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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.909.196 - SP (2020/0135603-3)

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI


RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375
EMENTA

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE DE IMÓVEL.
PENDÊNCIA. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE PELO PROPRIETÁRIO.
INADMISSIBILIDADE. NATUREZA PETITÓRIA. ART. 557 DO CPC/15. EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PEDIDO POSSESSÓRIO. APLICAÇÃO DO DIREITO À
ESPÉCIE. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO. PROCEDÊNCIA.
1. Ação de manutenção de posse ajuizada em 12/01/2018 e ação de imissão na
posse ajuizada em 05/03/2018. Recurso especial interposto em 25/10/2019 e
concluso ao Gabinete em 22/10/2020. Julgamento: Aplicação do CPC/2015.
2. O propósito recursal consiste em dizer, para além da negativa de prestação
jurisdicional, acerca da viabilidade de ajuizamento de ação de imissão na posse de
imóvel, na pendência de ação possessória envolvendo o mesmo bem.
3. Não ocorre violação dos arts. 489 e 1.022 do CPC/15 na hipótese em que o
Tribunal de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese, soluciona
integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de forma
diversa daquela pretendida pela parte.
4. Nos termos do art. 557 do CPC/15, “na pendência de ação possessória é vedado,
tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto
se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa”.
5. A proibição do ajuizamento de ação petitória enquanto pendente ação
possessória não limita o exercício dos direitos constitucionais de propriedade e de
ação, mas vem ao propósito da garantia constitucional e legal de que a propriedade
deve cumprir a sua função social, representando uma mera condição suspensiva do
exercício do direito de ação fundada na propriedade.
6. Apesar de seu nomen iuris, a ação de imissão na posse é ação do domínio, por
meio da qual o proprietário, ou o titular de outro direito real sobre a coisa, pretende
obter a posse nunca exercida. Semelhantemente à ação reivindicatória, a ação de
imissão funda-se no direito à posse que decorre da propriedade ou de outro direito
real (jus possidendi), e não na posse em si mesmo considerada, como uma situação
de fato a ser protegida juridicamente contra atentados praticados por terceiros (jus
possessionis).
7. A ação petitória ajuizada na pendência da lide possessória deve ser extinta sem
resolução do mérito, por lhe faltar pressuposto negativo de constituição e de
desenvolvimento válido do processo.
8. Demonstrados os requisitos do art. 561 do CPC/2015, é de rigor a procedência

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do pedido de manutenção de posse. Aplicação do direito à espécie, na forma do art.
255, 5º, do RISTJ.
9. Recurso especial conhecido e provido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira


Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, conhecer e dar provimento ao
recurso especial nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros
Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze e Moura
Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 15 de junho de 2021(Data do Julgamento)

MINISTRA NANCY ANDRIGHI


Relatora

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.909.196 - SP (2020/0135603-3)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relatora):

Cuida-se de recurso especial interposto por LUANE PATRÍCIA


AMORIM DA SILVA e WANEI AMORIM DA SILVA, fundamentado, exclusivamente,
na alínea "a" do permissivo constitucional.
Ação: de manutenção de posse de imóvel, ajuizada pelos recorrentes
em face de LEONARDO PAZZINI BARCELLOS. Consta dos autos que, paralelamente
à presente demanda, as partes também litigam em ação de imissão na posse, esta
ajuizada posteriormente por LEONARDO PAZZINI BARCELLOS, tendo por objeto o
mesmo bem imóvel (processo nº 1001290-31.2018.8.26.0704).
Sentença conjunta: julgou improcedente o pedido formulado pelos
ora recorrentes na presente ação de manutenção de posse, julgando procedente o
pedido de imissão na posse formulado por LEONARDO PAZZINI BARCELLOS no
processo conexo.
Acórdão: negou provimento à apelação interposta pelos recorrentes,
nos termos da seguinte ementa (e-STJ fl. 192):
"MANUTENÇÃO DE POSSE E IMISSÃO NA POSSE - Sentença que
julgou a ação de manutenção de posse improcedente e a ação de imissão na
posse procedente - Insurgência - Descabimento - Possibilidade de julgamento
conjunto - Ausência de violação ao artigo 557 do CPC - Autor da imissão na
posse que não pleiteou reconhecimento de domínio, mas sim a posse com base
no domínio que já possuía - Conexão entre as demandas, ademais, que é
incontroversa - Identidade da causa de pedir - Reconvenção que fora

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devidamente analisada - Impossibilidade de alegação de usucapião em
reconvenção - Necessidade de demanda própria - Notificação acerca da
desocupação que se mostrou regular - Turbação da posse que, ademais, não
restou comprovada - Requisitos necessários à procedência da ação de imissão na
posse preenchidos - Artigo 1.228 do Código Civil - Sentença mantida - Recurso
desprovido".

Embargos de declaração: opostos pelos recorrentes, foram


rejeitados.
Recurso especial: alega violação dos arts. 55, 373, I, 489, § 1º, IV,
557, 561, 1.013, 1.022, II, do CPC/15 e 1.210 do CC/02. Além de negativa de
prestação jurisdicional, sustenta que: (i) é vedado, na pendência de processo
possessório, o ajuizamento de ação objetivando o reconhecimento do domínio,
como é o caso da ação de imissão na posse; (ii) a posse mansa e pacífica exercida
pelos recorrentes sobre o imóvel em litígio está devidamente comprovada nos
autos; (iii) houve incorreta valoração da prova produzida; (iv) não há conexão entre
as demandas, haja vista serem distintos os pedidos e a causa de pedir de cada uma.
Juízo de admissibilidade: o TJ/SP negou seguimento ao recurso, o
que ensejou a interposição de agravo em recurso especial, que fora provido para
melhor exame da matéria em debate (e-STJ fl. 306).
É o relatório.

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RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
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DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE DE IMÓVEL.
PENDÊNCIA. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE PELO PROPRIETÁRIO.
INADMISSIBILIDADE. NATUREZA PETITÓRIA. ART. 557 DO CPC/15. EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PEDIDO POSSESSÓRIO. APLICAÇÃO DO DIREITO À
ESPÉCIE. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO. PROCEDÊNCIA.
1. Ação de manutenção de posse ajuizada em 12/01/2018 e ação de imissão na
posse ajuizada em 05/03/2018. Recurso especial interposto em 25/10/2019 e
concluso ao Gabinete em 22/10/2020. Julgamento: Aplicação do CPC/2015.
2. O propósito recursal consiste em dizer, para além da negativa de prestação
jurisdicional, acerca da viabilidade de ajuizamento de ação de imissão na posse de
imóvel, na pendência de ação possessória envolvendo o mesmo bem.
3. Não ocorre violação dos arts. 489 e 1.022 do CPC/15 na hipótese em que o
Tribunal de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese, soluciona
integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de forma
diversa daquela pretendida pela parte.
4. Nos termos do art. 557 do CPC/15, “na pendência de ação possessória é vedado,
tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto
se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa”.
5. A proibição do ajuizamento de ação petitória enquanto pendente ação
possessória não limita o exercício dos direitos constitucionais de propriedade e de
ação, mas vem ao propósito da garantia constitucional e legal de que a propriedade
deve cumprir a sua função social, representando uma mera condição suspensiva do
exercício do direito de ação fundada na propriedade.
6. Apesar de seu nomen iuris, a ação de imissão na posse é ação do domínio, por
meio da qual o proprietário, ou o titular de outro direito real sobre a coisa, pretende
obter a posse nunca exercida. Semelhantemente à ação reivindicatória, a ação de
imissão funda-se no direito à posse que decorre da propriedade ou de outro direito
real (jus possidendi), e não na posse em si mesmo considerada, como uma situação
de fato a ser protegida juridicamente contra atentados praticados por terceiros (jus
possessionis).
7. A ação petitória ajuizada na pendência da lide possessória deve ser extinta sem
resolução do mérito, por lhe faltar pressuposto negativo de constituição e de
desenvolvimento válido do processo.
8. Demonstrados os requisitos do art. 561 do CPC/2015, é de rigor a procedência
do pedido de manutenção de posse. Aplicação do direito à espécie, na forma do art.
255, 5º, do RISTJ.
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RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
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RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
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VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relatora):

O propósito recursal consiste em dizer, para além da negativa de


prestação jurisdicional, acerca da viabilidade de ajuizamento de ação de imissão na
posse de imóvel, na pendência de ação possessória envolvendo o mesmo bem.

I. DA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ALEGAÇÃO


DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 489, § 1º, IV, E 1.022, II, DO CPC/15.
1. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que não há ocorre
violação aos arts. 489 e 1.022 do CPC/15 quando o Tribunal de origem, aplicando o
direito que entende cabível à hipótese, soluciona integralmente a controvérsia
submetida à sua apreciação, ainda que de forma diversa daquela pretendida pela
parte.
2. A propósito, confira-se: AgInt nos EDcl no AREsp 1.094.857/SC, 3ª
Turma, DJe de 02/02/2018 e AgInt no AREsp 1.089.677/AM, 4ª Turma, DJe de
16/02/2018.
3. No particular, verifica-se que o acórdão recorrido,
independentemente do acerto da solução alcançada, decidiu de maneira
fundamentada e expressa acerca da posse sobre o imóvel litigioso, concluindo, em
resumo, pela ausência de comprovação da turbação alegada pelos recorrentes e,

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ainda, pela presença dos requisitos necessários à procedência do pedido de
imissão na posse (e-STJ fls. 193/195).
4. Assim, devidamente analisadas e discutidas as questões
controvertidas, e fundamentado suficientemente o acórdão recorrido, de modo a
esgotar a prestação jurisdicional, não há que se falar em negativa de prestação
jurisdicional.

II. DA VEDAÇÃO AO AJUIZAMENTO DE AÇÃO PETITÓRIA


QUANDO PENDENTE O JULGAMENTO DE AÇÃO POSSESÓRIA. ARTS.
1.210, § 2º, DO CC/02 E 557 DO CPC/2015.
5. Nos termos do art. 557 do CPC/15, “na pendência de ação
possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa”.
6. Como se observa, o mencionado dispositivo legal estabelece a
impossibilidade de debater-se o domínio enquanto pende discussão acerca da
posse, deixando evidente, assim, a clássica concepção de que a posse é direito
autônomo em relação à propriedade e, portanto, deve ser objeto de tutela
jurisdicional específica.
7. Com efeito, como cediço, o principal efeito da posse é a tutela
estatal para proteger a situação fática decorrente do exercício de poderes sobre a
coisa, mediante os denominados interditos possessórios. Nessa linha, dispõe o art.
1.210, caput, do CC/02 que “o possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se
tiver justo receio de ser molestado”.
8. A razão de ser dessa proteção legal, destaca Humberto THEODORO
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JÚNIOR, com esteio na doutrina alinhada às lições de Savigny, está na necessidade
de manutenção da ordem pública e da paz social, evitando-se o exercício da justiça
privada em disputas pela posse:
“A razão de ser dessa proteção legal a uma situação
simplesmente de fato, sem indagar de sua origem jurídica, está em que, segundo
Kohler, 'ao lado da ordem jurídica existe a ordem da paz, que, por muitos anos,
tem-se confundido, não obstante o direito ser movimento e a paz,
tranquilidade. A essa ordem da paz pertence a posse, instituto social, que não se
regula pelos princípios do direito individualista. A posse não é instituto
individual, é social; não é instituto de ordem jurídica, e sim da ordem da paz. Mas
a ordem jurídica protege a ordem da paz, dando ação contra a turbação e a
privação da posse'.
[...]
Na mesma ordem de ideias, é a lição de Azevedo Marques: 'O
fundamento filosófico da posse é, em resumo, o respeito à
personalidade humana, aliado ao princípio social que não permite a
ninguém fazer justiça por suas próprias mãos. Estando uma coisa sob
a atuação material da pessoa, esta deve ser respeitada, como
personalidade racional, de modo a não poder uma outra pessoa, fora
da justiça, obrigar aquela a abrir mão da coisa possuída. Daí a
proteção provisória ao fato da posse, sem cogitar preliminarmente
do direito em que ela se estriba'.
[...]
Jhering, é verdade, procurou criticar a tutela da posse como
instrumento de paz social e de repulsa à justiça pelas próprias mãos, para
explicar a proteção possessória simplesmente como proteção da propriedade,
em sua aparência imediata.
O certo, porém, é que a explicação de Jhering não satisfaz
filosoficamente, máxime porque o direito admite que o possuidor faça prevalecer
sua posse até mesmo contra o proprietário, quando este seja o autor de esbulho
e turbação contra a situação de fato estabelecida em prol do primeiro.
Daí que a corrente mais volumosa no direito atual, liderada
historicamente por Savigny, é a que vê mesmo na tutela jurídica da posse um
relevante instrumento de preservação da paz social e de coibição da justiça
privada ou justiça pelas próprias mãos.
[...]
Em conclusão: a posse é protegida pela lei porque assim o
exige a paz social, que não subsiste num ambiente onde as situações
fáticas estabelecidas possam ser alteradas por iniciativa de
particulares, por meio da justiça das próprias mã o s” (Curso de Direito
Processual Civil, vol. II, 53ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 178-182,
grifos acrescentados).

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9. Daí porque mostra-se indispensável a separação entre o juízo
possessório, em que debatido tão somente o direito de posse (ou seja, a garantia
de obter proteção jurídica ao fato da posse contra atentados praticados por
terceiros – jus possessionis), do juízo petitório, em que a pretensão tem por
supedâneo o direito de propriedade e/ou seus desdobramentos, dentre eles o
direito à posse (jus possidendi).
10. Consoante alerta THEODORO JÚNIOR, esses juízos são totalmente
diversos e suas causas de pedir podem até mesmo ser inconciliáveis:
“Realmente, inutilizada estaria a tutela da posse se possível fosse ao
proprietário esbulhador responder ao possuidor esbulhado com a ação
petitória. O máximo que conseguiria o possuidor seria a medida liminar do
interdito, pois, propondo o proprietário, em seguida, a reivindicatória, os dois feitos
seriam reunidos por conexão e o julgamento da lide forçosamente seria em favor
do proprietário, pela óbvia prevalência do domínio sobre a posse. Sendo
claro que esbulho, praticado por quem quer que seja, causa sempre uma ruptura
do equilíbrio social, e, por isso mesmo, gera ameaça à ordem jurídica (...), o juízo
possessório não pode ser entendido apenas sob o ângulo da tutela da posse ou da
propriedade. Nele há de se situar principalmente o interesse estatal na repressão
do esbulho” (op. cit., p. 216-217).
11. Na mesma toada, veja-se ainda:
“A restrição tem o objetivo de tornar possível a
prestação de uma forma de tutela jurisdicional imprescindível à
situação jurídica do possuidor. Não há posse ou situação jurídica de
possuidor sem tutela jurisdicional possessória e não há efetiva e
adequada tutela jurisdicional possessória sem restrição à discussão
do domínio. Não fosse assim, a posse e o possuidor estariam ao
desamparo da tutela do Estado. De modo que a restrição, além de estar
fundada na posse, está baseada no direito fundamental à tutela jurisdicional
adequada (art. 5º, XXXV, CRFB). A propriedade pode ser tutelada mediante o
exercício do direito de ação depois de esgotado o juízo possessório (MARINONI,
Luiz Guilherme. Código de processo civil comentado artigo por artigo / Luiz
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Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 2 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 2010, p. 846, grifos acrescentados).

12. Por oportuno, cabe salientar que a proibição do ajuizamento de


ação petitória enquanto pendente ação possessória, em verdade, não limita o
exercício dos direitos constitucionais de propriedade e de ação, mas vem ao
propósito da garantia constitucional e legal de que a propriedade deve cumprir a
sua função social, representando uma mera condição suspensiva do exercício
do direito de ação fundado na propriedade.
13. De fato, “melhor é interpretar o CC 1210 § 2.º e o CPC/1973 923
[CPC 557] como normas tendentes a separar, inclusive no tempo, a ação
possessória da petitória. Assim, enquanto pendente a possessória, nem autor nem
réu pode utilizar-se da petitória: há uma condição suspensiva, por assim dizer, do
exercício judicial do direito de propriedade”, o que vem “ao propósito do princípio
constitucional que exige que a propriedade tenha um fim social” (NERY JUNIOR,
Nelson. Código de processo civil comentado/Nelson Nery Junior, Rosa Maria de
Andrade Nery – 16ª ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016, p. 227-228).

III. DA NATUREZA PETITÓRIA DA AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE.


14. A par dessas considerações, e com vistas à resolução da
controvérsia posta nos autos, cabe examinar, ainda, a natureza da ação de imissão
na posse, que fora ajuizada, na espécie, antes da definição da ação de manutenção
de posse.
15. A propósito do tema, é certo que, nos termos do art. 1.228, caput,
do CC/02, o proprietário tem o direito de reaver a coisa de quem a injustamente a
possua ou detenha, o que se dá, regra geral, via ação reivindicatória, podendo,
ademais, se nunca tiver exercido o direito à posse, exigi-la mediante a ação de
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imissão.
16. A ação de imissão na posse, destarte, como a ação reivindicatória,
funda-se no jus possidendi, isto é, no direito à posse que decorre da
propriedade ou de outro direito real sobre a coisa.
17. Assim, apesar do que pode sugerir seu nome, a ação de imissão na
posse tem evidente natureza petitória, na medida em que o pedido de posse
tem como causa de pedir a propriedade ou outro direito real. Com efeito, nela não
se discute a posse em si mesma considerada, como uma situação de fato digna de
ser tutelada sem cogitar qualquer outra relação jurídica, mas sim o direito à posse
derivado do direito de propriedade ou outro direito real limitado, devidamente
outorgado por um título.
18. Nesse sentido, diz a doutrina de Luciano de CAMARGO
PENTEADO:
“Apesar do nome a ação de imissão na posse também é
ação do domínio. Assemelha-se à ação reivindicatória por ser ação do
domínio, mas tem um pressuposto que a especializa. A ação de
imissão na posse é a ação do proprietário, em matéria imobiliária do
proprietário tabular, para obter a posse que nunca teve. Neste
aspecto, assemelha-se às ações possessórias quanto ao pedido, mas
não quanto à causa de pedir, que é diversa.
A causa de pedir na imissão é o domínio e o pedido a posse,
fundada no direito à posse que integra o domínio (ius possidendi). Já a causa de
pedir nas possessórias é a posse, injustamente ameaçada, turbada ou
esbulhada, cujo pedido é a própria defesa da posse. A imissão na posse é
frequentemente manejada nas hipóteses de aquisição de bem que se encontra
com terceiro que se nega a restituí-lo ao dono (...)" (Direito das Coisas, Ed. RT, 1ª
ed. em e-book, 2014, Cap. XI, item 80.2).

19. Aliás, outro não é o entendimento da jurisprudência desta Corte,


que já assentou a natureza petitória da ação de imissão na posse, como se observa,
exemplificativamente, dos seguintes julgados:
“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
DE IMISSÃO NA POSSE. DECISÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL.

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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTOS IMPUGNADOS. IMISSÃO NA
POSSE. AÇÃO PETITÓRIA. DIREITO DE PROPRIEDADE. OFENSA A SÚMULA. NÃO
CABIMENTO. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. AUSÊNCIA. SÚMULA 284/STF.
AGRAVO INTERNO PROVIDO. RECURSO ESPECIAL. NÃO PROVIDO.
[...]
2. A ação de imissão na posse tem natureza petitória,
com vistas a obter a posse do imóvel, nunca exercida, com
fundamento no direito de propriedade.
[...]
5. Agravo interno provido. Agravo conhecido para negar
provimento a recurso especial” (AgInt no AREsp 903.568/GO, 4ª Turma, DJe
22/08/2018)

“DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


NULIDADE DE ESCRITURA PÚBLICA CONEXA COM A AÇÃO DE IMISSÃO NA
POSSE. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL RURAL POR ESTRANGEIROS. RESTRIÇÕES.
LEI N. 5.709/1971. NULIDADE DE DIREITO MATERIAL. ART. 243 DO CPC.
INAPLICABILIDADE. PRONÚNCIA DA NULIDADE DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
REGULARIZAÇÃO DA SOCIEDADE. FUNCIONAMENTO NO BRASIL. CONVERSÃO
DA ÁREA RURAL EM URBANA. RENOVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO.
POSSIBILIDADE. AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE. ESCRITURA PÚBLICA DECLARADA
NULA. VIABILIDADE. EFEITOS. INSTRUMENTO PARTICULAR DE TRANSMISSÃO DA
POSSE. PROCEDÊNCIA.
[...]
9. A ação de imissão na posse é de natureza petitória e
tem como fundamento, geralmente, a propriedade imóvel, mas não
exclusivamente. Não só o proprietário pode lançar mão dessa ação
para o ingresso originário na posse, mas outros que, tendo título
inapto à transmissão imediata da propriedade, já têm direito à posse
em razão desse título. Doutrina e precedentes.
10. Recurso especial a que se dá provimento” (REsp
1.273.955/RN, 4ª Turma, DJe 15/08/2014)

20. Na mesma linha de intelecção, veja-se ainda: AgInt no AREsp


1.314.158/SC, 3ª Turma, DJe 24/04/2020; REsp 1.724.739/SP, 3ª Turma, DJe
29/03/2019; AgRg no AgRg no REsp 1.489.878/DF, 3ª Turma, DJe 08/10/2015.

IV. DA HIPÓTESE DOS AUTOS.


21. Na espécie, os recorrentes ajuizaram a presente ação de
manutenção de posse em 12/01/2018, sob a alegação de que exercem, desde
14/11/1997, a posse do imóvel localizado na Rua Dr. Martins de Oliveira, nº
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409/429, Jardim Londrina, São Paulo/SP, tendo-a adquirida mediante contrato de
cessão de direitos possessórios. No entanto, afirmam que o réu, ora recorrido,
desde novembro de 2017 os tem ameaçado para que saiam do imóvel, se dizendo
o real proprietário do bem.
22. O recorrido, uma vez citado, sustentou ter adquirido o imóvel em
28/11/2017, em leilão promovido pela Caixa Econômica Federal, que, de seu
turno, teria obtido a plena propriedade do bem após o inadimplemento do
financiamento imobiliário firmado pelo dono anterior, garantido por cláusula de
alienação fiduciária.
23. Outrossim, para além de apresentar contestação no presente
processo, o recorrido, após a citação, também ajuizou ação de imissão na posse
do imóvel em questão, protocolada em 05/03/2018 (processo nº
1001290-31.2018.8.26.0704), sendo ambos os feitos reunidos para julgamento
conjunto, com fundamento na conexão.
24. Na sequência, foi proferida sentença conjunta que julgou
improcedente o pedido possessório e procedente o pedido da ação de imissão na
posse. De acordo com o juiz sentenciante,
“(...) realizada a alienação do imóvel por meio de leilão, não está
obrigado o novo proprietário a permitir que a posse seja utilizada por
terceiro, uma vez que a cessão realizada pelo autor obriga apenas o cedente e o
cessionário. No caso, houve regular intimação do autor (fls. 88/90) para que
desocupasse o imóvel, o que não ocorreu.
Assim, é fato incontroverso o domínio registrado em
favor do réu, conforme se observa da certidão atualizada de
matrícula do imóvel (fls. 85), de forma que tem direito a obter a
respectiva posse. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua
ou detenha. O direito do réu é, portanto, inquestionável, pretendendo-se
apenas com a presente ação de imissão na posse torná-lo efetivo.
[...]
Assim, sendo incontroverso o legítimo título de domínio
da autora, com registro no cartório imobiliário, enquanto não
desconstituído, produz todos os seus efeitos, notadamente o de

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obtenção da posse do imóvel” (e-STJ fls. 123-124, grifou-se).

25. O referido entendimento foi mantido pelo TJ/SP, que asseverou


que “a existência anterior de ação de manutenção de posse não é óbice ao
ajuizamento de ação de imissão de posse”, porquanto “o apelado, ao propor a
demanda, não pretendia ter reconhecido o domínio do imóvel, mas sim sua
imissão na posse de bem cujo domínio demonstrou ser titular” (e-STJ fl. 193).
26. Todavia, em que pese a fundamentação adotada pelo Tribunal a
quo, é evidente que, na hipótese, a ação de imissão na posse, de natureza
petitória, foi ajuizada na pendência da ação possessória, em violação à vedação
constante no art. 557 do CPC/15.
27. Aliás, dos excertos acima transcritos, fica manifesta a confusão
operada pelo Tribunal de origem entre a tutela da posse e a tutela do domínio,
culminando, como não poderia deixar de ocorrer, na inexorável prevalência desta e
no esvaziamento da proteção estatal estritamente possessória. Deixou-se, de fato,
de se conceder a prestação jurisdicional provisória acerca da posse,
enquanto fenômeno fático-social também digno de tutela, até que eventualmente
houvesse a composição, definitiva e de direito, a respeito da propriedade do
imóvel envolvido no litígio.
28. A propósito, calha anotar que, consoante registrado no acórdão
recorrido, os ora recorrentes alegaram, nos autos da ação de imissão na posse, a
aquisição da propriedade do imóvel pela usucapião. A alegação, todavia, sequer foi
examinada pelo Tribunal de origem – embora totalmente pertinente como matéria
de defesa na discussão de domínio –, redundando, assim, em duplo cerceamento
aos interesses dos possuidores.
29. Dessa maneira, impõe acolher a irresignação recursal, para o fim

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de determinar a extinção, sem resolução do mérito, da ação de imissão na posse,
porquanto faltante um pressuposto processual negativo, a saber: a necessária
ausência de ação possessória pendente sobre o bem disputado, como requisito
para o manejo da ação dominial.
30. Outrossim, em relação à demanda primeira, uma vez afastada a
inadequada correlação com o pedido de imissão na posse formulado pelo
recorrido, mostra-se necessário examinar a tutela possessória requerida pelos
recorrentes à luz dos estritos requisitos previstos no art. 561 do CPC/15.
31. Nesse diapasão, à vista do princípio da primazia do julgamento do
mérito – e a fim de evitar maior retardamento na solução do conflito –, passa-se à
aplicação do direito à espécie, conforme autoriza o art. 255, § 5º, do RISTJ,
mormente em se considerando que as questões fático-processuais já se
encontram bem delineadas pelas instâncias ordinárias.
32. E o fazendo, saliento que, de acordo com o supracitado dispositivo
legal, a procedência da ação de manutenção de posse depende da comprovação,
pelo autor, (i) da sua posse, (ii) da turbação praticada pelo réu; (iii) da data da
turbação e, (iv) da continuação da posse, embora turbada.
33. Tais requisitos restaram evidenciados na hipótese dos autos, haja
vista que os autores lograram comprovar que exercem a posse do imóvel em
comento desde o ano de 1997, quando firmado o contrato de cessão de direitos
possessórios (e-STJ fls. 32/33). Essa circunstância, aliás, foi expressamente
reconhecida em ação possessória anterior também movida pelos ora recorrentes,
em face dos antigos proprietários do bem, a qual fora julgada procedente em
sentença datada de 06/12/2005 (processo nº 04.021660-9, e-STJ fl. 30).
34. De outro turno, a turbação ficou demonstrada por meio de
boletim de ocorrência policial, no qual foram narrados atos de ameaça do réu, ora
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recorrido, em face dos recorrentes, dando-lhes prazo que desocupassem o imóvel
adquirido (e-STJ fls. 48/50). Não bastasse, o recorrido também enviou notificação
extrajudicial dirigida aos antigos do imóvel “ou atuais ocupantes”, exigindo a
desocupação no prazo de 5 dias, conforme registrado no acórdão recorrido (e-STJ
fl. 194).
35. Nesse sentido, vale transcrever trecho da decisão do juiz do 1º
grau de jurisdição que deferiu o pedido liminar formulado pelos recorrentes, in
verbis (e-STJ fl. 58):
“Trata-se de ação em que pretendem os autores a manutenção
na posse do imóvel descrito na inicial.
O pedido liminar merece acolhida, dada a comprovação, ao
menos no âmbito da cognição sumária, da posse exercida pelos autores sobre o
imóvel objeto do litígio, posse essa comprovada no contrato de fls. 32/35.
Ademais, caracterizado pelo boletim de ocorrência juntado a fl. 48, o esbulho
possessório ocorrido há menos de dia e ano.
Estando, portanto, a inicial devidamente instruída, aliada à
documentação que deu ensejo à procedência do processo 04.021660-9 pelo
Juízo da 2ª Vara Cível do Regional XI - Pinheiros, defiro a medida liminar de
manutenção na posse do imóvel descrito na inicial, nos termos do artigo 562 do
Código de Processo Civil”.

36. Finalmente, ao que se extrai, houve a continuação da posse pelos


recorrentes, embora turbada, tanto é que intentou o recorrido a ação de imissão,
por nunca ter exercido o direito à posse conferido pelo título.
37. Assim, em conclusão, estando presentes os requisitos próprios,
deve ser acolhido o pedido possessório formulado pelos ocupantes do imóvel,
tendo-se por prejudicado o exame das demais alegações trazidas no recurso
especial.

V. CONCLUSÃO.
Forte nessas razões, CONHEÇO do recurso especial e DOU-LHE

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PROVIMENTO, para:
(i) com fundamento no art. 485, IV, do CPC/15, determinar a extinção,
sem resolução do mérito, da ação de imissão na posse ajuizada por LEONARDO
PAZZINI BARCELLOS, em apenso, condenando o autor ao pagamento das custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor
atualizado da causa;
(ii) julgar procedente o pedido formulado por LUANE PATRÍCIA
AMORIM DA SILVA e WANEI AMORIM DA SILVA nos presentes autos,
determinando a sua manutenção na posse do imóvel descrito na petição inicial e
condenando o réu ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários
advocatícios, estes também fixados em 10% do valor atualizado da causa.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2020/0135603-3 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.909.196 / SP

Números Origem: 1000159-63.2018.8.26.0011 10001596320188260011 1001290-31.2018.8.26.0704


10012903120188260704

PAUTA: 15/06/2021 JULGADO: 15/06/2021

Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LUANE PATRÍCIA AMORIM DA SILVA
RECORRENTE : WANEI AMORIM DA SILVA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS RODRIGUEZ - SP038135
RECORRIDO : LEONARDO PAZZINI BARCELLOS
ADVOGADOS : ANDRE PAULA MATTOS CARAVIERI - SP258423
MARCELO VITOR - SP393375

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Coisas - Posse - Esbulho / Turbação / Ameaça

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, conheceu e deu provimento ao recurso especial,
nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a) Relator(a).
Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino (Presidente), Ricardo Villas Bôas Cueva,
Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.

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