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A experiência portuguesa no projeto e

construção de barragens de betão e


alvenaria

António Lopes Batista


Investigador Principal
Departamento de Barragens de Betão

18º Curso de Exploração e Segurança de Barragens


Lisboa, 20 a 30 de maio de 2019
Barragens de betão e alvenaria

❖ Obras em que existe sempre coesão entre as


“partículas”, conseguida à custa de um ligante
hidráulico; antigamente, a cal, o gesso e as pozolanas,
atualmente, o cimento e as cinzas volantes

❖ Obras em que a estanquidade é assegurada pelos


materiais de construção, pedra, betão e argamassas,
dispensando, em geral, cortinas impermeabilizantes
(em casos particulares de barragens de alvenaria e de
betão compactado com cilindros – BCC - existem
cortinas)
Barragens de betão e alvenaria

◼ Vantagens das barragens de betão e de alvenaria

◼ O material resistente (betão ou alvenaria) é, por si só,


impermeável

◼ Permitem acomodar, no seu corpo, o descarregador de cheias


e os restantes órgãos hidráulicos de segurança e de
exploração (descarga de fundo, tomadas de água, dispositivos
de passagem de peixes, etc.)

◼ Subsistem a galgamentos
Alvenaria e betão
❖ Alvenaria: material constituído por blocos de
pedra, a granel e/ou aparelhados, de
tamanhos próximos, ligados por argamassas
de cal, gesso ou cimento

❖ Betão: mistura de agregados (seixos, britas e


areias) de diferentes granulometrias, em regra
exibindo alguma continuidade, aglutinados por
um ligante
Betão em massa
a) Objetivos
1- Maturação lenta
2- Baixo calor de hidratação
3- Resistência à compressão moderada (20 a 25 MPa)
4- Rigidez e fluência também moderadas

b) Composição
1- Agregados de grandes dimensões (máximo 15 cm)
2- Baixa dosagem de cimento (máximo de cerca de 200 kg/m3)
3- Utilização de pozolanas e de cimentos de alto forno
4- Utilização de cinzas volantes

c) Colocação
1- Método tradicional (transporte em camiões-betoneira ou em “blondin”)
2- Betão compactado com cilindros (BCC)
3- Betão com agregados pré-colocados (BAPC) – Estudo EDP/FEUP/LNEC
Betão em massa

Barragem de betão
compactado com cilindros
(BCC)

Barragem de betão
convencional (BC)
Betão em massa
Composição dos betões da barragem de Pedrógão
Betão
Betão
Componente compactado com
convencional
cilindros
38/75 (kg.m-3) 538 -
19/38 (kg.m-3) 381 597
10/19 (kg.m-3) 265
730
5/10 (kg.m-3) 193
0/5 (kg.m-3) 636 638
Cimento (kg.m-3) 144 55
Cinzas (kg.m-3) 96 165
Água (l.m-3) 130 131
Betão em massa (BCC)
35

Tensão de rotura à compressão


30

25

20
(MPa)

15

10
BCC1A BCC3 BCC2
5
Log. (BCC1A) Log. (BCC3) Log. (BCC2)
0 dias
0 100 200 300 400

2.5
Tensão de rotura à tracção

2
directa (MPa)

1.5

BCC1A BCC3 BCC2


0.5
Log. (BCC1A) Log. (BCC3) Log. (BCC2)

0 dias
0 100 200 300 400
Barragens de betão e alvenaria

Principais ações:

❖ Peso próprio
❖ Ações da água: pressão no paramento de
montante e percolação pela fundação
❖ Ações térmicas ambientais: variações de
temperatura, no ar e na água
❖ Ações sísmicas
Percolação em fundações

Percolação da água
na fundação

Cortina de
impermeabilização

Piezómetros
Drenos
Temperatura do ar (Portugal)

Semi-amplitudes das ondas térmicas:

- Onda diária: entre 5ºC e 10ºC

- Onda anual: entre 6ºC e 8ºC


Temperatura do ar

T(t) = Tmed +
 2  
+ Sanual cos  (t − anual) +
 Tanual 
 2  
+ Sdiária cos  (t − diária)
 Tdiária 
Temperatura do ar (Douro)
o o o
C C C
35 35 35
Temperatura média do ar Temperatura média do ar Temperatura média do ar
30 2 30 2 2
T(t)= 16.3 + 7.8 cos( (t- 204.8)) T(t)= 16.4 + 8.2 cos( (t- 208.4)) 30 T(t)= 16.3 + 9.2 cos( (t- 203.6))
365 365 365

25 25 25

20 20 20

15 15 15

10 10 10

5 5 5

0 0 0
Ações térmicas
Distribuição de temperatura no corpo das barragens:

1- Devido à grande inércia térmica das obras, a onda diária


afeta apenas a distribuição de temperatura numa faixa
superficial com cerca de 1 m de espessura (daí a
necessidade de utilizar armaduras de pele e/ou betões
superficiais de melhor qualidade)

2- Para determinar a distribuição de temperatura no corpo das


obras, devida às ondas térmicas anuais no ar e na água,
pode admitir-se, em muitos casos, que o fluxo térmico é
unidirecional (montante-jusante); nestas condições, o
problema tem solução analítica (fórmulas da propagação de
calor em placas)
Ações sísmicas
Aceleração máxima de referência (“peak
NP EN 1998-1 (Anexo Nacional do EC 8) ground acceleration”) para um período de
retorno de 475 anos, nas zonas sísmicas
Sismo afastado (interplaca) Sismo próximo (intraplaca) definidas na NP-EN 1998-1
Ação sísmica tipo 1 Ação sísmica tipo 2
(interplaca) (intraplaca)
Zona agR Zona agR
sísmica (m/s )2 sísmica (m/s2)
1.1 2,50 2.1 2,50
1.2 2,00 2.2 2,00
1.3 1,50 2.3 1,70
1.4 1,00 2.4 1,10
1.5 0,60 2.5 0,80
1.6 0,35 - -

Fator de correção relativamente à


aceleração para TR=475 anos
Sismo máximo de
Sismo base de projeto
Zonas projeto (T=1000 anos
Zonas
1.1 2.1 (T=145 anos) para pequenas
1.2 2.2 barragens)
1.3 2.3 Ação sísmica
1.4 0,453 1,643
2.4 tipo 1
1.5
1.6
2.5 Ação sísmica
0,622 1,347
tipo 2
Barragens de betão e alvenaria
Gravidade Abóbada

Tipos
estru-
turais Abóbadas múltiplas Contrafortes
Barragens gravidade

◼ Obras que são concebidas para


Perfil tipo
resistir às restantes ações
(ações da água e sísmicas) 0.1

mobilizando apenas o seu peso


próprio

1
◼ A secção transversal típica é
aproximadamente triangular,
sendo a planta reta ou com
ligeira curvatura
0.8
Barragens gravidade

◼ O dimensionamento atende aos seguintes requisitos


principais:

◼ segurança ao deslizamento, segundo qualquer superfície


horizontal ou subhorizontal

◼ segurança ao derrubamento, em torno do pé de jusante, em


regra não é condicionante

◼ tensões no corpo da barragem e na fundação baixas, em geral


Barragens gravidade
H2 1 H
w = c B tg 
2 FS 2
 H
tg  = w FS
c B

0,4
tg  = FS
n

 = arctg  FS 
0,4
 n 

n = 0,6 n = 0,7 n = 0,8

 - ângulo de atrito
FS = 1,5  = 45º  = 41º  = 37º
betão-rocha
Barragens gravidade

A galeria de drenagem deve posicionar-se por forma a evitar gradientes hidráulicos


e velocidades de escoamento elevados. A experiência tem mostrado que um valor
de ß = 0,3 conduz a um bom desempenho hidromecânico.
Barragens gravidade
FH1 e FH2 - pressão hidrostática (comp.
Nível montante horizontal)
FV1 e FV2 - pressão hidrostática (comp.
vertical)
FV3 - peso próprio
FV5 FV4 - subpressões
FH 6
FV1 FH 5 FV2
FH 1
Nível jusante
FV
3
FH2

FV4 FH5 e FV5 - forças de inércia


FH6 - pressões hidrodinâmicas
Drenagem
Barragens abóbada

Princípios de funcionamento estrutural

Fator mais importante: relação corda/altura


Barragens abóbada

❖ As obras são concebidas por forma a transmitir o


impulso da água para as encostas, utilizando
para tal a resistência à compressão dos
materiais de que são feitas

❖ As abóbadas têm acentuada curvatura em


planta, existindo estruturas sem curvatura na
vertical (abóbadas cilíndricas) e estruturas com
curvatura na vertical (abóbadas de dupla
curvatura)
Barragens abóbada

C
p = H −z R =

2 sen
2
Barragens abóbada
 170
Fórmula dos tubos: 2
 150
sen2
p R 2
 = 130

e 110

90

2 70
C (H − z) 240 60 80 100 120 140 160 180
S =
2 
Ângulo ao centro (graus)
2 sen
2
S
Superfície S mínima: = 0    133o

O ângulo ao centro dos arcos tem um valor ótimo de 133º, mas na prática
valores acima dos 70º-80º são aceitáveis; os raios de curvatura devem
aumentar com a cota
Barragens abóbada
O dimensionamento atende aos
seguintes requisitos principais:

– o ângulo da resultante das


tensões nas nascenças dos
arcos com a superfície de
inserção e com as direções
das principais famílias de
descontinuidades deve ser tal
que garanta a estabilidade ao
longo dessas superfícies R

– as tensões admissíveis no
corpo da barragem são de 6 a
8 MPa para a compressão e de
1 a 1,5 MPa para a tração
Barragens abóbada

Influência da deformabilidade da fundação


Importância dano comportamento
deformabilidade dada
relativa barragem
estrutura e da fundação
no dimensionamento de barragens abóbada

Importância Pequena Moderada Acentuada Muita

Relação
R>1 1>R>1/5 1/5>R>1/10 R<1/10
R = Ef / Ec
Barragens abóbada

Tensões principais nos paramentos devidas à pressão hidrostática


(barragem de Cahora Bassa, nível da albufeira à cota do NPA: 326,00 m)
Formas das barragens

1- Evitar formas angulosas, reentrâncias e descontinuidades

2- Utilizar vazamentos e galerias de visita que permitam a drenagem e


o acesso às diferentes zonas, em particular à vizinhança da
superfície de inserção na fundação

3- Utilizar, sempre que possível, estruturas com curvatura em planta e


na vertical, e evitar coroamentos muito rígidos

4- Nas barragens abóbada, utilizar arcos com curvatura decrescente e


espessura crescente para as encostas e, sempre que possível,
estruturas simétricas (recorrendo a socos e encontros artificiais,
quando necessário)
Aspetos construtivos

1- Execução adequada da consolidação, impermeabilização e


drenagem

2- Estudo das características do betão em função dos materiais


disponíveis e dos processos de fabrico, transporte e colocação

3- Injeção das juntas de contração em época fria

4- Utilização de armaduras de pele e/ou de betão de melhor


qualidade junto aos paramentos (pouco permeável a montante,
resistente às ações ambientais a jusante e resistente à erosão e
abrasão nos descarregadores) e de sistemas de drenagem do
próprio corpo da barragem.
Barragem da Lagoa Comprida
❖ A barragem da Lagoa Comprida é a mais antiga barragem
de alvenaria em serviço, integrando o aproveitamento
hidroelétrico da serra da Estrela

❖ Foi construída em três fases: a primeira decorreu entre 1913


e 1914, a segunda terminou em 1935 e a terceira em 1964.
Tem 29 m de altura

❖ É essencialmente constituída por três troços curvos, em


alvenaria de granito. Durante a última fase de construção a
barragem foi alvo de uma importante reabilitação, tendo sido
construída uma máscara de betão a montante e realizada a
impermeabilização e drenagem da fundação
Barragem da Lagoa Comprida
Barragem da Lagoa Comprida
Máscara de betão

Rede de
drenagem
Cortina de
impermeabilização CORTE TRANSVERSAL

PLANTA
Barragem de Guilhofrei

❖ Dono de obra: EDP

❖ Rio Ave

❖ Ano de construção:
1938

❖ Altura: 49 m (a mais alta


barragem de alvenaria
portuguesa)

❖ Comprimento do
coroamento: 190 m

❖ Volume da albufeira: 22
milhões de metros
cúbicos
Barragens gravidade

Shasta Bakra
(USA, 1944) (India, 1962)

Grand Dixence
(Suíça, 1965)

Grosser Muhldorferrn Torrão


(Áustria, 1957) (Portugal, 1988)
Barragem do Torrão

❖ A barragem do Torrão, com 70 m de altura, era, até à


construção da barragem de Ribeiradio, a mais alta
barragem gravidade portuguesa. É do tipo gravidade
aligeirada, com planta ligeiramente curva e paramento de
montante com jorramento

❖ Incorpora o descarregador, com cinco vãos, localizado na


parte central da barragem, que é prolongado por uma bacia
de dissipação

❖ O vazamento, de apreciáveis dimensões, não foi betonado,


constituindo, assim, um dreno natural. Foram executados
sistemas de impermeabilização e drenagem, a partir das
galerias de drenagem de montante e de jusante
Barragem do Torrão
Barragem do Torrão
Barragens descarregadoras

Belver, Carrapatelo, Fratel, Régua, Valeira e Pocinho


(1952, 1972, 1973, 1973, 1975 e 1982)
Barragem do Carrapatelo
Barragem do Carrapatelo
CORTE LONGITUDINAL DO APROVEITAMENTO
MD ME

Eclusa Descarregadores Central

CORTE PELOS DESCARREGADORES ❖ Constituída por 3 trechos: eclusa de navegação na


MD; descarregador com 6 vãos no centro; e
central na ME

❖ Altura da barragem: 57 m

❖ Capacidade de descarga de 22.000 m3/s

❖ Soleiras do descarregador com vazamento, com


piso não betonado, constituindo um dreno natural

❖ Eclusa de navegação com um desnível de 33,50


m
Barragens móveis

Coimbra, Crestuma (1981, 1984)


Barragem de Crestuma

• Gravidade, com barragem-descarregador do tipo móvel, central com 3 grupos


geradores, eclusa de navegação e eclusa de peixes
• Altura acima da fundação: 65 m
• Capacidade de descarga: 26.000 m3/s
Barragem de Crestuma

Desvio do rio entre os invernos de 1977 e 1980

Pressão hidrostática
Causas dos deslocamentos (dir. transversal)

transversais observados no pilar 0

Desvio do rio entre o inverno de 1980 e


o final da construção
Barragem de Pedrógão

Primeira (e até à data, única) barragem de BCC portuguesa,


construída entre abril de 2004 e abril de 2005
Barragem de Pedrógão
BC (125 m) + BCC (323 m)
◼ Perfil gravidade com
43 m de altura
máxima

◼ Cota do coroamento:
94,10 m

◼ Nível de pleno
armazenamento
(NPA): 84,80 m

◼ Nível máximo de cheia


(NMC): 91,80 m

◼ Maciço de fundação:
granitos de grão fino,
muito fraturados

◼ Volume da albufeira:
54 milhões de metros
cúbicos

◼ Potência atual
instalada: 10 MW
Barragens de BCC

1 - Transporte e colocação
2 - Espalhamento

3 - Compactação 4 – Corte das juntas


Barragens arco-gravidade

Definição
geométrica com
arcos circulares, de
raio constante ou
variável em altura

115 m

Spitallam Venda Nova Castelo do Bode


(Suíça, 1932) (Portugal, 1951)
Barragem de Castelo do Bode
❖ É a mais importante barragem portuguesa do tipo arco
gravidade, criando a segunda maior albufeira, com 1100 hm3.
Destina-se à regularização de caudais, à produção de energia e
ao abastecimento de água a Lisboa

❖ A central, de pé de barragem, está equipada com três grupos

❖ Há dois factos curiosos passados com Castelo do Bode que


fazem parte da história da engenharia das barragens
portuguesas: a construção de uma pequena abóbada cilíndrica,
como ensecadeira, permitiu a realização de estudos com muito
interesse, para a época, sobre o comportamento de barragens
abóbada; o colapso do modelo físico, durante os ensaios, por
defeito de construção do próprio modelo, fez cair a pique as
ações da empresa
Barragem de Castelo do Bode
Barragem de Castelo do Bode

PLANTA CORTE PELA CONSOLA


CENTRAL
Barragens abóbada

Espessa ou delgada? Depende da relação corda/altura

Definição
geométrica com
arcos circulares, de
três centros,
elíticos,
parabólicos, etc.
Barragens abóbada delgada

132 m
Osiglietta
(Itália, 1939)
Salamonde
1954

Cabril
1953

Vajont
(Itália)
Barragem de Santa Luzia
❖ A barragem de Santa Luzia, a primeira estrutura deste tipo a
ser construída em Portugal (projeto do engenheiro francês
André Coyne), em 1942, é uma abóbada cilíndrica, que é
completada na margem esquerda por uma pequena estrutura
de gravidade, de planta curva

❖ A desfavorável orografia e as más características de


resistência do maciço de fundação nas cotas mais altas da
margem esquerda, levaram a optar por fazer mergulhar os
arcos e, consequentemente, à necessidade de completar a
obra com a estrutura de gravidade

❖ Foi a primeira barragem abóbada estudada em Portugal por


meio de modelos físicos.
Barragem de Santa Luzia
Barragem de Santa Luzia

PLANTA CORTE PELA CONSOLA


CENTRAL
Barragem do Cabril

❖ Tem 132 m de altura, é a mais alta das barragens


portuguesas

❖ Os dois descarregadores de cheias são em túnel, um em


cada margem. A central é de pé de barragem

❖ O seu projeto e construção contribuíram de forma


significativa para o desenvolvimento dos métodos
experimentais de dimensionamento e da observação do
comportamento de barragens de betão em Portugal
Barragem do Cabril
Barragem do Cabril

PLANTA CORTE PELA CONSOLA


CENTRAL
Barragem do Alto Lindoso
❖ É uma abóbada de dupla curvatura, com 110 m de altura,
terminada em 1992

❖ A central, subterrânea, instalada numa caverna escavada a


cerca de 300 m de profundidade, está equipada com dois
grupos, de 317 MW cada

❖ O complexo das obras subterrâneas é uma das mais


importantes obras de engenharia construídas em Portugal

❖ Os descarregadores, em túnel, situam-se na margem direita

❖ O aproveitamento foi construído num maciço granítico de


excelente qualidade
Barragem do Alto Lindoso
Barragem do Alto Lindoso
Barragem de Alqueva
❖ Concluída em 2002, depois de muita (injustificada) polémica
acerca do interesse da sua construção. Tem 96 m de altura e
cria a maior albufeira da Europa Ocidental, com 4200 hm3.
Destina-se a fins agrícolas (rega) e à produção de energia

❖ Está implantada num vale aberto, tendo uma relação


corda/altura pouco favorável. Por isso foi dotada de uma junta
estrutural no fundo do vale, no pé de montante

❖ O tratamento de uma falha na encosta da margem esquerda, a


célebre falha 22, com substituição integral do preenchimento
da caixa por betão, sob a barragem e a jusante, mobilizou
interessantes técnicas de escavação e betonagem
Barragem de Alqueva
Barragem de Alqueva
Barragem de Alqueva

Margem esquerda
Alçado de jusante
Contrafortes e abób. múltiplas
❖ Obras em que a estrutura resistente e a estrutura de retenção são
peças diferentes

❖ As peças resistentes que transmitem os impulsos para a fundação


são os contrafortes, com geometria, em regra, aproximadamente
triangular; as peças de retenção são lajes contínuas, a
continuação para montante dos contrafortes, ou arcos,
designando-se então as barragens por abóbadas múltiplas

❖ Os critérios de dimensionamento dos contrafortes são


semelhantes aos das barragens de gravidade, sendo o
derrubamento e o deslizamento verificados na superfície de
inserção e em superfícies de descontinuidade da fundação
Barragens de contrafortes

com laje para retenção da água


Barragens de contrafortes

cabeça de diamante celulares


Barragem do Caia

❖ A barragem do Caia foi construída num vale muito aberto,


sendo constituída por três troços, um em contrafortes na
zona central do vale, outro em gravidade na margem direita,
o terceiro em terra, na margem esquerda

❖ Trata-se de uma obra destinada à rega de uma área de


7400 ha e ao abastecimento de água a diversas localidades
próximas de Elvas

❖ A fundação é em xisto, com intrusões de granito na margem


direita

❖ As obras anexas estão situadas na parte central da zona em


contrafortes
Barragem do Caia

VISTA DE JUSANTE CONTRAFORTES


Barragem do Caia

ME MD

PLANTA

MD ME

ALÇADO DE JUSANTE
Barragem da Aguieira

❖ A barragem da Aguieira é formada, essencialmente, por três


abóbadas com altura máxima de 89 m acima da fundação e
relação corda/altura próxima de 1, dispostas segundo um
eixo curvo, de tal forma que os dois contrafortes em que se
apoiam ficam dirigidos para as margens. A estrutura é
completada superiormente por um perfil de gravidade

❖ A central, de pé de barragem, está equipada com dois


grupos turbina-bomba, reversíveis

❖ Trata-se de um “ex-libris” da engenharia de barragens


portuguesa. A EDP chegou a ter uma equipa específica
para receber as inúmeras visitas.
Barragem da Aguieira
Barragem da Chicamba

Cahora Bassa
Chicamba

❖ Dono de obra: EDM

❖ Projeto: Hidroeléctrica do
Zêzere

❖ 1ª fase de construção em
1957-1959; alteamento em
1968-1969

❖ Altura: abóbada principal


com 75 m (arcos
parabólicos) e abóbada
secundária com 45 m (arcos
circulares)

❖ Volume da albufeira: 2.000


milhões de metros cúbicos
Barragem de Cahora Bassa

Cahora Bassa
Chicamba

❖ Dono de obra: HCB

❖ Projeto: Hidrotécnica
Portuguesa (HP)

❖ Construção: 1972 a 1975

❖ Altura: 166 m

❖ Volume da albufeira: 66.000


milhões de metros cúbicos

❖ Potência instalada: 2.000


MW
Barragem de Aldeadavila

❖ Dono de obra: Iberdrola

❖ Rio Douro (trecho internacional), a jusante da barragem da


Bemposta

❖ Arco gravidade com 140 m de altura (arcos circulares);


coroamento com 250 m

❖ Final da construção: 1963

❖ Assegura cerca de 12,5% da energia hidroelétrica


produzida em Espanha
Barragem de Almendra

❖ Dono de obra: Iberdrola


❖ Rio Tormes (afluente do Douro, da margem esquerda, entre as barragens da
Bemposta e de Adeadavila)
❖ Abóbada (arcos de três centros) com 202 m de altura; corda de 470 m;
desenvolvimento do coroamento de 570 m
❖ Espessuras na base da consola central: 37 m na abóbada e 57 m no soco
❖ Final da construção: 1970

❖ Volume da albufeira: 2.650 milhões de metros cúbicos


Barragem de Las Portas

❖ Dono de obra: Iberdrola


❖ Rio Camba (bacia hidrográfica do rio Minho), cerca de 40 km a NE de
Chaves
❖ Abóbada (arcos de três centros) com 141 m de altura; desenvolvimento do
coroamento de 477 m
❖ Final da construção: 1974

❖ Volume da albufeira: 473 milhões de metros cúbicos


Intervenções do LNEC
◼ Projeto (apoio)
◼ Caracterização da deformabilidade, resistência e permeabilidade dos

maciços rochosos
◼ Análise estrutural (modelação matemática e física; ações estáticas e

dinâmicas)
◼ Hidráulica de estruturas (modelação matemática e física)

◼ Planos de observação

◼ Construção (apoio)
◼ Controlo da qualidade dos materiais (ensaios)

◼ Tratamento das fundações

◼ Instrumentação

◼ Exploração
◼ Observação e controlo da segurança, no âmbito das competências

atribuídas ao LNEC pelo RSB


Caracterização maciços rochosos
ENTRADA LIGAÇÕES DOS
Deformabilidade: ensaios com
DE ÓLEO EXTENSÓMETROS
almofadas planas de grande área (LFJ)

250
375
375

DEFÓRMETROS
1250

7,0

500 6,0

1000 5,0

Pressão (MPa)
4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Deslocamento (mm)
Modelação estrutural
Modelos matemáticos:
elementos finitos, fronteira,
blocos e partículas

Modelos físicos:
gesso-diatomite, argamassa
Modelação estrutural

1º modo
3,35 Hz

3º modo
4,83 Hz

5º modo
5,87 Hz
Hidráulica de estruturas
Modelos hidráulicos de
descarregadores,
tomadas de água e restituições
Planos de observação
Instrumentação e ensaios
Gestão da informação
Arquivo e processamento de dados e resultados

http:\\lacerta.lnec.pt\gestbarragens
Controlo da segurança
t t n
4 3
u = a 4 h + a3 h + b 1cos   t + b2 sin   t + a 4
365
'

365
'
t  (t,t')  h + a t 4
3
3 - t
 (t,t')  h + d2 (1 - e ) + K
f f

38.6 EFEITOS ELÁSTICOS DA ÁGUA EFEITOS TÉRMICOS


4
h h
3 cos 2  t' sen 2  t'
25 365 365
a = 0.3213x10-7 a = 0.5384x10-5
(mm)

4 3 (mm) b = -0.1886 b = -1.911


1 2
1.9
-1.9
0
0 20 40 60 80 100 120 140 155 m JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

55
Fluência

n=3.258 FLUÊNCIA E OUTROS EFEITOS DO TEMPO


Efeitos do tempo
(Fluência + Expansão)
(mm)

25 n
 = t hs.n /(n-1) n
Fluência + [1- e - t /  ] Previsão
t hs= 12000 dias d = -41.1
2 Expansão
0

-15 Resíduo
75

50
DADOS DA OBSERVAÇÃO E CURVA CALCULADA
(mm)

MD ME
25 u
+
Observações
K = -17.0828
desprezadas
0
155
(m)

NÍVEL DA ÁGUA NA ALBUFEIRA


0
1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Obras construídas entre 2006 e 2010

Barragem do
Covão do Ferro
(reabilitação)

❖ Dono de obra: Pebble


Hydro (grupo EDP)

❖ Finalidade: produção de
energia

❖ Ribeira de Alforfa (serra


da Estrela)

❖ Altura: 32 m

❖ Comprimento do
coroamento: 280 m

❖ Volume da albufeira:
0,11 milhões de metros
cúbicos
Obras construídas entre 2006 e 2010
Barragem da
Fumadinha

❖ Dono de obra: AdP

❖ Projeto: Engimat

❖ Finalidade:
abastecimento de água

❖ Ribeira da Brazela
(Aguiar da Beira)

❖ Altura: 16,6 m

❖ Volume da albufeira: 0,35


milhões de metros
cúbicos

❖ Primeiro enchimento da
albufeira em abril de
2008
Obras construídas entre 2006 e 2010
Barragem da
Ferradosa
❖ Dono de obra: AdP

❖ Projeto: CENOR

❖ Finalidade:
abastecimento de
água

❖ Ribeira da
Ferradosa (Freixo
de Espada à Cinta)

❖ Altura: 34,4 m

❖ Volume da albufeira:
0,71 milhões de
metros cúbicos

❖ Primeiro enchimento
da albufeira
terminou em março
de 2010
Obras construídas entre 2006 e 2010
Barragem de
Olgas
❖ Dono de obra: AdP

❖ Projeto: CENOR

❖ Finalidade:
abastecimento de
água

❖ Ribeira do Arroio
(Torre de Moncorvo)

❖ Altura: 35,8 m

❖ Volume da albufeira:
0,94 milhões de
metros cúbicos

❖ Primeiro enchimento
da albufeira
terminou em janeiro
de 2010
Obras construídas entre 2006 e 2010
Barragem de
Pretarouca
❖ Dono de obra: AdP

❖ Projeto: CENOR

❖ Finalidade:
abastecimento de
água

❖ Rio Balsemão
(Lamego)

❖ Altura: 29,7 m

❖ Volume da albufeira:
3,2 milhões de
metros cúbicos

❖ Primeiro enchimento
da albufeira
terminou em
novembro de 2009
Novas barragens de betão
Barragens integradas em aproveitamentos hidroelétricos

Volume
Altura da Potência Conces-
Barragem Tipo
(m) albufeira (MW) sionário
(hm3)

1 Alto Ceira II Abóbada 41,00 1,5 -


2 Baixo Sabor Abóbada 123,00 1095 171
3 Feiticeiro Gravidade 45,00 30 31

Gravidade
4 Ribeiradio 83,00 136 74,5
com curvatura

5 Ermida Gravidade 35,00 4 8 EDP


6 Foz Tua Abóbada 108,00 106 262
7 Fridão (montante) Abóbada 98,00 196 238
8 Fridão (jusante) Gravidade 34,00 5 -

Gravidade
9 Alvito 89,00 425 48
(BCC)

10 Alto Tâmega Abóbada 104,50 132 160

Arco-
11 Daivões 78,00 56 118 Iberdrola
gravidade

12 Gouvães Gravidade 30,00 14 880


13 Girabolhos Abóbada 105,50 143 355 Endesa
Alto Ceira II

❖ Dono de obra: EDP

❖ Projeto: EDP

❖ Abóbada com 41 m de
altura (arcos parabólicos)

❖ Fundação em maciço
xistoso

❖ Substituição da abóbada
localizada 200 m a
montante,
irremediavelmente
deteriorada por reações
expansivas do betão

❖ Construção entre 2010 e


2013
Modelo hidráulico dos
descarregadores (LNEC)
Alto Ceira II

Vista da barragem em julho de 2014, no final do primeiro enchimento da albufeira


Baixo Sabor
Antevisão ❖ Dono de obra: EDP

❖ Projeto: EDP

❖ Abóbada de 123 m
de altura (arcos
parabólicos)

❖ Comprimento do
coroamento: 505 m

❖ Volume da albufeira:
1095 milhões de
metros cúbicos

❖ Potência instalada:
2x81 MW (turbinas-
bombas)

❖ Construção entre
2009 e 2014
Baixo Sabor
Vistas da barragem em abril de 2016, no final do primeiro enchimento da albufeira
Feiticeiro
Antevisão

❖ Dono de obra: EDP

❖ Projeto: EDP

❖ Perfil gravidade com


45 m de altura

❖ Comprimento do
coroamento: 315 m

❖ Potência instalada:
2x15,4 MW
(turbinas-bombas)

❖ Construção entre
2010 e 2014
Feiticeiro
O primeiro enchimento da
albufeira terminou em fevereiro
de 2015
Ribeiradio
Ribeiradio
❖ Dono de obra:
Greenvouga (EDP –
Martifer)

Ermida ❖ Projeto: COBA

❖ Gravidade com
curatura em planta,
com 83 m de altura
(a mais alta
barragem gravidade
portuguesa)

❖ Volume da albufeira:
136 milhões de
metros cúbicos

❖ Potência instalada:
74,5 MW

❖ Construção entre
2010 e 2015
Antevisão
Ribeiradio

Vista de jusante da barragem no dia 10 de janeiro


de 2016, a descarregar cerca de 500 m3/s
Ermida

❖ Dono de obra:
Greenvouga (EDP /
Martifer)

❖ Projeto: COBA

❖ Perfil gravidade com


35 m de altura

❖ Potência instalada:
8 MW (destina-se
essencialmente a
modular os caudais
turbinados em
Ribeiradio)

❖ Construção entre
2010 e 2014

Antevisão
Ermida

Vista de
jusante da
barragem em
novembro de
2014, após o
primeiro
enchimento da
albufeira
Foz Tua

Antevisão ❖ Dono de obra: EDP

❖ Projeto: EDP/COBA

❖ Abóbada de 108 m
de altura (arcos
parabólicos)

❖ Volume da albufeira:
106,1 milhões de
metros cúbicos

❖ Potência instalada:
262 MW (turbinas-
bombas)

❖ Construção entre
2012 e 2017
Foz Tua
Vistas da obra em março de 2017, na fase final do primeiro enchimento
da albufeira
Período 2015-2023
Aproveitamentos
do Alto Tâmega

(Iberdrola)

Ribeira de Pena
Barragem do Alto Tâmega
❖ Dono de obra:
IBERDROLA

❖ Projeto: ATACI
(Cenor / Aqualogus)
/ Jesus Granell

❖ Abóbada de 104,5 m
de altura (arcos
parabólicos)

❖ Comprimento do
coroamento: 332 m

❖ Volume da albufeira:
132 milhões de
metros cúbicos

❖ Potência instalada:
160 MW (2 grupos
de 80 MW)

Antevisão ❖ Construção iniciada


em 2017
Barragem do Alto Tâmega
Local de implantação da barragem (foto de abril de 2018)

Escavações na encosta da margem


esquerda no início de maio de 2019
Barragem de Daivões
❖ Dono de obra:
IBERDROLA

❖ Projeto: ATACI (Cenor /


Aqualogus) / Jesus
Granell

❖ Arco-gravidade de 78 m
de altura (arcos
circulares)

❖ Comprimento do
coroamento: 265 m

❖ Volume da albufeira: 56
milhões de metros
cúbicos

❖ Potência instalada: 118


MW (2 grupos de 57 MW
Antevisão e 1 grupo de 4 MW)

❖ Construção iniciada em
2016
Barragem de Daivões
Vista geral dos trabalhos de construção no início de maio de 2019
Barragem de Gouvães
❖ Dono de obra:
IBERDROLA

❖ Projeto da
barragem: ATACI
(Cenor / Aqualogus)
Alçado de jusante / TPF

❖ Gravidade de 30 m
de altura (eixo reto)

❖ Comprimento do
coroamento: 233 m

❖ Volume da albufeira:
14 milhões de
metros cúbicos

❖ Potência instalada:
880 MW (4 grupos
bomba de 220 MW)
Planta
❖ Construção iniciada
em 2016
Barragem de Gouvães
Circuito hidráulico reversível

Local de implantação da barragem (foto de abril de 2018)


Escavações na encosta da margem direita no
início de maio de 2019
Barragens de betão e alvenaria

Obrigado pela vossa


atenção!

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