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FREUD, S. O problema econômico do masoquismo. [1924].

O princípio de prazer (PP) é questionado logo no início do texto, tendo em vista a


situação do masoquismo. A dor e o desprazer passam a ser metas almejadas, deixando o PP
fora de combate. Anteriormente, Freud havia considerado como equivalentes o PP e o
Princípio de Nirvana (PN), que tem como base a tendência à estabilização, o desprazer estaria
relacionado ao aumento da excitação no aparelho e o prazer à diminuição.
O PN estaria, então, a serviço da pulsão de morte, ao passo que as metas de
estabilização e retorno ao inanimado correlacionam-se. Nisso a função do PN seria a de
barrar as insistências da libido, que perturbaram o aparelho. No entanto, Freud diz que há
tensões prazerosas e distensões desprazerosas (tese da 2 tópica).
Portanto, durante o desenvolvimento algo (a libido) propiciou a transformação do
PN, associado à pulsão de morte, em PP, a libido ou pulsão de vida associa-se à pulsão de
morte. Existem três forças atuantes, então. O PP como reivindicação da libido, adiando o
escoamento dos estímulos acumulados. O PN como tendência da pulsão de morte, reduzindo
quantitativamente a carga de estímulos. Por fim, o Princípio da Realidade, relacionando-se
com o mundo externo e os desvios das pulsões.
O masoquismo se apresenta de três formas diferentes: como condição para excitação
sexual (erógeno), como expressão da condição feminina (feminino) ou como norma do
comportamento (moral). No masoquismo feminino, Freud diz que o masoquista quer ser
tratado como uma criança pequena, indefesa, dependente e, acima de tudo, desobediente e
má. Sobreposição do infantil com o feminino.
Ao surgir, a libido já encontraria a pulsão de morte, sendo seu papel, torná-la
inofensiva. Uma parcela desta pulsão seria destinada ao mundo externo, servindo a serviço da
função sexual ou atuando como pulsão de destruição. Outra parcela, que se torna componente
da libido, fica fixada libidinalmente dentro do organismo, o que foi denominado de
masoquismo erógeno.
Os dois tipos de pulsão estão misturados em proporções variadas, é possível que
uma parcela da pulsão de morte desentrelaça-se, não se deixando mais domar. Esta pulsão
opera de modo silencioso, no caso das doenças psicossomáticas, não sendo possível
identificá-las voltadas para o Eu. É possível também um retorno da pulsão de destruição para
o Eu, regredindo a sua condição anterior, resultando em um masoquismo secundário, que se
somaria ao original.

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