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FOLHA TRIBUTÁRIA

AGOSTO 2023 - N.º 63


FOLHA TRIBUTÁRIA

A Folha Tributária,
com periodicidade mensal, é um meio
de comunicação da Administração
Geral Tributária, para a divulgação
de informações, notícias, artigos
técnicos, eventos com relevância
fiscal e aduaneira ou novidades sobre
os seus serviços, dirigida a todos os
interessados em matérias tributárias.

FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE:
AGT - Administração Geral Tributária
Título: Folha Tributária
Edição: Agosto 2023 - N.o 63
Redacção e Edição:
Gabinete de Comunicação Institucional
(GCI - AGT)

EQUIPA DE TRABALHO:
Bráulio E. Assis, Fernando Costa,
Denise Garrocho Panzo, Osvaldo Domingos,
Tarciso Gourgel, Raúl Dias e Augusto
Delgado.

CONSELHO EDITORIAL:
Ondina Buca, António Rafael,
Divel Teixeira, Hermenegildo Gregório,
Francisco Sivone e Fernando Moisés.

AGT DIGITAL:
www.agt.minfin.gov.ao
portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
apoio.agt@minfin.gov.ao
Central de Apoio ao Contribuinte:
+244 923 16 70 10
Justinho (Assistente Virtual)
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PROGRAMA OEA
PAÍS CONTA COM 52 EMPRESAS CERTIFICADAS
PARA INTERVIR NO COMÉRCIO INTERNACIONAL

A Administração Geral Tributária (AGT) Na ocasião, o responsável referiu que o OEA


procedeu à renovação do Certificado de “é um programa desafiante, e hoje, com a
Operador Económico Autorizado (OEA), na situação que o País atravessa, os benefícios
modalidade de Importação e Exportação, são necessários. Há operadores que estão no
às empresas Mecofarma, Novagrolider, programa e que, por vezes, não têm presente
Socifarma e à Companhia Castel de Bebidas. que têm direito a vários benefícios como
Foi, igualmente, atribuído pela primeira vez a regularização a posteriori do processo
o diploma à empresa Indemax, integrando de importação e exportação, que permite
deste modo o leque de 52 contribuintes já desalfandegar as mercadorias sem pagar os
certificados com este estatuto. direitos aduaneiros de imediato, podendo fazê-
lo no prazo de 60 dias”, disse.
A cerimónia de entrega de certificados, que
decorreu no dia 4 de Agosto, na sede da AGT, “O facto de existirem empresas que estão a
em Luanda, foi orientada pelo director dos renovar a obtenção deste estatuto, significa
Serviços Aduaneiros da Instituição, Jerónimo que, de alguma forma, o programa está a
Cambalanganja, que destacou a importância servir o seu propósito. Dizer que, o Programa
do Programa de OEA aprovado pelo Decreto de OEA não abrange apenas a área aduaneira,
Presidencial nº 293/18, de 3 de Dezembro mas também todos os entes que concorrem na
e alargado para os Despachantes oficiais e cadeia do comércio internacional”, sublinhou.
Transitários por via do Despacho n.º 2945/22, Os 52 intervenientes da cadeia logística
de 5 de Julho. certificados no Programa de OEA actuam em

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diversos sectores, nomeadamente, petrolífero, REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE
de bebidas, construção, automóvel, agrícola, Compete à AGT verificar se o contribuinte em
farmacêutico, bem como o sector de tecnologia causa tem a situação tributária regularizada,
de informação, entre outros. isto é, sem dívidas fiscais e aduaneiras,
fazer vistoria e inspecção das instalações
FACILITAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL do candidato com foco na organização
O Programa de OEA, criado pelas administrações administrativa, organograma funcional e registo
aduaneiras com base nas recomendações de arquivos de processos aduaneiros, bem
da Organização Mundial das Alfândegas como avaliar a disponibilidade da empresa de
e da Organização Mundial do Comércio, um ponto de contacto encarregue das matérias
constitui um mecanismo que visa garantir a de importação e logística para o fomento de
segurança, facilitação do comércio, através da relações mutuamente benéficas, entre outros.
simplificação, harmonização, padronização e
modernização dos procedimentos aduaneiros, Para admissão como OEA, os agentes
tendo como foco a redução das barreiras económicos têm de preencher um
não tarifárias ao comércio internacional, requerimento de certificação, responder ao
para os contribuintes que não constituem questionário de auto-avaliação, preencher
risco tributário, devido ao seu histórico do o relatório complementar de validação e a
cumprimento da legislação aduaneira e fiscal. posterior apresentar a candidatura no registo
Em Angola, o Programa de OEA é gerido pelo de importadores, exportadores, despachantes
Ministério das Finanças, através da AGT. ou transitários emitido pelo Ministério da
Esta, por sua vez, tem a função de verificar Indústria e Comércio.
se os intervenientes da cadeia logística
nomeadamente, os importadores, exportadores, O operador deve, ainda, apresentar o
despachantes oficiais e transitárias cumprem comprovativo de regularidade fiscal por meio
com os requisitos necessários para que lhes de Certificado de Não Devedor e o comprovativo
sejam atribuídos este estatuto. da actuação como interveniente em actividade

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passível de certificação como OEA, pelo 60 dias. Permite, igualmente, redução do
período mínimo de 24 meses. Cumprindo com número de inspecções físicas e documentais,
os requisitos acima referidos, o Certificado de dispensa de apresentação de garantia nos
OEA é emitido por um período de três anos, processos de trânsito, tratamento prioritário
podendo ser renovado a pedido do titular, caso seja seleccionado para inspecções físicas
desde que a AGT confirme que se mantêm as e documentais e a redução do número de
obrigações e os critérios exigidos para a sua a inspecções físicas e documentais.
concessão.
Quanto aos seus deveres, os operadores
BENEFÍCIOS DO OEA económicos são obrigados a permitir as
A obtenção da certificação do OEA permite verificações e reverificações documentais
a dispensa de apresentação de garantia no e fiscais, devem permitir o acesso da AGT
processo de desembaraço aduaneiro, pagamento às instalações e documentos sem qualquer
de direitos de importação em prestações, objecção do operador. Devem, igualmente,
postergação da apresentação da Declaração prestar informações à AGT de todos factos
de Compromisso de Exclusividade dentro de surgidos após a concessão do Certificado.

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A VOZ DOS CONTRIBUINTES
ADMINISTRADOR DA MECOFARMA DESTACA VANTAGENS
DO PROGRAMA DE OPERADOR ECONÓMICO AUTORIZADO

A empresa Mecofarma procedeu, no dia 4 de Agosto, à renovação do seu certificado de Operador


Económico Autorizado na modalidade de importador, mantendo assim o seu lugar na lista das
empresas que podem intervir no comércio externo. Vado Assis, Director Administrativo da Mecofarma,
destaca as vantagens do programa e aponta algumas oportunidades de melhoria.

QUE AVALIAÇÃO FAZ DO PROGRAMA DE OPERADOR ECONÓMICO AUTORIZADO (OEA)?


É um programa bastante inovador e agregador de valor no processo de desalfandegamento de
mercadoria nos portos e aeroportos de Angola. Inicialmente começou como um programa piloto, hoje
é uma certeza na simplificação, harmonização e padronização dos procedimentos aduaneiros a nível
nacional. Desde que aderiu ao Programa, que vantagens e constrangimentos tem tido no exercício
da actividade? Entre as vantagens, destaco a maior celeridade no processo de desalfandegamento,
a comunicação fluida e acessível com os agentes da Administração Geral Tributária e o tratamento
atempado dos processos pendentes. Em relação aos constrangimentos, penso haver pouca divulgação
sobre o programa OEA aos outros agentes intervenientes na cadeia de desalfandegamento,
nomeadamente a Agência Reguladora de Medicamentos e Tecnologias de Saúde (ARMED), o que
tem provocado atraso na inspecção de medicamentos e materiais farmacêuticos, bem como demora
no canal vermelho.

O QUE DEVE SER MELHORADO NO PROGRAMA OEA?


Deve ser melhorado o processo de submissão do Regime 4100 para os OEA. Actualmente, para ser
submetido ao despacho no Regime 4100 é obrigatório ter o manifesto de carga do desbloqueio da
carta de porte no Asycuda. Ao dia de hoje, apenas a TAAG consegue fornecer este documento, no
entanto fá-lo com muitas difculdades e, por vezes, com falhas. A TAP, por sua vez, não consegue,
de todo, fornecer o manifesto, o que impossibilita o desalfandegamento a tempo, da inspecção da
carga, isto porque o médico responsável pela inspecção apenas se encontra no Terminal até às 14
horas. Uma vez que, caso a inspecção não aconteça no próprio dia, os medicamentos têm de ficar
no armazém do aeroporto a uma temperatura fora do recomendado pelo laboratório ou fabricante,
colocando em risco a qualidade dos produtos e consequentemente a saúde pública. Isto porque
no Aeroporto não existe um armazém para conservação de medicamentos à temperatura ambiente,
isto é, entre 15º a 24º centígrados. Na nossa opinião se fosse possível a submissão dos processos
no Regime 4100, sem obrigatoriedade de apresentação do manifesto, evitaríamos este grande
constrangimento.

DO SEU PONTO DE VISTA, QUE BENEFÍCIOS DEVEM SER ACRESCIDOS AO PROGRAMA?


Deveria ser possível retirar os medicamentos do Terminal de Carga sob Controlo Aduaneiro, após
ser liberada a Nota de Desalfandegamento, mesmo sem a presença do médico e aguardar pelo
médico nas nossas instalações, ou seja, no nosso armazém, para fazer inspecção antes de se
iniciar a comercialização ou dar-se destino final. Não sendo assim possível, a nossa sugestão é de
verificarem a possibilidade de ter um médico no aeroporto de piquete por forma a agilizar a saída
dos medicamentos do aeroporto independentemente da hora de chegada, garantindo assim a sua
boa conservação.

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GRANDE ENTREVISTA

João Amaral
Director da Fazenda Girassol

PROGRAMA DE OPERADOR ECONÓMICO PERMITE A ACTORES DO COMÉRCIO


INTERNACIONAL GOZAR DE UMA RELAÇÃO PRIVILEGIADA COM A AGT

O programa de Operador Económico Autorizado Económico Autorizado confere um estatuto de


(OEA) é um estatuto atribuído aos agentes confiança, na medida em que a AGT sabe que
económicos que são considerados fiáveis no o operador cumpre um conjunto de requisitos e
âmbito das suas operações aduaneiras. tem idoneidade.

A Folha Tributária entrevistou, no passado O programa permite que, nos processos de


dia 18 de Agosto, o director da Fazenda importação, a burocracia documental possa
Girassol, João Amaral, que na ocasião ser tratada posteriormente dentro de prazos
informou que obteve a certificação como OEA estabelecidos, o que faz poupar no custo das
no ano de 2020. Para João Amaral, o OEA é armazenagens. No nosso caso, também permitiu
um programa “diferenciador, que apoia os a existência de um armazém afiançado, o que
operadores económicos em Angola, retirando se revelou uma grande mais-valia.
custos efectivos ao processo de importação,
especialmente na armazenagem. O OEA O QUE DEVE SER MELHORADO NA IMPLEMENTAÇÃO
permite, igualmente, acelerar os trâmites DO PROGRAMA OEA?
documentais, através de uma relação de Penso que deve haver desburocratização e
confiança entre os operadores e a AGT”, referiu. maior facilidade no processo de exportação
no que respeita a produtos perecíveis como
DESDE QUE ADERIU AO PROGRAMA, QUE os agrícolas, cuja entrada no porto/aeroporto
VANTAGENS E CONSTRANGIMENTOS TEM TIDO NO deverá ser pouco antes da partida dos navios/
EXERCÍCIO DA SUA ACTIVIDADE? aviões, de forma a evitar que se percam dias de
A grande vantagem tem sido a relação mais vida útil do produto.
fácil e próxima com a AGT. Ser Operador

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QUE BENEFÍCIO ACHA QUE DEVERIAM SER Estejamos ou não preparados, é nossa
ACRESCENTADOS AO PROGRAMA? convicção que o dinamismo gerado pela
Deveriam existir reduções fiscais concretas, que abertura desta zona de comércio livre fará com
concedam vantagens competitivas a entidades que se iniciem processos de adaptação e de
cumpridoras das suas obrigações fiscais e cujo ajuste na economia, empresas e na sociedade
passado demonstre e documente esse caminho de forma geral.
de seriedade e responsabilidade.
Essa capacidade de adaptação e de
Sabe-se que Angola é um dos 55 estados desenvolvimento dos agentes económicos
membros da União Africana que assinou o e dos cidadãos não deve ser subestimada,
Acordo que estabelece a Zona de Comércio acreditamos que as oportunidades e os desafios
Livre Continental Africana (AFCFTA), um que se nos colocarão serão a motivação
dos 38 que o ratificaram e faz parte dos 36 necessária para a mudança, evolução, melhoria
que já depositaram os seus instrumentos de e crescimento que se ambiciona.
ratificação na União Africana.
Consideramos, no entanto, que este
QUE VANTAGENS E DESVANTAGENS ESTE ACORDO alargamento de mercado constituirá um
TRARÁ PARA ANGOLA E PARA O CONTINENTE? desafio para o Estado, pois haverá necessidade
Independente de alguns desafios que possam de modernizar e informatizar fortemente os
existir, do nosso ponto de vista, o alargamento organismos e instituições públicas.
do mercado traz sempre muito mais vantagens
do que desvantagens. Será igualmente, necessário fomentar um
melhor controlo de processos, de modo a
Maior mercado significa sempre mais facilitar a interacção dos cidadãos e empresas
oportunidades, maior competitividade e, com as instituições públicas, de forma a evitar
portanto, um maior esforço na procura de por essa via as enormes ineficiências que
melhores formas de produzir e de criar valor. existem actualmente, em muitos organismos
Pensamos que a zona de comércio livre do Estado, bem como as inúmeras dificuldades
também vai estimular e contribuir de maneira que se vão criando, quer aos cidadãos quer às
decisiva para o desenvolvimento dos países empresas sempre que precisam obter licenças,
que ratificaram o acordo. documentos ou até informações.

Acreditamos, também, que este alargamento COMO OPERADOR ECONÓMICO, COMO VÊ O


de mercado deverá trazer ao Estado um AMBIENTE DE NEGÓCIOS EM ANGOLA? QUE
incentivo à sua modernização, encontrando EXPERIÊNCIAS POSITIVAS, E NEGATIVAS, TEM
formas mais ágeis de comunicar e interagir VIVIDO?
com os cidadãos e as empresas, investindo A verdade é que o ambiente de negócios precisa
em plataformas informatizadas que facilitem ainda de várias melhorias, pois as inúmeras
essa comunicação entre o Estado, o mundo dificuldades com que as empresas se deparam
empresarial e a sociedade civil em geral. no seu dia-a-dia dificultam a criação de riqueza.
A maioria das empresas não obtém lucros no
ACHA QUE O ESTADO ANGOLANO, A ECONOMIA, AS final de cada ano, porque é difícil avançar, é
EMPRESAS E OS CIDADÃOS ESTÃO PREPARADOS difícil conseguir o básico, como um direito de
PARA A IMPLEMENTAÇÃO DESTE ACORDO? E superfície, uma ligação à rede eléctrica, uma
PORQUÊ? licença ou até uma simples renovação.

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No nosso caso concreto, por exemplo, no obrigam o contribuinte a provar o contrário do
exercício de 2022, 1/6 da nossa facturação total que se presume. Estas inspecções são uma
foi para pagar impostos, o que é um valor muito fonte de receita inesgotável para as consultoras
significativo. Temos também os últimos 5 anos que vendem, por valores significativos, serviços
com resultados líquidos negativos e este ano, de apoio à resposta e justificação das situações
apesar de um primeiro trimestre auspicioso, elencadas pela AGT, obrigando, no entanto,
vamos manter os resultados líquidos negativos à apresentação de cópias intermináveis de
muito por força da desvalorização cambial. facturas e documentos contabilísticos sem
fim, sendo para tal necessária a alocação de
É até justo referir que nas inúmeras visitas equipas alargadas que apenas se dedicam a
que recebemos, anualmente, as entidades e essa tarefa e não a outras mais úteis para o
as personalidades que verificam o trabalho e desenvolvimento dos negócios.
investimento realizado mostram vontade em
apoiar e em contribuir decisivamente para UMA VEZ QUE A AGT TEM A VISÃO DE
resolver os problemas que partilhamos e mesmo SER CONHECIDA, NO ÂMBITO NACIONAL E
assim em muito do essencial não conseguimos INTERNACIONAL, COMO UMA INSTITUIÇÃO
obter o que nos faz falta. Esta ineficiência e DE EXCELÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
dificuldade crónica que perturba a evolução. É PÚBLICOS, QUE RECOMENDAÇÕES DEIXA À AGT,
urgente essa mudança! NO GERAL, OU NALGUMA ÁREA EM PARTICULAR,
PARA QUE POSSA ALCANÇAR ESSE OBJECTIVO?
Como aspecto positivo e diferenciador A AGT conseguiu, na última década, romper com
destacamos sem dúvida, o Aviso 10 do BNA, o padrão existente nos restantes organismos
pois o financiamento foi de fácil acesso e com do Estado e na forma destes se relacionarem
uma taxa muito competitiva que permitiu às com o cidadão e com as empresas. O que
empresas progredir. No nosso caso foi uma consideramos necessário é um investimento
oportunidade decisiva. massivo em sistemas de informação que
permitam um verdadeiro controlo de processos
NO QUE DIZ RESPEITO AOS SERVIÇOS PRESTADOS em curso e concluídos, garantindo que
PELA AGT E, TAMBÉM, NO QUE SE REFERE À cada processo ou pedido é tratado com total
RELAÇÃO DA SUA EMPRESA COM A AGT QUAL A imparcialidade e da mesma forma, cumprindo
SUA AVALIAÇÃO? o nível de serviço estipulado.
Destacamos como pontos positivos, o esforço Sem esse investimento, em sistemas de
de modernização nos meios informáticos e na informação e na formação contínua e séria
formação técnica dos recursos humanos ligados de recursos humanos, continuaremos a
à AGT, o que permitiu um salto qualitativo nas ter uma convivência difícil dos cidadãos e
interacções entre o contribuinte e Administração das empresas com os organismos públicos,
Geral Tributária, onde destacamos com relevo o sendo esse um factor que do nosso ponto de
Portal do Contribuinte por agregar um conjunto vista mais contribui para inibir e dificultar o
vasto de interacções possíveis, de forma fácil e desenvolvimento económico e a progressão da
eficiente. economia.

Como principal ponto negativo, destacamos as É necessário um investimento massivo em


inspecções consecutivas de todos os exercícios sistemas de informação que permitam um
económicos, cujo modelo seguido assentou verdadeiro controlo de processos em curso e
sempre num conjunto de presunções, que concluídos.

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EDUCAÇÃO FISCAL
CIDADE DOS KANDENGUES TRIBUTÁRIOS CHEGA A BENGUELA

A Administração Geral Tributária (AGT) promoveu de 23 a 27 de Agosto, na província de Benguela,


a segunda edição do projecto “Cidade dos Kandengues Tributários”. Uma iniciativa criada com o
objectivo de promover a consciencialização sobre questões tributárias em crianças e adolescentes.
A Cidade dos Kandengues Tributários, que teve como pano de fundo passar informações relacionadas
aos tipos de impostos, sua finalidade e a importância do pagamento dos mesmos, contou com a
visita de mais de 1600 crianças dos 7 aos 16 anos de idade que estiveram acompanhadas dos seus
encarregados de educação.

A abertura da Cidade dos Kandengues coube ao Delegado Provincial das Finanças, Carlos Hapapa,
que afirmou, na ocasião, que a AGT “vem de um processo longo de reforma, que permitiu moldar a
forma de pensar dos cidadãos que antes tinham alguma dificuldade em perceber a finalidade dos
impostos, mas hoje pagam de forma justa”, disse.

Segundo Carlos Hapapa, com a realização da feira dos Kandengues a AGT procura instruir desde cedo
os cidadãos, neste caso “as crianças e adolescentes, colocando-os dentro de um novo paradigma
que lhes permite aprender, de forma diferente, a importância dos impostos”.

Na feira, as crianças tiveram contacto com stands que representavam as repartições fiscais, a Polícia
Fiscal e Aduaneira, as delegações aduaneiras, lojas de conveniência e espaços para brincadeiras. Ao
entrar na Cidade do Kandengues, as crianças recebiam dinheiro fictício para efectuar compras de
bens reais e, deste modo, aprenderam que devem exigir facturas em função das compras efectuadas.

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De acordo com o coordenador de Educação Tributária, Biblioteca e Museu, do Centro de Estudos
Tributários da AGT, António Braça, a feira teve um impacto positivo, na medida em que contribuiu
para a conscientização sobre a importância dos tributos no desenvolvimento da região e do País
como um todo.

“Essa actividade visou essencialmente disseminar conteúdos tributários e, aqui particularmente


para crianças, porque entende-se que as crianças e adolescentes são os maiores e potenciais
disseminadores de conteúdos. Continuaremos a promover essa iniciativa com o objectivo de permitir
que as crianças de todo o País saibam o impacto dos impostos na sua vida”, concluiu.

A feira, que decorreu na cidade das “Acácias Rubras”, contou, também, com a presença do director
da 4ª Região Tributária e anfitrião, Milton da Costa, de membros do Governo Provincial de Benguela
e professores de diferentes instituições, entre elas: escolas públicas, privadas, lares de acolhimento
entre outras.

Importa referir que a primeira edição da Cidade dos Kandengues teve lugar na província de Luanda,
no mês de Junho. A AGT realizará o evento nas sedes das sete regiões tributárias, estando a próxima
edição prevista para o mês de Setembro, na 5ª Região Tributária, província da Huíla.

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A VOZ DOS KANDENGUES
CIDADE DOS KANDENGUES TRIBUTÁRIOS CHEGA A BENGUELA

Ouvimos alguns “Kandengues” que visitaram a feira e os mesmos convergem


ao considerarem que os impostos são importantes para o bem social.

IRACELMA JOSÉ:
“A feira dos Kandengues foi bastante produtiva,
deu para aprender que quando vamos à loja
devemos pedir facturas com o registo dos
produtos que comprámos e os preços de cada
um. Aprendi também que todos devem pagar
imposto para que o governo melhore os serviços
públicos para o bem de todos nós”.

TATIELA AMARAL:
“Achei este lugar muito bonito,
devem realizar mais vezes este
tipo de eventos. Aprendi que
os impostos são usados para
construir escolas, hospitais e
pagar salários”.

JOSÉB MIGUEL:
“Acho que todos gostaram muito desta
feira. Agora sei que quando eu for
adulto terei de pagar imposto para o
desenvolvimento do meu País. Aconselho
os adultos a pagarem os seus impostos
para o bem social”.

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AGT ELUCIDA ESCUTEIROS SOBRE O
FUNCIONAMENTO DO SISTEMA FISCAL

No âmbito do Programa Nacional de Educação e Cidadania Fiscal (PNECF), a Administração Geral


Tributária (AGT) participou, de 26 de Agosto a 2 de Setembro, no Acampamento Nacional dos
Escuteiros de Angola “Otchilombo 2023”, que decorreu no município de Porto Amboim, província
do Cuanza Sul.

Trata-se de um evento que teve, entre outros objectivos, promover a consciencialização da importância
dos tributos e a responsabilidade fiscal na sociedade, incentivar o espírito de partilha e inter-ajuda.
O acto de abertura do acampamento esteve a cargo do ministro de Estado e chefe da Casa Civil do
Presidente da República, Adão de Almeida, que na ocasião apelou aos jovens para que “encarem a
vida como um processo, sendo importante ter sonhos e ambições”. “Os jovens devem lutar sempre
para a realização dos seus sonhos, somos o que plantamos e não o que escolhemos”, incentivou.

De acordo com o coordenador de Educação Tributária, Biblioteca e Museu, do Centro de


Estudos Tributários da AGT, António Braça, a participação da AGT no referido acampamento
visou, essencialmente, elucidar os mais de 10 mil escuteiros que participaram do evento, sobre
o funcionamento do sistema tributário angolano, as funções dos impostos e como os recursos
arrecadados são utilizados para o desenvolvimento da sociedade.

“Consideramos ser um ambiente propício para a partilha de informações relacionadas com o sistema
tributário. Aproveitamos a ocasião para de forma interactiva e por meio de jogos e simulações,
mostrar o impacto dos tributos na edificação da sociedade”, referiu.

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No seguimento das actividades que decorreram no quinto acampamento dos escuteiros de Angola,
a AGT participou de uma mesa redonda com o tema “Empreendedorismo, Financiamento e Auto-
Emprego” e da qual participaram representantes do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), do
Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e da Associação de Profissionais e Amigos do
Combate à Pobreza (APACP).

Durante o evento, foram realizadas, de igual modo, um conjunto de actividades educativas e


interactivas, entre elas, palestras e debates com especialistas de diferentes áreas, onde os serviços
da 4ª Região Tributária (que tem sob jurisdição as províncias de Benguela, Bié, Huambo e Cuanza
Sul) estiveram envolvidos “de forma metodológica e operacional”.

O encerramento do acampamento Otchilombo foi presidido pela ministra da Juventude e Desporto,


Palmira Barbosa.

O evento contou com a participação do governador da província do Cuanza Sul, Job Capapinha,
do secretário de Estado para a Juventude, Fernando Tchitapa, estudantes, professores, entidades
religiosas, membros da comunidade local e membros do governo provincial do Cuanza Sul.

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OUTRA PERSPECTIVA
MAXIMIANO MUENDE
ECONOMISTA | CONSULTOR ECONÓMICO E FINANCEIRO | AUDITOR FINANCEIRO

ECONOMISTA RECOMENDA MAIOR FLEXIBILIDADE NA RELAÇÃO COM


CONTRIBUINTES QUE TENHAM BAIXA LITERACIA FISCAL

“A Administração Geral Tributária (AGT) precisa ter maior flexibilidade na relação com os contribuintes
com baixa literacia fiscal, melhorar as garantias dos contribuintes, assim como reduzir as penalidades
sobre as micro e pequenas empresas com menos de três anos de actividade”. As recomendações
foram deixadas pelo economista angolano Maximiano Muende, quando falava em entrevista à Folha
Tributária sobre o “Impacto da reforma do sistema fiscal na economia angolana”.

Na ocasião, Maximiano Muende referiu que os pontos positivos do processo de reforma tributária
podem ser vistos de diversos ângulos, nomeadamente, “do ponto de vista da organização do aparelho
administrativo, do ponto de vista da preparação e capacitação dos técnicos, assim como do ponto
de vista dos avanços tecnológicos que se registaram ao longo dos anos, onde podemos destacar a
criação do Portal do Contribuinte que permite, entre outras tarefas fundamentais, a transmissão
electrónica de dados”.

Segundo o economista, os ganhos da reforma tributária estendem-se, também, ao sector empresarial,


devido às reduções das taxas do Imposto Industrial de 30% para 25%.

“Houve também uma maior aproximação da AGT na sua relação com os agentes económicos e uma
melhoria significativa da comunicação institucional, elementos bastantes úteis para manter a boa
relação com os contribuintes”, ressaltou.

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De acordo com o entrevistado, “com os desafios que se verificam no ambiente económico e na
capacidade de consumo das famílias, é expectável que haja uma escalada de rendimentos
decrescentes ao nível da arrecadação fiscal. Por isso, é fundamental, que a AGT realize um estudo
técnico que permita obter as informações necessárias que possam garantir uma tomada de decisão
mais assertiva sobre o curso da política e do sistema fiscal angolano e, nós consultores económicos,
podemos apoiar”, sugeriu.

Em relação ao impacto do sistema fiscal na economia angolana, Maximiano Muende referiu que “o
sistema fiscal angolano, para além de funcionar como mola impulsionadora de toda a actividade
do Estado, porque permite a arrecadação das receitas necessárias para a realização das despesas
públicas, funciona de igual modo, como elemento redutor da actividade económica privada quer
das empresas como das famílias, devido à elevada carga tributária e à falta de compensação ou
providência de bens públicos essenciais ao funcionamento das instituições e a vida das famílias”.

REFORMAS FUNDAMENTAIS PARA O FOMENTO DA ECONOMIA ANGOLANA DEVEM INCLUIR REDUÇÃO DE


IMPOSTOS PARA FAMÍLIAS E PME
Do ponto de vista de Maximiano Muende, o fomento à economia faz-se com menos impostos e com
menos interferência possível do Estado na economia.

“A redução da carga tributária sobre as famílias e as empresas, mormente as micro, pequenas e


médias empresas (MPME), teria impacto significativo no ambiente económico, nos negócios das
empresas e no rendimento disponível das famílias para que possam realizar o seu consumo e assim
aquecer a economia, provocando o crescimento económico”, disse.

De acordo com o economista, para se conciliar a promoção e protecção das empresas ao mesmo
tempo que se dá resposta à necessidade de financiamento da despesa pública, é fundamental
que “se racionalize a despesa pública e se crie um Orçamento Geral do Estado (OGE) altamente
disruptivo”.

“É preciso, também, reduzir as taxas nominais e reduzir as sujeições de operações que venham a ser
consideradas como parte da base tributável ou da matéria colectável do imposto, ao mesmo tempo
que se expande a base tributária para se arrecadar mais impostos de forma horizontal e não vertical.
Quanto maior for o peso da tributação sobre a actividade económica menor será a apetência do
empresário pagar impostos e consequentemente menor será a arrecadação bem como a expectativa
de arrecadação futura”, defendeu.

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PASSO-A-PASSO

CADASTRO E INÍCIO DE SESSÃO NO PORTAL DO LEILÃO

PASSO 1: ABRIR O PORTAL DO LEILÃO ONLINE


• Aceder o website: www.agt.minfin.gov.ao
• Menu > Serviços > Serviços Electrónicos > Leilão Online de Mercadoria
• Clica no Menu “Entrar“ na barra de menu superior, e será redirecionado para a tela de “login”.

OBS: Para se cadastrar no Portal de Leilão é necessário antes ter um cadastro no Portal do
Contribuinte, pois o seu NIF e Senha do Portal do Contribuinte serão usados no Portal de Leilão.

Link: https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao/cadastro-utilizador

PASSO 2: INICIAR SESSÃO


Digite o seu NIF e Senha do Portal do Contribuinte, e em seguida clique em “entrar”.

PASSO 3: ACTUALIZAR AS INFORMAÇÕES DE CONTACTO


• Actualize as suas informações de contacto (telemóvel e email), que serão usados para contactá-lo
caso vença.

PASSO 4: TERMOS E CONDIÇÕES


• Leia os termos e condições, e se concordar marque a opção “li e concordo“ e de seguida clique em
continuar e será redirecionado para a página inicial do Leilão Online.

• A partir desse momento, seu registo no Portal de Leilões foi concluído, e nas próximas vezes bastará
simplesmente fazer o “login”.

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AGT
EM NÚMEROS
BOLETIM MENSAL
PREÇO DO PETRÓLEO

Ambiente Petro-Macroeconómico

A INDÚSTRIA DE GNL NA IMINÊNCIA DE UM BOOM EM ÁFRICA


Por Dino Paulo e Nuno Fernandes

A República do Congo está a entrar numa nova e excitante era económica. No mês passado , em
parceria com a grande empresa italiana de energia Eni, o País lançou o seu primeiro projecto de Gás
Natural Liquefeito ou GNL (em inglês referido pela sigla LNG, de liquified natural gas). O projecto,
avaliado em 5 mil milhões de dólares, utilizará o gás natural do projecto Marine XII da Eni, ao largo
da costa do Congo e deverá produzir 3 milhões de toneladas por ano (mmtpa) em 2025. A operação
vai incluir duas unidades flutuantes de GNL (FLNG) que vão processar o gás dos campos de Nenè
e Litchendjili, que já estão a produzir. Os navios FLNG iniciarão a produção em 2023 e 2025,
respectivamente.

Após o anúncio do projecto de GNL do Congo, esse movimento significativo posiciona o Congo como
um actor chave no mercado global de GNL e serve como um exemplo valioso para outros países
africanos. O GNL representa um caminho crítico para aproveitar os recursos de gás, minimizar a
insegurança energética, criar indústrias de valor acrescentado e contribuir para a transição energética
de África.

De acordo com relatório da Câmara Africana de Energia (AEC) “The State of African Energy 2023 Q1
Report” prevê-se que a produção de GNL do continente se manterá estável até ao resto deste ano,
como o relatório continua a descrever um crescimento significativo nos próximos anos.

EXPANSÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS


Um dos principais factores que contribuem para essa previsão optimista é a crescente capacidade
de África produzir, armazenar e transportar GNL. O projecto de GNL do Congo é um dos muitos que
avançam no nosso continente, contribuindo para o que se espera que seja um aumento significativo
na capacidade total de infra-estrutura de exportação de GNL, de 80 mmbtu para cerca de 110
mmbtu até 2030, e para mais de 175 mmbtu até ao final da próxima década.

Existem razões para confiar nestas previsões. Olhando para o Gabão, no início deste ano, a companhia
anglo-francesa Perenco tomou a sua decisão final de investimento para a construção de um projecto
de GNL de US$ 1 mil milhões perto de seu terminal de petróleo Cap Lopez, que a empresa adquiriu

FOLHA TRIBUTÁRIA 24
à francesa TotalEnergies em 2021. Após um período de construção de três anos, a capacidade da
fábrica deve atingir cerca de 700.000 toneladas de GNL anualmente.

A Tanzânia, por sua vez, concluiu recentemente as negociações com a companhia norueguesa
Equinor e a britânica Shell para a construção de um terminal de GNL de US$ 30 mil milhões na
região de Lindi, no sudeste da Tanzânia. Após anos de atrasos, é encorajador ver a Tanzânia avançar
com os esforços para desenvolver as suas vastas reservas offshore de gás natural: cerca de 57,54
trilhões de pés cúbicos (tcf).

TREMENDO AUMENTO DE ACTIVIDADE


Podemos observar outros projectos empolgantes de GNL a avançar, como por exemplo:
O produtor sul-africano de hélio e gás natural Renergen lançou a primeira fase do Projecto Virginia
Gas, a primeira fábrica comercial de GNL da África-do-Sul, na província de Free State. Prevê-se que
a instalação tenha uma capacidade de 50 toneladas de GNL por dia, aumentando para cerca de 680
toneladas na segunda fase.

Na Guiné-Conacri, o governo está a desenvolver um projecto de GNL, avaliado em 300 milhões


de dólares, em parceria com a West Africa LNG. O projecto prevê a construção de um terminal de
recepção de GNL, uma unidade de liquefacção e um terminal de exportação no porto de Kamsar, na
costa norte do país.

Em Angola, a Eni e os seus parceiros do Novo Consórcio de Gás, incluindo a Cabinda Gulf Oil Company
Limited (filial da Chevron em Angola), a estatal Sonangol, a BP e a TotalEnergies, chegaram a um
acordo para desenvolver os campos de gás de Quiluma e Maboqueiro. Isto estabelece as bases para
vários projectos de infra-estruturas, incluindo uma ligação à actual fábrica de GNL de Angola. Por
sua vez, permitirá a Angola rentabilizar até 4 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural
por ano sob a forma de LNG, possivelmente já em 2026.

SATISFAZER A PROCURA GLOBAL E INTERNA


Para além da infra-estrutura de GNL, é importante destacar as perspectivas de produção de gás
natural em África e o seu potencial impacto nas exportações de GNL.

Durante os últimos três ou quatro anos, cerca de um quarto do gás natural produzido em África tem
sido encaminhado para os mercados internacionais sob a forma de GNL. Se este padrão se mantiver,
iremos assistir a volumes consideravelmente maiores de GNL africano destinados aos mercados
internacionais à medida que a produção de gás natural aumenta. Nesta senda, África passará de
bombear 105 bcm de gás natural em 2023, para 220 bcm em 2040. Consequentemente, os fluxos
de GNL de África atingirão provavelmente 100 bcm em 2035.

Com esta meta, prevê-se grandes benefícios económicos decorrentes das actividades de exportação
de gás natural de África, desde o crescimento financeiro e a criação de emprego até às oportunidades
de partilha de tecnologia. Contudo, o gás natural dos países africanos deve igualmente servir para
solucionar os grandes desafios inerentes aos diversos países africanos, especialmente como solução
para redução de insegurança energética generalizada em África, bem como ajudar na diversificação
económica, no processo de industrialização e aumento da qualidade de vida.

FOLHA TRIBUTÁRIA 25
PREVISÃO DAS RAMAS ANGOLANAS
As ramas angolanas continuam a acompanhar o movimento do principal índice petrolífero
BRENT. A variação continua mínima. No período transacto, por esta altura, o preço
registava um comportamento “bullish”, que levou a máximas de 120 dólares o barril.
Em contraste, este ano, os preços estão relativamente controlados e estabilizaram, nos
últimos meses, na casa dos $70/$80 por barril. A equipa da DTE da AGT acredita que a
China vai causar um aumento na procura, a partir da segunda metade do ano, onde levará
a procura a níveis records.

140,00

123,70

120,00
112,59
121,00
99,99
112,31
100,00 93,33
89,87 91,67
100,48
82,78 82,78 84,94
92,00 92,31 80,09 80,03
89,38 78,6
80,00 75,55
74,7
78,99 79,33 81,84 78,66
81,27 76,9 73,67
73,69
60,00

40,00

20,00

0,00
Jun/22

Jul/22

Ago/22

Set/22

Out/22

Nov/22

Dez/22

Jan/23

Fev/23

Mar/23

Abr/23

Mai/23

Jun/23

Jul/23

Brent Ramas Angolanas OGE

Tabela 1 - Comportamento do preço das ramas angolanas face ao Brent - Fonte: SAF vs Platts.

FOLHA TRIBUTÁRIA 26
RECEITA MENSAL PETROLÍFERA - JULHO DE 2023

DESCRIÇÃO EXPORTAÇÃO PREÇO MÉDIO IRP (KZ) IPP TAXA RECEITA DA TOTAL

(BBLS) (USD/BBL) (KZ) DE GÁS (KZ) CONCESSIONÁRIA (KZ) (KZ)

Bloco 0 3 068 053 74,23 17 747 852 774 17 747 852 774

Bloco 0 ZMQ 62 000 75,39 391 383 322 391 383 322

Bloco 02/05 5 438 192 323 5 438 192 323

Bloco 03/05 380 747 74,53 3 847 989 717 3 847 989 717

Bloco 03/05A 19 500 74,40

Bloco 04/05 74,70 279 119 587 279 119 587

Bloco 14 2 235 977 72,87 2 814 192 982 58 072 557 331 60 886 750 313

Bloco 15 4 759 601 73,62 19 421 508 257 57 603 665 994 77 025 174 251

Bloco 15/06 2 195 848 73,28 2 426 167 192 2 426 167 192

Bloco 17 11 565 822 74,94 42 335 808 693 98 900 000 926 141 235 809 619

Bloco 18 2 092 460 71,85 19 665 753 542 61 190 829 122 80 856 582 664

Bloco 31 1 900 011 70,75 10 180 618 948 48 864 181 217 59 044 800 165

Bloco 32 4 663 180 72,82 18 334 364 948 104 500 880 858 122 835 245 806

Bloco FS-FST 188 673 908 188 673 908

Bloco LNG 2 293 826 766 57 927 835 708 60 221 662 474

TOTAL 32 988 652 73,69 127 226 216 863 18 139 236 096 57 927 835 708 429 132 115 448 632 425 404 115

Tabela 2 - Comportamento da receita Julho 2023.

1 800 000 000 000 140,00


121,00
119,52
1 600 000 000 000 112,70 112,31
120,00
105,02
1 400 000 000 000 98,15 100,48

92,00 92,31
89,38 100,00
87,17
1 200 000 000 000
81,65
79,08 79,33 79,52
75,21 77,39
73,69
1 000 000 000 000
73,67 80,00

800 000 000 000


60,00

600 000 000 000


40,00
400 000 000 000

20,00
200 000 000 000

0 0,00
Jan/22

Fev/22

Mar/22

Abr/22

Mai/22

Jun/22

Jul/22

Ago/22

Set/22

Out/22

Nov/22

Dez/22

Jan/23

Fev/23

Mar/23

Abr/23

Mai/23

Jun/23

Jul/23

IRT IPP ITP Taxa do Gás Receita Concessionária Preço Médio (USD/Bbl)

Tabela 3 - Comportamento da receita Janeiro 2022 - Julho 2023.

FOLHA TRIBUTÁRIA 27
EXPORTAÇÃO
Em relação à exportação de petróleo, o País registou uma queda
de 7,31% comparativamente ao mês anterior, representando um
decréscimo em cerca de 2.6 mmbbls em relação ao mês transacto.
O País teve uma exportação média de 1,14 mmbbls/d, ou seja, 49,7 mil bbls a
menos previstos pela equipa da DTE/AGT, representando uma variação de 4%.

PREÇO
O mercado encontra-se estável para as vendas de petróleo realizadas no mês de Junho,
cujos pagamentos de impostos petrolíferos é realizado em Julho. O preço médio do barril
de petróleo foi de 73,69 $/bbl, 0,02 $/bbl a mais que no mês anterior, representando
um aumento de 0,03%.

RECEITA
No mês de Julho, a receita petrolífera fechou em 632,4 mil milhões de Kwanzas.
Comparativamente ao mês anterior, este montante representa um decréscimo em
aproximadamente 4%.
Este desvio negativo da receita teve que ver, principalmente, com a recuperação de IRP
por parte das Companhias promotoras do Projecto ALNG nas concessões petrolíferas.

PREVISÃO
Para o mês de Agosto está estimada uma receita no montante de Kz 558,8 mil milhões
de Kwanzas, com uma produção de 1,12 mmbbls/d e um preço previsto de 75,50 $/bbl.

FOLHA TRIBUTÁRIA 28
TOME NOTA
PRINCIPAIS PROJECTOS DE GASODUTOS
EM DESENVOLVIMENTO EM ÁFRICA

POR NUNO FERNANDES & DINO PAULO

Os principais produtores de energia de energéticos de países não africanos. O


África estão a dar prioridade à cooperação sistema incluirá refinarias, centrais eléctricas
transfronteiriça, para resolver a questão das alimentadas a gás, terminais de Gás Natural
infra-estruturas inadequadas ou obsoletas, que Liquefeito (GNL) e oleodutos e gasodutos
têm inibido a plena exploração e rentabilização distribuídos pelos diversos países. Com a
dos recursos de petróleo e gás do continente assinatura do Memorando de Entendimento
até ao momento. (MoU) no Fórum Empresarial da África Central
de 2022, para implementar o projecto,
Consequentemente, foram anunciados vários juntamente com o apoio expresso pela
projectos regionais de oleodutos e gasodutos, Organização Africana de Produtores de Petróleo,
que se encontram em fase avançada e/ou que espera-se que o projecto atinja novos marcos
deverão ser acelerados, no decorrer deste ano em 2023.A conclusão está prevista para 2030
bem como no próximo ano. e irá apoiar os esforços mais alargados para
estimular a criação de emprego, bem como um
As principais redes de comercialização e melhor acesso à energia e garantir uma maior
distribuição de petróleo e gás que deverão sustentabilidade na industrialização em toda a
moldar a indústria africana de hidrocarbonetos região.
em 2023 e nos anos seguintes incluem:
GASODUTO NIGÉRIA-MARROCOS
SISTEMA DE OLEODUTOS DA ÁFRICA CENTRAL Na sequência da assinatura de um MoU o , em
(CAPS) Setembro 2022, entre a Companhia Nacional
Lançado em Setembro de 2022 por S. Ex.ª de Petróleo da Nigéria (NNPC), o Gabinete
Gabriel Mbaga Obiang Lima, Ministro das Minas Nacional de Hidrocarbonetos e Minas de
e dos Hidrocarbonetos da Guiné Equatorial, o Marrocos (ONHYM) e a Comunidade Económica
Sistema de Oleodutos da África Central (CAPS) dos Estados da África Ocidental (CEDEAO),
ligará os países da África Central, Oriental e o gasoduto Nigéria-Marrocos, com 6 000 Km
Ocidental - incluindo Angola, Camarões, a de extensão e com um investimento previsto
República Centro-Africana, o Chade, a Guiné de 25 mil milhões de dólares, deverá registar
Equatorial, o Gabão, a República do Congo, a progressos significativos a partir de 2023.
República Democrática do Congo, o Rwanda e Ambos estão a tentar maximizar a rentabilização
o Burundi - para ajudar a combater a carência dos recursos naturais na região, à medida que
e insegurança energética, bem como reduzir a procura de energia aumenta derivadas pelas
a dependência das importações de recursos exigências de transição energética, bem como

FOLHA TRIBUTÁRIA 29
a guerra Rússia-Ucrânia que têm restringido a de energia para a Europa, espera-se que o
oferta mundial. Outrossim, foi a entrada no início Gasoduto Trans-Sahariano entre numa nova
do ano da Serra Leoa ao projecto, assinando era de implementação acelerada em 2023.
igualmente um MoU com representantes da O gasoduto com extensão de 4.128 km terá
NNPC e da ONHYM para confirmar o empenho e uma capacidade anual de 30 mil milhões de
compromisso da Serra Leoa em contribuir para metros cúbicos de gás natural e representa
a viabilidade do projecto. O gasoduto ligará 13 uma oportunidade estratégica para diversificar
países africanos – previsto transportar mais de o fornecimento de gás à Europa, especialmente
5 000 mil milhões de metros cúbicos de gás à luz das actuais sanções contra o gás russo.
natural - e será integrado no Gasoduto Magrebe
Europa (MGE) que vai da Argélia a Marrocos, OLEODUTO DE CRUDE DA ÁFRICA ORIENTAL
bem como o Gasoduto Trans-Mediterrânico O Oleoduto de Crude da África Oriental (EACOP),
(Transmed), para alimentar o mercado europeu. avaliado em 10 mil milhões de dólares de
investimento e com extensão de 1.443 km,
obteve o aval, em Junho de 2022, da Assembleia
Legislativa da África Oriental (EALA), o que
representa um avanço significativo do projecto.
Este marco vem no seguimento da EACOP
Ltd. - empresa que lidera a implementação do
projecto e tem como accionistas a TotalEnergies
(62%), a Uganda National Oil Company (15%),
a Tanzania Petroleum Corporation (15%) e a
CNOOC (8%), ter apresentado ao Governo do
Uganda um pedido para dar início à construção
do projecto. Após a sua conclusão em 2025,
o oleoduto transportará até 246 000 barris
de petróleo bruto por dia do Uganda para o
porto de Tanga, na Tanzânia, com objectivo
de exportação para os mercados mundiais.
Entretanto, espera-se que em 2023 atinja
novos patamares em termos de cooperação e
desenvolvimento regional, com os respectivos
GASODUTO TRANS-SAHARIANO (TSGP) governos da Tanzânia e do Uganda à procura
Os respectivos ministros da energia e os de impulsionar as actividades a montante e a
responsáveis principais das companhias exploração de hidrocarbonetos para impulsionar
petrolíferas nacionais da Nigéria, do Níger a expansão económica.
e da Argélia alcançaram um novo marco
para o Gasoduto Trans-Sahariano (TSGP). PROJECTO DE GASODUTO DO RENASCIMENTO
Um projecto com quase cinco décadas de AFRICANO
existência, ao estabelecerem um grupo de Ligando a bacia do Rovuma, em Moçambique,
trabalho e um roteiro para o desenvolvimento rica em gás, a Springs, na província de Gauteng,
do gasoduto em Junho de 2022. Com os três na África-do-Sul, o projecto do Gasoduto
países a procurarem maximizar a utilização do Renascimento Africano (ARP), com uma
dos recursos de gás de modo a promover a extensão de 2 600 km, será crucial para
segurança energética regional e as exportações satisfação da segurança energética regional.

FOLHA TRIBUTÁRIA 30
Assinado em 2016, o projecto orçado em 6 mil aumentar o fluxo de gás em mais 9 mil milhões
milhões de dólares terá uma capacidade anual de metros cúbicos por ano até 2023-2024,
de 18 bcm, consumado em uma joint venture com vista a reforçar o abastecimento à Itália,
entre a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos dependente da energia russa. Estrategicamente
de Moçambique, a Profin Consulting Sociedade posicionado, o gasoduto serve as necessidades
Anónima, a sul-africana SacOil Holdings e a de gás natural do norte de África e da Europa.
empresa chinesa de construção de gasodutos
internacionais China Petroleum Pipeline
Bureau. A ARP deverá estar concluída em 2025
para a parte moçambicana e em 2026 para a
parte sul-africana.

GASODUTO AJAOKUTA–KADUNA–KANO
O gasoduto Ajaokuta-Kaduna-Kano (AKK) é um
projecto de gasoduto com extensão de 614 km,
transporta gás natural de Ajaokuta, no centro
da Nigéria, para Kano, no norte da Nigéria.
Prevê-se que o gasoduto AKK transporte 3.500
GASODUTO TRANS-MEDITERRÂNICO (TRANSMED) milhões de pés cúbicos por dia e faz parte da
O gasoduto Trans-Mediterrânico (Transmed) é primeira fase do projecto de gasoduto Trans-
um gasoduto com extensão de 2 475 km que Nigéria, com extensão de 1.300 km que, por
transporta gás da Argélia para Itália através da sua vez, faz parte do projecto ainda maior
Tunísia e da Sicília. Com início de construção em TSGP. Desenvolvido pela NNPC, o gasoduto
1978 e entrada em funcionamento em 1983, será implementado com base num modelo
o gasoduto Transmed representa o mais longo de parceria público-privada de construção
sistema internacional de gasodutos do mundo. O e transferência (BOT). O Banco da China e
gasoduto tem uma capacidade de 110 milhões a Sinosure são os principais financiadores
de metros cúbicos por dia, mas transporta estrangeiros, com o apoio do Nigerian Fidelity
apenas 60 mcm. No entanto, em resposta Bank. Com entrada em funcionamento
à actual guerra Rússia-Ucrânia, a empresa prevista para 2022, o gasoduto AKK manterá
italiana de energia Eni e a empresa petrolífera um abastecimento estável de gás natural na
estatal argelina Sonatrach acordaram em Nigéria.

FOLHA TRIBUTÁRIA 31
BOLETIM MENSAL DO IVA
JULHO 2023

1. QUANTIDADE DE CONTRIBUINTES REGISTADOS NO IVA


Em Julho, o sistema de cadastro da AGT apresentou um registo de 14 689 contribuintes inscritos
no regime geral de tributação do IVA.

Relativamente ao regime simplificado, o registo foi de 11 434 contribuintes inscritos e no regime


de exclusão 82 070.

+32%

108 193

+133%

82 177

82 070

35 330 62 246

18 637

12 291
7 059 625 12 043 14 689
10 447
249
7 978
5 172
6 246 7 888 11 434
1 638 3 688
2019 2020 2021 2022 2023

Regime Exclusão Regime Geral Regime Simplificado

FOLHA TRIBUTÁRIA 32
2. RECEITA ARRECADADA DO IVA
Nesse mesmo período, a nível da importação, o valor arrecadado foi de kz. 60 070 883 174 (Sessenta
mil milhões, setenta milhões, oitocentos e oitenta e três mil, e cento e setenta e quatro kwanzas)
e registou-se um crescimento de 44% face ao período homólogo do ano anterior (Kz 41 614 380
762).

Em termos gerais, registou-se uma arrecadação total em sede de IVA no valor de Kz 121 250 772
253 (Cento e vinte um mil milhões, duzentos e cinquenta milhões, setecentos e setenta e dois mil
e duzentos e cinquenta e três kwanzas), o que representa um decréscimo de 4% face ao período
homólogo do ano anterior.

ENQUADRAMENTO JULHO 2023 JULHO 2022 VARIAÇÃO

Regime Geral 47 367 646 862 49 051 707 769 -3%

Importação 60 070 883 174 41 614 380 762 44%

IVA Cativo 11 805 824 435 33 689 100 411 -65%

Regime Simplificado 826 273 387 840 622 577 -2%

Outros 1 180 144 395 1 513 755 616 -22%

Total Geral 121 250 772 253 126 709 567 135 -4%

ARRECADAÇÃO MENSAL

70 000 000 000 60%


44%

60 000 000 000 40%

50 000 000 000 20%

-3% -2%
40 000 000 000 0%

30 000 000 000 -20%

-22%
20 000 000 000 -40%

10 000 000 000 -60%

-65%
0 -80%
Regime
IVA IVA IVA IVA
Simplificado
Importação Regime Geral Cativo Outros
IVA

Julho 2023 Julho 2022 Variação

FOLHA TRIBUTÁRIA 33
REEMBOLSOS
Nesse período foram registados um total de 48 pedidos de reembolsos, correspondendo ao
montante em Kz 15 670 875 291,00 (Quinze mil, seiscentos e setenta milhões, oitocentos
e setenta e cinco mil, duzentos e noventa e um kwanzas). Foram pagos 20 pedidos,
perfazendo um valor total de Kz 9 363 945 298,00 (Nove mil, trezentos e sessenta e três
milhões, novecentos e quarenta e cinco mil, duzentos e noventa e oito Kwanzas).

Foram indeferidos 6 processos por não cumprirem com os pressupostos legais.

SOFTWARE E GRÁFICAS
Nesse mês, deram entrada 5 pedidos de validação de software. Todas as restantes solicitações
continuam em validação, sendo que não houve qualquer rejeição por incumprimento dos
requisitos mínimos previstos no diploma legal, que institui a obrigatoriedade de certificação
de sistemas de facturação.

Em termos cumulativos, até ao momento já foram certificados um total de 418 software.

Quanto às gráficas, deram entrada 06 pedidos de licenciamento, tendo sido 05 rejeitas e


01 pendente.

Em termos cumulativos, até à data, já foram licenciadas um total de 410 gráficas.

REEMBOLSOS MARÇO

Solicitados 48

Suspensos 47

Indeferidos 27

Pagos 20

SOFTWARE E GRÁFICAS MAIO

Software Validados 03

Gráficas Licenciadas 00

Facturas emitidas no Portal do Contribuinte 26 540

FOLHA TRIBUTÁRIA 34
COMÉRCIO EXTERNO
JULHO 2023

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - EXPORTAÇÕES DE BENS


No mês de Julho de 2023, as exportações de bens decresceram 44,8%, face ao mesmo período do
ano anterior, tendo atingindo US$ 2 294 milhões.

Combustíveis1 foi o principal grupo de produtos mais vendido para o exterior, tendo atingido um
peso de 94,5% sobre o total, todavia as suas exportações diminuíram 45,7% em comparação com
o mesmo período do ano anterior.

As transacções dos Minerais e Minérios contribuíram para as exportações, com um peso de 3,8%,
sendo que decresceram na ordem de 36,2% face ao mesmo período do ano anterior.

Categoria FOB Julho FOB Julho Homóloga Peso


de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa
Combustíveis 2 167 029 339,16 3 990 761 618,96 45,7% 94,5%

Minerais e Minérios 88 061 492,27 137 951 564,60 36,2% 3,8%

Máquinas e Aparelhos 14 989 144,41 6 314 948,39 137,4% 0,7%

Bens Agrícolas e Alimentares 9 595 388,26 9 391 043,05 2,2% 0,4%

Metais Comuns 5 333 001,38 3 572 378,59 49,3% 0,2%

Madeira e Cortiça 4 030 276,72 3 423 502,40 17,7% 0,2%

Veículos e outros Materiais de Transporte 1 064 237,09 691 654,26 53,9% 0,0%

Químicos 1 062 655,81 506 835,65 109,7% 0,0%

Plásticos e Borrachas 433 218,09 451 906,34 4,1% 0,0%

Materiais Têxteis 291 736,17 379 084,05 23,0% 0,0%

Outros 1 774 347,89 3 220 870,67 44,9% 0,1%

Total Geral 2 293 664 837 4 156 665 407 44,8% 100,0%

1 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 36
PRINCIPAIS PAÍSES DE DESTINO
No mês de Julho, China, Espanha e Portugal foram os principais destinos dos bens nacionais. Os
seus pesos conjuntos concentram mais de metade das exportações totais (74,2%).

A China foi o principal cliente de Angola, com um peso de 61,6%. Verificaram-se, entretanto,
decréscimos das vendas, na ordem de 1,4%, face ao mesmo período do ano anterior, sobretudo
devido à redução dos Combustíveis (petróleo bruto).

Relativamente a Espanha, que figura na 2ª posição, Angola exportou, fundamentalmente, petróleo


bruto e crustáceos. Na 3ª posição, ocupada por Portugal, foram exportados, igualmente, petróleo
bruto e bens alimentares.

As exportações provenientes do Brasil foram as que mais aumentaram, especialmente devido à


categoria dos Combustíveis (petróleo bruto).

Principais FOB Julho FOB Julho Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

China 1 412 117 165,29 1 432 437 898,42 1,4% 61,6%

Espanha 211 696 104,66 607 600 899,53 65,2% 9,2%

Portugal 94 278 858,95 11 564 356,87 715,3% 4,1%

França 90 413 191,22 302 667 282,54 70,1% 3,9%

Brasil 87 576 957,06 198 569,98 44 003,8% 3,8%

Singapura 80 547 956,00 96 327 197,86 16,4% 3,5%

Emirados Árabes Unidos 68 887 980,71 117 940 816,34 41,6% 3,0%

Índia 40 307 876,51 223 568 015,17 82,0% 1,8%

Itália 38 022 346,33 96 930 118,06 60,8% 1,7%

Estados-Unidos-da-América 32 652 996,50 81 894 767,59 60,1% 1,4%

Outros 137 163 404,02 1 185 535 484,60 88,4% 6,0%

Total Geral 2 293 664 837 4 156 665 407 44,8% 100,0%

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - IMPORTAÇÕES DE BENS


Em Julho de 2023, as importações de bens decresceram 23%, face ao mesmo período do ano
anterior, atingindo US$ 1 132 milhões.

As Máquinas e Aparelhos, Combustíveis2 , Bens Agrícolas e Alimentares foram os principais grupos


de produtos adquiridos do exterior, com um global de 57,1%.

De destacar que, nas 10 principais categorias de produtos, apenas as importações de Máquinas e


Aparelhos e Metais comuns apresentaram crescimentos face ao período homólogo do ano anterior.

2 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 37
Categoria CIF Julho CIF Julho Homóloga Peso
de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

Máquinas e Aparelhos 281 499 417,93 251 113 540,18 12,1% 24,9%

Combustíveis 211 786 956,29 358 846 982,32 41,0% 18,7%

Bens Agrícolas e Alimentares 153 499 607,78 207 105 063,42 25,9% 13,6%

Veículos e outros Materiais de Transporte 115 534 627,59 212 831 621,61 45,7% 10,2%

Metais Comuns 101 035 019,22 90 835 179,33 11,2% 8,9%

Químicos 86 598 458,01 107 792 340,16 19,7% 7,7%

Plásticos e Borrachas 46 728 817,13 69 844 840,66 33,1% 4,1%

Materiais Têxteis 28 713 017,54 44 285 770,70 35,2% 2,5%

Minerais e Minérios 12 175 096,05 23 047 030,89 47,2% 1,1%

Madeira e Cortiça 1 563 111,42 2 649 804,26 41,0% 0,1%

Outros 92 647 576,19 106 672 733,66 13,1% 8,2%

Total Geral 1 131 781 705,15 1 475 024 907,19 23,3% 100,0%

PRINCIPAIS PAÍSES DE ORIGEM


Em Julho de 2023, China, Emirados Árabes Unidos, Portugal, Togo, e os Estados-Unidos-da-América foram
os principais fornecedores de bens para Angola, representando globalmente 53,6% do total das importações.

As importações provenientes da China representaram maior contributo, com um peso de 15,6%, principalmente
em resultado das importações das Máquinas e Aparelhos, Veículos e outros Materiais de Transporte, Metais
comuns e Matérias Têxteis.

Dos Emirados Árabes Unidos, Angola importa Combustíveis (gasolina), Veículos e outros materiais de transporte
e Máquinas e Aparelhos.

Principais CIF Julho CIF Julho Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

China 176 369 556,39 229 574 504,61 23,2% 15,6%

Emirados Árabes Unidos 140 710 166,76 67 406 330,68 108,7% 12,4%

Portugal 118 287 124,22 162 845 829,03 27,4% 10,5%

Togo 104 200 106,20 1 145 940,94 8 993,0% 9,2%

Estados-Unidos-da-América 67 394 050,51 41 764 423,09 61,4% 6,0%

Índia 50 954 809,10 153 311 562,12 66,8% 4,5%

Reino Unido 49 601 761,49 36 670 623,73 35,3% 4,4%

África-do-Sul 46 037 508,78 45 904 715,87 0,3% 4,1%

Itália 41 103 362,29 93 616 707,54 56,1% 3,6%

Brasil 37 000 773,97 51 579 844,24 28,3% 3,3%

Outros 300 122 485,44 591 204 425,34 49,2% 26,5%

Total Geral 1 131 781 705,15 1 475 024 907,19 23,3% 100,0%

FOLHA TRIBUTÁRIA 38
DECLARAÇÕES ADUANEIRAS

No mês de Julho, os Serviços Tributários Regionais registaram a submissão de 31 299 Declarações


Aduaneiras, nos seus distintos regimes aduaneiros.

Tendo em referência o número acima mencionado, destaca-se a Terceira Região Tributária (províncias
de Luanda e Bengo) com um total de 18 005 Declarações Aduaneiras submetidas, correspondentes
a 58% do número total destas submissões. Vale referir que 65% das Declarações Aduaneiras
submetidas na Terceira Região Tributária correspondem ao regime de Importação Definitiva, ao passo
que aproximadamente 20% são referentes ao regime de Importação Simplificada de Mercadorias.

No período em análise, tramitaram na Sexta Região Tributária (províncias de Cunene e Kuando


Kubango), 6 379 Declarações Aduaneiras (20% do peso total das submissões processadas), dos
quais a maior preferência dos importadores, recaiu sobre o regime de Importação Temporária
Simplificada de Veículos (43%), Importação Simplificada de Bens de Viajantes (34%) e Importação
Definitiva (10%).

Durante o mês de Junho esteve igualmente em destaque, na terceira posição, a Primeira Região
Tributária (províncias de Cabinda e Zaire), onde foram tramitados um total de 5 475 processos,
cujo peso total das Declarações Aduaneiras submetidas corresponde a 17%. Este Serviço Regional
Tributário registou como principais regimes de opção os de Exportação Simplificada de Mercadorias
(23%), Exportação Temporária Simplificada de Veículos (21%), Exportação Definitiva (14%) e
Importação Simplificada de Mercadorias (14%).

Regime Aduaneiro Código de Regime 1.ª RT 2.ª RT 3.ª RT 4.ª RT 5.ª RT 6.ª RT 7.ª RT Total

Exportação Definitiva EX1 790 866 32 39 183 358 2 268

Exportação Temporária EX2 10 38 2 13 1 64

Re-exportação EX3 13 47 2 62

Exportação Simplificada de Mercadorias EXS1 1258 223 19 122 1 622

Exportação Temporária Simplificada de Veículo EXS2 1133 1 1 346 110 1 591

Re-exportação Simplificada de Veículo EXS3 28 41 30 99

Exportação Simplificada de Bens de Viajantes EXV1 25 139 35 199

Importação Definitiva IM4 671 11784 205 79 625 13 364

Importação temporária IM5 1 68 1 1 71

Re-importação IM6 4 36 9 1 50

Armazenagem aduaneira IM7 44 2 46

Importação Simplificada de Mercadorias IMS4 790 3619 106 133 160 15 4 823

Importação Temporária Simplificada de Veículos IMS5 320 1 2 2734 106 3 163

Re-importação Simplificada de Veículo IMS6 412 21 433

Importação Simplificada de Bens de Viajantes IMV4 29 28 917 13 2148 3 135

Trânsito Aduaneiro IM8 16 0 223 0 0 63 12 314

Total Geral 5 475 54 18 005 347 268 6 378 776 31 304

FOLHA TRIBUTÁRIA 39
?

1
A partir do dia 1 de Outubro, a Certidão de Não Devedor - documento
emitido pela AGT para fazer prova da conformidade da situação tributária
dos contribuintes, passa a designar-se “Certidão de Conformidade Tributária
- CCT”.

2
No sentido de conferir maior celeridade ao processo de solicitação e emissão
da Certidão de Conformidade Tributária, o contribuinte pode extraí-la a partir
do Portal do Contribuinte.

Para extrair a Certidão de Conformidade Tributária basta aceder ao Portal do


Contribuinte através do link: https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
e seguir os seguintes passos:

1. Efectuar o login com as suas credenciais;

3 2. Seleccionar a Conta do Contribuinte > Menu de Serviços > Certidão de


Conformidade Tributária e clicar em Solicitar;

3. Em seguida o sistema irá gerar a Certidão de Conformidade Tributária.*

*Caso a situação tributária do contribuinte esteja irregular, o sistema irá gerar uma Nota de
Incumprimento.
A MINHA OPINIÃO
APURAMENTO DO IVA NOS CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO
COMERCIAL: O CASO DO CONTRATO DE COMISSÃO MERCANTIL
BENJAMIM GABRIEL VILONGA DUMBA
TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA REPARTIÇÃO FISCAL DE MENONGUE

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) busca tributar a generalidade do consumo de


bens e de serviços, o que implica, por um lado, a sua incidência sobre todas as fases do
circuito produtivo e, por outro, a tributação sobre actos que juridicamente não traduzem
transmissão de bens ou prestação de serviços, como é o caso do contrato de comissão
mercantil ou comercial.

De acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 7/19, de 24 de Abril, que aprovou
o Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), estão sujeitas a IVA, as transmissões
de bens e as prestações de serviços efectuadas no território nacional, a título oneroso por um
sujeito passivo, agindo nessa qualidade. Neste sentido, o artigo 5.º do CIVA, reza o conjunto
de situações que correspondem à transmissão de bens no contexto do IVA.

Assim, lemos na alínea c) do n.º 3 deste artigo 5.º que, as transferências de bens entre
comitente e comissário, efectuadas em execução de um contrato de comissão nos termos do
Código Comercial, são consideradas transmissões de bens, e por isso estão sujeitas a IVA.

De acordo com o artigo 266.º do Código Comercial (CC), o contrato de comissão é definido
como uma modalidade de mandato sem representação, nos termos do qual, o mandatário
executa o mandato mercantil sem menção ou alusão alguma ao mandante, contratando para
si e em seu nome, como principal e único contraente.

FOLHA TRIBUTÁRIA 41
Adicionalmente, resulta dos artigos 267.º a 277.º do CC, que o contrato de comissão, tem
por objecto a venda ou a aquisição de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do
comitente mediante uma remuneração, a qual é designada: comissão. Ou seja, num contrato
de comissão, o comissário tem responsabilidades de vender bens do comitente aos clientes
ou comprar bens a fornecedores, para entregar ao comitente.

A transmissão de bens entre comitente e comissário (comissão de venda) ou entre comissário


e comitente (comissão de compra) não é efectiva, pois nos termos do artigo 269.º a 271.º do
CC, o comissário deve observar um conjunto de regras durante a execução do contrato e pode
estar sujeito a penalidades pela inobservância de tais regras. Além disso, o comissário apenas
recebe a sua comissão (remuneração pelo serviço de intermediação que presta), em função
do seu desempenho, o qual é determinado, em regra, no final da execução do contrato. Pelo
que, ao fim e ao cabo, a transferência de bens efectiva, ocorre entre o comitente e o cliente
final (comissão de venda) ou entre o fornecedor e o comitente (comissão de compra), com a
intermediação do comissário.

No entanto, conforme apontei acima, o CIVA ficciona a existência de uma transmissão de


bens entre comitente e comissário. E, diante desta “ficção”, torna-se necessário perceber
quando ocorre o facto gerador – momento em que o imposto se torna exigível, como são
determinados o valor tributável e o imposto desta transmissão, o que procurarei expor nas
linhas a seguir:

Estabelece o n.º 6 do artigo 11.º do CIVA que nas transmissões de bens entre comitente e
comissário, o imposto é devido e torna-se exigível quando o comissário os puser à disposição
do seu adquirente. Importa frisar que, o adquirente mencionado nesta norma, na comissão
de venda é o cliente final, ao passo que na de compra o adquirente é o comitente.

Ao tornar o imposto exigível, no momento que os bens se encontram à disposição do adquirente,


o legislador “salvaguardou” o aspecto de intermediação inerente a esta modalidade de
comércio. Contudo, do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 32.º, conjugado com o n.º
1 e 2 do artigo 34.º, ambos do CIVA, resulta que, na comissão de venda, o comitente deve
emitir uma factura até ao quinto dia útil, após a entrega dos bens ao comissário, na qual não
fará menção do IVA, pois a essa altura, o IVA ainda não é exigível. Quando os bens forem
colocados à disposição do seu adquirente final, o comitente deverá emitir outra factura – a
factura final, com menção do IVA.

No tocante à determinação do valor tributável, importa frisar, antes de mais, que o contrato
de comissão apresenta um carácter oneroso, revelado através da remuneração devida ao
comissário, prevista no artigo 232.º do CC. Neste sentido, de acordo com a alínea d) do
n.º 3 do artigo 17.º do CIVA, no contrato de comissão o valor tributável depende do tipo de
comissão, se de compra ou de venda. Assim, na comissão de venda o valor tributável é o
preço de venda diminuído da comissão acordada. Por seu turno, na comissão de compra, o
valor tributável corresponde ao preço de compra acordado pelo comissário, aumentado da
comissão.

FOLHA TRIBUTÁRIA 42
A título exemplificativo, considere que, enquadradas no Regime Geral de IVA, a empresa
A que se dedica à carpintaria na cidade de Menongue, de modo a ampliar o seu mercado,
contratou a empresa B, para comercializar os seus produtos, mediante um contrato de
comissão mercantil, no qual estava afixada uma comissão para a empresa B em 20% do
valor das vendas efectuadas. Abaixo proponho o apuramento do IVA liquidado, tanto pelo
comitente, quanto pelo comissário:

COMISSÃO DE VENDA

Entrega de bens no valor de 1 000 000,00 Venda de bens. Factura 1 140 000,00

(Comissão 20% do Valor Vendido) (Inclui 14% de IVA)

COMITENTE A COMISSÁRIO B CLIENTE

(1 000 000,00 - 200 000,00 x 14%) 1 000 000,00 x 14%

IVA a liquidar pelo comitente: 112 000,00 IVA a liquidar pelo comissário: 140 000,00

Neste caso, se a empresa B em dado mês efectuar uma venda no valor de Kz. 1 000
000,00 terá comissão de venda corresponde a Kz. 200 000,00 (1 000 000,00 x 20%). E
sobre esta venda a empresa A deverá emitir a factura final para a empresa B, nos primeiros
cinco dias úteis do mês seguinte ao da venda, na qual liquidará IVA sobre Kz. 800 000,00
(1 000 000,00 – 200 000,00). Por sua vez, a empresa B irá emitir uma factura para
o cliente efectivo, até o quinto dia útil ao da venda, na qual liquidará IVA sobre
Kz. 1 000 000,00.

Conforme podemos ver, o comissário B suporta IVA de Kz. 112 000,00 e liquida IVA de Kz
140 000,00, o que resulta em IVA a pagar de Kz 28 000,00. Que nada mais é senão o IVA
correspondente à comissão (200 000,00x14%). Por seu turno, para o comitente A, o IVA a
pagar/recuperar resultará da diferença entre o IVA liquidado, 112 000,00 e o IVA dedutível,
suportado no processo de fabrico dos seus produtos.

Deste modo, a “ficção” criada pelo legislador, e descrita acima, salvaguarda a neutralidade
fiscal, perseguida pelo IVA, na medida em que o valor a pagar, por cada um dos intervenientes
(comitente e comissário), corresponde, única e exclusivamente ao efectivo acréscimo de
valor na transacção; de resto, uma vez que o Regime Jurídico de Facturas e Documentos
Equivalentes (RJFDE), aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 292/18, de 3 de Dezembro,
obriga a descrição do preço do bem na factura, bem como o montante de imposto e, tendo
em conta a determinação do valor tributável na comissão de venda, a meu ver, o comitente
deve mencionar, na factura, que se trata de uma transmissão entre comitente e comissário,
de modo a justificar o IVA liquidado nela.

FOLHA TRIBUTÁRIA 43
PSICOLOGIA DO DINHEIRO
O DINHEIRO NO CASAMENTO
POR FÁTIMA SAMPAIO FERNANDES PSICÓLOGA DA SAÚDE
OPsA CEP N.º 2148

O casal Belmiro Bento é um exemplo para os familiares e amigos: cresceram juntos, entraram
no seu primeiro negócio juntos, e, desde então, têm tido sucesso e garantido o seu conforto.
Os filhos são a sua maior preocupação, e levam os miúdos, sempre que possível, com eles,
para verem como funcionam os seus empreendimentos. O filho mais velho seguramente
jamais ficará à frente dos negócios dos pais, pois quer ser actor e guionista, e o dinheiro só
lhe interessa enquanto investimento nos seus estudos e na sua arte, mas a filha do meio, a
Belita, adora tudo o que se relaciona com a gestão dos negócios e tem já as suas próprias
ideias sobre como triplicar os rendimentos familiares.

O Senhor Savedra é a única pessoa que trabalha fora de casa. A esposa, a Rita, cuida de
tudo o que diz respeito à casa e aos filhos. Os filhos estão todos a estudar em boas escolas.
Nada lhes falta. O Senhor Savedra é empresário, mas nem todos os seus negócios são do
conhecimento da família. Ninguém sabe exactamente quanto ganha ou quanto dinheiro tem
nas contas (aqui e fora de Angola). Mensalmente, dá uma boa mesada à Rita, que, por sua
vez, também tem uma conta pessoal, onde vai juntando dinheiro, sem que o Senhor Savedra
desconfie.

FOLHA TRIBUTÁRIA 44
A Eva já não aguenta mais o Leandro. O Leandro tem um óptimo emprego, ganha muito
acima da média, mas queixa-se constantemente de dívidas e infortúnios, e raramente ajuda
a Eva, com quem tem dois filhos. A Eva ganha pouco e discute quase diariamente com o
Leandro para que a ajude com as despesas dos filhos. Quando ela grita, ele sai para beber
uns copos e esquecer a confusão de casa. Entretanto, uma mulher com quem se envolveu
teve um filho, que diz que é dele, e levou-o a tribunal, para que ele pague uma pensão. O
Leandro, zangado, despede-se do seu serviço e decide que não vai pagar mais nada a estas
mulheres, que, claramente, na sua mente, o querem arruinar.

A Dona Dália cuida sozinha dos filhos. Desde que o marido morreu, nunca mais quis um
parceiro. A educação lá em casa é dura e sem espaço para malabarismos: todos trabalham a
partir dos 18 anos, por muito modesto que seja o trabalho, e todos partilham o que ganham
com a família. A irmã mais velha, a Suzana, é o braço direito da mãe na gestão da casa e das
finanças, assim como na educação dos irmãos mais novos.

Qual é o modelo familiar certo? Não há modelos fixos e perfeitos. Os relacionamentos são
dinâmicos e as pessoas são universos complexos, independentes, com os seus desejos,
as suas crenças, os seus próprios objectivos. As pessoas juntam-se em grupos da mais
diversa ordem, sendo a família, regra geral, o grupo principal e primordial que nos acolhe,
quando nascemos. Mas também as famílias são distintas, os modelos são diversos, e o
funcionamento das mesmas não é igual, ainda que haja algumas regras essenciais, básicas,
para a parentalidade positiva e para o desenvolvimento saudável de todos, na família, mas
principalmente das crianças.

Apesar do que muito se apregoa hoje, o propósito de um indivíduo não tem de ser o de se
tornar milionário e famoso, salvar o mundo, ou morrer por uma causa. O propósito de uma
pessoa pode ser o de viver em paz, o de poder acompanhar o crescimento dos filhos, passear
com os seus cães, namorar, rir, não se preocupar com dinheiro, assumir as finanças do
casal, ou abdicar do controlo dessas mesmas finanças. Cada pessoa é um mundo e, se não
faz deliberadamente mal a ninguém e assume as suas responsabilidades para com quem
legalmente depende de si, quem somos nós para julgar?

Há, no entanto, tal como acontece nas famílias saudáveis, algumas regras básicas que podem
aplicar-se à saúde financeira de um casal e ao seu caminho para a prosperidade conjunta.
Para saber que regras são essas, fomos falar com uma especialista!

Márcia Coelho, consultora financeira, especialista em educação financeira, autora do livro


“Mais que Dinheiro! O guia ideal de finanças para casais”, e criadora do portal Kamba Rico
(www.kambarico.com), diz-nos:

“Kamba, o casamento é uma união que se quer o mais duradoura e feliz possível. Mas, numa
relação entre seres completamente diferentes, pequenas coisas podem atrapalhar muito. O
dinheiro é uma delas.

FOLHA TRIBUTÁRIA 45
A maior parte dos casais não sabe lidar com o dinheiro dentro do relacionamento. Estão
casados, mas vivem vidas financeiras completamente separadas e independentes. Ninguém
sabe o que o outro faz com o dinheiro. Realizam muito pouco como casal.

Se você tem problemas financeiros no casamento, veja abaixo quais as possíveis causas e
como combatê-las:

1. Educação diferente. Cada um veio de uma família diferente, com hábitos financeiros que
podem não ser compatíveis. O marido foi ensinado que não deve partilhar os seus projectos
e dinheiro com a esposa; a mulher foi ensinada que o seu dinheiro não contribui para as
despesas da família. É importante sentarem-se e conversarem, devendo um explicar ao outro
como aprendeu que as coisas devem funcionar, e devendo decidir qual o melhor caminho a
seguir, agora que formam uma nova família.

2. Falta de honestidade, ou, pelo menos, omissão de vários factos importantes. «Fui promovido
ou recebi um bónus, mas não posso contar à minha esposa, porque senão ela vai saber que
passei a ganhar mais». Quando é necessário esconder sempre alguma coisa, a relação não
evolui, a ligação é fraca, e impera a falta de confiança. Experimente a sinceridade para
com o seu parceiro, adopte uma postura de «pratos limpos». Desse modo, evitará muitas
discussões desnecessárias, e a qualidade da relação irá melhorar.

3. Falta de prioridades. Quando se forma uma família nova, tudo passa a acontecer de forma
muito rápida e vive-se quase que em piloto automático e sem conversar. Muito facilmente
cada um faz uma coisa diferente, achando que é o primordial para a família. Por isso é
sempre necessário o casal parar e conversar sobre qual a prioridade para o dinheiro de casa:
«O que devemos fazer agora? Qual o objectivo para o qual vamos virar todas as baterias?».
Só desta forma é possível alcançar sonhos: priorizando!

4. Falta de planeamento. O casal deve ter um guia mensal a indicar onde é gasto cada kwanza
que entra em casa, e deve ter um valor máximo a gastar por cada rubrica do plano. Por
exemplo: «50.000 kwanzas é o máximo que podemos gastar por mês em alimentação; 5.000
kwanzas é o máximo que gastamos com saldo no telefone». Com o planeamento feito, o
dinheiro é repartido pelas prioridades e também pelas necessidades diárias, devendo haver
sempre um maior controlo quando se aproximam os limites dos gastos.

5. Falta de responsabilidade. Alguém tem de assumir a responsabilidade pelo controlo


financeiro da família. «A mulher sabe o que fazer para controlar as finanças, mas espera que
o marido erre, para apontar o dedo». Se for esse o caso, assuma o controlo e ensine o seu
parceiro a tomar decisões inteligentes.

6. Competição. A vida familiar deve ser uma cooperação, uma parceria ganha-ganha, mas,
para muitos casais, infelizmente, é uma corrida para ver quem ganha mais dinheiro, quem
tem mais poder, quem decide as coisas em casa. Por vezes, pergunto-me se certas pessoas
são casadas ou se são adversários a jogar na mesma equipa.

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Um casal é uma equipa! Vamos tornar-nos equipas vencedoras, que alcançam objectivos, e
que têm sucesso! Um casal de Kambas Ricos!”

Esses são alguns dos excelentes conselhos da consultora Márcia Coelho.

Lembre-se: se você é adulto, você é responsável pela sua autonomia financeira, pela sua
independência. Tenha a sua própria conta bancária, faça a sua poupança, decida sobre os
seus investimentos. Se está casado: clarifique e estabeleça, com a pessoa com quem está,
o que é individual e o que é do casal. Decidam se querem ter uma conta conjunta e qual o
propósito da mesma. Se tem filhos: então tem responsabilidades indelegáveis. Assuma-as.

Força!

Fique bem!

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CALENDÁRIO REGIME GERAL

FISCAL 2023
ACRÓNIMOS

Imposto sobre o Valor Acrescentado IVA


Imposto Especial de Consumo IEC
Imposto Industrial II
Imposto sobre Aplicação de Capitais IAC
Imposto sobre o Rendimento de Trabalho IRT
OBRIGAÇÕES DECLARACTIVAS Imposto de Selo
Imposto Predial
IS
IP
Imposto sobre Veículos Motorizados IVM
E DE PAGAMENTO Imposto Especial de Jogos IEJ

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FOLHA TRIBUTÁRIA
JULHO | N.º 62

FOLHA TRIBUTÁRIA
JULHO 2023 - N.º 62

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FOLHA TRIBUTÁRIA 49
RESENHA
LEGISLATIVA
DE JANEIRO A JULHO DE 2023

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