos afirmar que as qualificações para o serviço do obreiro
no reino são de caráter:

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→ MORAL;

→ ESPIRITUAL;

→ FAMILIAR.

CARÁTER MORAL – Diz respeito ao caráter honrado, digno, correto e íntegro;

CARÁTER ESPIRITUAL – Refere-se a ter plena convicção do que é crer no evangelho,


mantendo o ministério da fé em uma consciência pura;

CARÁTER FAMILIAR – O caráter familiar aponta para o “serviço” do diácono à sua família.
Este comportamento revelará como ele servirá a igreja.

A BOA REPUTAÇÃO
A primeira característica mencionada foi a “boa reputação”. Qualquer pessoa que queira
ser digno de confiança precisa antes apresentar uma boa reputação diante da sociedade.
Isto indica que, quem está investido do ministério de obreiros precisa ser uma pessoa
confiável, alguém em quem se encontre caráter, honestidade e sinceridade, que não de
lugar a falsidade, pois a falsidade é própria dos ímpios.

Em 1Timóteo 3.8, encontramos ainda mais definida esta característica:

Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só


palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos. 1 Timóteo 3:8

Um obreiro que apresente um caráter não confiável é desastroso para a obra de Deus.

Em 3João 1:9-11 encontramos advertências sobre Diótrefes que demonstrava não ser
uma pessoa de confiança. De igual modo, Paulo na segunda epístola a Timóteo, adverte
acerca do comportamento de Alexandre e dos males que lhe havia causado (2Tm 4.14).
Não é por menos que Paulo já havia alertado acerca da língua dobre na primeira epístola a
Timóteo.

Aquele que traz sobre os ombros a função de servo precisa ser uma pessoa de
altíssima confiança e ciente da relevância de sua função para o ministério no
Reino de Deus.

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No grego, o termo que designa reputação é marturouménous. No entanto, este
termo não se restringe apenas a reputação da forma como conhecemos, ou seja,
apenas a boa fama. Este termo grego remete a uma condição muito mais profunda; fala a
respeito de um atestado público de boa conduta, de um testemunho idôneo e
experiências em boas obras no ceio da sociedade, experiências estas que possam ser
atestadas por qualquer que o conhecendo, for inquirido a este respeito.

Como pessoas escolhidas e atuantes no Reino de Deus, todos que fazem parte do corpo
de obreiros da igreja devem ter um zelo especial pela reputação, sabendo que são alvos
de maiores observações por parte daqueles que o tem como um exemplo a ser seguido

Ser alvo de observações e julgamento não é agradável, e a bíblia orienta que a ninguém
devemos julgar.

No entanto sabemos que diariamente somo observados por muitos à nossa volta, por isto
mesmo é tão importante apresentarmos uma boa reputação.

A boa reputação é resultado de uma firmeza interior de caráter; e na vida daqueles que se
ocupam da obra de Deus é resultado de algo mais: é resultado da dependência do
Espírito Santo, e de uma vida santificada e alicerçada em Cristo. A bíblia nos ensina em
Provérbios o valor da reputação:

Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; ser estimado é melhor do que a
prata e o ouro. Provérbios 22:1

Além do valor inestimável da boa reputação, a bíblia descreve as recompensas que podem
advir deste comportamento exemplar. O livro de Provérbios ensina que, aquele que
obtém uma boa reputação em seus trabalhos será recompensado:

Boa reputação é algo desejado por todos, seja no meio profissional, ou outro qualquer.
Aquele que a possui é visto como uma pessoa confiável, em cujo caráter não há sombra
de variação. Este é um dos motivos pelo qual esta qualidade aparece entre aquelas
especialmente listadas pelo apóstolo Paulo em sua primeira epístola a Timóteo.

Neste mesmo texto mais uma vez podemos ver que, aquele que adquire uma boa
reputação pelos méritos dos trabalhos desempenhados no âmbito de sua função diaconal
é recompensado. Paulo ensina a Timóteo:

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Você está vendo alguém que é habilidoso naquilo que faz? Ele será posto
diante de reis; não estará a serviço da plebe. Provérbios 22:29

Boa reputação é algo desejado por todos, seja no meio profissional, ou outro qualquer.
Aquele que a possui é visto como uma pessoa confiável, em cujo caráter não há sombra
de variação. Este é um dos motivos pelo qual está qualidade aparece entre aquelas
especialmente listadas pelo apóstolo Paulo em sua primeira epístola a Timóteo.

Neste mesmo texto mais uma vez podemos ver que, aquele que adquire uma boa
reputação pelos méritos dos trabalhos desempenhados no âmbito de sua função diaconal
é recompensado. Paulo ensina a Timóteo:

Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançarão para si mesmos uma posição
de honra e muita ousadia na fé em Cristo Jesus. 1 Timóteo 3:13.

CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO


Olhando para bíblia identificamos vários exemplos de homens cheios do Espírito Santo,
que nos deixaram um legado do servir.

Ainda hoje desfrutamos dos benefícios deste legado.

Assim é a vida daquele que é cheio do Espírito Santo; suas boas ações são orientadas por
Deus e servem a seu propósito, resultando em grandes frutos no tempo próprio.

Uma das características do homem cheio do Espírito Santo é andar nos caminhos do
Senhor.

Bem-aventurado aquele que teme o Senhor e anda nos seus caminhos!


Salmos 128:1

O livro de Salmos, já no início nos apresenta as características do homem que anda nos
caminhos do Senhor, e estas mesmas características podem ser encontradas também
naqueles que são cheios do Espírito Santo, a saber:

→ Não anda no conselho dos ímpios

→ Não se detém no caminho dos pecadores

→ Não se assenta a roda dos escarnecedores

13
Bem-aventurado é aquele que não anda no conselho dos ímpios, não se detém
no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Salmos 1:1

É de fundamental importância entender que, ser cheio do Espírito Santo é primordial para
vencermos este mundo e nos encontrarmos aptos para o ministério.

Por esta a razão requer-se do candidato ao ministério de obreiro que seja batizados e
conduzidos pelo Espírito Santo, sem o qual será mais difícil cultivar estas virtudes.

O ministério de obreiro que está em uma posição de contato direto com as pessoas, na
assistência social, no evangelismo, nas entradas dos templos, no servir das mesas, nos
estacionamentos etc...

As situações que serão encontradas por estes são completamente ignoradas quando saem
de suas casas para exercerem mais diretamente suas funções durante dos trabalhos da
igreja em que servem.

É possível que em algum momento, aqueles que servirem a Deus como obreiro, sejam
perseguidos, sejam alvos de zombaria, críticas etc... Por tudo isto é fundamental que
estejam preparados, cheios da graça de Deus, estando sempre prontos para serem usados
no tempo em que Deus requerer suas ações como meio de glorificação de seu nome.

Estevão, logo após ser separado ao ministério de obreiro, achou-se ainda mais cheio do
poder de Deus, de maneira que, não podendo resistir a autoridade e poder com que ele
falava, buscaram tirar-lhe a vida. Contudo, estando ele cheio do Espírito Santo,
testemunhava daquilo que Deus lhe mostrara mesmo diante da morte:

Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a


glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus. Atos 7:55

Grande é este exemplo deixado a nós por Estevão que foi um dos componentes do
primeiro corpo de diáconos da igreja apostólica.

Por tudo isto, devemos entender que, aquele que almeja servir, deve antes buscar receber
a sabedoria do alto por meio do estudo da palavra, e revestir-se com o poder do Espírito
Santo através de uma vida de santificação e oração. Aquele que tem prazer no estudo da
palavra de Deus, e se mantém vigilante em santificação, alcançará estas bênçãos, e de
posse destas, no tempo de Deus, Ele o usará em benefício de sua obra.

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Pelo contrário, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e
de noite.

Ele é como árvore plantada junto a uma corrente de águas, que, no devido tempo,
dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo o que ele faz será bem-
sucedido. Salmos 1:2,3

CHEIOS DE SABEDORIA
Mas a sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, gentil, amigável, cheia
de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Tiago 3:17

Ao analisarmos a formação histórica destes primeiros homens escolhidos para o


ministério de obreiros que surgia agora oficialmente, poucos se atentam para o
caráter manso e servil destes, ao aceitarem a incumbência de servir a multidão,
vendo isto como uma grande honra.
Eles que, na qualidade de helenistas, haviam sido instruídos conforme a cultura
grega e aprendido desde a infância que servir não era honroso; demonstraram
serem homens realmente transformados por Cristo ao aceitarem imediatamente a
missão que lhes estava proposta.
Os primeiros obreiros eram de cultura grega, a mesma que discriminava o “servir” e
enaltecia o “ser servido”, porém aceitaram com gratidão a honra de servir porque
entenderam a essência do Reino de Deus por meio de uma sabedoria que não
advinha da cultura, e sim do Espírito Santo.
Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos. Marcos 10:45

Observando estas peculiaridades é possível perceber que, o que se espera


encontrar em um obreiro, vai além do que está explícito nestes dois textos. A
sabedoria confere aquele que a possui, muitas outras qualidades que não estão
listadas aqui. Ao listar a sabedoria como um pré-requisito para aqueles que se
ocuparem do ministério de obreiro, os apóstolos resumiram tudo o que se poderia
dizer a respeito de tais pessoas.
A sabedoria é um atributo desejável, contudo, nem todos os que possuem
sabedoria são cheios do Espírito Santo. Por isto mesmo, estas virtudes devem estar
atreladas uma a outra para o bom desempenho do obreiro. De posse da sabedoria

15
divina e do poder do Espírito Santo, não haverá dificuldade para o bom
desempenho ministerial.

OUTROS REQUISITOS
Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só
palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos. 1 Timóteo 3:8

A honestidade é um requisito esperado de todos os homens, e se tratando de homens


que estão encarregados de funções ministeriais, a honestidade é fundamental.
O Dicionário Aurélio traz vários sinônimos para honestidade dentre estes destacamos
alguns: honradez. Ainda segundo o mesmo, uma pessoa honesta é alguém:
conveniente, adequado (FERREIRA, 1999).
Já o Dicionário Michaelis traz significações ainda mais profundas para este adjetivo da
quais destacamos: honrado, reto, consciencioso, sério, digno de confiança, justo,
escrupuloso, imparcial, veraz (MICHAELIS, 1998).
Uma simples palavra traz em si inúmeros significados, e todos estes já seriam suficientes
para deixar claro o que se espera daquele que estiver imbuídos ao ministerio de obreiro:
honestidade. Todavia de posse destes sinônimos, queremos destacar alguns deles:

1. HONESTIDADE = HONRADEZ
O texto de provérbios 15:33 nos indica como alcançar dois dos pré- requisitos necessários
para o exercício do diaconato:

O temor do Senhor é instrução na sabedoria, e a humildade precede a honra.


Provérbios 15:33

Através deste texto podemos entender que a sabedoria tem seu princípio no temor do Senhor, e
isto é confirmado também no capítulo 9:10:

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; conhecer o Santo é ter


entendimento. Provérbios 9:10

Aquele que deseja ser sábio deve primeiramente temer a Deus e andar em seus
caminhos. Por outro lado, aquele que deseja ser honrado deve primeiramente ser
humilde, pois a humildade vai adiante da honra. Sendo, pois a honradez própria de
quem é honesto, e sendo a honestidade uma exigência imposta para aquele que

16
exerce o ministerio de obreiro, logo a humildade é mais uma característica implícita no
texto de Paulo a Timóteo, pois sem humildade não haverá a verdadeira honra.

1.1 HONESTIDADE = A CONVENIÊNCIA E A ADEQUAÇÃO


Uma pessoa conveniente é aquela que está em conformidade com o que pode ser
mais correto para determinadas circunstâncias, é alguém cujo comportamento é
apropriado. A adequação diz respeito a mesma coisa.
É de grande importância para o obreiro saber portar-se de maneira conveniente e
adequada em cada situação. Isto refletirá em um comportamento ético marcante, e
fará com que a congregação onde esteja atuando seja vista como um lugar
agradável para se frequentar.

1.2 HONESTIDADE = RETIDÃO


A retidão pode ser traduzida em uma pureza de caráter demonstrada por um senso
de integridade e justiça. É uma característica própria de quem se comporta a favor
da razão, da lei e do dever, apresentando probidade em todo seu proceder.

1.3 HONESTIDADE = SERIEDADE


Embora alguém que não ri, alguém com semblante grave, sisudo possa ser
considerado uma pessoa séria, a aplicação destes sinônimos quando se trata do
desempenho das funções do ministerio de obreiro é equivocada. Embora em
determinados momentos e lugares um semblante sério seja o mais adequado, é
necessário fazer uso da conveniência e adequação. Um semblante carregado na
recepção de um templo, por exemplo, pode causar uma má impressão àqueles que
estão chegando, a tal ponto destes não sentirem mais o desejo de retornarem.
Por isto mesmo devemos considerar que existem outros sinônimos mais aplicáveis
ao ministerio de obreiro do que estes apresentados. Uma pessoa pode ser
considerada séria quando é verdadeira, honesta, e digna de confiança. O dicionário
Aurélio, entre outros sinônimos associa seriedade a integridade de caráter,

17
lealdade e retidão (FERREIRA, 1999). Logo o sinônimo “digno de confiança”
atribuído a honestidade diz respeito também a seriedade.

1.4 HONESTIDADE = JUSTIÇA


A justiça diz respeito a um tratamento com equidade, um procedimento racional e em
justa medida para cada caso. Para fins jurídicos, é considerável um tratamento
igualitário, não quando todos são tratados da mesma maneira, e sim, quando os iguais
são tratados como iguais e os desiguais como desiguais. A bíblia nos orienta a este
respeito:
Paguem a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto,
imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. Romanos 13:7

É um comportamento honesto e justo por parte do corpo de obreiro, tratar de maneira


honrosa aqueles que estão em eminência, conduzindo-os adequadamente até a
plataforma ou outro local para eles preparado, conforme o protocolo instituído para a
ocasião. De igual modo não é desonesto tratar cordialmente a todos os demais que
chegarem conduzindo-os aos assentos gerais a eles destinados. Isto é sinônimo de um
tratamento igualitário até mesmo no meio jurídico. Aquele que assim age, o faz com
sabedoria e ética, dentro dos padrões exigidos para a sua função.

1.5 HONESTIDADE = JUSTIÇA


É um comportamento honesto e justo por parte do corpo de obreiro, tratar de maneira
honrosa aqueles que estão em eminência, conduzindo-os adequadamente até a
plataforma ou outro local para eles preparado, conforme o protocolo instituído para a
ocasião. De igual modo não é desonesto tratar cordialmente a todos os demais que
chegarem conduzindo-os aos assentos gerais a eles destinados. Isto é sinônimo de um
tratamento igualitário até mesmo no meio jurídico. Aquele que assim age, o faz com
sabedoria e ética, dentro dos padrões exigidos para a sua função.

18
1.6 HONESTIDADE = ESCRÚPULO
Uma pessoa escrupulosa é uma pessoa cuidadosa, que prepara tudo meticulosamente,
analisando tudo detalhadamente, cuidando para que o seu trabalho saia da melhor
maneira possível, isso é uma qualidade de quem é honesto, sendo uma das maiores
virtudes esperadas do corpo de obreiro.

1.7 HONESTIDADE = IMPARCIALIDADE


Traduz-se por imparcialidade o comportamento firme de quem não renuncia à justiça
ou à dignidade, em detrimento das suas próprias convicções. Também é considerado
imparcial aquele que não assume relações partidárias favoráveis ou contrárias a algo
ou alguém.

2. NÃO DE LÍNGUA DOBRE


A língua dobre é uma das piores características encontradas no homem, seja ela em
alguém que possui uma posição de destaque ou não. Esta falha de caráter é caracterizada
pela ambiguidade nas informações prestadas. Uma pessoa de língua dobre não poderá
servir como testemunha, pois mudará a versão dos fatos conforme a conveniência do
momento. Existem ainda outros aspectos que este comportamento inadequado
apresenta. A bíblia menciona em Provérbios:

Seis coisas o Senhor Deus odeia, e uma sétima a sua alma detesta:
olhos cheios de orgulho, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
coração que faz planos perversos, pés que se apressam a fazer o mal,
testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia discórdia entre irmãos.
Provérbios 6:16-19

A palavra daquele que teme a Deus deve ser pautada na verdade, em um linguajar claro:
Basta que digas 'sim', quando for sim, e 'não', quando for não. Tudo o que passa disso é
obra do Diabo. O próprio Jesus adverte:

Que a palavra de vocês seja: Sim, sim; não, não. O que passar disto vem do
Maligno. Mateus 5:37

19
Também é considerado de língua dobre, aquele que semeia contenda entre irmãos. Quão
terrível e desastroso para o ministério e para a igreja, alguém que se ocupa em ouvir e
retransmitir aquilo que não lhe diz respeito, ocasionando na maioria das vezes inúmeros
aborrecimentos desnecessários. Isto é abominável aos olhos do Senhor conforme informa
o versículo 19 do capítulo 6 de provérbios.

Aquele que é chamado para o ministério deve ter em mente que, em síntese, dele se
espera um comportamento discreto, ético e acima de tudo, verdadeiro e leal. Exercer o
ministério de obreiro é ocupar uma função de elevada confiança, estando muitas vezes
envolvido em questões administrativas. A esta função também incumbe receber em
primeira mão, todos os valores que fielmente são entregues para o sustento da obra de
Deus, de maneira que não se admite a estes um caráter duvidoso, ou palavra que não
inspira total confiança.

É também de suma importância que aquele que desenvolve as funções diaconais saiba
como proceder no âmbito do ministério a que pertence.
Embora dentro da denominação Assembleia de Deus, desde a resolução da convenção
geral em 1936, com base em Atos 6:1-4, convencionou-se designar os obreiros e
presbíteros em conjunto pela palavra genérica “ministério”, considerou-se ainda na
ocasião que, cada uma destas ordens deve conhecer bem a sua função na igreja
(DANIEL, 2004 p.115). Dentro deste conceito, a bíblia apresenta a função do
presbitério de maneira distinta das funções dos obreiros. Neste sentido, o obreiro deve
ser cuidadoso ao expressar suas opiniões a respeito de assuntos administrativos e/ou
doutrinários aos quais tenha acesso em razão de suas funções, não sendo esta sua
função típica.
Manter-se isento de assumir uma posição favorável ou contrária quando esta não lhe
for exigida pela liderança, bem como abster-se de levar e trazer informações que não
lhe dizem respeito ou a sua função, é um comportamento sábio e honesto.
Observemos que o ministério diaconal foi criado exatamente para manter a ordem das
demais coisas, enquanto os apóstolos se encarregavam de manter a pureza doutrinária
e a administração eclesiástica da igreja.

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3. HONESTIDADE = VERACIDADE
Por fim vemos honestidade como: sinônimo de veracidade. Não admissível a alguém
investido das funções ao ministerio de obreiro, faltar com a verdade. O
comportamento imparcial do obreiro coloca-o em uma situação em que, sendo-lhe
exigido pela liderança competente, o testemunho a respeito de qualquer assunto, o
mesmo deve fazê-lo não considerando suas preferências particulares e sim,
considerando a verdade que realmente conheça a respeito dos fatos. Logo, sendo a
sua palavra confiável e presumidamente uma expressão de veracidade, deve-se ter o
máximo cuidado, procurando sempre responder de maneira a evitar ambiguidades
típicas da língua dobre conforme vemos em 1Timóteo 3:8ª, característica esta não
compatível com esta função.
Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só
palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos, 1 Timóteo 3:8

4. NÃO DADOS A MUITO VINHO


Em cada época e em cada cultura, os costumes são diferentes. Enquanto em alguns
lugares e tempos alguns comportamentos são naturais, em outros podem
ocasionar um verdadeiro escândalo impedindo a muitos de se aproximarem com a
devida confiança.
Haveria alguma ilicitude em beber vinho? Certamente não, pois o próprio apóstolo
que orienta sobre isto, também orienta aos coríntios:
"Todas as coisas me são lícitas", mas nem todas convêm. "Todas as coisas me são
lícitas", mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1 Coríntios 6:12

No entanto, na parte “b” do mesmo versículo, ele nos deixa um ensinamento que deve
nortear a vida do cristão e em especial do obreiro:
"Todas as coisas me são lícitas", mas nem todas convêm. "Todas as coisas me são
lícitas", mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1 Coríntios 6:12

Como trabalhar estes conceitos? O obreiro deve considerar-se como o exemplo que
é aos olhos de todos da sociedade e, portanto, abrir mão da licitude em prol da
conveniência. Nem todas as coisas nos convêm, e o obreiro não deve portar-se de
maneira inconveniente, pelo contrário, como já foi dito; a honestidade é também
sinônimo de conveniência.

21
Para o contexto em que o texto citado foi escrito, o uso do vinho era algo natural.
Entre os gregos e hebreus, a ausência do vinho poderia até mesmo ser considerada
um desrespeito para com os convidados. Todavia, sabemos que isto não se aplica a
nossa sociedade. E mesmo naquele contexto, o apostolo advertiu sobre este
costume que não deveria ser habitual na vida daqueles chamados para tão grande
obra.
A temperança é a marca do povo de Deus nesta terra, e a sobriedade em todo o
tempo é o que se espera do obreiro para que este esteja apto a exercer sua função
em qualquer dia e hora. Temos um exemplo de Noé narrado em Genesis 9, que
embora fosse um homem que andava segundo os caminhos de Deus, em dado
momento se deixou levar pela alegria frívola da bebida e foi surpreendido por este
deslize, que resultou em maldição sobre a descendência de Cam, seu próprio filho.

5. NÃO COBIÇOSOS DE TORPE GANÂNCIA


A torpeza pode ser traduzida como: sinônimo de desonestidade, além de referir-se
também a impureza e até mesmo a repugnância.
Embora desfrutar dos benefícios advindos do dinheiro seja lícito ao cristão, apegar-se
ao dinheiro de maneira desmedida, vendo-o como um objeto de cobiça, a tal ponto de
buscar consegui-lo a qualquer preço, é encontrar-se em situação de torpe ganância. É
sacrificar a dignidade, a reputação, o bom nome, quando o recomendando por Deus no
jardim do Éden foi o sacrifício físico para aquisição do sustento:
No suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, pois dela você
foi formado; porque você é pó, e ao pó voltará. Gênesis 3:19

Também na vida profissional, aqueles que exercem a função diaconal, devem cuidar
para obter a sua renda de forma lícita, limpa e pura, não por meios duvidosos e/ou
ilícitos, pois tal conduta poderá impedi-los de exercer o seu ofício em razão de seu
envolvimento com os negócios. Por outro lado, no exercício de suas funções, devem
cuidar em demonstrar dedicação voluntária não esperando obter lucro como retorno.
Por ter o corpo de obreiro contato com as finanças da igreja, o mesmo precisa manter-
se isento de desconfianças, mantendo-se limpo e em hipótese alguma procurando
usufruir ou desviar verbas destinadas ao sustento da obra de Deus, a exemplo do que
fazia Judas Iscariotes.

22
Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que estava para trair Jesus, disse:

Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários e o valor não foi
dado aos pobres?

Ele disse isso não porque se preocupava com os pobres, mas porque era ladrão e,
tendo a bolsa do dinheiro, tirava o que era colocado nela. João 12:4-6

Terrível foi o destino deste que fora ganancioso recebendo em si mesmo a recompensa
após haver traído a Jesus, entregado-o para morte em troca de 30 moedas de prata.
Que jamais se ache tal costume entre aqueles que são chamados para tão nobre
missão.
4
O CARÁTER CRISTÃO DO OBREIRO
conservando o mistério da fé com a consciência limpa. 1 Timóteo 3:9

O dever de guardar o ministério da fé com uma consciência pura é extensivo a


todos, e não poderia ser diferente pois, uma consciência limpa deve ser algo
natural para todos os cristãos. No entanto, é um requisito especialmente exigido
daqueles que ocupam uma posição especifica na administração do Reino de Deus
na terra.
Assim como a essência é relativa ao que há de primordial, algo natural da
existência; o caráter de um obreiro é formado a partir de uma consciência limpa e
portanto, é sua essência e deve ser natural a ele. A Palavra de Deus salienta:

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já


passaram; eis que se fizeram novas. 2 Coríntios 5:17

É importante lembrar que pode alguém estar em Cristo, contudo Nele não
permanecer. Por isto, além de estar em Cristo, é necessário guardar o ministério da
fé numa consciência pura. Eis que para aquele que está em Cristo tudo se fez novo
no entanto, é necessário assumir doravante o estilo de vida do Mestre. Aquele não
guardar este preceito verá sua vida enveredar pelo caminho da destruição.
Como pois poderemos obter uma consciência pura? Somente por meio do sangue de
Cristo. João nos ensina que:

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Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e
o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 1 João 1:7

Quando nos dispomos a assumir o caráter de Cristo em detrimento do nosso


próprio, deixamos de lado todo o rancor, preconceito, fingimentos, deslealdades.
Este é o comportamento esperado de todos os componentes do corpo diaconal e
de todos os cristãos: que de fato sejam uma nova criatura em Cristo, alguém de
consciência limpa. Guardar o ministério da fé em uma consciência limpa requer
mais do que o conhecimento da Verdade, requer a prática desta com uma
consciência livre do pecado.
A importância de uma boa consciência diante de Deus e dos homens é evidenciada
pelas várias citações do apostolo Paulo em suas epistolas escritas a Timóteo.

5
EXEMPLOS DE COMPORTAMENTOS A SEREM EVITADOS
Paulo preocupava-se com a pureza de consciência daqueles que estavam imbuídos da
obra de Deus. Mais do que qualquer outro, ele sabia que, independente do que havia
feito antes de conhecer a verdade, o estado de pureza atual de sua consciência
contribuía para o sucesso de seu ministério. Logo no início da epístola a Timóteo, Paulo
o alertou acerca de conservar a consciência pura, citando Himeneu e Alexandre:
Esta é a admoestação que faço a você, meu filho Timóteo, segundo as profecias
que anteriormente foram feitas a seu respeito: que, firmado nelas, você
combata o bom combate,
mantendo a fé e a boa consciência, porque alguns, tendo rejeitado a boa
consciência, vieram a naufragar na fé.
Entre esses estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás para serem
castigados, a fim de que aprendam a não blasfemar. 1 Timóteo 1:18-20

Pelo que podemos depreender das escrituras, estes exemplos de comportamento a


serem evitados, vieram de homens que conheciam a palavra de Deus, e que no
entanto, desviando-se da verdade, amorteceram suas consciências, dando lugar ao
pecado e tornando-se líderes gnósticos. Alexandre seria citado ainda outra vez em
(2Tm 4:14) como o latoeiro que grandes males causara ao apóstolo Paulo.

24
Por sua vez, Himeneu que já havia sido citado com Alexandre em (1Tm 1:20a), também
foi novamente citado em 1Timóteo 2, agora junto ao outro nome: Fileto, a respeito do
qual pouco se sabe.
Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

Evite, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que se entregam a


isso avançarão cada vez mais na impiedade.

Além disso, a linguagem deles corrói como câncer. Entre esses estão Himeneu e
Fileto, 2 Timóteo 2:15-17

Estas repetidas citações evidenciam o perigo de não conservarmos pura a nossa


consciência. Contudo, uma vez que o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado
criando em nós uma consciência pura, como poderemos tornar a purificá-la diariamente
de modo a conservá-la desta maneira? Eis a resposta:
De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a
tua palavra. Salmos 119:9

Nada pode substituir uma consciência sensível, vigilante e pronta a discernir o que é
desagradável a Deus, resistindo ao erro, buscando diariamente a santificação e
prezando pela Verdade.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. João 17:17

6
A APROVAÇÃO DOS CHAMADOS
Também estes devem ser primeiramente experimentados; e, caso se mostrem
irrepreensíveis, que exerçam o diaconato. 1 Timóteo 3:10

Este é um tema amplamente discutido quando se trata de separar pessoas para o


oficio De obreiro. Uma das razões é o fato de que não existem diretrizes a respeito
de como deve se dar este período de provação dos candidatos, nem por quais
parâmetros estes devem ser avaliados.
Sendo assim os anciãos assim como os diáconos deveriam ser posto em prova a fim
de serem experimentados nos trabalhos e em suas vidas.

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7
DIRETRIZES PARA APROVAÇÃO
Embora não existam menções claras sobre como deve se dar a prova dos obreiros, o
edital do obreiro aprovado em 1Timóteo 3:10 é bem claro: se os candidatos a diáconos
se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato.
Também estes devem ser primeiramente experimentados; e, caso se mostrem
irrepreensíveis, que exerçam o diaconato. 1 Timóteo 3:10

Irrepreensível é algo que por ser correto e justo, não necessita nenhum reparo,
justificativa, explicação, ou repreensão. Logo, havendo em um candidato ao ministério
de obreiro qualquer comportamento que precise ser reparado, justificado, explicado
ou até mesmo repreendido antes que este assuma o cargo, isto é um indicativo claro
de que o mesmo não está qualificado para tal função.
O candidato ao ministério de obreiros precisa ser portador de uma postura
absolutamente correta, não sendo alvo de comentário, censura ou observações
desairosas, apresentando um trato correto com os irmãos em Cristo, bem como
cordialidade e respeito para com todos indistintamente .
Por ocuparem uma posição de facilitador do acesso ao Reino de Deus, qualquer
postura que venha a embaraçar, atrapalhar ou prejudicar o bom testemunho e
crescimento do Reino, coloca-o em condição desfavorável para assumir tal função.
Por isto mesmo há que se preocupar em proferir palavras corretas, promover ações
justas, e cercar-se de pensamentos bem intencionados, pois ainda que
inconscientemente suas ações resultarão em benefício ou perda para a causa do
Senhor, podendo ou não glorificar o seu nome.
A vida daqueles que estão em eminência é como um livro aberto. A conscientização do
obreiro sobre como deve ser seu proceder, além de capacitá-lo à ser aprovado para o
exercício do ministério, contribui para o bom andamento da missão da igreja na terra.
O bom testemunho é algo esperado de todos os cristãos porém aqueles que ocupam
uma posição de evidência, devem ter a consciência de que se encontram também em
uma posição de muito maior responsabilidade.

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8
AS ESPOSAS DOS OBREIROS
Do mesmo modo, quanto a mulheres, é necessário que elas sejam respeitáveis, não
maldizentes, moderadas e fiéis em tudo. 1 Timóteo 3:11

Para as esposas dos diáconos também foram designados alguns pré- requisitos,
visto que na condição de esposas, são elas também verdadeiras obreiras, uma vez
que não deve haver dissensão entre as ideias das esposas e seus maridos obreiros,
sendo que ambos devem partilhar de um mesmo sentimento com relação ao
ministério.
As qualificações das esposas se assemelham aquelas exigidas de seus maridos, já
que elas também estão envolvidas em algumas atividades tais como: visitação,
atendimento aos necessitados, aconselhamento, oração, etc. atividades
estas nas quais, muitas se destacaram e tiveram seus nomes citados como o caso
de Febe citada em (Rm 16.1-2).
Embora o termo “obreira/diaconisa” ainda seja controverso dentro das igrejas pelo
fato de que uma possível ordenação destas ainda é um ponto obscuro, R. N.
Champlin descreve sobre isto com muita propriedade:
(...) As diaconisas precisavam exibir as mesmas qualificações que
os anciãos e os diáconos, a saber, piedade, discrição e boa
reputação. Podemos estar certos de que os requisitos de uma
mulher piedosa aparecem em I Tim. 3:11, (onde a palavra
“obreira/diaconisa” não é usada), caso ela almejasse tonar-se
uma diaconisa. Elas precisavam ser sérias (não dadas a qualquer
tipo de frivolidade), não podiam ser caluniadoras, tinham que ser
temperadas (praticando a moderação em todos os seus hábitos,
livres de vícios), e fiéis. É provável que as primeiras
obreiras/diaconisas tenham sido esposas dos ministros das
igrejas (...). (...) Alguns intérpretes, entretanto, supõem que as
esposas dos ministros, em I Timóteo 3:11, não eram diaconisas
oficiais. (CHAMPLIN, 1995)

De qualquer maneira uma coisa é clara: sejam as mulheres investidas do oficio de


obreira/diaconal oficialmente ou, sejam elas consideradas obreiras/diaconisas

27
apenas pela condição de esposas de diáconos; a elas também se estendem pré-
requisitos os quais elas deverão seguir para que sejam achadas dignas de sua
posição.

9
OBREIROS COMO ESPOSOS
O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem os seus filhos e a própria
casa. 1 Timóteo 3:12

Embora seja costume entre as igrejas dar preferência ao ministério de obreiro para
homens casados, visto que estes poderão atuar com maior resistência diante de certas
tentações, não há forte evidência de que o obreiro deva ser casado. Ao contrário, o
mesmo apóstolo descreve em sua primeira carta aos coríntios (1Co 7:32-33) que o
casado cuida das coisas do mundo enquanto o solteiro cuida das coisas do Senhor.
No entanto, vivendo em uma cultura onde a bigamia e até poligamia era praticada com
certa freqüência, o apostolo Paulo fez questão de deixar claro para os obreiros casados
que estes deveriam ser maridos de “uma só mulher”, e da mesma forma cobrou
lealdade por parte da esposa.
É evidente que um segundo casamento em razão de viuvez não é fator de
impedimento para o exercício do cargo conforme vemos em Romanos 7:2-3, contudo
há que se ter certa cautela em relação à separação para o diaconato de homens
divorciados e que entraram numa segunda relação conjugal. Cada caso deve ser
analisado cuidadosamente para que não seja cometida nenhuma injustiça, impedindo
de chegar ao ministério homens que seriam grandes ajudantes da obra de Deus.
Porém, é necessário observar que uma das condições para o ministério de obreiro é o
bom governo da própria casa. Não é possível considerar um governo do lar como bem
sucedido se o matrimônio resultou em uma separação que levou a uma segunda
relação conjugal.
Tudo isso apenas atesta mais uma vez a seriedade do ministério e a importância da
função diaconal para a igreja, ressaltando a necessidade de analisar cada caso
separadamente. O obreiro será uma pessoa que estará na linha de frente no combate

28
contra o inimigo e portanto, deve estar pronto para em nenhum aspecto ser
surpreendido.

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OBREIROS COMO PAIS
E Deus disse: — Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.
Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os
animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam pela
terra.

Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou.

E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a


terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. Gênesis 1:26-28

A paternidade/maternidade e o governo dos filhos devem ser analisados a luz da ordem de


Deus aos primeiros habitantes da terra. Além de povoar a terra, no mínimo três aspectos
fundamentais podem ser percebidos como sendo metas de Deus ao pronunciar esta ordem:

1. REPRODUZIR A NATUREZA DOS PAIS NOS FILHOS


Ao criar o homem considerando-o a sua própria imagem, Deus na condição de pai,
desejou transmitir a nós a sua essência para que pudéssemos refletir a sua glória.
Semelhantemente os pais devem desejar que seus filhos reflitam a sua própria
natureza, ou seja, a sua índole, temperamento, caráter.
Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em
sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se. Deuteronômio
6:7

2. REPRODUZIR O CARÁTER DOS PAIS NOS FILHOS


Reproduzir a própria semelhança, ou seja, a verdadeira natureza e caráter do pai nos
filhos deve ser a segunda grande meta da paternidade/maternidade. Deus almejou que o

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ser humano refletisse sua semelhança, ou seja, nos parecêssemos com ele, pensássemos
com ele, carregássemos em nós as suas peculiaridades. De igual modo, os pais devem
sentir o desejo de que seus filhos(a) lhes sejam semelhantes, apresentando os mesmos
valores e atitudes oriundas de um mesmo tipo de conduta e caráter.

Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o
passar dos anos não se desviará deles. Provérbios 22:6

3. REPRODUZIR O COMPORTAMENTO DOS PAIS NOS FILHOS


Ao criar o homem, Deus instituiu que este se parecesse com ele, carregasse em si
suas características e suas qualidades, as quais seriam consequentemente repassadas
aos seus descendentes quando o homem cumprisse a ordem de frutificar e
multiplicar-se sobre a terra. Da mesma maneira, os pais devem seguir este objetivo,
buscando reproduzir o seu próprio comportamento em seus filhos. Assim como os
pais, os filhos devem sentir Deus em seus corações; e em seu dia a dia, andar nos
caminhos do Senhor da mesma maneira que seus pais.
…porque o que o Pai faz o Filho também faz. João 5:19c

Vivemos dias difíceis, tempos em que governar bem a própria casa requer grande
habilidade. Comportamentos que não devem ser seguidos são apresentados como
alternativas para os jovens nas escolas, e ensiná-los o contrário, em alguns, casos é
visto como afronta as leis.
Em meio a tudo isto estão filhos, cujos pais são obreiros da casa do Senhor. Sendo pois
sabedores deste fato, o obreiro deve procurar a direção de Deus para educar seus
filhos de maneira a conseguir imprimir nestes o próprio caráter para que o mundo não
os alcance.
Nisto observa-se a importância dos pré-requisitos esperados dos obreiros. Um obreiro
que apresente falha de caráter não poderá governar bem a seus filhos pois poderá vir a
imprimir nestes, além de suas qualidades, as falhas de seu caráter. Não imprimir em
seus filhos um caráter adequado poderá lhe causar profundos aborrecimentos em seu
ministério.
A bíblia nos ensina que devemos ensinar a criança no caminho em que deve andar; e
até quando envelhecer não se desviará dele (Pv 22:6); contudo, para isto é necessário
conhecer bem o caminho, e acima de tudo caminhar por ele. Como poderá alguém

30
ensinar aquilo que não vive? Realmente é de grande sabedoria a frase atribuída a
Confúcio: “A palavra convence, o exemplo arrasta (Confúcio)”.
Também em nossos dias estamos cercados por incertezas econômicas em
praticamente todos os países, e esta incerteza alcança desde os menos abastados
financeiramente até aos que acreditam possuir certa estabilidade. Estas variações da
economia podem colocar lares em situações financeiras difíceis, caso não estejam sob
a direção de Deus.
A má administração financeira do lar está entre as coisas que mais desgastam um
ministério. Por isto mesmo, um dos pré-requisitos para a ascensão ao ministério é o
governo bem sucedido da própria casa. Ofertar primeiramente a Deus tudo o que
possui deve fazer parte da conduta do diácono, com uma forma de confiar a Ele
também a administração financeira de sua casa. Também isto faz parte do requisito:
“governem bem as suas próprias casas”.

11
OBREIROS COMO FILHOS
Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu
Deus te dá. Êxodo 20:12

1Então alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém, foram a Jesus e


perguntaram:

2 "Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos líderes religiosos? Pois
não lavam as mãos antes de comer! "

3 Respondeu Jesus: "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da
tradição de vocês?

4 Pois Deus disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’ e ‘quem amaldiçoar seu pai ou sua
mãe terá que ser executado’.

5 Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda
que vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a Deus’,

6 ele não é obrigado a ‘honrar seu pai’ dessa forma. Assim vocês anulam a
palavra de Deus por causa da tradição de vocês.

31
7 Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo:

8 ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.

9 Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por


homens’". Mateus 15:1-9

A idéia subjacente aos preceitos de prestar honra e reverência aos pais, geralmente é
considerada como racional e auto-evidente. É razoável esperar que um filho reconheça
aqueles que o trouxeram ao mundo, cuidaram dele enquanto era indefeso e dependente,
se preocuparam com suas necessidades e desejos proporcionando alimento, vestuário,
abrigo e educação, ajudando-o a se tornar auto-suficiente.

Portanto, espera-se que um filho reconheça os frequentes sacrifícios dos pais no decorrer
da sua criação, um período que com frequência significa trabalho, angústia mental e
gastos.

Sentimentos sinceros de amor e gratidão, um senso de dever e piedade e expressões de


respeito podem e devem ser esperados como inclinações naturais e inatas. O filho está
apenas pagando uma dívida, por assim dizer [Yerushalmi, ibid. Cf. Sefer Hachinuch, sec.
33].

Assim, mesmo que estas normas de comportamento não tivessem sido prescritas por
pronunciamentos Divinos, é de se presumir que a razão humana e a ética natural
inventariam um código semelhante para o relacionamento de um filho para com seus
pais.

O relacionamento entre pai e filho é análogo, e intrincadamente ligado, ao


relacionamento entre D’us e o homem. Isso ocorre porque ao trazer um filho a este
mundo, os pais estão numa parceria com D’us: a substância material é derivada dos pais,
porém D’us concede espírito e alma, a forma vital do homem *Veja Kidushin 30b; Nidah
31a.].

O quinto dos Dez Mandamentos sugere implicitamente a consciência da própria origem, o


reconhecimento da razão de ser, e o grato reconhecimento dos próprios recursos. A
conscientização sobre o papel dos pais como agentes criadores leva à contemplação e
reconhecimento do supremo Criador e Provedor de tudo: Deus. O reconhecimento e a
gratidão em seguida se estenderão da tangibilidade imediata e visual àquela que somente
se reconhece após alguma meditação.

32
Por este motivo Deus credita a honra aos pais como se fossem mostradas a Ele próprio; e
de modo contrário, a negligência em honrar os pais é considerada como um insulto a Deus
[Mechilta sobre Shemot 20:12; Sifra sobre Vayicrá 19:3].

Mas se uma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiramente a colocar
a sua religião em prática, cuidando de sua própria família e retribuindo o bem
recebido de seus pais e avós, pois isso agrada a Deus. 1 Timóteo 5:4

Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família,
negou a fé e é pior que um descrente. 1 Timóteo 5:8

Se alguém amaldiçoar seu pai ou sua mãe, a luz de sua vida se extinguirá na mais
profunda escuridão. Provérbios 20:20

12

SERVINDO BEM COMO OBREIRO

Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé


em Cristo Jesus. 1 Timóteo 3:13

Ainda hoje, Deus usa homens simples, porém com um caráter qualificado, para atuar
em sua igreja, na propagação de seu reino, na evangelização de novos conversos,
dentro e fora de seu país natal.
Tão somente precisamos estar preparados para nos encontrarmos em condições de
responder ao chamado quando formos convocados para compor as fileiras, sendo
contados entre os grandes nomes que gastaram suas vidas em prol da obra de Deus
dentro e fora de seu país.

35 Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas,


pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças.

36 Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e


desamparadas, como ovelhas sem pastor.

37 Então disse aos seus discípulos: "A seara é grande, mas os trabalhadores são
poucos.

33
38 Peçam, pois, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara".
Mateus 9:35-38

Embora o ministério de obreiro seja uma missão de todo crente, o obreirato é um


ministério específico para o qual são chamados apenas aqueles que se encontram em
condições de servir de todo o coração, visando apenas a expansão do Reino de Deus, o
crescimento e edificação da igreja, e o benefício dos necessitados.
Buscar lugar de destaque no Reino de Deus é não compreender o propósito do
evangelho. Contudo a bíblia garante este lugar aos que servirem bem, e a história nos
mostra a veracidade do que o apóstolo já havia relatado. Por isto mesmo, o diácono
não deve buscar honras, antes deve ser humilde e sábio em seu serviço.
Por outro lado, a igreja deve honrar os seus diáconos, reconhecendo neles homens
chamados por Deus para exercerem o ofício para o qual foram separados, para o que
também obtiveram o reconhecimento público sendo referendados por meio da
assembleia para o desempenho de sua vocação.

34
MÓDULO 2
O OBREIRO E SUA MISSÃO

1
A MISSÃO DO OBREIRO DA IGREJA PENTECOSTAL
Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa?
Mas eu estou entre vocês como quem serve. Lucas 22:27

Temos estudado a história do movimento pentecostal desde as suas origens até seu
desenvolvimento nos tempos atuais.
Uma análise cuidadosa do estudo já realizado permite visualizarmos desde o início,
grandes homens preocupados em servir ao Senhor da melhor maneira possível. Para
isto, todos eles se dedicaram em expandir a obra de Deus em lugares onde a ausência
de perspectiva fazia morrer a esperança de dias melhores.
Em meio a preconceitos raciais, condições sociais degradantes, doenças e humilhações,
o movimento pentecostal cresceu de tal maneira que alcançou as terras mais
longínquas.
Freston (1994) descreve que; no Brasil, o movimento pentecostal que originou a
Assembléia de Deus, instalou-se na região nordeste, de onde se expandiu por todo o
país, uma vez que o contexto de sua chegada foi propício para o início dos trabalhos.
Vemos que realmente é assim, pois Ivar Vingren (2000), bem como David Berg (1995)
descrevem a situação que os pioneiros encontram ao chegar no Brasil: uma região em
desenvolvimento, envolvida em extrema pobreza, com toda a sorte de necessidades e
doenças.
Em certo tempo, o fim do ciclo da borracha, e o consequente retorno dos migrantes
seringueiros para suas regiões de origem, permitiu que a igreja se espalhasse por
novos estados da federação (ALENCAR, 2000).
De fato, a migração para o interior do país, dos trabalhadores que ali se encontravam,
se encarregou de levar a semente que já estava plantada nos corações. Contudo, o
trabalho árduo de Daniel Berg e Gunnar Vingren merece destaque.

35
A expansão do pentecostalismo para outros estados através dos conversos que em
sua maioria eram pessoas simples, foi resultado primeiramente de uma intensa
ação evangelizadora e diaconal dos pioneiros, que se tornou ainda mais evidente
em meio às dificuldades encontradas. Desde o início dos trabalhos, nota-se a
dedicação da igreja em favor dos mais atingidos pela marginalidade em razão da
pobreza e desigualdade social da região.
A missão do obreirato da igreja era inteiramente cumprida na vida destes pioneiros
que iniciaram o trabalho no Brasil pois, ao seguirem uma orientação divina,
abstendo-se de sua própria vida em detrimento ao chamado e ao propósito de
Deus, avançaram enfrentando as dificuldades e levando a mensagem de esperança
com o lema: Jesus Salva, Cura, Batiza com Espírito Santo e Em Breve Voltará.
A aceitação do pentecostalismo entre as camadas mais pobres no Brasil,
principalmente dentro da Assembléia de Deus, foi objeto de estudo de Mariano
(1999) que ao fazer uma análise sociológica sobre o fato, o descreve da seguinte
forma:
Com o propósito de superar precárias condições de existência,
organizar a vida, encontrar sentido, alento e esperança diante de
situação tão desesperadora, os estratos mais pobres, mais
sofridos, mais escuros e menos escolarizados da população, isto
é, os mais marginalizados – distantes do catolicismo oficial,
alheios a sindicatos, desconfiados de partidos e abandonados à
própria sorte pelos poderes públicos –, tem optado voluntária e
preferencialmente pelas igrejas pentecostais. Nelas encontram
receptividade, apoio terapêutico-espiritual e, em alguns casos,
solidariedade material. (MARIANO, 1999: pg12).
Neste comentário é possível reconhecer a missão do obreirato a serviço das
pessoas que confiaram suas vidas a Deus, buscando alento para as suas almas
dentro da igreja.
Por ter sua membresia inicial composta por um público mais humilde, a igreja foi
alvo de preconceitos e estigmas, sendo rotulada como “igreja de pobres”,
“povinho”, que ironicamente eram chamados de “crentes” ou “pentecostes”.
Contudo, em tudo Deus foi glorificado.

36
2
O PRINCÍPIO DA MISSÃO DO OBREIRO
25 Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as
dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.
26 Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante
entre vocês deverá ser servo,
28 e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; Mateus 20:25-27
Como já vimos no capítulo anterior, o termo grego diakonia, denota um serviço
escravo e portanto, considerado desprezível dentro da cultura grega, apresentando
uma conotação pejorativa ou de inferioridade, posto que se refere a atividades
para as quais, homens em condições servis, colocavam-se a serviço de outros sem
receber nada em troca. Por tudo isto, esta atividade era considerada indigna para
homens livres.
Dentro do cristianismo, em contraposição a cultura grega, a implantação do termo
diakonia nos escritos neotestamentários de Lucas, apresenta a Cristo como “aquele
que serve” (Lc 22:27) e partindo deste exemplo serviu de Cristo que inaugura uma
nova ordem relacional com o próximo, encontramos a fonte para todo o serviço
ministerial e também a real missão da Igreja.
A chamada para o exercício diaconal expresso no domínio e cuidado do homem
para com a terra, foi impressa no caráter do homem ainda no Éden quando Deus o
criou a sua própria imagem e semelhança, porém por ocasião da queda o homem
se afastou de Deus e logo ocorreu o primeiro homicídio. Em Cristo, vê-se uma nova
oportunidade de reconciliação para com Deus, e por meio desta, a reconciliação
também para com o próximo através da comunhão e do amor fraternal expresso
no exercício diaconal. O exercício diaconal é missão de toda a igreja. Todo ser nasce
com uma vocação natural expressa sob forma de tendência, inclinação ou talento
natural para fazer determinada coisa com aptidão, prazer e habilidade. É por meio
da vocação que as pessoas exprimem suas habilidades e serviços na sociedade, e
isto pode e deve ser usado no exercício Do obreirato da igreja.
Contudo, alguns destacam-se dentre muitos pela devoção voluntária na obra de
Deus e são chamados ao exercício específico deste ministério.

37
3
VOCAÇÃO E CHAMADA
Ninguém toma esta honra para si mesmo, mas deve ser chamado por Deus, como de
fato o foi Arão. Hebreus 5:4

Primeiramente é importante entendermos que cada pessoa traz em si condições para


exercer funções segundo a sua própria natureza. Embora todos nós sejamos chamados
para aperfeiçoar o exercício do amor ao próximo, sempre há algo de específico em
cada vocação. Assim também é para com aquele que foi chamado ao ministério de
obreiro.
O vocacionado geralmente desempenha a sua função dentro do corpo de Cristo pela
aptidão ou inclinação natural que possui para determinado ofício ou profissão, mesmo
antes de ser chamado.
Em sentido geral, vocação é: a aptidão ou inclinação da pessoa para determinado ofício
ou profissão. Pode-se dizer que o diácono não serve porque foi chamado, ele é
chamado porque serve. Esta é sua missão de vida. Sendo a diaconia um dever
estendido a toda a igreja, o corpo de obreiro foi instituído para ocupar uma posição de
procurador oficial da igreja para o desenvolvimento de tais funções com precisão.
Contudo, o chamado para o ministério é diferente do serviço em razão da vocação.
Aceitar o chamado para o ministério requer uma atitude de maior comprometimento,
pois implica em aceitar uma missão divina que não deverá ser cumprida apenas pelo
fato de possuir aptidão para tal, e sim por haver se colocado a disposição de Deus para
ser usado por Ele, crendo que Dele receberá a graça para o desempenho de tal ofício.
Aceitar a missão de fazer parte do corpo diaconal da igreja, requer mais do que desejo
próprio ou mesmo vocação para tal, pois Deus capacita aqueles a quem chama. O
chamado também não é privilégio de todos os vocacionados visto que não é possível a
autonomeação.
21 Não enviei esses profetas, mas eles foram correndo levar sua
mensagem; não falei com eles, mas eles profetizaram.

22 Mas se eles tivessem comparecido ao meu conselho, anunciariam as


minhas palavras ao meu povo e teriam feito com que se convertessem do
seu mau procedimento e das suas obras más.

23 "Sou eu apenas um Deus de perto", pergunta o Senhor, "e não também


um Deus de longe?

38
24 Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja? ", pergunta o Senhor.
"Não sou eu aquele que enche os céus e a terra? ", pergunta o Senhor.

25 ‚Ouvi o que dizem os profetas, que profetizam mentiras em meu nome,


dizendo: ‘Tive um sonho‛! Tive um sonho! ’

26 Até quando os profetas continuarão a profetizar mentiras e as


ilusões de suas próprias mentes?

27 Eles imaginam que os sonhos que contam uns aos outros farão o povo
esquecer o meu nome, assim como os seus antepassados esqueceram o meu
nome por causa de Baal.

28 O profeta que tem um sonho, conte o sonho, e o que tem a minha


palavra, fale a minha palavra com fidelidade. Pois o que tem a palha
com o trigo? ", pergunta o Senhor.

29 "Não é a minha palavra como o fogo", pergunta o Senhor, "e como um


martelo que despedaça a rocha?‛

30 "Portanto", declara o Senhor, "estou contra os profetas que roubam


uns dos outros as minhas palavras‛.

31 Sim", declara o Senhor, "estou contra os profetas que com as suas


próprias línguas declaram oráculos. Jeremias 23:21-31

Jeremias 23:21-32 ensina que a autonomeação é uma prática condenada por Deus.
Assim entendemos que: O Diaconato, Presbiterato e Episcopado não possuem origem
própria no ser humano. O chamado para o ministério é originado em Deus, e Dele vem
a capacitação para o seu exercício.

4
O CHAMADO PARA SER OBREIRO
Ser chamado para exercer a missão de obreiro não significa apenas encontrar-
se entre aqueles que irão desenvolver trabalhos específicos, é algo mais
profundo, tem a ver com entender e atender ao chamado de Deus para um
ministério que poderá evoluir para posições ainda mais elevadas.

39
6 Então um dos serafins voou até mim trazendo uma brasa viva, que havia
tirado do altar com uma tenaz.
7 Com ela tocou a minha boca e disse: "Veja, isto tocou os seus lábios;
por isso, a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado".
8 Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: "Quem enviarei? Quem irá por
nós? " E eu respondi: "Eis-me aqui. Envia-me! ". Isaías 6:6-8

Em Isaías 6:6-8 encontramos um claro exemplo de que, alguém pode se deixar


ser usado por Deus possuindo uma vocação para uma obra específica,
contudo; pode esta mesma pessoa precisar passar por um aprimoramento de
conduta antes de atender ao chamado, para que possa apresentar um
proceder regular e compatível com o ministério que doravante irá exercer.
Nisto diferencia-se a missão de obreiro da igreja como um todo e a missão
específica do chamado para o ministério de obreiro.
Isaías embora vocacionado, por ocasião de seu chamado precisou reconhecer
seu estado miserável diante de Deus. Ao fazê-lo, foi liberto de sua culpa e
pecado que o impediam de cumprir integralmente os propósitos Divinos e viu-
se então capacitado para o cumprimento de sua missão. Esta é a particular
diferença entre o obreirato que deve ser exercida por todo crente, e o
chamado específico para o ministério diaconal que alcançará apenas algumas
pessoas, cujo caráter deverá ser aprimorado pela busca de uma íntima
comunhão com Deus.
A vocação para ofício do obreirato pode ser entendida como a habilidade para
o exercício das funções típicas do obreiro. Por sua vez, a chamada para o
ministério diaconal pode ser identificada quando a liderança competente para
tal, devidamente orientada por Deus, observa no candidato o agir do Espírito
Santo, expresso por meio de um bom testemunho e uma boa consciência.
Quando isto acontece, aqueles a quem compete, passam a observar tal pessoa
em seu proceder, provando-a para posterior aprovação por intermédio de
referendo da assembleia, separado-a para o exercício diaconal caso se
encontre irrepreensível.

40
5
A ORIGEM DA MISSÃO DO OBREIRO
Ao atender a chamada e abraçar o ministério, é importante entender que o serviço do
corpo de obreiro é uma missão recebida de Deus; portanto Dele advém à origem da
vocação, a orientação do chamado, e é Ele que em última instância quem avaliará a
integridade do serviço prestado.
Todo ser humano traz em si um chamado. Somos chamados por Deus para viver,
conviver, servir, crescer espiritualmente procurando sempre atingirmos a estatura de
varão perfeito, definida como santidade.

A vereda do justo é como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até à plena
claridade do dia. Provérbios 4:18

Porém a alguns, aprouve a Deus escolher para servir-lhe fielmente dando bom
testemunho em tudo, apresentando características de um obreiro que não tem de que
se envergonhar, e que representa bem a igreja perante Ele e a liderança perante a
igreja; estes são os obreiros, que podem e devem ser contados entre outros nobres
ministérios designados por Deus para o perfeito funcionamento do corpo de Cristo.
11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres,

12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo
de Cristo seja edificado,

13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de


Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.
Efésios 4:11-13

A missão de cada um dentro da igreja visa o aprimoramento do corpo como um todo,


onde cada peça bem ajustada contribui para o resultado final.
Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e
edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função.
Efésios 4:16

41
6
EDIFICANDO EM AMOR
John R. W. Stott em seu livro “A Mensagem de Atos”, considera que não existe
diferença entre ministérios, pois todos visam o bom desenvolvimento da
igreja:
A obra dos 12 e a obra dos 7 são igualmente chamadas de
diakonia (vs. 1,4) “ministério” ou “serviço”; e isso certamente é
deliberado. A primeira é o “ministério da palavra” (v.4) ou o
trabalho pastoral; a segunda, o “ministério junto às mesas” (v.2)
ou o trabalho social. Nenhum ministério é superior ao outro. Pelo
contrário, ambos são ministérios cristãos, ou seja, meios de servir
a Deus e ao povo de Deus. Ambos exigem pessoas espirituais,
“cheias do Espírito”, para exercê-los. E ambos podem ser
ministérios cristãos de tempo integral. A única diferença está na
forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados
diferentes.” (STOOT, 1994).

Baseado na Epístola de Paulo aos Romanos, ao tratar do ministério de obreiro, João


Calvino classificou a missão do obreiro em duas frentes distintas: uma voltada à Igreja na
administração dos bens aos menos favorecidos, e outra voltada para o cuidado direto dos
necessitados:

Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade;
o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. Romanos
12:8

Este pensamento de Calvino traz luz sobre a clara divisão entre a missão do obreiro
e as funções inerentes ao ministério do obreiro.
Em nenhuma hipótese a misericórdia a ser desempenhada pela função diaconal
pode ser ofuscada pela ordem do templo. Embora ambos estejam entre as
atividades a serem desempenhadas pelos obreiros visando o aperfeiçoamento do
corpo de Cristo, a misericórdia é inerente à missão do diácono e portanto deve
estar acima de qualquer outra de suas atividades. A manutenção da ordem do

42
templo diz respeito às funções diaconais e, portanto embora sejam igualmente
importantes representam outra peculiaridade deste ministério.

7
CUIDANDO DOS NECESSITADOS
O Obreiro certamente há de ser um cristão comprometido, pois a sua ascensão ao
ministério foi precedida da análise de pré-requisitos que nele foram encontrados,
requisitos estes tipicamente encontrados em pessoas cuja visão é misericordiosa. Por
isto mesmo espera-se que o exercício de ajuda aos necessitados, aos pobres, aos
órfãos, as viúvas, aos debilitados sejam por ele naturalmente exercido.
Neste contexto, as particularidades de nossos dias impõem aos obreiros muitos
afazeres. Por anos o sistema capitalista apregoou o desprezo por aqueles que não
possuíam condições físicas, mentais ou mesmo emocionais que se enquadrasse no rol
daqueles considerados “produtivos”. Tal discriminação ocorrera de maneira tão
gritante que a própria sociedade em tempos pós-moderno tem se mobilizado fazendo
surgir pareceres, leis e tratados internacionais que buscam tratar-lhes com a dignidade
que lhes é devida.
A igreja na qualidade de agência de Deus na terra, não pode furtar-se ao dever de fazer
o mesmo, e o obreirato é o ministério que atuará diretamente por meio de ações que
expressem o cuidado da igreja neste sentido. Como pois se fará tal coisa?

1. Demonstrando amor aos que muitas vezes são odiados e/ou


esquecidos;

2. Socorrendo-os em suas necessidades;

3. Proporcionando-lhes acesso a dignidade que existe em fazer parte do


Reino de Deus por meio do ingresso na igreja que é o corpo de Cristo,
onde todos igualmente bebem da mesma fonte.
Jesus deixou-nos os maiores exemplos de atenção para com a missão do obreiro ao
exercer misericórdia aos muitos que o procuravam, repartido desde o pão que
alimentou fisicamente a multidão, ao valioso perdão que somente ele poderia

43
oferecer. Muitas são as pessoas que procuram por meio da igreja, encontrar alívio para
as suas almas. Há porém aqueles que encontram a Cristo enquanto buscam um lugar
onde não sofram discriminações pelas suas condições físicas, financeiras e/ou
espirituais.
Em linhas gerais a missão do obreiro consiste em: acolher em amor, a todos que
procuram a igreja, apresentando-lhes a Cristo, demonstrando-lhes um amor não
fingido impresso por Deus no caráter de cada cristão. A missão do obreiro deve ter
como norte:
1. Atender de forma holística aos necessitados em todas as suas
necessidades, não apenas as espirituais.

O verdadeiro obreiro deve estar sempre atento aos problemas que as pessoas à
sua volta estão enfrentando.
Dentro das igrejas inevitavelmente se formam grupos de pessoas que possuem algo
em comum entre si, no entanto, estas panelinhas fechadas impedem o acesso de
pessoas de fora. Às vezes a igreja propaga a mensagem de ser um ambiente
acolhedor, caloroso, aberto à convivência para com os que estão chegando, no
entanto o dia a dia apresenta outra realidade.
Por vezes seus membros se comunicam entre si, e ainda que involuntariamente e
de forma não verbal, transmitem uma mensagem estarrecedora aos de fora:
“Vocês não pertencem ao nosso grupo”.
A dissolução destas situações também faz parte da missão do obreiro, uma vez que
a permanência deste comportamento dificulta a prática de seu ministério.
Como o corpo de obreiro pode agir em tais casos?
O corpo de obreiro pode cumprir sua missão neste caso, desestimulando esta
tendência por meio da promoção de relacionamentos marcados pelo amor ao
próximo.
Para tanto, é necessário sabedoria no agir, afim de jamais estimular ainda mais o
preconceito existente para com aqueles que estão chegando em razão de uma
dissuasão coercitiva dos grupos que se formam de maneira natural no seio da
igreja.

44
O corpo de obreiro deve trabalhar no sentido de dissolver o comportamento
exclusivista, não necessariamente os grupos de afinidades.

O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Romanos 12:9

Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido


contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma
não subsistirá. Mateus 12:25

Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos
santos. 1 Coríntios 14:33

Irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, peço-lhes que todos estejam de
acordo naquilo que falam e que não haja divisões entre vocês; pelo contrário, que
vocês sejam unidos no mesmo modo de pensar e num mesmo propósito. 1 Coríntios
1:10

8
DA TEORIA À PRÁTICA
O ser humano foi criado por Deus para viver em sociedade, por isto mesmo é natural
que procure se relacionar com aqueles com quem possuem mais afinidade, e isto de
certa forma é benéfico às igrejas. Por sua vez, a discriminação para com aqueles que
estão chegando, bem como o tratamento preconceituoso para com aqueles que não
partilham das mesmas características do grupo precisa ser desestimulado.
Grupos de pessoas que possuem afinidades entre si, ajudam as grandes igrejas, por
exemplo, na identificação pessoas com o mesmo perfil profissional, de maneira que,
havendo campo para atuação destes profissionais em prol da obra de Deus, estes
poderão ser facilmente encontrados. Estimular o tratamento isonômico, onde de
maneira natural, não preconceituosa, os iguais são tratados como iguais e os desiguais
como desiguais pelos grupos já existentes também é missão dos obreiros. Este
princípio embora pareça complexo, é um tanto simples; vejamos o exemplo a seguir:

45
Não é possível em nome do tratamento igualitário, conceder às pessoas que não
possuem qualquer deficiência física, os mesmos privilégios concedidos àqueles que
passam temporariamente por esta dificuldade ou mesmo de forma permanente.
Por sua vez, havendo na igreja, profissionais da área de saúde que em razão de sua
afinidade estão sempre interagindo, facilmente pode-se formar grupos integrados nas
ações do corpo diaconal, desenvolvendo campanhas de atendimento voluntário
gratuito, o que demonstraria ação clara de preocupação para com o bem estar de seus
irmãos. Grupos de profissionais da área de construção civil podem propor à direção da
igreja, melhorias em suas instalações, visando a facilitação do acesso aos locais do
templo. Tudo isto são exemplos de como desenvolver a missão diaconal na igreja em
favor do próximo, envolvendo ainda um grande número de membros, fazendo bom
uso dos grupos que, quando não são aproveitados, resultam em panelinhas de
exclusão daqueles que não possuem a mesma afinidade.

9
OBJETIVOS DA MISSÃO DO OBREIRO
Os exemplos citados anteriormente são meramente ilustrativos sobre como um
grupo que nasça naturalmente na igreja devido as afinidades que apresentem entre
si, pode manifestar um acolhimento fraterno a todos os demais, estreitando ainda
mais os laços em Cristo para com aqueles que poderão assim usufruir de seus
conhecimentos profissionais e ainda mais, de sua amizade e companheirismo. No
mais, sempre haverá uma troca conforme mencionado na celebre frase da
conhecida oração de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”.
Todavia, ações como esta não surgirão se não houver uma iniciativa coordenada da
igreja, e embora este tipo de ação em geral parta de outros ministérios, o
ministério diretamente responsável por esta iniciativa é o obreirato. Considerando
o alvo final de todas as ações da igreja, o corpo de obreiro deve planejar suas ações
vislumbrando o seguinte desafio:
1. Abrir caminho para a propagação do Evangelho de Jesus Cristo;

2. Estimular a aceitação ao evangelismo pessoal, familiar e comunitário;

3. Promover a paz, a justiça e o amor na sociedade;

46
4. Participar do testemunho do Evangelho partindo do bairro onde
está localizada a igreja, se estendendo pela cidade, estado, país
até confins da terra.
Faz parte da missão do diácono, o esforço em executar ações de promoção da
evangelização, da comunhão cristã, da celebração do amor de Deus e do serviço a
todas as pessoas ainda não alcançadas. Todas estas ações devem ter como alvo a
libertação integral do homem, logo a missão diaconal não deve ser parcial ou
meramente espiritual.
Talvez este se constitua o maior desafio da diaconia do século XXI: Criar
mecanismos de ação evangelizadora, para que a igreja avance proporcionando à
sociedade decadente; opções reais de integração social, cultural e espiritual,
trabalhando no exercício da filantropia e do ensino da palavra de Deus que traz a
verdadeira liberdade e plenitude ao ser humano.

10
MUDANÇAS HISTÓRICAS
A maior dificuldade encontrada entre os obreiros de hoje é a transição entre as
peculiaridades das funções exercidas no decorrer dos tempos. Os primeiros os obreiros
possuíam obrigações mais definidas, consequentemente eram muito mais ativos.
Exclusivamente sobre eles, recaiam todas as obrigações sociais da igreja. Logo, era sua
responsabilidade o levantamento dos recursos, a contabilização destes, a logística de
distribuição, o recenseamento do povo a fim de conhecer a demanda etc... Enquanto
isto, os demais ministérios trabalhavam incansavelmente para a edificação e
crescimento da igreja, e com o crescimento da igreja ocorria também o aumento da
demanda.
Com a declaração de paz do imperador Constantino em favor dos cristãos no ano de
313 d.C. por meio do famoso Edito de Milão, onde o Imperador reconheceu total
liberdade do culto a todos os cidadãos do Império, ao mesmo tempo em que
converteu a religião cristã na religião oficial do Império Romano, a igreja passou da
condição de perseguida à “protegida”. Com isto, uma mudança radical operou-se no
seio da igreja afetando principalmente o ministério de obreiro. Aqueles que até então
viviam a caridade e o serviço voltado aos pobres como uma missão herdada dos

47
tempos apostólicos, viram mudar radicalmente seu modo de ser e de agir. Pouco a
pouco o ministério restringiu-se a decisões administrativas, voltando-se para o luxo
dos palácios do Imperador, encantando-se com as indumentárias e cerimônias
pomposas, desenvolvendo toda a sorte de heresias como descreve Ione Buyst em seu
livro, O Mistério Celebrado:
Também neste período (e sobre tudo neste), a liturgia cristã
recebe elementos próprios da cultura. Assim, dentro do novo
contexto político, social e eclesial, as celebrações da liturgia se
revestem dos esplendores característicos da corte imperial. As
liturgias se transformam em suntuosos “cerimoniais pontificais”
adaptados dos cerimoniais usados na corte. Os ministros
ordenados, no serviço do altar, são revestidos de uma dignidade,
de honra e indumentárias próprias dos mais altos dignitários do
império romano. (BUYST, 2004 pág 32)

Com muita propriedade Almeida também descreve a decadência do ministério de


obreiro da igreja do período pós-constantino:
O diaconato começa a entrar em declínio no século IV, logo após
ter atingido sua estabilidade. As causas ligadas as mudanças
pelas quais Igreja e ministérios foram passando no período pós-
constantino: enorme prestígios do diaconato; limitação a sete
diáconos por Igreja (Concílio de Neocesaréia); assunção de
funções por clérigos “inferiores”; tentação de substituir os
presbíteros ou acender ao presbiterato; os presbíteros assumem
cada vez mais funções dos diáconos... até que estes ficam
praticamente sem função” (ALMEIDA 2004, p.133)
Mesmo séculos após da reforma protestante haver rompido com a maioria dos
costumes implantados pelo catolicismo romano, a igreja protestante de hoje
precisa esforçar-se sobremaneira para libertar-se da frieza cerimonial que
involuntariamente assumiu no decorrer de sua trajetória, descaracterizando os
ministérios, dificultando a visão do que realmente é a missão de cada um.

48
Voltar à prática do cuidado dos órfãos, das viúvas e dos necessitados, hoje é uma
preocupação até mesmo da própria igreja católica que traz temas pertinentes em
suas campanhas de fraternidade.
A igreja reformada não pode ficar indiferente a esta missão, ainda mais em tempos
em que estes cuidados se revelam de tantas formas que dificilmente não haja
meios de desenvolvê-lo. Este é o motivo pelo qual é de suma importância
reconhecer a verdadeira missão do obreiro.
Reconhecer a missão do obreiro, implica diferenciar aquilo que é sua função dentro
das quatro paredes no cuidado para com o templo, na assistência durante os cultos
e celebrações, para ir além, no dia a dia; na assistência social, na visitação, na
prestação de serviços voluntários, na formação de grupos para o exercício destas
tarefas, no recrutamento de voluntários interessados. Grande é a missão do
obreiro de nossos dias porém Deus nos dá graça cumpri-la.

11
A MISSÃO DO OBREIRO NO SÉCULO XXI
Parece algo distante da realidade de nossas igrejas? Uma observação criteriosa pode
demonstrar que não estamos tão longe assim. Esteja atento e responda para si mesmo
as seguintes indagações e poderá tirar suas próprias conclusões:
1. Você já visitou alguém enfermo?

2. Você já visitou a uma família enlutada?

3. Você costuma dispensar atenção especial aos órfãos e viúvas?

4. Você já esteve presente em algum culto realizado em presídios?

5. Você já participou de algum bazar beneficente em sua igreja?

6. Qual a sua profissão e/ou ocupação?

49
7. Você já participou de alguma campanha de serviços voluntários
gratuitos prestados à comunidade?

8. Você possui algum conhecimento que poderia repassar para pessoas


carentes da comunidade?

9. Você conhece os meios burocráticos para iniciar uma associação


sem fins lucrativos?

10. Você tem acesso fácil ao poder público de seu município?

11. Você estaria disposto a participar de um grupo formado por demais


membros de sua igreja, para uma campanha de atendimento a
população carente?

É interessante como as pessoas até se dispõe a realizar voluntariamente uma obra de


melhoria do templo. Contudo, dificilmente se encontra voluntários para auxiliar algum
irmão carente que, com muito esforço, está adquirindo materiais para a construção de
sua casa própria e não possui sequer condições de arcar com o valor da mão de obra.
Se esta pessoa carente não fizer parte da membresia da igreja, a dificuldade em
encontrar voluntários para auxiliá-lo facilmente irá dobrar ou triplicar. Não seria este
um exemplo claro de missão a ser organizada pelos obreiros que, formando um grupo
de voluntários qualificados, com a anuência de seu pastor, realizassem um mutirão
para esta benfeitoria?

12
DISCIPULADO PARA DISCIPULAR

Vivemos hoje a era dos dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets, reprodutores
de mp3, e digamos da vida autocentrada. No entanto, existe algum espaço na vida
autocentrada para a vida comunitária do cristianismo?

50
No cerne do Cristianismo encontra-se o desejo de Deus de ter um povo que demonstre
seu caráter e o faça por meio da obediência à sua Palavra, no relacionamento com ele e
uns com os outros. Portanto, ele enviou seu Filho a fim de chamar um povo para segui-lo.
E parte do ato de seguir o Filho é chamar mais pessoas para seguirem o Filho. Assim, na
vida em conjunto, as pessoas demonstram a vida comunitária de Pai, Filho e do Espírito
Santo. Juntas elas demonstram o amor, a santidade e a unidade do próprio Deus.

Portanto, Jesus deu a seguinte ordem antes de subir ao céu: vão e façam discípulos (Mt.
28.19). Assim sendo, podemos dizer que nossa vida como verdadeiros cristãos e obreiros,
consiste em dedicarmos a ajudar outras pessoas a seguir Jesus.

Porém para que possamos auxiliar outros, na caminhada com Cristo, precisamos aprender
com Cristo. Visto que, só posso ajudar alguém se antes ter permitido ser ajudado, ou seja,
só poderei discipular alguém se antes ter sido discipulado. Aqui cabe um ditado tão
falado: "Quem não se dispõe a aprender, não tem autoridade para estar de pé para
ensinar”.

Como a ordem de Jesus neste caso foi fazer discípulos. Quero me ater a definição que
Marke Denver dar a palavra discipular- ele diz o seguinte: Discipular é ajudar outras
pessoas a seguir Jesus. Outra definição possível seria: discipular é exercer uma boa
influência espiritual sobre alguém, de modo deliberado, de forma que a pessoas se torne
mais parecida com Cristo. Neste caso discipulado é o termo que quero usar para designar
o ato de seguirmos a Cristo.

A vida cristã é uma vida discipulada e uma vida que discípula. O cristianismo não é para
solitários ou individualistas. É para pessoas que viajam juntas pelo caminho estreito que
conduz à vida. É preciso seguir e guiar. É preciso amar e ser amado. E amamos mais
quando ajudamos outras pessoas a seguirem Jesus ao longo da vereda da vida. Se alguém
quer ser obreiro aprovado precisa dispor destas ordenanças, para que assim o obreiro
evidencie Cristo através de sua vida.

É assim que você tem compreendido o cristianismo e o significado de ser cristão?

51
O QUE É UM DISCÍPULO

Antes de discipularmos outras pessoas precisamos nos tornar discípulos.


Precisamos nos certificar de que seguimos Jesus.

O que é um discípulo? Discípulo é seguidor. Um discípulo de Jesus segue os


passos dele, agindo conforme ele ensinou e viveu. Contudo segui-lo significa mais que
isso: significa, antes de mais nada, que você entrou em um relacionamento pessoal e
salvador com ele. Você está em Cristo, como afirma em

Portanto, se existe alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma


comunhão do Espírito, se há profundo afeto e sentimento de compaixão, Filipenses
2:

Ser discípulo de Cristo, não tem início em algo que nós fazemos. O processo começa com
algo que Cristo fez.

Ele ofereceu a si mesmo como substituto e sacrifício para todo o que se arrepender de
seus pecados e confiar apenas nele. Deus é bom e nos criou bons. Todavia, cada um de
nós pecou e ao se afastar dele e de sua boa lei. E porque Deus é bom, ele punirá nosso
pecado. As boas-novas do cristianismo, entretanto, anunciam que Jesus viveu a vida
perfeita que deveríamos ter vivido e depois morreu a morte que nos cabia.

Assim, o discípulo cristão começa com a aceitação deste dom gratuito: graça,
misericórdia, relacionamento com Deus e promessa de vida eterna.

Em certo momento de seu ministério Jesus se voltou para a multidão e afirmou: se


alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8.34).

Nosso discipulado com Cristo começa quando ouvimos essa ordem e obedecemos a ela:
“Siga-me”.

Jesus afirma que ser cristão envolve se negar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-lo. A
resposta fundamental ao amor radical de Deus por nós é que nós o amemos de forma
radical.

52
A vida cristã é uma vida discipulada. Ela tem início quando alguém se torna discípulo de
Cristo.

Ser discípulo é tornar-se imagem do seu mestre é fazer, agir, pensar, analisar como seu
mestre faria.

Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados. Efésios 5:1;

Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus. Filipenses 2:5

Quem diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. 1 João
2:6

PORQUE DISCIPULAR?

É uma ordenança de Cristo a sua igreja.

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações… Mateus 28:19A

A vida cristã é também uma vida dedicada a discipular. Os discípulos discipulam.

O ato de discipular é fundamental para o cristianismo. Como isso poderia ser mais claro?
Se não trabalharmos para fazer discípulos, é possível que não sejamos discípulos dele.
Quem discípula demonstra amar a Cristo e seus mandamentos.

Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo. 1 Coríntios 11:1

Você já ouviu ou falou a seguinte frase “Olhe para Cristo não olhe para mim, porque sou
humano e não consigo ser perfeito”?

“Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, porque o que eu falo é certo e o que eu
faço é errado”.

Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem,
pois não praticam o que pregam. Mateus 23:3

53
Todo cristão tem que ser a teoria vivida. Isso implica em viver não somente pela prática
do evangelho. Se nos dispomos a seguir a Cristo, então temos que representa-lo em tudo
e em todas nossas ações por onde quer que andamos, a começar por nossas casas.

Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu


apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com
Deus. 2 Coríntios 5:20

13
SERVINDO PARA TRANSFORMAR VIDAS
De tudo o que se pode dizer a respeito da missão do obreiro, algo exprime a
realidade dos fatos: a sociedade precisa de pessoas que estejam atentas as suas
carências, pessoas que defendam a vida manifestando um amor voluntário ao
próximo; e diante das muitas preocupações das lideranças das igrejas, isto não tem
sido possível, o que não quer dizer que deixa de ser obrigação da igreja.
Neste ponto é que entra a missão do obreiro. O ministério de obreiro foi criado
pelos apóstolos especificamente para este fim, atender as obrigações do serviço, da
assistência e da ação social, e precisa assumir a sua missão.
Quando isto acontecer, as congregações não mais verão a função do diácono
reduzida às tarefas litúrgicas e de manutenção do templo, o que enfraquece a
riqueza do seu ministério; antes, reconhecerão a importância de suas ações para a
edificação do corpo de Cristo e a expansão do Reino de Deus. Por sua vez, o
reconhecimento da igreja diante das ações do corpo de obreiro é um atestado claro
de sua vocação e do desempenho eficiente de sua missão.
Sobre a grandeza do ministério de obreiros expressa em 1Tm 3:13 em suas
pastorais Calvino comenta:
Diante da prática de se escolherem presbítero dentre os
diáconos, a qual foi introduzida no primeiro e segundo século
depois da era apostólica, esta passagem passou ser considerada
como a referir-se à transição de um status a outro mais elevado,
como se o apóstolo estivesse vocacionado aqueles que haviam
sido diáconos fiéis para o exercício do ofício de presbíteros. A

54
meu ver, sem negar que o diaconato passa às vezes ser o berçário
donde os presbíteros são escolhidos, todavia, prefiro uma
explicação mais simples das palavras de Paulo, ou seja, que
aqueles que se desincumbiam bem deste ministério eram dignos
de não pouca honra, pois não é uma tarefa servil, e sim, um ofício
de muita preeminência. Ao expressar-se assim, ele realça quão
proveitoso é para a Igreja que esse ofício seja desempenhado por
homens criteriosamente escolhidos, pois o santo desempenho
desses deveres granjeia estima e reverência. (CALVINO, 2009,
p.94, 95)

55
MÓDULO 3
O OBREIRO COMO LÍDER

1
ASPECTOS DA LIDERANÇA DO OBREIRO
A figura do obreiro como líder não é muito comum, dado o fato de que outros
ministérios hierarquicamente superiores ocupam legitimamente tais funções.
Contudo, em alguns momentos, o conhecimento sobre os princípios de liderança se faz
necessário ao obreiro, visto que em algumas igrejas, o obreiro mais experiente é
colocado como líder do corpo de obreiro, e ainda em outras situações, como na
implantação e desenvolvimento de projetos sociais, os obreiros por vezes ocupam a
liderança de grupos.
Logo, nestas situações, é comum vermos diáconos como líderes de equipes de limpeza,
segurança, logística, e outras mais que existirem conforme a demanda da ocasião.
Nestes casos, sendo o obreiro alguém a quem se confie tal função de liderança, o
mesmo não poderá esquecer-se da essência de seu ministério, que no próprio nome
traz a profunda significação do caráter servil para o qual foi instituído.
Sendo assim, considerações tanto de ordem prática quanto espiritual são necessárias,
a fim de que, estando o obreiro na condição de líder, o mesmo desempenhe bem a sua
função de maneira a corresponder com as necessidades impostas pela ocasião, e
estando este na condição de liderado, de igual modo desempenhe com entusiasmo e
alegria a tarefa que lhe for proposta de modo que, em sua dedicação a sua função, o
nome do Senhor seja exaltado.
O obreiro possui uma função de grande importância dentro do ministério da igreja, e
por isto mesmo deve estar preparado para o exercício de qualquer atividade que lhe
for designada.

56
42 Mas Jesus, chamando todos para junto de si, disse: — Vocês sabem que os que
são considerados governadores dos povos os dominam e que os seus maiorais exercem
autoridade sobre eles.

43 Mas entre vocês não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande
entre vocês, que se coloque a serviço dos outros;

44 e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que seja servo de todos.

45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos. Marcos 10:42-45

2
O OBREIRO NA CONDIÇÃO DE ADMINISTRADOR
35 Estejam preparados, com o corpo cingido e as lamparinas acesas.

36 Façam como os homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de
casamento; para que logo abram a porta, quando vier e bater.

37 Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar


vigilantes. Em verdade lhes digo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa
e, aproximando-se, os servirá.

38 Quer ele venha à meia-noite ou de madrugada, bem-aventurados serão eles, se os


encontrar vigilantes.

39 Porém, considerem isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o


ladrão, não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

40 Estejam também vocês preparados, porque o Filho do Homem virá à hora em que
vocês menos esperam.

41 Então Pedro perguntou: — Senhor, esta parábola é só para nós ou também para
todos?

42 O Senhor respondeu: — Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor


deixará encarregado dos demais servos da casa, para lhes dar o sustento no devido
tempo?

57
43 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo
assim.

44 Em verdade lhes digo que lhe confiará todos os seus bens.

45 Mas o que acontecerá se aquele servo disser consigo mesmo: "Meu senhor demora
para vir", e começar a espancar os empregados e as empregadas, a comer, a beber e
a embriagar-se?

46 Virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não
sabe, e irá aplicar-lhe um castigo severo, condenando-o com os infiéis.

47 — Aquele servo que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez
segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites.

48 Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de
reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe
será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Lucas
12:35-48

O comportamento exemplar de um indivíduo, depende basicamente de três


competências: conhecimentos, habilidades e atitudes. Este conjunto de fatores é
necessário para o desempenho qualificado das funções que lhe são atribuídas.
Essas competências são interdependentes e moldam- se de acordo com as
características específicas de cada tarefa a ser executada. Quando um diácono se
encontra na condição de administrador ou líder de equipe, ou ainda, líder do corpo
diaconal; é mister que compreenda a natureza da tarefa que lhe foi incumbida.
Atuar na condição de administrador ou líder, envolve levar outros a alcançar
grandes coisas para o Reino de Deus, logo alguns aspectos precisam ser
considerados a fim de que possamos alcançar nossos objetivos. Para liderar o corpo
de obreiro, mesmo uma equipe de trabalho na execução de uma tarefa simples na
obra de Deus, quatro coisas são fundamentais:
1. Reconhecer a importância de estar na direção de Deus;

2. Estar na direção de Deus é mais importante que


educação, talentos e experiência;

3. Cumprir as qualificações bíblicas;

58
4. A administração de si mesmo deve vir antes de qualquer
outra coisa. Administrar bem a si mesmo é pré-requisito
para assumir a liderança de qualquer coisa, e em se
tratando da obra de Deus, isto é fundamental;

5. Liderar com humildade;

6. Liderar dentro dos padrões bíblicos é servir em


humildade a seus liderados. Este aspecto é a principal
diferença entre a liderança cristã e a liderança secular;

7. Conhecer as tarefas básicas de Administração;

8. Na condição de líder, o diácono precisa estar preparado


para tarefas difíceis como tomar decisões e administrar
conflitos e propor soluções para problemas de naturezas
diversas.

3
O SUCESSO NO DESEMPENHO DA LIDERANÇA DO OBREIRO
Além destas peculiaridades que o obreiro precisa se inteirar para atuar bem como
líder, é preciso considerar ainda que, uma boa liderança depende da aplicação dos
princípios bíblicos de liderança contidos na palavra de Deus. A observação destes
princípios assegura uma direção vitoriosa no desempenho da liderança, por outro lado,
a maioria dos fracassos de liderança decorre da inobservância ou violação destes
princípios.
Tão somente seja forte e muito corajoso para que você tenha o cuidado de fazer
segundo toda a Lei que o meu servo Moisés lhe ordenou. Não se desvie dela, nem
para a direita nem para a esquerda, para que seja bem-sucedido por onde quer que
você andar. Josué 1:7

Compreender os princípios bíblicos de administração ou organização, inclui


compreender que há posições de liderança para liderar a igreja e aquelas

59
desenvolvidas devido às necessidades práticas da igreja, entre as quais ser encontra a
liderança do corpo de obreiro.
No meio secular, o sucesso é atribuído a vários fatores como: educação, posição,
ambição, talento, poder e dinheiro. Contudo, no Reino de Deus, a visão de sucesso é
diferenciada da visão do mundo. O sucesso do Reino de Deus pode ser entendido
como: O uso máximo dos dons e habilidades de alguém dentro do âmbito de
responsabilidades dadas por Deus, para o benefício do corpo.
1 Portanto, se existe alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor,
alguma comunhão do Espírito, se há profundo afeto e sentimento de compaixão,

2 então completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo
amor e sendo unidos de alma e mente.

3 Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um
considerando os outros superiores a si mesmo,

4 não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos
outros. Filipenses 2:1-4

Alguns paralelos podem ser traçados entre as duas visões de sucesso em liderança,
segundo os critérios de liderança no Reino de Deus critérios de liderança de sucesso no
mundo:

60
4

ADMINISTRANDO COM PROPÓSITOS

A administração ou liderança de um grupo no Reino de Deus é coisa séria.


Por isto mesmo, é importante que ninguém se lance em algum projeto de maneira
impensada. Todas as tarefas confiadas ao líder do corpo de obreiro pela liderança da
igreja ou pelo pastor presidente, certamente foi antecipadamente pensadas e
deliberadas a respeito, de maneira que o cumprimento desta certamente não trará
complicações futuras.
Contudo, quando por iniciativa do próprio corpo de obreiro, algum projeto, campanha
ou qualquer outra ação, principalmente de cunho social em ambiente externo a igreja,
for iniciada; antes o líder do corpo de obreiro deve levar o caso ao pastor dirigente que
em conjunto com a direção da igreja irá deliberar a respeito, a fim de verificar a
viabilidade, o propósito e até mesmo se programar para que os demais ministérios
cumpram também a sua parte no projeto, por exemplo: Uma campanha de
arrecadação de agasalhos e/ou alimentos, que serão entregues em um dia
predeterminado. É importante que seja feito um culto na ocasião, ou que ao menos a
direção da igreja esteja presente, pois pode ser uma grande oportunidade de se
apresentar a liderança da igreja à pessoas que nunca tiveram contato com a igreja
antes. Contudo se tais ações não forem previamente programadas em conjunto com a
liderança, poderá acontecer um descontrole na agenda de eventos da igreja e
prejudicar a finalização do projeto. Por tudo isto é imprescindível um trabalho
conjunto e respeitoso de ambas as partes.

É importante que projetos de iniciativa diaconal tenham sempre o apoio e respaldo da


direção da igreja. Jamais leve avante um projeto não aprovado pela liderança. Para ter seu
projeto aprovado, é importante que ele seja claro, para tanto, a apresentação de um
plano de ação para a liderança requer alguns cuidados importantes.

17 Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois zelam pela alma de
vocês, como quem deve prestar contas. Que eles possam fazer isto com alegria e
não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês. Hebreus
13:17

61
5
AS BASES DA AUTORIDADE DO LÍDER

1. AUTORIDADE BASEADA EM DEUS

Não existem grandes diferenças entre a liderança espiritual e a liderança


profissional. A relação existente entre ambos, quando se trata de administração de
pessoal ou gerenciamento de situações, é muito próxima. As particularidades de
cada um não se encontram em suas estratégias de liderança, e sim em suas
motivações e métodos adotados e origem de sua autoridade na liderança do grupo.
Um líder que lidera grupos que trabalham com tarefas de caráter espiritual, não
pode agir baseado em seus interesses próprios; ele deve ser dirigido pelo Espírito
Santo. Logo, a administração do líder espiritual é caracterizada pelo amor e
carisma, o que o torna diferente de um líder simplesmente profissional.
A liderança de um grupo que se propõe a realizar tarefas para o Reino de Deus,
precisa ser: uma liderança cuja autoridade seja originada também em Deus, e
como, líder, este também é submisso a autoridade de Deus. Esta é outra diferença
entre o líder de grupo que desenvolve tarefas de caráter espiritual e um líder de
grupo que desenvolve tarefas de caráter secular.
Um líder de grupo cujas atividades sejam relativas a coisas espirituais, precisa
reconhecer que toda autoridade vem de Deus e converge para Ele.

1.1- Sua autoridade origina-se em Deus

1.2- Jesus deixou claro a Pilatos que não há autoridade de origem humana, e que
a autoridade que este possuía, tinha origem em Deus:

Jesus respondeu: — O senhor não teria nenhuma autoridade sobre mim se de cima.
João 19:11

62
1.3- Salomão também reconheceu, apesar de sua pouca idade, que não teria
autoridade alguma se não a recebesse de Deus e assim, pediu graça e sabedoria para
governar bem o povo:

Dá-me, agora, sabedoria e conhecimento, para que eu saiba conduzir-me à frente


deste povo; pois quem seria capaz de governar este grande povo? 2 Crônicas 1:10

1.4- Sua liderança, submete-se a Deus.

A base para a obtenção de toda a autoridade está em Deus. Logo, alguns aspectos devem
ser considerados:
Mas o espírito maligno lhes respondeu: — Conheço Jesus e sei quem é Paulo; mas
vocês, quem são? Atos 19:15

Se você não se submete a autoridade de Deus, não espere que alguém se submeta a
sua autoridade. Observemos a seriedade que existe em submeter-se a autoridade
divina. Nem mesmo os espíritos malignos reconhecem autoridade que não venham de
Deus, como pois, poderá um líder de coisas espirituais, trabalhar não reconhecendo a
fonte de sua autoridade?

1.5- QUEM SE SUBMETE A AUTORIDADE DE DEUS É EXALTADO POR ELE


Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará. Tiago 4:10

O livro de Provérbios está repleto de conselhos sobre qual deve ser o procedimento do
homem que está em iminência, para que este não venha a cair de sua posição. Um
exemplo claro encontramos em:

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Provérbios


16:18

Contudo, além de ensinar o que precede a ruína, temos também em provérbios um


ensino maravilhoso sobre o que precede a honra. Este é um ensinamento e um conselho
muito prudente e que pode ser estendido a todo líder:

A arrogância precede a destruição; a humildade precede a honra. Provérbios 18:12

Um líder jamais deve permitir que a honra adquirida em razão de sua posição, faça com
que seu coração venha a se ensoberbecer.

63
2. AUTORIDADE BASEADA EM TÍTULOS
Um líder diaconal precisa compreender que o título que ostenta não lhe confere
autoridade alguma. Este é um engano comum entre líderes de diversos ministérios,
acreditar que um título irá conferir-lhe autoridade diante dos demais e/ou diante
de situações.
Ter um título ou um cargo, significa apenas ser servo, e nada mais do que isso. Este
servo porém, tem ainda mais responsabilidade a ser cumprida. Suas
responsabilidades são tão grandes que é impossível cumpri-las sozinho, de maneira
que o mesmo precisa dividir as tarefas entre seus liderados, e receber destes a
contrapartida representada no esforço voluntário ou remunerado, a fim de que o
objetivo seja alcançado.
Um título em nada difere o líder dos demais, exceto em duas situações:

1. Em nome da ética e do bom andamento na administração do


grupo, espera-se que como líder seja respeitado em suas decisões
tomadas, quando isso não depende de uma aprovação de todo o
grupo. O desrespeito as decisões que competem ao líder enseja
correções disciplinares previstas conforme o caso.

2. A figura do líder se destaca dos demais quando este precisa


representar o grupo.
Estas são as condições que faz do líder uma pessoa diferenciada; porém
mesmo nestas diferenças, podemos observar que o líder é um mero servo do
grupo, e em se tratando de representatividade do grupo, é bom lembrar que o
mesmo líder que representa o grupo na hora de receber elogios, também o
representará na hora de receber advertências sobre comportamentos
inadequados ou tarefas não levadas a cabo conforme previsto.
Lucas descreve uma parábola deixada por Jesus que ilustra bem esta situação
e termina com o seguinte ensinamento:

64
Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de
reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe
será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Lucas
12:48.

3. O OBREIRO CONQUISTA SUA AUTORIDADE


Sabemos que a autoridade não advém de títulos ou posições alcançadas, e que a
humildade deve prevalecer mesmo na vida daqueles que por sua condição de líderes,
estão aptos a tomarem algumas decisões.
Contudo, tomar decisões quando se tem legitimidade para tal não é algo difícil de ser
feito. O problema reside justamente no fato de que, embora decisões sejam tomadas e
ordens emitidas, nem sempre as decisões tomadas e as ordens emitidas são aceitas
pelo grupo.
Quando isto ocorre, independente de qual é o grupo, traduz-se em prejuízo certo para
os propósitos. Sendo um grupo secular de profissionais remunerados, os mesmos
podem optar por demitir-se e com reiteradas demissões, a empresa passará a
contabilizar prejuízos e atrasos em seus serviços. Sendo este um grupo de voluntários,
mesmo em atividades eclesiásticas, haverá um desgaste maior ainda, e com prejuízo
para o Reino de Deus.
Um dos desafios do líder é ser aceito pelos integrantes do grupo que lidera. Sua
aceitação é fundamental para o sucesso dos projetos do grupo ou das decisões que
venha a tomar para realizar os objetivos propostos. Em um grupo de pessoas
qualificadas, é possível que existam os que questionam a legitimidade do líder e as
decisões tomadas por ele. Este questionamento da autoridade do líder e de suas
decisões acontece por diversos motivos sendo dois muito importantes:

1. A inveja pela sua posição,


2. Liderados que perceberam, antes dos demais membros, as
consequências inadequadas da ação do líder.
Assim, o líder necessita estar atento para que estas situações não venham ser um
obstáculo para as realizações dos objetivos propostos ou para que não venha a

65
desconsiderar a ideia dos demais em prol da sua e assim provocar a instabilidade
dentro do grupo.
Por tudo isto, algumas considerações devem ser feitas para aqueles que
possivelmente um dia chegarão a uma posição de liderança:

1. Não havendo aceitação, o líder é desvalorizado;

2. As atitudes de um líder são fundamentais, o sucesso de um líder


não está em seu poder de imposição, mas na sua maneira de
cativar os seus liderados;

3. O líder deve alcançar cada indivíduo voluntariamente,


despertando nestes o desejo de realizar e a alegria da realização;

4. A obra de Deus é voluntária, de maneira que ninguém deve ser


forçado a tomar atitudes, caso isso ocorra, não haverá sucesso,
pois sempre haverá uma má vontade no fazer, e a obra de Deus
deve ser feita com excelência;

5. O líder não deve fazer apenas o que o grupo aceita, antes deve
ser sábio e habilidoso para ensinar o grupo aceitar a sua decisão.
Quando sua ideia não é bem aceita, o líder deve buscar a direção
de Deus, para Deus o dirija às decisões certas a tomar;

6. A visão do líder precisa ser apurada, de maneira que entre as


várias ideias sugeridas pelo grupo, este faça uma opção por
aquela ideia que certamente alcançará melhor resultado.
Para escolher entre as ideias a que melhor se adapta aos objetivos propostos, o
líder não pode esquecer-se de que, embora a maioria das ideias seja boa, nem
todas serão compatíveis com os resultados que se pretende. Mesmo a ideia do
próprio líder, nem sempre é a melhor. Em determinado momento, a ideia do
liderado pode ser a mais adequada. É preciso reconhecer isto, e criar situações que
despertem nos liderados o interesse e o desejo de se fazer algo. Muitos acreditam
que ser líder é ter grandes ideias. De fato isto é importante, contudo, quando o
líder não está disposto a pagar o preço pela sua liderança, assumindo a frente,
sendo o exemplo em tudo, muitas de suas ideias jamais saem do papel. É

66
necessário aceitar a incumbência da liderança como parte do chamado para o
obreirato, e responder prontamente como Isaías - “eis me aqui envia me a mim”, e
seguir na direção de Deus.

67
MÓDULO 4
O SERVIÇO DO OBREIRO

1
AS MUITAS FACES DO TRABALHO DIACONAL
Até agora temos estudado o trabalho do obreiro e suas muitas faces que estão além
das que vemos. O que temos visto na maioria das igrejas é o corpo de obreiro sendo
pouco usado. Em muitos casos, a distinta e honrosa função do obreiro é vista apenas
como mais um degrau na busca pelo pastorado. Por outro lado, presbíteros,
evangelistas e pastores se debatem sobre as inúmeras atividades que a igreja precisa
desenvolver para alcançar sua missão de maneira integral, enquanto o oficio de
obreiro é resumido aos poucos cuidados que o templo e suas celebrações requerem.
Isto é perceptível quando vemos cursos de formação de obreiro se resumindo em
pequenas apostilas com poucas páginas, enquanto outros ministérios se perdem em
tantos estudos e atividades por desenvolver. O que se vê dentro de algumas
denominações são pastores sobrecarregados pelos muitos afazeres, de maneira que se
veem impedidos de avançar ministerialmente, e o pior, compromete a finalidade de
seu ministério ao dedicar-se exaustivamente na elaboração de programas estratégicos
para a igreja, o que lhes tira um tempo que poderia se dedicado ao estudo, oração e
ministração da palavra (At 6:4).
Contudo não se pode lançar sobre os ombros do ministério de obreiro a
responsabilidade pelo desenvolvimento e/ou implementação de programas sociais
estratégicos que levem o amor da igreja também aos menos favorecidos, sem que
antes, estes adquiram o conhecimento e tenham um treinamento mínimo sobre o
assunto.
Neste capítulo aprofundaremos um pouco mais, direcionando o corpo de obreiro para
o desenvolvimento de vínculos com as comunidades e bairros carentes e/ou mais
afastados das ações das igrejas. Um corpo de obreiros que conjuntamente com os
demais ministérios se apropria desta função com sabedoria e esmero, é visto como um
alívio ao pastor e demais líderes da igreja por tirar-lhes de sobre os ombros, um
encargo que lhes pesa tomando-lhes o tempo e fazendo com que estes desenvolvam
funções atípicas em seus ministérios, enquanto esta que é uma função tipicamente

68
diaconal pela peculiaridade assistencial que possui, não tem praticamente nenhuma
participação dos obreiros.

2
ARMADILHAS DO EVANGELHO SOCIAL
Considerando o que já temos aprendido acerca da igreja e sua missão diaconal, bem
como a sobre o ministério diaconal propriamente dito e sua missão no âmbito da
igreja; passamos agora a estudar as peculiaridades do trabalho que pode ser
desenvolvido pela igreja por intermédio do corpo de obreiro, no ceio da sociedade.
Como já foi dito, o objetivo do serviço social desenvolvido pela igreja por meio de
seu obrerato, é atender a todos em suas necessidades, principalmente em suas
necessidades espirituais. No âmbito social, o obreiro é chamado tanto para
testemunhar como para servir. Ambos os aspectos fazem parte de seu ministério e
missão.
Este tema vem sendo repetido, pois é preciso compreender que existe uma grande
diferença entre usar as ações de amor ao próximo, como isca que o atraia ao
evangelho, e amar verdadeiramente ao próximo. A filantropia exclusivamente
estratégica não possui base bíblica e é veementemente condenada por vários
teólogos que conservam verdadeira aversão ao chamado “Evangelho Social” de
nossos dias. Observemos as considerações de Stoot em seu livro “A Missão Cristã
no Mundo Moderno”. Neste livro, o autor apresenta este tipo de trabalho sob três
pontos de vista diferentes. Sua primeira consideração apresenta a ação social como
um meio de evangelização:
Nesse caso, evangelização e a conquista de convertidos são os
objetivos principais em vista, mas a ação social uma útil
preparação, um meio efetivo para que se alcancem esses fins. Em
sua forma mais ostensiva, isso faz do trabalho social (seja através
da doação de alimentos, de remédios ou da educação) o açucar
da pílula, a isca do anzol, enquanto, em sua melhor forma, isso
dá ao evangelho a credibilidade que ele não teria, caso a prática
não fosse realizada. Em ambos os casos, o cheiro da hipocrisia
ronda nossa filantropia. Um real motivo oculto impele-nos a nos
engajarmos nessa linha (STOOT, 2008 p.26).

69
1. CONTEXTUALIZANDO

Não se pode conceber a ideia de um serviço de obreiro eivado de vícios desta natureza.
O diácono, bem como a igreja deve nutrir um amor verdadeiro pelas almas que estão
perdidas. Este amor precisa ser demonstrando por meio de um comportamento
enraizado nas práticas das primeiras comunidades cristãs, cujos líderes proclamavam o
evangelho com o testemunho da própria vida, promovendo a libertação por meio da
verdade divina, desempenhando seu ministério diaconal através do cuidado voluntário
estendido aos pobres por meio das obras de misericórdia. A ajuda ao necessitado
visando proveito é biblicamente condenada.
Quando, pois, você der esmola, não fique tocando trombeta nas sinagogas e nas
ruas, como fazem os hipócritas, para serem elogiados pelos outros. Em verdade
lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mateus 6:2

A misericórdia estava naturalmente presente em todas as atitudes dos primeiros cristãos.


As narrativas neotestamentárias, bem como os fatos históricos já estudados em capítulos
anteriores, deixam claro que a finalidade de tais narrações eram testemunhais e não
teológicas.
A relação entre evangelização e responsabilidade social teve como origem o movimento
do evangelho social liderado pelo teólogo batista, o americano Walter Rauschenbusch
(1869-1918), difundindo-se pelos países anglo-saxões. Este movimento “Social Gospel”
consistiu em priorizar a missão social e política da igreja em detrimento da
evangelização (BENZ; 1995 p.303).
Contudo, a necessidade deste tipo de articulação teológica que relaciona a evangelização
com a responsabilidade social, priorizando a última, se fez necessária naquele contexto
histórico em resposta imediata à crise urbana ocasionada pelo crescimento econômico
com aumento da desigualdade social nos anos seguintes a Guerra Civil Americana.
Logo é evidente que tal conceito e método não se aplicam ao nosso contexto.

70
3
A AÇÃO SOCIAL COMO MANIFESTAÇÃO DA EVANGELIZAÇÃO

A segunda maneira de relacionar evangelização e ação social é melhor.

Ela toma a ação social, não como um meio de evangelização,


mas como uma manifestação de evangelização, ou, pelo menos,
do evangelho que está sendo proclamado. Nesse caso, a
filantropia não está anexada à evangelização, até certo ponto,
artificialmente, pelo lado de fora, mas aparece como sua
expressão natural. Pode-se quase dizer que a ação social torna-
se o “sacramento” da evangelização, pois ela torna a mensagem
significativamente visível. (STOOT, 2008 p.26).

Embora este conceito ainda não retrate a pureza da ação do obreiro para com a
sociedade, todavia quando vista por este ângulo, a ação social pode ser
considerada a materialização da evangelização. Stoot considera que em
determinadas situações, as necessidades das pessoas são tão prementes que a
impedirão de ouvir o evangelho até que sejam sanadas.
Tal pensamento fundamenta-se na ação sócio/evangelística do samaritano,
encontrada na narração de Lucas 10:30-36. Para aquela situação, meras palavras ou
leituras bíblicas ou ainda convites para ir à sinagoga não lhe traria qualquer
benefício. Contudo, uma ação social direta do samaritano, destituída de interesses
secundários, tornou-se um exemplo a ser seguido. Vejamos a orientação bíblica a
este respeito:
17 Ora, se alguém possui recursos deste mundo e vê seu irmão passar necessidade,
mas fecha o coração para essa pessoa, como pode permanecer nele o amor de Deus?

18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem da boca para fora, mas de fato e de
verdade. 1 João 3:17,18

Temos nesta parábola de Jesus narrada por Lucas, um claro ensino de que a Grande
Comissão não nos exime de cumprir o Grande mandamento, pelo contrário, ela
adiciona à exigência do amor que já é devido (Rm 13:8), o serviço ao próximo como
outro aspecto a ser observado. Logo duas linhas distintas são apresentadas:

71
1. Não há amor verdadeiro sem o compartilhar das boas novas de
Jesus por meio da evangelização.
2. Não há verdadeiro amor, se nos limitarmos a evangelização
daqueles que possuem outras oportunidades.

4
SERVINDO COM EMPATIA
O ser humano é um ser social dotado da tricotomia: corpo/alma/espírito. Não há como
imaginar um cuidado holístico sem que se perceba o homem em toda as suas
dimensões. O nosso próximo, objeto de nosso amor, afeição e cuidado, não pode ser
visto como uma alma sem um corpo, com a qual devamos nos preocupar, tampouco
como um corpo sem alma para que nos preocupemos apenas com as suas
necessidades físicas.
Todos fomos feitos corpo, alma e espírito, e em nós foi implantado o desejo de viver
em comunidade. Logo, a preocupação da igreja para com o ser humano, deve incluir o
bem estar de sua alma, de seu corpo e da comunidade na qual está inserido e,
considerando o caráter psicossomático do homem, entendemos ainda que é
necessário esta preocupação também à dimensão política que afeta ao homem
diretamente em todos os sentidos.
Enquanto as associações seculares preocupam-se com as mazelas de uma sociedade
doente afundada em vícios, imoralidades e doenças físicas de toda sorte; é papel da
igreja como agência do Reino de Deus, preocupar-se com a prevenção da saúde
comunitária, o que implica na busca por uma melhor estrutura social, na qual a paz, a
dignidade, a liberdade e a justiça sejam garantidas à todos os homens.
Como obreiros, somos enviados ao mundo para servir, e a exemplo de Jesus, devemos
ver neste serviço, a expressão natural do nosso amor pelo próximo. Como
manifestação deste amor, nossas ações devem ser destituídas de interesses
secundários ocultos.
Jesus chama a todos os seus discípulos para ministrar, isto é, para o serviço. De igual
modo, a igreja como um todo é chamada à exercer a diaconia seguindo o exemplo de
Cristo, o servo por excelência. Por sua vez, todo obreiro é chamado à gastar sua vida a
serviço de Deus e dos homens, independente do lugar onde se encontrar, no contexto

72
da profissão que exerça. Faz parte do ministério diaconal, manter os padrões de
justiça, integridade, honestidade e dignidade humana, apresentando ainda o amor de
Deus à uma sociedade que não aceita mais estes valores.

5
ATENDENDO AS NECESSIDADE DA COMUNIDADE
Uma vez que compreendemos as diferenças conceituais entre o evangelismo e a
ação social, podemos concluir que, embora o modelo de evangelho social não se
aplique a nossa realidade, a ação social caminha lado a lado como a evangelização.
Não podemos nos concentrar na evangelização, excluindo a preocupação com o
social, muito menos fazermos do ativismo social um substituto da evangelização.
É preciso estabelecer uma relação entre os dois, envolvendo-nos profundamente
com a vida em sociedade, imaginando-nos em sua cultura e seus problemas,
colocando-nos em lugar daqueles que sofrem, nos solidarizando com suas dores a
exemplo do que fez Jesus. Agindo desta maneira, atenderemos a nossa missão já há
muito reconhecida e declarada no pacto de Lausanne:
Afirmamos que Cristo envia seu povo redimido para o mundo,
assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de
igual modo profunda e sacrificial” (Pacto de Lausanne - parágrafo
6).

Assim como a proclamação do evangelho não pode ser vista de maneira isolada,
não podemos manter-nos isolados da sociedade, antes devemos nos aproximar
estrategicamente a fim de nos estabelecermos como igreja de Cristo presente
no mundo.
Entre as características que precedem e outras que sucedem o trabalho do
obreiro no ceio da sociedade, podemos destacar a presença. Não é possível se
colocar no lugar daqueles que estão passando por situações difíceis se nos
mantivermos na abstração da teoria. É preciso uma aproximação física para que
o serviço do obreiro seja colocado em prática. Uma vez presente na sociedade, a
característica que se segue a ação evangelística é a persuasão.

73
________________________________
12 O Pacto de Lausanne foi um grande congresso mundial de
evangélicos que ocorreu em 1974 em Lausanne, Suíça, onde foi criado um
comitê mundial das igrejas evangélicas.

6
ESTRATÉGIAS DE APROXIMAÇÃO
C. Peter Wagner, em seu livro Frontiers in Missionary Strategy (Fronteiras em
Estratégia Missionária), transmitiu de maneira didática clara três etapas da
evangelização às quais ele deu o nome de “evangelização 3-P” “presença, proclamação
e persuasão” (WAGNER, 1971 p. 154).
O obreiro no exercício de seu ministério, é uma extensão da igreja onde quer que se
encontre, e portanto portador das verdades que Deus quer apresentar ao homem.
Logo sua presença física entre os membros da comunidade com a qual se pretende
trabalhar é de fundamental importância.
Contudo a prática de uma abordagem social, requer alguns cuidados até que se chegue
a proclamação destas verdades. Disto depende o sucesso do serviço de obreiro:
1. Em nenhuma iniciativa, quer seja de evangelismo, quer seja de mera
ajuda ao próximo, o obreiro deve se apresentar como dono da
verdade, antes com humildade deve adotar uma postura de troca de
conhecimentos e experiências, de maneira a ganhar gradativamente
a confiança daqueles que são alvo de seus reis cuidados e
preocupações fraternas;

2. Aqueles que estiverem inseridos em um projeto comunitário devem


apresentar a igreja como parceira da comunidade na caminhada que
juntas pretendem trilhar;

3. Qualquer que seja o projeto a ser implantado, deve ser aberta a


oportunidade para que a comunidade tome parte no processo de

74
implantação, bem como nas primeiras decisões, execução e
acompanhamento dos resultados e avaliação;

4. O alvo inicial de toda ação de obreiro em uma sociedade deve ser


implantado com base em suas necessidades, apuradas por meio de
dados obtidos através pesquisas antecipadas.

7
ATUANDO NAS DIVERSAS FRENTES
Na implantação de um projeto comunitário, após a primeira aproximação, a
ação do ministério de obreiro deve se concentrar em pontos específicos dos
problemas levantados:

1. Nas causas da violência,


2. Nas causas das desigualdades sociais,
3. Nos casos de desrespeito aos direitos humanos,
4. Em ações de combate ao desemprego,
5. Na implementação de ações de geração de rendas e tudo mais
que colaborar com a miséria social e econômica.

A ação social requer uma real ação do obreiro direcionada à remoção da origem
das necessidades. Quando isto ocorre, há transformação de estruturas e luta por
justiça, renasce a esperança. Na prática, a atuação diaconal deverá ter os seguintes
propósitos:
1. Despertar o desejo de comprometimento com a causa;

2. Criar fóruns de debates sociais que oportunize a formação de uma


consciência política na comunidade, por meio da educação a fim de que
possam exercer a cidadania de maneira responsável assumindo posições
estratégicas na sociedade;

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3. Incentivar os moradores a conhecer as propostas e práticas dos
candidatos representantes da comunidade se houver;

4. Estimular a consciência crítica frente a realidade política;

5. Favorecer e apoiar às organizações já existentes, incentivando e


ajudando na formação de novas organizações populares;

6. Certificar-se de que não haja mecanismos discriminatórios ou de


violação dos direitos humanos, buscando ajuda de ONGs especializadas
e autoridades quando surgir situações semelhantes;

7. Apresentar e ensinar critérios de análise da realidade, de maneira que


estes por si mesmos possam fornecer um feedback quando o projeto
estiver em andamento;

8. Incentivar a criação e manutenção de um espírito de cooperação;

9. Desenvolver métodos para participação direta da comunidade no


projeto, estimulando a participação e o senso de independência;

10. Fortalecer a fraternidade e a vida nos moldes dos laços cristãos de amor
a simplicidade.

O envolvimento do corpo de obreiro nas ações de cunho social é visto por parte da
comunidade envolvida como prova de piedade, amor, compaixão, empatia e também é
uma forma de adoração a Deus.
A estas ações voltadas para o próximo, Manfred Grellert denomina verticalismo e
horizontalismo. Segundo Grellert, o verticalismo desemboca em compromissos
horizontais para com o próximo, o que também revela um verdadeiro compromisso
com Deus:

76
O verticalismo, via de regra individualista, vê a missão da igreja
restrita a salvação de almas dos indivíduos que devem ser
encaminhados ao céu. Sua postura é mais contemplativa e
pietista. Sua preocupação é com os pecados pessoais, ganhar
almas para Cristo e fugir das máculas do mundo que jaz no
maligno. É um cristianismo sem compromisso com o mundo de
Deus. O horizontalizmo, por outro lado, via de regra praxístico,
considera que o evangelho deve se aplicar aos problemas
socioeconômicos e políticos do mundo, que o maior pecado é o
pecado social, matriz dos pecados pessoais, e que ser cristão é
lutar para que neste mundo surjam sinais evidentes do Reino de
Deus. Alguns sonham em trazer o Reino de Deus a este mundo. É
muitas vezes um cristianismo sem compromisso com a revelação
divina, a igreja de Cristo e a conversão cristã (GRELLERT, 1987
p.64)

Historicamente, os movimentos pentecostais originados em comunidades carentes não


apresentam preocupação em explicar a relação entre a evangelização e a
responsabilidade social. A solução para as questões sociais mais complexas, durante
muito tempo foram vistas pelo ângulo dos milagres, sendo apresentadas como solução
apenas as orações, os clamores e os testemunhos, e não a conscientização e
engajamento político. Este é um exemplo de comportamento verticalista, de
contemplação pietista. É preciso reformular a responsabilidade social da igreja nas
comunidades pobres. Nestes lugares a ação obreirato deve decorrer da necessidade de
todos pois em geral, as condições de habitação são precárias, os meios de transportes
limitados, e as injustiças afetam toda a coletividade.

77
8
COMPREENDENDO A ESTRUTURA DO TRABALHO DE AÇÃO
SOCIAL
Em particular aos que pareciam de maior influência para não correr ou ter corrido
em. Gálatas 2:2

9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não
houvermos desfalecido.

10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos
domésticos da fé. Gálatas 6:9,10

Passemos então a propostas mais práticas que podem ser iniciadas dentro da
própria igreja e/ou congregação para estender-se posteriormente a toda a
comunidade.
1. A primeira consideração deve ser baseada no ensinamento bíblico
contido na epístola do apostolo Paulo aos Gálatas: Nenhum
trabalho ou projeto, seja um simples evangelismo, estudo em
grupo ou grandes ações de assistência social, deve ser levado a
campo sem um prévio planejamento, coordenação e execução
primeiramente entre as famílias da igreja. A igreja funcionará
como um termômetro do projeto e nos dará um feedback
apresentando as possíveis falhas de execução;

2. O segundo passo a ser dado é a realização de um levantamento


estatístico das famílias necessitadas da Igreja;

3. Feito isto, deve a equipe providenciar o suprimento material para


as famílias relacionadas. Em algumas denominações, em cultos de
Ceia, é recolhido alimentos, bem como outros bens que serão
destinados para este fim;

78
4. Posteriormente, deve ser realizado um levantamento dos pedidos
que sejam referentes a famílias não pertencentes à igreja, com
vistas a estender o projeto para a comunidade;

5. A equipe de projetos sociais devem encabeçar campanhas


visando estimular a participação de toda a igreja no programa de
assistência social, através de donativos e serviços;

6. O corpo de obreiro deve preparar e manter um cadastro atualizado


das pessoas e/ou famílias atendidas pela igreja, sejam estes
membros da igreja ou não.

7. A equipe de trabalho precisa contar com membros que tenham


acesso a serviços públicos de assistência social, para onde deverão
encaminhar as pessoas em eventuais necessidades;

8. Deve-se manter um responsável pela previsão orçamentária de cada


projeto, a fim de se certificar de que realmente é viável, e também
para que possa de maneira transparente responder perante a
tesouraria da igreja;
9. O modelo básico de projeto de assistência social tem como primeira
atividade atender as necessidades de ordem material, e portanto,
devem providenciar meios para aquisição de alimentos, roupas ou
remédios.
Uma coisa importante deve ser observada: Quaisquer donativos em dinheiro devem
ser evitados. Não sendo possível evitá-los, e havendo empresários dispostos a
colaborar periodicamente com o projeto, é necessário que haja uma associação que
responda juridicamente pelo donativo recebido perante a igreja. Embora a igreja não
deva se parecer com uma agência que possua clientes e sim um corpo que possua
membros, ainda assim, cercar-se de legalidade jurídica para colocar em prática seus
atos, é um princípio fundamental para a implantação de ações assistenciais bem
sucedidas.
Ao radicalizar a visão pietista, a igreja limita-se ao evangelismo, reduzindo a missão do
obreiro ao testemunho verbal, contudo, isto não pode ser considerado a missão

79
principal do obreiro, visto que este não é o ministério da palavra e sim assistencialista.
A igreja precisa viver a missão integral que consiste em mais do que evangelismo e
assistencialismo.
Missão integral para a igreja é saber como utilizar o assistencialismo e o evangelismo
simultaneamente para alcançar os propósitos de Jesus para sua igreja.

9
AVALIANDO AS MOTIVAÇÕES
Para que o corpo de obreiro exerça um trabalho em consonância com a visão
missionária da igreja, dois aspectos devem ser observados englobando a
evangelização e a ação social e vice-versa:

1. É dever de toda a igreja proclamar a mensagem de salvação por


meio pela fé em Jesus Cristo, mediante o arrependimento dos
pecados, bem como convocar a todos os homens e mulheres a
juntarem-se à comunidade dos salvos, à igreja, ao Reino de Deus;

2. É dever da igreja no cumprimento de sua missão integral,


colaborar para que o mundo seja cada dia melhor, conforme a
vontade do Criador, por meio da antecipação e expansão do
reino de Deus e seus valores.

Para um trabalho eficaz, é preciso haver além das reuniões administrativas,


reuniões de cunho espiritual onde as motivações sejam constantemente revistas e
avaliadas. Os parâmetros para avaliação da motivação são simples e devem
considerar a aparição dos seguintes aspectos:

1. MOTIVAÇÕES ERRADAS:
1. Ausência real de motivações;
2. Competitividade;

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3. Empreguismo dentro do projeto;
4. Ativismo sem causa;
5. Modismo;
6. Disponibilidade de verbas ociosas;
7. Isca para evangelização;
8. Manipulação política, ocupação de
espaços e autopromoção.

2. MOTIVAÇÕES CORRETAS:

1. A imitação do caráter de Cristo, (Mt 9:35)


2. Identificação com os empobrecidos, (Mt 9:36)
3. A realização da Missão integral da Igreja, (Mt 10:7)
4. O socorro cristão e o amor misericordioso aos que sofrem (Mt 10:8).

10
CONTEMPORANEIDADE DAS AÇÕES COMUNITÁRIAS
Uma correta aplicação do ministério da palavra e do obreirato, terá como resultado
uma igreja contemporânea ativa.
O funcionamento sincronizado entre os ministérios da igreja faz com que a atenção se
desvie de temas há muito discutidos exaustivamente por grandes teólogos, levando a
igreja a discutir questões atuais e pertinentes a sua missão neste mundo. É sair da
teoria para a prática, é viver o aqui e o agora.
Os sermões que tem como base a vivência encontrada nas ações de diaconia da igreja,
realizada por meio de seus programas e projetos em geral versam sobre a violência, a
arbitrariedade, exploração do trabalho e outras questões que estão nas manchetes dos
jornais, ocasião em que poderá ser lançados desafios, bem como apresentadas
soluções a luz da palavra de Deus, e ainda levantado um clamor em prol da nação e de
outros países que enfrentam problemas sociais semelhantes. Estes temas poderão

81
ainda aparecer em palestras e estudos. Isto é contemporaneidade e vivência do
evangelho.

11
ATENUANDO AS DESIGUALDADES SOCIAIS
Falar em atenuar as desigualdades sociais com ações diaconais pode parecer
utopia, no entanto, uma observação criteriosa de alguns estudiosos verificou-se
que os projetos sociais desenvolvidos por iniciativas das igrejas podem abranger no
mínimo três aspectos diferentes. Para Manfred Grellert estes aspectos são:

1. Assistencialista, ou pejorativamente, de paternalista.


2. Instrutivo ou educativo
3. O método participativo (Grellert; 1987 p.34).

Já Robinson Cavalcanti, no livro – Igreja: Agência de Transformação Histórica sugere


que se as transformações sociais podem sofrer intervenções de ações diaconais da
igreja por três aspectos diferentes:

1. Projetos de Filantropia,
2. Projetos de Desenvolvimento e
3. Projetos de Ação Política (Cavalcanti; 1987 p.43)

Ronald J. Sider, concorda com esta visão de intervenção da igreja a fim de atenuar
as desigualdades sociais existentes ao afirmar que Deus se identifica com os
pobres. A identificação de Jesus com os pobres e miseráveis foi, segundo ele, um
sinal de que realmente era o Messias. Quando a igreja reproduz os passos do
Mestre, é identificada como a verdadeira igreja de Cristo.
O texto de Mateus 25.40, deixa claro a responsabilidade que temos em um mundo
onde milhões de nossos semelhantes morrem de fome a cada ano, enquanto
cristãos abastados, permanecem indiferentes. A igreja precisa intervir nesta

82
realidade e a forma como fará isto é por meio das ações diaconais nas
comunidades.
O ministério da palavra precisa trabalhar em conjunto com a diaconia para que não
se ofereça apenas o pão espiritual às pessoas que padecem de fome física.

83
MÓDULO 5
AS ORDENANÇAS DA IGREJA CRISTÃ

1
O OBREIRO E AS ORDENANÇAS DA IGREJA CRISTÃ
As ordenanças deixadas por Cristo à igreja, na qual os diáconos obreiros tem sua
participação direta e ativa, devem ser objeto de estudo a parte, dadas as inúmeras
discussões que geraram no decorrer da história, em razão de suas inúmeras
interpretações e falta de consenso.
Segundo Berkhof (1992, p. 217-218), Peter Lombard nomeou sete sacramentos
adotados pela igreja católica a partir de 1439, no Concílio de Florença a saber:
ordenação, confirmação, matrimônio, extrema unção, penitencia, batismo e eucaristia
(comunhão, Ceia).
No entanto, a discussão em torno dos sacramentos se intensificou no período da
Reforma do século XVI, e a maior parte dos reformadores aceitou apenas dois
cerimoniais dos sete reconhecidos pela igreja católica por considerar que estes
realmente foram ordenanças deixadas por Cristo à igreja, a saber: o batismo e a Ceia
do Senhor.
Embora a igreja católica romana tenha aceito a ideia de que sete sacramentos devem
ser observados, contudo, as igrejas reformadas em sua maioria discordam deste ponto
de vista.
Existe uma unanimidade entre as igrejas cristãs reformadas a respeito das ordenanças
deixadas por Jesus para ser realizadas pela sua igreja e aceitas pelos reformadores.
Calvino apresenta a seguinte concepção a respeito das ordenanças denominadas por ele
como sacramentos:

É um sinal exterior pelo qual o Senhor representa para nós e nos


testifica a Sua boa vontade para conosco, para sustentar,
confirmar e fortalecer a nossa fraca fé. [...] Não há sacramento
sem promessa de salvação. Nunca. Todos os homens juntos não
saberiam nem poderiam garantir coisa alguma quanto à nossa

84
salvação. Logo, não podem, eles mesmos, ordenar nem planejar
nenhum sacramento. Por isso a igreja cristã se satisfaz com estes
dois [Batismo e Santa Ceia]. E não somente não admite nem
aprova nem reconhece no presente, mas também não deseja
nem espera jamais um terceiro, até a consumação do século.
(CALVINO 2006, p. 141)

O Batismo e a Ceia do Senhor não são meramente rituais realizados com base na
tradição. A prática destes dois atos pela igreja, constitui-se o cumprimento de uma
ordem claramente expressa por Jesus, deixada à igreja.
19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei
sempre com vocês, até o fim dos tempos". Mateus 28:19,20

Também lhes foi ordenado participarem regularmente da Ceia do Senhor,


conhecida também como comunhão, a exemplo da comunhão de Cristo no partir
do pão entre os discípulos pouco antes de sua morte:

24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado
em favor de vocês; façam isto em memória de mim".
25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice
é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em
memória de mim".
26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês
anunciam a morte do Senhor até que ele venha. 1 Coríntios 11:24-26

Essas ordenanças, o batismo e a ceia, embora simbólicas, foram deixadas por


Jesus para ajudar a nossa fé de duas formas:
1. Retratando as realidades invisíveis e espirituais; e
2. Apontando para Cristo como o suficiente Salvador, cuja volta é
iminente.

85
Necessitamos da prática destas ordenanças para evitarmos o enfraquecimento da
nossa fé. Estas ordenanças quando praticadas, remetem-nos às coisas espirituais as
quais representam, e que não vemos fisicamente; e lembram-nos que devemos crer
sem tê-las visto (Jo 20:29; 2Co. 5:7).
A ordenança do batismo é como uma aliança matrimonial, representada pelo anel
usado na mão esquerda, que embora não faça da pessoa que o usa, uma pessoa
casada; contudo, simboliza um casamento que já aconteceu indicando que a pessoa
que o usa pertence a outro. Assim também o batismo é proposto como símbolo de um
relacionamento firmado com o Senhor Jesus Cristo, um testemunho público da
salvação, não um meio ou condição para a salvação. É uma representação física da
mudança interior que já aconteceu na vida do crente.
De igual modo, a Ceia do Senhor não possui poder salvífico em si, todavia, todas as
vezes em que dela participamos, cumprimos esta ordenança anunciando por meio da
simbologia do corpo e do sangue de Cristo, a sua morte, até que este venha
novamente para levar-nos para junto de Si. É importante saber que, os primeiros pais
da igreja reconheciam o batismo e a ceia do Senhor como os principais ritos antes que,
Peter Lombard (1100-1164) no século XII, em seu Book of Sentences (Livro de
Sentenças), definisse como sete o número de sacramentos. No entanto, mais de mil
anos depois de Cristo, nenhum autor cristão reconhecido afirmara que eram sete as
ordenanças. Por tudo isto a igreja reformada reconhece apenas as duas ordenanças já
citadas. Para estas igrejas, o cristianismo bíblico não é ritualista nem sacramental pois;
o sacramento crê que uma graça divina especial é concedida aos pacientes de certos
rituais prescritos, contudo é consenso entre os teólogos cristãos reformados que o
batismo em águas e a ceia do Senhor devem ser compreendidas como ocasiões
memoriais. Não há poder salvífico na realização mecânica desses atos. O recebimento
da bênção depende do estado do coração (Eclesiologia e Missiologia – IBADEP, 2014 p.
46).

2
O BATISMO
Como já vimos, as ordenanças da igreja são ritos simbólicos que exteriorizam
situações vividas e compromissos assumidos; estabelecendo assim mais uma vez as
verdades sobre as quais está fundado o cristianismo.

86
Enquanto o batismo nas águas é o rito de ingresso na igreja cristã, simbolizando o
começo da vida espiritual, realizado apenas uma vez; a Ceia do Senhor é o rito de
comunhão que indica a continuidade da vida espiritual, por isto mesmo deve ser
celebrada periodicamente. O batismo sugere a fé em Cristo, e a ceia, a comunhão
com Ele. O método batismal adotado pela Igreja Evangélica Assembléia de Deus é a
imersão, simbolizando a morte, o sepultamento e ressurreição com Cristo (Rm 6.1-
4).
Sendo o batismo em águas, o rito de ingresso da pessoa à igreja visível, terrena e
local; o mesmo substitui qualquer outro meio de profissão de fé pública, como os
usados por denominações que adotam o batismo infantil; ocasião em que a criança
não pode professar sua fé publicamente e portanto, precisa fazê-lo posteriormente
já em idade adulta por outros meios. O batismo é um testemunho público do
crente, e sua simbologia se dispõe da seguinte forma:

1. A descida do candidato às águas figura sua morte com Cristo


2.
Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus,
fomos batizados em sua morte? Romanos 6:3

A imersão nas águas figura o sepultamento com Cristo do velho homem, a velha
criatura.
Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de
que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do
Pai, também nós vivamos uma vida nova. Romanos 6:4

O emergir das águas representa sua ressurreição com Cristo em novidade de vida.
Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição. Romanos 6:5

87
3
ASPECTOS DO OBREIRO NO BATISMO
O batismo é uma das ordenanças do Senhor à igreja, e o corpo de obreiro também
deve atuar em apoio ao ministério pastoral nesta situação. Os obreiros podem auxiliar
de diversas maneiras aos que vão passar pelo batismo.
Este auxílio prestado pelos obreiros nesta ocasião é de grande colaboração, pois, na
qualidade de crentes experientes em Cristo Jesus, poderão ajudar de muitas formas
aos que irão se batizar e também após haverem se batizado, a exemplo de Felipe que
atuou tanto na evangelização de outras pessoas, como na instrução para o batismo
ministrado ao importante funcionário da rainha de Candace.
Claramente observa-se então três situações em que o obreiro deverá atuar em sua
missão de ajudar aqueles que estão se alistando definitivamente nas fileiras do
exército do Reino de Deus por meio do batismo: Antes, durante e após o ato batismal.

No exercício desta ordenança, o obreiro possui um papel fundamental, visto que existe
toda uma logística por trás de um ato batismal, e é responsabilidade do corpo de
obreiro o preparo logístico para tal ato.
Duas situações devem ser consideradas: Os batismos em lugares fechados e batismos
em lugares abertos. Os batismos em lugares fechados são realizados em tanques
batismais próprios, existentes no interior de algumas igrejas, também conhecidos
como batistérios. Estes tanques tornam mais prático o ato do batismo, e embora retire
parte de sua beleza por retirar deste o caráter público, restringindo-o aos presentes na
cerimônia, para a diaconia, representa menor trabalho a ser desempenhado. A
segunda situação diz respeito ao batismo realizado em lugares abertos como: rios ou
lagoas ou mares. Estes necessitam de uma atuação mais dinâmica por parte da
diaconia por acontecer ao ar livre.

1. BATISMOS EM LUGARES FECHADOS


Como já foi dito, a diaconia tem pouco trabalho logístico quando os batismos
acontecem em lugares fechados. Faz parte dos deveres dos obreiros nesta situação:

88
1. Escalar previamente aqueles que deverão assistir aos oficiantes
do batismo em suas necessidades;
2. Verificar se existem roupões suficientes para todos os que irão se
batizar;
3. Verificar antecipadamente o nível de água do batistério;
4. Preparar um local adequado para que os candidatos ao batismo
troquem de roupa antes e após haverem se batizado, escalando
mulheres para auxiliar as mulheres e homens para auxiliar aos
homens em lugares separados;
5. Segurar o microfone para o pastor, nunca permitindo que este o
faça em razão de estar em contato com a água e correr riscos
desnecessários.
As funções dos obreiros em batismos desta natureza não vão muito além das que
aqui foram citadas, contudo certamente o batismo ocorrerá no decorrer de um
culto, e portanto, outras atividades comumente exercidas pelos obreiros em dias
normais de culto precisarão acontecer naturalmente.
Para tanto se faz necessário uma escala de trabalho normal, advertindo aqueles
que estiverem escalados sobre qualquer procedimento anormal a ser desenvolvido
nesta ocasião.
Obs. Estas escalas de trabalho deverão ser fixada no quadro mural da igreja, em
lugar visível, por meio digital de maneira que todos tenham acesso e saibam
antecipadamente seus compromissos.

2. BATISMOS EM LUGARES ABERTOS


A organização de batismos em lugares abertos requer muito mais dos obreiros.
Batismos a serem realizados em rios, lagos ou mares precisam de atenção especial
para que não percam o caráter formal, mesmo em meio às muitas peculiaridades que
envolvem o ato batismal em um lugar publico. Nestas ocasiões o trabalho do obreiro
envolve a preparação logística que deverá funcionar sem alterações para que tudo
ocorra normalmente. Os obreiros devem desempenhar sua parte nos preparativos
necessários para essa cerimônia, a fim de que não haja confusão ou atraso. Este
trabalho logístico envolve:

89
1. Escalar uma equipe composta por homens e mulheres que assistiram
aos batizados em suas necessidades.
2. Providenciar sanitários sépticos, guaritas fechadas ou veículos
apropriados ou ainda outro lugar onde as pessoas possam trocar suas
roupas com privacidade e segurança.
3. Verificar junto aos responsáveis pelos equipamentos sonoros da
igreja, a possibilidade de deslocá-los até o local do batismo, e/ou
comunicar a necessidade de locação de equipamentos adequados
para a ocasião. Deve se ter em conta que o batismo em um lugar
aberto, é um culto público, com características ainda mais especiais.
4. Verificar as necessidades de locação de veículos para deslocamento
daqueles que serão batizados.
5. Antes do batismo, explorar devidamente o local evitando assim
surpresas desagradáveis como animais, poluição, desníveis no solo
etc...
O auxílio de caráter espiritual que pode ser prestado pelos obreiros tanto antes,
quanto durante e após o batismo, já foram mencionados e independente de onde o
batismo aconteça, o diácono deverá estar pronto para auxiliar o candidato e/ou recém
batizado com a mesma presteza.

5
A CEIA
A Ceia do Senhor, também conhecida como comunhão, é assim como o batismo,
outra ordenança deixada pelo Senhor Jesus em um período já avançado de seu
ministério, mais precisamente na noite em que foi traído (Mt 26.26-30).
Historicamente, os obreiros são responsáveis pela distribuição equitativa dos
elementos da ceia entre aqueles que dela irão participar. Por isto mesmo é
importante conhecer com segurança seus fundamentos e a razão pela qual é
realizada regularmente.
A ceia é celebrada em memória de Jesus Cristo conforme sua ordenança:

E, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor
de vocês; façam isto em memória de mim". 1 Coríntios 11:24

90
A prática desta ordenança constitui um momento solene, de grande renovo espiritual
a todos os que dela participam. É um momento em que os pensamentos devem estar
voltados para Deus, e portanto, nenhuma anormalidade deverá prejudicar a
comunhão daqueles que estão participando, e precaver-se de todas as formas para
que incidentes não venham a acontecer é também função dos obreiros.
A celebração da ceia é, por excelência, um ato de fé. A fé da Igreja em Cristo Jesus,
é celebrada na Santa Ceia e realimentada, de modo particular, à mesa da comunhão.
O reavivamento da fé na vida do povo de Deus, torna ainda mais profunda a
participação da igreja na vida eclesial por meio de uma adesão convicta à missão que
Cristo confiou aos seus discípulos. Por isto mesmo, a Ceia é um ato primordial na
vida da igreja Cristã.
Os elementos da ceia (Pão e vinho), quando recebidos pela fé, conferem ao cristão
os benefícios espirituais da morte de Cristo, gerando uma verdadeira comunhão
com o Senhor como escreveu o apóstolo Paulo:

E que o cabelo comprido é uma glória para a mulher? Pois o cabelo comprido foi lhe dado
como manto.

Mas se alguém quiser fazer polêmica a esse respeito. 1 Coríntios 11:15,16

6
DOUTRINAS SOBRE A CEIA DO SENHOR
Durante anos diversas interpretações doutrinais foram atribuídas à ceia, sendo
admitidas por umas e outras denominações, dado o fato de que cada uma apresenta
um parecer diferenciado sobre os elementos da ceia embora todas tenham como
ponto comum a identificação dos elementos com o corpo de Cristo.

91
7
O OBREIRO NO CERIMONIAL DA CEIA
De posse das informações acerca deste lindo cerimonial repleto de simbolismos
que nos trazem a memória a salvação a nós concedida pelo sacrifício de Cristo; que
nos leva a comunhão com Jesus Cristo e com membros de sua igreja por meio da
participação coletiva no seu corpo e sangue, e ainda; memorial que lembra de suas
palavras nos garantindo mais uma vez seu retorno a fim de levar-nos ao seu reino
onde cearemos outra vez com Ele, deve do obreiro cercar-se agora dos cuidados
administrativos para a participação na realização deste ato tão importante na vida
da igreja.
Vejamos alguns cuidados que os obreiros deverá tomar antes de servir a ceia:

❖ CUIDADOS COM A HIGIENE E ASSEIO PESSOAL:

1. Deve o diácono apresentar-se para o exercício de suas funções


ministeriais na distribuição da ceia sempre limpo e arrumado. Seu
preparo para esta ocasião deve ser feito com o esmero que a
cerimônia requer;

2. Deve ser dada atenção especial para com a higienização das


mãos, pois será objeto de muitos olhares quando estendê-las
afim de servir aos irmãos. Unhas limpas e bem cortadas
apresentam um sinal de higiene correta e transmitirá confiança
em seu trabalho;

3. Esteja sempre barbeado, com cabelos limpos, curtos e bem


penteado. Este é um procedimento padrão entre os obreiros, de
maneira que esta recomendação não se aplica apenas para esta
ocasião. Este deve ser um cuidado costumeiro do diácono;

4. O uso de perfumes e/ou desodorantes embora recomendado,


deve ser cuidadoso. Perfumes demasiadamente fortes devem ser
evitados. Também é preciso cuidado para que as mãos não

92
estejam perfumadas, visto que o perfume poderá passar para os
elementos da Ceia, e/ou vasilhas utilizadas;

5. Evite participar no serviço da Ceia se estiver gripado ou resfriado.


Além do risco de contaminação dos elementos, transmitindo um
vírus de forma coletiva, as características destas doenças
ocasionais podem colocá-lo em sérios apuros durante o serviço,
ocasião em que, tendo as duas mãos ocupadas, não poderá
limpar-se adequadamente caso seja necessário, e isto não será
visto com bons olhos pelos participantes.

❖ CUIDADOS COM A INDUMENTÁRIA:

1. Vestir-se adequadamente também não é um procedimento que se


aplica apenas nesta ocasião. Durante a análise dos comportamentos
éticos do diácono esperados do diácono em sua conduta pessoal, já
aprendemos que, em virtude do ministério que exerce, o diácono
deve vestir-se adequadamente, dentro de suas possibilidades
financeiras,

2. Faz parte da adequação da indumentária do diácono que suas roupas


estejam impecavelmente limpas e passadas. O paletó deve estar
abotoado. Caso não use paletó (o que é comum em algumas igrejas)
a gravata deverá estar devidamente presa para que não toque o pão
ou o vinho, tampouco toque os irmãos, o que seria anti-higiênico e
antiético;

3. É importante que, ao vestir-se, evite o diácono prefira roupas


sóbrias, evitando as de cores fortes e espalhafatosas que chamariam
a atenção mais para si do que para o momento formal e reverente da
Ceia do Senhor.

❖ CUIDADOS NO PREPARO ANTECIPADO DOS ELEMENTOS:


O responsável pelo corpo de obreiro deverá escalar aqueles que tomarão parte no
preparo, bem como na distribuição dos elementos da ceia, especificando a função de cada
escalado.

93
Logo entendemos que a participação do obreiro ocorre antes, durante e após o cerimonial
da Ceia. Sendo assim, é responsabilidade do obreiro:

1. Preparar com antecedência os elementos da Santa Ceia: o pão e


o suco de uva, bem como os recipientes que serão usados;

2. Avisar antecipadamente a quem for o responsável pela aquisição


destes, sempre que estiver em falta;

3. Verificar se os materiais necessários (pão, vinho/suco de uva) foram


providenciados. É de fundamental importância que seja feita esta
observação o quanto antes. Como geralmente a ceia acontece em
fins de semana, caso o material necessário ainda não tenha sido
providenciado, correr-se-á o risco de encontrar dificuldades na
aquisição dos elementos de ultima hora, dado o fato de que parte do
comércio se encontra fechada nestes dias;

4. Verificar se as vasilhas que serão usadas no preparo e distribuição da


Ceia, estão devidamente higienizadas, providenciando sua
higienização caso necessário;

5. Estender os cuidados e atenção para com o templo, verificando a


existência de toalhas e sabonetes para que os ministros possam lavar
as mãos antes de tocarem o pão;

6. Verificar a limpeza do templo, e o alinhamento dos bancos em igrejas


que os possuir. Constatado a necessidade de refazer a limpeza em
algum lugar, deve o próprio diácono proceder para com a limpeza e
higienização do local. Caso seja necessário mudar alguma coisa na
posição dos bancos ou mesas para a cerimônia da Ceia, este também
será o horário adequado. É importante nunca deixar para arrumar a
noite quando o culto estiver próximo de iniciar e já estiverem
chegando os primeiros irmãos;

7. De posse dos elementos, distribuir cuidadosamente o vinho em cada


um dos cálices, cuidando para que estes não estejam
demasiadamente cheios para que não venham a derramar na hora da
distribuição, bem como não estejam muito vazios. Deve-se manter

94
uma regularidade na hora de enchê-los. É importante também o
cuidado para com a quantidade de cálices cheios, para que não
venha a faltar ou sobejar em excesso;

8. Verificar as condições das vasilhas que serão usadas para a


distribuição do pão;

9. Em uma mesa previamente preparada, em geral a frente do


púlpito, acondicionar as bandejas com os cálice de vinho/suco de
uva e também o pão que deverá estar inteiro para ser repartido
pelos ministros ou já devidamente repartido em pequenos
pedaços, prontos para ser servido, conforme o costume de cada
igreja.

10. É costume de algumas igrejas usar ainda outras vasilhas com as


quais alguns diáconos vão logo após aqueles que vão distribuindo,
recolhendo os cálices já vazios.

11. Há ainda casos de igrejas menores onde, ao receber os cálices,


todos os que irão participar esperam pelo sinal do oficiante da
ceia para que todos o façam ao mesmo tempo. Neste caso, os
cálices serão recolhidos pelos diáconos depois de finalizado o
culto, embora este não seja um procedimento muito adequado,
visto que em geral ocorrem transtornos para o recolhimento dos
cálices vazios.

12. Feito estes procedimentos, verifique mais uma vez se a mesa


encontra-se devidamente preparada, todos os cálices de todas
bandejas devidamente cheios, o pão e as vasilhas
adequadamente acomodados;

13. Uma vez constatado que a mesa está preparada, com uma toalha
reservada para este fim, cubra a mesa que apenas será
descoberta outra vez no momento da celebração e distribuição
da Ceia.

95
8
SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE DA CEIA

Antes de colocar-se a serviço da distribuição da Ceia, é preciso que o obreiro


certifique-se por meio da leitura do protocolo da igreja, ou junto de seu pastor caso
a igreja ainda não possua um protocolo para o corpo de obreiro, sobre qual é o
posicionamento com relação a distributividade da ceia. Existem vários
entendimentos a respeito da distribuição da ceia, pois há diferenças entre as igrejas
evangélicas até mesmo dentro de uma mesma denominação com relação a quem
pode ou não participar da ceia. Contudo falaremos agora a respeito dos principais
entendimentos adotados e cabe ao diácono certificar-se de qual o procedimento
adotado por sua igreja, embora seja praxe que o pastor ao celebrar a ceia
mencione qual o procedimento da igreja para que os presentes tenham
conhecimento.
Os principais critérios adotados pelas igrejas para a distribuição da ceia são quatro:
Ceia Ultra livre; Livre; Restrita e Ultrarrestrita.

1. CEIA ULTRA LIVRE


Também conhecida como ceia aberta ou ampla (open), nesta ceia, qualquer
pessoa pode participar. Em geral é oferecida a todos os que professam ser
salvos "só pela fé, só em Cristo, sem obras" e crer "só nas Escrituras", todavia
nos últimos tempos algumas igrejas liberais/ecumênicas estão abrindo a ceia
para toda a "cristandade" (incluindo alguns romanistas, etc.). Neste caso, a
Ceia Ultra Livre é servida não apenas àqueles que professam uma fé exclusiva
em Cristo e crença exclusiva nas escrituras. Trata-se de uma distribuição a
todos que se encontram presente no ato de sua celebração. Este critério é
adotado pelas igrejas consideradas “carismáticas” que não fazem distinção
entre crentes e não-crentes. Isto agrada a todos, pois não discrimina os que
ainda não se converteram. Porém, não é aceito na maioria das igrejas

96
protestantes que consideram o fato de que Jesus celebrou a ceia
exclusivamente para os doze e não para a multidão.

2. CEIA LIVRE
A Ceia livre embora tenha este nome, não é totalmente livre, uma vez que
se restringe àqueles que reconhecidamente são membros de qualquer
denominação evangélica reformada. As igrejas que adotam este critério e
o defendem, alegam que todos os evangélicos foram transformados pelo
poder do Senhor Jesus e, com isso, não deve haver restrição a qualquer
crente. Apenas não participaria da ceia aqueles que ainda não estão
salvos.

3. CEIA RESTRITA
Por este critério, a ceia deverá ser servida apenas para crentes que sejam
membros da mesma fé e ordem doutrinária, ou seja, para aqueles que
além de professar a mesma fé em Cristo, faça parte da mesma
denominação que está celebrando a ceia, ainda que o participante seja
visitante, membro de outra igreja co-irmã por residir em outra cidade,
estado ou país. É portanto uma ceia restrita aos membros da
denominação, independente de seu local de residência.

4. ULTRA RESTRITA
Conhecida como Ceia Fechada (closed), é exclusiva para membros da
igreja local onde estiver acontecendo o cerimonial, e que não esteja sob
disciplina. Mesmo que participante seja membro da mesma denominação e
portanto, professe a mesma fé e siga a mesma ordem doutrinária, contudo,
se for de outra localidade (campo eclesiástico), não poderá participar da
ceia, visto que há a possibilidade de o mesmo não estar em comunhão com
sua igreja e portanto sem condições para tal. As igrejas que adotam este
critério realizam a ceia em cultos com horário especial, e a este culto
somente os membros da igreja local (e em plena comunhão com ela) têm
acesso. A adoção deste critério traz situações difíceis quando o culto é
realizado em um dia de culto normal como domingo à noite. Nestas
situações, o pastor gentilmente pede às demais pessoas, porventura

97
presentes, que se retirarem. Embora esta constitua-se uma situação
embaraçosa para os diáconos, contudo, deve o diácono seguir a orientação
do pastor com relação ao critério adotado.

9
CUIDADOS POSTERIORES
1. Após a celebração, cabe ao obreiro, à responsabilidade de retirar a
mesa, recolhendo e entregando as toalhas de mesa ao encarregado
(a) das mesmas. Em algumas igrejas incumbe-lhe ainda, providenciar
a limpeza dos cálices e material usado na Santa Ceia.

2. Também é sua obrigação separar a ceia para levar aos enfermos que
não puderam estar no templo. Em geral, é solicitado pelos familiares
que a ceia seja servida para estes irmãos em suas casas e/ou
hospitais, e deve haver diáconos escalados para tal.

A SOBRA DOS ELEMENTOS


Por fim um esclarecimento pertinente sobre um assunto controverso que por vezes
gera algumas dúvidas entre os diáconos: a sobra dos elementos usados na Ceia.
Cada igreja possui um procedimento a esse respeito. Mais uma vez, um protocolo
para o serviço do obreiro, feito pelo corpo do ministewrio de obreiro, em conjunto
com o pastor presidente da igreja e obreiros por ele convocados para este fim,
poderá dirimir todas as dúvidas a respeito deste assunto. Contudo, não havendo tal
protocolo, algumas considerações se fazem necessárias:
1. Devem os diáconos ao preparar a Ceia, cuidar ao máximo para
que sejam usados o pão e o vinho na medida certa, de maneira
que nada venha a sobrar. Se faltar, havendo em estoque, poderá
ser reposto durante o evento, contudo, aquilo que é posto na
mesa, é conveniente que não sobre.
Não há nenhum preceito sobre este assunto, a menos que seja previamente
estabelecido em protocolo. Assim sendo, não temos o objetivo de estabelecer uma

98
regra para a igreja. Contudo alguns aspectos devem ser levados em conta para
evitar o surgimento de erros doutrinários já estudados, ao atribuir aos elementos
algum poder místico, ou valor que exceda ao simbolismo que representam
exclusivamente durante a celebração.
A já citada Confissão de Fé de Westminster em seu capítulo XXIX“Da Ceia do Senhor” traz
a seguinte declaração em seu parágrafo V:

Os elementos exteriores deste sacramento, devidamente


consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação
com Cristo Crucificado, que verdadeira, mas só
sacramentalmente, são às vezes chamados pelos nomes das
coisas que representam, a saber, o Copo e o sangue de Cristo;
porém em substância e natureza conservam-se verdadeira e
somente pão e vinho, como eram antes. (Mt 26:26-28; 1Co
11:26-28)

Diante desta manifestação aceita pela maioria das igrejas, vejamos algumas situações:

1. Há diferentes práticas adotadas pelas igrejas evangélicas com relação


a sobra dos elementos da ceia. Algumas igrejas maiores reservam o
que sobra dos elementos para realizar a Ceia em suas congregações
quando estas também realizam a Ceia logo na sequencia da Ceia
realizada na sede do campo para atender aqueles que não puderam
estar presentes na Ceia geral da igreja. Embora realizar Ceia nas
congregações em dias distintos da Ceia geral não seja um costume
muito comum, este parece ser o melhor destino para os elementos
que sobejarem da Ceia oficial da igreja.

2. Há igrejas que guardam as sobras, de ambos os elementos, para a


próxima realização da Ceia, porém na maioria das vezes é inviável
visto ser longo o tempo de espera entre uma ceia e outra, e os
elementos perecíveis se tornam sem proveito algum.

3. Algumas igrejas optam por enterrarem as sobras de pão e vinho,


porém, embora nada desabone tal conduta, é preciso ter ciência de

99
que tal procedimento pode alimentar doutrinas errôneas originas no
catolicismo romano, gerando dúvidas dando lugar ao misticismo.

4. Há ainda aqueles que jogam as sobras no lixo, o que também não é


apropriado uma vez que pode ser visto como descaso e ocasionar
escândalos.
A forma como é exercida uma atividade dentro do ministério diaconal, sofre influência
direta das crenças e valores implícitos nos hábitos e costumes que caracterizam a
igreja. A cultura da igreja é composta pela fé, refletida na forma como é executada
cada função. Conclui-se então que o comportamento é modelado pela crença. A nossa
convicção de fé não se manifesta apenas durante a Ceia, antes, estende-se após o seu
termino sendo expressa nas mais diversas formas usadas para se desfazer dos
elementos que sobram. Há muitas incoerências acerca de tal assunto. É preciso cautela
para não negarmos na prática a doutrina que aprendemos, apresentando dentro de
nossas igrejas reformadas e pentecostais, vestígios do catolicismo romano.

A luz da manifestação de Westminster, cujo conteúdo é em grande parte aceito


pela maioria das igrejas reformadas desde 1643; deixamos aqui algumas
considerações a respeito:

1. Em nenhuma hipótese devem os diáconos tratar de maneira


diferenciada os elementos que sobejarem da Ceia, como se, pelo
fato de uma vez haverem feito parte deste cerimonial, trarão em
si parte do corpo real de Cristo. Tal tratamento pode levar ao sutil
erro da idolatria romanista.

2. Também não devem os diáconos incorrerem no erro de vulgarizar


o manuseio dos elementos, visto ser este o extremo oposto ao
comportamento anteriormente citado. É preciso considerar que
os elementos foram separados para um fim eclesiástico
específico, logo mesmo não estando em uso para este fim, há que
se ter certo cuidado para não ocasionar escândalos entre os
irmãos menos esclarecidos.

3. Por outro lado, dar um destino que não seja visto como
desrespeitoso aos elementos que sobrarem, não se constitui um

100
problema, visto que, terminado o cerimonial, deve-se considerar
que os mesmos não passaram por nenhuma mudança física, logo
terminada a ceia, perdem até mesmo a significação que haviam
adquirido, limitando-se ao que eram antes, o simples pão e vinho,
sem significado e eficácia espiritual como meio de graça.
O fim a ser dado aos elementos usados na ceia, deverá ser o mais discreto possível,
evitando atitudes irreverentes, bem como o desleixo e relaxamento com tais
sobras. A escolha do fim a ser dado aos elementos que sobejarem da ceia, fica a
critério daqueles que se acharem encarregados de seu preparo, contudo, deve-se
considerar o protocolo previamente instituído pela liderança da igreja para este
fim. Não havendo um protocolo instituído, ou orientação a ser seguida, considere o
responsável, as colocações que aqui foram feitas e resolva a situação da melhor
maneira possível no temor do Senhor, com vista a não escandalizar qualquer irmão
que tomar conhecimento do fato.

101
MÓDULO 6
ÉTICA DO OBREIRO

1
A ÉTICA CRISTÃ
O termo “Ética” deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é
um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na
sociedade. Sua função é manter um equilíbrio visando o bom funcionamento social,
possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não deva
ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça.
A conduta ética é construída por uma sociedade ou grupo, com base nos valores
históricos e culturais deste. Do ponto de vista filosófico, a ética é uma ciência que
estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos, sendo a ciência
normativa que serve de base à filosofia prática.
Os códigos de ética existem porque as normas podem sofrer variações de uma cultura
para outra, dependendo da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento.
Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente muda também a lei. Hebreus
7:12

Em se tratando de ética cristã, esta possui elementos peculiares que lhe distingue de
outros sistemas éticos, isto porque a ética cristã tem como fundamento a conduta
exemplar de Cristo, bem como os princípios ditados por Deus no Antigo Testamento.
Sabiamente o teólogo Emil Brunner declarou que: “A ética cristã é a ciência da conduta
humana que se determina pela conduta divina” (BRUNNER, 1947).
Embora vivamos o tempo da graça e Jesus tenha apresentado valores éticos muito
além dos que até então eram conhecidos, os fundamentos da ética cristã encontram-
se também nas escrituras do Antigo Testamento, uma vez que a bíblia contém regras
que devem ser entendidas como uma revelação especial de Deus aos seres humanos.
No exercício do ministério, conhecer as particularidades de um comportamento
eticamente aceitável é de grande importância, pois em todo momento precisamos
tomar importantes decisões que afetam a nós mesmos e aos outros.

102
Entende-se por ética cristã o conjunto de regras morais, que tem por finalidade
estudar de maneira sistemática os deveres e costumes da moral humana, e sua
relação para com Deus e a sociedade.
Os fundamentos da ética cristã encontrados nos exemplos deixados e princípios
ensinados pelo Senhor Jesus Cristo, podem e devem ser diariamente aplicados,
com a ajuda do Espírito Santo, na vivencia do cristão.
Sabiamente Calvino afirma que: “em vão será o esforço para demonstrar aos
homens o cuidado que devem observar na direção de seu caminho, se antes não
lhes é ensinado a conhecer o manancial de toda justiça que está em Deus”
(CALVINO, 1977).
A ética cristã serve para ajudar as pessoas a visualizarem seus valores bem como
seus deveres segundo a perspectiva divina, permitindo ao ser humano mensurar a
distância que este se encontra dos alvos propostos por Deus para a sua vida,
norteando-o e ajudando-o a progredir em direção esse ideal.
É consenso que pode se definir em apenas um texto a síntese de todo o dever
social e moral do ser humano por meio das sábias palavras de Jesus:
37 Jesus respondeu: — "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a
sua alma e de todo o seu entendimento."

38 Este é o grande e primeiro mandamento.

39 E o segundo, semelhante a este, é: "Ame o seu próximo como você ama a si


mesmo." Mateus 22:37-39

Este mandamento em linhas gerais define todo o comportamento ético do cristão


enquanto peregrino na terra, resumindo-o no amor ao próximo. No entanto, cada
sociedade ou grupo possui seus próprios Códigos de Ética. Em ambientes
específicos, além dos princípios gerais que balizam o comportamento em
sociedade, existe a ética específica daquele lugar, grupo ou cargo, norteando o
comportamento daqueles que dele fazem parte.
Do ponto de vista de atuação do indivíduo perante os agrupamentos em que participe,
como a família, a comunidade, a igreja, o ministério; ética significa: tomar decisões e
agir pautando-se pelo respeito e compromisso com o bem, a honestidade, a dignidade,

103
a lealdade, o decoro, o zelo, a responsabilidade, a justiça, a isenção, a solidariedade e a
equidade, entre outros valores reconhecidos pelo grupo.
Logo, em se tratando de ministérios eclesiásticos não poderia ser diferente. Cada
ministério possui sua própria ética que orienta o comportamento de seus integrantes,
de maneira a evitar atuações em desacordo com o que lhes é devido.
Contudo, a resposta ao anseio por uma atuação digna daqueles que estão investidos
no ministério, embora seja orientada por valores éticos, não se esgota na aprovação de
regras mais rigorosas, até porque a igreja já dispõe de regimento interno que descreve
abundantemente sobre a conduta de seus membros e ministros.
Com base em todos os conceitos acerca da ética, temos então que: a ética de um
ministério é, essencialmente, reflexo da conduta de seus membros, que devem seguir
um conjunto de princípios e normas, consubstanciando um padrão de comportamento
irrepreensível. Assim, espera-se que cada pessoa investida do ministério, oriente suas
ações no sentido das direções básicas prescritas pelas regras da conduta ética,
refletindo-as nas suas atitudes e comportamentos, para que a sociedade e os
diferentes públicos com os quais interage possam aferir e assimilar a integridade e a
lisura com que desempenha suas funções ministeriais.
Para balizar a conduta ética do corpo diaconal, além das qualificações que cada
diácono precisa apresentar para se achar digno de seu ministério, o mesmo deve
observar uma conduta de acordo com regras pré-estabelecidas, ao que chamamos de
ética diaconal. Cada igreja pode produzir seu próprio código de ética para nortear o
corpo diaconal, de acordo com a bíblia sagrada, os costumes da igreja e seu estatuto e
regimento interno.

104
2
PRINCÍPIOS BASILARES DA ÉTICA DIACONAL
A ética do obreiro consiste em um conjunto de normas que visam reger a conduta
que o diácono deve observar no desempenho de seu ministério.
A origem da ética do obreiro se encontra na Bíblia e nos regulamentos da igreja na
qual o obreiro exerce seu ministério, e em última instância tem origem também na
consciência do próprio obreiro.
Todavia, um regramento geral prescrito deve nortear o comportamento do corpo
diaconal em todo o seu proceder, bem como no exercício de seu ministério, para o
qual é importante que haja também além do código de ética, protocolos escritos
sobre cada procedimento de sua função, visto que a ética do obreiro é comum à
toda as igrejas, contudo os procedimentos variam de igreja para igreja até mesmo
dentro de uma mesma denominação.
Os procedimentos éticos e comportamentais do diácono como já foi dito, são
comuns em todas as igrejas, sendo mais especificamente ampliados em umas ou
mais sintetizado em outras. A regularidade destes comportamentos éticos, advém
do fato de que a ética do obreiro é uma vertente da ética cristã e portanto também
tem embasamento bíblico, principalmente o encontrado nos textos de 1 Timóteo 3;
1 Timóteo 5.17-25; Tito 1.5-9.
A observação destes textos leva a produção de regramentos específicos que,
analisados em conjunto com o regimento interno da igreja e os protocolos
existentes, norteia o proceder do obreiro em todos os seus aspectos, e
principalmente no exercício de seu ministério. Apresentamos a seguir algumas
diretivas de conduta como exemplo a ser seguido pelos obreiros, visando a
adequada manutenção do caráter diaconal afim de que este venha a alcançar a
excelência ministerial no exercício de suas funções.

105
3
CONDUTA PESSOAL DO OBREIRO
1. Ordenar com justiça a sua própria casa, dedicando-se aos cuidados
da família, todo o tempo possível demonstrando-lhe a merecida
consideração;

2. Recomenda-se ao obreiro um esforço no sentido de progredir


espiritual e intelectualmente através de leitura de bons livros, bem
como através do ingresso em bons cursos quando possível, para
aquisição de novos conhecimentos. Tal recomendação tem como
fundamento o direito dos membros e da igreja em geral à obtenção
de um serviço de qualidade no exercício do ministério diaconal;

3. O obreiro deve empreender esforço a fim de manter-se em


condições físicas, espirituais e emocionais para o bom desempenho
do ministério que lhe foi confiado;

4. Não deve apresentar vícios, de qualquer natureza pecaminosa,


mesmo que esteja fora de vista dos irmãos e dos pastores.

5. Do obreiro é esperada honestidade em todas as suas transações


financeiras. O mesmo jamais deverá cultivar amor desordenado ao
dinheiro.

6. O obreiro deve considerar a responsabilidade que lhe pesa em razão


da investidura de seu ministério, e por isto mesmo, em nenhuma
hipótese ler qualquer tipo de literatura obscena ou permitir a
entrada deste tipo de material em seu lar.

7. Também é seu dever manter-se firme na fé não vacilando em


razão de comportamentos inadequados de crentes que não
apresentam um bom testemunho. A confiança do obreiro deve
estar continuamente firmada em Jesus o qual sempre deve ter
como exemplo supremo.

106
8. Por sua vez, deve o obreiro ser exemplo em tudo, sobre tudo em
suas conversas e atitudes diante da sociedade e da igreja;

9. Em nenhuma hipótese deve o obreiro revelar os segredos que lhe


forem confiados em razão de seu ministério;

10. Em nenhuma situação pode o obreiro apresentar comportamento


dúbio em relação ao sexo oposto;

11. Pela qualidade do ministério que exerce, o obreiro deve vestir- se


adequadamente, dentro de suas possibilidades financeiras;

12. Considerando um comportamento cristão exemplar, e tendo a bíblia


como regra de fé, prática, e origem de sua conduta ética; o diácono
deve apresentar grande respeito para com a palavra de Deus jamais
usando a mesma para ilustrações dúbias;

13. Considerando que uma das funções usuais do obreiro é atuar no


recolhimento das contribuições financeiras dos fiéis, espera- se que
este seja exemplar nos seus dízimos e ofertas;

14. O obreiro deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar


seu ministério, estando consciente de que sua função impõe ainda
maiores restrições e exigências pessoais do que as exigidas dos
demais membros em geral.

15. Em sua vivência diária, requer-se do obreiro uma vida devocional


dedicada, por meio de leituras, meditações e orações diárias em
qualquer circunstância. Na qualidade de obreiro do Senhor, o obreiro
precisa manter uma estreita comunhão com Deus, estando
preparado para atuar em qualquer situação.

16. O obreiro, cuja atividade profissional seja o docente, deve observar


conduta adequada à sua condição obreiro, tendo em vista que, aos
olhos de alunos e da sociedade, o docente e o diaconato são

107
indissociáveis, e faltas éticas na área do ensino refletirão
necessariamente no respeito ao seu mistério diaconal.

17. Seja pontual, chegue antes de o culto começar e não se apresse em


sair, o pastor poderá necessitar de sua ajuda;

18. O obreiro não deve assumir encargos ou contrair obrigações que


perturbem ou impeçam o cumprimento apropriado de suas funções
específicas no ministério diaconal;

4
ÉTICA DO OBREIRO PARA COM A IGREJA
(INSTITUIÇÃO JURÍDICA)
A conduta ética do obreiro em sua relação para com a igreja como pessoa jurídica,
onde exerce seu ministério, deve ser pautada no compromisso para com a instituição e
para com a excelência no desenvolvimento de suas funções com vista a fortalecer a
legitimidade do ministério no qual atua.
Ao obreiro impõe-se primar pelo respeito ao estatuto e regimento interno da igreja,
buscando o fortalecimento de seus departamentos com vistas à plena realização dos
valores cristãos.
O ministério diaconal deve ser exercido de modo a garantir e fomentar condições para
que a igreja desenvolva seu papel na pregação das boas novas, na promoção da
solidariedade e justiça centrada nos princípios do Reino de Deus.
Com base nestes objetivos, conclui-se faz parte da ética do obreiro para com a
instituição eclesiástica onde o diácono presta seus serviços:
1. O obreiro não deve assumir nenhuma espécie de compromisso
financeiro em nome da igreja sem a devida autorização para tal;

108
2. Jamais fazer uso do dinheiro da igreja para fins pessoais, ainda que
intente efetuar a reposição do valor retirado em curto período de
tempo;

3. Não deve o obreiro usar para fins privados, sem autorização prévia,
os bens ou os meios disponibilizados pela igreja para o exercício de
suas funções;

4. É vedado ao obreiro cooperar com qualquer organização que atente


contra a os princípios cristãos;

5. Não é permitido ao obreiro manifestar-se em nome da instituição


quando não autorizado e habilitado para tal, nos termos do estatuto
e/ou regimento interno da mesma;

5
CONDUTA DO OBREIRO EM RELAÇÃO
AO ESTATUTO CONGREGACIONAL
A ética do obreiro inclui seus relacionamentos além da igreja local a que pertença.
A conduta ética do obreiro deve ser preservada também no que diz respeito à
denominação da qual faz parte, em qualquer lugar em que este se encontrar.
1. O obreiro deve portar-se com um porta-voz fiel das doutrinas
bíblicas da denominação a que pertença;

2. Atuar sempre tendo em vista a preservação dos bons costumes e


a moral, conforme os preceitos bíblicos esposados pela
denominação;

3. Servir com integridade e zelo à denominação a que pertença,


consagrando-lhe seus dons e talentos na ajuda à sua obra de

109
erradicação do pecado e santificação do homem mediante a
pregação do evangelho e à ministração do ensino bíblico;
4. Colaborar da melhor maneira possível em prol da obra
desenvolvida pela sua denominação em qualquer lugar que se
encontrar;

5. Ser um entusiasta e apoiador dos grandes projetos de nível


nacionais ou mesmo internacional apresentados pela sua
denominação, participando sempre que possível dos grandes
eventos realizados pela mesma;

6. Em nenhuma hipótese deve o obreiro comprometer a sua


lealdade para com a denominação em razão de envolvimento
com outros movimentos religiosos;

7. Não servir-se da entidade ou instituição denominacional para


promoção própria ou vantagens pessoais ou familiares;

8. Não emitir qualquer juízo de censura sem o devido embasamento


contra qualquer departamento de sua denominação em qualquer
lugar em que se encontrar;
9. Desconsiderar quaisquer ofensas pessoais, considerando sempre
em primeiro lugar os interesses da causa de sua denominação.

6
A HIERARQUIA ECLESIÁSTICA
O ministério de obreiro subordina-se ao pastor ao qual estiver diretamente ligado
em caso de assistir em uma congregação; e indiretamente ao ministério do pastor
presidente do campo, ou a quem este designar. Caso o diácono atue na sede
administrativa do campo, este está sob supervisão direta do pastor presidente do
campo, ou da pessoa a quem este designar para este fim.

110
Em sua relação para com o pastor, requer-se também um comportamento ético da
parte do diácono.
Dado por Deus como guia espiritual da igreja, o pastor é a pessoa que, mediante a
direção do Espírito Santo, foi acolhido pelos irmãos e colocado a frente da igreja de
Cristo a fim de pastoreá-la conduzindo-a segundo orientação recebida de Deus.
Por tudo isto é salutar para a igreja que o obreiro entenda a importância do
ministério pastoral. O ministério pastoral é indispensável para o bom andamento
da igreja, pois é ele o responsável direto pelo doutrinamento dos crentes bem
como pela pregação do evangelho aos que ainda não conhecem a Cristo como
Salvador. Dentro do sistema pentecostal, é ele também a pessoa a quem por meio
de procuração, foi outorgado o dever de responder juridicamente pela igreja ao
assumi-la na condição de seu presidente.

Embora o pastor esteja na condição de líder, para desenvolver a contento seu


ministério, o mesmo necessita de auxilio de todos, especialmente do diácono. Isto
foi observado pelos apóstolos desde a ocasião em que foi criado o ministério de
obreiro:

² Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: — Não é


correto que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas.

³ Por isso, irmãos, escolham entre vocês sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, para os encarregarmos desse serviço. Atos 6:2,3

7
A DIVERSIDADE MINISTERIAL
Como já foi estudado, entre as tarefas dos obreiros está a assistência ao pastor para que
este possa se dedicar com maior exclusividade a oração e ao estudo e ensino da palavra. É
portanto de bom alvitre que, em nome da ética do obreiro,não seja levado ao pastor

111
presidente, pequenos detalhes facilmente solucionáveis, preocupando-o com coisas para
as quais o corpo diaconal foi designado para resolver.

Para melhor desempenho de sua tarefa, o pastor precisa contar com a colaboração do
corpo de obreiro, a fim de solucionar os problemas ligados a manutenção do templo, a
alguns trâmites litúrgicos do culto como a anotação dos nomes daqueles que visitam a
igreja para que posteriormente seja possível sua apresentação entre outros diversos
detalhes. Todas estas tarefas simples estão a encargo dos obreiros, bem como as mais
complexas que dizem respeito aos trabalhos sociais a serem desenvolvidos fora dos
dias de culto, sendo esta a missão primordial do obreiro, apresentando um vasto
campo para sua atuação. Estas atribuições, quando desenvolvidas pelo corpo diaconal,
permitem ao pastor, trabalhar com maior facilidade o seu ministério proporcionando o
bom andamento do culto e da igreja.
Pode-se obter uma noção mais específica sobre a diversidade ministerial, bem como o
cuidado que cada um deve ter no desempenho de sua função, ao compreendermos
que; não se pode conceber o ministério diaconal e o ministério da palavra como dois
órgãos paralelos, ou conflitantes. Ambos os ministérios têm ações complementares e
objetivos únicos que é o crescimento do Reino de Deus. É interessante observar que
mesmo entre os apóstolos, nenhum reivindicava para si a obra de Deus, antes
reconheciam a importância complementar do ministério de cada um, com vista ao
crescimento e expansão da obra:
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? São servos por meio de quem vocês creram, e isto
conforme o Senhor concedeu a cada um.

6 Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. 1 Coríntios 3:5,6

8
A VISÃO DO REINO
Podemos concluir então que a primeira característica a ser observada pelo obreiro
que busca um comportamento ético adequado trata-se do trabalho com uma visão
de Reino. Aquele que busca a própria grandeza, não é digno do ministério a que foi

112
chamado. A obra é de Cristo e importa que ele cresça e nós diminuamos (Jo 3:30). É
próprio da ética que não haja disputas ministeriais, tampouco superposição em
ministérios hierarquicamente superiores em relação a subordinados. O bom
desenvolvimento da obra que foi confiada à igreja requer que todos os ministérios
que lhe foi dado estejam relacionando-se de modo perfeito, como aconteceu na
igreja apostólica.
Em se tratando da relação entre obreiro e pastor, quando ambos caminham juntos é
notório o crescimento da obra do Senhor:

A palavra de Deus crescia e, em Jerusalém, o número dos discípulos aumentava.


Também um grande grupo de sacerdotes obedecia à fé. Atos 6:7

1 Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, houve murmuração dos


helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição diária.

2 Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: — Não é


correto que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas.

3 Por isso, irmãos, escolham entre vocês sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, para os encarregarmos desse serviço.

4 Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.

5 O parecer agradou a todos. Então elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do


Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia.

6 Apresentaram estes homens aos apóstolos, que, orando, lhes impuseram as mãos.

7 A palavra de Deus crescia e, em Jerusalém, o número dos discípulos aumentava.


Também um grande grupo de sacerdotes obedecia à fé.

8 Estêvão, cheio de graça e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o


povo.

9 Então alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos
alexandrinos e dos da Cilícia e da província da Ásia se levantaram e discutiam
com Estêvão.

10 Mas eles não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.

113
11 Então subornaram alguns homens para que dissessem: — Ouvimos este homem
proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus.

12 Atiçaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo contra Estêvão, o


agarraram e levaram ao Sinédrio.

13 Apresentaram testemunhas falsas, que disseram: — Este homem não para de falar
contra o lugar santo e contra a lei.

14 Nós o ouvimos dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará
os costumes que Moisés nos deu.

15 Todos os que estavam sentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram


o seu rosto como se fosse rosto de anjo. Atos 6

O ministério de obreiro foi criado pelos apóstolos para ajudar a igreja no que diz
respeito a obra a eles proposta. Quando isto acontece de maneira sadia e
completa, o pastor fica livre para dedicar-se exclusivamente ao ministério da
palavra.
Um pastor que conte em seu ministério com um corpo de obreiro competente,
sabe que os problemas atinentes à parte social e outros que por acaso surjam serão
confiados ao corpo de obreiro, e entregue à obreiros dedicados, escolhidos por
Deus para esta missão.
Portanto segue-se o entendimento de que o obreiro e o pastor devem em todo o
tempo trabalhar unidos visando o crescimento do Reino de Deus. Deste bom
relacionamento advirão muitas bênção e o Reino do Senhor Jesus Cristo será
engrandecido. Em suma, a ética entre o obreiro e o pastor resume-se em um
relacionamento de trabalho sério e respeitoso, consciente de que cada um destes
ministérios não traz em si superioridade em relação ao outro, antes cada um possui
sua função específica dentro do propósito para o qual Deus os alistou afim de
serem agentes do seu Reino.

114
9
DICAS PRÁTICAS
Considerando tudo o que até então foi visto, passamos a exemplificar alguns
comportamentos que, quando colocados em prática, serão de bom tom e promoverão
a ordem e decência. “Um mau tom” no templo pode tornar-se um obstáculo para uma
pessoa pouco religiosa no seu caminho à Deus. A conquista de uma boa imagem
pessoal e ministerial não se dá sem cultivarmos seus mais valiosos atributos: as boas
práticas.
1. Pelo fato do ministério de obreiro estar ligado diretamente ao
ministério pastoral, é natural que o obreiro, na prática de seu ofício,
presencie casos graves, ou escute assuntos que muitas vezes exigem
alta discrição. Nestas situações, requer-se do diácono extrema
sabedoria e prudência.

2. Faz parte da conduta ética do obreiro não divulgar qualquer notícia


desabonadora do seu pastor ou esposa, mesmo que seja verdadeira.
Para quaisquer situações que lhe venham em primeira mão, existem
os conselhos eclesiásticos da igreja, responsáveis pela apuração de
condutas inadequadas. A estes, e tão somente a estes deve o diácono
se dirigir, estando de posse de informação relevante, devidamente
embasada;
3. O ministério diaconal é o braço direito do ministério pastoral,
portanto, por ocasião em que presencie murmurações, deve o
obreiro abster-se de juntar-se aos murmuradores, antes deve
dissuadi-los e, em suas orações, lembrar-se daquele que traz em seus
ombros a responsabilidade de apresentar a igreja imaculada a Cristo.

4. O obreiro também deve estar sempre pronto a receber conselho e


repreensão do seu pastor ou conselheiro toda vez que sua conduta
for julgada repreensível;
5.

115
6. É importante que o obreiro conheça bem aos seus líderes, mantendo
sempre contato com os mesmos, conhecendo seus planos de
atualização de trabalho.
A proximidade para com a liderança renderá ao obreiro maior
conhecimento e consequentemente maior segurança e desejo estar
em comunhão, orando, apoiando e mantendo-se sempre à
disposição.
7. Evite interpelar o pastor presidente em uma reunião de obreiros
ou assembléia geral. Se for preciso, é importante aproximar-se do
secretário ou chefe da chancelaria, se apresentando e
informando a razão do pedido da audiência;

8. No tratamento com o pastor é preciso fazer todo o possível para


empregar o estilo respeitoso da linguagem. O tratamento deve
ser respeitoso, afinal o pastor é a personalidade nomeada pela
hierarquia religiosa para cuidar do rebanho das ovelhas de Cristo
e dele espera-se o mesmo tratamento;

9. Ao levar um aviso até o pastor no momento em que este estiver


dirigindo o culto, deve-se aguardar discretamente, próximo a
plataforma, o momento certo para entrar.

10. Nenhuma autoridade visitante deve ser levada diretamente à


plataforma sem que antes o pastor presidente ou o vice em
exercício seja consultado. Esta consulta pode ser realizada
discretamente com um olhar ou gesto. Contudo é comum pela
ética pastoral que; quando uma autoridade que deverá ocupar
um lugar na plataforma adentra o templo, o próprio pastor que lá
está venha ao seu encontro, enquanto esta é conduzida a frente
pelo diácono, ocasião em que discretamente o diácono deixará de
acompanhá-los deixando-a em companhia do pastor e
retornando as suas atividades.

116
11. Em um culto, uma intervenção depois de iniciada a exposição da
mensagem somente deverá ser feita em casos extremos.

Todas estas dicas, quando consideradas e colocadas em prática impedem que o


obreiro ou o pastor da igreja na qual servem, venham a passar por situações
constrangedoras. A observação da ética do obreiro fará com que o diácono seja um
referencial de educação e boas maneiras, sendo visto como exemplo a ser seguido
por toda a igreja.

10
DIRETRIZES ÉTICO/COMPORTAMENTAIS
Dentro das diretrizes ético/comportamentais que em geral regem as relações entre
integrantes do ministério de obreiro, podemos exemplificar as seguintes:
1. Qualquer membro do corpo de obreiro deve sempre procurar
enfatizar o trabalho em grupo, na busca dos objetivos da igreja;

2. Quando atuar na condição de coordenador do corpo de obreiro, não


deve o obreiro desmerecer a atuação funcional do colega de
ministério ou negar-lhe meios que tenha em seu poder e que poderia
lhe fornecer colaborando assim para o melhor desenvolvimento de
seu trabalho;

3. O obreiro responsável pela distribuição das tarefas, jamais deve


atribuir aos subordinados, demandas contraditórias ou que violem os
padrões éticos já estabelecidos; bem como ou conferir-lhe tarefas
desnecessárias ou incoerentes com as competências e atribuições de
seu ofício;

4. Nenhum companheiro deverá ser excluído de atividades por aquele


que as distribui, por motivos de desavença pessoal.

117
5. Em hipótese alguma o obreiro poderá prejudicar manipular ou
depreciar, deliberadamente, a reputação e dignidade pessoal ou
ministerial de seus colegas de ministério;

6. Nenhum obreiro deve apresentar atitudes discriminatórias de


qualquer natureza para com seus colegas de ministério;

7. Não criar situações que configurem pressão, intimidação ou


hostilidade no relacionamento dentro do ministério,
independentemente de nível ou posição hierárquica que ocupe;

8. Nunca coagir ou aliciar colegas subordinados ou não, a associar-se


com grupos insurgentes contra liderança da igreja;

9. Não tecer críticas ao desempenho de seus colegas de ministério,


antes orai uns pelos outros a fim de que a cada dia Deus lhes
capacite mais e mais.

11
A ÉTICA DO OBREIRO PARA A IGREJA (MEMBROS)
É de fundamental importância que os obreiros mantenham uma boa comunhão
para com todos, e em especial para com os membros da igreja na qual atua, pois
uma das funções que as vezes lhe incumbe desempenhar é de acompanhar seus
superiores em casos de conciliação. Como pois poderá o diácono atuar como
conciliador se não estiver em comunhão com todos?
A comunhão com todos coloca o obreiro em condição imparcial diante de qualquer
situação que o mesmo seja incumbido de resolver e portanto é indispensável ao
exercício de seu ministério.
Deve o obreiro gozar de aceitabilidade por parte da membresia da igreja, a fim de
que em nenhuma situação encontre impedimento para exercer sua função,
cumprindo assim as suas tarefas sempre com êxito.

118
Sendo contado como parte do ministério que visa o aperfeiçoamento dos santos no
corpo de Cristo conforme Efésios 4:12, deve o corpo diaconal zelar, ao lado do
pastor, pela manutenção de uma perfeita harmonia entre os membros, a fim de
que todos cresçam em perfeita unidade.
A posição de destaque que o obreiro ocupa na igreja faz dele uma pessoa muito
visada. Ele é visto como um exemplo ser seguido, tanto na área doutrinária como
em sua atuação na qualidade de servo do Senhor, ao dar testemunho de vida de
um servo digno e fiel. Ocupando ele um espaço entre aqueles que são designados
como líderes da igreja, todos os membros procuram enxergar nele um obreiro
exemplar, vendo-o como um irmão mais experiente que sempre se dispõe em
ajudar aos que necessitam.
O relacionamento entre o obreiro e os membros da igreja onde atua, muito mais
do que ser um mero ideal, precisa ser uma realidade autêntica para a qual o
mesmo empreenda o máximo de esforço visando a sua concretização.
O comportamento dos obreiros da casa do Senhor, tanto para com os que são
membros quanto para com os que são visitantes deve ser o mesmo, sendo este
pautado no amor ao próximo conforme orientação encontrada em Romanos
Não fiquem devendo nada a ninguém, exceto o amor de uns para com os outros. Pois
quem ama o próximo cumpre a lei. Romanos 13:8

Visando facilitar o cumprimento deste mandamento, algumas regras de conduta ética


foram elaboradas. Entre estas normas comportamentais que regem as relações entre
diáconos e os demais membros da igreja, destacamos as seguintes:
Visando facilitar o cumprimento deste mandamento, algumas regras de conduta ética
foram elaboradas. Entre estas normas comportamentais que regem as relações entre
diáconos e os demais membros da igreja, destacamos as seguintes:
1. Faz parte dos deveres do obreiro, empenhar-se em oferecer aos
membros e visitantes, bem como a todo o ministério da igreja, um
serviço eficiente, transparente, humanizado e de reconhecido padrão
ético;

2. Do obreiro espera-se também, uma atitude respeitosa para com


todos a sua volta, em uma demonstração clara do amor de Cristo;

119
3. Visando demonstrar a mesma atenção a todos, deve o obreiro evitar
formar grupinhos que resultem em divisão dentro da igreja. O caráter
de seu ministério requer que este seja afeito a todos, não
demonstrando afinidades ou preferências;

4. Dentro de suas possibilidades, deve o obreiro dispor-se a auxiliar em


necessidades específicas (doenças, necessidades financeiras,
espirituais e conflitos) a qualquer dos membros da sua Igreja.

5. Faz parte da ética do obreiro não tecer criticas de quaisquer


naturezas aos irmãos membros da igreja, tampouco aos visitantes
que ali frequentam

6. Também é anti-ético o comportamento discriminatório de qualquer


irmão em razão de sua profissão, condição social, cultural,situação
econômica ou qualquer outra que lhe desfavoreça.

7. O obreiro não precisa concordar com todos o tempo todo, no


entanto, ao discordar do pensamento de algum irmão, deve fazê-
lo com elegância, discrição e acima de tudo, amor cristão.

8. Não é de bom alvitre o obreiro fazer proselitismo entre membros


de quaisquer igrejas co-irmãs.

9. Não é ética a intromissão em assuntos particulares de irmãos que


não o tenha solicitado ou autorizado.

10. Em todo tempo deve o obreiro recusar-se a participar de fofocas


que porventura surjam entre a membresia, dissuadindo em amor
aqueles que porventura tenham tal hábito.

11. Não repassar adiante sob nenhuma hipótese, notícia que


desabone a conduta de qualquer irmão. Estando o obreiro certo
de sua veracidade, deve ele procurar o conselho eclesiástico
competente para tal fim, a fim de que estes procedam da maneira
que julgarem cabível para o caso. Contudo, não deve este levar o

120
caso ao conselho sem que antes proceda conforme a orientação
bíblica encontrada em Mt 18:15-20.

12. Em observação aos princípios ético-cristãos encontrados em 1Co


6.1-11 , deve o obreiro evitar a participação em demandas
judiciais contra irmãos na fé, colegas de ministério, igrejas,
entidades, instituições ou qualquer órgão convencional, sem que
antes sejam esgotados todos os recursos eclesiásticos disponíveis
para propor a conciliação entre ambos.
A dignidade, o decoro, o zelo, a probidade, o respeito, a dedicação, a cortesia, a
urbanidade, a assiduidade, a empatia e a presteza; devem ser as linhas que balizam
o comportamento ético do obreiro em suas relações com o atendimento dos
membros, congregados e visitantes da igreja. O que espera-se do diácono em todo
o seu proceder é uma elevada conduta ministerial em conformidade com a palavra
de Deus, bem como a lealdade, honradez e dignidade compatível com o ministério
que exerce.

121
MÓDULO 7
ATUAÇÃO DO OBREIRO EM CULTO E EVENTOS

1
O OBREIRO EM CULTOS E EVENTOS
A principal celebração da igreja é o culto. Cultuar a Deus é uma das razões existenciais
da igreja. Dos cultos realizados pelos pequenos grupos de estudos iniciados nas casas
daqueles que aceitavam a fé formando as primeiras igrejas, vieram as grandes igrejas
que hoje conhecemos. Estas igrejas, e já em seu início de crescimento, apresentaram
características que demandaram deliberações para a criação de uma ordem ministerial
até então inexistente oficialmente, para que tratasse exclusivamente das questões
sociais.
Logo percebeu-se que; caso os apóstolos continuassem a suprir as necessidades dos
órfãos e das viúvas, haveriam de comprometer de forma irremediável as principais
funções de seu ministério (At 6.2-4). Assim sendo, foram escolhidas 7 homens que
passaram a assistir estas necessidades, liberando os apóstolos de tais obrigações. A
igreja avançou, a obra cresceu ainda mais, alcançou as mais diversas nações, e
surgiram novas dificuldades no desenvolvimento do culto.
Hoje, as necessidades da igreja são outras, diferentes daquelas que se apresentavam na
igreja primitiva. Sendo assim, em meio a facilidade que temos em nos aperfeiçoar
atualmente, é de suma importância fazê-lo para melhor servir a Deus e a Seu Reino em
cumprimento a Efésios

Com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, Efésios 4:12

A partir deste pensamento, uma pergunta pode surgir: Até quando será desenvolvido o
nosso trabalho diaconal? No mesmo texto de Efésios encontramos a resposta:

Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus,


ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo, Efésios
4:13

122
O corpo de obreiro da igreja atua desde o início do culto até após o seu término. São os
diáconos que atuam nos bastidores do templo enquanto as pessoas ouvem, aprendem,
prestam seu culto a Deus.
Temos aí a primeira peculiaridade do culto prestado pelo ministério diaconal: o
diácono prestar seu culto por meio de seu serviço no templo.
É importante que o obreiro tenha consciência de que, enquanto trabalha na
manutenção da ordem, presta seu culto a Deus por meio de suas ações, devoção e
esmero com que desenvolve suas atividades. Assim sendo, é preciso reverência e
temor enquanto trabalha, trabalhando sempre em um espírito de adoração, com
alegria e júbilo em seu coração por saber que Deus o assiste em seu culto prestado.
É importante também que o obreiro tenha a consciência de que possui a função de
servir a igreja em todos os sentidos, sendo por isto necessário que seja o primeiro a
chegar na igreja, com pelo menos trinta minutos de antecedência. Neste período, o
obreiro deve preparar o templo para receber os membros e visitantes. Este preparo
inclui, se necessário, passar um pano para tirar a poeira dos bancos e cadeiras do
púlpito, verificar bebedor de água, copo descartável, cesto de lixo dos copos
descartáveis etc.
Inúmeras são as atividades que podem e devem ser desenvolvidas ou coordenadas
pelos obreiros, para o bom andamento do culto. Em eventos ou cultos, sejam estes
de grande ou pequeno porte, pelo menos duas equipes devem ser montadas
visando atender todas as necessidades: Deve se dividir a equipe de trabalho em
equipe externa e equipe interna.

1. EQUIPE EXTERNA
A equipe externa, em situações normais ou eventos menores irá atuar no
estacionamento, na segurança, na manutenção higiênica e nos imprevistos em
redes elétricas e hidráulicas. Em dias de culto normal, não é necessário um grande
número de pessoas em cada uma das equipes, visto que, os mesmos que atuarem
no estacionamento poderão também exercer a segurança do evento, e talvez até
providenciar o necessário para os imprevistos elétricos e hidráulicos. Contudo, para
estes últimos, é importante que seja alguém qualificado.

123
2. EQUIPE INTERNA
A equipe interna, em situações normais, atuará junto a programação do culto
auxiliando na coleta de dados, ministração de ofertas, encaminhamento de visitantes
até o púlpito, cuidados com as crianças etc. Deverá também ser o contato com o meio
externo, repassando informações advindas do estacionamento ou outra qualquer que
deva ser anunciada durante o culto. É interessante que esta equipe seja composta por
homens e mulheres, cada um desempenhando a função que lhe for mais adequada.
Em geral, o corpo de obreiro pode contar com o círculo de oração que lhes presta
grande auxílio na organização do templo e serviços durante o culto, como cuidados
com as crianças.

2
FUNÇÕES LITÚRGICA DO OBREIRO
O obreiro guarda uma profunda e direta relação entre suas atividades e o culto
cristão. Karl Barth em certa ocasião mencionou que o culto cristão é o ato mais
importante, relevante e mais glorioso na vida do homem. Vemos a prática diaconal
das primeiras comunidades cristãs, visivelmente integrada em seu culto a Deus, e
estas mesmas práticas perduram até os dias de hoje. Ainda hoje, o culto por
simples e singelo não prescinde de liturgia em suas celebrações, e algumas destas
tem partes especificamente diaconais. Estas funções a quais denominaremos
“Liturgico/Diaconais” são funções que possuem significações e resultados
profundos na vida da igreja.
O mal desempenho destas funções pode comprometer o culto prestado,
ocasionando deformações no comportamento igreja. Cultos em que a dimensão do
obreirato é ignorada podem ocasionar sensações desigualdade, opressão,
individualismo, e os estigmas sociais impostos sobre pessoas resultarão facilmente
em situações como as que foram encontradas pelos apóstolos na ocasião em que
houve murmurações dos gregos contra os hebreus por acreditarem que suas viúvas
estavam sendo desprezadas no ministério cotidiano (At 6:1). Quando o culto
contempla as peculiaridades litúrgico/diaconais de maneira integral, a igreja

124
promove avanços concretos em direção ao tratamento fraterno dispensado ao
próximo, quer seja ele batizado ou não.
Certas particularidades e costumes e até ordenanças a serem realizados durante
um culto cristão, por vezes podem colocar visitantes não membros e/ou não
batizados em situação constrangedora. Nestes casos, um adequado desempenho
da função diaconal poderá fazer toda a diferença. Estas funções litúrgico/diaconais
vão muito além da manutenção da ordem no templo, compreendendo aspectos
cultuais desenvolvidos desde os primeiros passos da igreja. A seguir veremos como
se dará a atuação diaconal no desempenho destas funções.

3
MINISTRAÇÃO DOS DÍZIMOS E OFERTAS
Uma importante função litúrgico/diaconal é a ministração dos dízimos e das ofertas. A
entrega voluntária dos dízimos e ofertas faz parte da liturgia do culto.

A importância da oferta pode ser observada no texto de:


Tragam todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha
casa. Malaquias 3:10

Sendo pois esta uma ordem de Deus ao homem, e havendo pessoas que com o coração
alegre ofertam ao Senhor, os responsáveis por receber estas ofertas, devem fazê-lo com
reverencia e temor, sempre procurando facilitar para que estes irmãos tenham
condições de, também neste ato do culto, adorarem a Deus conforme desejam. Em
certas igrejas existe um gazofilácio, ou seja, um recipiente onde são depositadas as
ofertas. Em outras, obreiros passam recolhendo as ofertas das mãos daqueles que
desejarem ofertar. Para isto, obreiros previamente designados deverão atuar neste
momento específico do culto.

125
Os obreiros que irão atuar no momento da oferta também precisam estar listados
entre os escalados para a equipe interna, sabendo antecipadamente que serão os
responsáveis por este momento específico do culto. A ministração das ofertas é uma
das funções mais delicadas do corpo diaconal. Ofertar é orientação bíblica, contudo
fazê- lo é voluntário e jamais poderá haver constrangimento dos visitantes a que o
façam. Os obreiros que se ocuparão da ministração dos dízimos e ofertas precisam
saber primeiramente que: a contribuição deve ser uma extensão do compromisso que
se tem com o louvor a Deus e com a propagação do Reino de Deus. O obreiro é
responsável por auxiliar aos ofertantes neste particular, visto que o ato de ofertar é
uma extensão do culto racional, culto este que compreende a entrega da vida no altar
de Deus como resposta humana as misericórdias divinas (Rm 12.1-3).

4
A POSTURA DO OBREIRO NA MINISTRAÇÃO DAS OFERTAS
No momento da ministração das ofertas, é importante que o obreiro tenha a
consciência de que desempenha uma nobre função. Sendo este o momento em
que ele receberá os valores consagrados ao Senhor, é importante que mantenha
uma postura reverente e santa.
Brincadeiras inconvenientes no momento em que estiver recebendo as ofertas é
totalmente anti-ético, é um comportamento completamente inadequado para com
este sagrado momento do culto. O espírito com que devem ser recebidos os
dízimos e as ofertas é um espírito de oração e agradecimento a Deus pelo privilégio
de participar de tão nobre momento. O recebimento de ofertas deve ser visto
como um ato de adoração.
No momento em que lhe for entregue as ofertas, os diáconos deverão abençoar
aos ofertantes pois possuem autoridade de Deus para tal, dado o fato de haverem
sido separados para este fim, provados e achados dignos da função que exercem. É
portanto de bom alvitre que digam aos ofertantes: “Que Deus o abençoe!” “Que
Deus multiplique seus bens!”

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Além dos cuidados espirituais, alguns cuidados administrativos no momento da
oferta também precisam ser tomados, a saber:
1. Em geral é feita uma oração por aqueles que irão ofertar, e
também por aqueles que gostariam mas não se encontram em
condições no momento.

2. A oferta jamais deve ser ministrada com a igreja orando. O


obreiro deve, com um sorriso no rosto, olhar para os olhos do
ofertante e dizer, “Que Deus o abençoe”!
3. A ninguém constranja a que contribua. É importante que o
público sinta que ao ofertar, está adorando a Deus.
Neste momento outros cuidados administrativos precisam ser tomados para assegurar
a lisura do processo, não comprometendo a dignidade do corpo diaconal, bem como
este momento tão importante do culto na vida da igreja.

1. CUIDADOS DOS DIÁCONOS JUNTO A TESOURARIA


1. Uma vez terminada a ministração as ofertas, dirigir-se-ão os obreiros
para a secretaria ou lugar destinado para este fim onde deverão
entregar as salvas ao tesoureiro que, acompanhado de outra pessoa,
se encarregará de contabilizar as ofertas, retornando os diáconos
aos seus lugares visto que o pastor poderá necessitar destes.

2. Em igrejas em que os obreiros também sejam encarregados da


contagem das ofertas, esta tarefa deverá ser feita por, pelo menos,
dois ou três diáconos sob a liderança do obreiro responsável, de
preferência com a presença do tesoureiro ou de sua equipe a fim de
que nenhuma suspeição seja levantada contra os servidores da
Igreja.

3. O tesoureiro e sua equipe não devem participar da primeira


contagem das ofertas públicas por serem os que vão emitir o recibo
oficial.

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4. Após a contagem dos obreiros a equipe da tesouraria ou tesoureiro
deve conferir os valores na presença deles.

5. Após a contagem e conferência um recibo deve ser preenchido e


assinado o comprovante de ofertas congregacionais fornecido, por
todas as pessoas que participaram da contagem e conferência.

6. Os envelopes de obreiros e ofertas nominais somente devem ser


abertos e conferidos por duas ou mais pessoas da equipe da
tesouraria. Estes não dizem respeito ao trabalho diaconal e de
preferência, não convém que os obreiros se façam presentes na
conferência destes pelo tesoureiro,visto serem confidenciais.

5
ASSEMBLÉIAS E REUNIÕES SOLENES
Uma Assembléia é um tempo em que todo o serviço cotidiano normal é colocado de
lado, é uma ocasião em que os obreiros precisam se organizar previamente para
atender a situação.

35 No primeiro dia, haverá santa convocação; não façam nenhum trabalho.

36 Durante sete dias, apresentem ofertas queimadas ao Senhor. No oitavo dia,


vocês terão uma santa convocação e apresentarão ofertas queimadas ao Senhor; é
reunião solene, não façam nenhum trabalho nesse dia. Levítico 23:35,36

Sendo toda a igreja convocada para se fazer presente na reunião, ou não, é preciso
considerar que o serviço de segurança, estacionamento, recepção do templo e outros
serviços rotineiros precisarão funcionar bem. Logo, mesmo nestas ocasiões, é preciso
que sejam escalados aqueles que atenderão estes serviços visto que os demais
também participarão da assembléia. É importante que os escalados para trabalhar
nestes eventos não sejam sempre os mesmos, caso contrário, alguns nunca estarão
presentes em reuniões importantes da igreja por se encontrarem desempenhando

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atividades externas sempre que estes eventos acontecerem. Dentro do local da
reunião também são necessários atendimentos diaconais. Os cuidados dentro do lugar
onde acontecem as reuniões consistem em:
1. Providenciar o necessário para que a reunião aconteça sem
transtornos,

2. Verificar antecipadamente se as mesas encontram-se munidas de


papéis rascunho, canetas, réguas e/ou outros materiais necessários
para o desempenho das funções dos dirigentes da reunião.

3. Providenciar para que seja servida água aos componentes da mesa


durante a reunião. Não é viável para o pastor presidente da reunião,
bem como tesoureiros, secretários etc... se levantarem e se retirarem
afim de tomar água ou buscar alguma coisa que precise e não esteja
a mão naquele local.
4. Estar atento para auxiliar na distribuição de informativos impressos
aos presentes, quando for solicitado.

5. Os obreiros também devem servir como elo entre o ambiente


interno e externo da reunião.

6. Em reuniões não é comum a entrada e saída de pessoas, logo aqueles


que estão participando precisam estar completamente seguros de
que nada de anormal esteja acontecendo aos seus veículos nos
estacionamentos, as suas esposas em seu local de reunião, a seus
filhos que porventura os tenham acompanhado. A segurança dos
participantes garantirá sua atenção ao que estiver sendo discutido na
reunião. Não há nada mais desconcertante para dirigente da reunião
do que perceber que algum acontecimento exterior está tirando a
atenção dos participantes. O obreiro deve cuidar para que isto não
aconteça.
Quando o ajuntamento se tratar de uma reunião limitada ao corpo de obreiros do
campo, as esposas dos obreiros que estão em reunião, em geral permanecem em
algum ambiente separado também em reunião ou culto específico. É preciso que os
obreiros se atentem para as reuniões paralelas realizadas pelas esposas dos obreiros,

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para que estas também sejam atendidas em suas necessidades. O atendimento da
recepção no local onde acontece a reunião das senhoras deve ser cuidadoso, pois caso
algum meliante pense em adentrar o local por ser um lugar onde se encontre apenas
mulheres, havendo uma figura masculina na entrada, poderá fazer com que este venha
a desistir de seu intento.
A atuação dos obreiros em dias de assembléia geral da igreja, ou reunião restrita ao
corpo de obreiros, é de suma importância e os cuidados específicos a serem
tomados nestas ocasiões somam-se a alguns dos cuidados usuais dos cultos
normais e/ou grandes eventos. Portanto, é importante que o corpo de obreiro
esteja atento a todos os tipos de evento e reuniões previstos para serem realizados
pela igreja, e se antecipe procurando o pastor presidente e/ou responsável pelo
corpo diaconal, se colocando à disposição para o trabalho.

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BIBLIOGRAFIA

Mark Dever – Discipulado;

IBADEP (Instituto Bíblico da Assembleia de Deus Ensino e Pesquisa) – Formando Diácono;

Albérico Camelo De Mendonça – Estudos De Teologia Sistemática;

Jacob immanuel Schochet - http://www.chabad.org.br/mitsvot/Kibud/home.htm;

Bíblia Online - https://www.bibliaonline.com.br/.

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