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VOTO MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR):

O ministro Marco Aurélio foi o relator do caso, assim, foi o primeiro a dar seu voto.

Ele começa sua fala mencionando o artigo 5º inciso XVI da Constituição Federal de 1988,
o qual assegura o direito de reunião aos cidadãos brasileiros em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que essa reunião seja de forma pacífica e sem
armas, e ainda que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

O ministro destaca dois pontos importantes desse artigo:

Primeiramente, o caso julgado não cumpriu a cláusula final do inciso, pois não há
registros de aviso prévio da manifestação realizada a nenhuma autoridade competente.

E em segundo lugar, conforme a opinião do ministro há nesse caso um conflito com outro
direito constitucional: o direito à livre locomoção, que está estabelecido no inciso XV do
mesmo artigo. Desse modo, de acordo com o relator, o caso julgado não respeitou esse
direito, pois visou brecar a locomoção em uma rodovia de grande movimento, que é a
BR-101.

Em seguida, Marco Aurélio menciona ainda a importância do fluxo rodoviário no


contexto nacional, que em suas palavras diz: ‘‘o transporte rodoviário de carga é a base
da circulação da riqueza nacional’’.

Portanto, uma reunião realizada dessa forma, sem cumprir o requisito de aviso prévio e
que ainda tenha a intenção de inviabilizar o trânsito rodoviário deve, conforme o ministro
ser responsabilizada.

Por fim, ele conclui seu voto negando dar provimento ao recurso extraordinário, e propõe
a seguinte tese: “O exercício do direito de reunião pacífica deve ser precedido de aviso à
autoridade competente, não podendo implicar a interrupção do trânsito em rodovia.”
VOTO MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO

O ministro começa sua fala mencionando também o artigo constitucional 5º inciso XVI,
e ressalta que não há dúvidas de que a reunião julgada não emitiu nenhum aviso formal
para as autoridades competentes.

Porém, Barroso afirma que havia conhecimento notório por parte das autoridades, prova
disso é o interdito proibitório que a União emitiu para impedir a realização do evento,
logo, o ministro conclui que havia ciência suficiente do poder público sobre a realização
do evento.

Em seguida o ministro propõe outra questão: saber qual é o efeito da não apresentação de
prévio aviso à autoridade competente, conforme sua opinião esse requisito é uma cláusula
acessória, sendo assim, o direito de reunião não deve ser condicionado a ela.

Dessa forma, Barro fixa dois pontos importantes em seu voto:

Primeiro, a existência de aviso prévio ou não em uma reunião não deve ser uma condição
necessária para garantir a existência de tal direito.

E em segundo, o interdito proibitório emitido teve como uma de suas justificativas a


menção de que o evento ocorrido era ilícito devido a falta de aviso prévio, mas, ainda que
isso possa gerar algum tipo de responsabilização, tornar a reunião ilícita é é algo a ser
discordado aqui no presente voto.

Por fim, o ministro Luís Roberto Barroso vota por dar provimento ao recurso, e conclui
sua fala dizendo que embora concorde com a primeira parte da tese do relator, discorda
da segunda.

VOTO MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI

O ministro começa seu voto afirmando que concorda com o Ministro Alexandre de
Moraes e outros que precederam sua fala no que diz respeito a que o Poder Público deve
sim intervir e tomar medidas judiciais cabíveis para permitir o direito de ir e vir de outras
pessoas, e garantir o livre fluxo de mercadorias.

No entanto, Lewandowski menciona a obra “O Direito Constitucional de Reunião", de


Decano Celso de Mello, que diz o direito de reunião é uma faculdade constitucionalmente
assegurada a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país. Assim, agentes
públicos não podem intervir, restringir, cercear ou dissolver reunião pacífica, sem armas,
convocada para o fim lícito.

Dessa maneira, a interferência do Estado nas reuniões legitimamente convocadas é


excepcional, e se restringe a casos particularíssimos, que segundo o ministro, o autor da
obra se refere a manifestações espontâneas, as quais são grande parte das reuniões de
manifestações ocorridas.

Por fim, o ministro afirma que o artigo constitucional 5º, XVI em sua primeira parte é um
direito incondicionado, e cita o ministro Roberto Barroso, para afirmar que concorda com
seu voto quando ele diz que a exigência de aviso prévio seria uma cláusula acessória, a
qual não pode em modo algum frustrar o exercício do direito.

Assim sendo, após tais ponderações, o ministro Ricardo Lewandowski vota por dar
provimento ao recurso.

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