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Resp 1909196 2021 06 17
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Documento: 2069443 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 17/06/2021 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça
do pedido de manutenção de posse. Aplicação do direito à espécie, na forma do art.
255, 5º, do RISTJ.
9. Recurso especial conhecido e provido.
ACÓRDÃO
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.909.196 - SP (2020/0135603-3)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375
RELATÓRIO
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devidamente analisada - Impossibilidade de alegação de usucapião em
reconvenção - Necessidade de demanda própria - Notificação acerca da
desocupação que se mostrou regular - Turbação da posse que, ademais, não
restou comprovada - Requisitos necessários à procedência da ação de imissão na
posse preenchidos - Artigo 1.228 do Código Civil - Sentença mantida - Recurso
desprovido".
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.909.196 - SP (2020/0135603-3)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375
EMENTA
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.909.196 - SP (2020/0135603-3)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375
VOTO
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ainda, pela presença dos requisitos necessários à procedência do pedido de
imissão na posse (e-STJ fls. 193/195).
4. Assim, devidamente analisadas e discutidas as questões
controvertidas, e fundamentado suficientemente o acórdão recorrido, de modo a
esgotar a prestação jurisdicional, não há que se falar em negativa de prestação
jurisdicional.
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9. Daí porque mostra-se indispensável a separação entre o juízo
possessório, em que debatido tão somente o direito de posse (ou seja, a garantia
de obter proteção jurídica ao fato da posse contra atentados praticados por
terceiros – jus possessionis), do juízo petitório, em que a pretensão tem por
supedâneo o direito de propriedade e/ou seus desdobramentos, dentre eles o
direito à posse (jus possidendi).
10. Consoante alerta THEODORO JÚNIOR, esses juízos são totalmente
diversos e suas causas de pedir podem até mesmo ser inconciliáveis:
“Realmente, inutilizada estaria a tutela da posse se possível fosse ao
proprietário esbulhador responder ao possuidor esbulhado com a ação
petitória. O máximo que conseguiria o possuidor seria a medida liminar do
interdito, pois, propondo o proprietário, em seguida, a reivindicatória, os dois feitos
seriam reunidos por conexão e o julgamento da lide forçosamente seria em favor
do proprietário, pela óbvia prevalência do domínio sobre a posse. Sendo
claro que esbulho, praticado por quem quer que seja, causa sempre uma ruptura
do equilíbrio social, e, por isso mesmo, gera ameaça à ordem jurídica (...), o juízo
possessório não pode ser entendido apenas sob o ângulo da tutela da posse ou da
propriedade. Nele há de se situar principalmente o interesse estatal na repressão
do esbulho” (op. cit., p. 216-217).
11. Na mesma toada, veja-se ainda:
“A restrição tem o objetivo de tornar possível a
prestação de uma forma de tutela jurisdicional imprescindível à
situação jurídica do possuidor. Não há posse ou situação jurídica de
possuidor sem tutela jurisdicional possessória e não há efetiva e
adequada tutela jurisdicional possessória sem restrição à discussão
do domínio. Não fosse assim, a posse e o possuidor estariam ao
desamparo da tutela do Estado. De modo que a restrição, além de estar
fundada na posse, está baseada no direito fundamental à tutela jurisdicional
adequada (art. 5º, XXXV, CRFB). A propriedade pode ser tutelada mediante o
exercício do direito de ação depois de esgotado o juízo possessório (MARINONI,
Luiz Guilherme. Código de processo civil comentado artigo por artigo / Luiz
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Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 2 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 2010, p. 846, grifos acrescentados).
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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTOS IMPUGNADOS. IMISSÃO NA
POSSE. AÇÃO PETITÓRIA. DIREITO DE PROPRIEDADE. OFENSA A SÚMULA. NÃO
CABIMENTO. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. AUSÊNCIA. SÚMULA 284/STF.
AGRAVO INTERNO PROVIDO. RECURSO ESPECIAL. NÃO PROVIDO.
[...]
2. A ação de imissão na posse tem natureza petitória,
com vistas a obter a posse do imóvel, nunca exercida, com
fundamento no direito de propriedade.
[...]
5. Agravo interno provido. Agravo conhecido para negar
provimento a recurso especial” (AgInt no AREsp 903.568/GO, 4ª Turma, DJe
22/08/2018)
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obtenção da posse do imóvel” (e-STJ fls. 123-124, grifou-se).
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de determinar a extinção, sem resolução do mérito, da ação de imissão na posse,
porquanto faltante um pressuposto processual negativo, a saber: a necessária
ausência de ação possessória pendente sobre o bem disputado, como requisito
para o manejo da ação dominial.
30. Outrossim, em relação à demanda primeira, uma vez afastada a
inadequada correlação com o pedido de imissão na posse formulado pelo
recorrido, mostra-se necessário examinar a tutela possessória requerida pelos
recorrentes à luz dos estritos requisitos previstos no art. 561 do CPC/15.
31. Nesse diapasão, à vista do princípio da primazia do julgamento do
mérito – e a fim de evitar maior retardamento na solução do conflito –, passa-se à
aplicação do direito à espécie, conforme autoriza o art. 255, § 5º, do RISTJ,
mormente em se considerando que as questões fático-processuais já se
encontram bem delineadas pelas instâncias ordinárias.
32. E o fazendo, saliento que, de acordo com o supracitado dispositivo
legal, a procedência da ação de manutenção de posse depende da comprovação,
pelo autor, (i) da sua posse, (ii) da turbação praticada pelo réu; (iii) da data da
turbação e, (iv) da continuação da posse, embora turbada.
33. Tais requisitos restaram evidenciados na hipótese dos autos, haja
vista que os autores lograram comprovar que exercem a posse do imóvel em
comento desde o ano de 1997, quando firmado o contrato de cessão de direitos
possessórios (e-STJ fls. 32/33). Essa circunstância, aliás, foi expressamente
reconhecida em ação possessória anterior também movida pelos ora recorrentes,
em face dos antigos proprietários do bem, a qual fora julgada procedente em
sentença datada de 06/12/2005 (processo nº 04.021660-9, e-STJ fl. 30).
34. De outro turno, a turbação ficou demonstrada por meio de
boletim de ocorrência policial, no qual foram narrados atos de ameaça do réu, ora
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recorrido, em face dos recorrentes, dando-lhes prazo que desocupassem o imóvel
adquirido (e-STJ fls. 48/50). Não bastasse, o recorrido também enviou notificação
extrajudicial dirigida aos antigos do imóvel “ou atuais ocupantes”, exigindo a
desocupação no prazo de 5 dias, conforme registrado no acórdão recorrido (e-STJ
fl. 194).
35. Nesse sentido, vale transcrever trecho da decisão do juiz do 1º
grau de jurisdição que deferiu o pedido liminar formulado pelos recorrentes, in
verbis (e-STJ fl. 58):
“Trata-se de ação em que pretendem os autores a manutenção
na posse do imóvel descrito na inicial.
O pedido liminar merece acolhida, dada a comprovação, ao
menos no âmbito da cognição sumária, da posse exercida pelos autores sobre o
imóvel objeto do litígio, posse essa comprovada no contrato de fls. 32/35.
Ademais, caracterizado pelo boletim de ocorrência juntado a fl. 48, o esbulho
possessório ocorrido há menos de dia e ano.
Estando, portanto, a inicial devidamente instruída, aliada à
documentação que deu ensejo à procedência do processo 04.021660-9 pelo
Juízo da 2ª Vara Cível do Regional XI - Pinheiros, defiro a medida liminar de
manutenção na posse do imóvel descrito na inicial, nos termos do artigo 562 do
Código de Processo Civil”.
V. CONCLUSÃO.
Forte nessas razões, CONHEÇO do recurso especial e DOU-LHE
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PROVIMENTO, para:
(i) com fundamento no art. 485, IV, do CPC/15, determinar a extinção,
sem resolução do mérito, da ação de imissão na posse ajuizada por LEONARDO
PAZZINI BARCELLOS, em apenso, condenando o autor ao pagamento das custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor
atualizado da causa;
(ii) julgar procedente o pedido formulado por LUANE PATRÍCIA
AMORIM DA SILVA e WANEI AMORIM DA SILVA nos presentes autos,
determinando a sua manutenção na posse do imóvel descrito na petição inicial e
condenando o réu ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários
advocatícios, estes também fixados em 10% do valor atualizado da causa.
Documento: 2069443 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 17/06/2021 Página 18 de 5
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, conheceu e deu provimento ao recurso especial,
nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a) Relator(a).
Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino (Presidente), Ricardo Villas Bôas Cueva,
Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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