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CARD 59 – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

CARD 59 – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL1

Olá galera! Estão prontos para mais um CARD? Dessa vez veremos pontos importantes da matéria
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL. O quadro abaixo serve para guiar vocês em quais são os pontos em comum dos
principais editais de delta que serão abordados.

#ATENÇÃO: pessoal, quando o assunto é legislação penal especial, FOCO MAIOR sempre na LEI SECA e
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ao tema!

CARD 59 – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

17 Lei nº 6.001/1973 e suas alterações (Estatuto do Índio). 18 Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da
Criança e do Adolescente). 19 Lei nº 9.296/1996 (Interceptação telefônica).

Lei nº 6.001/1973 e suas alterações (Estatuto do Índio)

#MAPEIA NO VADE

NÃO DEIXE DE LER – Lei nº 6.001/1973 e suas alterações (Estatuto do Índio)

Art. 56 ao Art. 59

#ATENÇÃO Pessoal, esse tema é de BAIXA INCIDÊNCIA nas provas de DELTA

Obs: Pessoal não veremos o #CICLOLEGIS nesse tópico, pois, veremos detalhadamente todos os artigos
importantes do Estatuto do Índio ao longo do deste tópico do CARD!

IMPUTABILIDADE PENAL DOS INDÍGENAS

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Por Bruna Reis
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Para saber se um indígena responderá pela prática de crime, se ele é imputável, é necessário averiguar se, de
acordo com sua cultura, costume e tradição, ele entendia o caráter ilícito de determinada conduta considerada
crime em lei. Não importa o grau de contato que o indivíduo pertencente a um povo indígena mantenha com
a sociedade envolvente, mas sim determinar se na ocasião da conduta ele tinha entendimento de que ela era
considerada ilícita, e portanto, passível de punição, fora da sua cultura, fora do seu direito consuetudinário.

Nem sempre foi esse o entendimento sobre a imputabilidade penal dos índios. Antes da Constituição de 1988,
a imputabilidade penal dos indígenas era orientada pela menor ou maior integração à cultura dominante.
Acreditava-se que os índios viviam um estágio transitório e que, mais cedo ou mais tarde, eles deixariam de
ser índios. Dessa forma, o Código Civil de 1916, ao tratar da capacidade civil dos índios os considerava
relativamente incapazes. Isto influenciou o tratamento dado à imputabilidade penal, regulada no Estatuto do
Índio, de 1973, que considerou os índios isolados como inimputáveis e que os integrados à sociedade nacional
deveriam ser tratados como qualquer cidadão não indígena.

Em 1988, a Constituição reconheceu aos índios o direito de manter a sua organização social e o direito de ser
diferente, abrindo espaço para outro tratamento a respeito da capacidade civil e da responsabilidade criminal
dos índios. O Código Civil de 2002, retirou os indígenas das pessoas consideradas relativamente incapazes e
estabeleceu que a capacidade dos índios será regulada em lei específica.

Além da Constituição, a Convenção 169 da OIT, em vigor no Brasil desde 2003, também reconhece aos índios
o direito de manter seus próprios costumes e instituições, inclusive de aplicar medidas punitivas. A Convenção
estabelece para os Estados a obrigação de, ao aplicar a legislação nacional aos povos interessados levar em
devida consideração os costumes indígenas e o índios de compreender e se fazer compreendidos em processos
legais. Em caso de condenação, o Estatuto do Índio (Lei no 6001/1973) estabelece a atenuação da pena, e que
as penas de reclusão e de detenção deverão ser cumpridas em regime especial de semi-liberdade, na sede da
FUNAI mais próxima da habitação do condenado.

#ATENÇÃO
Quem são considerados índios e que gozam destas proteções? A fim de delimitar à quem se destinam essas
regras, o Estatuto dos Índios estabelece que são considerados “Índio ou Silvícola” todo indivíduo de origem e
ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas
características culturais o distingue da comunhão nacional.
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O Estatuto do Índio define, ainda, que “Comunidade Indígena ou Grupo Tribal” é um conjunto de famílias ou
comunidades índias – quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores da
comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo estarem neles integrados.

#MAPEIANOVADE
Art 4º Os índios são considerados:
I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes
através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos,
conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de
existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o
próprio sustento;
III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos
civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.

Os índios recebem as seguintes classificações:


I – Isolados – Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através
de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;
II – Em vias de integração – Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos,
conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de
existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o
próprio sustento;
III – Integrados – Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos
civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.

CRIMES DO ESTATUTO DO ÍNDIO

Pessoal, nesse ponto da matéria, basta a leitura atenta da #LEISECA:


Art. 56. No caso de CONDENAÇÃO DE ÍNDIO POR INFRAÇÃO PENAL, a PENA deverá ser ATENUADA e na sua
aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.
Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime especial de
semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da
habitação do condenado.
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Art. 57. Será TOLERADA a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções
penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida
em qualquer caso a pena de morte.

Art. 58. Constituem CRIMES CONTRA OS ÍNDIOS e a cultura indígena:


I - ESCARNECER de cerimônia, rito, uso, costume ou tradição culturais indígenas, VILIPENDIÁ-LOS OU
PERTURBAR, de qualquer modo, a sua prática. Pena - detenção de um a três meses;
II - UTILIZAR o índio ou comunidade indígena como objeto de propaganda turística ou de exibição para fins
lucrativos. Pena - detenção de dois a seis meses;
III - PROPICIAR, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas alcoólicas, nos grupos tribais
ou entre índios não integrados. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. As penas estatuídas neste artigo são agravadas de um terço, quando o crime for praticado
por funcionário ou empregado do órgão de assistência ao índio.

Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja índio não
integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço.

LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)

#MAPEIANOVADE
NÃO DEIXE DE LER – LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE):
LEITURA SEÇÃO II - DOS CRIMES EM ESPÉCIE

#ATENÇÃO Pessoal, esse tema é de BAIXA INCIDÊNCIA nas provas de DELTA

Obs: Pessoal não veremos o #CICLOLEGIS nesse tópico, pois, veremos detalhadamente todos os artigos
importantes da sessão II ao longo do deste tópico do CARD!

ATOS INFRACIONAIS

CONCEITO DE ATO INFRACIONAL


O ato infracional é conduta do menor (inimputável) considerada crime ou contravenção penal.
Crianças e adolescentes, pelo critério etário, não se sujeitam ao Código Penal quando praticam uma infração
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penal, de maneira que o ECA é o diploma adequado a ser aplicado, com as regras referentes aos atos
infracionais. Ademais, a Vara da Infância e Juventude é a competente neste contexto.

CRITÉRIO ETÁRIO
A data do fato é crucial para o critério etário, por exemplo, se na data do fato o agente era menor de
idade é certa a aplicação do ECA, independente do momento da produção do resultado.

Crianças que praticam ato infracional só recebem medidas protetivas, já os adolescentes podem
receber tanto medidas protetivas, quanto medidas socioeducativas: advertência, obrigação de reparar o dano,
prestação de serviços à comunidade (não excedente a 6 meses), liberdade assistida por orientador (no mínimo
por 6 meses), regime de semiliberdade (com atividades externas independente da autorização judicial),
internação (respeitada a brevidade, excepcionalidade e condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,
reavaliada a cada 6 meses).

AÇÃO SOCIOEDUCATIVA
O processo pelo qual o adolescente reponde é denominado de ação socioeducativa, de titularidade do
Ministério Público. Assim é apurada autoria e materialidade, e caso confirmadas, será aplicada a medida
socioeducativa adequada. As medidas socioeducativas, no caso do adolescente, podem ser aplicadas com as
medidas de proteção.

O objetivo das medidas socioeducativas é a responsabilização com a ressocialização. As medidas


restritivas de liberdade devem respeito ao princípio da brevidade (aplicadas durante o tempo estritamente
necessário para a ressocialização), excepcionalidade (só quando as medidas de meio aberto se mostrem
ineficazes) e respeito à condição de pessoa em desenvolvimento (não podem ser tratados como detentos). O
trabalho forçado é vedado, e o portador de deficiência deve receber tratamento individual e especializado, em
local adequado.

#SELIGANOECA
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
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O art. 103 do ECA prevê o princípio da tipicidade delegada: Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta
descrita como crime ou contravenção penal.

Ou seja, aplica-se os tipos penais previstos para os adultos para definição dos atos infracionais cometidos por
criança ou adolescente. Este princípio é benéfico ao adolescente, tendo em vista que afasta a
discricionariedade do denominado “juiz de menores” presente na fase da situação irregular, anterior ao
modelo da proteção integral. Afasta, ainda, a ambuiguidade das atitudes que eram consideradas como desvio
de conduta e a criminalização da infância pobre, também características do modelo anterior.

DIREITOS INDIVIDUAIS
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
informado acerca de seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e
materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
A existência de relatório a recomendar a extinção de medida socioeducativa não vincula o Órgão julgador, que
pode decidir, de forma fundamentada, levando em conta outros dados do processo. STF. 1ª Turma. RHC
179441, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/05/2021.

Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter como parâmetro a
duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que poderá efetivamente ser cumprida até
que o socioeducando complete 21 anos de idade. Assim, deve-se considerar o lapso prescricional de 8 anos
previsto no art. 109, IV, do Código Penal, posteriormente reduzido pela metade em razão do disposto no art.
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115 do mesmo diploma legal, de maneira a restar fixado em 4 anos. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1856028-SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/05/2020 (Info 672).
Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou com filho em amamentação, desde que
seja garantida atenção integral à saúde do adolescente, além de asseguradas as condições necessárias para
que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com
o seu filho durante o período de amamentação (arts. 60 e 63, § 2º da Lei nº 12.594/12 - SINASE).
STJ. 5ª Turma. HC 543279-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

GARANTIAS PROCESSUAIS
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Não há óbice a que a extinção da medida socioeducativa, pautada apenas em um parecer psicossocial, seja
revista pelo Tribunal de Justiça de origem, à luz de fatos concretos relacionados à condição pessoal do
adolescente em conflito com a lei, notadamente diante do histórico de recidivas, da natureza das infrações
praticadas e da necessidade de medida intensa de socioeducação. STF. 1ª Turma. RHC 180503/ES, rel. acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 24/05/2021.
O parecer psicossocial não possui caráter vinculante e representa apenas um elemento informativo para
auxiliar o magistrado na avaliação da medida socioeducativa mais adequada a ser aplicada. A partir dos fatos
contidos nos autos, o juiz pode decidir contrariamente ao laudo com base no princípio do livre convencimento
motivado. STF. 1ª Turma. RHC 126205/PE, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/3/2015 (Info 779).
Exemplo: Adriano, de 20 anos, foi sentenciado a cumprir medida socioeducativa de internação em virtude de
ato infracional praticado quando ele era adolescente. A sentença transitou em julgado. Ocorre que o juízo da
vara de infância e juventude constatou que Adriano encontra-se preso em razão de crime de roubo cometido
quando ele já era adulto. Diante disso, o juízo da vara infracional extinguiu a execução da medida
socioeducativa afirmando que, tendo em vista a sua idade e o seu perfil pessoal agravado, não restam objetivos
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pedagógicos no cumprimento da internação. O STJ afirmou que a decisão foi acertada. O art. 46, § 1º da Lei nº
12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê a seguinte faculdade para o julgador: Art. 46 (...) § 1º No caso de o maior
de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à
autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal
competente. STJ. 6ª Turma. HC 551319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

#SELIGANASÚMULA Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de


ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos.

SOCIOEDUCAÇÃO
Vamos revisar os pontos mais importantes das medidas socioeducativas. Mais abaixo preparamos
outro quadro, com os artigos correspondentes a cada medida socioeducativa.

Para a aplicação de advertência (admoestação verbal), basta indícios de autoria e prova


ADVERTÊNCIA da materialidade. Já para as demais medidas, é necessário existência de provas da
autoria e da materialidade da infração.
Quanto a obrigação de reparar o dano, em se tratando de ato infracional com reflexos
OBRIGAÇÃO DE
patrimoniais, a autoridade poderá determinar que o adolescente restitua a coisa,
REPARAR O
promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
DANO
Em caso de manifesta impossibilidade, o juiz impõe outra medida.
PRESTAÇÃO DE A prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de
SERVIÇOS À interesse geral, por período não superior a 6 meses, com jornada máxima de 8 horas
COMUNIDADE semanais, de modo a não prejudicar a frequência escolar e a jornada de trabalho.
A semiliberdade pode ser determinada desde o início ou como forma de transição para
o meio aberto. Na semiliberdade existe a possibilidade de realização de atividades
externas independente de autorização judicial, sendo obrigatórias a escolarização e a
profissionalização, utilizados os recursos existentes na comunidade. O adolescente
SEMILIBERDADE permanece custodiado em entidade institucional própria, durante o dia trabalha e
estuda e na parte da noite se recolhe à unidade de internação, em regra. Aqui existe o
princípio da incompletude institucional, uma vez que, a execução das atividades depende
de recursos da comunidade. O prazo máximo é de 3 anos, sendo reavaliada a cada 6
meses pelo juiz da infância e da juventude.
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A internação é a medida mais severa. Na internação existe restrição total de liberdade


(institucionalização integral). As atividades externas são viáveis, a critério dos
educadores, salvo quando há vedação judicial. A internação pode ter prazo determinado
ou prazo indeterminado, mas nunca ultrapassar 3 anos. O ECA é categórico quando diz
que o período máximo de internação é de 3 anos. Atingido este limite, o adolescente
INTERNAÇÃO deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
Também há a liberação compulsória aos 21 anos de idade. Em todas essas hipóteses, a
desinternação precisa de autorização judicial, ouvido o MP.
A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 dias. A
decisão baseia-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a
necessidade imperiosa da medida.

#SELIGANATABELA
CASOS DE INTERNAÇÃO
Tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
Por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
Por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (não pode ser
superior a 3 meses nesta hipótese).

#SELIGANOECA
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
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§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e


especializado, em local adequado às suas condições.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art.
127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios
suficientes da autoria.

#OLHAOGANCHO Súmula nº 338 STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.

#DEOLHONAJURIS A falta de entrevista pessoal do adolescente antes da audiência de apresentação importa


em nulidade, ante a ofensa ao princípio da ampla defesa, se evidenciado prejuízo à defesa do adolescente. STJ.
5ª Turma. HC 345390/DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/11/2016.
A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24 horas em Delegacia
Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso de poder, tampouco extrapola o
controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. STJ. 1ª Turma. REsp 1612931-MS, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, julgado em 20/6/2017 (Info 609).

As medidas socioeducativas devem-se observar (i) a capacidade do adolescente de cumpri-la; (ii) as


circunstâncias e (iii) a gravidade do ato praticado. É vedada a imposição de trabalhos forçados; portadores de
deficiência ou doença mental devem receber tratamento diferenciado. Existe a possibilidade de cumulação e
substituição de medidas. É necessária a comprovação de autoria e materialidade, exceto em caso de remissão
e de advertência. Em regra, a idade limite para cumprimento de medida socioeducativa é 21 anos. Ademais,
as medidas socioeducativas estão sujeitas à prescrição. Inclusive, é possível aplicação do princípio da
insignificância do ato infracional praticado.

#SELIGANATABELA #SELIGANOECA
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e
ADVERTÊNCIA
assinada.
OBRIGAÇÃO DE Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade
REPARAR O poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
DANO ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
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Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída


por outra adequada.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas
de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
PRESTAÇÃO DE
programas comunitários ou governamentais.
SERVIÇOS À
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente,
COMUNIDADE
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou
à jornada normal de trabalho.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá
ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente,
LIBERDADE
a realização dos seguintes encargos, entre outros:
ASSISTIDA
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio
e assistência social;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção
no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
SEMI-
independentemente de autorização judicial.
LIBERDADE
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
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§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as


disposições relativas à internação.
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da
entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido
o Ministério Público.
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser revista a qualquer tempo
pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
INTERNAÇÃO Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a
pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente
imposta.
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior
a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo
legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes,
em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios
de idade, compleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão
obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
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I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;


II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao
domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o
deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da
entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais
ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-
lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

#DEOLHONAJURIS São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art.
230 do ECA. Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da
CF/88. Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a Convenção
sobre os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da Justiça de Menores e a Convenção
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Americana de Direitos Humanos. STF. Plenário.ADI 3446/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019
(Info 946).

#TABELALOVERS
MEDIDAS DE PROTEÇÃO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Aplicável à criança e ao adolescente, em caso de Aplicável ao adolescente, em caso de prática de ato
ocorrência de violação ou ameaça de violação aos infracional análogo a crime ou contravenção.
direitos da criança ou adolescente.

#OLHAOGANCHO: MEDIDAS DE PROTEÇÃO


As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos pelo
ECA forem ameaçados ou violados, por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou
abuso dos pais ou responsável, e até mesmo em razão de sua conduta.

#OLHAOGANCHO2: As medidas de proteção podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa, a depender
das necessidades pedagógicas, sendo prediletas medidas que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários. Para adequar ao cenário no qual se insere, as medidas podem ser substituídas a qualquer tempo.

#TABELALOVERS
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.
São aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
A autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
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VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e


toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.

#OLHAOGANCHO: REMISSÃO
Remissão é um perdão concedido ao adolescente que pratica ato infracional, de maneira que, pode ser
concedida pelo ministério público (exclusão do processo) ou pelo poder judiciário (suspensão ou extinção do
processo).
Não implica reconhecimento ou comprovação de responsabilidade; não fixa antecedentes. Pode ser cumulada
com medidas de proteção e socioeducativas (exceto semiliberdade e internação); nesse caso de cumulação, a
medida deve passar pelo crivo da autoridade judiciária. Inclusive, o magistrado pode discordar da remissão e
encaminhar ao PGJ, a quem cabe a decisão final sobre a remissão. Ademais, a decisão sobre a remissão pode
ser revista e contra ela cabe o recurso de apelação.

REMISSÃO ANTES DO PROCESSO


Competência do MP. EXCLUI o processo. É pré-processual (antes do processo iniciar). Concedida a remissão
pelo representante do MP os autos serão conclusos ao juiz para homologar ou não (art. 181 do ECA). Também
é chamada de remissão ministerial.

REMISSÃO APÓS O PROCESSO


Competência do juiz. SUSPENDE ou EXTINGUE o processo. É processual, ou seja, depois que a ação
socioeducativa foi proposta. O Ministério Público deverá ser ouvido, mas sua opinião não é vinculante. Quem
decide se concede ou não a remissão é o magistrado. Também é chamada de remissão judicial.

#SELIGANATABELA
REMISSÃO PRÓPRIA REMISSÃO IMPRÓPRIA
Ocorre quando é concedido perdão puro e simples Ocorre quando é concedido o perdão ao
ao adolescente, sem qualquer imposição. adolescente, mas com a imposição de que ele
cumpra alguma medida socioeducativa, desde que
esta não seja restritiva de liberdade. Nesse caso é
indispensável o consentimento do adolescente e de
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seu responsável, além da assistência jurídica de um


advogado ou Defensor Público.

#SELIGANOECA
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua
maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das
medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

INFILTRAÇÃO DE AGENTES NO ECA

A Lei nº 13.441/2017, alterou o ECA para prever a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de
investigar crimes contra a dignidade sexual de criança e de adolescente. O tema foi tratado nos arts. 190-A a
190-E do ECA que foram acrescentados pela nova Lei.

A infiltração de agentes é uma técnica especial de investigação por meio da qual um policial, escondendo sua
real identidade, finge ser também um criminoso a fim de ingressar na organização criminosa e, com isso, poder
coletar elementos informativos a respeito dos delitos que são praticados pelo grupo, identificando os seus
integrantes, sua forma de atuação, os locais onde moram e atuam, o produto dos delitos e qualquer outra
prova que sirva para o desmantelamento da organização e para ser utilizado no processo penal.

#RELEMBRANDO INFILTAÇÃO NA OCRIM


A Lei 12.850/2013 traz regras sobre investigação criminal, prova e procedimento aplicáveis às:
• Infrações penais praticadas por organização criminosa (art. 1º, § 1º);
• Infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
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• Organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito internacional, por foro
do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de
execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional.

#AJUDAMARCINHO
INFILTRAÇÃO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Lei de Drogas Lei do Crime Organizado ECA
(art. 53, I) (arts. 10 a 14) (arts. 190-A a 190-E)
Principais características: Principais características: Principais características:
• Não prevê prazo máximo. • Prazo de 6 meses, • Prazo de 90 dias, sendo
• Não disciplina podendo ser sucessivamente permitidas renovações, mas
procedimento a ser adotado. prorrogada. o prazo total da infiltração
• Só poderá ser adotada se a não poderá exceder 720
prova não puder ser dias.
produzida por outros meios • Só poderá ser adotada se a
disponíveis. prova não puder ser
produzida por outros meios
disponíveis.
• A infiltração de agentes
ocorre apenas na internet.

Vamos aqui estudar, então, essa nova modalidade de infiltração prevista no ECA.

Crimes para os quais poderá haver a infiltração de que trata o ECA


Segundo o novo art. 190-A do ECA, a infiltração de agentes de polícia na internet pode ocorrer para investigar
os seguintes crimes:

1) Produzir, filmar, registrar etc. cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente
(art. 240 do ECA);
2) Vender vídeo que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art.
241 do ECA);
3) Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir etc. fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-A do ECA);
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4) Adquirir, possuir ou armazenar fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente (art. 241-B do ECA);
5) Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de
adulteração de fotografia ou vídeo (art. 241-C do ECA);
6) Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela
praticar ato libidinoso (art. 241-D do ECA);
7) Invadir dispositivo informático alheio (art. 154-A do CP);
8) Estupro de vulnerável (art. 217-A do CP);
9) Corrupção de menores (art. 218 do CP);
10) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A do CP);
11) Favorecimento da prostituição de criança, adolescente ou vulnerável (art. 218-B do CP).

É possível ampliar esse rol de crimes? Em outras palavras, é permitida a infiltração policial na internet para
a investigação de outros delitos que não os acima listados?
Penso que não. Apesar de a lei não ter expressamente proibido a utilização da infiltração policial para outros
delitos, o certo é que a regulamentação foi restrita, limitando-se a esses crimes.
Além disso, o agente policial infiltrado, a fim de não ser descoberto, pratica, em tese, condutas que poderiam
ser crimes. Justamente por isso, o art. 190-C do ECA afirma que "não comete crime o policial que oculta a sua
identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)."
Como esse art. 190-C do ECA isenta o policial de crime apenas para a investigação dos delitos nele listados,
conclui-se que o agente que se infiltrasse para a prática de outros crimes estaria sujeito a responder
penalmente por ocultar a sua identidade.

Importante mencionar, contudo, que a Lei nº 12.850/2013 (Lei do Crime Organizado) também permite a
infiltração de agentes de polícia. A Lei nº 12.850/2013 não trata de forma específica sobre a infiltração na
internet, mas ao prever a infiltração de forma genérica, abarca tanto o mundo físico e o virtual.
Desse modo, além do rol do art. 190-A do ECA, é possível também a infiltração de agentes policiais na internet
nos seguintes casos tratados pela Lei nº 12.850/2013:
• Infrações penais praticadas por organização criminosa;
• Infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
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• Organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito internacional, por foro
do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de
execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional.

Serendipidade
Vale ressaltar que é perfeitamente possível que o agente policial seja infiltrado para investigar algum dos
delitos do art. 190-A do ECA e, durante a infiltração, descubra outros crimes, como, por exemplo, tráfico de
drogas, tráfico de pessoas, favorecimento da prostituição de adultos etc.
Neste caso, os elementos indiciários ("provas") desses outros crimes, coletados pelo agente infiltrado, também
serão considerados válidos. Isso porque, neste caso, ocorreu o chamado fenômeno da serendipidade, que
consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto da investigação.
A serendipidade (tradução literal da palavra inglesa serendipity), também é conhecida como “descoberta
casual” ou “encontro fortuito”.
Esse é o entendimento do STJ nos casos de interceptação telefônica, raciocínio que pode ser transportado para
a infiltração policial. Confira precedente recente do Tribunal:
(...) 1. Não há violação ao princípio da ampla defesa a ausência das decisões que decretaram a quebra de
sigilo telefônico em investigação originária, na qual de modo fortuito ou serendipidade se constatou a
existência de indícios da prática de crime diverso do que se buscava, servindo os documentos juntados aos
autos como mera notitia criminis, em razão da total independência e autonomia das investigações por não
haver conexão delitiva.
2. O chamado fenômeno da serendipidade ou o encontro fortuito de provas - que se caracteriza pela
descoberta de outros crimes ou sujeitos ativos em investigação com fim diverso - não acarreta qualquer
nulidade ao inquérito que se sucede no foro competente, desde que remetidos os autos à instância
competente tão logo verificados indícios em face da autoridade. (...) (RHC 60.871/MT, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 17/10/2016)

Decisão judicial
A infiltração somente será permitida se for previamente autorizada por decisão judicial devidamente
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova.
O magistrado não deverá, portanto, deferir pedidos de infiltração feitos de forma genérica e sem elementos
relacionados com o caso concreto.
Antes de decidir, o juiz deverá ouvir o Ministério Público, caso este não tenha sido o autor do pedido.

Caráter subsidiário
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A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios
(art. 190-A, § 3º do ECA).
Desse modo, a infiltração policial deverá ser considerada a ultima ratio, ou seja, trata-se de prova subsidiária.

Quem pode requerer?


A infiltração será apreciada pelo juiz a partir de:
a) requerimento do Ministério Público; ou
b) representação do Delegado de Polícia

Requistos do requerimento
O requerimento ou a representação pedindo a infiltração deverá demonstrar:
• a necessidade da medida;
• o alcance das tarefas dos policiais;
• os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível,
• os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas;

Dados de conexão são as informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo
de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão.

Dados cadastrais, por sua vez, são as informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário
registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso
tenha sido atribuído no momento da conexão.

Prazo de duração
A infiltração não poderá exceder o prazo de 90 dias, sendo permitidas renovações, desde que demonstrada
sua efetiva necessidade.
Apesar de a Lei não ser expressa, penso que o prazo máximo de cada renovação também é de 90 dias.
Pode haver sucessivas renovações ("várias renovações"), mas o prazo total da infiltração não poderá exceder
720 dias (pouco menos de 2 anos).
A renovação da infiltração, assim como ocorre com o seu deferimento inicial, também depende de autorização
judicial devidamente fundamentada.

Crítica à fixação de prazo máximo


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O objetivo da Lei nº 13.441/2017, ao fixar o prazo máximo de 720 dias para a infiltração, foi o de evitar que,
assim como ocorre com a interceptação telefônica, houvesse medidas que durassem períodos muito longos,
como 3 ou 4 anos.
Apesar da preocupação do legislador não ser desarrazoada, não concordo com a escolha feita.
No caso da interceptação telefônica, penso que seria adequada uma mudança legislativa para fixar um prazo
máximo. Talvez 2 anos, o que equivale a 730 dias. No entanto, na hipótese de infiltração do policial na internet,
penso que essa limitação não deveria existir por três razões:

A primeira é que as redes criminosas que envolvem pedofilia na internet são extremamente fechadas e
restritas. O agente policial não conseguirá se infiltrar facilmente no meio desses grupos, considerando que tais
criminosos se cercam de várias cautelas e não admitem a participação de qualquer pessoa, salvo após um
longo processo de aquisição de confiança, que pode sim durar anos.
Logo, limitar esse prazo a 720 dias significa dizer que, em alguns casos, a infiltração terá que ser interrompida
quando o agente policial estava muito próximo de ingressar na rede criminosa ou quando havia acabado de
penetrar neste submundo, mas ainda não tinha conseguido identificar a real identidade dos criminosos ou
dados de informática que permitam uma medida de busca e apreensão, por exemplo.
Dessa forma, este prazo de 720 dias, apesar de parecer longo, mostra-se, para quem trabalha com o tema, um
período insuficiente para o desmantelamento dos grandes grupos criminosos que, quanto maiores, mais se
cercam de anteparos para não serem descobertos.

A segunda razão pela qual penso que não deveria haver prazo está no fato de que a medida de infiltração, ao
contrário da interceptação telefônica, não relativiza, de forma tão intensa, direitos fundamentais dos
investigados.
No caso da interceptação telefônica existe uma invasão profunda na intimidade dos interlocutores, que terão
todas as suas conversas telefônicas ouvidas pelo Estado.
Já na hipótese da infiltração policial, a intervenção estatal nos direitos fundamentais é bem menor,
considerando que o investigado é quem irá revelar, para o policial infiltrado, aspectos relacionados com a sua
intimidade, não havendo, contudo, interceptação feita por terceiro que não participa do relacionamento.

A terceira razão está no fato de que a infiltração policial prevista na Lei do Crime Organizado (Lei nº
12.850/2013) não prevê limite para o número de renovações, permitindo que elas ocorram tantas vezes
quantas forem necessárias (art. 10, § 3º). Vale ressaltar que a infiltração policial da Lei do Crime Organizado é
muito mais grave porque envolve a presença física do agente policial no âmbito da organização criminosa,
enquanto que o art. 190-A do ECA autoriza apenas a infiltração pela internet.
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Desse modo, para a interceptação telefônica e para a infiltração de agentes da Lei do Crime Organizado,
situações graves, não existe prazo máximo. No entanto, para a infiltração do art. 190-A do ECA, o legislador
fixou o limite de 720 dias.

Medidas para ocultar a identidade do policial infiltrado


A fim de garantir o sucesso da infiltração e não ser descoberto, o policial será obrigado a adotar uma identidade
falsa. Para tanto, a Lei prevê que o juiz poderá determinar aos órgãos de registro e cadastro público que
incluam nos seus bancos de dados as informações necessárias para efetivar a identidade fictícia criada.
Essa inclusão deverá ser feita por meio de procedimento sigiloso numerado e tombado em livro específico.
Isso significa, por exemplo, que os cartórios de Registro de Pessoas Naturais deverão manter esse livro
específico para fazer tais registros.

Excludente de responsabilidade penal


A Lei prevê que não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher
indícios de autoria e materialidade dos crimes para os quais é permitida a infiltração (art. 190-C do ECA).
Ex: se o agente policial tem que fazer uma carteira de identidade falsa e utilizá-la para não ser descoberto pela
organização criminosa, não responderá por uso de documento falso (art. 304 do CP).

Vale ressaltar que esse art. 190-C do ECA disse menos do que deveria. Além dos delitos relacionados com a
ocultação de sua identidade, o agente policial também não irá responder por outros crimes que ele seja
obrigado a cometer para ingressar ou se manter na organização criminosa e coletar informações sobre o grupo.
Ex: se o agente for obrigado a retransmitir para outro integrante da organização imagens pornográficas de
crianças que ele recebeu, não responderá pelo crime do art. 241-A do ECA por inexigibilidade de conduta
diversa (causa excludente de culpabilidade), podendo ser invocada a regra do art. 13, parágrafo único, da Lei
nº 12.850/2013:
Art. 13 (...) Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado
no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

Excessos são punidos


O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
excessos praticados (art. 190-C, parágrafo único do ECA).
Ex: o agente foi infiltrado para investigar crimes de pornografia infantil na internet. Não há sentido que ele
mate alguém, por exemplo, para demonstrar lealdade ao líder da organização criminosa. Neste caso ele
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responderia por homicídio doloso e não poderia invocar a excludente tendo em vista a desproporcionalidade
existente entre a sua conduta e a finalidade da investigação. Nesse sentido: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis
penais e processuais penais. Vol. 2, 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

Relatório circunstanciado
Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser registrados,
gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
circunstanciado.
Esses atos eletrônicos deverão ser reunidos em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente
com o inquérito policial.
Deverá ser preservada a identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes
envolvidos.

Relatórios parciais
Além disso, a autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de
infiltração antes do término do prazo da medida.

Sigilo das informações da operação


As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao Delegado
de Polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.

Contraditório diferido
Diz-se que o contraditório é diferido (postergado) porque, somente após o encerramento da diligência, a
defesa terá oportunidade de ter acesso ao relatório da infiltração, podendo impugná-lo.
O que se veda é a publicidade da infiltração durante o período em que ela estiver ocorrendo, sob pena de
frustrar a medida.

Direitos do agente policial infiltrado


A atividade de infiltração policial pode se revelar bastante penosa e arriscada ao agente incumbido dessa
diligência. Caso descoberto, o policial infiltrado pode ser morto. Após a organização criminosa ser
desmantelada, seria também possível a ocorrência de retaliações contra o agente que estava infiltrado.
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Ciente dessa situação, a Lei nº 12.850/2013, ao tratar sobre a infiltração de agentes nos casos de organização
criminosa, previu alguns direitos do agente infiltrado. Confira o texto legal:
Art. 14. São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei no 9.807, de 13 de
julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante
a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
prévia autorização por escrito.

Penso que seja possível estender esses direitos também ao agente infiltrado de que trata o art. 190-A do ECA
por duas razões:
a) trata-se de analogia com a finalidade de proteger a integridade física de um agente estatal;
b) a maioria dos grupos criminosos que praticam delitos contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes
na internet caracterizam-se como organizações criminosas (art. 1º, § 1º da Lei nº 12.850/2013), aplicando-se,
por consequência, o art. 14 dessa Lei.

Quem poderá atuar como agente infiltrado?


A infiltração é feita por "agentes de polícia" (art. 190-A do ECA).
O art. 144 da CF/88 menciona a existência dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Desse rol, a Polícia Federal e a Polícia Civil são os dois órgãos que possuem a função precípua de apurar
infrações penais (investigar crimes), nos termos do art. 144, § 1º, I e § 4º da CF/88. Os demais têm funções
mais relacionadas com policiamento ostensivo.
Assim, conclui-se que quem poderá atuar como agente infiltrado, no caso do art. 190-A do ECA, são os agentes
de Polícia Federal e de Polícia Civil.
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Obs1: mesmo que os fatos estejam sendo apurados pelo Ministério Público por meio de procedimento de
investigação criminal (PIC), não será possível designar servidores do órgão para atuarem como agentes
infiltrados, considerando que não se tratam de agentes policiais.

Obs2: agentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não
podem atuar como agentes infiltrados, considerando que são classificados como agentes de inteligência (e não
agentes de polícia).

Obs3: é proibida a infiltração de particulares. "No entanto, caso um dos integrantes da organização criminosa
resolva colaborar com as investigações para fins de ser beneficiado com a celebração de possível acordo de
colaboração premiada, há quem entenda ser possível que o colaborador atue de modo infiltrado. Nesse caso,
por mais que esse colaborador não seja servidor policial, desde que haja autorização judicial para a conjugação
dessas duas técnicas especiais de investigação - colaboração premiada e agente infiltrado -, é possível que o
colaborador mantenha-se infiltrado na organização criminosa com o objetivo de coletar informações capazes
de identificar os demais integrantes do grupo." (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial
comentada. 3ª ed., Salvador: Juspodivm, 2015, p. 574).

#LEISECASALVA
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)

I – SERÁ PRECEDIDA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL devidamente circunstanciada e fundamentada, que


estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)

II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá


a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
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III – NÃO PODERÁ EXCEDER O PRAZO DE 90 (NOVENTA) DIAS, sem prejuízo de eventuais renovações, DESDE
QUE O TOTAL NÃO EXCEDA A 720 (SETECENTOS E VINTE) DIAS e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a
critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de


infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)

§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)

I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou


autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
atribuído no momento da conexão.

§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-C. NÃO COMETE CRIME o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher
indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta
Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

DOS CRIMES CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE

Pessoal nesse ponto a #LEISECA tem seu valor, mas vou destacar os artigos com maior incidência nas provas,
vamos lá:
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Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA.

Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
abuso de autoridade, SÃO CONDICIONADOS À OCORRÊNCIA DE REINCIDÊNCIA. (Incluído pela Lei nº 13.869.
de 2019)
Parágrafo único. A PERDA DO CARGO, do mandato ou da função, nesse caso, INDEPENDERÁ DA PENA
APLICADA NA REINCIDÊNCIA. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de
fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
exames referidos no art. 10 desta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:
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Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades
legais.

#ATENÇÃO As hipóteses de apreensão de criança ou adolescente são ordem escrita da autoridade judiciária
ou flagrante de ato infracional. A desobediência a esses parâmetros acarreta a prática do crime previsto no
art. 230. O bem jurídico protegido é o direito de liberdade da criança e do adolescente.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

#ATENÇÃO O crime somente é praticável pela autoridade policial responsável pela apreensão, ninguém mais.
O bem jurídico tutelado é a liberdade e também a dignidade do apreendido. O direito de comunicar a família
tem assento na Constituição Federal (art. 5º, LXII).

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
2008)
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I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
2008)

II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº


11.829, de 2008)

III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre
ela, ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

#DEOLHONAJURIS Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (...)
• Crime formal (consumação antecipada): o delito se consuma independentemente da ocorrência de um
resultado naturalístico. Assim, a ocorrência de efetivo abalo psíquico e moral sofrido pela criança ou
adolescente é mero exaurimento do crime, sendo irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se forem
filmadas mais de uma criança ou adolescente, no mesmo contexto fático, haverá crime único.
• Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (não exige qualquer qualidade especial do sujeito
ativo).
• Crime de subjetividade passiva própria: exige-se uma condição especial da vítima (no caso, exige-se que a
vítima seja criança ou adolescente).
• Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas ou mais condutas (verbos). No entanto, se o sujeito
praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto material, responderá por um
único crime, não havendo concurso de crimes nesse caso. Logo, se o agente fotografou e filmou o ato sexual,
no mesmo contexto fático, haverá crime único.
STJ. 5ª T. PExt no HC 438080-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 27/8/19 (Info 655).

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
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cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o
caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes


a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for
feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
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II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de
rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério
Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

#DEOLHONAJURIS Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e


compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil: Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos
digitais contendo cena de sexo explícito e pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois
disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses arquivos para outra pessoa, esse indivíduo terá praticado dois
crimes ou haverá consunção e ele responderá por apenas um dos delitos? Em regra, não há automática
consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil.
Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela prática do outro. No
entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas guardem,
entre si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de
dependência entre a sucessão de fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é
absolutamente autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos, em
concurso material. A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades. STJ. 6ª T. REsp
1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 04/02/20 (Info 666).

#DEOLHONAJURIS Por conta disso, segundo o STJ, aplica-se o concurso material de crimes (art. 69, CP), quando
o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica os delitos do art. 241-A e 241-B do ECA: “(...) é
perfeitamente possível o concurso material das condutas de "possuir" e "armazenar" (art. 241-B, ECA) com as
condutas de "publicar" ou "disponibilizar" e "transmitir” (art. 241-A), o que autoriza a aplicação da regra do
art. 69 do Código Penal.” (STJ, 5ª T. AgRg no AgRg no REsp 1330974/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 12/2/19).

#DEOLHONAJURIS Segundo o STJ, “(...) com relação ao princípio da consunção ao crime do art. 241-B, para
que seja considerado mero meio para o cometimento do tipo previsto no art. 241-A, não existe relação de
dependência entre os tipos penais em questão, vez que, tanto a prática do compartilhamento (previsto no art.
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241-A), quanto à prática do armazenamento (previsto no art. 241-B) podem ocorrer isoladamente e de forma
dissociada.” (STJ, REsp 1569856/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJ 27/2/18)

#DEOLHONAJURIS Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a conduta
de disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada pela
internet e for acessível transnacionalmente: Redação anterior da tese do Tema 393: Compete à Justiça Federal
processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo
criança ou adolescente [artigos 241, 241-A e 241-B da Lei 8.069/1990] quando praticados por meio da rede
mundial de computadores. STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min.
Edson Fachin, j. 28 e 29/10/15 (repercussão geral) (Info 805). Redação atual, modificada em embargos de
declaração: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados
por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE
628624 ED, Rel. Edson Fachin, j. 18/08/20 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990).

#DEOLHONAJURIS O STJ, interpretando a decisão do STF (Info 805), afirmou que, quando se fala em
“praticados por meio da rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem
de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por
outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil não há relação de
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da
competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: 1º) Se ficar constatada a
internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser
acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. 2º) Nos
casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via
Whatsappou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está
acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ. 3ª
S. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 26/4/17 (Info 603).

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de
representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
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Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição
ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº
13.440, de 2017)
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§ 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de
23.6.2000)

§ 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do


estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 . (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)

#DEOLHONAJURIS Conforme entendimento pacífico do STJ, não há continuidade delitiva entre os delitos de
roubo e extorsão, porque de espécies diferentes. Deve ser reconhecido o concurso formal entre os delitos de
roubo e corrupção de menores (art. 70, primeira parte, do CP) na hipótese em que, mediante uma única ação,
o réu praticou ambos os delitos, tendo a corrupção de menores se dado em razão da prática do delito
patrimonial. STJ. 6ª T., HC 411.722/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/02/18

#DEOLHONAJURIS A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois
crimes de corrupção de menores. Ex: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e
Dheyversson (15 anos), praticaram um roubo. João deverá ser condenado por um crime de roubo qualificado
e por dois crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). STJ. 6ª T. REsp
1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 10/10/17 (Info 613).

#DEOLHONAJURIS Esta Corte possui entendimento firmado no sentido de só admitir o erro de tipo no crime
de corrupção de menores quando a defesa apresentar elementos probatórios capazes de sustentar a alegação
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de desconhecimento do acusado acerca da menoridade do coautor, o que não ocorreu na hipótese desses
autos. Precedentes. STJ. 5ª T., HC 418.146/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 21/11/17.

#DEOLHONAJURIS O agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente responde
também por corrupção de menores? I) Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja
previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e também pelo delito
do art. 244-B do ECA (corrupção de menores); II) Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos
seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei de Drogas: ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a
causa de aumento de pena do art. 40, VI, ou seja, não será punido pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in
idem. Portanto, na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos
arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a
conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito,
mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/06. STJ. 6ª T. REsp 1.622.781-
MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 22/11/16 (Info 595).

#DEOLHONAJURIS Não configura bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao concurso de
agentes no delito de roubo, seguida da condenação pelo crime de corrupção de menores, já que são duas
condutas, autônomas e independentes, que ofendem bens jurídicos distintos. STJ. 5ª T., HC 362.726/SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 01/09/16.

#DEOLHONAJURIS O simples fato de um maior de idade ter se utilizado da participação de um menor de 18


anos na prática de infração penal já é suficiente para que haja a consumação do crime de corrupção de
menores (previsto inicialmente no art. 1º da revogada Lei n. 2.252/54 e atualmente tipificado no art. 244-B do
ECA). Assim, para a configuração do delito não se exige prova de que o menor tenha sido efetivamente
corrompido. Isso porque o delito de corrupção de menores é considerado formal. STJ. 6ª T. HC 159.620-RJ, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 12/3/13.

#DEOLHONAJURIS O objeto jurídico tutelado pelo tipo que prevê o delito de corrupção de menores é a
proteção da moralidade do menor e visa coibir a prática de delitos em que existe sua exploração. Assim, cuida-
se de crime formal, o qual prescinde de prova da efetiva corrupção do menor. STJ. 6ª T., AgRg no REsp 1133753
MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 16/02/12.
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Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome,
ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que
se atribua ato infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de
forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da
programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.
(Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).

#JURISEMFRASES

Para que vocês não percam tempo com jurisprudência, separamos aqui algumas frases retiradas de
informativos que vão ajudar você a acertar aquela questão objetiva que você tem certeza de que já leu e não
lembra dos termos!

JURIS EM FRASES
INFO 766 A oitiva do representado deve ser o último ato da instrução no procedimento de apuração de
STJ ato infracional.
INFO 763 Tendo a medida socioeducativa atingido a sua finalidade, é inviável manter a execução apenas
STJ pela menção genérica à insuficiência do tempo de acautelamento do adolescente.
INFO 749 Em processo de apuração de ato infracional, é inadmissível ação rescisória proposta pelo
STJ Ministério Público visando a desconstituição de coisa julgada absolutória.
INFO 749 A gravidade do ato infracional cometido, dissociada de elementos concretos colhidos no curso
STJ da execução da medida socioeducativa, não é fundamento suficiente para, por si, justificar a
manutenção de adolescente em internação.
INFO 732 Na execução de medida socioeducativa, o período de tratamento médico deve ser contabilizado
STJ no prazo de 3 anos para a duração máxima da medida de internação, nos termos do art. 121, §
3º, do ECA.
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INFO 672 Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter como
STJ parâmetro a duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que poderá
efetivamente ser cumprida até que o socioeducando complete 21 anos de idade.

INFO 672 É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da execução, ante a
STJ superveniência de processo-crime após a maioridade penal, entende que não restam objetivos
pedagógicos em sua execução.

INFO 668 É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, desde que
STJ assegurada atenção integral à sua saúde, bem como as condições necessárias para que
permaneça com seu filho durante o período de amamentação.

INFO 668 É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, desde que
STJ assegurada atenção integral à sua saúde, bem como as condições necessárias para que
permaneça com seu filho durante o período de amamentação.

Lei n. 9.296/1996 - Lei da Interceptação de Comunicações Telefônicas

NÃO DEIXE DE LER – LEI Nº 9.296/1996 (LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA)


LEITURA INTEGRAL

#ATENÇÃO Pessoal, esse tema é de ALTA INCIDÊNCIA nas provas de DELTA


#ATENÇÃO principalmente para jurisprudência sobre esse tema #NÃOCAIDESPENCA

Obs: Pessoal nas #CICLOLEGIS não iremos colocar o gabarito das questões. Isso porque, tais # tem como
objetivo justamente decorar a letra de lei. Sendo assim, ao corrigir a questão vocês precisarão ir a letra de lei
novamente e vão necessitar ler novamente o artigo! Isso com certeza irá facilitar o processo de fixação da letra
de lei!!!!

#CICLOLEGIS #DECORAALETRADALEI

QUESTÃO 01
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;


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Ciclos Método

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de _________________.

a) reclusão
b) detenção

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente
justificada.

QUESTÃO 02
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz,
_______________________:

a) a requerimento
b) de ofício ou a requerimento

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.

QUESTÃO 03
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização
é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados.

§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam
presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão ____________________
à sua redução a termo.

a) não será
b) será condicionada
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§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.

QUESTÃO 04
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também
____________________________, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo
uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

a) a forma de execução da diligência


b) dispensada a forma de execução da diligência

QUESTÃO 05
Art. 6° Deferido o pedido, a ___________________ conduzirá os procedimentos de interceptação, dando
ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.

a) autoridade policial
b) autoridade judicial

§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua


transcrição.

§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,


acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.

§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público.

QUESTÃO 06
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar
serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.

QUESTÃO 07
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados,
apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências,
gravações e transcrições respectivas.
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Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada ______________________ da autoridade, quando
se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para
o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.

a) imediatamente antes do relatório


b) imediatamente após o relatório

QUESTÃO 08
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a __________________ ou em infrações penais conexas. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

a) 2 (dois) anos
b) 4 (quatro) anos

§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de


captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º (VETADO).

§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio de
operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do art.
5º da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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§ 4º (VETADO).

§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial
ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da
gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica para a


interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

QUESTÃO 09
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.

Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo ____________________, sendo facultada a
presença do acusado ou de seu representante legal.

a) Ministério Público
b) Ministério Público ou autoridade policial

QUESTÃO 10
Art. 10. Constitui crime realizar ____________________________________, promover escuta ambiental ou
quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada
pela Lei nº 13.869. de 2019) (Vigência)

a) interceptação de comunicações telefônicas


b) interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019) (Vigência)

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista
no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) (Vigência)

QUESTÃO 11
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Art. 10-A. Realizar ________________________ de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para


investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

a) captação ambiental
b) escuta ambiental

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

DADOS TELEFÔNICOS X INTERCEPTAÇÃO

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS

Conhecimento do conteúdo da conversa Registros documentados, com data da chamada,


horário da ligação, duração, número de telefone,
etc.

Momento atual (está ocorrendo) Momento anterior (as chamadas já ocorreram)

Está submetida à CLÁUSULA DA RESERVA DE NÃO ESTÁ SUBMETIDA À CLÁUSULA DA RESERVA


JURISDIÇÃO: apenas deve haver determinação DE JURISDIÇÃO: além do juiz, CPI’s também podem
judicial. determinar a quebra do sigilo de dados telefônicos.

Deve haver decisão fundamentada Deve haver decisão fundamentada


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INTERCEPTAÇÃO X ESCUTA X GRAVAÇÃO

#DIRETODAFUC
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ESCUTA TELEFÔNICA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA

Ocorre quando um terceiro capta Ocorre quando um terceiro capta Ocorre quando o diálogo
telefônico travado entre duas
o diálogo telefônico travado o diálogo telefônico travado
pessoas é gravado por um dos
entre entre
próprios interlocutores, sem o
duas pessoas, sem que nenhum duas pessoas, sendo que um dos consentimento ou a ciência do
outro. Também é chamada de
dos interlocutores saiba. interlocutores sabe que está
gravação clandestina (obs.: a
sendo realizada a escuta.
palavra “clandestina” está
empregada não na acepção de
“ilícito”, mas sim no sentido de
“feito às ocultas”).

Ex.: polícia, com autorização Ex.: polícia grava a conversa Ex.: mulher grava a conversa
judicial, grampeia os telefones telefônica que o pai mantém com telefônica no qual o ex-marido
dos o sequestrador de seu filho. ameaça matá-la.

membros de uma quadrilha e


grava os diálogos mantidos entre
eles.

Para que a interceptação seja Para que seja realizada é Antes do advento do Pacote
válida é indispensável a indispensável a autorização Anticrime, prevalecia o
autorização judicial. judicial (posição majoritária). entendimento de que em regra, a
gravação ambiental, realizada por
um dos interlocutores, prescindia
de autorização judicial. A Lei nº
13.964/2019 inseriu o art. 8º-A
na Lei nº 9.296/96 exigindo, de
forma genérica, a prévia
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autorização judicial para a


captação ambiental

#ATENÇÃO

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes

hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente
justificada.

De acordo com o seu art. 5º a INTERCEPTAÇÃO NÃO PODERÁ EXCEDER O PRAZO DE QUINZE DIAS,
RENOVÁVEL por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Segundo a jurisprudência, esse prazo de 15 dias pode ser renovado quantas vezes preciso e será CONTADO A
PARTIR DA EFETIVA IMPLEMENTAÇÃO DA MEDIDA, e não da respectiva decisão.

OBS: É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito punido com
detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.

CAPTAÇÃO AMBIENTAL

A Lei nº 13.964/2019 inseriu o art. 8º-A na Lei nº 9.296/96 exigindo, de forma genérica, a prévia autorização
judicial para a captação ambiental:

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos, quando:

I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
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Ciclos Método

II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.

§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de


captação ambiental. (Incluído pela Lei 13.964/2019)

§ 2º. A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio
de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do
art. 5º da Constituição Federal. (Incluído pela Lei 13.964/2019).

§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei 13.964/2019).

§ 4º. A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial
ou do Ministério Público PODERÁ SER UTILIZADA, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade
da gravação. (Incluído pela Lei 13.964/2019).

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica para a


interceptação telefônica e telemática.

#ATENÇÃO

Vale ressaltar, contudo, que continua sendo desnecessária a autorização judicial em caso de captação
ambiental realizada por um dos interlocutores. A Lei acolheu a interpretação da jurisprudência e foi inserido o
art. 10-A, § 1º na Lei nº 9.296/96, com a seguinte redação:

Art. 10-A (...)

§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores.

#DEOLHONAJURIS É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do
outro As inovações do Pacote Anticrime na Lei n. 9.296/1996 não alteraram o entendimento de que é lícita a
prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.
STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).

SERENDIPIDADE
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a) Serendipidade de 1º grau: é a descoberta fortuita de provas quando houver conexão ou continência. Para
a doutrina e jurisprudência majoritária, os elementos encontrados poderão ser utilizados totalmente como
prova.

b) Serendipidade de 2ª grau: é a descoberta fortuita de provas quando NÃO houver conexão ou continência,
razão pela qual os elementos de prova não poderiam ser utilizados no novo crime ou em relação a outro
criminoso em tais circunstâncias. No máximo, poderiam servir como notitia criminis.

#OLHAOGANCHO De acordo com o a jurisprudência do STJ, seria possível aplicação do fenômeno da


descoberta inevitável no que tange às interceptações telefônicas – vale dizer, se seria obtida de qualquer
forma, no curso normal das investigações.

INTERCEPTAÇÃO E WHATSAPP

• Polícia acessa o WhatsApp do investigado sem autorização judicial ou do réu, mesmo que preso em
flagrante: PROVA ILÍCITA.

• Polícia, com autorização de busca e apreensão, apreende celular do investigado. Em seguida, mesmo sem
nova autorização judicial, acessa o WhatsApp: PROVA VÁLIDA.

• Polícia acessa o WhatsApp da vítima morta, com autorização do cônjuge do falecido, mas sem autorização
judicial: PROVA VÁLIDA.

Lembrando que o registro das ligações/agenda telefônicas é permitido, pois não tem acesso ao conteúdo em
si, somente aos registros telefônicos.

#ATENÇÃO para os julgados sobre interceptação e whatsapp:

É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para acesso no WhatsApp
Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela diretamente dependam ou sejam consequência,
ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da
interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo
aplicativo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640).

Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão
de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que
compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens,
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sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas
de informática e telemática. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016
(Info 593).

Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de
conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583). Cuidado para não confundir: Não há ilegalidade na perícia de
aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário
- a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª
Turma. RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
19/10/2017 (Info 617).

A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação telemática
mantida pelo usuário, tampouco a substituição do investigado e titular da linha por agente indicado pela
autoridade policial. STJ. 6ª Turma. REsp 1806792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021 (Info 696).

Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o WhatsApp interceptasse as mensagens trocadas por
determinados investigados, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que estariam ainda
praticando crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial por
impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via aplicativo são criptografadas de ponta
a ponta. O magistrado não concordou com o argumento e aplicou multa contra a empresa. Segundo a opinião
dos especialistas, realmente não é possível a interceptação de mensagens criptografadas do WhatsApp devido
à adoção de criptografia forte pelo aplicativo. Ao utilizar a criptografia de ponta a ponta, a empresa está
criando um mecanismo de proteção à liberdade de expressão e de comunicação privada, garantia reconhecida
expressamente na Constituição Federal (art. 5º, IX). A criptografia é, portanto, um meio de se assegurar a
proteção de direitos que, em uma sociedade democrática, são essenciais para a vida pública. A criptografia
protege os direitos dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas comunicações. Logo, é do
interesse do Estado brasileiro encorajar as empresas e as pessoas a utilizarem a criptografia e manter o
ambiente digital com a maior segurança possível para os usuários. Existe, contudo, uma ponderação a ser feita:
em alguns casos a criptografia é utilizada para acobertar a prática de crimes, como, por exemplo, os casos de
pornografia infantil e de condutas antidemocráticas, como manifestações xenófobas, racistas e intolerantes,
que ameaçam o Estado de Direito. A partir daí, indaga-se: o risco à segurança pública representado pelo uso
da criptografia justifica restringir ou proibir a sua adoção pelas empresas? O tema está sendo apreciado pelo
STF na ADPF 403 e na ADI 5527, que foi iniciado com os votos dos Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, tendo
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sido suspenso em razão de pedido de vista. Apesar de o julgamento dessas ações constitucionais ainda não ter
sido concluído, a 3ª Seção do STJ, em harmonia com os votos já proferidos pelos Ministros do STF, chegou à
conclusão de que: O ordenamento jurídico brasileiro não autoriza, em detrimento da proteção gerada pela
criptografia de ponta a ponta, em benefício da liberdade de expressão e do direito à intimidade, sejam os
desenvolvedores da tecnologia multados por descumprirem ordem judicial incompatível com encriptação. Os
benefícios advindos da criptografia de ponta a ponta se sobrepõem às eventuais perdas pela impossibilidade
de se coletar os dados das conversas dos usuários da tecnologia. Diante disso, o recurso foi provido para afastar
a multa aplicada pelo magistrado ante a impossibilidade fática, no caso concreto, de cumprimento da ordem
judicial, haja vista o emprego da criptografia de ponta-a-ponta. STJ. 3ª Seção. RMS 60531-RO, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/12/2020 (Info 684).

Determinada pessoa entregou à Polícia prints de conversas registradas no WhatsApp Web. Tais conversas
demonstravam a ocorrência de crimes contra a Administração Pública. Vale ressaltar que esses prints foram
feitos por um dos integrantes do grupo do aplicativo, ou seja, os prints foram tirados por um dos interlocutores
da conversa. Mesmo assim, o STJ considerou ilícita essa prova. Isso porque, para o STJ, é inválida a prova obtida
pelo WhatsApp Web, tendo em vista que nessa ferramenta “é possível, com total liberdade, o envio de novas
mensagens e a exclusão de mensagens antigas (registradas antes do emparelhamento) ou recentes
(registradas após), tenham elas sido enviadas pelo usuário, tenham elas sido recebidas de algum contato.
Eventual exclusão de mensagem enviada (na opção "Apagar somente para Mim") ou de mensagem recebida
(em qualquer caso) não deixa absolutamente nenhum vestígio, seja no aplicativo, seja no computador
emparelhado, e, por conseguinte, não pode jamais ser recuperada para efeitos de prova em processo penal,
tendo em vista que a própria empresa disponibilizadora do serviço, em razão da tecnologia de encriptação
ponta-a-ponta, não armazena em nenhum servidor o conteúdo das conversas dos usuários” (STJ. 6ª Turma.
RHC 99.735/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018). Assim, a pessoa que tirou os prints poderia, em
tese, ter manipulado as conversas, de maneira não há segurança para se utilizar como prova. Diante disso, o
STJ declarou nulas as mensagens obtidas por meio do print screen da tela da ferramenta WhatsApp Web,
determinando-se o desentranhamento delas dos autos, mantendo-se as demais provas produzidas após as
diligências prévias da polícia realizadas em razão da notícia anônima dos crimes. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC
133.430/PE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 23/02/2021.

Caso concreto: a Polícia Penal, durante procedimento de revista em uma das galerias do presídio, encontrou
dois aparelhos celulares, “um escondido embaixo da escadaria próxima a porta do solário e outro em um vão
aberto devido a corrosão no batente da ducha”. Como não foi localizado, naquele momento, o segregado, que
usava e tinha a posse de um desses objetos, os agentes acessaram o conteúdo ali existente, ocasião em que
foram encontrados dados do preso WhatsApp e no Facebook instalados no referido aparelho. Identificado o
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preso, o Juízo das Execuções Penais, na audiência de justificação, homologou a falta disciplinar de natureza
grave e revogou parte dos dias remidos. A atuação da Polícia Penal e do Poder Judiciário foi legítima, não
havendo ilicitude da prova obtida por meio do acesso ao aparelho celular. Em regra, é ilícita a prova obtida
diretamente dos dados constantes de aparelho celular, sem prévia autorização judicial. O mencionado
entendimento, todavia, deve ser distinguido da situação apresentada no caso concreto. Os julgados do STJ que
afirmam a nulidade tratam de aparelhos celulares apreendidos fora de estabelecimentos prisionais. O caso
concreto se refere à hipótese em que o aparelho é encontrado dentro do presídio, em situação de explícita
violação às normas jurídicas que regem a execução penal. Os direitos e garantias individuais não têm caráter
absoluto, sendo possível a existência de limitações de ordem jurídica. Os arts. 3º, 38 e 46, todos da LEP,
representam hipóteses de restrição legal aos direitos individuais dos presos. Nesse cenário, uma das
consequências da imposição da prisão - penal ou processual - é a proibição da comunicação do recluso com o
ambiente externo por meios diversos daqueles permitidos pela lei. Para garantir a observância dessa restrição
foram editadas diversas normas que têm por objetivo coibir o acesso do segregado a aparelhos telefônicos, de
rádio ou similares. Conforme previsto no art. 41, inciso XV, da LEP, o contato do preso com o mundo exterior
é autorizado por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes. Mesmo no caso de comunicação por intermédio de
correspondência escrita, permitida legalmente, o STF firmou jurisprudência no sentido de que, diante da
inexistência de liberdades individuais absolutas, é possível que a Administração Penitenciária, sem prévia
autorização judicial, acesse o seu conteúdo quando houver inequívoca suspeita de sua utilização como meio
para a preparação ou a prática de ilícitos. A necessidade de se resguardar a segurança, a ordem pública e a
disciplina prisional, segundo a Corte Suprema, prevalece sobre a reserva constitucional de jurisdição.

Nessa conjuntura, se é prescindível decisão judicial para a análise do conteúdo de correspondência a fim de
preservar interesses sociais e garantir a disciplina prisional, com mais razão se revela legítimo, para a mesma
finalidade, o acesso dos dados e comunicações constantes em aparelhos celulares encontrados ilicitamente
dentro do estabelecimento penal, pois a posse, o uso e o fornecimento do citado objeto são expressamente
proibidos pelo ordenamento jurídico. Tratando-se de ilicitude manifesta e incontestável, não há direito ao
sigilo e, por consequência, inexiste a possibilidade de invocar a proteção constitucional prevista no art. 5º,
inciso XII, da Carta da República. Por certo, os direitos fundamentais não podem ser utilizados para a
salvaguarda de práticas ilícitas, não sendo razoável pretender proteger aquele que age em notória
desconformidade com as normas de regência. STJ. 6ª Turma. HC 546.830/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
09/03/2021.

#JURISEMFRASES
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Para que vocês não percam tempo com jurisprudência, separamos aqui algumas frases retiradas de
informativos que vão ajudar você a acertar aquela questão objetiva que você tem certeza de que já leu e não
lembra dos termos!

JURIS EM FRASES
INFO São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica, desde que, verificados os
1047 STF requisitos do artigo 2º da Lei 9.296/1996 e demonstrada a necessidade da medida diante de
elementos concretos e a complexidade da investigação, a decisão judicial inicial e as
prorrogações sejam devidamente motivadas, com justificativa legítima, ainda que sucinta, a
embasar a continuidade das investigações. São ilegais as motivações padronizadas ou
reproduções de modelos genéricos sem relação com o caso concreto.
INFO 749 A mera referência à legalidade da interceptação telefônica, com exclusiva intenção de justificar
STJ a imposição de outra medida cautelar, não significa que tenha havido a sua validação pelo STJ..
INFO 731 A conversão do conteúdo das interceptações telefônicas em formato escolhido pela defesa não
STJ é ônus atribuído ao Estado.
INFO 723 As decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva prorrogação devem prever,
STJ expressamente, os fundamentos da representação que deram suporte à decisão - o que
constituiria meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação
reportada como razão de decidir - sob pena de ausência de fundamento idôneo para deferir a
medida cautelar.
INFO 696 É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial em
STJ substituição ao do investigado titular da linha.
INFO 648 É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos de forma
STJ emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios
interceptados.
INFO 640 É impossível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o espelhamento,
STJ por meio do Whatsapp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo Whatsapp.

#VAMOSTREINAR?

#JÁCAIU
680.456.466-91

CARD 59 – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: INSTITUTO AOCP - 2022 - PC-GO - Delegado de
Polícia Substituto2
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência
correta.
( ) Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou
administrativa constitui crime na hipótese prevista na Lei de Abuso de Autoridade.
( ) Nos termos da Lei da Interceptação de Comunicações Telefônicas, quando o fato investigado constituir
infração penal punida, no máximo, com pena de detenção, não será admitida a interceptação de comunicações
telefônicas.
( ) A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a exclusivo
requerimento do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual
penal.
( ) Nos crimes de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019), será admitida ação privada se a ação penal pública
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Alternativas
A F – F – F – V.
B V – V – F – V.
C F – F – V – V.
D V – F – F – V.
E F – V – V – F.

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia3
Nos termos da Lei n° 9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica), é correto afirmar:
Alternativas

2
GABARITO: B

3
GABARITO: A
680.456.466-91

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Ciclos Método

A excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam
presentes os pressupostos que autorizem a interceptação das comunicações telefônicas, caso em que a
concessão será condicionada à sua redução a termo.
B a interceptação das comunicações telefônicas somente poderá ser determinada pelo juiz a requerimento da
autoridade policial, na investigação criminal, exigindo-se que, do referido requerimento, conste a necessidade
de se utilizar o meio de investigação na apuração realizada.
C a interceptação das comunicações telefônicas não poderá ser determinada de ofício pelo juiz, sendo admitida
apenas na hipótese de requerimento do representante do Ministério Público, devidamente fundamentado,
demonstrando a necessidade de se utilizar esse meio de investigação.
D a interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz a requerimento da
autoridade policial, do representante do Ministério Público ou do Assistente de Acusação, na investigação
criminal, nas hipótese de crimes punidos com pena de detenção ou reclusão.
E o juiz decidirá sobre o pedido de interceptação das comunicações telefônicas, no prazo máximo de quarenta
e oito horas, em despacho fundamentado, definindo a autoria ou a participação em infração penal.

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 014
A interceptação de comunicações telefônicas depende de decisão judicial fundamentada, a qual não excederá
quinze dias, renovável por igual período, apontando a indispensabilidade do meio de prova, indícios razoáveis
de autoria e fato investigado constituir infração penal punida com pena de reclusão, que poderá ser
determinada de ofício ou por representação da autoridade policial ou do Parquet, devendo, nesses casos, o
pedido demonstrar a necessidade da medida, com indicação dos meios a serem empregados.

Quanto ao uso da fundamentação per relationem, na jurisprudência do STJ, na interceptação telefônica é


correto afirmar que
Alternativas
A a utilização da técnica, seja para fim de reafirmar a fundamentação de decisões anteriores, seja para
incorporar à nova decisão os termos de manifestação ministerial anterior, não implica vício de fundamentação.
B não se admite a utilização da técnica da fundamentação per relationem para justificar a quebra do sigilo das
comunicações telefônicas ou sua prorrogação.
C a existência de representação da autoridade policial é suficiente para a aplicação da técnica da
fundamentação per relationem, ainda que não haja incorporação formal na decisão judicial.

4
GABARITO: A
680.456.466-91

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Ciclos Método

D a existência de manifestação do Ministério Público é suficiente para a aplicação da técnica da fundamentação


per relationem, ainda que não haja incorporação formal na decisão judicial.
E a utilização da técnica, para fim de reafirmar a fundamentação de decisões anteriores, depende de prévia
decisão judicial fundamentada de forma autônoma.

Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: INSTITUTO AOCP - 2022 - PC-GO - Delegado de
Polícia Substituto5
O Estatuto da Criança e do Adolescente possui dispositivos penais que prescrevem diversos delitos puníveis
com pena privativa de liberdade. No tocante ao tema, assinale a alternativa correta conforme a jurisprudência
dos tribunais superiores.
Alternativas
A A inexistência, nos autos da ação penal, de prova documental idônea que dê substrato à acusação
concernente ao delito de corrupção de menores não acarreta sua atipicidade.
B A prescrição das medidas socioeducativas segue as regras estabelecidas no CP aos agentes menores de 21
anos ao tempo do crime, ou seja, o prazo prescricional dos tipos penais previstos no Código Penal é reduzido
de metade quando aplicado aos atos infracionais praticados pela criança ou pelo adolescente.
C Compete à Justiça Estadual processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico envolvendo criança ou adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de
computadores.
D Não se revela contrário ao sistema jurídico impor ao adolescente, o qual eventualmente pratique ato
infracional consistente em possuir drogas para consumo próprio, a medida extraordinária de internação,
cabível proporcionalmente à pessoa maior de dezoito anos de idade por meio de detenção por efeito de
transgressão ao art. 28 da Lei dos Tóxicos.
E O parecer psicossocial se reveste de caráter vinculativo para auxiliar o juiz na avaliação da medida
socioeducativa mais adequada a ser aplicada.

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de
Polícia6
Assinale a opção correta, acerca das medidas socioeducativas aplicadas a adolescentes e dos procedimentos
de sua apuração.

5
GABARITO: B

6
GABARITO: E
680.456.466-91

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Ciclos Método

Alternativas
A A advertência deverá ser aplicada somente quando houver comprovação da autoria e da materialidade do
ato infracional.
B A medida de prestação de serviços à comunidade, aplicada ao adolescente primário, poderá ser cumprida
pelo prazo máximo de doze meses.
C A liberdade assistida tem prazo máximo de seis meses, não sendo cabível a sua prorrogação.
D A aplicação de nova medida de internação acarreta a extinção daquela aplicada anteriormente sem prazo
determinado, ainda em fase de execução.
E A aplicação de pena privativa de liberdade em regime fechado, mesmo que em execução provisória, ao
adolescente submetido a medida socioeducativa anterior é causa extintiva desta.

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-ES Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-ES - Delegado de
Polícia7
A posse de vídeo que contém cena de sexo explícito envolvendo adolescente é
Alternativas
A conduta atípica.
B crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
C crime previsto no Código Penal.
D crime apenas se o vídeo houver sido obtido pela Internet ou por outro sistema de informática ou telemático.
E crime apenas se houver relação de parentesco entre o possuidor do vídeo e o adolescente que aparece na
referida cena.

Pessoal, por hoje é só, nos vemos no próximo CARD.

Sejam firmes e perseverantes!

7
GABARITO: B

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