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GRUPO DE ENSINO LUNA CARRASCOSA

Apostila de Hematologia

Professora Emannuelle Tavares


HEMATOLOGIA
É o ramo da biologia que estuda o sangue. Estuda seus elementos figurados: hemácias (glóbulos vermelhos
ou eritrócitos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas (trombócitos).
Estuda também a produção desses elementos e os órgãos onde eles são produzidos (órgãos
hematopoiéticos). Além de estudar o estado de normalidade dos elementos sanguíneos e dos órgãos
hematopoiéticos e as doenças a eles relacionadas.

SANGUE
O sangue é um tecido líquido que circula dentro de um sistema fechado de vasos denominado sistema
circulatório. Ele é constantemente renovado. É composto por duas partes distintas:

 Parte Líquida: Plasma ou soro;


Parte Sólida: Células (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas).
 Plasma: é a parte líquida do sangue não coagulado. Contém os fatores de coagulação. Contém também o
fibrinogênio, uma proteína importante no processo de coagulação do sangue;
 Soro: é a parte líquida do sangue após a formação do coágulo. Não apresenta fibrinogênio. Apresenta sais
minerais, vitaminas, proteínas, lipídios, enzimas, hormônios, entre outros que são substâncias também
encontradas no plasma.

Funções

 Transporte de gases e nutrientes, como glicose, aminoácidos, proteínas, lipídios, sais minerais até as células,
hormônios e eletrólitos (Sódio, potássio, cálcio, magnésio, etc.);
 Defesa imunológica - leucócitos;
 Coagulação;

Composição

 54%: plasma (parte líquida);


 1%: glóbulos brancos e plaquetas;
 45%: glóbulos vermelhos.

Em cada microlitro ou mm3 de sangue há aproximadamente:


4,5 a 6 milhões de hemácias;
150 a 400 mil plaquetas;
4 a 11 mil glóbulos brancos.
CÉLULAS DO SANGUE: ORIGEM E FUNÇÃO
 Medula óssea: É o mais importante órgão de produção das células sanguíneas, pois lá estão as células tronco
que dão origem às células de linhagens mielóide e linfóide.

 Hematopoiese: É o processo de nascimento das células sanguíneas, que ocorrem nos órgão hematopoiéticos
(medula óssea em adultos normais, baço e fígado em fetos e em pacientes em determinadas anemias graves);

 ORIGEM

 Célula mieloide: engloba os neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos;


 Célula linfoide: engloba os linfócitos T e B.

Hemácias, glóbulos vermelhos ou eritrócitos


São as células mais abundantes no sangue. São anucleadas (seu núcleo é
perdido na diferenciação celular), bicôncavas (duas fases côncavas opostas) e
possuem hemoglobina, proteína que dá cor vermelha ao sangue. Apresentam
aproximadamente 120 dias de vida e são destruídas no fígado e baço.
A produção de hemácias é regulada para que haja um número adequado de
células para promover a oxigenação, pois elas são responsáveis pelas trocas gasosas
no organismo.
Em casos de altitudes elevadas e atividade física intensa, sua produção será
maior. Quando há uma baixa no número de hemácias, diminui o fornecimento de
O₂ para o tecido, causando a hipóxia (baixa concentração de O₂) que estimula os
rins (90%) e fígado (10%) a secretarem um hormônio chamado eritropoetina, que
uma vez liberado no sangue, perdura por 1 ou 2 dias, atuando na medula óssea, estimulando a formação de
hemocitoblasto, aumentando a produção de hemácias, mantendo seu número constante, gerando uma alta de O₂.

A e B – Hemácias normais

Hemácias e a falta de núcleo


Os mamíferos são organismos homeotérmicos, ou seja, mantém seu corpo constantemente aquecido (em
torno de 37º C). Manter essa temperatura constante exige um grande gasto energético, o que significa que uma
maior concentração de oxigênio precisa ser transportada entre os tecidos. Dessa forma, a perda do núcleo em
mamíferos trouxe uma vantagem. Nas hemácias de outros animais, o núcleo ocupa grande espaço na célula, já em
hemácias de mamíferos, pode ser ocupado por maior quantidade de oxigênio. Além disso, hemácias anucleadas são
mais leves e, portanto, mais rápidas. Possuem também maior flexibilidade, facilitando sua movimentação através de
pequenos vasos sanguíneos.

ESTUDO DA HEMOGLOBINA
A hemoglobina (Hb) é uma proteína presente nos eritrócitos. Dá ao sangue a característica viscosas e a cor
vermelha ao sangue. É responsável por transportar o oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos e retorna com gás
carbônico (CO2) para os pulmões. Quando respiramos, o O2 é levado dos pulmões ao sangue, de onde é
transportado para os tecidos pela hemoglobina.
Curiosidade 1: A hemoglobina apresenta uma afinidade química muito maior com o CO (monóxido de carbono) do
que com o O2. Assim, a oxigenação das células é comprometida na sua presença. As moléculas de O2 são expulsos
da hemoglobina, o que atrapalha a entrega de oxigênio para as células. Lentamente, a vítima morre asfixiada.
Curiosidade 2: Os hematomas são formados pelo escape de eritrócitos aos tecidos. Isto geralmente ocorre pelo
rompimento de um ou mais vasos sanguíneos na ocorrência de uma lesão. A degradação da hemoglobina se
converte em pigmentos biliares, e, estes, são responsáveis pela coloração amarelada dos hematomas.

CÉLULAS DO SANGUE - LEUCÓCITOS

São também chamados de glóbulos brancos. Estas células produzidas da medula óssea são transportadas
pelo corpo através do sangue e estão na linfa, nos órgãos linfoides e em vários tecidos conjuntivos.
São classificados em polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e monomorfonucleares
(linfócitos e monócitos).
São classificados de acordo com a granulosidade do citoplasma e a quantidade de lóbulos nucleares. Sendo
divididos em dois grupos: granulócitos e agranulócitos.
São células esféricas e nucleadas, de tamanho maior que as hemácias. Fazem parte do sistema imunológico
e têm como principais funções proteger o corpo contra tumores, toxinas e infecções por microrganismo.
Eles podem atravessar a parede dos vasos sanguíneos e penetrar nos tecidos, fazendo a fagocitose, além de
produzir anticorpos.
Como respondem a estímulos químicos liberados pelas células danificadas ou por outros leucócitos, são
capazes de localizar tecidos danificados ou infectados por microrganismos, sendo cada tipo de leucócito responsável
por combater determinadas infecções. Entram em ação sempre que um vírus, uma bactéria, ou qualquer organismo
estranho entrar no corpo humano, eliminando-os e impedindo que provoquem problemas de saúde.
GRANULÓCITOS

NEUTRÓFILOS

São os mais numerosos, cerca de 70 % do total de


leucócitos. Tem uma vida média de 6 a 9h no
sangue periférico e 5 dias nos tecidos. Seu núcleo
possui de 2-5 lóbulos. Quanto maior o número de
segmentos, mais velha é a célula. O citoplasma
apresenta reação neutra em corantes
hematológicos.
Têm propriedades de defesa contra
microrganismos, principalmente bactérias e
fungos. É o primeiro a chegar ao local da infecção.
Formam o “pus” que são neutrófilos e bactérias
mortas, restos celulares e líquido extracelular.
As células mais jovens são conhecidas por
“bastonete”, devido ao núcleo não segmentado
em forma de bastão. Quando estamos infectados,
a medula óssea aumenta rapidamente a produção
de leucócitos e acaba lançando na corrente
sanguínea neutrófilos recém produzidos (bastões). A infecção deve ser controlada rapidamente, por isso, não há
tempo para esperar que essas células amadureçam. Normalmente, apenas 4% a 5% dos neutrófilos circulantes são
bastões. A presença de um percentual maior de células jovens é um indicativo de um processo infeccioso.
No meio médico, quando o hemograma apresenta muitos bastões chamamos de “desvio à esquerda”. Esta
denominação se refere ao processo de amadurecimento do neutrófilo.

Neutrofilia: infecções bacterianas ou processos inflamatórios.


“Em uma guerra, o exército não manda só os seus soldados mais experientes, ele manda aqueles que estão
disponíveis.”

BASÓFILOS

Normalmente em pequeno número, cerca de 0,5 a 1,0 % do total de leucócitos. Apresenta


dois núcleos que não é completamente observado, sendo encoberto por grosseiras granulações
densas e escuras, presentes no citoplasma. Têm receptores para imunogobulinas E. Liberam
histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos,
facilitando a migração de eosinófilos) e heparina (previne a coagulacão do sangue no local). Está
ligado a processos alérgicos e inflamatórios. Promovem a atração de esinófilos.

Basofilia: Processos alérgicos e inflamatórios.

EOSINÓFILOS

Têm uma vida média de 4 a 8h no sangue periférico e até 12 dias em tecidos. Apresentam núcleo
bilobulado. Citoplasma preenchido por muitos grânulos alaranjados. São atraídos para áreas inflamatórias por meio
de mediadores químicos liberados por vários tipos celulares. Estimula liberação de histamina pelos basófilos. Atuam
nas reações alérgicas e na defesa contra parasitoses (vermes), liberando enzimas presente em seus grânulos.
Estimula liberação de histamina pelos basófilos.

Eosinofilia: infecções parasitárias e processos alérgicos.


AGRANULÓCITOS

LINFÓCITOS

Possuem tempo médio de vida que varia de semanas, meses a anos. Possuem um núcleo regular e que
ocupa quase todo o volume da célula. Seu aumento pode ser indício de infecção viral ou leucemia linfoide.
Circulam através do sangue pelos linfonodos, baço e tecido conjuntivo. Sua função é garantir imunidade aos
organismos e também são importantes no combate aos vírus e às células cancerosas. Não é possivel identificar cada
um dos tipos de linfócitos através da análise morfológica. Identificação é feita através dos antígenos de
diferenciação (citometria de fluxo). São classificados em:

 Linfócitos T - Formam-se na medula óssea e migram até o timo para o seu amadurecimento. Circulam cerca de
75% a 85% no sangue periférico;
 Linfócitos B - Formam-se e amadurecem na medula óssea. Quando estimulados, transformam-se em
plasmócitos, produtores de anticorpos. Circulam cerca de 5% a 15% no sangue periférico;
 NK - chamadas de células exterminadoras naturais. Possuem um papel importante no combate à células
tumorais e células infectadas por vírus, pois possuem atividade citotóxica contra elas. Destroem a célula,
ativando o mecanismo de apoptose (morte celular programada). Circulam cerca de 5% a 10% no sangue
periférico.

Linfocitose - infecções virais e leucemia;


Linfopenia - imunodeficiência.
MONÓCITOS

Possuem um tempo de vida de apenas 8 a 18h na corrente sanguínea, saem dos vasos sanguíneos e
diferenciando-se em macrófagos, que podem receber outros nomes, dependendo de sua atividade ou localização. É
o maior leucócito circulante com núcleo na forma de rim ou ferradura. Quando se transformam em macrófagos, são
ativos na fagocitose de microrganismos patogênicos. Ocorre em infecções virais, leucemia relacionada aos
monócitos e após quimioterapia.

PLAQUETAS: ORIGEM E FUNÇÃO


As plaquetas ou trombócitos são derivadas do citoplasma dos megacariócitos. Estes são células gigantes
produzidas na medula óssea, onde seu citoplasma se fragmenta, dando origem às plaquetas. Cada megacariócito
pode formar 3 mil plaquetas. Elas são responsáveis pela coagulação sanguínea.
Quando normais, vivem em média 10 dias, após são destruídas e retiradas de circulação pelo fígado e pelo
baço.
ANEMIAS
É uma anomalia caracterizada pela diminuição da concentração da hemoglobina dentro das hemácias e pela
redução na quantidade de hemácias no sangue. Isso resulta em uma redução da capacidade do sangue em
transportar o oxigênio aos tecidos. A hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias, é responsável pelo
transporte de oxigênio dos pulmões para os demais órgãos e tecidos e de dióxido de carbono destes para ser
eliminado pelos pulmões.
A anemia pode ser branda, moderada ou grave, dependendo do grau de diminuição da contagem de
hemácias e dos níveis de hemoglobina. É um problema comum que afeta homens e mulheres de todas as idades. As
Anemias Carenciais representam um grupo de alterações no qual, apesar de não apresentar doença
específica há carência de elementos essenciais para produção de hemácias (ferro, Vitamina B12, etc.). As anemias
carenciais podem ocorrer em qualquer idade, sendo entretanto, mais frequente na criança devido à grande
necessidade de produção de células.
A carência alimentar e as perdas sanguíneas correspondem às causas mais frequentes de anemias carenciais.
Entre as causas de carência alimentar devemos ressaltar a ingestão deficiente de elementos ricos em ferro.
A principal fonte de ferro é a mioglobina de origem animal e nos de origem vegetal. No entanto, o
organismo humano tem uma capacidade muito maior de absorver o ferro de origem animal. A hemorragia
menstrual também causa anemia.
O diagnóstico de Anemia Carencial pode ser feito durante exames de rotina. Muitos pacientes com anemia
vão ao médico porque sentem sintomas de fadiga, falta de ar, ou simplesmente porque observaram palidez. Além
de deficiência de ferro, a dieta inadequada leva à carência de outros elementos essenciais, como vitamina B12, ácido
fólico e proteínas.
As anemias não são doenças contagiosas e nem apresentam um caráter pré maligno, ou seja, o
desenvolvimento de Leucemia ou outra malignidade não é decorrente de uma “anemia mal curada”.
O diagnóstico é feito através do hemograma. Num primeiro momento, o médico irá tratar como uma
anemia carencial. Quando a anemia se mostra persistente, apesar do tratamento, alguns pacientes podem
necessitar de uma consulta com o hematologista.
Além do hemograma, exames complementares podem ser necessários para esclarecer a causa da anemia.
Um exame chamado eletroforese de hemoglobina pode estar indicado nos casos cuja suspeita não seja de anemia
carencial, e sim de origem hereditária.
Em alguns casos um mielograma ou aspirado de medula óssea pode estar indicado. É um exame onde se faz
a punção e coleta do sangue da medula óssea para verificar como está o funcionamento da produção do sangue e
identificar doenças em que há interferências nesta produção, como leucemia, anemia, leucopenia ou plaquetopenia,
por exemplo. Geralmente os ossos em que é realizado o mielogramas são o esterno, ilíaco ou a tíbia.

MIELOGRAMA

Pode também ser necessário uma "biópsia de medula". Costuma ser feita para complementar o
mielograma. É feita no osso ilíaco ou tíbia. O mielograma e a biópsia são efetuados em casos especiais, não sendo
um exame de rotina para diagnóstico de anemias.
 Anemia hemolítica - Em pessoas saudáveis, as hemácias duram cerca de 120 dias antes de serem descartados
pelo organismo. Na anemia hemolítica, os glóbulos vermelhos são destruídos (hemólise), por algum motivo,
antes do tempo normal, sem dar tempo de serem repostos pela medula óssea. Essa ruptura das hemácias pode
ser desencadeada pela ocorrência de processos infecciosos, por meio de determinados remédios, por problemas
autoimunes ou por hereditariedade.

 Anemia ferropriva - é o tipo de anemia mais comum. A deficiência de ferro prejudica a eritropoese, o que
resulta na produção de hemácias com menor quantidade de hemoglobina no seu interior, portanto, com menor
volume e mais hipocrômicas. A hemoglobina apresenta moléculas de ferro em sua composição. As principais
causas da anemia ferropriva são fatores fisiológicos (gravidez, lactação, menstruação), fatores nutricionais (dieta
pobre em alimentos que contêm ferro) e fatores patológicos (parasitoses, doenças gastrintestinais e outras
doenças que alteram a absorção do ferro). A dosagem de ferritina ajuda no diagnóstico da anemia ferropriva,
assim como do ferro sérico. No hemograma da anemia ferropriva, as alterações típicas são anemia microcítica
e hipocrômica, ou seja, VCM e CHCM diminuídos e o RDW, aumentado.

 Anemia megaloblástica - é causada pela deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico, em geral devido ao déficit
de alimentos de origem animal, especialmente leite, carnes e ovos (vitamina B12) e frutas, feijão, fígado, nozes e
vegetais verdes (ácido fólico). A anemia perniciosa é uma causa de anemia megaloblástica. É caracterizada pela
redução no número de glóbulos vermelhos no sangue devido à incapacidade do intestino absorver
adequadamente a vitamina B12. O corpo necessita da vitamina B12 para produzir os glóbulos vermelhos. Uma
proteína especial, denominada fator intrínseco, ajuda o intestino a absorver a vitamina B12. Essa proteína é
liberada pelas células do estômago. Quando o estômago não produz uma quantidade suficiente de fator
intrínseco, o intestino não é capaz de absorver adequadamente a vitamina B12. Toda anemia perniciosa é uma
anemia megaloblástica (presença de células vermelhas maiores que o tamanho normal). No hemograma,
destacam-se a macrocitose com VCM elevado e RDW aumentado. A confirmação diagnóstica ocorre por meio
dos valores diminuídos de vitamina B12 e ácido fólico.
 Anemia falciforme - é uma hemoglobinopatia. Ela se caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos
devido a uma mutação da hemoglobina S. As hemácias perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o
aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, dificultando a passagem do sangue pelos vasos de
pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos. Os glóbulos vermelhos em forma de foice causam oclusão dos
vasos sanguíneos e consequentemente, má oxigenação, ocasionando morte dos tecidos. O diagnóstico é feito
através do teste do pezinho, realizado gratuitamente no bebê, teste de falcização de hemácias e eletroforese de
hemoglobinas, proporciona a detecção precoce da doença.

TESTE DE FALCIZAÇÃO DE HEMÁCIAS - evidencia a presença ou a ausência de Hb (hemoglobina) S nas


hemácias. O princípio é a indução da falcização por meio da desoxigenação da hemoglobina pela substância
redutora metabissulfito de sódio em um microambiente fechado, formado pelo espaço entre a lâmina e a lamínula.

PROCEDIMENTO - O procedimento é diluir em 100μL de solução fisiológica com 0,5% de metabissulfito de sódio.
Colocam-se 50μL de sangue total com anticoagulante EDTA na lâmina. Homogeneizar e cobrir a amostra com a
lamínula sem deixar bolha, vedando as bordas da lamínula com esmalte. Em seguida, coloca-se na placa de Petri com
gaze umedecida e tampa-se. Realizam-se leituras até 24h. Na presença de hemácias falcizadas, o resultado será
positivo. Caso não, o resultado será negativo.
 Talassemia – É um tipo de anemia hereditária e que faz parte de um grupo de doenças do sangue
chamadas hemoglobinopatias (doença da hemoglobina). Cada hemoglobina normal presente nas
hemácias é formada por dois tipos de proteínas – alfa e beta – unidas por um átomo de ferro. A
talassemia acontece quando há um defeito na produção dessas proteínas. As células humanas têm 23
pares de cromossomos cada, totalizando 46 cromossomos. No cromossomo 11 temos a informação
genética para produzir a proteína beta e no cromossomo 16 para a proteína alfa. Assim, a hemoglobina
não é produzida adequadamente.
A talassemia beta é o tipo mais frequente no Brasil, pode se manifestar de três formas: talassemia maior,
talassemia intermediária ou talassemia menor.
Na talassemia beta menor, os portadores apresentam apenas uma herança genética, que pode ter sido
adquirida do pai ou da mãe. O único sintoma aparente é uma leve anemia, e não há necessidade de
tratamento.
Na talassemia beta maior, é mais grave, pois seus portadores apresentam uma anemia severa, pois suas
hemácias duram menos tempo na corrente sanguínea, dificultando a entrega de oxigênio às células.
O tratamento é feito com transfusão de sangue (a cada 20 dias aproximadamente) e medicamentoso para retirar
o excesso de ferro do corpo causado pelas transfusões de sangue.
O diagnóstico é feito através do hemograma, eletroforese de hemoglobina e teste molecular (PCR).

LEUCEMIAS
É uma doença originada na medula óssea, local onde as células do sangue são produzidas. Caracteriza-se
pela produção excessiva e inapropriada de leucócitos, ultrapassando muito os valores sanguíneos normais ou
esperados para casos de infecção.
Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a
transforma em uma célula tumoral. Essa célula anormal não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido
e morre menos do que as células normais.
Na maioria dos casos há leucocitose (aumento do número de leucócitos), podendo se apresentar com mais
de 100 mil leucócitos/mm3, porém, em alguns pacientes o número de leucócitos pode estar normal ou diminuído,
predomínio de blastos (células jovens).
Divide-se nas categorias mielóide e linfóide, de acordo com a célula envolvida. Pode ser agrupada com base
em quão rapidamente a doença evolui e torna-se grave (aguda ou crônica). Depois de instalada, a doença exige que
o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico e a classificação da leucemia.
Com o aumento das células tumorais, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo
substituídas. Como resultado, as pessoas não produzem quantidades suficientes de células normais, causando:

Anemia – a falta de glóbulos vermelhos pode causar cansaço, fraqueza e faltar de ar;
Leucopenia : a falta de glóbulos brancos normais aumenta o risco de infecções;
Trombocitopenia : a falta de plaquetas pode levar a sangramento nas gengivas, hemorragia nasais frequentes.

A leucemia é classificada em aguda e crônica

Crônica: no início da doença, as células leucêmicas ainda conseguem fazer algum trabalho dos glóbulos brancos
normais. Médicos geralmente descobrem a doença durante exame de sangue de rotina. Lentamente, a leucemia
crônica se agrava. À medida que o número de células leucêmicas aumentam, aparecem inchaço nos linfonodos
(ínguas) ou infecções. Quando surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente.

Aguda: as células leucêmicas não podem fazer nenhum trabalho das células sanguíneas normais. O número de
células leucêmicas cresce de maneira rápida e a doença agrava-se num curto intervalo de tempo.

Combinando as duas classificações (linfoide e mieloide), existem quatro tipos mais comuns de leucemia:

Leucemia linfoide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria das pessoas
diagnosticadas com esse tipo da doença tem mais de 55 anos. Raramente afeta crianças.
Leucemia mieloide crônica (LMC): afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete
principalmente adultos.
Leucemia linfoide aguda (LLA): afeta células linfoides e agrava-se de maneira rápida. É o tipo mais comum em
crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
Leucemia mieloide aguda (LMA): afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como
em crianças, mas a incidência aumenta com o aumento da idade.

LEUCEMIA LINFOIDE
Afeta a linhagem linfoide, havendo produção maligna de linfócitos imaturos (linfoblastos) na medula óssea.
A maioria dos sintomas ocorrem porque as células defeituosas substituem as células normais produzidas pela
medula óssea.
LINFOBLASTOS

LEUCEMIA MIELOIDE
Caracteriza-se pela proliferação anormal de células progenitoras da linhagem mieloide. Caracteriza-se pela
rápida proliferação de células jovens (blastos) anormais que não amadurecem e não desempenham sua função, além
de se acumularem na medula óssea, interferindo na produção normal de outras células sanguíneas. Na infância,
cerca de 15% a 20% das leucemias agudas são mieloides. Nos adultos, entretanto, essa percentagem sobe para 80%.
Possuem os mesmos sintomas da leucemia linfoide.
O hemograma se caracteriza pela leucocitose acentuada acompanhada de anemia e plaquetopenia na
maioria dos casos. Na contagem diferencial de leucócitos, geralmente há predomínio de mieloblastos (é a célula
mais imatura da linhagem mielóide).
DIAGNÓSTICO - EXAMES LABORATORIAIS
O Hemograma é o principal exame a ser realizado quando há uma suspeita de anemia ou leucemia. O
mais importante em um hemograma, no que diz respeito a uma suspeita de anemia, é a avaliação da série
vermelha (glóbulos vermelhos) e da leucemia, da série branca (glóbulos brancos). Esta avaliação inclui a
determinação do número de hemácias, hematócrito, hemoglobina, do volume corpuscular médio (volume da
hemácia), hemoglobina corpuscular média (peso da hemácia) e concentração corpuscular média (concentração
da hemoglobina dentro de uma hemácia).
O exame do esfregaço sanguíneo e a contagem diferencial de glóbulos brancos fornecem dados importantes,
principalmente no diagnóstico da leucemia. Outros exames ajudam a determinar a causa da anemia e da leucemia e
orientar o tratamento.

HEMOGRAMA
É um exame onde a série vermelha e a série branca são analisados. Auxilia no diagnóstico de anemias,
infecções ou controlar a evolução de uma doença. Que compreende o eritrograma, leucograma e a série
plaquetária. O sangue é colhido com anticoagulante (EDTA), para se evitar a coagulação do mesmo. Em alguns
casos, há necessidade de fazer a análise específica (lâmina).
VANTAGENS

 Simplicidade;
 Baixo custo;
 Automático;
 Muita informação.

Algumas células podem ser contadas de forma incorreta pelo processo automatizado. Alguns aparelhos não
contam células imaturas e podem levar a um erro quanto a um diagnóstico de leucemia. O esfregaço, porém, deve
ser avaliado por pessoal experiente.
A análise automatizada facilita o desempenho da rotina laboratorial e é a técnica mais utilizada, permitindo
contagens de eritrócitos, leucócitos e plaquetas ao mesmo tempo.

ANÁLISES QUE COMPÕEM O HEMOGRAMA


1. Hematócrito;
2. Dosagem de Hemoglobina;
3. Contagem de glóbulos brancos e vermelhos;
4. Contagem diferencial dos leucócitos com observação da morfologia das hemácias;
5. Cálculo dos Índices Hematimétricos (VCM, HCM, CHCM e RDW);
6. Contagem de plaquetas;
7. Contagem de reticulócitos quando solicitados;
8. Velocidade de Hemossedimentação (VHS) quando solicitado.

Todas estas avaliações são resultados quantitativos das três séries: vermelha, branca e plaquetária.
Entretanto o hemograma deve abranger as análises qualitativas dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas que
consideram o tamanho, a forma celular, a coloração, etc.
Essas observações são fundamentais para auxiliar o diagnóstico clínico. Por exemplo: eritrócitos em forma
de foice no esfregaço sanguíneo indica relação com anemia falciforme; expressivo número de linfócitos pode estar
relacionado a viroses, etc.
O hemograma pode ser realizado utilizando equipamentos automatizados e a observação de lâminas.
Na análise microscópica é feita a contagem de eritrócitos, leucócitos (total e diferencial) em lâmina corada.

VOLEMIA

Volume de sangue existente no sistema circulatório;


Relacionado ao peso e idade do indivíduo;
Adulto : 4 a 6L de sangue no organismo. Aproximadamente 60mL por Kg de peso.
RN: 85mL por kg de peso.
SÉRIE VERMELHA

 A análise da série vermelha é constituída pelas seguintes determinações básicas:

 Hematócrito (Ht)
 Volume Corpuscular Médio (VCM);
 Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM);
 Hemoglobina Corpuscular ou globular Média (HCM);
 Coeficiente de variação de volume do glóbulo vermelho ao redor da média (RDW).

VALOR DE REFERÊNCIA DAS HEMÁCIAS: 4,5 a 6 milhões/microlitro ou mm3

HEMATÓCRITO
O Hematócrito (Ht) é uma técnica complementar ao hemograma que serve para avaliar a porcentagem dos
glóbulos vermelhos em relação ao plasma. As pessoas que vivem em altitudes mais elevadas possuem níveis mais
elevados de hematócrito, ou seja, os valores de Hb ou Ht são automaticamente ajustados dependendo da altitude.
Há a técnica manual (microhematócrito) e o hematócrito automatizado, onde é calculado com base no
número de hemácias e no VCM (Hm x VCM).
É determinado pela centrifugação de uma pequena amostra de sangue em tubo capilar e medido o volume
dos glóbulos vermelhos centrifugados como porcentagem de volume total.
Os valores são diferentes segundo o sexo. Os homens apresentam valores de hematócrito mais elevados
que as mulheres porque a testosterona estimula a produção renal de EPO (Eritropoetina) e, portanto, a produção de
glóbulos vermelhos.
Caso o valor seja inferior à média significa que existe pouca quantidade de glóbulos vermelhos e se for
superior, existe uma maior quantidade de glóbulos vermelhos para o volume de sangue.

Mulher: 36 – 48 %
Homem: 40 – 54 %

HEMATÓCRITO BAIXO
Se o hematócrito é ligeiramente baixo os sintomas são leves. Os riscos e complicações são causadas pela
falta de O2 (oxigênio) nas células do corpo porque um menor número de eritrócitos corresponde a uma menor
quantidade de hemoglobina circulante.
 Anemia - A anemia causa uma redução significativa no número de glóbulos vermelhos. Quando a contagem dos
glóbulos vermelhos estiver muito baixa, ocorre uma forte diminuição nos níveis de hematócrito. Uma pessoa
com baixos níveis de hematócrito é considerada anêmica. O hematócrito entre 35 – 40 % é considerado um caso
leve de anemia, mas se o valor for inferior a 28% é preocupante;
 Hemorragia - A hemorragia pode causar baixos níveis de hematócrito;
 Medicamentos quimioterápicos - Os medicamentos de quimioterapia que são usados frequentemente para o
tratamento do câncer podem ter um impacto negativo sobre a contagem de glóbulos vermelhos. Estes
medicamentos são formulados para matar células cancerosas, mas também podem destruir glóbulos vermelhos
saudáveis;
 Deficiências nutricionais - A vitamina B12, o ferro e o ácido fólico são importantes para a produção de glóbulos
vermelhos. A falta desses nutrientes pode causar baixos níveis de células vermelhas no sangue e do
hematócrito;

HEMATÓCRITO ALTO
 Desidratação - a desidratação diminui o nível do plasma no sangue. Quando a porcentagem de plasma é
reduzida, o corpo tem níveis elevados de hematócrito. Neste caso para restaurar o nível de hematócrito é
necessário beber bastante água;
 Diarreia – reduz o volume de água do plasma e aumenta o volume das células vermelhas do sangue,
aumentando assim o nível de hematócrito;
 Altitudes elevadas - altitudes elevadas (acima do nível do mar) a disponibilidade de oxigênio é reduzida em
comparação à altitude normal (ao nível do mar). Em tais circunstâncias, o corpo aumenta a produção de
glóbulos vermelhos, para atender a demanda de oxigênio;
 Queimaduras - Uma queimadura grave pode reduzir muito a quantidade de plasma e pode aumentar a
contagem de glóbulos vermelhos no sangue;
 Doping EPO – o hormônio chamado eritropoetina (EPO) é usado para tratamento da anemia, aumentando os
glóbulos vermelhos. No entanto, os atletas abusam desta substância para melhorar o desempenho. Aqueles
que praticam esporte e tomam altas doses de EPO produzem mais eritrócitos e portanto um maior nível de
hematócrito. Os benefícios e as vantagens de um elevado nível de hematócrito consistem em mais oxigênio no
sangue;

No hematócrito alto há riscos de uma pessoa ter coágulos sanguíneos (trombose venosa profunda), doença cardíaca
e derrame. Estas doenças podem ser fatais, especialmente se a pessoa também sofre de hipertensão (pressão alta).

PROCEDIMENTO

 Primeiro colhe-se uma amostra de sangue em tubo contendo anticoagulante EDTA;


 Depois coloca-se uma quantidade de sangue dentro do microcapilar;
 Para isto basta encostar o microcapilar na posição horizontal, ligeiramente inclinado na amostra de sangue que
ele entra por capilaridade;
 Após esse procedimento, um dos lados do tubo deve ser fechado. Para isso pode-se usar um selante ou
encostar a pontinha do microcapilar em uma chama (que pode ser um bico de bunsen). Com isso o vidro derrete
e sela uma das pontas;
 Feito isso, deve-se levar o microcapilar a uma centrífuga de microhematócrito como esta da figura abaixo. A
parte selada fica voltada para fora. Centrifugar a 10.000 por 5 minutos;
 Depois de centrifugado o microcapilar vai ficar como este da figura abaixo;
 Coloca-se ele na posição vertical e faz-se a leitura a tabela, tabela ou cartela de leitura.

Para a leitura posiciona-se a extremidade inferior da camada de eritrócitos na linha 0 e a extremidade superior da
coluna de plasma na linha 100.

ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS
Os índices hematimétricos VCM, HCM e CHCM foram incluídos no hemograma nos anos 1940, mas ainda são
bastante utilizados na classificação de anemias. Esses três índices são calculados a partir da contagem de hemácias,
do hematócrito e da dosagem de hemoglobina. O RDW (distribuição do tamanho das hemácias – red cell distribution
width) é o outro índice hematimétrico que compõe o eritrograma, apenas fornecido pelos contadores hematológicos
automatizados. É muito importante observar a relação de coerência entre os níveis hematimétricos e os índices
eritrocitários e correlacionar com o estudo do esfregaço em caso de alterações.
 VCM OU VGM (VOLUME CORPUSCULAR OU GLOBULAR MÉDIO)

Se refere ao volume das hemácias.


Se o VCM é elevado, as hemácias são maiores que o normal (macrocítica).
Se o VCM é baixo, as hemácias são menores que o normal (microcítica). Se o VCM estiver
normal, as hemácias estarão do tamanho normal (normocíticas). No entanto, uma pessoa
com hemácias normoctíticas também pode apresentar anemia se houver um número
pequeno de hemácias ou se os índices hematimétricos estiverem alterados. Sendo
chamado de anemia normocítica.

É calculado pela fórmula abaixo:

Valor de referência: 80 – 100 fl (fentolitros)

Ex.: CALCULE O VCM

Sexo feminino
Hb = 14,6g/dL
Ht = 48%
Hm = 5,7 milhões/microlitro ou mm3

Resposta: 84,2 fl - Normocítica

 HCM ou HGM (Hemoglobina Corpuscular ou globular Média)

Indica o peso da hemoglobina por hemácia. Portanto, serve para avaliar a quantidade média de hemoglobina
na célula. Valores altos de HCM são encontrados em glóbulos vermelhos mais escuros (hipercrômica). Se o HCM
estiver baixo, as hemácias terão coloração mais clara (hipocrômica). Valores normais de HCM são encontrados em
glóbulos vermelhos de cor normal (normocrômicos). No entanto, uma pessoa com hemácias normocrômicas
também pode apresentar anemia. O resultado do HCM é dado em picogramas.

É calculado pela fórmula abaixo:

Obs. RBC = hemácias

Valor de referência: 30 a 33 pg (picograma)

Ex.: CALCULE O HCM

Sexo feminino
Hb = 14,6g/dL
Ht = 48%
Hm = 5,7 milhões/microlitro ou mm3

Resposta: 25,6 pg - hipocrômica


 CHCM OU CHGM (CONCENTRAÇÃO DA HEMOGLOBINA CORPUSCULAR OU GLOBULAR MÉDIA)

Se refere à concentração de hemoglobina em 100 mL de hemácias, ou seja, num volume de sangue.


Os dois valores (HCM E CHCM) indicam basicamente a mesma coisa, a quantidade de hemoglobina nas
hemácias. Valores baixos são vistos quando a hemoglobina está diluída dentro das hemácias (hipocrômica), como na
anemia por deficiência de ferro. Valores aumentados ocorrem quando a hemoglobina está mais concentrada dentro
das hemácias (hipercrômicas) e valores normais (normocrômicas).

É calculado pela fórmula abaixo:

Valor de referência: 31 – 36 g/dl

Ex.: CALCULE O CHCM

Sexo masculino
Hb = 10g/dL
Ht = 30%
Hm = 5,0 milhões/microlitro ou mm3

Resposta: 33 g/dl - Normocrômica

 RDW (red cell distribution width) - Coeficiente de variação de volume do glóbulo vermelho

É um índice que avalia a diferença de tamanho entre as hemácias (anisocitose).


Quando este está elevado significa que existem muitas hemácias de tamanhos diferentes circulando. Isso pode
indicar hemácias com problemas na sua morfologia (poiquilocitose). É muito comum RDW elevado, por exemplo, na
carência de ferro, onde a falta deste elemento impede a formação da hemoglobina normal, levando à formação de
uma hemácia de tamanho reduzido. Quando o valor é abaixo do valor de referência, normalmente não apresenta
significado clínico, somente se além do RDW outros índices estiverem também abaixo do valor normal, como o VCM,
por exemplo.
É vista praticamente em quase todas as anemias, sendo bastante inespecífica.

Valor de referência Varia entre 11,5 – 14,5%


POIQUILOCITOSE
O eritrócito normalmente possui a forma de um disco bicôncavo. Quando visto de frente apresenta uma
região central mais clara (halo) do que a da zona periférica.
Dá-se o nome de poiquilocitose às alterações morfológicas dos eritrócitos.

 CONTAGEM DE RETICULÓCITOS

A contagem de reticulócitos é usada para determinar se a medula óssea está respondendo de modo
adequado às necessidades do corpo.
Costuma ser pedida junto com a contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito. Quando há elevação
do número de hemácias, do hematócrito e da hemoglobina, a contagem de reticulócitos pode ser usada para
determinar a intensidade da produção excessiva de hemácias.
O sangue tem 1 reticulócito para cada 100 eritrócitos. A presença de grande quantidade de reticulócitos
no sangue periférico é um sinal de que a medula óssea está jogando na corrente sanguínea, células jovens. Assim a
contagem de reticulócitos é usada para avaliar a capacidade da medula óssea em produzir novos eritrócitos. É
pedida também para avaliar a anemia.
Este método tem por princípio revelar a presença de RNA ribossomal formados por finos filamentos no
interior das hemácias. Eles são observados por meio do corante azul de cresil brilhante, com base na observação e
na contagem microscópica.

PROCEDIMENTO

A amostra usada é o sangue total coletado com EDTA, isento de hemólise. Homogeneizar a amostra e
pipetar 50μL do sangue do paciente e 50μL do corante azul de cresil brilhante. Colocar a mistura em um tubo de
ensaio e homogeneizar. Coloca-se o material em banho-maria a 37°C por 15min. Após o término do tempo em
banho-maria, homogeneizar e fazer o esfregaço. Depois da secagem da lâmina, analisa-se por meio do microscópio
óptico. Conta-se a quantidade de reticulócitos em cinco campos de, aproximadamente, 100 hemácias.

Valores de referência 0,5 a 1,5%


VELOCIDADE DE HEMOSEDIMENTAÇÃO (VHS)
VHS significa a velocidade com que os glóbulos vermelhos se separam do “plasma” e se depositam no fundo
de um tubo de sangue com anticoagulante EDTA ou citrato de sódico 3,8%.
É um exame indireto de medir a presença de inflamação.
Vale lembrar que o VHS não é um exame que diagnostica doenças, mas sugere a possibilidade de inflamação
e, assim, a existência de algumas patologias.
Isso acontece porque ele é um indicador direto de que o fígado está produzindo mais fibrinogênio, que é
uma proteína produzida por ele em grande quantidade quando o organismo passa por um processo inflamatório.
Onde há inflamação, existe a produção de proteínas que se aderem às hemácias e elevam a velocidade de
hemossedimentação. Mas outras proteínas também são capazes de alterar a velocidade da queda das hemácias,
como o imunoglobulinas (anticorpos), albumina e paraproteínas (produzidas por cânceres do sangue). Atualmente,
o uso de VHS como auxílio diagnóstico está restrito à doenças das articulações.

MÉTODO DE WESTERGREEN

 Coleta:
Jejum não obrigatório
Sangue com anticoagulante
Volume mínimo: 2ml
Sem hemólise ou coagulação

PROCEDIMENTO

 Homogeneizar o tubo por inversão


 Preencher a pipeta graduada
 Colocar a pipeta no suporte
 Marcar o tempo, sendo que a pipeta deve permanecer no suporte por 1h
 Efetuar a leitura em mm, na escala da pipeta, após o tempo demarcado, ao nível de separação de plasma de
hemácias.

Os valores de referência do exame VHS são diferentes para o homem, mulher ou criança.

Nos homens: após 1h - até 10 mm3/h;


Nas mulheres: após 1h - até 20 mm3/h;
Crianças: após 1h – 13 mm3/h.

Compatível com o Método de Westergreen.


Resultado em 30 minutos.
CONTAGEM TOTAL DE CÉLULAS EM
CÂMARA DE NEUBAUER
Esta contagem tem por finalidade determinar o número de hemácias no sangue por milímetros cúbicos. É utilizado
no diagnóstico e na monitoração de anemias e eritrocitoses. O método consiste na contagem de hemácias pelo
método do hemocitômetro em câmara de Neubauer. A contagem de hemácias em câmara de Neubauer oferece
grande possibilidade de erros e desperdício de tempo. Portanto, é preferível a contagem em aparelhos
automatizados.

PROCEDIMENTO

Deve-se pipetar 3,8mL de solução de Hayen (diluidor isotônico) e 20μL


de sangue total em um tubo de ensaio. Convém colocar a lamínula sobre
a câmara de Neubauer e preencher com o sangue diluído. Contam-se as
hemácias dos cinco quadrados utilizando a objetiva microscópica de 10×.
Multiplica-se o número de hemácias encontradas nos cinco quadrados
por 10.000. O resultado é dado em milímetros cúbicos. No caso de contagem hematológica, os leucócitos são
contados nos quatro quadrantes laterais e as hemácias no quadrante central.

SÉRIE BRANCA: PLAQUETÁRIA


Promovem a coagulação, ou seja, a formação de um coágulo hemostático em locais de comprometimento
vascular.
Sua contagem é feita pelo método automático e é o mais importante teste de rastreamento da função
plaquetária.
Os erros mais comuns em uma contagem automática são: aparelhos mal calibrados e problemas na coleta do
sangue. A coleta é muito importante, homogeneização inadequada do sangue entre outros problemas podem
fazer com que as plaquetas se agrupem e ao realizar a contagem em aparelhos, seu número estará diminuído.
Qualquer distúrbio que interfira na ação das plaquetas é denominado trombocitopatia. Dentre os mais
conhecidos estão as trombocitopenias (diminuição do número de plaquetas). Geralmente, quando evidente, está
associada a episódios como petéquias, equimoses, hematomas e sangramento anormal (hemorragia). É a patologia
mais frequente relacionada às plaquetas. Já a trombocitose (aumento do número de plaquetas), problemas que
alteram o processo de hemostasia.
Sua ausência no sangue compromete a coagulação, podendo dar origem à sérias hemorragias. Já na
trombocitose, há um aumento anormal da quantidade de plaquetas. Nesses casos, muitos coágulos são
formados e o fluxo sanguíneo não ocorre normalmente. Os trombos formados por coagulação excessiva podem
obstruir artérias e causar, dentre outro problemas, o infarto do miocárdio.

Objetivos

 Avaliar a produção ou utilização de plaquetas.


 Diagnosticar ou monitorar trombocitose ou trombocitopenia.

Valores de referência
 Adultos: 150 mil a 400 mil /microlitro ou mm³
SÉRIE BRANCA: LEUCOGRAMA
O leucograma é a parte do hemograma que avalia os leucócitos.
A contagem global é a que determina o número total de leucócitos. A contagem diferencial é a que
determina os leucócitos específicos.

Objetivos

 Determinar infecção ou inflamação;


 Determinar a necessidade de testes adicionais, como, por exemplo, o diferencial de leucócitos ou a biópsia de
medula óssea;
 Monitorar a resposta à quimioterapia e medicamentos
O exame da série branca compreende:

 Contagem total de leucócitos (CTL)


 Contagem diferencial de leucócitos (CDL) - Neutrófilos (Bastonetes e Segmentados), Eosinófilos, Basófilos,
Linfócitos e Monócitos (lâmina)
 A contagem diferencial de cada leucócito é emitida em % (valor relativo) e em mil/microlitro ou mm3 (valor
absoluto).

Método: automatizado, com eventual estudo morfológico em esfregaços corados.

Valores de referência CTL

 4 mil a 11 mil/microlitro ou mm3


 Valores abaixo de 4 mil: leucopenia
 Valores acima de 11 mil: leucocitose

Valores de referência CDL

Basófilos: 0 a 220/ mm3; 0 a 2%


Eosinófilos: 40 a 550/ mm3 ; 1 a 5%
Linfócitos: 600 a 4.400/ mm3; 15 a 40%
Monócitos: 80 a 880/ mm3; 2 a 8%
Neutrófilos: 1.520 a 7.700/ mm3; 38 a 70%.
Neutrófilos bastonetes: 80 a 550/mm3; 2 a 5%

Tanto a leucocitose como a leucopenia não são doenças, mas sim o indicativo de que algum problema está
acontecendo no corpo.
CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS (CDL)
É a contagem de 100 leucócitos em esfregaço sanguíneo, diferenciando-os segundo suas variedades morfológicas.

Para identificar cada um dos leucócitos, utilize os seguintes critérios morfológicos:

 Tamanho da célula;
 Relação núcleo/citoplasma;
 Características do citoplasma (cor, presença ou ausência de grânulos, cor e tamanho dos grânulos);
 Características do núcleo (forma, cor, “desenho” do núcleo).

ESFREGAÇO SANGUÍNEO
 Colocar uma gota de sangue total em uma lâmina limpa e seca.
 Com o auxílio de outra lâmina, colocar a gota de sangue em contato com sua borda, formando um ângulo de
45°.
 Esfregar uma lâmina sobre a outra rapidamente, antes que o sangue seque ou coagule;
 Identificar a lâmina pela cabeça do esfregaço com o auxilio de um lápis;
 Fazer a coloração;

Condições para um bom esfregaço sanguíneo

 Delgado – as células devem estar estendidas em uma única camada sem superposição, nem formação de
grumos;
 Completo - a gota de sangue deve ser distendida na sua totalidade. Deve-se levar em consideração que num
esfregaço as partes mais ricas em elementos citológicos são as bordas.
COLORAÇÃO DO ESFREGAÇO
Os corantes hematológicos, em geral, baseiam-se na mistura de azul de metileno (corante básico) + eosina
(corante ácido), permitindo a coloração simultânea do núcleo e citoplasma das células.
Enquanto o corante básico confere cor azul aos núcleos, grânulos basófilos e fracamente os grânulos dos
neutrófilos, a eosina confere cor laranja aos grânulos citoplasmáticos dos eosinófilos.

Corante básico → cora estruturas ácidas (ácido desoxirribonucleico - DNA - núcleo das células);
Corante ácido → cora estruturas básicas, chamadas acidófilas/eosinófilas.

 Primeiro fixa-se a lâmina com metanol (frasco 1) por alguns segundos, logo após mergulha-se algumas vezes no
frasco de eosina (frasco 2) e depois no azul de metileno (frasco 3).
 Enxague em água corrente e deixe secar.

A lâmina deve ser lida em objetiva de imersão (100 X) com uma gota de óleo, de acordo com as informações abaixo:

MICROSCOPIA

 Contagem diferencial
 Morfologia das hemácias

MICROSCÓPIO ÓPTICO

CONTADOR DE CÉLULAS
COAGULOGRAMA
É um conjunto de exames que visa uma análise geral da hemostasia sanguínea do paciente, ou seja, avaliar a
coagulação sanguínea, tanto dentro, quanto fora do vaso.
Muito utilizado e pré requisito em exames pré operatórios.
Ao acontecer um corte, o colágeno é liberado ativando as plaquetas.

HEMOSTASIA: Mecanismo que garante o equilíbrio entre a coagulação excessiva (trombose) e a hemorragia.
ELEMENTOS: Endotélio (camada interna dos vasos sanguíneos), Plaquetas, Proteínas (fatores de coagulação),
Anticoagulantes naturais (heparina) e Sistema fibrinolítico (coágulo de fibrina).

Função anticoagulante - endotélio íntegro


Função coagulante - lesão endotelial

Quando nos cortamos, o tecido lesionado libera um dos fatores de coagulação, o colágeno que é encontrado
no epitélio para avisar que algo está acontecendo - Acorda!
A partir daí começa o processo de coagulação sanguínea com a participação das 3 fases da hemostasia.

HEMOSTASIA PRIMÁRIA - VASOS E PLAQUETAS

 Com a liberação do colágeno, as plaquetas são ativadas imediatamente para impedir o sangramento. E o
aglomerado delas, formam um tampão. Começa o processo de coagulação;
 Entre as propriedades das plaquetas estão a manutenção da homeostasia, a adesão à superfície endotelial
danificada e a agregação;
 Ocorre a vasoconstrição, o que torna menor o fluxo sanguíneo.
Quando se trata de hemorragias pequenas, o tampão de plaquetas pode ser suficiente para parar a
hemorragia. No entanto, por vezes ele apenas dá um contributo inicial e é necessário continuar o trabalho até parar
a hemorragia. É aqui que se inicia a cascata da coagulação.

A CASCATA DE COAGULAÇÃO

Seu objetivo é transformar o sangue num gel com consistência gelatinosa para parar uma hemorragia. O
termo cascata é utilizado porque existe uma sucessão de acontecimentos (reações químicas) até à formação do
coágulo final. Os principais mediadores na cascata da coagulação são os fatores de coagulação( proteínas presentes
no sangue).

Existem vários fatores de coagulação, sendo classificados numericamente através da numeração romana.

– Fator I (Fibrinogénio)
– Fator Ia (Fibrina)
– Fator II (Protrombina)
– Fator IIa (Trombina)
– Fator III (Fator tecidual)
– Fator IV (Cálcio)
– Fator V
– Fator VI
– Fator VII
– Fator VIII
– Fator IX
– Fator X
– Fator XI
– Fator XII
– Fator XIII
De uma forma muito simples o que acontece em cada etapa é que um fator na sua forma inativa é ativado e
convertido numa enzima capaz de atuar e permitir a passagem para o patamar seguinte. Ou seja, todos os fatores
são necessários para que a cascata chegue ao fim.
No final, depois de todos os fatores de coagulação terem sido ativados, vamos ter um coágulo sanguíneo
reforçado por uma substância chamada fibrina que tem o aspeto de uma rede. A fibrina permite fazer um reforço
bastante eficaz do coágulo sanguíneo impedindo que o sangue continue a sair para o exterior do vaso sanguíneo.

HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - FATORES DE COAGULAÇÃO

 acontece quando os componentes do plasma chamados fatores de coagulação formam fios de fibrina, que
fortalecem o tampão plaquetário.
 A via intrínseca ocorre no interior dos vasos sanguíneos. Inicia-se quando o sangue entra em contato com
regiões da parede do vaso em alguma lesão;
 A via extrínseca ocorre quando o sangue extravasa dos vasos para os tecidos conjuntivos.
 Independente se o processo de coagulação se dá através da via extrínseca ou intrínseca, o resultado será a
formação do coágulo.

HEMOSTASIA TERCIÁRIA - FIBRINÓLISE

 Após a formação do trombo (coágulo), o mesmo deve ser removido para o reestabelecimento do fluxo
sanguíneo. Nessa etapa, há o processo que realiza gradualmente a remoção dos depósitos de fibrina através de
uma enzima chamada plasmina.
FIBRINOGÊNIO
É uma proteína do plasma sanguíneo produzida no fígado e é convertida em fibrina durante a coagulação.
Ele é um dos 13 fatores de coagulação responsáveis pela coagulação normal do sangue.
Sua dosagem é utilizada para determinar o nível de fibrinogênio no sangue, como parte da investigação de
um distúrbio hemorrágico, formação de coágulos ou para esclarecer alterações do TAP ou PTT.
Também pode ser usado para monitorar doença hepática. É um marcador de inflamação e de risco
coronariano, mas é pouco usado com essas finalidades.
É uma proteína de fase aguda. Seus níveis se elevam quando há inflamação ou lesão tecidual de qualquer
causa. Essas elevações são temporárias, e desaparecem após cessar a causa.
Quando a pessoa começa a sangrar, seu corpo inicia um processo chamado cascata da coagulação. Isso faz
com que os fatores de coagulação se combinem e produzam um coágulo que cessa o sangramento. Se a pessoa tiver
fibrinogênio insuficiente, haverá dificuldade para formação do coágulo. Isso pode provocar sangramento excessivo.

COAGULOPATIAS
Ocorrem quando os fatores de coagulação se perdem, estão danificados, ou quando o número ou função das
plaquetas está debilitado. As coagulopatias incluem distúrbios de coagulação e hemorragia. Nas hemorragias, o
sangue não coagula rápido o suficiente, resultando em um sangramento contínuo ou excessivo. Nos distúrbios de
coagulação, o sangue coagula muito rápido e pode resultar na formação de coágulos nas veias ou artérias.
Geralmente resultam de: algumas são herdadas (hemofilia), deficiência de vitamina K, trombocitopenias, maior
fragilidade da parede dos vasos; alteração dos fatores de coagulação (maioria produzida no fígado, associar com
hepatopatias) enquanto outras se desenvolvem devido a alguma doença ou tratamento com determinados
medicamentos.

EXAMES LABORATORIAIS DA PRIMEIRA ETAPA DA


HEMOSTASIA
Os métodos laboratoriais para o diagnóstico das desordens hematológicas são divididos em dois grupos.
O primeiro corresponde aos testes que avaliam o primeiro momento do sistema hemostático no qual atuam os vasos
sanguíneos e as plaquetas.
O segundo corresponde aos testes que avaliam o segundo momento no qual atuam os fatores da coagulação.

Para avaliar o primeiro momento de hemostasia, os principais exames são:

 Prova do laço;
 Tempo de sangramento;
 Tempo de coagulação;
 Retração do coágulo;
 Contagem de plaquetas (hemograma)

PROVA DO LAÇO OU FRAGILIDADE CAPILAR


Serve para avaliar fragilidade capilar. É muito útil nos casos de suspeita de dengue, mas não dá diagnóstico. Se houver
hemorragia, a prova é descartada, confirmando o diagnóstico.

PROCEDIMENTO


2
Desenhar um quadrado com 2,5 cm de altura e largura no braço do paciente e garroteá-lo durante cinco minutos nos
adultos e três minutos em crianças.
 Contar o número de petéquias no quadrado. A prova do laço será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10
ou mais em crianças.
 Se a prova do laço se apresentar positiva antes do tempo para adultos e crianças, ela pode ser interrompida.
TEMPO DE SANGRAMENTO (TS)
Este exame depende da elasticidade das paredes dos vasos e da capacidade funcional das plaquetas.
Tem a finalidade de estimar a resposta das plaquetas a uma lesão dos tecidos e a capacidade de
vasoconstrição e coagulação.
Normalmente se usa o método de Duke, onde, após a assepsia, é usado uma lanceta para perfurar a borda
do lóbulo da orelha ou a polpa digital.
A cada 30 segundos, com o auxílio de uma gaze, limpar o local sem tocar na incisão e sem comprimir, até a
parada do sangramento.
Valores normais ocorrem entre 1 a 3 minutos.

RETRAÇÃO DO COÁGULO (RC)


É um exame não muito utilizado, pois avalia a formação de um único coágulo. Após a coagulação do sangue,
o coágulo formado se contrai, retendo os elementos figurados do sangue e liberando a parte líquida, o soro.

PROCEDIMENTO

 Colher sangue para fazer o hematócrito e anotar o valor;


 Colher e Transferir 5 ml de sangue, sem anticoagulantes para um tubo cônico graduado;
 Colocar um fio de arame com a ponta retorcida “em anzol”;
 Após a coagulação do sangue, colocar o tubo em banho maria a 37ºC por 1 hora;
 Ler o volume total (coágulo e soro). Com o auxílio do fio de arame, retirar cuidadosamente o coágulo;
 Centrifugar o soro com as hemácias restantes;
 Medir com pipeta graduada somente a quantidade do soro.

 Valor Normal da retração do coágulo : de 45% a 55%


TEMPO DE COAGULAÇÃO (TC)
O tempo de coagulação tem por finalidade avaliar os fatores da via intrínseca da coagulação e detectar
alterações no sistema global da coagulação, principalmente no fibrinogênio. É um exame que mede o tempo
necessário para que o sangue coagule “in vitro”. Avalia o tempo necessário para o estabelecimento completo da
coagulação sanguínea.
O tempo de coagulação pode estar prolongado em diversas coagulopatias como: deficiência de fibrinogênio,
hemofilia, hepatopatia severa, deficiência de vitamina K, trombocitopenia.

PROCEDIMENTO:

 Fazer a punção venosa;


 Disparar o cronômetro, assim que o sangue entrar na seringa;
 Em 1 tubo de ensaio colocar 1 ml de sangue e apertar com as mãos para simular a temperatura do corpo. A
cada 30 segundos observar se o sangue coagulou. Quando houver a coagulação completa, desligar o
cronômetro e anotar o tempo de coagulação (TC = ? Minutos e ? Segundos)

Valor Normal: de 5 a 10 minutos.


EXAMES LABORATORIAIS DA SECUNDA ETAPA DA
HEMOSTASIA
 TAP;
 PTT.

TEMPO DE ATIVIDADE DA PROTROMBINA - TAP

 A protrombina é uma proteína inativa do plasma sanguíneo, que participa da coagulação.


 É sintetizada no fígado, onde é transformada em trombina.
 Esta, participa da transformação do fibrinogênio em fibrina, constituindo-se em elemento fundamental da
chamada "cascata de coagulação";
 É um exame realizado no tubo de citrato que avalia a capacidade de coagulação extrínsica, ou seja, fora da
circulação sanguínea;
 A amostra deve ser centrifugada a 3.000 rpm por 10 minutos.
 O exame é utilizado sempre que surgem sangramentos, na monitorização terapêutica dos anticoagulantes orais,
hematomas frequentes, avaliação do risco cirúrgico ou quando há suspeitas de problemas no fígado.
 Além disso, o exame também é usado por pacientes que tomam anticoagulantes orais para avaliar o efeito dos
medicamentos, permitindo adequar suas doses.
 O TAP consiste na determinação do tempo de coagulação do plasma com citrato, após
a adição de tromboplastina e cálcio à 37°C, ou seja, o TAP é o tempo necessário para a formação de fibrina a
mistura de tromboplastina, plasma e cálcio.
 O tempo entre a adição do cálcio + a tromboplastina e a coagulação é chamado de tempo de ativação da
protrombina.

PROCEDIMENTO

 Pré aquecer as amostras do paciente e controle a 37ºC, de 2 a 3 minutos em banho maria;


 Em tubos de ensaio colocar 200 ul do reagente Nº 1 e incubá-lo a 37ºC de 4 a 5 minutos;
 Pipetar 100 ul da amostra do paciente e controle para os tubos contendo o reagente Nº 1 e disparar o
cronômetro;
 Deixar os tubos no banho maria, agitando-o vagarosamente;
 Remover os tubos, incliná-los e observar a formação de um coágulo. Parar imediatamente o cronômetro e
registrar o tempo.

VALORES DE REFERÊNCIA

 O valor de referência do tempo de protrombina deve variar entre 10 e 14 segundos.

 O tempo de protrombina aumentado indica que existe algum problema que está dificultando a coagulação do
sangue, ou seja, quanto maior for o TAP, menor será a concentração de protrombina. Como em casos de
deficiência de fibrinogênio, doenças hepáticas, pacientes que fazem uso de
anticoagulantes e deficiência de vitamina K.
TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL (PTT)

 A tromboplastina é uma substância presente nos tecidos e no interior das plaquetas tendo um papel
fundamental no processo de coagulação.
 É o exame para avaliação da via intrínseca (dentro do vaso), exceto as plaquetas.
 A amostra deve ser centrifugada a 3.000 rpm por 10 minutos.
 É usado para monitorar o uso de anticoagulantes, avaliação pré operatória e diagnóstico das coagulopatias.
 Consiste na determinação do tempo de coagulação do plasma com citrato, após a adição de cálcio e fosfolipídio.
 Um ativador plasmático (ácido elágico) é usado como substituto das plaquetas.

PROCEDIMENTO

 Pré aquecer 100 ul das amostras do paciente e controle em tubos de ensaio a 37ºC por 2 minutos em banho
maria;
 Pipetar 100 ul do reagente Nº 1 e incubá-lo a 37ºC de 2 a 3 minutos;
 Pipetar 100 ul do reagente Nº 2 (pré aquecido a 37ºC), disparando simultaneamente o cronômetro;
 Deixar os tubos no banho maria, agitando-o vagarosamente;
 Remover os tubos, incliná-los e observar a formação de um coágulo. Parar imediatamente o cronômetro e
registrar o tempo.

VALORES DE REFERÊNCIA

O valor de referência do tempo de tromboplastina deve variar entre 27 e 38 segundos.

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