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RABISCO

Luciene R. Lima

RABISCO
Monstro! nunca será alguém em que a vida vai
olhar...Só pensa em tristezas, cadê o ânimo?

melhor
icamos,
zinhos f
m a is so
quanto erá?
que rá ! S
dizem se
E

Se compreendem as tuas dores, porque ainda pisam


em teu coração? Se dizem que te amam, porque
demonstram amor de uma forma que doí?

Se concerta sozinha, afinal você não é forte? E


quem falou que você deveria? Deveria? Poderia?
Não é dona de sí, dona da razão dos seus próprios
desejos? marionete, manipulável, somos
marionetes sem saber...Somos?
Acordei como um rabisco qualquer, como um
rolo embaraçado...Dizem-me, como se minhas
palavras fossem fúteis, sem sentido ou que eu
não tenha uma razão qualquer para ser um
louco, somos loucos, não somos? todos somos! A
loucura está em nosso sangue, a intensa
vontade de sumir, de voltar, de pular algo que
não nos faz tão bem. Se pudéssemos de verdade,
muitas coisas nem existiriam e nem seriam
vividas. Somos apenas rabiscos de nós mesmos e
de nossas decepções que tercem nossas
histórias.
Eu sou esse rabisco, você um rabisco qualquer na
vida de alguém, que chega, te molda, te define, te
desenha exatamente como quer e no final, precisa
de uma grande borracha para te apagar... Vivemos
os rabiscos de alguém, implantamos os rabiscos do
amor, da alegria, do ódio, do prazer, orgulho e
tristeza, na vida de alguém. E, se não fosse os
rabiscos da vida, o que seríamos de nós, para que no
futuro mudasse a sequência da história repetida.
Deixemos os rabiscos que tercem as paredes de
nossos corações, que seja apenas um fio para
continuarmos aprender a desenhar e não
rabiscar...

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