Você está na página 1de 12
‘OS METODOS. rm foN sat (ora F¥1-19)[07:(o) CAPITULO 1 O CONCEITO DE PROJECAO EM PSICOLOGIA 1. HISTORICO Em 1939, L. K. Frank publicou um artigo no Journal of Psy chology, intitulado “Os métodos projetivos p: tudo da perso- nalidade”’. Inventara a expressio “'métodos projetivos” para explicar © parentesco entre trés provas psicolbgicas: teste de associagio de Palavras de Jung (1904), teste de manchas de tinta de Rorschach (1920) ¢ T.A.Y. (teste de invengio de hist6rias) de Murray (1935), Frank mostrava que s formam 0 protdtipo de uma inves- lobal) da personalidade, isto é, abor- Comparava 0 T.A.T. & anélise espect © A radiografia através dos raios X em anat. ogi Gialético, causalidade em rede) conquistavam, desse modo, a psico- logia. Com efeito, os testes projetivos provaram set os mais valiosos instrumentos do método clinico, em psicologia © uma das mais fe~ cundas aplicagées préticas das concepgGes teGricas da psicologia indenica, Na verdade, 6 possivel discutir sc o termo “teste”, tomado ri gorosamente no sentido psicométrico, & aplicivel com preciso a tais 2 Projective methods for the study of personality, reproduzido in DB. 1. MURSTEIN, Handbook of projective techniques, pp, I-22 (cilado Ap. 293), 15 fanto, o fato destas provas terem em comum um método préprio, diferente daquele que fundamenta os testes psi- | Samstricos, proporcionando, na prética efetiva do conhecimento de ‘agudeza clinica -que compensa seu menor rigor Essencialmente, as téenicas projetivas se distinguem, ‘material apresentads a0, “slices situam 0 méiodo projetivo’ déatro ‘das tendéncias sespectivas logia da forma e da psicanilise, apesar disso, nio parecer ter or parte do psicblogo, de ico-goométricas representa um terteno Com 0s outros, ao Me Tempo que peas Flagsey do box ad icologia formulada na. AN tio origina da palara “test” — em que as associagées do so interpretadas como réveladofas de suas tendéncias e de seus voit: flitos_profiados—————— ~ Quinze anos depois, outro sufgo de lingua germénica, também Mormado como Jung na mesma escola psiquiftriea de Bleuler, em Zu rique, e também empenbado na prética da psicandlise, consuma pela seguida vez a mesma revolugio. Os testes de manchas de cinta jé cram conhecidos hi alguns anos, porém nada haviaan proporcionado, nas mos de experimentalistas que esperavam, em fungao de seu vies, numa época marcad reocupacio com a psicotogia do pénio, abordar 0 estudo d Teis goras. Rorschach teve a idéia de que a interpretagio de manchas de tinta constituia uma prova de personalidads, e no de imaginagio. De fato, € a organizagto individual de personalidade que estrutura a pereepeao do tais manc fonte dem 0 atendimento as criancas e substituem a expressio verk Pouco madura nesse tipo de clientela, pelo desenho livre co ‘rumental para associacbes livres, Na mesma época, 08 métodos ali im a pedagogia; pregam'o desenho © 0 relato livres como meio de expandir a personalidade fem pouco tempo revelam poss ‘Os que empregam 0 desenho sio mais rocentes. Em “Y. 1949, na Suiga, Koch publica o teste da ftvore e Machover, 108 de funcionamento impessoal sio procuradas. jagbes pedidas pelo psicanalista a0 seu cliente, 'e €-seus conflitos, Ao ter conhecimento do método Tung elabora, em 1904, uma prova psicolégica — sen- Estados Unidos, 0 teste do desenho de uma pessoa. a 2. ETIMOLOGIA Se © termo projegio, aplicado por Frank a um certo tipo de (este, ganhou terreno em psicologia, isto se deve ao fato dos diversos 4 on dod/desta:palavra, tais como se encontram no dicionério Rober, sett stados ehsionalidad, exp. somo veremos a seguir, uma ago ual consiste em expulsar da do espaco © um ‘uma rela ou de uma superficie. a projegio pode ser ortogonal, a. O eatudo da perspectiva, a io pelos arquitetos dos planos ¢ fachadas, ou dos mapas pe- los:pedgrafos, sio teoricamente baseados nesse procesto. A nogiio de Propriedade projetiva é aqui essencial: as propriedades geométricas ima figura sao conserv: cerebral © um aparato sent analogamente, levam 0 sujeito spostas.de tal modo que Projecto Iuminosa envia ‘So bem conhecidas as aplicagées pré- de sombras (inspiracior da Klecksographie inspirard por sua vez Rorschach em seu teste de co fixa de uma imagem sobre uma tela io do século XX a ito sentindo-as ao nivel do aparelho receptor: sie: “projetadas” * sobre 0 nariz) © na psigologia (0 animismo, o mit stig weber, no mundo exterior, .estados afetivos que,_ ‘Feud my Geese tie aarereemde 6 nici @ porcealdads, imagem do sou miicleo secreto sobre um revelador (aplicagio do teste), permitindo depois sua leitura facil, por meio.ca ampliaga0 ow em uma tela Gnterpretagio do protocole). 0 a, assim, jluminado; 0 Tatente Testo; 0 Taare “azide” a superticie; 6” qué WA ein “ns sg fambéim emaraiado ve desvenda. ‘opée ao lado de fora, 0 escondido & sup representagSes que mafcom uma etapa peters du penal, repeats de psicologia por aprox para com sua com ela, vivida em termos de uma interpencttacéo de pensamentos © dosejos. 19 PROJECAO SHEUNDO FREUD smo puramente si ‘que a manipulagio da icin © da trans unento de tais sintomas (ef, 08 Estudos Sobre tboracio coni Breuer), Este primeiro tipo de yente apenas. & forma dos sintomas, 6 estendido re ‘pot ocasifo de um softimento profando, na alucinagio; proje- ‘¢20 do dio, sobre outra pessoa no caso de um individuo thu euroses de defesa, em 1894 € 1896, e 0 85 em janeiro de 1896 representam ctapas sca dos mecanismos de defesa, retomada por Freud em ‘Na parantia, o repreender-se a si mesmo 6 reprimido fa. que se pode deserever como sendo uma project: st intoma de dofesa o qu consiste em descontianga em relagio a ” (1896): esta passagem contéim o primeiro emprego terna 6 reprimida e, (etido, apés softer certa deformacio, chega 3 \eia sob a forma de uma percepcio vinda do exterior”, € explicada por um desejo homosexual repri nese do delitio de persegti tual deste amor torna-o sporta mais experimentar um toma-se “Ele me od ‘e Superstigio" ') Quando se pede a alguém para dizer art nijo.6 meu; ora, elo existe; portato, ele pettence igem interna 6 iu yo ema cu ode pares ‘me persegue”. A projecio 6, nesse caso, a expulsiio de! um desejo intoleravel e sua rejeigao para fora da pessoa. H pro- ego daquilo que néo se quer ser. Em wm segundo estégio, Freud procede a uma ampliagio que ontém o germe das técnicas pr (1901-1904), determinada por uma_preocupagio pessoal. Isto confirma a ncia de um detecminismo psiquico. A crenga 2 A_supersticéo_também_provém. de Ee irreve Freud — lo acto exterior (fab, imap 180 0 acaso interior econhecida por ele, que o mesmo 6 obrigaio a destocé-la situando-a no mundo exterior. De fato, penso que, em grande parte, a concepséo, mitoligica do_mundo... mio ‘uma piicologia o dos dois sentidos da palavra projegio ono deslocamento, O mesanismo de a sido descoberto por Froud duraite a andlie_ de 08: um personagem, indiferente na vida real, apa- ‘io como’ o substitute de outro personag ot Drojecio se encor ral 20 ser humano, © na caracteristica pr © expressar para fora sobre of sores human ‘A projegio € um processo sejo no sono, ow a trans Os processos psiqices primidrios obedecem ao fe 4, A SITUACAO DE TESTE PROJETIVO {1 canneries > E possivel definir a situagto de teste projetivo cimelhangas e diferencas em relagio & situacio psicanalit © cliente, ao empreender uma cura psicanalitica, 6 16 tema deseneadeante, neohuma diretriz Ihe impressdes, sentimentos, & medida que estes se apresentam a sua consciéncia, Por outro lado, dispde, de umn tempo idefinido sua frente: se a duracdo das sessies a mesnia, 0 m- mero de sessies nfo 6 fixado de antemio. individuo submetido a um teste projetivo se encontra em situa le liberdade, mas no de duracdo, ¢ isto acarceta duas iferengas suplementares: a introdugio de um material prévio € a de um inquérito posterior. © testando est, de fato, livre para responder. Sobretudo quando © sujeito acaba de realizar testes de aptidao, as instrucées do teste descoberta pelo sujeito, havendo uma boa resposta — ¢ geralmente apenas uma, No teste projetivo, ao contrétio, o individuo fica livre para dizer fou fazer o que quiser, a partir do material apresentado e do tipo do atividades que Ihe & proposto. Nao hi — segundo the 6 dito — boas © mas respostas predeterminadas: boa 6 a primeira idéia que The ocorte. Como na psicandlise, vale aquilo que espostaneamente ‘em & consciéncia, Durante muito tempo, afirmou-se um tanto apres- sadamente que 0 mate nfo era estruturado, ou que 0 cera pouco. No entan depois que este material recobre estruturas muito precisas, porém de natureza afetiva ¢ fantasmética (Cf. por exemplo, os trabalhos de Shentoub e Debray sobre as pran- chas da T.AT,, p. 154, os de Monod, p. 118; os de Dahan © Cos- niet a respeito das pranchas do Rorschach, p. 122). De fato, as pranchas si uma “mensagem", emitida sobre o aplicador, com des- tino ao testando ¢ orientando suas respostas. © fato de se dispor, para o teste projetivo, de um nimero Timi- tado de sestées — geralmente uma (duas para‘o T.A‘T., dez para 0 loca a dilerenca quanto @ psicandlise, decorrendo dai a icanélise condensada” por nés empregada anteriormente. lado, 0 tempo de aplicacéo de um teste projetivo em geral ado: € posstvel mesmo informar ao sujeito que pode dispor de todo 0 seu tempo, Liberdade de expresso ¢ liberdade de tempo constituem, portanto, os dois princfpios: comuns ao tratamento psica nalitico & aplicagéo de testes projetivos. Os dois prineipios, no en~ 23, ferentemente, No caso do” teste projetivo, $ess%0 (ou em um niimero muito pequeno de devem, assim, ser provo- -decorre a necessidade do Tho apresentar um material akdor de tais associagdes. O material 6 0 mais possivel infor- m n ia, gravuras vagas, desenhos esbo- lavras multivocas. As instrugdes subordinam o sujeito A sua vontade: desenhar uma rvore, um personager, como quiser; cartdes coloridos ou pegas de um jogo de construsio, como collier, entre fotografias, as que Ibe agradam ¢ as que The dodo proceder um inguétto uma aider, 20 vivo, a dindmica pel vido a forneer as rexposas tas como a8 instrugdes, propor tempo representam para isto 6, a revelar-se. Que ime para realizar seus de- fe da emergéncia de desejos internamente proibidos, a 1po' dos possiveis, o medo da liberdade, O elo € expresso na psi isso (0 rice da stuaco de test, € trazio de wota acl. © aplicador Istrantey obriga 0 sujeito a desvelar seu desejo, mas recusa-se a 2 diferenca reside no fato do material proposto ao sujeito constituic ‘um anteparo entre o testando ¢ o aplicador. © sujeito revela, apenas indiretamente, seu desejo a0 psicélogo; falaclhe por meio da sua elaboraeao do mates tando est mais livre, no referente A transfer : envolve-se répido, intensame jos despertados no ago, feanalitico , ‘ado, enquanto o testando em eral fica se \da & posigio do corpo rho espago 6, as mnie. Esta diferenga rela- 41472. (NT) 2 Para a aplicagéo de um Rorschach ou um T.A:T, alguns psicélogos fnzem 0 sujeilo estenderse em um soff de rolaxamento ©. sentamse ‘dele, ee consciente do material, a liberdade das respos-_ das insirugdes tomam a situagio pro- que 0 sujeito, deve. preencher, Ges ¢ inteligéncia, ¢ mais aos recursos nsparecem, ento, no contesido das respost ‘mecanismos de defesa do ego contra a angést gms. se manifestam principalmente nas caracte certas pranchas do teste Desse fato decorrem duas grandes categorias Fespostas integradas, nas qu emogio, @ representagio fantasmética, isto 6, onde minam outros determinantes, e nfo a “forma”, tingue,trés. aspectos: do pensamento racional ¢ motor para 0 pélo perceptivo ¢ a pulsio encontra meios de descarga em nivel alucinat6rio (aluein: fa regressiio dos pro- ‘cossos secundirios — cuja base 6 a identidade de pensamentos © 0 26 de realidade — aos processos primérios — fundados na le de percepgbes ¢ no principio-do-prazer’— desprazer. Pareve que'a tegtessdo & mais ou menos acentuada, conforme o comparativo, Aliés, hé caréncia desse tipo de estado em geral. Em nossa opiniao, dois nivels de regressio merecem ser ica; apre- vario, a ser organizado a partir dos elementos- ria pessoal. Nesté caso, trata-se de uma regressio* situagdo supée a posse : portanto, ha uma remissio. A seg produgées de um sujeito no T.A-T. se assemetham aos devancios ¢ as fantasias divas, ou ainda 20 romance familiar, os quais, como sonho notur De fato, A medida que a cri sintaxe — entre dois fidade psiquica 6 rema- nejada ¢ sua vide imagindria se organiza em forma de cenétios inte- jores, ou seja, a organizagio das imagens se efetua de um modo ‘andlogo ao das palavras dentro da frase. O fantasma representa 0 protétipo desse fendmeno. Constitui-se, entio, o drama pessoal do in- ividuo, que € a colocagio em imagens de seu conflito defensive. Os ppersonagens, que representam um papel nessas cenas, concretizam as diversas identificagSes do sujeito. 5s testes do tipo Rorschach, desenho, aldcia, em contraste com ‘08 anteriores, remetem a fase pré-verbal da inffincia, Oferecem no um tempo, mas um espago vazio ao testando, espago que ele s6 pode hhabitar projetando af sua propria na crianca durante experiéncias em que esto em jogo seu corpo ¢ as funcées incipientes do mesmo, na relagio vivida frente @ mae © dé frente 3s pessoas e objetos do meio’ circundante. As primeitas re~ resentagées parciais do corpo, assim feitas pela erianga, tem como conseqtiéncia a formagio daquilo que os psicanalistas de criangas ‘denominam pré-ego corporal. Parece ser inicialmente constitufdo por = Sendo a expressio “mise en scdne™ consagrada no Brasil, 10, de prelerénsia aos termos portugveses “encenagéo" ou ‘quando ido. estigio do espeltio, com 0 reconhecimento pela ‘dda: imagem. especular como, sendo sua, coincidente com a A regressio 6 profunda, faz com que © testando de diferenciacio do exterior e do interior, da ¢-do filho, do objeto © do suj rtancia do reconhecimento do per- Soniagem:humano de corpo inteito, na prancha TIL p donde. as, arene do co favorecidas pelas ssantes na Fra e Gipele Pankow, sobre a imagem corporal na pricose (G. Pankow, 19€9) ¢ os de Sami-Ali, sobre o préprio corpo como esquema de todos os esquemas (cf, suas obras ¢ artigos citados is pp. 34 ¢ 283). le autor define quatro condigées de possibilidade da projecao: 0 (oncontrar-se a si mesmo'no outro), a identidade das intemas ¢ externas, uma polaridade dentro-fora, a constitui- de Fisher e Cleveland (1958, 1970) puseram em evidén de Rorschach, duas variaveis essenciais sob esso ponto de vista, a “penetragio” © a “ba 6, a capacidade da superticie do corpo — tal como sentida pelo sujeito — de reter 0 que ela contém terior ¢ de resistir as intrusies vindas do exterior. As duas va- eis foram integradas ao-teste de Holtzman®.'As pesquisas sobre @ imagem corporal nos testes projetivos constituem atualmente um setor interstate © promitsor (ef. pp. 279 6 283). 5. OS DIVERSOS TIPOS DE PROJECAO eo B. necesséio esclarecer como so diferenciam expressio € proje- go. O desenho livre, o relato livre, o jogo dramético improvisado “expressam” evidentemente a personalidad daquele que os pratica. A orizagio desencadeada por esses processos pode ter uma virtude (om pedagégica (como os métodos dde uma obra de arte). Nao se poderia, porém, classifieé-los como teste, pois este supe uma situagio me para o sujeito e uma HOLTZMAN defi fp. cit. 8 p. 132, ediglo de 1968 (NT). 29. Waliativa, por parte do +i 1950) ptopdem a a8 expressivas, nas vista das distingzo de: uais 0 sujeito fica inteiramente struces, «1 do: testes psicométricos, il requer uma precisto ri ‘enicas de adaptagio, Ombredane (1952) distinguiu diversas formas de Projegio atuan- testes projetivos. Com a projecdo especuilar, leas que. pretende serem suas, na ima al projectio esta ma écli, criada por uma tia rabugeni ena de ternura entre mae e na. projecio 208 outros. sentimentos ; tm jovem revoltado, étsonage 30 ou as que desejaria Pretende nio ter, recusa consi- wdo-as para, 4 p. 20. Por exemplo, cia ctua, nas imagens complementar (Allport), @ pessoa atitudes que justifiquem as suas, conduta.pré-delingtient ic6logo. Bellak™e Symonds (in Proposto: tas sio livres, mas sendo onde uma s6 resposta é cor- igorosa, formando a categoria iuo reencontra caracte- wgem de outco. A origem estéigio do espelho, de thos, em um teste pro. diraméticos, os desenhos on relatos livres a erein coniplétidod! ad Herpretagies da quadtos, de fotografias ou de documentos diversos, De acordo com as distingSes de Ombredane, 0 sujeito pode neles Projetar o que acredita ser, © que gostaria de ser, 0 que recusa ser © que os outros sio ou deveriam set em relugio a ele, Por essa vie, somos essencialmente informados sobte as redes de motivagdes dou nantes, presentes.n luo, sobre seus mecanismos de defésa, Sobre 0s processos por Cattell denominados “ i tation du concept freudien de Symposium snnuel, 1968, 1969, n° 23 (rua Gay

Você também pode gostar